CARACTERIZAÇÃO DO USO DA TERRA NA BACIA DO RIO MACAÉ (RJ) Pilar Amadeu de Souza* ([email protected]) Daniel de Oliveira* ([email protected]) Renato de Lima Hingel* ([email protected]) Anderson Cunha* ([email protected]) Mônica** ([email protected]) *Graduação em Geografia/UFRJ/Rio de Janeiro (RJ) **Departamento de Geografia/UFRJ/Rio de Janeiro (RJ) Palavras chave: Uso da terra, Bacia Hidrográfica, Planejamento ambiental RESUMO A bacia do Rio Macaé está localizada no litoral Norte Fluminense, abrangendo o município de Macaé e partes dos municípios de Nova Friburgo e Casimiro de Abreu, desaguando no Oceano Atlântico, junto à cidade de Macaé. Objetiva-se caracterizar as classes de uso da terra, com ênfase nas áreas de florestas, pastos e agrícolas. A metodologia baseou-se em levantamentos bibliográficos e cartográficos e elaboração do mapa de uso da terra do ano de 2008, comparado com mapas de uso da terra referentes aos anos anteriores (1979 e 1999 e 2005). Nas ultimas três décadas, ocorreram mudanças significativas no uso e cobertura vegetal da bacia, onde a classe Floresta ombrófila, presente no alto curso da bacia, foi em grande parte devastada, dando lugar à expansão de pastos e áreas agricultáveis. Já as áreas de pastagem, localizadas no médio e baixo curso da bacia, sofreram forte expansão, estimulada pela produção de carne e leite. O mesmo aconteceu para as áreas agrícolas, presentes também no médio e baixo curso da bacia, utilizadas para a produção de alimentos primários, voltadas para agricultura comercial e de subsistência. Destaca-se que a classe de áreas agrícolas apresentou pequena expansão comparada às áreas de pastagem, contribuindo para o aumento da degradação ambiental no âmbito da bacia. As principais transformações das classes de uso da terra analisadas na bacia do rio Macaé permitiu a compreensão das modificações ambientais ocorridas no período analisado, permitindo, juntamente com outros trabalhos, contribuir para o planejamento ambiental da bacia. ABSTRACT The basin of the Rio Macae is located in coastal North Fluminense, covering the city of Macaé and parts of the municipalities of Nova Friburgo and Casimiro de Abreu, flows in the Atlantic Ocean, near the city of Macaé. Aims to characterize the classes of land use, with emphasis on areas of forests, pastures and farmland. The methodology was based on literature surveys and mapping and preparation of land-use map of 2008, compared with maps of land use related to previous years (1979 and 1999 and 2005). In the last three decades, significant changes have occurred in use and vegetation cover of the basin, where the rain forest class, present in the upper course of the basin was largely destroyed, leading to expansion of pastures and agricultural areas. Those areas of pasture, located in the middle and lower course of the basin, have undergone strong expansion, fueled by the production of meat and milk. The same was true for agricultural areas, present also in the middle and lower course of the basin, used for food primary, facing commercial agriculture and subsistence. It is the class of agricultural areas showed little growth compared to those areas of pasture, contributing to the increase of environmental degradation within the basin. The main transformations of classes of land use considered in Macaé River basin has the understanding of environmental change during the analysis period, so, together with other work, contribute to the environmental planning of the basin. INTRODUÇÃO Atualmente, existe uma forte preocupação quanto à degradação ambiental e muitos estudos estão voltados para a gestão do meio ambiente e seu planejamento. O estudo da bacia do Rio Macaé não foge disso, principalmente por ter grandes áreas que sofreram e sofrem alterações pelo desmatamento ao longo do antigo histórico de ocupação desordenado e o mau uso da terra. Parte da vegetação de Mata Atlântica, nas áreas serranas e de vegetação ciliar, embora preservadas em alguns pontos, foram devastadas, bem como o aumento dos processos erosivos nas encostas e planícies aluviais pela produção intensa de produtos primários destinados ao mercado regional e a exploração extensiva de pecuária. Um dos reflexos dessas mudanças na configuração ambiental ocorreu nos recursos hídricos da bacia e principalmente no Rio Macaé. Isso porque, sendo a bacia hidrográfica, enquanto uma unidade hidrogeomorfológica, é considerada como um sistema aberto, na medida em que recebe impulsos energéticos das forças climáticas atuantes sobre sua área e das forças tectônicas subjacentes, perde energia por meio da água, dos sedimentos e dos solúveis exportados pela bacia no seu ponto de saída. A organização interna da bacia de drenagem, isto é, os elementos de forma e os processos característicos influenciam as relações de entrada e saída (GREGORY E WALLING, 1973). A bacia do Rio Macaé possui cerca de 1765 km², limitada ao norte, pela bacia do rio Macabu, afluente à Lagoa Feia, ao sul, pela bacia do Rio São João, a oeste, pela bacia do rio Macacu (integrante da baía de Guanabara) e, a leste, pelo Oceano Atlântico. A bacia está localizada no litoral norte do estado do rio de janeiro, abrange grande parte do Município de Macaé (82%), e parcelas dos Municípios de Nova Friburgo (142 Km²), onde estão localizadas as nascentes, além de Casimiro de Abreu (83 km²), Rio das Ostras (11 km²), Conceição de Macabu (70 km²) e Carapebus (11 km²). O Rio Macaé, antigo Rio Bagres, nasce na Serra de Macaé próximo ao Pico do Tinguá (1560 m de altitude), em Nova Friburgo e seu curso se desenvolveu por cerca de 140 km, desaguando no oceano Atlântico, junto à cidade de Macaé. Os principais afluentes pela margem direita são os rios Bonito, Purgatório e o rio Três Pontes e pela margem esquerda, os rios Sana, Atalaia, São Domingos, Santa Bárbara, Ouro Macaé, São Pedro e Jurumirim e os córregos Genipapo, Guanandirana e Sabiá. Seu processo de ocupação foi marcado por um gradual desenvolvimento econômico pelo cultivo de cana de açúcar e café, atividade petrolífera, turismo e a agropecuária, nas quais propiciaram fortes conseqüências de degradação na economia e nos ecossistemas das regiões abrangentes, transformando as suas características sócio-econômicas e especiais e intensificando o processo de expansão urbana acelerada com inadequado uso e ocupação da terra. A produção de cana de açúcar na região da planície aluvionar do baixo Macaé teve início no fim do século XIX, cuja produção era escoada pelo pequeno porto existente em Macaé, na localidade de Imbetiba. Depois, no inicio do século XX, ocorreu construção da ferrovia que ligava Campos a Niterói e, em seguida, ao Rio de Janeiro, via férrea na qual passou a escoar a produção e a atividade portuária entrou em declínio (FEEMA, 1989). Todavia, as atividades produtoras de açúcar tiveram forte queda devido ao abandono de engenhos e usinas, conseqüência do aumento do surto de malária na região. Assim, na década de 40, a fim de combater o surto e reduzir as áreas alagadas que propiciavam esse tipo de doença ocorreram intervenções físicas, retilinizações na drenagem natural do baixo Macaé pelo DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento), hoje, extinto, em conjunto com a SERLA (Superintendência de estudos de rios e lagoas) e outros órgãos do governo ocorrendo retomada do crescimento econômico da região e ampliação das áreas de plantio e de pasto (COSTA, 1999; MARÇAL E LUZ, 2003) Paralelamente ocorreu a construção da rodovia Amaral Peixoto (1940) e da Usina Hidrelétrica de Macabu, na localidade de Glicério, nas quais ajudaram a promover o crescimento das atividades agropecuárias e do turismo. As descobertas das grandes reservas de petróleo e gás natural na região oceânica, conhecida como Bacia de Campos, pertencente à região de produção do Sudeste, levou a Petrobrás a estabelecer em Macaé, em 1978, uma central administrativa, recebendo “royalties” pela exploração a cada ano e implantando o porto que seria o elo com as plataformas de exploração de petróleo. Junto com a estatal vieram 126 empresas de prestação de serviços, 5.000 novos empregos foram criados, 10.000 carros passaram a circular pelas estreitas ruas da cidade; novas agências foram inauguradas, além de um grande número de hotéis e bares. A falta de políticas públicas de proteção à fauna e flora da região juntamente com a degradação ambiental de tais usos da terra e ocupação desordenada, os seus ecossistemas vem sendo degradados, trazendo inúmeras conseqüências para o meio ambiente. A fim de reduzir as áreas degradadas e preservação de seus recursos naturais, criou-se unidades de conservação, pela Lei Municipal nº8, de 21/06/83, a ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, relativa às áreas do Município de Macaé dentro da Bacia Hidrográfica do Rio Macaé. Assim sendo, todo o município passou a ser uma área de preservação permanente e a RESERVA ECOLÓGICA DE MACAÉ DE CIMA, no município de Nova Friburgo. Esses novos empreendimentos, isto é, as edificações erguidas nas margens dos rios, de forma desordenada (principalmente nas áreas serranas), a poluição dos rios e das lagoas pelo efluente da lavoura canavieira; as operações nas usinas; o desmatamento da vegetação nativa; assoreamento dos rios; a modificação na dinâmica hidrológica; a perda da biodiversidade terrestre e aquática, em especial dos rios e da vegetação nativa; a diminuição da qualidade de vida da população e prejudicou o potencial socioeconômico da região degradando os recursos naturais da região. Além disso, o crescimento da população de Macaé não foi acompanhado de infra-estrutura habitacional, sendo registrado um crescimento significativo, passando de 82.961 habitantes, incluindo Barra de Macaé, no censo realizado em 1991, para um total de 122.307 habitantes no ano de 2000; a população urbana já atinge 91,7% da população total (IBGE, 2000). O processo de acelerado crescimento urbano modificou sobremaneira a paisagem costeira de Macaé, com perda de áreas significativas de restingas que na atualidade encontram-se descaracterizadas, em decorrência da especulação imobiliária e os terrenos mais desvalorizados como as áreas de manguezais e os terrenos inundáveis estão sendo ocupados pela população de baixa renda (Luz & Marçal, 2002). Com isso, esse trabalho se propõe a realizar a caracterização das classes de usos da terra com ênfase nas áreas de floresta, pasto e áreas agrícolas, devido a suas significativas mudanças ambientais. A caracterização será realizada a partir de uma análise temporal de mapas dos anos passados referente aos 1979, 1999, 2005 com o mapa mais recente de 2008, buscando identificar as mudanças de expansão e retração das classes no período analisado. METODOLOGIA A metodologia baseou-se na caracterização ambiental da área (vegetação, geologia e geomorfologia), na pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos e outras publicações (encontrados nas bibliotecas) e cartográfica, na qual inclui etapas de geoprocessamento e elaboração de mapas temáticos referentes ao uso da terra no ano de 2008 em comparação a outros já elaborados como o de 1979, o de 1999 e de 2005 (MOTE 2008). Essa comparação temporal propiciou a análise dos resultados obtidos em relação às categorias de uso da terra (floresta, pasto e áreas agrícolas), em função da intensa dinâmica na região promovendo mudanças na paisagem como o desmatamento e processos de erosão e as suas possíveis influências na estabilidade dos ecossistemas e na qualidade de vida do ser humano. MATERIAIS E MÉTODOS Em relação aos métodos e materiais utilizados, nos quais foram fundamentais para o reconhecimento da área de estudo, foi usado como base cartográfica o Mapeamento do uso da terra realizado por MOTE (2008), na escala de 1:50 000, referente aos anos de 1979, 1999 e 2005. As imagens de satélite utilizadas foram: Landsat 2, do ano de 1979, Landasat 5 ETM de 1999 e imagens Cybers do ano de 2005, a partir da composição colorida: banda 3 no canal vermelho ®, banda 4 no canal verde (G) e banda 5 no canal azul (B). O programa utilizado para execução do processamento das imagens de 1979, 1999 e 2005 foi o software SPRING 4.2 e o de 2008 foi o software SPRING 5.0, por esses possuir ferramentas de segmentação e classificação para a produção de mapeamentos temáticos. Com as imagens referentes aos anos de 1979, 1999, 2005, baixadas gratuitamente dos sites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o americano Earth Science Data Interface (ESDI) que cobrem toda a área da bacia, foram realizados o processo de junção das duas cenas de cada ano para fazer o mosaico da bacia e o recorte das imagens a fim de mostrar somente a área territorial da bacia. A segmentação foi baseada no método de “crescimento de regiões” com segmentação 60_30. Após a identificação das regiões geradas no processo de segmentação, foram identificadas as áreas de treinamento das regiões segmentadas com base em mapas previamente elaborados. Para a extração de regiões foi aplicado o algoritmo presente no SPRING denominado “Battacharya”, o qual, foi utilizado para a classificação de regiões da imagem gerada na segmentação. Após a classificação das regiões, as classes geradas nos primeiros 3 mapas foram: fragmentos florestais, pastagem, vegetação de restinga, manguezal, área agrícolas, áreas urbanizadas, coberturas arenosas, solo exposto, corpos d’água e áreas inundáveis na escala de 1:50 000m e no último mapa temático, foi considerado somente as classes de uso de pasto, agricultura e floresta para o estudo. Já o mapeamento do uso da terra de 2008 na escala de 1:50 000, teve a utilização da imagem de satélite Landsat 5 do ano de 2008 do site do INPE e a imagem de satélite Cybers de 2008 para conferência. O programa utilizado foi o software ARC GIS 9.3 e o SPRING 5.0, na qual a segmentação foi semi-automática orientada manualmente segundo as classes utilizadas no mapa pelo próprio programa. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA A região das nascentes do rio Macaé apresenta remanescentes da vegetação de Mata Atlântica, mas à medida que as elevações superam as altitudes de 15000 m, estabelece-se um tipo de vegetação caracterizada por árvores mais baixas, com alto índice de umidade, em função dos constantes nevoeiros e, devido a isso, são chamadas de Matas Nebulares. Essas áreas são conhecidas como Campos de Altitude. Nas serras, presentes no alto curso compreendem manchas de variados tamanhos da Mata Atlântica e grandes espaços com vegetação de restinga; brejos de grande envergadura e manguezais, estes principalmente na foz do rio Macaé. Quanto à geologia da região, considera-se que a Bacia do Rio Macaé localiza-se na Faixa Costeira Leste e, segundo Mello (1996) a região na qual está inserida há o predomínio de grandes lineamentos e fraturamentos do Estado do Rio de Janeiro, segundo a orientação E-NE. A Litologia na qual está inserida a Bacia do Rio Macaé ocorre entre a Baía de Sepetiba (na base da Serra do Mar) e a região de Macaé. Encontra-se também a ocorrência de rochas do Pré-Cambriano com topografias arrasadas, destacando-se as unidades de gnaisses facoidais, migmatitos e gnaisses bandados e gnaisses bandados característicos da Serra do Mar. Além disso, a região Norte Fluminense, onde se localiza a Bacia do Rio Macaé, morfoestruturalmente está inserida em duas unidades: O Cinturão Orogênico do Atlântico e as Bacias Sedimentares Cenozóicas (DANTAS, 2000). O Cinturão Orogênico Atlântico subdivide-se nos seguintes domínios moresculturais: Maciços Costeiros e Interiores, Maciços Alcalinos Intrusivos, Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas, Escarpas Serranas, Planaltos Residuais, Depressões Interplanálticas, Depressões Interplanálticas com Alinhamentos Serranos. Já as Bacias Sedimentares Cenozóicas podem ser subdivididas nos seguintes domínios morfoestruturais: Tabuleiros de Bacias Sedimentares, Planícies Fluviomarinhas (Baixadas) e Planícies Costeiras (DANTAS, 2000). As cadeias orogênicas são terrenos mais recentes produzidos pela tectônica. Sua idade data do fim do Mesozóico e o Cenozóico sendo que sua gênese está relaciona com a movimentação de placas. Tais processos, de formação de cadeias orogênicas, ocorrem em nível continental, assim como os das Bacias Sedimentares. As sucessivas movimentações de placas tectônicas, ciclos erosivos pelos quais a terra passou, ao longo de sua história fizeram surgir e desaparecer bacias sedimentares e cadeias montanhosas e até mesmo mudar a configuração geográfica dos continentes e oceanos (Ross, 1981). Caracterização dos usos da terra na bacia: A sua dinâmica é caracterizada por diferentes e variados usos de ocupação da terra, pelas quais se destacam as áreas de fragmentos florestais, nas quais incluem tanto a vegetação nativa quanto áreas de vegetação secundária de Mata Atlântica. Ocorrem predominantemente em áreas do alto e médio curso da bacia, onde se localizam as unidades de relevo de escarpas serranas; as áreas Agrícolas destinadas a produção de uma variedade de produtos, localizadas nas áreas do médio curso; as áreas de Pasto, nas quais representam uma das principais atividades primárias da bacia responsáveis pela produção de carne e leite destinado principalmente aos mercados locais e regional, são áreas de colinas e suaves colinas, localizadas no médio curso. (MOTE, 2008) As áreas com vegetação de restinga, que são caracterizadas como áreas de depósitos arenosos, de origem marinha, cuja vegetação arbustiva ou arbórea é característica da costa meridional e norte do Brasil e ocorrem no litoral norte da cidade de Macaé; as áreas de manguezal, com importantes ecossistemas costeiros e alta produtividade primária. São caracterizadas por uma vegetação lenhosa adaptadas a ambientes salinos e asfixiantes, periodicamente inundada por marés. (MOTE, 2008) Além disso, as áreas urbanizadas têm como principal característica as edificações e estruturas típicas de ocupação urbana, apresentando extensas manchas em forma de corredor ao longo da faixa costeira de características horizontais, além de pequenos distritos e núcleos de povoamento; as áreas de solo exposto são caracterizadas por porções onde há exposição de solo, sem um uso específico. Ocorrem principalmente nas áreas do baixo curso devido ao grande crescimento da construção civil e a especulação imobiliária; as coberturas arenosa, áreas caracterizadas por cordões arenosos, com grande freqüência na região Norte Fluminense. No município de Macaé, estes cordões possuem idades pleistocênicas, sendo originados após a penúltima transgressão marinha, sendo precedido de um cordão litorâneo holocênico, estas áreas por apresentarem uma grande explosão demográfica, sofrem grandes problemas ambientais pela falta de saneamento básico, de coleta de lixo e esgoto e as áreas inundáveis, áreas planas e alagadiças sujeitas a inundações periódicas na área do baixo curso da Bacia do Rio Macaé. (MOTE, 2008) RESULTADOS E DISCURSÕES: Nas três últimas décadas ocorreram mudanças significativas na paisagem da bacia do rio Macaé. Em 1979, A Floresta ombrófila, presente no alto curso da bacia, tinha uma área de 1342,49 km² (73,24% da bacia), na qual foi em grande parte devastada, devido à atividade do turismo e da expansão imobiliária, por conta da grande beleza natural aí presente com cachoeiras e córregos. Assim foram criadas em 1999 áreas de preservação, a exemplo das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) como a Macaé de Cima e a APA do Sana com o crescimento da especulação econômica, a região serrana com uma área de 737,51km² (40,23% da bacia) de Macaé sofreu forte desmatamento e aceleração dos processos erosivos. Em 2005, o contínuo processo de impacto ambiental somados a falta de investimentos em infra-estrutura dos órgãos governamentais, passa a representar somente uma área de 720 km² (39,28% da bacia) (MOTE, 2008). Em 2008, devido à legislação atual para áreas de preservação, propiciou uma relativa estabilidade da classe de floresta, com cerca de 780 km² (45,51% da bacia) já que o mapeamento mais recente considerou áreas de floresta como sendo áreas com vegetação de restinga e áreas de manguezal. Observa-se, assim, que no período de 29 anos, de 1979 a 2008, houve uma retração de 27,73% na área total da bacia. A categoria de área de pasto, presente no médio curso da bacia, com uma área de 264, 074 (14,4% da bacia) em 1979 sofreu contínuos processos de erosão e desmatamento com a expansão da pecuária, estimulada pela produção de carne e leite, destinada para o mercado regional. Já o ano de 1999, com uma área de 620,50 km² (33,85% da bacia) a intensificação do processo aumenta o empobrecimento do solo, o pisoteio excessivo e a erosão, comparado com o ano de 2005, com uma área de 625,68 km² (34,13% da bacia) e conseqüente compactação (MOTE, 2008). No ano de 2008, a área de pasto observada foi de 702,10 km² (40,98% da bacia) devido ao crescente abandono das áreas agrícolas e empobrecimento do solo. Observa-se, assim, que no período de 29 anos houve uma expansão de 26,58% na área total da bacia. Já para a categoria de área agrícola, presente também no médio e baixo curso da bacia, utilizada para a produção de alimentos primários e voltada para agricultura comercial e de subsistência, tinha uma área de 152 km² (8,29% da bacia) em 1979 com índices de desmatamento e empobrecimento dos solos. Em 1999, corresponde a 383,23 km² (20,91% da bacia) com intensa modificação da dinâmica dos rios, sofrendo expansão espacial. Isso é verificado no ano de 2005, já que corresponde a 395,41 km² (21,57% da bacia) com grande quantidade de solos pobres (MOTE, 2008). Em 2008, por sua vez foi considerada com 113,82 km² (6,64% da bacia) com conseqüente transformação de utilização da terra de agricultura para pasto. Observa-se, assim, que no período de 29 anos houve uma retração de 1,65% da área total da bacia. Uso e Área cobertur a Terra (km²) da de 1979 % de Área % de Área % de Área % de Total % Total 1979 (km²) 1999 (km²) 2005 (km²) 2008 de de de 1999 2005 2008 (Retraçã o) % (Expansão) Áreas de 1342,4 73,2 737,5 40,2 Floresta 4 1 3 14,4 620,5 33,8 625,6 34,1 5 8 3 383,2 20,9 395,4 21,5 3 1 1 7 9 Áreas de 264,07 Pastage 720 39,2 779,75 8 45,5 27,73 //// //// 26,58 1,65 //// 1 702,10 40,9 8 m Áreas 152 8,29 Agrícola 113,82 6,64 s Tabela evolutiva referente aos resultados do uso da terra das três classes: CONCLUSÃO: Como foram observadas na tabela, as áreas de fragmentos florestais no alto curso da Bacia do Rio Macaé, marcado pelas construções de casas de veraneio e campings gerou em 1979 um forte desmatamento, apresentando-se em 73,24% da bacia. O ano de 1979 em relação ao de 2005 sofreu forte retração de 33,96%. Porém, com o aumento do turismo ecológico e conservação das áreas de preservação da vegetação nativa, ocorreu somente uma retração de 27,73% em relação ao ano de 1979 se comparado ao ano de 2008 e uma retração de apenas 6,23% referente a mudança de 2005 para o ano de 2008. A atividade de pecuária extensiva em áreas de pastos, no médio curso, apresentava-se com 14,4% em 1979. Mas comparando-se ao ano de 2005 sofreu uma expansão de 19,73%, passando para uma expansão de 26,58% no ano de 2008. E as áreas agrícolas, presentes no médio curso com a produção de produtos como cana de açúcar, feijão, aipim, banana e inhame, apresentavam-se com 8,29% em 1979 em relação a toda área da bacia. Sofreu um aumento em relação a 2005 passando a representar 21,57% da área da bacia e depois sofrendo retração em 2008, representando apenas 1,65% da área da bacia. 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