HERBICIDA DIURON APLICADO EM PRÉ-EMERGÊNCIA E SOBRE AS FOLHAS DA MAMONEIRA Liv Soares Severino1; Amanda Micheline Amador de Lucena2; Leandro Silva do Vale3; Gleibson Dionízio Cardoso4 e Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão1 1 Embrapa Algodão, [email protected], [email protected]; UFCG; 3UFRPE; 4Embrapa Algodão / UNESP Jaboticabal; 2 RESUMO - Objetivou-se através deste trabalho registrar e avaliar os efeitos de diferentes tratamentos com o herbicida diuron, quando misturado ao solo, aplicado em pré-emergência ou pulverizado diretamente sobre as folhas de plântulas de mamoneira. Quando misturado ao solo, os sintomas foram percebidos desde a dose mais baixa de 1 L/ha. Os principais sintomas são amarelecimento e clorose das folhas. As plantas não chegaram a lançar a primeira folha verdadeira, pois morreram ainda na fase de folhas cotiledonares. Quando o herbicida foi aplicado em pré-emergência, provocou morte das plantas mesmo na dose mais baixa (1,5 L/ha) e com a semente plantada na maior profundidade (6cm), pois o solo utilizado possuía pouca argila e matéria orgânica o que dificulta a adsorção pelos colóides do solo. Quando a aplicação foi feita diretamente sobre a folha, não se observou qualquer sintoma de fitotoxicidade, pois a absorção foliar é muito baixa. INTRODUÇÃO Com a possibilidade do uso do óleo da mamona como matéria prima para produção de biodiesel cresce o interesse pelos agricultores em aumentar a área de cultivo desta oleaginosa em especial na Região Nordeste do Brasil (BELTRÃO et al., 2003). Um dos grandes problemas para aumento da produção da cultura é a interferência das plantas daninhas devido a competição por recursos do meio tais como luz, nutrientes minerais e água diminuindo estes para a cultura refletindo como decréscimo da produção Dentre os métodos que podem ser utilizados para o controle de plantas daninha, o controle químico, vem sendo empregado em grande escala, devido ao seu efeito rápido no controle do mato, para a cultura da mamoneira são limitadas as informações sobre o controle químico sendo necessárias informações para o registro de herbicidas para a cultura sendo possível o avanço em escala comercial. O diuron é um herbicida do grupo das uréias substituídas. Seu mecanismo de ação é a destruição do Fotossistema II e conseqüente interrupção da fotossíntese. Ele atua ligando-se à proteína D1, no sítio onde se acopla a plastoquinona "Qb", interrompendo o fluxo de elétrons entre os Fotossistemas (RIZZARDI et al., 2004). A absorção do diuron ocorre predominantemente pelas raízes, sendo baixa a absorção pelas folhas. A translocação é feita pelo xilema. Os sintomas de fitotoxicidade aparecem inicialmente nas folhas, que ficam com coloração verde-clara, evoluindo para necrose. Os sintomas podem aparecer em poucas horas após a aplicação, se a dose for alta, ou em vários dias se houver acúmulo no solo e absorção gradual. O diuron é fortemente adsorvido pelos colóides de argila ou matéria orgânica e por esta razão a dose adequada é altamente dependente das características do solo. Pode ser lixiviado em solos arenosos (RODRIGUES e ALMEIDA, 2005). Este trabalho teve como objetivo registrar os sintomas do herbicidas diuron sobre a mamoneira, quando aplicado misturado ao solo, em pré-emergência e aplicado diretamente nas folhas. MATERIAL E MÉTODOS a) herbicida misturado ao solo: o experimento foi conduzido em casa-de-vegetação pertencentes a Embrapa Algodão localizada na cidade de Campina Grande, PB no ano de 2005. Foram aplicadas ao solo doses de diuron equivalentes a 1, 2, 3, 4 5 e 6 L/ha. Logo após a aplicação, o solo foi homogeneizado para que o herbicida entrasse em contato direto com as sementes. Plantaramse sementes de mamona da cultivar Mirante 10, em bandejas de 6cm de profundidade, contendo areia lavada. Em cada bandeja foram plantadas 30 sementes à profundidade de 2cm. O registro dos sintomas do herbicida foi feito logo após a germinação, aos 10 dias após o plantio. b) aplicação em pré-emergência: sementes de mamona da cultivar Mirante 10 foram semeadas em vasos de 5litros de capacidade, nas profundidades de 2, 4 e 6 cm, em solo contendo 96% de areia no qual se acrescentou 5% de esterco bovino curtido. Imediatamente após o plantio, o solo foi umedecido à capacidade de campo e fez-se a aplicação de diuron nas doses de 1,5; 3,0 e 4,5 L/ha do produto comercial (Herburon - 500 g/L), além de um tratamento controle. Utilizou-se volume de calda de 40 ml/m2 (recomendação técnica). Plantaram-se 5 vasos de cada tratamento, contendo cinco sementes cada. Aos 25 dias após o plantio (DAP) foram feitas as fotos dos sintomas de fitotoxicidade. c) aplicado diretamente na folha: sementes de mamona da cultivar Mirante 10 foram semeadas em vasos de 5 litros de capacidade, em solo contendo 96% de areia no qual se acrescentou 5% de esterco bovino curtido. Aos 15 dias após o plantio, com as plantas lançando as primeiras folhas verdadeiras, fez-se pulverização sobre as folhas com soluções contendo diuron nas concentrações de 2, 6, 14, 35, 85, 208, 506, 1.232 e 3.000 ppm. Não se adicionaram adjuvantes ou adesivos. Os sintomas de fitotoxicidade foram registrados em 7 dias após a aplicação do produto. Estes experimentos foram conduzidos em condição de casa-de-vegetação da Embrapa Algodão, Município de Campina Grande, PB. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 1 e 2 estão apresentadas plantas com sintomas de fitotoxicidade causada por diuron misturado ao solo. Desde a dose mais baixa, 1 L/ha, todas as plantas morreram. Os sintomas observados são os mesmos descritos por Rizzardi et al. (2004): amarelecimento e clorose das folhas. As plantas não chegaram a lançar a primeira folha verdadeira, pois morreram ainda na fase de folhas cotiledonares. Na Figura 2, observa-se que não há qualquer efeito sobre o desenvolvimento das raízes ou da folha cotiledonar, sendo o efeito percebido exclusivamente pela clorose que progride para necrose da folha. Essa necrose é provocada pela destruição do fotossistema, seguida do rompimento das membranas celulares, conforme descrito por Rizzardi et al. (2004). Na Figura 3 esses sintomas podem ser observados com mais detalhes. Quando a aplicação foi feita em pré-emergência, o diuron provocou fitotoxicidade em todos os tratamentos testados, mesmo quando se aplicou a dose mais baixa (1,5 L/ha) e a semente foi plantada na maior profundidade (6 cm), conforme apresentado na Figura 4. Os sintomas são idênticos a quando o produto foi aplicado misturado ao solo, descritos anteriormente, exceto pelo fato que as plantas chegaram a desenvolver as primeiras folhas verdadeiras. Como explicam Rizzardi et al. (2004), uma importante característica do diuron é sua capacidade de se ligar aos colóides do solo, seja da matéria orgânica ou de argila, o que influencia sua seletividade. O solo utilizado neste experimento possuía teor muito baixo de argila e de matéria orgânica e embora tenha sido acrescentado esterco bovino, não houve tempo para este material orgânico se decompor e formar significativa quantidade de material húmico que pudesse adsover as moléculas do herbicida. Portanto, o diuron possivelmente foi lixiviado para camadas mais profundas do solo e entrou em contato com as estruturas da planta que estavam iniciando a germinação. Na aplicação de diuron diretamente sobre as folhas não foi detectado qualquer sintoma de fitotoxicidade, confirmando a informação de que a absorção desta molécula pelas folhas é muito baixa e que para que o produto tenha efeito nesta forma de aplicação (pós-emergência), é necessário a adição de adjuvantes à calda (Rizzardi et al., 2004). CONCLUSÕES Os sintomas do herbicida diuron na mamoneira consistem em amarelecimento seguido de necrose das folhas, provocados pela destruição do fotossistema da planta. A dose de 1 L/ha misturada ao solo foi suficiente para provocar a morte das plantas A aplicação da dose de 1,5 L/ha em pré-emergência com a semente plantada a 6cm de profundidade em solo arenoso com baixo teor de matéria orgânica provocou fitotoxicidade em todas as plantas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELTRÃO N.E de M.; MELO, F. De B.; CARDOSO, G.D.; SEVERINO, L.S. Mamona: árvore do conhecimento e sistemas de produção para o semi-árido brasileiro. Campina Grande, PB.; Embrapa Algodão, 2003 19 p. ( Circular Técnica, 70). RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 5 ed. Londrina: autores, 2005. 591p. SEVERINO, L. S.; SILVA, M. I. L.; BELTRÃO, N. E. M.; CARDOSO, G. D. Sintomas de fitotoxicidade causada pelo herbicida 2,4-D em plântulas de mamoneira. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 8, n. 1, p. 785-787, 2004. RIZZARDI, M. A.; VARGAS, L.; ROMAN, E. S.; KISSMAN, K. Aspectos gerais do controle de plantas. In: VARGAS, L.; ROMAN, E. S. Manual de manejo e controle de plantas daninhas. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2004. p. 105-144. WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983. 660p. Figura 1. Sintomas de fitotoxicidade do herbicida diuron misturado ao solo na dose de 1 L/ha sobre plântulas de mamoneira. Campina Grande, 2005 Figura 2. Plântula normal (esq.) e plântula com sintomas de fitotoxicidade causada pelo herbicida diuron misturado ao solo na dose de 1 L/ha. Campina Grande, 2005 Figura 3. Detalhes dos sintomas de fitotoxicidade do herbicida diuron sobre folhas cotiledonares (sup.) e folhas verdadeiras (inf.) da mamoneira em diferentes intensidades. Campina Grande, 2005 Figura 4. Sintomas de fitotoxicidade aos 25 dias após o plantio, do herbicida diuron aplicado em pré- emergência na dose de 1,5 L/ha e semente na profundidade de 6cm (esq.) e na dose de 3 L/ha e profundidade da semente de 4 cm. Campina Grande, 2005