INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA ARACY

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
ARACY FERNANDES MAGALHÃES FILHA
NECESSIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO ASSISTENCIAL PARA
TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE
Guanambi – BA
2016
ARACY FERNANDES MAGALHÃES FILHA
NECESSIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO ASSISTENCIAL PARA
TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE
Artigo científico apresentado como requisito
de avaliação final do curso de Mestrado em
Terapia Intensiva do IBRATI – Instituto
Brasileiro de Terapia Intensiva.
Orientadora: Profª. Ms. Ivanete Fernandes do
Prado
Guanambi – BA
2016
NECESSIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO ASSISTENCIAL PARA
TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE
Aracy Fernandes Magalhães filha1, Ivanete Fernandes do Prado 2
RESUMO
Introdução: o enfermeiro tem por tradição a responsabilidade pelo cuidar e cada vez mais vem se ocupando da
implantação e implementação de estratégias para contribuir com a qualidade das ações prestadas aos pacientes.
Objetivos: implantação de um protocolo assistencial para tratamento de lesões de pele no Hospital Regional de
Guanambi. Metodologia: trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem metodológica qualitativa e
exploratória. Desenvolvida nas unidades de internamento do HRG, por meio de entrevistas com os enfermeiros
que prestavam assistência nas unidades de: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Cínica Pediátrica, UTI adulto,
UTI Neonatal, UCI Neo, PGE. Foi utilizado um questionário com perguntas relativas à caracterização do
enfermeiro e como este presta a sua assistência a pacientes que apresentam lesões de pele. O Estudo foi aprovado
pelo comitê de Ética em Pesquisa. Resultado: participaram do estudo 41 enfermeiros, sendo o tempo médio de
formado dos profissionais da amostra da ordem de 8,7 anos, tempo mínimo de 2 anos e máximo de 17 anos. O
tempo médio de serviço na unidade era de 4 anos, tempo mínimo de 2 meses e máximo de 15 anos. Observa-se
na tabela 1 que a maioria era do sexo feminino (87,8%). Nota-se ainda que 37 dos 41 entrevistados (90,2%)
possuem Especialização, sendo a maioria em Saúde Pública (19,5%), Saúde da Família (17,1%), Urgência e
Emergência (17,1%) e UTI (14,6%). Conclusão: partindo do pressuposto dos resultados desta pesquisa e a busca
pelo conhecimento acerca da implantação do protocolo de lesões de pele do HRG, este estudo aponta a
necessidade desse protocolo e o enfermeiro como protagonista na implantação desta atividade na instituição já
mencionada.
Palavras chave: Tratamentos de Feridas, Curativos, Cuidados de Enfermagem, Protocolos de Lesões de Pele.
ABSTRACT
Introduction: nurses traditionally have the responsibility for caring and are increasingly engaged in the
implementation and implementation of strategies to contribute to the quality of actions provided to patients.
Objectives: implementation of an assistance protocol for the treatment of skin lesions at the Regional Hospital of
Guanambi. Methodology: this is a qualitative research with qualitative and exploratory methodological
approach. Developed in the HRG hospitalization units, through interviews with the nurses who provided
assistance in the following units: Medical Clinic, Surgical Clinic, Pediatric Cynic, Adult ICU, Neonatal ICU,
Neo UCI, PGE. A questionnaire was used with questions related to the characterization of the nurse and how he
provides his assistance to patients with skin lesions. The Study was approved by the Research Ethics Committee.
Results: 41 nurses participated in the study, with the average time of training of the professionals in the sample
of 8.7 years, minimum time of 2 years and maximum of 17 years. The average service time in the unit was 4
years, minimum time of 2 months and maximum of 15 years. It can be observed that 37 of the 41 interviewees
(90.2%) have Specialization, most of them in Public Health (19.5%), Family Health (17.1%), Urgency and
Emergency (17.1%) and ICU (14.6%). Conclusion: based on the assumption of the results of this research and
the search for knowledge about the implantation of the protocol of skin lesions of HRG, this study points out the
need for this protocol and the nurse as protagonist in the implantation of this activity in the institution already
mentioned.
Key words: Wound Treatments, Wound Care, Nursing Care, Skin Injury Protocols.
1
Mestranda pelo IBRATI – Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, Especialista em Enfermagem Obstétrica
pela Universidade Federal da Bahia-UFBA/ Enfermeira do Hospital Regional de Guanambi/Enfermeira Do
Ambulatório de Anemia Falciforme de Guanambi da Prefeitura Municipal de Guanambi-P.M.G. E-mail:
[email protected]
2
Orientador - Doutoranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Física pela Universidade
Católica de Brasília. Professora Auxiliar do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia –
UNEB/Campus XII/Enfermeira do Hospital Regional de Guanambi.
INTRODUÇÃO
No âmbito hospitalar, assim como nos demais contextos de assistência aos portadores
de feridas, o cuidado está sob a responsabilidade do enfermeiro e demais trabalhadores da
área, sendo, segundo Hausmann e Peduzzi (2009) a marca e o núcleo do processo de trabalho
de enfermagem, cuidado esse que deve ser regulamentado mediante um protocolo assistencial
para tratamento de lesões de pele.
Dessa forma, gerenciar a atuação da enfermagem relacionada a Úlcera por Pressão UP e outras lesões de pele requer dos serviços de saúde a implementação de ações de
prevenção e tratamento e a elaboração de estratégias para a avaliação da qualidade destas
ações.
Percebendo no desempenho diário dos enfermeiros assistenciais do internamento do
Hospital Regional de Guanambi a prática da realização de curativos e a falta de padronização
e carência da equipe de enfermagem sobre a utilização da forma correta das coberturas e, por
serem muito elevados os gastos para o tratamento de feridas dos usuários dessa instituição,
faz-se necessária a implantação e padronização do protocolo assistencial e tratamento de
lesões de pele e criação do grupo de estudos para este mister, com intuito de oferecer
condições de desenvolver atividades sobre a necessidade de sistematizar o cuidado em
doenças desse gênero.
Neste contexto, situações adversas implicam no delineamento gerencial do cuidado,
de forma precisa e ágil. O enfermeiro como gerenciador do “saber fazer” de forma
diferenciada e complexa necessita estar preparado para o gerenciamento de tais situações, o
que implica na tomada de decisões imediatas, tanto na gerência da equipe quanto no cuidado
prestado ao paciente em condições críticas (PAES, 2011).
Assim, um desafio atual para a enfermagem é contribuir na redução da incidência de
UP, o que também indica uma boa qualidade da assistência. Logo, ocorre a necessidade de
inovar as práticas na busca de alternativas que minimizem sua ocorrência, com a
implementação de protocolos de prevenção de UP. (SOARES, 2014)
No desempenho das atividades de enfermagem, em especial nos serviços públicos, não
há tradição na utilização das melhores evidências nas práticas clínicas, bem como
preocupação com padronização e sua implicação nos custos institucionais (KEMPFER,
BIROLO, MEIRELES, & ERDMANN, 2010).
Observa-se que, no Brasil, com exceção de alguns serviços, não se utilizam protocolos
para assistência dessa clientela, ou os protocolos utilizados não são construídos com uma
metodologia adequada. Enquanto isso, em países como Inglaterra, Canadá, Espanha e Estados
Unidos, há um movimento intenso no sentido de elaborar protocolos clínicos, a fim de
melhorar a qualidade do cuidado e as taxas de cicatrização dessas úlceras, assim como
diminuir os custos com tratamento. (SELLMER, 2013)
O Protocolo assistencial para tratamento de lesões de pele do hospital é um
instrumento que pode promover impactos positivos na qualidade de vida dos pacientes,
qualificar, sistematizar e aperfeiçoar os cuidados de enfermagem.
O enfermeiro, ao assistir o paciente acamado, tem a oportunidade de atuar na
prevenção e tratamento das úlceras por pressão (UP) e lesões de pele, por meio da criação de
rotinas e protocolos, da utilização de equipamentos de alívio de pressão e da orientação e
educação permanente da equipe de enfermagem. É inegável que, as úlceras por pressão se
formem com facilidade, principalmente no paciente em Unidades de Terapia Intensiva.
Sabendo das dificuldades para tratá-las e curá-las, o papel de enfermeiro e da sua equipe, deve
ser focado mais na prevenção que na cura. (SOUZA, 2010)
Considerando o exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar a necessidade
de implantação de um protocolo assistencial para tratamento de lesões de pele num hospital
público do Sudoeste Baiano.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva-exploratória, e de
campo. O cenário deste estudo foi o Hospital Regional de Guanambi (Dr. Juca Bastos), que se
localiza no município de Guanambi, na região sudoeste da Bahia-Brasil, com população no
ano de 2013 estimada em 84.645 habitantes (IBGE, 2013). É o principal estabelecimento de
saúde deste município baiano, sendo referência no atendimento a pessoas com doenças
crônicas, entre elas, os portadores de lesões de pele. É também referência para Gestação de
Alto Risco e Cirurgia de Emergência, eletivas ortopédicas e Cirurgias Neurológicas. Abrange
41 municípios, tem 108 leitos de internamento e possui atendimentos ambulatoriais
especializados. A população do estudo foi composta pelos enfermeiros que trabalham no
Hospital Regional de Guanambi. Fizeram parte da amostra os enfermeiros lotados nas
unidades de UTI Adulto, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Emergência (PGE), UTI
Neonatal, UCI e Pediatria, por serem nessas unidades que os pacientes permanecem
internados.
Este estudo obedeceu aos critérios estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, sob o parecer nº1.127.198
Foram incluídos no estudo enfermeiros lotados nas unidades de UTI adulto, Clínica
médica e cirúrgica, Emergência (PGE), UCI e UTI Neonatal, independentemente do tipo de
vínculo e tempo de serviço nas unidades e excluídos os enfermeiros que estavam em licença
de qualquer natureza (férias, licença maternidade e médica) no momento da coleta de dados
ou que não aceitaram participar do estudo. As entrevistas foram realizadas, mediante
aplicação de questionário estruturado, no mês de agosto de 2015, após agendamento com os
participantes da pesquisa, durante seu horário de plantão mais tranquilo, sendo que o local
para realização da entrevista foi a própria unidade de atuação do participante. O tempo para
entrevista não foi delimitado, ficando o sujeito da pesquisa à vontade para realiza-la. Quanto à
fração quantitativa, os dados foram analisados por meio de tabelas de distribuição de
frequências, teste de Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Em todas as análises foi utilizado
o programa *SAS e considerado o nível de significância de 5%.
*SAS Institute Inc., Cary, NC, USA, Release 9.2, 2010.
RESULTADOS
O tempo médio de formado dos profissionais que fizeram parte da amostra do estudo
era de 8,7 anos (desvio padrão de 3,8 anos), tempo mínimo de 2 anos e máximo de 17 anos. O
tempo médio de serviço na unidade era de 4 anos (desvio padrão de 3,8 anos), tempo mínimo
de 2 meses e máximo de 15 anos. A maioria era do sexo feminino (87,8%). Dentre os
entrevistados, 37 dos 41 participantes (90,2%) possuem Especialização, sendo a maioria em
Saúde Pública (19,5%), Saúde da Família (17,1%), Urgência e Emergência (17,1%) e UTI
(14,6%).
Na tabela 1 observa-se que 32 Enfermeiros (78,0%) participaram de capacitação em
feridas nos últimos 5 anos, sendo que desses, 71,0% responderam que existe prática ou
programa de educação permanente ou capacitação em UP (Úlcera de Pressão) e outras lesões
de pele.
Entre os 7 que não participaram dessa capacitação apenas 14,3% responderam que
existe prática ou programa de educação nessa área (p<0,05). Todos os profissionais acreditam
que é importante um protocolo ou programa para prevenção de UP (Úlcera de Pressão) e
outras lesões de pele. Além disso, 95,0% dos Enfermeiros acreditam que a aplicação de um
protocolo de lesões irá melhorar a qualidade da assistência no que se refere ao cuidado com
pacientes com lesões de pele e essa resposta não está associada significativamente com a
realização de capacitação na área (p>0,05). As duas voluntárias que responderam que não
acreditam que a aplicação de um protocolo de lesões irá melhorar a qualidade da assistência
têm 8 e 11 anos de formadas, tempo na Unidade de 9 meses e 2 anos e uma delas participou
de programa de capacitação.
Tabela 1. Distribuição de frequências das respostas em função da capacitação em feridas nos
últimos 5 anos
Questão
Existe prática/programa de capacitação
Sim
Não
Capacitação
Sim
Não
N(%)
22 (71,0$) 2 (14,3$)
10 (29,0$) 7 (85,7$)
N(%)
24 (58,5&)
17 (36,6&)
É importante protocolo/programa
Sim 32 (100,0) 8 (100,0)
Não
0 (0,0)
0 (0,0)
41 (100,0)
0 (0,0)
-
Irá melhorar a qualidade da assistência
Sim
Não
31 (96,9)
1 (3,1)
7 (87,5)
1 (12,5)
39 (95,0)
2 (5,0)
0,3641
Conhece a escala de Braden
Sim
Não
26 (81,2)
6 (18,8)
3 (37,5)
5 (62,5)
11 (27,5)
30 (73,2)
0,0245
Dificuldade na realização dos curativos
Sim
Não
24 (77,4)
7 (22,6)
4 (50,0)
4 (50,0)
29 (70,7)
11 (26,8)
0,1879
Deseja fazer parte do grupo de lesões de
Sim
Não
22 (71,0)
9 (29,0)
4 (50,0)
4 (50,0)
27 (65,8)
13 (31,7)
0,4023
p pele e pelepele pelep pele
Total
Total
pvalor
0,0056
32 (78,0&) 8 (19,5&)
Já o conhecimento da escala Braden está significativamente associado à realização de
capacitação na área (p<0,05); entre os que realizaram capacitação 81,2% conhecem a escala;
já entre os que não realizaram, apenas 37,5% afirmaram que a conhecem (gráfico 1). Do total
entrevistado, 70,7% responderam que ele e a sua equipe encontram alguma dificuldade na
realização dos curativos e 65,8% desejam fazer parte do grupo de lesões da pele.
GRÁFICO 1: Participação de capacitação pelos Enfermeiros
90
80
Porcentagem (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
Com capacitação
Sem capacitação
Na tabela 2 são apresentadas as respostas categorizadas para a questão aberta “Como
você vivencia o cuidado com lesões de pele dentro da unidade que você atua “. Do total de
profissionais entrevistados 34,1% avaliam diariamente as condições da pele do paciente e
aplicam medidas preventivas e 12,2% deparam com paciente com risco de desenvolver lesão,
porém sentem dificuldade como carência de profissionais, falta de coberturas adequadas para
determinados tipos de lesão e falta de capacitação da equipe de enfermagem. Do total 24,4%
não responderam a essa questão de forma adequada ou deram respostas que não condizem
com a pergunta.
Tabela 2. Distribuição de frequências das respostas à questão “Como você vivencia os
cuidados com lesões de pele dentro da unidade em que você atua”
Respostas
N
%
Apresenta alto risco para U P e/ou são admitidos com lesões
04
9,8
Avaliar diariamente as condições da pele do paciente e aplicação de medidas
14
34,1
preventivas
Deixaram em branco
01
2,4
Não responderam de forma adequada – deram respostas que não condizem
10
24,4
com a pergunta
Não tem vivencia Rotatividade de pacientes
05
12,1
Deparam com paciente com risco de lesão de pele ou predisposição para
02
4,9
05
12,2
41
100,0
desenvolver, porem em relação aos cuidados sentem falta de um protocolo
Deparam com paciente com risco de desenvolver lesão porem sentem
dificuldade como carência de profissionais, falta de coberturas adequadas
para determinado tipos de lesão, falta de capacitação da equipe de
enfermagem
Total
Os profissionais que participaram deste estudo informaram que utilizam ações
preventivas de lesões de pele, sendo 95,1% deles referiram realizar mudança de decúbito, usar
colchão caixa de ovo, utilizar cobertura para prevenir e tratar as lesões e mantém a pele do
paciente limpa e hidratada e 29,3% lembraram da importância de manter as roupas de cama
bem organizadas e esticadas. Apenas 12,2% deparam com paciente com risco de desenvolver
lesão, porém, sentem dificuldade como carência de profissionais aptos para esse serviço, falta
de coberturas adequadas para determinado tipos de lesão e falta de capacitação da equipe de
enfermagem. Por fim, 22,0% lembraram da importância em colocar coxins nas proeminências
ósseas. Do total 4,9% não responderam a essa questão de forma adequada ou deram respostas
que não condizem com a pergunta.
Tabela 3. Distribuição de frequências das respostas à questão “Quais as ações que você
realiza para prevenir a Ulcera por Pressão e outras lesões de pele?”
Respostas
N
%
Mudança de decúbito/uso de colchão caixa de ovo/ uso de cobertura
39
95,1
Mudança do sensor do oximetro de pulso a cada 3 horas
01
2,4
Nutrição adequada
05
12,2
Manter as roupas de cama bem organizadas e esticadas
12
29,3
Manter a cabeceira elevada a 30 graus
02
4,9
Utilização de protetores laterais no leito
01
2.4
Luvas com água
01
2.4
Colocar coxins nas proeminências ósseas
09
22,0
para prevenir e tratar as lesões/ pele limpa e hidratada
Inspeção diária da pele
01
2,4
Não responderam de forma adequada – deram respostas que não
04
9,8
41
100
condizem com a pergunta
Total
Foi observado neste estudo (tabela 4) que 75,65 dos entrevistados avaliam que o grau
de comprometimento e o estágio da lesão, intensificam fatores de risco, orientam o tratamento
adequado, realizam curativo de acordo com a indicação da cobertura e verificam áreas
suscetíveis da pele, a fim de detectar a úlcera por pressão e outras lesões de pele.
Tabela 4. Distribuição de frequências das respostas à questão “Quais as ações que você realiza
ao detectar a Ulcera por Pressão e outras lesões de pele”
Respostas
N
%
Avaliar o grau de comprometimento e o estágio da lesão/ avaliar e
31
75,6
Notificar toda a equipe
08
19,5
Avaliar a dor quando necessário
01
2,4
Lavagem das mãos
01
2,4
Não responderam de forma adequada – deram respostas que não
10
24,4
Anotar em prontuário com registro diário da lesão
02
4,9
Total
31
75,6
avaliação da lesão/Intensificar fatores de risco/Orientar o tratamento
adequado/realizar curativo de acordo com a indicação da cobertura
/verificar áreas suscetíveis da pele
condizem com a pergunta
DISCUSSÃO
Frente aos resultados encontrados, percebe-se que a prática ou programa de educação
permanente ou capacitação em UP (Úlcera por Pressão) e outras lesões de pele deve fazer
parte da programação estratégica da gerência de enfermagem, visto que segundo Jacondino et
al. (2010), essa atividade é um instrumento indispensável para qualificar o atendimento do
profissional de enfermagem, já que contribui para uma assistência de qualidade, respaldada na
percepção de que os profissionais se sentem valorizados ao perceber que a sua qualificação
no serviço visa ao seu crescimento profissional e repercute diretamente na qualidade de
assistência prestada.
No momento em que o enfermeiro se educa, assume seu papel de educador, no qual
consegue inserir-se no processo pedagógico relacionado à saúde e às particularidades dos
sujeitos envolvidos. Ocorre uma transformação das práticas e, como consequência, uma oferta
de uma atenção única, humana e integral ao paciente. (JACONDINO et al. 2010)
Todos os profissionais da amostra (100,0%) acreditam que é importante um
protocolo/programa para prevenção de UP (Úlcera por Pressão) e outras lesões de pele.
Segundo Oliveira (2015), as vantagens podem ser maiores ainda se a unidade já tiver
implantado um protocolo de feridas e lesões de pele. Acredita-se que esse protocolo promova
melhoria da qualidade da assistência de enfermagem, proporcione benefícios para o paciente e
favoreca a melhoria continua do serviço, já que um protocolo de procedimentos é
fundamentado em evidencias dispostas à execução de uma delimitada tarefa. Ele também é
utilizado nos cuidados as lesões de pele e constitui uma prática da sistematização da
assistência de enfermagem, na medida em que qualifica a atenção prestada.
Neste estudo, 95,0% dos enfermeiros acreditam que a aplicação de um protocolo de
lesões irá melhorar a qualidade da assistência, no que se refere ao cuidado com paciente
portador de lesões de pele. Sendo assim, com relação à aplicabilidade do protocolo, na
maioria das vezes, os enfermeiros a ele recorrem como instrumento de consulta para
observarem se o cuidado está, ou não, de acordo com o preconizado. (NASCIMENTO, 2015)
Neste contexto, é imprescindível adotar medidas nas unidades hospitalares com
aplicabilidade de protocolos assistenciais e instrumentos preditivos de risco, que levem em
conta a importância dos fatores etiológicos apresentados por cada paciente e sua inter-relação
com a Ulcera por Pressão. Este tipo de medida ajuda na redução das complicações decorrentes
dessas lesões, em seu tempo de hospitalização, na mortalidade, nos custos terapêuticos e na
carga de trabalho dos profissionais de enfermagem que prestam esta assistência.
(BAVARESCO et al. 2011)
Um dos instrumentos utilizados para predizer o risco de desenvolver lesões de pele é a
escala de Braden. Neste estudo, entre os profissionais que realizaram capacitação nesta área,
81,2% conhecem a escala de Braden. Já entre os que não realizaram, somente 37,5%
afirmaram conhecer.
De acordo com Serpa et al. (2011) a Escala de Braden é utilizada como instrumento de
avaliação de risco para surgimento e prevenção das úlceras por pressão, e tem sido bastante
utilizada pelos profissionais de enfermagem. Acredita-se que a capacitação sistematizada dos
enfermeiros é fundamental para que a avaliação clínica da Escala de Braden seja eficiente.
Bavaresco et al. (2011), corrobora esse resultado, quando registra a importância da
adoção da Escala de Braden como instrumento preceptivo de risco e sugere a implantação de
ações preventivas para evitar as úlceras por pressão, desde o momento da internação até a alta
do paciente na unidade. O autor destaca ainda, que, para que haja fidedignidade dos registros
advindos da aplicação da escala de Braden é necessário que os enfermeiros estejam
motivados, capacitados e conscientes da necessidade do uso desta ferramenta no cuidado, bem
como dos benefícios que são oferecidos.
De acordo estudo de Bavaresco et al. (2011) os enfermeiros encontram dificuldade na
utilização da Escala de Braden. Ele afirma ainda que existe falha na aplicação diária da
mesma e no preenchimento das suas subescalas, dos dados relativos à identificação e as
informações clinicas do pacientes. Entretanto, 70,7% responderam que ele e a sua equipe
encontram alguma dificuldade na realização dos curativos.
Segundo Gardona et al. (2013) o profissional enfermeiro é considerado o mais apto
para avaliar as feridas em um unidade hospitalar, mas, devido às suas péssimas condições de
trabalho dentro do serviço público do Brasil, acaba delegando para os auxiliares tal atribuição.
Por sua vez, o auxiliar de enfermagem, face a sua sobrecarga e imperícia, avalia a ferida de
forma inadequada, o que compromete o seu tratamento adequado. Outras situações em que os
profissionais deparam é com a falta de material para realizar os curativos e a falta de um
grupo de estudos a respeito do tema. O enfermeiro exerce um papel fundamental na avaliação
e no tratamento de feridas. De fato, ele não se restringe à execução da técnica do curativo,
mas à responsabilidade do planejamento do cuidado. (FERREIRA; CANDIDO: CANDIDO,
2010)
Foi percebido que 65,8% dos entrevistados desejam fazer parte do “grupo de lesões da
pele”. Este grupo, cujos enfermeiros dividem experiências e discutem casos, pode facilitar a
construção de um protocolo de cuidado a lesões de pele. Segundo Ferreira (2015), um aspecto
relevante que pode colaborar para a mudança desse cenário é a formação de uma equipe
multiprofissional, voltada para a prevenção e tratamento de feridas, tornando-se um apoio na
efetivação de programas de educação permanente nesta área.
Serviços de saúde têm direcionado a assistência em feridas por intermédio da
construção de protocolos, normas e rotinas, conforme orientações de comissões de curativo,
grupos de avaliação em feridas e/ou acompanhamento do serviço de controle de infecção
hospitalar (SCIH), apoiando, consideravelmente, a assistência de enfermagem (GEOVANINI,
2014)
A prevenção deve ser o principal foco dos profissionais responsáveis pelo cuidado ao
paciente. Neste estudo 34,1% disseram que avaliam diariamente as condições da pele do
paciente e aplicam medidas preventivas, sendo estas, o mais eficiente método disponível de
atuação para minimizar um problema tão frequente como as úlceras por pressão.
A abordagem preventiva deve ser multidisciplinar, com início na identificação
precoce dos pacientes suscetíveis. O primeiro passo para a execução de medidas preventivas
deve-se dar com a identificação dos pacientes em riscos para desenvolver as úlceras por
pressão, pois, assim, pode-se implementar ações preventivas simples e menos onerosas que os
tratamentos das lesões e suas possíveis complicações. (SARQUIS, 2014)
A higiene corporal é uma das ações preventivas e deve ser realizada sem o uso de
sabão comum, soluções irritantes e água quente para evitar ressecamento. Deve-se usar sabão
neutro ou sabonete líquido especifico. A pele deve ser limpa e devem ser removidos todos os
resíduos de soluções para que permaneça completamente seca. (DECLAIR, 2002)
As medidas preventivas para úlcera por pressão abrangem ações simples e demandam
poucos gastos. A avaliação de risco mediante uso de escalas preditivas, além de ações como a
diminuição da pressão sobre as proeminências ósseas, por meio da movimentação e da
mudança de decúbito e a utilização de colchões apropriados e coxins são bastante eficazes.
(MORAES et al. 2012)
Apesar da prática dessas medidas, outros fatores de risco contribuem para o
desenvolvimento das úlceras por pressão. Dentre eles podemos destacar a pressão, o atrito
por cisalhamento e fricção (GOULART ET AL. 2008 ). Entretanto, Silva (2012) relata que a
enfermagem desempenha papel importante para a prevenção das úlceras por pressão e no
controle desses fatores de riscos.
Foi observado neste estudo que 75,65% dos entrevistados avaliam que o grau de
comprometimento e o estágio da lesão, intensificam fatores de risco, orientam o tratamento
adequado, realizam curativos de acordo com a indicação da cobertura e verificam áreas
suscetíveis da pele, a fim de detectarem a úlcera por pressão e outras lesões de pele.
A realização de curativo leva à proteção da lesão contra a ação de agentes externos
físicos, mecânicos ou biológicos, pois consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura
estéril em uma ferida, quando necessário, com finalidade de promover a cicatrização e evitar
infecção (OLIVEIRA, 2008), entretanto, corrobora Rackebach (2008), que a execução da
técnica, é direcionada pelo tipo de ferida a ser tratada.
Sugere-se ainda que os produtos preconizados como coberturas para o tratamento de
feridas, permitam ser de fácil aplicabilidade, adaptabilidade e remoção, que favoreçam
conforto, permaneçam por um período maior, evitando trocas desnecessárias e interferências
sobre a ferida, que considere o custo e atenda ao objetivo proposto. (DEALY, 2008;
REDDY,2008)
Há uma variedade de produtos no mercado para o tratamento de feridas, destacando-se
os ácidos graxos essenciais (AGE), alginatos, hidrogéis, carvão ativado, gazes impregnadas,
hidrocoloides, espumas, filmes transparentes, matrizes de colágeno e celulose; além desses,
pomadas, como sulfadiazina de prata e colagenase; e produtos manipulados, como a papaina e
a própolis. Materiais como gaze, compressas e chumaço são utilizados como coberturas
secundarias. (JORGE; DANTAS, 2005; DEALEY, 2008; DUARTE; ALMEIDA, MENDEZ,
2015)
De acordo estudo de Rodrigues at al. (2014), a prescrição do curativo, o tipo de
curativo e a cobertura a ser utilizada no procedimento fazem parte do planejamento do
cuidado de enfermagem, garantindo que enfermeiro seja responsável pela execução do
tratamento apropriado
O cuidado ao paciente com feridas deve ser desenvolvido e sustentado por uma
metodologia que leve em consideração a singularidade da pessoa, no contexto do processo de
saúde-doença. Neste aspecto, a enfermagem tem seu próprio processo como ferramenta para
conduzir esse cuidado, mediante a atuação do enfermeiro e dos demais profissionais
(DUARTE;ALMEIDA;MENDEZ, 2015).
Neste estudo 4,9% dos profissionais afirmaram que registram no prontuário a evolução
diária da lesão. Um registro eficaz e contundente da assistência prestada ao paciente com
feridas crônicas, como as lesões ulcerosas é de fundamental importância no acompanhamento
da evolução do caso, pois, a partir disso, é que se estabelece uma melhor terapêutica e
sustentação das condutas estabelecidas. (RODRIGUES; CAMACHO, 2015)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maioria dos profissionais participou da prática ou programa de educação
permanente no cuidado à úlcera por pressão e outras lesões de pele, o que ratifica o fato de
que todos os profissionais da amostra acreditam na importância de um protocolo/programa
para prevenção de UP (Úlcera de Pressão) e outras lesões de pele, além de acreditarem que a
aplicação de um protocolo poderá melhorar a qualidade da assistência, no que se refere ao
cuidado com pacientes com tais lesões.
A grande maioria dos profissionais conhece a escala Braden, entretanto, o fato de
conhecer, não exclui a dificuldade que uma parcela considerável dos profissionais relata
realizar alguns procedimentos e reflete o fato de apenas a minoria avaliar diretamente as
condições da pele do paciente e aplicar medidas preventivas. A minoria dos profissionais
depara com pacientes com risco de desenvolver lesão de pele, e quando isto acontece, sente
dificuldades a exemplo de: carência de profissionais, falta de coberturas adequadas para
determinados tipos de lesão e capacitação deficiente da equipe de enfermagem, razões pelas
quais faz-se necessária a introdução de novos tipos de coberturas que tragam maior conforto
para o paciente. As medidas preventivas na unidade são respeitadas, principalmente com
relação à mudança de decúbito, uso de colchão caixa de ovo, uso de cobertura para prevenir e
tratar as lesões, pele limpa e hidratada.
Ficou evidenciado que poucos enfermeiros notificam a equipe quanto à presença ou
possibilidade de lesão de pele, porém, a maioria avalia o grau de comprometimento e o
estágio da lesão, identificam fatores de risco, orientam o tratamento adequado e realizam
curativos, de acordo com a indicação da cobertura.
Um aspecto relevante que pode colaborar para a mudança desse cenário é a formação
de uma equipe multiprofissional, voltada para a prevenção e tratamento de feridas, tornandose um apoio na efetivação de programas de educação permanente nesta área. Entretanto, a
realidade do serviço público hospitalar e a falta de profissionais dificultam a prestação de
cuidados pela equipe de enfermagem. Em consequência, a assistência prestada torna-se aquém
do que preconiza o Conselho Regional de Enfermagem, já que o profissional lida com lesões
de pele segundo seu conhecimento, e não segundo as regras e organização da unidade
hospitalar.
O presente estudo abriu possibilidades para novos questionamentos e investigações e
apontou alguns elementos que são atualmente pouco evidenciados nos hospitais, como a
implantação de um protocolo de lesão de pele. Os resultados colhidos ratificam a necessidade
deste documento, que se faz importante para os profissionais da área de saúde. Para estes,
oferece condições dignas de trabalho e, aos paciente e familiares, condições mais favoráveis
de hospitalização e terapêutica.
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