ESTUDO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E DIMENSIONAMENTO DE MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS A PARTIR DA PLOTAGEM DE SUAS CURVAS CARACTERÍSTICAS Antônio C. Delaiba, Arthur H. P. de Medeiros, Décio Bispo, Marcos V. Silva, Matheus S. F. dos Santos, Paulo H. O. Rezende Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Uberlândia-MG, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo - O presente estudo propõe representar o funcionamento do motor de indução trifásico (MIT) através de curvas características que mostram o desempenho de variáveis elétricas (corrente, fator de potencia) e variáveis mecânicas (escorregamento, rendimento). Através das curvas características levantadas, será realizada uma breve introdução sobre o estudo da eficiência energética dos motores, destacando uma das causas mais importantes de sua operação, o correto dimensionamento. Palavras-Chave – Curvas Características do MIT, Dimensionamento de Motores, Eficiência Energética, Motor de Indução Trifásico (MIT), Motor de linha padrão. STUDY OF ENERGETIC EFFICIENCY AND A CORRECT SPECIFICATION OF THE THIPHASE INDUCTION MOTORS BASED ON THE LIFTED CHARACTERISTICS CURVES Abstract - The present study proposes to represent the operation of the triphase induction motor (MIT) through characteristics curves that show the performance from electricals variables (Current, Potency Factor) and mechanics variables (Slip, Efficiency). Through those characteristics curves upright will be achieve one little introduction about study with motor’s energetic efficiency, detaching one of those causes most important of its operation, the correct specification. Keywords - Characteristics curves of MIT, specification of motors, Energetic efficiency, triphase induction motor (MIT), Standard motor. iniciar um estudo de eficiência energética estudando justamente esses motores. Para tal, em primeira instância, deve-se analisar o dimensionamento dos motores de indução trifásicos, pois se os mesmos estiverem mal dimensionados ocorrerá desperdício de energia, que poderia ser evitado [1]. Para analisar o dimensionamento dos motores, serão utilizadas suas curvas características, que retratam o comportamento dos mesmos, sendo estas levantadas ou obtidas diretamente pelo fabricante, pela plotagem de medições levantadas em laboratório ou por meio de equações e parâmetros do motor. II. OBTENÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS Existem basicamente três métodos para obtenção das curvas características dos motores, que serão descritos detalhadamente a seguir. A. Obtenção das curvas características do fabricante É o método mais simples e rápido de se obter as curvas dos motores, porém os fabricantes não disponibilizam com facilidade esse tipo de informação. Além disso, os dados do motor em estudo devem ser especificados corretamente a fim de que não se cometa erros. B. Obtenções das curvas características através de medições diretas no motor Como o interesse é a plotagem das curvas de Corrente X Carga, Fator de Potência X Carga, Escorregamento X Carga, Rendimento X Carga, são essas cinco grandezas que serão medidas durante o funcionamento normal do motor. Ao iniciar as medições, é importante buscar o instante em que o motor está operando na sua capacidade máxima, evitando resultados inadequados. A seguir, serão descritas as etapas para se obter as curvas a partir desse método. As medições foram realizadas no motor da marca ‘WEG’, com os seguintes dados: I. INTRODUÇÃO No Brasil, o setor industrial é responsável por 44% do consumo da energia elétrica produzida no país, dentro dos quais os motores elétricos são responsáveis por aproximadamente 55% do consumo, o que corresponde a cerca de 30% da energia total gerada. Estudos mostram que economizar custa menos que gerar a mesma quantidade de energia, portanto qualquer iniciativa de otimizar o seu consumo é de grande importância. Como os motores de indução trifásicos são responsáveis por grande parcela do consumo desta energia é interessante TABELA I Dados de Placa dos Motores STANDARD Potência: 1.5 cv 1.1HP Velocidade: 3370 rpm 60 Hz CAT N Reg S1 MAX Amb 40ºC Alt 1000m FS 1.15 Isol B Ip / In 7.5 Ip 55 220 /380 V 4.27 / 2.47 A Η 78.6% cosφ 0.86 1) Corrente X Carregamento - A tabela abaixo mostra valores de correntes para o motor citado anteriormente, em pontos de cargas definidos no texto. TABELA II Corrente X Carregamento Carreg.( %) Istandard (A) 1.21 5.4 1.00 4.6 0.85 3.9 0.75 3.7 Motor convencional 0 Escorregamento (%) Para encontrar o carregamento do motor, é necessário acoplar ao mesmo, um dinamômetro, na ocasião foi utilizado um do tipo freio de Focault. Aplicam-se, então, a tensão e freqüência nominais ao motor, e coloca-se carga em cinco pontos com, aproximadamente, 25%, 50%, 75%, 85% e 100% da carga nominal e outro ponto de carga superior a 100% não excedendo 150% da carga nominal. O motor deve ser colocado em ordem decrescente de carga. Os ensaios foram realizados no laboratório de Eficiência Energética do Convênio UFU/ ELETROBRÁS. O carregamento do motor pode ser estudado também como sendo a potência elétrica que é entregue ao eixo, já subtraído das perdas. O software utilizado para plotar as curvas características foi o MATLAB. Foram realizadas as medições para os diferentes valores de carga, em 121%, 100%, 85%, 75%, 50% e 25% . Valor de carga é a porcentagem da potência de saída no eixo do motor em relação à nominal. 2 2 4 4 6 6 8 8 10 Experimental Fabricante 0 20 40 60 80 100 Potência fornecida em relação à nominal (%) 120 140 Fig. 2 Gráficos Escorregamento X Carregamento. 3)Fator de Potência X Carregamento - Para encontrar o Fator de Potência com as medições realizadas, é necessário um cálculo simples para cada valor de carregamento. A equação usada para esse cálculo é mostrada a abaixo: P = 3 ⋅V ⋅ I ⋅ cosϕ (1) Onde: 0.5 2.9 0.25 2.3 Com os dados obtidos na tabela II, a curva Corrente X Carga foi obtida definindo dos vetores no MATLAB e, por fim, a plotagem dos mesmos utilizando regressão linear. V : Valor da tensão de linha medida; I : Valor da corrente de fase medida; P : Valor da potência lida para o carregamento. A tabela IV mostra o Fator de Potência calculado para cada valor de carga. Motor convencional Experimental TABELA IV Fator de Potência X Carregamento Carreg.( %) f.P.standard 5.5 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 5.5 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 0 20 40 60 80 100 Potência fornecida em relação à nominal (%) 120 1.21 0.868 1.00 0.836 0.85 0.841 0.75 0.80 0.50 0.716 0.25 0.554 Motor convencional Fator de potência Corrente (A) Fabricante 140 Fig. 1 Gráfico Corrente X Carregamento. 0.95 0.9 0.85 0.8 0.75 0.7 0.65 0.6 0.55 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 2) Escorregamento X Carregamento - O escorregamento também foi medido, para os mesmos pontos de carga. 0.2 Experimental 0.1 Fabricante TABELA III Escorregamento X Carregamento Carreg.( %) Sstandard 1.21 0.082 1.00 0.071 0.85 0.059 0.75 0.057 0.50 0.041 0 0.25 0.032 20 40 60 80 100 Potência fornecida em relação à nominal (%) 120 140 Fig. 3 Gráfico Fator de Potência X Carregamento. 4)Rendimento X Carregamento - Conhecendo a potência de entrada e o valor das perdas corrigidas, podemos usar a equação abaixo para determinar o rendimento em cada condição de carga do motor. Potência de Entrada − Perdas ×100% η= Potência de Entrada (2) TABELA VI Dados do ensaio a vazio As perdas correspondem a perdas “Joule”, núcleo magnético, mecânicas e suplementares. Realizando os cálculos para cada carregamento, foram encontrados os seguintes valores de rendimentos: TABELA V Rendimento X Carregamento Carreg.( %) η (%) standard 1.21 73.15 1.00 73.85 0.85 74.77 0.75 73.99 0.50 71.56 0.25 61.66 Rendimento (%) Motor convencional 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 Experimental 10 0 Fabricante 0 20 40 60 80 100 Potência fornecida em relação à nominal (%) 120 Os parâmetros obtidos depois de realizados os ensaios estão dispostos nas tabelas abaixo: 20 10 R(Ω) 3.86 Io (A) 1.37 Po (W) 157.2 Zo (Ω) 160.14 Prot (W) 135 TABELA VII Parâmetros do motor Motor Resistência(Ω) Zrb (Ω) Xs (Ω) Ls (mH) Xm (Ω) Lm (mH) Xr (Ω) Lr (mH) Standard 5.63 12.1 3.05 8.09 157.04 416 2.78 7.37 A partir do momento que os dados do motor são levantados, é possível utilizar equações e traçar as curvas características do mesmo. Para isso, é feito o estudo do circuito equivalente do motor de indução [3]: 1) Circuito equivalente do motor de indução trifásico Dado o circuito equivalente: 0 Fig. 4 Gráfico Rendimento X Carregamento. Observando as curvas traçadas no MATLAB, comparada com as obtidas pelo fabricante, nota-se que, as obtidas pelas medições ficaram bem próximas das fornecidas pelo fabricante, comprovando uma boa precisão nas medições e nos cálculos executados. C. Obtenções das curvas características utilizando dados dos parâmetros construtivos do motor É o método mais teórico, pois, consiste em levantar as curvas utilizando dados construtivos dos motores, como resistência dos enrolamentos e reatância de magnetização, aplicados a equações baseadas no modelo matemático do circuito equivalente. A fim de encontrar tais parâmetros é necessário realizar o ensaio de rotor livre e o de rotor bloqueado [2], [3], [4]. O ensaio com rotor livre de um motor de indução trifásico fornece informações em relação à corrente de excitação do mesmo e suas perdas a vazio. Deve ser realizado aplicandose freqüência e tensão nominais à máquina, e medidos a tensão de fase (V1), corrente de linha (I1) e a potência elétrica total de entrada (P). O ensaio de rotor bloqueado informa a respeito das resistências dos enrolamentos e das reatâncias de dispersão do motor. Para esse ensaio, é necessário que se trave o rotor para que o mesmo não gire e a tensão a ser aplicada possui um valor reduzido da tensão nominal da máquina (cerca de 10 a 25% da tensão nominal) para limitar o valor da corrente no rotor. Fig. 5 Circuito equivalente do motor de indução. O circuito acima mostra que a potência total Pg transferida através do entreferro desde o estator é: R P = n I S 2 g f 2 2 (3) As perdas do rotor podem ser calculadas por: P Rotor = nf 2 I R 2 2 (4) Agora, a potência eletromagnética, Pmec, desenvolvida pelo motor pode ser determinada subtraindo a dissipação de potência do rotor da potência de entreferro: P =P −P Pmec = (1 − S ) Pg P Rotor = S P g mec g Rotor (5) (6) (7) Somando X2 com (R2/S), e colocando em paralelo com jXm, resulta em: Z f − X 2 X m + j R2 X m S = R2 + j ( X + X ) 2 m S (8) Onde essa impedância Zf representa o paralelo entre grandezas do rotor e a impedância de magnetização, possuindo uma parte real e uma imaginária: Z = Rf + j X f (9) f Finalmente, a impedância de entrada total do circuito é: Z = R1 + j X 1 + Z f Ent (10) A potência total transferida através do entreferro desde o estator é: P = n I RS 2 g 2 2 f (11) Mas, modificando essa equação, I2 é a parcela de corrente que passa por X2 e R2/S no circuito equivalente, e considerando o circuito como uma única impedância de entrada em série com a fonte, a corrente I1 é a mesma para essa impedância. Dessa forma, I1 é calculada da seguinte maneira: I 1 = V Z (12) 1 Ent Obtida a corrente, podemos substituir na equação 3, considerando que a única resistência que dissipa potência em Zf é Rf, pois, a potência dissipada em Zf é a mesma dissipada em (R2/S). Assim, podemos escrever: P =n I R 2 g f 2 f (13) A potência mecânica pode ser calculada por: P mec = (1 − S ) P g (14) Finalmente, a potência de saída no eixo (carregamento do motor) é obtida subtraindo da potência mecânica as perdas rotacionais: P Eixo = PMec − P Rot (15) Para o cálculo do rendimento dos motores, precisa-se encontrar primeiro a potência de entrada e, assim, calcular o rendimento em si: PEnt = n f VI cos ϕ η= P P Eixo ×100% (16) (17) Ent Com essas equações pode se plotar as curvas características dos motores. Para isso, o software MATLAB é novamente utilizado. Mas, em vez de criar apenas vetores como foi feito com as medições, incrementam-se laços no programa para que possa variar o escorregamento em todas as equações melhorando a precisão. As curvas obtidas são semelhantes às encontradas no método anterior. III. DIMENSIONAMENTO E DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO Com o objetivo de obter a eficiência energética de uma planta ou processo em que esteja presente o motor de indução trifásico, ou seja, produzir mais com o menor gasto de energia elétrica possível, o dimensionamento correto do motor é um fator determinante na busca por uma boa eficiência. Sendo assim, pode-se realizar o diagnóstico energético do motor verificando se a economia de energia com a substituição do motor é viável ou não. A. Dimensionamento Como o motor de indução trifásico do tipo gaiola de esquilo é considerado o mais importante uso final de energia elétrica, qualquer iniciativa que se desenvolva para aumentar o rendimento, ou seja, diminuir as perdas desses motores, é válida para a economia do país. As quatro principais causas do uso ineficiente de um motor elétrico são: superdimensionamento, reparo inadequado do motor, utilização de motores de baixo rendimento e acoplamento motor-carga de baixa eficiência. Em relação aos custos relacionados aos motores elétricos, devemos ressaltar o custo de aquisição, referentes ao preço de compra do motor no mercado, e ao custo operacional, relativo ao custo da energia elétrica necessária para o funcionamento do motor. Um fato importante é que o custo operacional do motor pode chegar a 100 vezes o valor do custo de aquisição, o que reforça a necessidade de se criar boas condições de funcionamento para o motor elétrico. As causas do uso ineficiente dos motores são os aspectos que, quando levados em conta, podem reduzir esse custo operacional. 1) Superdimensionamento - é dito que um motor está superdimensionado quando sua potência nominal é bem superior à potência solicitada pela carga mecânica, e as conseqüências dessa situação são, entre outras, a redução do fator de potência, do rendimento do motor e uma maior corrente de partida. Em geral, para cargas entre 75% e 100% da nominal, o motor pode ser considerado bem dimensionado, entre 50% e 75%, deve ser realizado o diagnóstico energético e abaixo de 50%, ele é considerado subdimensionado. 2) Reparo inadequado do motor - O reparo do motor geralmente apresenta menor custo inicial em relação ao custo da aquisição de um novo motor. Contudo, é necessário ter cautela ao se optar pelo reparo, pois, os métodos utilizados para o reparo do mesmo pode muitas vezes afetar seu rendimento devido às alterações nas suas propriedades magnéticas e/ou mecânicas. 3) Motores de baixo rendimento - Optar pelos motores de alto rendimento ao invés de motores da linha padrão, com rendimento um pouco abaixo, nem sempre é a melhor escolha a ser feita. A economia no consumo de energia e o tempo de retorno do investimento são funções dos rendimentos dos motores, do tempo de operação, da potência solicitada pela carga, da tarifa de energia elétrica e dos seus preços iniciais. 4) Acoplamento motor-carga - O acoplamento é responsável pela transmissão da potência do motor para a carga e pode ser feito de vários tipos. Dependendo da forma adotada, seu rendimento pode variar de 50% a 99%. Os principais tipos de acoplamento são direto, polias e correias e caixas de engrenagens. B. Diagnóstico Energético Para realizar o diagnóstico energético, assim como, a verificação do dimensionamento do motor, é necessário colher alguns dados em campo. Essa fase é fundamental, pois, são os dados colhidos que irão garantir a veracidade do resultado do estudo. O levantamento dos dados pode ser feito através do levantamento por amostragem, utilizado quando a planta industrial apresenta uma grande quantidade de máquinas iguais desempenhando a mesma tarefa, economizando tempo, porém, os resultados não são totalmente confiáveis; levantamento por dados da placa, através da leitura dos dados de placa das máquinas; e levantamento detalhado, uma combinação aperfeiçoada dos dois casos anteriores atingindo todos os motores instalados, pois, requer um dispêndio de tempo maior, sendo os resultados os mais precisos possíveis. Os dados relevantes a serem levantados são: 1) Horas de funcionamento - A viabilidade de uma medida de eficiência energética em motores é diretamente influenciada pelo seu regime de funcionamento, fazendo-se necessário o conhecimento do tempo de operação de cada motor. Este trabalho é muito difícil, pois, não há medidores de tempo para as máquinas. Assim, recomenda-se adquirir esses dados através de informações com o pessoal de operação e manutenção, pelo monitoramento dos motores ou da produção. para a fase principal do trabalho, que seria transformar esses dados em informações úteis, com propostas de melhorias e possibilidades de ganhos energéticos e financeiros. O método deve ser aplicado seguindo alguns passos [5]. O primeiro passo é determinar se o motor está operando ou não em condições adequadas e favoráveis de funcionamento. Sendo assim, devem-se medir as correntes nas três fases e calcular a média. Em seguida, introduz-se o valor médio das correntes na curva característica do motor, que foi adquirida de uma das três formas citadas anteriormente. Desta maneira, verifica-se o carregamento do motor. Fig. 6. Determinando o carregamento do motor. Dependendo do carregamento do motor, deve-se prosseguir com a análise de eficiência energética. Portanto, a partir do Ponto II, eleva-se uma reta vertical interceptando as curvas de fator de potência e de rendimento. O cálculo da energia consumida por esse motor é dado pela seguinte fórmula. Energia = ( Pot motor × Carreg × h × 0,736) (18) η Onde: 2) Dados de placa - A norma NBR 7094/1996 define que todo motor de indução deve conter informações relativas às suas características de operação e de fabricação. 3) Dados construtivos - Esses dados dizem respeito à situação em que o motor se encontra instalado na planta industrial como tipo e local da fixação. Potmotor = potência do motor em CV; Carreg = carregamento atual do motor em porcentagem; h = número de horas de funcionamento; η = rendimento do motor para o carregamento em questão dado em porcentagem; Energia = dada em kWh. 4) Dados de carga acionada – Referem-se às medições elétricas e mecânicas que devem ser consideradas a principal etapa do trabalho, pois, é a partir delas que todas as decisões serão tomadas. As grandezas que devem ser obtidas são: corrente de cada fase, tensão entre fases (linha), potência ativa de entrada, fator de potência, velocidade de rotação e dados de processo. Essas medidas podem ser realizadas através de equipamentos elétricos próprios. É importante lembrar que todas as medições citadas acima devem ser feitas quando a máquina estiver operando com máximo carregamento. C. Aplicando o método De posse de uma enorme quantidade de dados, passa-se Fig. 7. Determinando o fator de potência e o rendimento do motor. A escolha de um motor mais adequado pode ser feita através do cálculo da potência real solicitada pela carga, que é calculada multiplicando-se a potência nominal do motor pelo seu carregamento. E a economia financeira é dada pela expressão abaixo. Economia = Energiaeco × Tarifa (22) Onde: Potreal = Potmotor × Carreg (19) Economia = o valor monetário da economia; Tarifa = tarifa cobrada pela concessionária de energia elétrica pelo kWh; Onde: Potmotor = potência do motor em CV; Carreg = carregamento atual do motor; Potreal = potência real do motor em CV. A partir desse valor, escolhe-se o motor imediatamente superior ao mesmo. Em seguida, calcula-se o rendimento do novo motor, dado pela relação entre a potência real e a potência deste último. Carregnovomotor = Potreal ×100% Potnovomotor Dessa maneira, realiza-se a análise de dimensionamento e diagnóstico energético de motores de indução trifásicos. É possível analisar situações nas quais o motor sofreu um reparo, verificando a sua qualidade após a reforma, e também, a troca de um motor da linha padrão por um motor de alto rendimento, sendo que, nesta situação, o tempo de retorno do investimento inicial do motor de alto rendimento deve ser levado em consideração para um trabalho mais completo [5]. (20) IV. CONCLUSÕES Onde: Potnovomotor = potência do motor em CV; Potreal = potência real do motor em CV. Carregnovomotor = carregamento atual do motor dado em porcentagem; E utilizando a curva característica do motor novamente, a partir do carregamento do novo motor encontra-se a corrente, o rendimento e o fator de potência do mesmo. Pode-se concluir que o método proposto é bem simples e aplicável, visto que nas indústrias há um grande número de motores mal dimensionados, comprovando o não conhecimento da técnica apresentada. Sendo assim, pode-se efetuar um estudo em qualquer setor onde houver um motor de indução incluso num determinado processo, verificando o seu dimensionamento e realizando o diagnóstico energético. Para haver uma economia de energia considerável para o sistema elétrico é preciso que a técnica seja difundida, pois, com uma grande quantidade de motores dimensionados corretamente ter-se-á o uso racional da energia elétrica no que diz respeito ao consumo pelos motores elétricos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fig. 8. Determinando os dados do novo motor a partir do carregamento. Portanto, a energia consumida pelo novo motor pode ser calculada aplicando a equação 18 e, assim, calcula-se a economia de energia através da diferença entre o consumo dos dois motores. Energia eco = Energia1 − Energia 2 (21) Onde: Energia1 = energia consumida pelo motor analisado em kWh; Energia2 = energia consumida pelo novo motor em kWh; Energiaeco = energia economizada kWh. [1] P. C. F. Freitas, D. Bispo, A. C. Delaiba, S.F.P. Silva “Análise comparativa dos rendimentos dos motores da linha padrão e de alto rendimento sob o enfoque da eficiência energética”. Simpósio Brasileiro de Sistemas elétricos (SBSE) 2008, Belo Horizonte-MG. [2] V. D. Toro, Fundamentos de Máquinas Elétricas, Tradução de Onofre de Andrade Martins,1ª Edição, Prentice-Hall do Brasil, Rio de Janeiro, 1990. [3] A.E. Fitzgerald, C.K. Jr., S.D. Umans, Máquinas Elétricas, com introdução à eletrônica de potência, Tradução de Anatólio Laschuk. Bookman, 6ª Edição, Porto Alegre, 2006. [4] ABNT – NBR 5383-1 fevereiro/2002 “Máquinas Elétricas Girantes parte 1: Motores de Indução – Ensaio” [5] E. Szyszka, M. Américo, Metodologia de Realização de Diagnósticos Energético.