1 Diabetes Síndrome de etiologia múltipla caracterizada por hiperglicemia crônica. A glicose do sangue circulante resulta dos alimentos ingeridos e da formação de glicose pelo fígado. A insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) facilita a entrada de glicose nas células, controlando o nível de glicose do sangue, regulando a produção e o armazenamento de glicose. Fisiopatologia . Na diabetes pode haver uma diminuição da capacidade corpórea em responder à insulina e/ou diminuição ou ausência de insulina produzida pelo pâncreas. Isto leva às alterações no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. A hiperglicemia resultante pode levar às complicações metabólicas agudas, tais como cetoacidose diabética e síndrome não-cetótica hiperglicêmica hiperosmolar. A hiperglicemia, a longo prazo, pode contribuir para complicações microvasculares crônicas (doença ocular e renal) e complicações neuropáticas. A diabetes também está associado a um aumento de ocorrência de doenças macrovasculares, inclusive IAM e doença vascular periférica. Existem vários tipos de diabetes e é importante reconhecer que a classificação a seguir é dinâmica e não estática por duas razões: Primeiro o surgimento de novas descobertas e segundo que, com o tempo, o paciente pode se deslocar de uma categoria para outra. Daí temos: Tipo I: Diabetes mellitus insilino-dependente (DMID) Tipo II: Diabetes mellitus não insulino-dependente (DMNID) Diabetes mellitus associado a outras condições ou sindromes Diabetes mellitus gestacional O diabetes é especialmente prevalente nos mais idosos. Entre as pessoas com mais de 65 anos de idade, 8,6% tem diabetes tipo II. É a principal causa de cegueira e de amputações não traumáticas nos EUA. No brasil o diabetes melito acomete 7,6% da população acima de 35 anos de idade (aproximadamente 15 milhões de pessoas). Fonte www.sosdiabetes.com.br . 2 O custo com diabetes é muito elevado com altas taxas de hospitalização e incapacidade para o trabalho, muitas vezes permanente, com ônus para a sociedade. Tipos de diabetes Diabetes Incidência Insulino- Idade dependente Tipo I De 5 a (DMID) 10% do Sim Produção de Tratamento insulina Antes dos 30 Inadequada Insulina anos de idade + Dieta total Tipo II De 90 a Não. A não Acima dos 30 (DMNID) 95% do ser com anos de idade insulina. total níveis e obesos Associado/ Variável Resistência à sensibilidade à glicose insulina Secundária < produção e < elevados de Não Dieta + Hipoglicemiantes orais Qualquer Doenças Tratamento idade pancreáticas, sintomático e anomalias Insulina: hormonais, dependendo do drogas com nível de glicose glicocorticóides e preparação contendo estrógeno Gestacional De 2 a 5 (DMG) Não Início no 2º ou Hormônios Dieta % de 3º trimestre. insulina se for todas as Ocorrência de placenta, que gestações macrossomia inibem a ação da (RN acima de insulina secretado pela e necessário 4,1 Kg de peso “limítrofe” Classificado como tolerância prejudicada à glicose. Os níveis de glicose ficam entre o normal e os níveis considerados diagnóstico para diabetes. 3 No Diabetes Tipo I há uma acentuada diminuição da produção de insulina pelas células beta pancreáticas. Ocorrendo a hiperglicemia de jejum como resultado de uma produção descontrolada de glicose pelo fígado. Além disso, a glicose derivada dos alimentos ingeridos não pode ser estocada, e permanece na corrente sangüínea contribuindo para a hiperglicemia pós-prandial (após as refeições). Se a concentração for suficientemente alta, os rins não podem absorver toda glicose filtrada, e ela então aparece na urina é chamado glicosúria. Quando o excesso de glicose é excretado na urina, ele é acompanhado de excesso de líquido e perda de eletrólitos, este quadro é chamado de diurese osmótica com aumento no volume de urina (poliúria) e sede intensa (polidipsia). A deficiência de insulina também prejudica o metabolismo das proteinas e gorduras levando a perda de peso. Os pacientes podem sofrer um aumento no apetite (polifagia) devido a diminuição do armazenamento de calorias. Outros sintomas incluem fadiga e fraqueza, pele seca, formigamento e dormência nas extremidades, lesões cutâneas com cicatrização lenta. Perda de peso. A progressão da deficiência de insulina aumenta os processos inibidos por ela, e, como conseqüência o aumento da glicogenólise (quebra da glicose armazenada), e mais significativamente a glicogênese (produção de nova glicose a partir de aminoácidos e outros substratos) contribuem mais ainda para hiperglicemia. Em adição ocorre a quebra de gorduras, resultando no aumento de produção de corpos cetônicos, estes são ácidos que alteram o equilíbrio ácido-básico do corpo em quantidades excessivas, resultando em cetoácidose diabética. No Diabetes do Tipo II ocorre a chamada resistência à insulina, sensibilidade diminuída e a secreção deficiente de insulina. Normalmente a insulina se liga a receptores especiais nas superfícies celulares. Como resultado desencadeia uma série de reações envolvidas no metabolismo de glicose dentro da célula. A insulina torna-se menos efetiva na estimulação da captação de glicose pelos tecidos. Para superar a resistência à insulina e impedir a elevação de glicose no sangue, deve haver um aumento da quantidade de insulina secretada. Entretanto, se as células beta forem incapazes de atender à demanda de insulina, o nível de glicose sobe e desenvolve o diabetes tipo II. Aqui existe insulina suficiente para impedir a quebra de gorduras, portanto, não ocorre a CAD. Porém, leva a um outro problema agudo Chamado Síndrome não-cetótica hiperglicêmica Hiperosmolar a SNHH. 4 Complicações do diabetes Agudas 1 - Hipoglicemia (falta de glicose no sangue): reação hipoglicêmica; reação à insulina Choque insulínico 2 – Hiperglicemia (excesso de glicose no sangue) pode levar a : CAD Tipo I ou a SNHH Tipo II Crônicas 1. Doença Macrovascular Doença coronariana Doença cerebrovasculas (levando a AVC) Doença vascular periférica (Contribui para úlcera nos MMII) 2. Doenças microvasculares Retinopatia Nefropatia 3. Neuropatia (dano á célula nervosa) Neuropatia periférica (sensoriomotora, afetando mãos e pés com parestesia ou dor) Neuropatia autônoma (afeta o funcionamento gastrintestinal, cardiovascular, geniturinário) A hiperglicemia diminui a resistência do hospedeiro a infecções, porque a concentração de glicose na epiderme e na urina favorece o crescimento bacteriano. Por isso, o cliente é suscetível a infecções da pele e do trato urinário e a vaginite Fatores de Risco para diabetes mellitus: Idade ≥ 45 anos História familiar de DM Obesidade (IMC ≥ 25Kg/m2)que contribui para a resistência à insulina endógena Sedentarismo HDL baixo e triglicerídeos elevados Hipertensão arterial Doença coronariana 5 DM gestacional prévio, que causa ganho ponderal e aumenta os níveis do estrogênio e dos hormônios placentários Macrossomia e história de abortos de repetição ou mortalidade perinatal Alguns fármacos, incluindo-se diuréticos, tiazídicos, beta bloqueadores, corticóides suprarenais e anticoncepcionais orais, que antagonizam os efeitos da insulina. Obs: Estresse fisiológico ou emocional, podem causar elevação prolongada de níveis dos hormônios do estresse (cortisol, epinefrina, glucagon e hormônio do crescimento) e, em seguida, aumentar a glicose sangüínea e acentuar as demandas impostas ao pâncreas. Principais anormalidades dos exames laboratoriais no diabetes melitus - nos adultos (exceto em gestantes), o diagnóstico é confirmado quando o cliente apresentar: Níveis plasmáticos de glicose iguais ou superior a 126 mg/dL, em pelo menos duas ocasiões Sintomas característicos do diabetes descontrolados e uma dosagem aleatória da glicose igual ou superior a 200 mgdL Nível sangüíneo de glicose igual ou superior a 140 mg/dL, 2 horas após a ingestão de 75g de dextrose oral. – Teste de tolerância à glicose – TTG Para confirmar o diagnóstico o cliente deve ter duas dessas anormalidades relacionadas; que podem ser detectadas no mesmo exame ou em qualquer combinação desses exames e podem apresentar-se intercaladas por um período maior do que 24 horas. Tratamento: Diabetes tipo 1- insulinoterapia Diabetes tipo 2 – dieta e exercícios – mudança de hábitos de vida. Posterirmente medicamentoso: hipoglicemiantes VO e insulinoterapia Diabetes gestacional: controle, insulina SOS Hipoglicemiantes orais: glucoformin Insulina pode ser de ação rápida, ação curta, ação intermediária, ação longa ou uma combinação dessas. Veja quadro abaixo: 6 ________________________________________________________________________ Tipo Início Pico Duração Lispro (ultra rápida) menos de 15 min. Regular ½ a1h NPH(intermediária) 2a4h 4 a 10h 10 a 16 h Lenta 1a3h 8 a 12 h 18 a 24 h Ultra lenta (lantus) 2a4h 30 a 90' 5h 5 – 8h 2a3h sem 20 a 30 h Insulinas pré mistura: Humulin 70/30: 70% NPH e 30% regular Humulog Mix 25: 25% lispro e 75% lispro protamina Insulinoterapia: Via subcutânea, absorção lenta Só a insulina regular pode também ser aplicada por via endovenosa Absorção no abdome é mais rápida, diminuindo nos braços , coxas e nádegas Realizar rodízio do local de aplicação – risco de lipodistrofia Não aplicar em tecido muito adiposo, queimado, edemaciado ou lesionado. Atentar para períodos de jejum Complicações da insulinoterapia: Reações alérgicas locais: rubor, edema, induração. Raras com o uso de insulina humana Reações alérgicas sistêmicas: urticária generalizada, raras Lipodistrofia: perda de tecido adiposo subcutâneo no sítio das injeções de insulina. Resistência à insulina: mais comum em obesos Hiperglicemia matinal: efeito Somogyi (hipoglicemia seguida de hiperglicemia de rebote) Métodos de administração de insulina alternativos: canetas de insulina, injetores à jato, bombas de insulia, insulina inalatória e implantável,, transplante de células pancreáticas. 7 Complicações: Hipoglicemia – abaixo de 50 a 60 mg/dl. Causas: quantidade alta de insulina ou hipoglicemiantes orais, jejum. Sintomas: sudorese, tremor, taquicardia, palpitação, nervosismo e fome. Incapacidade de concentração, cefaléia, tonteira, confusão, dormência lábios e língua, fala arrastada, desorientação, visão dupla, sonolência, convulsão e perda da consciência. Tratamento: administração de carboidratos de ação rápida: balas, açúcares, suco de frutas adoçado, mel. Administração EV de glicose hipertônica 25 ou 50%. Rever glicemia em 15, 30 e 60’. Obs; uso do glucagon (hormônio produzido pela céls. Alfa pancreáticas), que estimula o fígado a liberar glicose armazenada. Pode ser aplicado 1mg SC ou IM. Hiperglicemias: cetoacidose diabética – falta de insulina+clivagem lipídica – corpos cetônicos – acidose metabólica. Mais comum no tipo 1 síndrome não-cetótica hiperosmolar hiperglicêmica – diurese osmótica – perda de líquidos e eletrólitos. Mais comum no tipo 2 Diagnóstico de Enfermagem 1. Risco para lesões relacionadas com as complicações 2. Adaptação prejudicada, relacionada com a cronicidade da doença e com a complexidade do tratamento 3. Deficit de conhecimentos relacionados com o diabetes melito e seu tratamento complexo 4. Conforto alterado relacionado às injeções de insulina e aos testes capilares Ações de enfermagem: Orientações para o autocuidado: automonitorização da glicemia 8 A Cetoacodose diabética (CAD) e a Síndrome não-cetótica hiperglicêmica Hiperosmolar (SNHH) são as duas complicações agudas do diabetes mellitus. O fluxograma abaixo ajudará você a distinguir entre essas duas complicações, quando estiver avaliando seu cliente (Boundy, Janice – 2004). História de diabetes melitus sim Não Tipo I Tipo II sim sim Inicio lento Inicio rápido sim sim Hiperventilação Hálito cetônico Nível de glicose ligeiramente acima do normal Hiponatremia breanda Cetonas positivo ou em níveis altos no soro Osmoralidade sérica ligeiramente elevada Hipopotassemia extrema Acidose metebólica sim Suspeite de CAD não Sonolência Torpor Coma Poliúria Depleção externa do volume sim não Respiração ligeiramente acelerada Sem hálito cetônico Nível de glicose acentuadamente aumentado Hipernatremia Cetonas negativas ou níveis baixo Osmolaridade sérica acentuadamente elevada Potássio sérico normal Ausência de acidose sim Suspeite de SNHH 9 úlceras diabéticas As úlceras acometem principalmente extremidades inferiores, com uma incidência considerável de amputações (50 a 75% das amputações de MMII, são em diabéticos). As amputações são evitáveis, desde que os pacientes sejam orientados a realizar cuidados preventivos com os pés e a praticar cuidados diários. As três complicações diabéticas que contribuem para o aumento de risco de infecções nos pés são: Neuropatia: A neuropatia sensorial leve à perda da dor e da sensação de pressão; e a neuropatia autônoma ao aumento do ressecamento e fissuras da pele (secundárias a diminuição da transpiração); Doença vascular periférica: Uma circulação pobre nas extremidades inferiores contribui para uma cicatrização deficiente das feridas, e desenvolvimento de gangrena; Imunocomprometimento: A hiperglicemia prejudica a capacidade de os leucócitos especializados destruírem bactérias. Assim, no diabético pouco controlado há uma diminuição da resistência a certas infecções. A seqüência típica de eventos no desenvolvimento de uma úlcera diabética de pé começa no tecido macio do pé, formação de fissura entre os artelhos, ou em uma área de pele seca, ou formação de um calo. Os danos não são percebidos pelo paciente com um pé insensível, que podem ser: de origem térmica (ex. pelo uso de bolsas térmicas, andar descalço em piso quente, ou testar água de banho com os pés); química (ex. queimar o pé quando utilizar agentes cáusticos em calos, joanetes); traumático (ex. lesões à pele enquanto corta as unhas, andar com objeto indevido dentro do sapato, usar meias ou sapatos maus ajustados). Riscos para úlceras diabéticas duração do diabetes por mais de 10 anos; idade acima de 40 anos; história de tabagismo; pulso periférico diminuído; sensibilidade diminuída; deformidades anatômicas ou áreas de pressão (tais como calos e joanetes); história de úlceras nos pés ou amputação. Os pacientes devem ser aconselhados a reduzir fatores de risco que contribuem para a doença vascular periférica. 10 Diabetes Insipidus É uma distúrbio do lobo posterior da hipófise devido a uma deficiência de vasopressina, hormônio anti-diurético ADH. É caracterizado por grande sede (polidipsia) e grandes volumes de urina diluída (poliúria). Pode ser secundário a um traumatismo craniano, tumor no cérebro, ablação cirúrgica, ou irritação da hipófise. Ou infecções do sistema nervoso. A densidade específica da urina de 1001 a 1005. Devido à sede intensa o paciente tende a beber de 4 a 20 litros de líquidos diários com um desejo especial de água gelada. Na forma hereditária do diabetes insipidus os sintomas primários podem começar ao nascimento. Nos adultos pode iniciar de forma abrupta ou insidiosa. Não pode haver restrição na ingesta de líquido porque a perda de grandes volumes de urina continua mesmo sem a reposição de líquidos. A avaliação diagnóstica está no teste de privação de líquidos no qual são retirados por 8 a 12 horas até que tenha sido perdido 3% do peso do corpo. São feitos estudos da osmolaridade de plasma e da urina no começo e final do teste. O teste apresenta incapacidade do organismo de elevar a sua densidade urinária e a osmolaridade da urina. Suspender o teste em caso de taquicardia, perda de peso excessiva e hipotensão. Tratamento Clinico O objetivo é garantir uma reposição adequada de líquidos, repor vasopressina e procurar corrigir a patologia intracraniana.