definição de unidades geoambientais na bacia hidrográfica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIENCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA E
GEOCIÊNCIAS
DEFINIÇÃO DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS NA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ITU – OESTE DO RS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Romario Trentin
Santa Maria, RS, Brasil
2007
DEFINIÇÃO DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO ITU – OESTE DO RS
por
Romario Trentin
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa
de Pós-Graduação em Geografia e Geociências, Área de Concentração em
Análise Ambiental e Dinâmica Espacial, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito para obtenção do grau de
Mestre em Geografia
ORIENTADOR: LUÍS EDUARDO DE SOUZA ROBAINA
Santa Maria, RS, Brasil
2007
111
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a
Dissertação de Mestrado
DEFINIÇÃO DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS NA BACIA
HIDROGRÁFICADO RIO ITU - OESTEDO RS
Elaborada por
Romario Trentin
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Geografia
COMISSÃO EXAMINADORA:
Q
~/Ql ~k;
Prof. Dr. Luís Eduardo de Souza Robaina
(Orientador - UFSM)
~4-
Prof. Dr. Leonardo José Cordeiro Santos
(UFPR)
Prof.~~0.Jp~~~~b
Dra.Nina SImone Vila rde Moura FUJImoto
(UFRGS)
Santa Maria, 23 de janeiro de 2007.
T795d
Trentin, Romario
Definição de unidades geoambientais na Bacia
Hidrográfica do Rio Itu – oeste do RS / por Romário
Trentin . – 2006.
140 f. (2 f. dobradas) : il. ; 30 cm.
Orientador: Luís Eduardo de Souza Robaina
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Santa Maria, Centro de Ciências Naturais e Exatas,
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências,
RS, 2007
1. Geografia 2. Bacia hidrográfica 3. Análise
ambiental 4. Meio ambiente 5. Bacia hidrográfica do Rio
Itu 6. Rio Grande do Sul I. Robaina, Luís Eduardo de
Souza II. Título.
CDU 556.51
Ficha catalográfica elaborada por
Maristela Eckhardt - CRB-10/737
iv
AGRADECIMENTOS
 Aos meus pais Mario e Ezenilda, pelo apoio, compreensão e sacrifícios que
fizeram por mim, para que alcançasse meus objetivos;
 Aos meus irmãos pelos incentivos, conselhos e ajudas e investimentos que fizeram
prestaram a minha pessoa;
 A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por possibilitar o uso de sua
estrutura, aproveitando o conhecimento de seu corpo docente e por proporcionar
um ensino de qualidade e gratuito;
 Ao professor Luís Eduardo de Souza Robaina, pela orientação nos trabalhos, pela
amizade e dedicação oportunizando meu crescimento;
 Aos professores Leonardo, Nina e Andréa por se disponibilizarem a avaliar este
trabalho, contribuindo para uma melhor qualificação do mesmo;
 Ao demais professores do Programa de Pós-Graduação, pelo auxílio, ensinamentos
e contribuições;
 Aos colegas do Laboratório de Geologia Ambiental (LAGEOLAM), em especial
aos que contribuíram para a realização dos trabalhos e do meu crescimento
profissional;
 Aos amigos e amigas do curso e de nosso conviver diário pelo coleguismo,
respeito e por estarem sempre ao meu lado principalmente nos momentos difíceis.
v
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................................... iv
SUMÁRIO.............................................................................................................................................................. v
LISTA DE TABELAS.........................................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................viii
LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................................................ x
RESUMO .............................................................................................................................................................. xi
ABSTRACT ......................................................................................................................................................... xii
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................xiii
1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 14
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................................................ 20
2.1 – ESTUDOS EM BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................................ 20
2.2 - CARTOGRAFIA...................................................................................................................................... 22
2.2.1 - Cartografia geoambiental e geomorfológica ......................................................................................... 23
2.3 – TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA REGIÃO OESTE DO RIO GRANDE DO SUL.................... 27
2.3.1 – Trabalhos de caracterização geral do oeste do Rio Grande do Sul ....................................................... 27
2.3.2 – Trabalhos específicos de estudo de caso no oeste do Rio Grande do Sul ............................................. 31
3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................................................ 34
3.1 - ELABORAÇÃO DOS MAPAS ............................................................................................................... 40
Mapa de unidades litológicas e identificação dos lineamentos .................................................................... 40
Mapa de unidades de relevo......................................................................................................................... 41
Mapa de drenagem e identificação de cabeceiras de drenagem ................................................................... 42
Mapa de solos .............................................................................................................................................. 43
Mapa de uso/ocupação................................................................................................................................. 43
Mapa de feições superficiais e características ambientais marcantes .......................................................... 45
3.2 - O PRODUTO FINAL .............................................................................................................................. 45
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................................. 47
4.1 - ANÁLISE DA REDE DE DRENAGEM ................................................................................................. 47
4.1.1 – Compartimentação com base na rede de drenagem .............................................................................. 49
4.2 – ANÁLISE DO RELEVO......................................................................................................................... 51
4.2.1 – Altimetria.............................................................................................................................................. 51
4.2.2 – Declividade........................................................................................................................................... 53
4.2.3 – Comprimento das vertentes .................................................................................................................. 56
4.3 – MAPA DE UNIDADES DE RELEVO ................................................................................................... 57
4.4 – ANÁLISE DAS LITOLOGIAS............................................................................................................... 61
4.4.1 - Distribuição espacial das litologias ....................................................................................................... 64
4.4.2 - Principais controles tectônicos .............................................................................................................. 68
4.4.3 - Lineamento na bacia do Itu ................................................................................................................... 69
4.5 - CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS .................................................................................................... 70
4.5.1 - El Niño e La Niña.................................................................................................................................. 71
4.5.2 – Características climáticas da bacia hidrográfica do Rio Itu .................................................................. 73
4.5.3 - Balanço Hídrico para a Região.............................................................................................................. 80
4.5.4 - A questão do El Niño e La Nina e as precipitações no oeste do Rio Grande do Sul ............................. 85
4.5.5 - Efeitos no déficit hídrico ....................................................................................................................... 88
4.6 – ANÁLISE DOS SOLOS.......................................................................................................................... 89
vi
4.6.1 - Processos pedogenéticos ....................................................................................................................... 90
Perfil do solo................................................................................................................................................ 91
4.6.2 - Características morfológicas do solo ..................................................................................................... 92
4.6.3 – Solos da bacia hidrográfica do Rio Itu.................................................................................................. 94
4.6.4 - Caracterização dos tipos de solo............................................................................................................ 94
ARGISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO JÚLIO DE CASTILHOS)........................................... 96
CAMBISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMETO FARROUPILHA)....................................................... 97
LATOSSOLOS ARENOSOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO CRUZ ALTA)...................................... 98
LUVISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO VIRGINIA) ............................................................... 100
NEOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO GUASSUPÍ E PEDREGAL)...................................... 101
NITOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO SÃO BORJA) ........................................................... 102
PLANOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO VACACAÍ) ........................................................... 103
PLINTOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO DURSNAL).......................................................... 103
OUTROS TIPOS DE OCORRÊNCIAS .................................................................................................... 104
4.7 – USO E OCUPAÇÃO DA TERRA ........................................................................................................ 105
4.7.1 - Campos sulinos.................................................................................................................................... 106
4.7.2 - Características do uso e ocupação da terra na área de estudo.............................................................. 108
4.8 - FEIÇÕES SUPERFICIAIS E CARACTERISTICAS AMBIENTAIS MARCANTES ......................... 117
Processos erosivos acelerados: os campos de areias.................................................................................. 117
Processos erosivos acelerados: voçorocas ................................................................................................. 120
Florestas nativas e áreas de proteção ......................................................................................................... 121
4.9 – UNIDADES GEOAMBIENTAIS ......................................................................................................... 124
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................... 131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................. 133
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Atributos da análise morfométrica da rede de drenagem .......................................................... 47
Tabela 02 – Declividade das vertentes na bacia hidrográfica do Rio Itu ....................................................... 54
Tabela 03 - Classes de comprimento de vertentes e ocorrência na bacia hidrográfica do Rio Itu .............. 56
Tabela 04 – Características das unidades de relevo da bacia hidrográfica do Rio Itu ................................. 57
Tabela 05 – Características litologicas do bloco 1 ........................................................................................... 64
Tabela 06 – Características litológicas do bloco 2 ........................................................................................... 66
Tabela 07 – Características Litológicas do bloco 3 .......................................................................................... 67
Tabela 08 – Características litológicas do bloco 4 ........................................................................................... 67
Tabela 09 – Características litológicas do bloco 5 ........................................................................................... 68
Tabela 10 – Área e porcentagem dos tipos de uso da terra ........................................................................... 110
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Localização da área de estudo ....................................................................................................... 19
Figura 02 – Bacia hidrográfica: um sistema integrado e aberto. ................................................................... 21
Figura 03 – Unidades morfoesculturais do Rio Grande do Sul. ..................................................................... 28
Figura 04 - Fluxograma dos níveis e etapas do mapeamento ......................................................................... 36
Figura 05 – Distribuição das estações meteorológicas na região da área de estudo ..................................... 38
Figura 06- Ilustração dos cruzamentos de mapas base para a elaboração do mapa geoambiental ............ 46
Figura 07 - Mapa dos setores da drenagem da bacia hidrográfica do Rio Itu .............................................. 50
Figura 08 – Mapa hipsométrico da bacia hidrográfica do Rio Itu ................................................................. 52
Figura 09 – Mapa de declividade da bacia hidrográfica do Rio Itu ............................................................... 55
Figura 10 – Mapa de unidades de relevo da bacia hidrográfica do Rio Itu .................................................. 58
Figura 11 – Fotografia mostrando as áreas planas da unidade I ................................................................... 59
Figura 12 – Fotografia mostrando as áreas onduladas da unidade VI .......................................................... 60
Figura 13 – Fotografia mostrando as áreas de vertente escarpada da unidade VII ..................................... 60
Figura 14 – Mapa litológico da bacia hidrográfica do Rio Itu ....................................................................... 65
Figura 15 - A figura mostra as condições oceânica e atmosférica no Oceano Pacifico tropical no final da
primavera e verão do Hemisfério Sul em situação normal (a), El Niño (b) e La Niña (c)............................. 72
Figura 16 - Serie de mapas mostrando a distribuição da temperatura médias anual no estado do Rio
Grande do Sul, em um período de 30 anos, com destaque para a bacia hidrográfica do Rio Itu. ............... 75
Figura 17 - Serie de mapas mostrando a distribuição da precipitação média anual ao longo de 30 anos,
com destaque para a bacia hidrográfica do Rio Itu. ....................................................................................... 76
Figura 18 – Resultado do balanço hídrico de Manuel Viana do ano de 2005 ................................................ 82
Figura 19 – Resultado do balanço hídrico de Alegrete do ano de 2005 ......................................................... 83
Figura 20 – Resultado do balanço hídrico de Maçambará do ano de 2005 ................................................... 83
Figura 21 – Resultado do balanço hídrico de São Borja do ano de 2005 ....................................................... 83
Figura 22 – Resultado do balanço hídrico de Manuel Viana do ano de 2006 ................................................ 84
Figura 23 – Resultado do balanço hídrico de Alegrete do ano de 2006 ......................................................... 84
Figura 24 – Resultado do balanço hídrico de Maçambará do ano de 2006 ................................................... 84
Figura 25 – Resultado do balanço hídrico de São Borja do ano de 2006 ....................................................... 84
Figura 26 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a dezembro
em ano de El Nino. Adaptado de Berlato e Fontana (2003). ........................................................................... 86
ix
Figura 27 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a novembro
em anos de El Niño. Adaptado de Berlato e Fontana (2003). ......................................................................... 86
Figura 28 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial no mês de novembro em anos de El
Niño. Adaptado de Berlato e Fontana (2003). .................................................................................................. 86
Figura 29 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a dezembro
em anos de La Niña. ........................................................................................................................................... 87
Figura 30 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a novembro
em anos de La Niña. ........................................................................................................................................... 87
Figura 31 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial no mês de novembro em anos de La
Niña. ..................................................................................................................................................................... 88
Figura 32 – Disribuição do déficit hídrico associado ao El Niño, neutro e La Niña. .................................... 88
Figura 33 – Esquema representativo mostrando os fatores contribuintes na formação dos solos .............. 89
Figura 34 – Triângulo das granulometrias com treze classes granulométricas ............................................ 93
Figura 35 - Tipos de estrutura do solo: a)laminar; ba)prismática; bb)colunar; ca)blocos angulares;
cb)blocos subangulares e d)granular ................................................................................................................ 93
Figura 36 – Mapa de solos da bacia hidrográfica do Rio Itu .......................................................................... 95
Figura 37 – Fotografia mostrando afloramento de rocha de arenito coeso ................................................. 104
Figura 38 – Fotografia mostrando afloramento de rocha de arenito coeso à meia encosta ....................... 105
Figura 39 - Mapa de uso e ocupação da terra da bacia hidrográfica do Rio Itu ........................................ 111
Figura 40 - Fotografia mostrando areal com presença de processos de dinâmica superficial. .................. 112
Figura 41 – Imagem de satélite mostrando a presença de floresta em áreas íngremes. ............................. 113
Figura 42 – Imagem de satélite mostrando a presença de floresta junto as drenagens. ............................. 113
Figura 43 - Fotografia aérea de baixa altitude mostrando plantação de pinus sobre areal ....................... 114
Figura 44 – Fotografia mostrando o canal principal do Rio Itu, com a presença de uma pequena mata
ciliar. .................................................................................................................................................................. 115
Figura 45 – Fotografia mostrando uso de campo com criação de gado ....................................................... 115
Figura 46 – Imagem de satélite mostrando uso da bacia hidrográfica do Rio Itu onde pode-se visualizar
áreas de agricultura. ......................................................................................................................................... 117
Figura 47 – Mapa de feições superficiais marcantes da bacia hidrográfica do Rio Itu .............................. 118
Figura 48 - Processo de arenização na bacia hidrográfica do Rio Itu ......................................................... 119
Figura 49 – Imagem de satélite mostrando a ocorrência de processos de voçorrocamento sobre substrato
arenito. ............................................................................................................................................................... 121
Figura 50 – Fotografia aérea de baixa altitude mostrando processos de voçorrocamento ........................ 121
Figura 51 – Mapa de unidades geoambientais da bacia hidrográfica do Rio Itu ....................................... 125
x
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Porcentagem das classes hipsométricas ...................................................................................... 53
Gráfico 02 – Histórico das temperaturas registradas na estação meteorológica de São Borja ................... 77
Gráfico 03 – Histórico das precipitações média registradas na estação meteorológica de São Borja ......... 77
Gráfico 04 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Manuel Viana ...................................... 78
Gráfico 05 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Alegrete ............................................... 79
Gráfico 06 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Maçambará ......................................... 79
Gráfico 07 – Precipitações registrada na estação meteorológica de São Borja ............................................. 80
Gráfico 08 – Distribuição das porcentagens dos tipos de solo ........................................................................ 94
Gráfico 09 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte A ..................................................... 96
Gráfico 10 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte B ..................................................... 97
Gráfico 11 – Distribuição das frações areia, silte a argila da amostra ........................................................... 98
Gráfico 12 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte A ..................................................... 99
Gráfico 13 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte B ..................................................... 99
Gráfico 14 – Distribuição das frações areia, silte a argila em superfície ..................................................... 100
Gráfico 15 – Distribuição das frações areia, silte a argila à 70cm de profundidade ................................... 101
xi
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geoaciências
Universidade Federal de Santa Maria
DEFINIÇÃO DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO ITU – OESTE DO RS
AUTOR: ROMARIO TRENTIN
ORIENTADOR: LUÍS EDUARDO DE SOUZA ROBAINA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 23 de janeiro de 2007.
Estudos ambientais, conhecendo os recursos e as fragilidades do meio, fazem parte dos
trabalhos do laboratório de geologia ambiental (LAGEOLAM) – UFSM durante os últimos 10
anos. O oeste-sudoeste do estado do Rio Grande do Sul representa uma área de grande
degradação ambiental com acelerados processos de erosão, ravinamentos, voçorocamento, e
processo de arenização do solo. Neste contexto, o estudo da região é desenvolvido para
identificar, mapear ou simplesmente descrever características das unidades de relevo que
devido a forças naturais ou intervenções humanas, ocasionaram aumento na degradação
ambiental e dos processos de dinâmica superficial que ocorrem na área. O presente trabalho
analisa e mapeia unidades geoambientais na bacia hidrográfica do Rio Itu que possui uma
área de 2.809,6 km² e hierarquia de 7ª ordem, usando uma escala de 1:50.000. A teoria e
metodologia deste estudo são holísticos e realizados através de multicomponentes buscando
uma síntese conforme a teoria do sistema integrada numa análise geoambiental. Os
componentes geoambientais são as condições geológicas-geomorfológicas, atributos do
relevo, condições climáticas, solo, vegetação e a atividade humana. Finalmente a análise de
todos estes documentos juntos produzidos em diferentes etapas, gera o mapa geombiental.
Este mapa indica possibilidades e limitações para a ocupação do ambiente. O mapa foi
desenvolvido usando o SIG (Spring – INPE) e o produto final desenvolvido através do Corel
Draw 12. Este mapa pode ser uma ferramenta auxiliar em projetos de desenvolvimento
regional e gerenciamento de recursos na bacia.
xii
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geoaciências
Universidade Federal de Santa Maria
DEFINITION OF THE ENVIRONMENTAL UNITS IN
HIDROGRAPHIC BASIN OF THE ITU RIVER – W/RS
AUTOR: ROMARIO TRENTIN
ORIENTADOR: LUÍS EDUARDO DE SOUZA ROBAINA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 23 de janeiro de 2007.
The study of the environment, knowing its resources and frailties, has been the work
of the Laboratório de Geologia Ambiental (Environmental Geology Laboratory)
(LAGEOLAM) – UFSM during the last 10 years. The West-southwestern region of Rio
Grande do Sul State represents an area of high environmental degradation, which is linked to
accelerated erosion, engendering ravines, gully erosion, and sands processes of soils. In this
context, the study of the region has been developed in order to identify, mapping, or simply
describe objects of the landscape which, because of natural forces or through human
influence, has occasioned environment degradation through the augmented superficial
dynamics which occurs in that areas. This work presents analysis and mapping
geoenvironmental in the Itu river basin over an area of 2809,6 km² and 7th order, using a scale
of 1:50.000. The theory and methodology of present study are holistic in outlook in that they
tend toward a synthetic and multicomponent approach in alignment with geosystems theory
and integrated geoenvironmental analysis. Geoenvironmental components are geologicalgeomorphological conditions, relief attributes, climatic conditions, soil, vegetation and human
beings shaping the landscape. Finally, the analysis of all these documents together produced
on the former phases generated the geoenvironmental map. This map indicates the
possibilities and limitations for specific environmental occupation. The map was created
using a GIS (Spring – INPE) and to designed Corel Draw 12. This map to be an auxiliary tool
for regional development projects and basin’s resources management.
xiii
APRESENTAÇÃO
O trabalho apresentado representa a dissertação de mestrado, e tem o objetivo de
cumprir uma exigência do PPGGEO, para obtenção do grau de mestre.
Os estudos desenvolvidos são produtos de investigações científicas, que tenho
participado, nos últimos anos, junto ao Laboratório de Geologia Ambiental e representam à
base cartográfica para estudos avançados em nível de diagnóstico geoambiental.
Este trabalho contempla o levantamento, discussão e apresentação dos dados para a
Definição das Unidades Geoambientais na Bacia Hidrográfica do Rio Itu.
Inicia com uma revisão de literaturas a respeito dos trabalhos de cartografia com
preocupação ambiental, como os mapas geotécnicos, geomorfológicos e os geoambientais
propriamente ditos. Discute-se questões como bacia hidrográfica e analisa-se todos os
atributos condicionantes a análise ambiental.
Apresenta-se uma discussão sobre as bases teóricas para desenvolvimento da
metodologia utilizada.
Na revisão de literatura apresentam-se, também os principais estudos na região oeste
do Estado.
O trabalho foi constituído a partir de uma análise sistêmica e os fatores condicionantes
para a definição das unidades foram: a geologia, os parâmetros climáticos, o solo, o relevo, as
feições superficiais e o uso e ocupação do solo.
Os capítulos seguintes apresentam os dados e mapas obtidos dos diversos fatores
analisados. Discute-se a rede de drenagem, determinando as principais características; os
atributos do relevo como altitude, amplitude e comprimento de vertente e a declividade; as
litologias e os principais solos presentes na área; os usos e ocupação e feições características.
A análise finaliza com um mapa geoambiental que define unidades ambientais na
bacia hidrográfica do Rio Itu.
Os resultados aqui mostrados têm um caráter de auxiliar no entendimento dos
processos de dinâmica superficial da área de estudo, bem como auxiliar as instituições
planejadoras e os órgão administrativos na elaboração de planos e formas de uso e aplicação
de atividades sobre a superfície em questão, visando um melhor equilíbrio entre as atividades
desenvolvidas e os impactos causados por estes.
14
1 - INTRODUÇÃO
O meio ambiente é hoje, sem dúvida, uma das grandes preocupações da humanidade,
ao buscar melhorias na qualidade de vida e na tentativa de preservar o patrimônio que a
natureza produziu.
A visão holística da paisagem e a necessidade da compreensão das relações entre o
homem, à natureza e a sociedade criaram novas visões e enfoques para as pesquisas
ambientais.
Diagnósticos, impactos, monitoramentos, planejamentos, gerenciamentos, gestões e
prognósticos ambientais são expressões com definições próprias e temas para implementação
de trabalhos teóricos e práticos. Há em todas as ciências, conteúdos a serem oferecidos e
incorporados à análise ambiental em cada um desses caminhos de facetas multivariadas.
Em outubro de 1970, realizou-se nos Estados Unidos, no campus da Universidade
estadual de New York, o 1º Simpósio de Geomorfologia Ambiental, conduzido pelo
Departamento de Geologia daquela universidade. Segundo Penteado (1983), os problemas e
trabalhos debatidos permitiram demonstrar o papel do geomorfólogo, e da geomorfologia, no
campo de interdisciplinaridade abrangido pelos estudos de meio ambiente. Constituíram parte
importante para o delineamento de uma política nacional, baseadas nas necessidades técnicascientífico-econômicas, dos diferentes setores das atividades do país e voltadas para o meio
ambiente.
A história da Geomorfologia expressa uma estreita vinculação com a Geografia. Os
geógrafos em número expressivo consideram o relevo um constituinte da paisagem
geográfica. Nesse sentido, pode-se afirmar que, enquanto constituinte da paisagem geográfica,
constituiu o relevo, um elemento a ser analisado.
Davis (1904 apud Suertegaray, 2002), afirmava: “el tratamiento racional y moderno de
los problemas geográficos exige que las formas, lo mismo que las formas orgánicas, sean
estudiadas desde el punto de vista de su evolución y que, hasta donde este método de estudio
lo requiera, el geógrafo sea geólogo”.
Para o geógrafo, a Geomorfologia (especialmente a clássica) constitui uma área de
investigação que exige a compreensão do relevo em termos de processos e formas, analisadas
sobre uma perspectiva histórica, evolutiva. A Geomorfologia clássica sempre privilegiou a
explicação da gênese, o que implica discutir a noção de tempo.
Pode-se dizer, genericamente, que a Geomorfologia de cunho geográfico privilegiou
os estudos morfogenéticos – a busca de gênese das formas. A Geomorfologia de cunho
15
geológico privilegiou a configuração espacial na sua relação com a disposição interna das
rochas. Nesse sentido ela enfatizou a classificação com base na estrutura geológica.
Os estudos geomorfológicos procuram entender a forma da terra e tornar
compreensíveis os processos que atuam na sua superfície. Essa meta, por si só, nos dá idéia da
complexidade dos processos e fenômenos envolvidos.
Ross (1998) salienta que a abordagem geomorfológica nos estudos ambientais dirigese a uma geomorfologia que tem suas bases conceituais nas ciências da Terra, mas fortes
vínculos com as ciências Humanas, à medida que serve como suporte para o entendimento
dos ambientes naturais, onde as sociedades humanas organizam o espaço físico-territorial.
A perspectiva ambiental ressalta o valor da preparação mais abrangente do
geomorfólogo e do seu objeto de estudo. Disso decorre uma tendência de maior participação
de geomorfólogos em pesquisas ambientais. Para a Geografia, o interesse pelo ambiente
resgata o valor da Geografia Física em sua visão global, de que a Geomorfologia, a
Climatologia, a Biogeografia e a Pedologia constituem as principais partes. Ao tratar da
natureza da Geografia Física, Gregory (1992) mostra aspectos relevantes, como sua
importância em estudos do meio ambiente, que permitem entender essas motivações da
Geomorfologia para individualizá-la ou mantê-la integrada.
Conforme define Penteado-Orelhana (1985), os estudos geomorfológicos tem a
oportunidade de planejar para preservar o meio, e para usar racionalmente os recursos
naturais, sem romper o equilíbrio do ecossistema, e corrigirem falhas decorrentes da agressão
sofrida pelo ambiente, através da ação antrópica em todos os seus aspectos, desde as
modificações da paisagem até a poluição.
Segundo Ross (1992), todas as modificações inseridas pelo homem no ambiente
natural alteram o equilíbrio da natureza.
Desta forma, podemos destacar que a análise geomorfológica da bacia hidrográfica
apresenta grande eficiência na caracterização e diagnóstico do ambiente, levando-se em
consideração a ocupação e uso dos recursos pela sociedade.
Para Suertegaray (2002), a valorização do estudo da ação de cada processo tem
desencadeado tendências e especialização, levando os pesquisadores a um nível de maior
aproximação com outros de áreas afins. Esses contatos em torno de uma temática específica
geram amplo intercâmbio, havendo, na prática, assimilação de conteúdos e de técnicas que se
mostrem mais efetivas e precisas na resolução de problemas comuns.
Geomorfologia Ambiental foi à designação proposta no 1º Simpósio de
Geomorfologia Ambiental, em 1970, para definir uma Geomorfologia Aplicada, voltada para
16
o levantamento de problemas, e capacitada a apresentar sugestões práticas. Além disso, com
condições de sugerir soluções para problemas inerentes ao impacto causado pelo homem
sobre o ambiente, no que diz respeito ao seu desejo de transformar o relevo e usar ou alterar
os processos superficiais.
Neste aspecto, a Geomorfologia Ambiental interfere nos campos das construções
civis, nos planejamentos do uso das águas, das mudanças de regime fluviométricos, das
modificações gerais da paisagem. Esta afeta também a extração de materiais superficiais e a
proteção das paisagens. O objetivo da Geomorfologia Ambiental é minimizar as distorções
topográficas, entender e atuar nos processos inter-relacionados para a restauração ou
manutenção do balanço natural.
Desde que os problemas das ciências ambientais transcendem à tradicional ciência
natural e atravessam várias disciplinas, a Geomorfologia, pela sua natureza interdisciplinar
tem a oportunidade única de atuar nesse campo de interações.
Como demonstra-se, a Geomorfologia Ambiental, tem estado operando na prática,
mais em problemas de distúrbios do equilíbrio do ecossistema, causado pelo homem, do que
em programas de planificação e uso racional do meio. Essa posição ocorre do fato de que o
aumento da densidade de população e o uso abusivo dos recursos naturais desde o início do
século XX, levaram ao rompimento do sistema harmônico ambiental, à poluição e à
degradação do meio (PENTEADO, 1983).
É importante ressaltar que na Geografia, entretanto, sempre estudou-se as relações
homem x meio, as que hoje denominam-se estudos da natureza e sociedade, evidentemente
com enfoques e metodologias diferentes das atuais. Os estudos do homem e do meio, na
geografia agrária, da indústria, dos climas, do relevo, dos solos, as energias, das populações,
do turismo, da biogeografia, nada mais são do que temas hoje tratados nos estudos integrados
da natureza e da sociedade, denominados estudos ou análises ambientais, (ROSS, 2003).
A análise ambiental na abordagem geográfica é importante trabalho a ser desenvolvido
para elaboração de Zoneamentos Ambientais e Socioeconômicos, que por sua vez dão suporte
às políticas de planejamento estratégico, em qualquer nível de gerenciamento ou governo, em
qualquer território político administrativo como nação, estado, município, fazendas, núcleos
de colonização, bacias hidrográficas, áreas metropolitanas, pólos industriais, entre outros.
O processo de mapeamento geoambiental tem como rotina fundamental a divisão da
área em unidades, de acordo com a variação de seus atributos. As unidades representam áreas
com heterogeneidade mínima quanto aos atributos e, em compartimentos com respostas
semelhantes frente aos processos de dinâmica superficial.
17
As características geoambientais representam os elementos naturais que compõem o
meio físico, como a geologia, pedologia, os aspectos climáticos, relevo, os quais são a base
para o entendimento da estruturação e organização do espaço físico, e por isso, a elaboração
de um estudo voltado ao planejamento geoambiental vem a contribuir na seleção de áreas
naturais de acordo com suas potencialidades e fragilidades.
O meio físico, no qual estão inseridos o solo, as rochas, o relevo, a água, o ar e suas
diferentes combinações, pode ser considerado o suporte para todas as formas de vida sobre a
superfície da Terra e, ao mesmo tempo o cenário de todas as atividades humanas. O meio
físico e o meio biótico coexistem em uma relação de interdependência, e o homem forma um
meio próprio, designado meio antrópico.
O ambiente é alterado pelas atividades humanas e o grau de alteração de um espaço,
em relação a outro, é avaliado pelos seus diferentes modos de produção e/ou diferentes
estágios de desenvolvimento tecnológico. Na natureza isso se revelou pela intensificação dos
processos de apropriação dos recursos e conseqüente degradação ambiental.
A interferência do meio antrópico sobre o meio físico e biótico, rompe o estado de
equilíbrio estabelecido ao longo da história evolutiva da superfície da crosta terrestre e por
conseqüência o do planeta como um todo. Apesar dos processos geomorfológicos atuarem
naturalmente no planeta, quando acelerados pela ação antrópica seus efeitos são imediatos e
quase sempre podem manifestar-se de maneira catastrófica. Esses desequilíbrios do meio
físico ou geoambiente são denominados problemas geoambientais.
A desordenada utilização dos recursos naturais acabou gerando áreas com sérios
problemas de deterioração ambiental, que tendem a aumentar quantitativamente se o homem
não se preocupar em recuperar ou ao menos minimizar a ação dos processos que acabam por
diminuir a possibilidade de produção e até mesmo de uso destas áreas.
Dentre os problemas ambientais da atualidade a degradação ambiental pode ser
considerada um dos mais importantes, afetando grandes áreas nas diversas regiões brasileiras.
No Rio Grande do Sul, as regiões Sudoeste e Oeste, o tema de degradação ambiental
reveste-se de importância na medida em que o estudo destas áreas degradadas vem ao
encontro de uma das mais significativas preocupações ecológicas no Estado. Os dados
cartográficos em escalas maiores são pouco disponíveis e, por isso, o entendimento do
18
desenvolvimento dos processos erosivos de voçorocas1 e a formação de núcleos de
arenização2 necessita de trabalhos científicos.
Trabalhos desta natureza no oeste do Rio Grande do Sul vêm a contribuir
significativamente para o conhecimento da região à nível dos municípios e população que de
forma geral apresentam séria carência em informações de sua própria área territorial e
conhecimento da região quanto a suas característica físicas.
A constatação mais evidente oriunda destas observações é a de que zonas marcadas
por grande susceptibilidade à dinâmica superficial, como as registradas no oeste do Rio
Grande do Sul, exigem técnicas particulares de uso e ocupação, para que não haja a
degradação ou intensificação da degradação da mesma.
O presente trabalho tem por objetivo definir unidades geoambientais, na bacia
hidrográfica do Rio Itu, em escala 1:50.000, utilizando como fundamentação a análise
geomorfológica e algumas técnicas da geotecnia.
Apresenta ainda como objetivos específicos elaborar uma série de mapas temáticos
auxiliares a elaboração do mapa geoambiental, constituídos principalmente de mapa
hidrográfico, mapa hipsométrico, mapa de declividade, mapa de unidades de relevo mapa
litológico, mapa de solos, mapa de feições superficiais e características ambientais marcantes
e o mapa de uso e ocupação.
O Rio Itu é afluente da margem direita do Rio Ibicuí e localiza-se no oeste do Rio
Grande do Sul, estendendo-se pelos municípios de São Francisco de Assis, Manuel Viana,
Itaqui, Unistalda, Maçambará, São Borja e Santiago. Com uma área de 2.809,61 km², esta
bacia hidrográfica está inserida entre as coordenadas geográficas 54º 52’ 20” a 55º 53’ 15” de
longitude oeste em relação ao meridiano de Greenwich, e 28º 58’ 00” a 29º 24’ 40’ de latitude
sul em relação à linha do Equador (Figura 01).
A definição de unidades geoambientais busca servir de subsídio para múltiplos usos,
podendo auxiliar nas obras de engenharia, atividades agrícolas, recursos hídricos, gestão
ambiental, dentre outros.
1
, Voçorocas são características erosivas permanentes nas encostas, possuindo paredes laterais íngremes e, em
geral, fundo chato, ocorrendo fluxo de água no seu interior durante os eventos chuvosos. Algumas vezes, as
voçorocas se aprofundam tanto, que chegam a atingir o lençol freático (Cunha e Guerra, 2001).
2
Por arenização entende-se o processo de retrabalhamento de depósitos arenosos pouco ou não consolidados que
acarreta nestas áreas uma dificuldade de fixação da cobertura vegetal, devido à intensa mobilidade dos
sedimentos pela ação das águas e dos ventos (Suertegaray, 1987).
19
Figura 01 – Localização da área de estudo. Org: TRENTIN,R.
20
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A cartografia geoambiental, de desenvolvimento mais recente no Brasil, começa a
ganhar importância nos últimos anos e, seu desenvolvimento metodológico vem se
aprimorando, com vários pesquisadores de diversas instituições produzindo documentos de
zoneamento geoambiental. Estes trabalhos utilizam, predominantemente, as bacias
hidrográficas como unidade de mapeamento e têm tido aplicação intensa nos estudos
ambientais de caráter mais amplo.
2.1 – ESTUDOS EM BACIA HIDROGRÁFICA
A delimitação de unidades no meio ambiente a partir da integração de diferentes
elementos e fatores é de fundamental importância para a realização de planejamentos, na
medida em que se possibilita expressar a complexidade da paisagem.
Quando se discute os problemas relacionados às questões ambientais, as bacias
hidrográficas se apresentam como unidades relevantes para tal discussão por esta ser um
sistema integrado e aberto com entrada e saída continua de matéria e energia. Rocha (1989)
define bacia hidrográfica como sendo uma área que drena as águas das chuvas por ravinas,
canais e tributários, para um curso principal, com vazão efluente passando por uma única
saída, desaguando diretamente no mar ou em um grande lago, e estas, não possuem dimensões
superficiais definidas.
Guerra (1993) conceitua bacia hidrográfica, como um conjunto de terras drenadas por
um rio principal e seus afluentes. Afirma ainda, que em seu interior ocorre a existência de
cabeceiras ou nascentes, divisores de água e cursos d’ água.
Conforme Chorley et al (1984, apud RODRIGUES 2003), a bacia hidrográfica é
considerada uma unidade ou sistema geomorfológico, que resulta da interação entre processos
e landforms, que se agrupam para formar uma paisagem complexa. Compõe-se de divisores
de água, encostas, redes de drenagem e um canal principal de maior extensão.
Segundo Collares (2000), a rede de drenagem das bacias hidrográficas atua como
registro das alterações ocorridas em seu interior, e reflete as mudanças condicionadas por
processos naturais ou atividades antrópicas.
A bacia hidrográfica, Figura 02 pode ser contextualizada como um sistema físico
aberto, em que há a atuação de processos naturais ou antrópicos no ambiente, e como
resposta, podem ser observadas mudanças no meio físico. Essas modificações resultam da
21
busca de um equilíbrio dinâmico observado pelo input e output de massa e energia do sistema
(Chorley et al. 1984; Cunha & Guerra, 1996; Ross, 1996 apud RODRIGUES 2003).
Segundo IBGE (1994), a bacia hidrográfica é uma unidade geográfica ideal para
planejamento integrado dos recursos naturais no ecossistema por ele envolvido e pode ser
definido como sendo a área fisiográfica drenada por um curso de água, conectada e que
converge direta ou indiretamente para um leito ou para um espelho de água.
Figura 02 – Bacia hidrográfica: um sistema integrado e aberto. Fonte: modificado de Rawat (1987, apud
Rodrigues 2003).
Conforme Botelho (1998), a bacia hidrográfica é uma célula natural onde é possível
reconhecer e estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos da paisagem e os
processos que atuam na sua esculturação. Assim sendo, apresenta-se como um elemento de
grande importância para o estudo dos problemas ambientais, no gerenciamento de diversos
aspectos, tanto humanos, sociais, quanto físicos.
Romero (1985, apud ANDREOZZI, 2005) descreve esta unidade fisiográfica, com
algumas de suas características, seus sistemas internos e suas associações externas, como se
segue:
La cuenca hidrográfica constituye una de las unidades geográficofísicas más interesantes. Presenta una clara estructura espacial
organizada por la red de drenaje y limitada por las divisorias de
aguas. Sus rasgos morfológicos, representados por los sistemas de
22
laderas y llanuras, se asocian a la distribución de los climas, suelos y
vegetación.
Para Pires (2000), a opção de trabalhar com a bacia hidrográfica, como unidade de
análise, permite introduzir um aspecto na conceituação que é o planejamento integrado com a
comunidade envolvida, ou seja, trabalhar a relação homem/natureza no dia-a-dia de cada
cidadão.
No Brasil a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), com base no
modelo francês de gestão ambiental, usa como princípios básicos:

Adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento;

Usos múltiplos da água (todos os setores usuários têm igual acesso ao uso dos
recursos hídricos);

Reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável;

Reconhecimento do valor econômico da água;

Gestão descentralizada e participativa.
2.2 - CARTOGRAFIA
As informações obtidas com o estudo dos atributos de uma determinada área devem
ser representadas cartograficamemente. Desta forma a Cartografia é uma importante
ferramenta de auxílio à elaboração deste trabalho.
A cartografia convencional está baseada na representação da superfície terrestre ou de
fenômenos associados à superfície na forma de um mapa estático. Todas as informações são
representadas por símbolos. O usuário, ao olhar para um mapa precisa decodificar a
mensagem e realizar as análises necessárias para o entendimento dos fenômenos.
Com a inclusão da tecnologia computacional nas tarefas de produção e disseminação
cartográfica, surgiram algumas facilidades para a utilização dos mapas.
Neste sentido, Duarte (1988) comenta que a cartografia e a geografia são ciências que
jamais se separam, pois existe um grande relacionamento entre ambas, de maneira que o
geógrafo necessita conhecer os fundamentos da cartografia a fim de elaborar suas
interpretações no início do trabalho, buscando levantar as hipóteses, a seguir no
desenvolvimento através da correlação de dados, e no final na apresentação dos resultados.
Sanchez (1993) considera a cartografia como uma ciência perfeitamente definida, com
o propósito e métodos próprios quando se trata da representação de parte, ou toda superfície
terrestre.
23
Cabral (1991) comenta que o uso da cartografia, dos mapas, do material proveniente
dos registros indiretos, aerofotogramas e imagens de satélite, são elementos que possibilitam a
obtenção, o registro e a análise das variáveis do relevo. O uso da cartografia permite uma
avaliação integrada nas mais variadas formas de abordagem dos trabalhos de planejamento,
que visam a melhor forma de ocupação de áreas.
2.2.1 - Cartografia geoambiental e geomorfológica
A cartografia de áreas com intervenção antrópica importante, começou a ser utilizada
a partir do início do século XX, mais precisamente no ano de 1913. Estes documentos,
elaborados por Langen, tinham como objetivo orientar a construção e expansão de cidades
alemãs. Desde então a produção destes documentos, denominada genericamente mapeamento
geotécnico, vem sendo aplicada como um conjunto de procedimentos de seleção,
levantamento, produção, análise, avaliação e representação de informações (atributos) do
meio físico, visando subsidiar técnica e economicamente a ocupação ordenada e a avaliação
geoambiental.
Os trabalhos cartográficos que iniciaram a discussão sobre intervenções antrópicas são
os Mapas Geotécnicos e, por isso, serve como base para trabalhos Geoambientais. Envolve
um grande volume de dados, com necessidade de cruzar níveis de informações variados, com
atributos diferenciados, muitas vezes com critérios rígidos de precisão envolvidos (Zuquette
1993).
Dentre os mapeamentos Geotécnicos, cabe aqui destacar a metodologia PUCE
(Pattern, Unit, Component, Evaluation), que é uma metodologia centrada na divisão da área
em classes de terreno hierarquizadas a partir de características gerais (GeológicoGeomorfológicas), uso do solo e geotécnicas. Os terrenos são divididos e classificados em
quatro classes hierárquicas denominadas províncias, padrão do terreno, unidades e
componentes de terreno.
Rodrigues (2002), citando Bachion (1997) e Saraiva (1995), destaca que a
metodologia PUCE surgiu, inicialmente, para auxiliar a agricultura, e mais tarde, para fins de
planejamento regional e geotécnico. Relata ainda que o sistema PUCE parte do princípio que
o terreno deve ser considerado como o resultado da integração entre a geologia e o clima,
tendo o tempo como agente operador. A concretização destas proposições é que: terrenos que
tenham evoluído de materiais similares passando pelos mesmos processos geológicos,
apresentou propriedades semelhantes.
24
Destacamos ainda, a metodologia Suíça, que apresenta uma proposta de classificações
dos terrenos para planejamento físico, baseada, principalmente no sistema PUCE e,
secundariamente, em alguns sistemas americanos. Segue o princípio de que, terrenos
desenvolvidos por um mesmo grupo de eventos e sobre condições climáticas similares podem
apresentar propriedades geotécnicas e comportamentos semelhantes. Os fatores ambientais
relevantes no sistema de classificação são: processos de formação geológica e ambiente
geológico; variações eustáticas e isostáticas; topografia; formas do terreno; drenagem e
hidrografia; vegetação; uso atual da terra e os dados geotécnicos existentes.
A sistemática das Cartas Zermos (zonas expostas a movimento de solos), foram
adotadas pelo serviço geológico francês, sob a responsabilidade do laboratório do Ponts et
Chaussées, na França. Estas cartas devem traduzir uma análise, em um dado momento, dos
movimentos dos terrenos, ou dos terrenos de instabilidade revelados pelos dados obtidos na
área estudada. A hierarquia, a graduação da natureza ou do nível de instabilidade é baseada,
essencialmente, na análise de certo número de fatores temporais ou permanentes que afetam a
estabilidade dos terrenos.
A abordagem metodológica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo (IPT), também aborda a análise do ambiente através da elaboração de cartas de
atributos.
Destacam-se ainda, os trabalhos de aplicação das formas de terreno como critério de
descrição regional. O responsável pela introdução destes elementos no zoneamento regional
foi Bourne (1931 apud LOLLO, 1996), com o “princípio da similaridade dos elementos da
paisagem”. A partir da década de 1950 ocorreu um avanço significativo nos trabalhos
referentes à avaliação do terreno, destacando-se dois grupos de pesquisa: uma delas seguiu
uma linha voltada aos aspectos geomorfológicos; e a outra concentrou os estudos no sentido
da ampliação de conceitos na avaliação das condições naturais. Esse segundo grupo dividiu-se
em duas correntes de trabalho: a avaliação visual da paisagem e a avaliação do terreno.
De acordo com Lollo (1996), o terreno pode ser avaliado de duas maneiras: pelo
enfoque da paisagem (landscape approach) e pelo enfoque paramétrico (parametric approach).
O enfoque da paisagem consiste na delimitação de diferentes feições do terreno, baseada num
conjunto de observações fotointerpretativas e de campo, promovendo o zoneamento de áreas
consideradas semelhantes ou que apresentam um grau de heterogeneidade mínimo.
O enfoque paramétrico visa o mesmo objetivo que o enfoque da paisagem
(delimitação de áreas diferente do ponto de vista fisiográfico), contudo faz a delimitação por
25
intermédio da medida de atributos representativos da geometria dos Landforms, tais como
declividade, amplitude e comprimento das vertentes.
Conforme Vedovello (2004), a Cartografia Geoambiental pode ser entendida, de
forma ampla, como todo o processo envolvido na obtenção, análise, representação,
comunicação e aplicação de dados e informações do meio físico, considerando-se as
potencialidades e fragilidades naturais do terreno, bem como os perigos, riscos impacto e
conflitos decorrentes da interação entre a ação humana e o meio ambiente fisiográfico. Pode,
por isso, incorporar elementos bióticos, antrópicos e sócio-culturais em sua análise e
representação. Nesta concepção a Cartografia Geotécnica estaria incluída no escopo geral da
Cartografia Geoambiental.
Fiori (2004), em relato sobre metodologias de Cartografia Geoambiental, destaca que
esta, como o próprio nome indica, ocupa-se da elaboração de mapas ou cartas que tratem de
problemas Geoambientais, frequentemente ocasionados por um desequilíbrio do meio físico
que, no nosso país, dizem respeito, principalmente a fenômenos de erosão, escorregamento,
assoreamento, enchentes, inundações e circulação de água, associados ou não à ocupação
antrópica.
No campo da geomorfologia, a cartografia tem auxiliado com o uso de sensores como
o radar e satélite. No Brasil, estes estudos têm sido executados basicamente para escalas
médias (1:50.000; 1:100.000) e pequenas (1:250.000; 1:500.000 e 1:1.000.000), em
mapeamentos sistemáticos que foram gerados basicamente pelo projeto Radambrasil, para
todo o território nacional e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT (1981) para o
estado de São Paulo, entre outros menos divulgados. Os procedimentos técnicos operacionais,
para ambos os trabalhos, foi o de identificação visual dos diversos padrões de formas
semelhantes, que se definem pelo aspecto fisionômico da rugosidade topográfica, ou das
diferentes intensidades dos padrões de dissecação do relevo.
A proposição de Ross (1992), no campo da geomorfologia, estabelece categorias de
tamanho, idade, gênese e forma, trabalhando com a identificação e cartografia de unidades
distintas. Desta forma, a concepção do autor é aplicada em trabalhos que buscam subdividir o
terreno em unidades homogêneas.
Com base na cartografia geoambiental e geomorfológica podemos citar inúmeros
trabalhos que têm trabalhado nesta linha:
Os trabalhos de Suertegaray (1995, 2001) e Verdum (1993, 1997), definem em uma
Carta Geoecológica, as estruturas do meio e seu potencial ecológico com a distinção de
26
compartimentos com base no relevo, na ecologia, dados hidrográficos e processos
morfogenéticos associados.
Grecchi e Pejon (1998), trabalhando na região de Piracicaba (SP), com o auxílio de
imagens de satélite e Sistema de Informação Geográfica, levantaram informações sobre a
geologia, pedologia, geomorfologia, geotecnia, hidrologia, etc., na escala 1:50.000, baseado
tanto em trabalhos já existentes, como em novos documentos, buscando compreender
principalmente, a dinâmica dos fatores do meio físico e de como este vem sendo ocupado e
manejado pelo homem.
Segundo Herrmann (2004), para a definição das unidades Geoambientais, faz-se
necessário o reconhecimento dos componentes, como os seus atributos e fatores
condicionantes: hidrográficos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climáticos,
fitogeográficos e antrópicos.
A realização do 5º Simpósio Brasileiro de Cartografia Geotécnica e Geoambiental,
realizado em São Carlos/SP, em novembro de 2004, mostra a grande importância da discussão
do tema frente aos problemas ambientais, a partir dos trabalhos aí discutidos, onde podem
destacar alguns como:
Higashi (2004), utilizando-se da Cartografia Geoambiental, apresentou uma
caracterização de unidades Geoambientais de São Francisco de Sul, com a finalidade de
prever o comportamento destas unidades de solos presentes na área, utilizando o Sistema de
Informação Geográfica, como uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico de impactos causados
ao meio ambiente.
Menezes e Zuquette (2004), em avaliações metodológicas em estudos geoambientais
de bacias hidrográficas, trabalharam com a avaliação das informações do meio físico para os
estudos geoambientais, tomando como base a bacia hidrográfica do Rio Pardo, na região
sudoeste do Brasil, analisando os atributos referentes ao substrato rochoso, material
superficial (inconsolidado), relevo, clima, água superficial e subterrânea e os processos atuais
do meio físico.
Souza et al. (2005), utilizou-se da Cartografia Geoambiental como base para a
elaboração do Plano Diretor Ambiental e Urbanístico de Mariana. No trabalho, os autores
abordam o estudo do meio físico do município, avaliando qualitativamente as características
gerais dos terrenos, os conflitos de usos e os principais impactos ambientais existentes tendo
como objetivo fornecer subsídios para a proposição do ordenamento territorial do mesmo na
escala 1:50.000.
27
Melo e Lima Filho (2005), realizaram um estudo no município de Paulista, no estado
de Pernambuco, e constataram a partir da análise geoambiental que algumas áreas apresentam
situação críticas e que podem ser revertidas com programas sócio-ambientais, já outras áreas
necessitam de preservação para o bem estar social e ambiental do município.
2.3 – TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA REGIÃO OESTE DO RIO
GRANDE DO SUL
2.3.1 – Trabalhos de caracterização geral do oeste do Rio Grande do Sul
Os primeiros estudiosos a descrever a região foram viajantes que passaram pelo oeste
do Rio Grande do Sul. Um dos primeiros relatos é do médico Ave-Lallemant (1858), que
comenta sobre os areais da região: “há lua um pouco velada, deitava um clarão turvo sobre a
região. Subitamente ao redor de nós tudo parecia branco. Crer-se-ia viajar num campo de
neve. Em volta, a areia pura, limpa sem nenhuma vegetação, verdadeiro deserto africano
embora de pouca extensão. Dava-me a impressão particularmente melancólica. Viajamos
juntos em silêncio”.
Outro relato que merece ser destacado é de Rambo (1956), em seu livro Fisiografia do
Rio Grande do Sul onde este autor elaborando uma caracterização, por regiões, do estado do
Rio Grande do Sul, apresenta um capítulo sobre a Campanha do Sudoeste, onde descreve
aspectos geográficos formação geo-histórica, as transformações geológica, vegetação da
campanha, paisagem da campanha e a significação antropogeografia.
Cabe ainda destacar, neste mesmo livro, a passagem onde o autor se reporta à
ocorrência dos areias que diz: “em alguns lugares mais altos e planos, depara-se um fenômeno
único em todo o Rio Grande do Sul: areais de muitos hectares de superfície no meio do
campo, como verdadeiras dunas continentais: é como se a paisagem quisesse conservar uma
lembrança do que foi toda essa região nas longínquas eras do Triássico, quando ainda não
existia a valente flora de campo para subjugar os areais”.
Outro trabalho que merece destaque é o de Chebataroff (1954, apud Müller Filho
1970), que identifica na região oeste do Estado quatro compartimentos, a Depressão Periférica
do RS, o Rebordo do Planalto e o Planalto sul-rio-grandense e Cuesta de Haedo (Figura 03).
A Depressão Periférica ocupa toda a porção do baixo curso da bacia hidrográfica e se
caracteriza pelas menores declividades e ondulações do relevo, com o domínio de uma ampla
planície aluvial e coxilhas sedimentares.
28
O Topo do Planalto corresponde à parte do extremo sul dos derrames vulcânicos,
constituindo um compartimento com topografia levemente ondulada, originado do
vulcanismo fissural ocorrido na bacia do Paraná, na Era Mesozóica.
O Rebordo do Planalto ocupa grande porção de médio curso e parte da porção do alto
curso da bacia hidrográfica do Rio Itu, caracterizando-se pelas altas declividades, como
vertentes íngremes e os canais formando vales encaixados. Configura-se numa área muito
acidentada, repleta de reentrâncias e vales encaixados, apresentando-se como a área de
transição entre o Planalto e a Depressão Periférica do Rio Grande do Sul.
A Cuesta de Haedo é a definição de unidade particularmente no conjunto
geomorfológico do Rio Grande de Sul, baseada fundamentalmente nas diferenças altimétricas,
estruturais e de drenagem. Embora haja semelhança litológica entre esta unidade e o planalto
basáltico, estas diferenças permitem definir uma configuração regional de relevo
individualizada para o sudoeste do estado.
Figura 03 – Unidades morfoesculturais do Rio Grande do Sul. Fonte: Adaptado de Mulher Filho (1970)
A Cuesta de Haedo é um relevo homoclinal dissimétrico com front voltado para leste,
e cujo reverso suave decai em direção ao Rio Uruguai. Suas litologias características são do
Triássico Superior (arenito Botucatu e basalto). O front alcança 200 a 300 metros de altitude e
a margem do Uruguai não alcança os 100 metros. É entalhada por diversos rios conseqüentes
que confluem no Uruguai: o Ibicuí, cujo vale assinala a transição com o Planalto Basáltico, o
29
Quaraí, o Taquarembó, e o Negro, sendo os dois últimos em território uruguaio (Müller Filho,
1970).
Com relação à geologia Maciel Filho et al. (1971), em seu trabalho no município de
São Francisco de Assis, definiram rochas sedimentares e vulcânicas aflorantes na região,
como pertencendo a Bacia do Paraná, definidas pelos autores por Formação Santa Maria,
Formação Botucatu, Formação Serra Geral e Depósitos Quaternários.
Destacando-se ainda os trabalhos pioneiros na região, apresenta-se o trabalho de
Medeiros et al. (1989), discutindo sobre os depósitos do cenozóico do oeste do estado do Rio
Grande do Sul, mais precisamente nos municípios de São Francisco de Assis e Alegrete.
Veiga et al. (1987), definem a existência de arenitos de origem fluvial, friáveis e
silicificados, constituindo uma seqüência, segundo os autores, de sedimentos depositados no
Cenozóico.
Em trabalhos mais recentes, Lavina e Scherer (1997, apud MILANI 2002),
constataram que os depóditos flúvio-lacustres das Formações Santa Maria e Caturrita e do
Arenito Mata não estão presentes, ocorrendo no seu lugar (entre as Formações Sanga do
Cabral e Botucatu), um espesso pacote de arenitos quartzosos esbranquiçados, cujo
posicionamento
estratigráfico
permaneceu
indefinido
durante
muito
tempo.
Estes
pesquisadores detalharam o mapeamento geológico estendendo a sua ocorrência para o norte
até o município de Jaguari, onde é interceptado por um sistema de falhas NW-SE, que
delimita a sua área aflorante.
Com base nesses dados Scherer et al. (2002), definiram os arenitos finos e
conglomeráticos, de origem fluvial, como pertencentes à Formação Guará de idade
Mesozóica. A formação Guará aflora na região oeste da Depressão Periférica, em uma faixa
que se estende do município de Jaguari até Santana do Livramento. O mais provável é que
esta sedimentação tenha ocorrido no final do Jurássico.
Estudos com relação aos atributos climáticos definiram para o sudoeste do Rio Grande
do Sul, segundo Nimer (1977), um clima subtropical, descrito como mesotérmico brando
superúmido, caracterizado pela presença de invernos frios e verões quentes, com inexistência
de estação seca. A chuva, principal agente erosivo, é de extrema importância, e ocorre o ano
todo, predominando períodos superúmidos (precipitação mensal >100mm), com pequenos
períodos úmidos ou de estiagens.
A temperatura média anual, segundo Nimer (1988), varia em torno de 19 a 20ºC,
sendo que no inverno atingem valores entre 13 e 14ºC, e no verão as temperaturas mensais
atingem uma média de 25ºC.
30
Os fenômenos naturais que exercem influência na quantidade de precipitação e
números de dias de chuva são o El Niño e La Niña, os quais acabam gerando alterações na
circulação atmosférica regional e provocando eventos de estiagens e ou de muita precipitação.
Conforme Berlato e Fontana (2003), além dos totais de precipitação pluvial, também a
distribuição destes elementos meteorológicos é influenciada pelo evento El Niño e La Niña.
Para o estado do Rio Grande do Sul, segundo Fontana e Almeida (2003 apud Berlato e
Fontana 2003), observa-se associado ao evento El Niño, um incremento no número de dias
com precipitação pluvial, enquanto nos eventos La Niña ocorre redução, principalmente no
final da primavera e início do verão.
Trabalhos de Cabral & Maciel Filho (1991), define o sentido predominante dos ventos
de sudoeste, com velocidade média em torno de 2m/s. Velocidades maiores são identificadas
nos meses de julho, agosto e parte de setembro, transformando-se em ventanias fortes,
período de maior atividade do vento conhecido como Minuano, onde se identificam as
intensificações dos processos de formação dos campos de areia na fronteira do sudoeste do
Rio Grandes do Sul.
Um dos primeiros trabalhos que apresentam características da vegetação do oeste do
Rio Grande do Sul é o de Lindman (1974), que no trabalho sobre a Vegetação do Rio Grande
do Sul, apresenta uma descrição da campanha. Embora substancialmente alterada na
atualidade, as paisagens do Sudoeste do Rio Grande do Sul ainda permitem reconhecer com
bastante precisão o seu estado original. A característica mais notável desta região é a grande
predominância das formações campestres. A vegetação silvática restringe-se praticamente a
certas encostas dos chapadões de arenito, sobretudo ao norte do Rio Ibicuí, bem como as
faixas que acompanham os principais cursos de água, tratando-se nos dois casos, de habitats,
favorecidos por um suprimento mais regular de água.
Suertegaray (1995), considera que o sudoeste do Rio Grande do Sul apresenta grande
fragilidade na sua paisagem. Esta fragilidade é decorrente de um paleoambiente semi-árido ou
semi-úmido estepário que, mais recentemente, sofreu umidificação. Com esta umidifacação,
possibilitou-se a instalação, nas áreas mais úmidas, vales e vertentes de encostas abrigadas, de
vegetações arbóreas: mata de galeria, ou mata de encosta. Portanto, este fenômeno foi
insuficiente para eliminar ou mascarar os vestígios da paisagem pré-moderna.
Assim se define a fragilidade da paisagem, identificando-se uma paisagem em
processo de constituição pedogenética e de vegetação recente. Este conjunto regional
corresponde ao nível paisagístico definido por Ab’Saber (1970), como “domínio das pradarias
mistas subtropicais”, prados com presença de florestas-galerias.
31
Marchiori (1995), referindo-se aos tipos de vegetação encontrados no oeste do Rio
Grande do Sul, destacando que as áreas susceptíveis a arenização aparecem revestidas por
uma savana-estépica composta por flora diversificada e com fisionomias distintas, apesar da
aparente simplicidade estrutural.
Segundo o mesmo autor, pode-se dizer ainda, que a ação antrópica ocasionou grande
alteração junto às formações vegetais que recobrem o sudoeste do Rio Grande do Sul, sendo
que o que se identifica hoje são alterações das savanas-estépicas e dos campos sul-riograndense, com pequena presença de resquícios de uma vegetação original.
Nos areais ocorre uma das plantas mais conspícuas da área, conforme Marchiori
(1992), o butiazeiro-anão (Butiá paraguayensis), ocorrendo em manchas de vários hectares,
sempre em estreita dependência das características do solo. Trata-se de uma das espécies mais
peculiares da vegetação regional, pelo tom verde-acinzentado de suas grandes folhas pintadas
e por ser o único caso de Palmeira Anã na flora sul-rio-grandense. Cabe destacar, conforme
Marchiori (1995), que este habito vegetal é freqüente em palmeiras de savanas, como nos
cerrados do Brasil central e nos Llanos da Venezuela.
Os solos encontrados na região foram identificados através do mapa de solos do Rio
Grande do Sul realizado por Brasil (1973) e modificado por Streck et al. (2002), em solos do
Rio Grande do Sul na escala 1:750.000. Pode-se destacar as seguintes classes: Latossolo
Vermelho-Escuro textura argilosa e textura média, Argissolo Vermelho-Escuro textura
argilosa e média/grossa, Cambissolos, Planossolos, Neossolos Quartzarênicos e, terrenos tipo
Areais.
Conforme destaca Ab’ Saber (2003), ao sul-sudoeste de Alegrete, em áreas de solo
areníticos, vem ocorrendo escarificações por ações antrópicas e manejo agrícola inadequado.
O desmate da vegetação chaquenha e de pradarias mistas para o plantio de soja, bem como o
uso inconseqüente de máquinas agrícolas pesadas e escarificadoras provocaram uma
aceleração dos processos erosivos. Daí porque vastos setores das campinas regionais foram
abandonados tanto para o pastoreio como para o cultivo, necessitando de usos alternativos
como florestas plantadas de interesse econômico.
2.3.2 – Trabalhos específicos de estudo de caso no oeste do Rio Grande do Sul
Azevedo e Kaminski (1995), em seu trabalho referente às considerações sobre os solos
dos campos de areia no Rio Grande do Sul, destacam que o solo constitui um sistema
termodinâmico aberto, onde se realizam trocas de energia e matéria com o ambiente, e as
32
perturbações neste fluxo que ultrapassam um determinado limite tendem a modificar o
funcionamento e gerar um novo regime.
Assim sendo, os autores destacam que os campos de areia do oeste do Rio Grande do
Sul apresentam precariedades quando se trata de compensar perturbações, evidenciados pela
fragilidade da vegetação, baixa capacidade de fornecimento e retenção de nutrientes no solo e
alta suscetibilidade à erosão hídrica e eólica.
Klamt e Schineider (1995), trabalhando sobre a susceptibilidade dos solos da
campanha gaúcha em relação à erosão hídrica e eólica, destacam a forte relação destes
processos com a alteração dos arenitos por processos geomorfológicos e pedológicos.
Estes autores destacam ainda que o conhecimento minucioso destes conjuntos de
fenômenos constitui tarefa essencial para o entendimento da degradação ambiental em toda a
sua magnitude, bem como para a recomendação de práticas que levem ao seu controle. Assim
o mapeamento e a descrição de solos representa um elemento importante para qualquer
estratégia de recuperação que se queira implementar nesta região.
Lohmann (2005) em seu trabalho de analise morfopedológica na bacia hidrográfica do
Arroio Guassupi, analisou os solo, trabalhando também com a questão da hipsometria,
declividade, geologia e geomorfologia, mapeou as erosões existentes na bacia, diferenciou e
descreveu os compartimentos morfopedológicos, bem como caracterizou a suscetibilidade a
erosão linear de cada compartimento, a fim de compreender os diferentes graus de
suscetibilidade.
Com relação ao uso e ocupação do solo, trabalhos de Souto (1985) nas décadas de 60 e
70, verificaram-se um estímulo governamental acentuado, através de linhas de créditos, para
atividades agropecuárias, o que trouxe facilidade na aquisição de insumos e equipamentos
agrícolas. Influenciado pela sucessão trigo/soja, que permitia o uso intensivo das máquinas, os
agricultores ampliaram suas áreas agrícolas
Segundo Suertegaray, et al. (2001), por ser uma região onde predominava os campos
de pecuária extensiva, a mecanização tornava-se menos necessária, mas durante as décadas de
1970 e 1980, com a introdução do cultivo da soja e a modernização da lavoura de arroz, é que
se inicia a incorporação de tratores e automatização das lavouras, sendo que os censos de
1970 e 1985 registraram aumento de 166% de número de tratores na região.
Conforme Rovedder (2003), um fator muito importante que propicia o
desenvolvimento, ou ao menos intensifica o desenvolvimento dos processos de degradação do
sudoeste – oeste do Rio Grande do Sul é a retirada da cobertura vegetal, expondo o material
arenosos à incidência dos agentes erosivos.
33
Segundo Suertegaray (1995), o processo de recuperação das áreas de arenização
iniciou na década de 1970, com trabalhos da Secretaria da Agricultura do estado do Rio
Grande do Sul. Após alguns anos da implantação, constatou-se que não se havia alcançado os
resultados desejados, isso principalmente devido a problemas identificados, como o sistema
de plantio de árvores inadequado; frustração com o uso de espécies para o florestamento, falta
de verbas entre outras.
Suertegaray trata de toda a problemática desta área, analisando os fatores de formação
e desenvolvimento dos areais através da abordagem geomorfológica. Através de imagens de
satélite Suertegaray et al. (2001) elaboraram um Atlas, onde procuram mapear as principais
áreas de arenização e levantar dados sobre algumas bacias hidrográficas da região. Não podese deixar de citar ainda a importante contribuição de Suertegaray (1992), na publicação do
livro “Deserto Grande do Sul: Controvérsias”, tratando da problemática da arenização da
região.
Além destes trabalhos inúmeros outros podem ser citados, trabalhos estes que foram
desenvolvidos ou que estão em desenvolvimento, abordando diversos enfoques da dinâmica
do oeste do Rio Grande do Sul, entre eles podemos destacar.
Verdum (1993 e 1997), em trabalhos de mestrado e doutoramento faz uma abordagem
de paisagens na região dos municípios de São Francisco de Assis e Manuel Viana.
Rovedder (2003) trabalhou a questão da revegetação com culturas de cobertura e
espécies florestais para a contenção do processo de arenização em solos areníticos no sudoeste
do Rio Grande do Sul pela Universidade Federal de Santa Maria, dentre vários trabalhos que
vem sendo desenvolvidos pelos cursos de Engenharia Florestal, Agronomia, Geografia,
Economia entre outras.
Na linha de mapeamentos e análises morfométricas, cita-se o Laboratório de Geologia
Ambiental, que tem desenvolvido trabalhos nesta área, conforme pode-se destacar os
mapeamentos Geológico-Geomorfológico realizados por Paula (2002), Cardoso (2003);
Corrêa (2004), bem como das análises morfométricas de bacias hidrográficas realizadas por
Sangoi et al. (2003) e Kulmam (2004).
34
3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Cartografia Geoambiental, consiste num processo contínuo que busca avaliar e
retratar as características dos componentes do meio físico frente a diferentes formas de
ocupação. Neste contexto, Zuquette (1993) destaca que a metodologia é um conjunto de
conceitos, postulados técnicos, métodos, classificações, recursos tecnológicos de investigação
e computacional utilizados para desenvolver um estudo.
Após a definição do tema e da abordagem a ser realizada no trabalho, foram definidas
as forma de realização do trabalho.
O levantamento bibliográfico realizou-se de forma conjunta com o andamento do
trabalho, servindo de guia para a elaboração das etapas. Este levantamento dividiu-se
principalmente em:

bibliografia teórico-metodológica, utilizada para apoiar o embasamento teórico
e os procedimentos técnicos operacionais do trabalho;

bibliografia de reconhecimento específica sobre os trabalhos já realizados na
região, apresentando discussões sobre a área de estudo.
Para a elaboração do trabalho foram utilizados recursos e materiais disponíveis como
mapas, imagens de satélite, cartas topográficas do exército, fotografias aéreas oblíquas de
baixa altitude e trabalhos de campo.
A área apresenta um levantamento topográfico do exército em escala 1:50.000 que
serviram de base para a elaboração do trabalho, sendo utilizadas as Cartas Topográficas de:
Santiago: SH.21-X-D-II-1; Nova Esperança: SH.21-X-D-II-3; Unistalda: SH.21-X-D-I-2;
Vila Kramer: SH.21-X-D-I-4; Cândida Vargas: SH.21-X-B-IV-3; Passo do Goulart: SH.21-XD-I-1; Caraguataí: SH.21-X-D-I-3; Três Bocas: SH.21-X-C-III-2; Arroio Piraju: SH.21-X-CIII-4; Bororé: SH.21-X-C-III-1 e Chalé: SH.21-X-C-III-3.
Foram utilizadas fotografias aéreas oblíquas de baixa altitude, obtidas com um
sobrevôo da área para a identificação do tipo de uso/ocupação e na identificação das
principais feições superficiais como areais e voçorocas.
Os trabalhos de campo foram realizados de forma investigativa buscando a
identificação da litologia da área, bem como a identificação dos tipos de solo e forma de uso e
ocupação da bacia hidrográfica do Rio Itu .
35
Para a elaboração dos mapas e interpolação dos dados, utilizou-se o software Spring
4.1 desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Corel DRAW 12,
desenvolvido pela Corel Inc.
Utilizou-se os seguintes atributos para a análise Geoambiental: o substrato geológico e
os principais lineamentos estruturais, as condições climáticas, as formas do relevo, feições da
rede hidrográfica, tipos de solo, uso e ocupação da terra, feições superficiais e características
ambientais marcantes.
Esses atributos são informações básicas que se utilizam para o mapeamento. Na
definição de uma unidade homogênea pode-se utilizar um único atributo ou um grupo deles,
que é a base para a análise de uma área. Define-se como atributo o elemento base que será
inserido e operado sobre um documento cartográfico como informação que representa parte
dos componentes do ambiente.
Os principais problemas para a elaboração do mapeamento incluem: selecionar, isolar,
identificar e caracterizar os atributos necessários para a correta delimitação das unidades. Vale
lembrar que os atributos podem referir-se a uma propriedade ou a relações entre propriedades
que, associadas a outras, permitem a previsão de comportamentos.
Os atributos são analisados qualitativa e/ou quantitativamente, podendo ser constantes
ou variáveis no espaço e/ou tempo. Podem ainda existir com ou sem relações causa-efeito.
Portanto, para a elaboração do mapeamento, foi necessário ter clareza dos atributos utilizados,
bem como o cuidado com a repetição no uso destes. O ponto fundamental é definir unidades
pertinentes que realmente representem um determinado comportamento.
Outra questão está relacionada ao conceito de homogeneidade. Dependendo do grau
de homogeneidade ou de heterogeneidade é possível estimar comportamentos diante de
diferentes interesses. Tais conceitos estão ligados ao número de observações e amostras,
obtidas de forma que o objeto (unidade) possa ser classificado de acordo com suas
características.
As categorias de informação que foram analisadas e levantadas foram definidas
através da metodologia desenvolvida pelo LAGEOLAM, In: Trentin e Robaina (2005), que
são as seguintes: classes de documentos básicos; derivados; auxiliares e interpretativos,
descritas a seguir.
A Figura 04 apresenta um fluxograma com os níveis de informações, bem como os
mapas e características trabalhadas em cada fase da definição do mapa Geoambiental.
36
Figura 04 - Fluxograma dos níveis e etapas do mapeamento. Org: TRENTIN, R.
A elaboração do mapa Geoambiental parte dos estudos do substrato geológico e da
determinação dos dados climáticos da área. Essas informações são definidas como básicas,
pois o substrato rochoso e as condições climáticas do passado e do presente definem o
37
modelado do relevo e as características da rede de drenagem e da alterita gerada no processo
de desagregação e decomposição das rochas.
Os mapas de substratos rochosos são de grande importância para a análise de quase
todos os tipos de ocupação do meio físico, se tornando assim indispensáveis na realização dos
mapeamentos Geoambientais.
Para uso no mapeamento Geoambiental considerou-se, que o mapa geológico deve
registrar litologias, e não formações geológicas, grupos, etc. O mapeamento litológico deve
apresentar uma análise integrada com a identificação e definição de diferentes tipos de rochas
que compõem o substrato do meio físico e os principais lineamentos estruturais.
Os estudos do clima são de fundamental importância, para a compreensão dos
processos e modelamento das formas superficiais. Conforme Moreira e Pires Neto (1998), os
estudos do clima permitem identificar a intensidade dos processos que atuam na superfície
terrestre, assim como a sua distribuição no espaço, sendo que a velocidade de alteração das
rochas ou intemperismo, por exemplo, é fortemente condicionada pela temperatura e
precipitação. Desta forma, neste trabalho o clima é analisado segundo determinadas condições
climáticas da área de estudo, tendo como elementos de análise, as condições da temperatura e
precipitação, que possibilitam identificar o balanço hídrico.
Para o desenvolvimento da caracterização climática do presente trabalho foi utilizado
os balanços hídricos climatológicos. Os balanços hídricos foram calculados em planilha
EXCEL elaborada para tal finalidade por Rolim et al. (1998), adotando-se o método de
Thornthwaite & Mather (1955) para uma capacidade de água disponível (CAD) de 100mm,
com a evapotranspiração potencial (ETP) sendo estimada pelo método de Thornthwaite
(1948).
Foram utilizados dados normais de temperatura média mensal (TMED) e de chuva
total mensal (P), pertencentes às redes de estações meteorológicas de vários institutos de
meteorologia e no caso mais especificamente da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) e ANA (Agencia Nacional de Águas). Estes balanços hídricos foram
elaborados para quatro estações meteorológicas próximas à área de estudo.
A distribuição das estações na área de estudo pode ser vista na Figura 05, estações
estas que fazem parte de uma Plataforma de Coleta de Dados (PCD) do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), sendo que seus dados podem ser consultado em um banco de
dados deste instituto, via rede, onde encontram-se, para estas estações, dados de 2005 e 2006
e alguns de 2004.
38
Figura 05 – Distribuição das estações meteorológicas na região da área de estudo. Org: TRENTIN,R.
A análise Geoambiental segue com um segundo nível de informações e mapas
temáticos denominados classe de documentos derivados, fruto das interpretações entre os
materiais geológicos e os processos naturais ocorridos ao longo do tempo em certas condições
climáticas que são definidas pelo estudo da rede hidrográfica, unidades de relevo e, solos.
Segundo Zuquette (1987), o grupo de informações básicas é utilizado para qualquer
região, independente do conjunto de características da mesma e normalmente neles se
representam os componentes do meio físico.
O mesmo autor considera ainda que os mapas de natureza derivada, são realizados
sobre as informações contidas nas outras classes de mapas. Estes mapas apresentam
informações sobre os terrenos para uma ou mais finalidades e são destinadas ao uso direto
pelo usuário.
Quanto aos atributos hidrográficos utilizados para o levantamento morfométrico,
pode-se destacar a densidade de drenagem, fator forma, hierarquia e magnitude fluvial e o
padrão de drenagem, que constituem o sistema hidrográfico a ser estudado.
A magnitude da bacia hidrográfica, descrita principalmente por Scheidderger (1970,
apud Christofoletti 1970), consiste no número de nascentes desta bacia. O autor salienta ainda
que este processo de ordenação de canais fluviais permite definir quais os principais
tributários que formam o canal principal.
39
A forma da bacia é indicador do tempo de chegada da água que precipita nas vertentes
ao curso principal, devendo ser considerado na análise de susceptibilidade a inundações. As
bacias de forma mais circular estão sujeitas a ocorrência de inundações nas suas porções mais
baixas.
As áreas e cabeceiras de drenagens serão individualizadas por estas serem as áreas
mais susceptíveis ao desenvolvimento de voçorocas.
Para a análise do relevo, levou-se em consideração alguns atributos básicos definidos
pela altimetria e pela análise das vertentes caracterizadas pelo comprimento, declividade e
amplitude, determinando as formas de relevo.
A delimitação de unidades de relevo parte da definição destes atributos e de sua
influência nos processos de dinâmica superficial. Desta forma, áreas planas em baixas
altitudes na bacia estão mais sujeitas as inundações, enquanto área com elevadas declividades
podem apresentar uma dinâmica superficial associada a movimentos de massa.
Com relação aos solos, o mapa temático e as informações levaram em consideração
características como textura e espessura.
Estes mapas devem representar todos os materiais que estão sobre os substratos
rochosos, e diferenciando-os quantos à textura, à origem, à rocha-mãe, à espessura
(profundidade do substrato) e outras características.
A classe de documentos auxiliares ou interpretativos é caracterizada pelas
modificações antrópicas e por feições que representam à dinâmica envolvida na interação
entre a natureza e o homem.
Zuquette (1987) destaca que os mapas de natureza auxiliar, têm o objetivo básico
registrar os pontos onde foi possível obter alguma informação (qualitativa ou quantitativa),
assim como o modo e o tipo de obtenção das informações.
A análise do uso e ocupação ocorre a partir da definição de áreas distintas em formas
com expressão poligonal. As feições superficiais identificadas como naturais e antrópicas
englobam nesta identificação os processos erosivos acelerados como voçorocas e areais, os
depósitos de talus e colúvios, áreas com vegetação nativa preservada e feições lineares ou
pontuais de ação antrópica, como barragens, pedreiras e saibreiras, entre outras.
As formas e processos resultantes da ação antrópica permitem muitas possibilidades
de caracterização, avaliação e representação cartográfica dos fenômenos observados. A
análise de trabalhos publicados na área de geotecnia revela que o uso de informações sobre as
atividades e intervenções antrópicas são utilizadas de forma não sistemática e bastante
variável.
40
A busca da sistematização dessas informações tem-se dado através da aplicação de
diferentes métodos de mapeamento de uso da terra em diversos estudos geoambientais
realizados, tanto em caráter de mapeamento territorial, quanto relacionado à análise de áreas
de risco geológico.
3.1 - ELABORAÇÃO DOS MAPAS
Para se obter a caracterização esperada na realização do Mapa Geoambiental, é
utilizado um cruzamento de informações levantadas e mapeadas por uma combinação de
técnicas que envolvem mapeamento direto, com trabalhos de campo, elaboração de perfis e
coleta de amostra, análise de imagens de satélite, referentes às diferentes bandas espectrais, e
diferentes sensores, como é o caso dos sensores ETM LANDSAT e CBERS, fotografias
aéreas oblíquas de baixa altitude, entrevistas não estruturadas com moradores e cartas
topográficas, bem como a utilização de mapas já existentes em diversas escalas para análise,
comparação e atualizações. Os mapas e informações a serem elaborados são as seguintes:
Mapa de unidades litológicas e identificação dos lineamentos
Neste mapa são identificadas as litologias da bacia hidrográfica, bem como são
traçados os principais lineamentos estruturais.
A analise das imagens de satélite, referentes a textura e coloração da imagem permitiu
destacar a existência de diferentes sistemas litológicos com diferenciações na paisagem.
Os trabalhos de campo permitiram o reconhecimento dos sistemas litológicos e
complementações das identificações de áreas duvidosas ou não identificadas, bem como a
interpretação do funcionamento dos critérios utilizados para a delimitação dos
compartimentos litológicos. Nos trabalhos de campo foram analisadas “in loco” as
classificações da imagem.
Além disso, identifica-se ainda os afloramentos litológicos e contatos entre os
diferentes derrames vulcânicos identificados na área, bem como dos contatos entre derrames e
material rochoso de origem sedimentar, como é o caso dos arenitos eólicos e fluviais
encontrados na área.
A atividade de campo é realizada ao longo das estradas existentes e o mapeamento
com auxílio das cartas topográficas, aparelho de posicionamento global GPS, que permite
maior precisão quanto à localização e descolamento pela área.
41
Quanto aos lineamentos estes são identificados pelo controle estrutural e deslocamento
que as linhas de falha apresentam nas drenagens. Desta forma foram traçadas sobre as
imagens e cartas estes principais lineamentos.
O programa Spring auxilia à elaboração deste mapa, pois utilizando de seu plano de
informação temático, permite identificar a área que cada litologia ocupa em relação a bacia
hidrográfica, bem como permite elaborar com precisão o traçado dos principais lineamentos
estruturais.
Mapa de unidades de relevo
Os índices morfométricos utilizados para a descrição do relevo são: a altitude, a
amplitude, o comprimento de rampa e a declividade, cursos de água entre outros. O mapa
elaborado levou em consideração a análise dos atributos referentes a declividade,
comprimento de vertente, amplitude altimética e hipsometria.
A verificação dos resultados obtidos da interpretação das cartas topográficas e
imagens foram realizadas com trabalhos de campo, de forma a proporcionar maior precisão ao
zoneamento estabelecido e possibilitar as atividades de generalização. Esta generalização
consiste no levantamento de seções-tipo das Unidades de Relevo identificados, nas quais se
busca uma identificação das características existentes, bem como de sua variabilidade vertical
e lateral.
Para a análise do relevo utilizou-se os seguintes limites hipsométricos:

80 m: limite onde o canal principal começa a se tornar mais encaixado no
revelo;

120 m: limite entre o médio e alto curso da bacia hidrografia;

200 m: limite de início do rebordo do planalto;

300 m: limite do final do rebordo e inicio do topo do planalto;

380 m: limite do início das áreas mais planas junto ao topo do planalto.
Através destes limites estabelecidos, elaborou-se o mapa hipsométrico, com a
distribuição das altitudes do relevo de forma contínua, pela bacia hidrográfica, semelhante às
curvas de nível em uma carta topográfica.
Através do programa Spring, trabalha-se a análise do relevo com a confecção do mapa
de declividade, onde utiliza-se o Modelo Numérico do Terreno (MNT), que por métodos
matemáticos tenta reproduzir a superfície terrestre na forma plana. Neste modelo as curvas de
nível e os pontos cotados retirados das cartas topográficas da área de estudo, servem de base
42
para a elaboração de cálculos estatísticos que resultam em dois tipos de grades: a grade
retangular e a grade triangular (TIN).
Os interpoladores das grades retangular e triangular, utilizados no SPRING para a
geração de modelos numéricos de terreno, são especificados de acordo com os tipos de dados
de entrada, ou seja, amostras (pontos e isolinhas), grade retangular ou triangular.
Para análise da declividade da bacia hidrográfica utilizou-se três limites de
declividade, 2%; 5%; e 15%. O limite de 2%, por representar áreas muito planas sem a
ocorrência de processos de dinâmica superficial; 5% é o limite onde começam a ocorrer os
processos de dinâmica superficial e o limite de 15% é utilizado como possível de emprego de
mecanização agrícola, inicio de processos de movimentos de massa e necessidade de cortes e
aterros para construções.
A medição dos comprimentos de vertente na bacia hidrográfica do Rio Itu foi
realizada de forma amostral, onde foram individualizadas seis áreas da bacia hidrografia,
sendo obtido 270 vertentes medidas. Com este levantamento, pode-se identificar os diferentes
comprimentos de vertentes existentes na bacia hidrográfica, as quais contribuíram para a
individualização das unidades de relevo.
A partir do cruzamento destas informações foi definido o Mapa de Unidades de
Relevo, que diz respeito à individualização das áreas com características homogêneas.
Mapa de drenagem e identificação de cabeceiras de drenagem
Para a realização do mapa de drenagem foram analisados os atributos referentes ao
padrão, forma, densidade e ordem da bacia hidrográfica do Rio Itu, utilizando-se da
identificação dos índices morfométricos.
A forma da bacia foi identificada através do índice de circularidade, calculado a partir
da fórmula (Ic = A/Ac), que consiste na relação existente entre a área da bacia e a área de um
círculo de mesmo perímetro (CHRISTOFOLETTI, 1974), e indica uma comparação da bacia
hidrográfica com um círculo, o valor quanto mais próximo de 1 (um) é indicador da maior
circularidade.
A área e perímetro da bacia, a magnitude, a ordem e a padrão dos cursos d’água, são
atributos que foram analisados através do programa Spring.
A magnitude da bacia foi definida pela ordenação dos canais segundo Strahler (1952,
apud CHRISTOFOLETTI 1974) e Scheidegger (1970, apud CHRISTOFOLETTI 1974), que
indica o número de nascentes ou canais de 1ª (primeira) ordem existentes na bacia.
43
O padrão da drenagem da bacia hidrográfica foi definido pelo método de Strahler,
considerando a linha geral do escoamento dos cursos d’ água.
A densidade de drenagem da bacia hidrográfica é a relação entre o comprimento total
dos canais de escoamento e a área total (Horton apud Christofoletti, 1974). Essa relação pode
ser definida pela expressão: Dd= L/A; onde Dd é a densidade da drenagem; L é o
comprimento total dos canais e A é a área da bacia.
No programa Spring, o mapa de drenagem é elaborado utilizando-se o Modelo de
Dados na categoria Temático, onde o próprio nome diz, é uma forma de trabalhar as
informações temáticas de interesse do usuário. Assim, são digitalizados os canais de
drenagem da bacia hidrográfica de forma a possibilitar a identificação da hierarquia da bacia
hidrográfica, o comprimento total dos cursos fluviais, assim como de cada ordem hierárquica
além de possibilitar o trabalho por sub-bacias auxiliares e outras informações de interesse.
Mapa de solos
Com relação aos solos, o mapa temático e as informações levaram em consideração
características como textura, espessura, origem, rocha-mãe, entre outras.
Análise e classificação de imagens de satélite, associados a um trabalho qualitativo de
campo, com a análise de cortes e perfis de solo, que permitiram identificar as características
predominantes destes materiais, com relação a espessura, compacidade ou consistência,
estruturas e texturas.
O levantamento de solos da bacia hidrográfica do Rio Itu, levou em consideração a
classificação de solos do sistema taxonômico da Embrapa (1999), e do levantamento de solos
do estado do Rio Grande do Sul desenvolvido por Streck et al. (2002), sendo desenvolvidos
trabalhos de campo com coleta e análise granulométrica de amostras de solo para a
caracterização em nível de maior detalhe.
Mapa de uso/ocupação
O mapa de uso/ocupação é representado pela definição de áreas distintas em formas
com expressão poligonal. Estas áreas distintas são individualizadas principalmente segundo
dois critérios: as áreas urbanas e rurais.
Nas áreas urbanas dos municípios que se encontram inseridos na bacia hidrográfica do
Rio Itu, por apresentarem uma caracterização semelhante entre si, não havendo nestas cidades
44
uma influência industrial significativa que pudesse individualizar uma área distinta, foram
agrupadas em áreas semelhantes denominadas áreas urbanas de predomínio residencial.
Quanto às áreas rurais, as forma de uso/ocupação individualizadas foram as seguintes:

Florestamento: constituída por áreas onde estão sendo implantadas, ou
apresentam vegetação arbórea. Nesta região ocorrem tipicamente a
implantação de pinus e eucaliptos sobre solo arenoso, ou mesmo sobre os
areais;

Florestas: áreas de cobertura vegetal arbórea de características naturais (Mata
Nativas), definidas exclusivamente pela mata ciliar e pela vegetação em áreas
muito íngremes.

Áreas agrícolas: sendo estas as áreas de cultivo de lavouras, principalmente de
soja e milho em consórcio com pastagens e trigo;

Campos: são as áreas sem cultivo de pastagens onde ocorre a criação extensiva
do gado sem muitos cuidados com a vegetação, ocorrendo desde gramíneas até
a presença de arbustos ou algumas árvores de maior porte.

Solo exposto: áreas de reduzida cobertura vegetal, identificadas em períodos de
preparo do solo das lavouras para o plantio.

Água: nesta classe são inseridas as drenagens e açudes da bacia hidrográfica.
Com a classificação supervisionada da imagem digital e também com a análise e
interpretação visual destas imagens em formato analógico, realiza-se a individualização dos
diferentes tipos de usos da terra.
A análise e interpretação visual das imagens de satélite foram os principais atributos
para a identificação dos tipos de uso da terra, combinados com as fotografias aéreas de baixa
altitude que auxiliaram na identificação dos tipos de uso da terra.
O uso de fotografias oblíquas obtidas de um sobrevôo de baixa altitude da área é uma
ferramenta auxiliar na identificação dos tipos de uso e cultura atuais.
O Spring foi utilizado para a realização da classificação supervisionada da imagem
com o plano de informação “imagem” que permite diversas formas de classificação. Também
foi utilizado o plano de informação “temático”, para a identificação das áreas de cada tipo de
uso mapeado na área.
45
Mapa de feições superficiais e características ambientais marcantes
Este mapa é um dos mais representativos da ocorrência dos processos de dinâmica
superficiais da bacia hidrografia, pois apresenta os processos e localiza espacialmente os
locais de ocorrência dos mesmos.
Neste mapa, serão identificados os seguintes atributos:

áreas com vegetação natural: sendo identificados nesta categoria, as áreas de
floresta ou vegetação arbórea remanescente;

feições antrópicas: sendo analisada nesta categoria, as feições no ambiente que
tiveram sua origem essencialmente de natureza antrópica, como é o caso de
pedreiras, saibreiras barragens;

feições naturais: sendo inseridas nesta categorias as feições de características
mais naturais, como é o caso das voçorocas, areais, dos depósitos de talus,
colúvios, não restringindo aqui a participação antrópica no desenvolvimento
destes processos;

Áreas de proteção: nesta categoria foram inseridas as áreas de proteção
permanente, segunda a legislação atual vigente.
A classificação de imagens de satélite e o uso de fotografias aéreas de baixa altitude
foram os principais instrumentos auxiliares na identificação das feições superficiais. Os
trabalhos de campo permitiram a localização e identificação de feições que não foram
identificadas na imagem.
3.2 - O PRODUTO FINAL
O resultado final do cruzamento destas informações (mapas básicos, derivados e
interpretativos), é o mapeamento e análise das Unidades Geoambientais que são formas do
terreno resultantes da ação dos agentes internos e externos, responsáveis pela delimitação de
regiões constituídas de atributos naturais ou antrópicos distintos e característicos.
A Figura 06 apresenta de forma resumida o cruzamento de informações e mapas até
chegar ao mapa e documento finais chamado de Mapa Geoambiental.
O cruzamento inicia com o mapa litológico, associado com informações sobre
variações de temperatura e precipitação na bacia, quando ocorrem; sobrepõem-se os mapas de
drenagem e do relevo; após o mapa de solos, levando em conta, principalmente, a ocorrência
de solos rasos, profundos e os hidromórficos; desses cruzamentos obtêm-se diferentes
unidades com base nos aspectos físicos. Segue a sobreposição das informações sobre feições
superficiais e uso do solo. O Mapa Geoambiental representa uma síntese das características
46
físicas da área, refletindo a homogeneidade quanto às características físicas do relevo, a
ocupação e uso das áreas, o substrato geológico que compõem solos e rochas e ainda quanto
às ocorrências de formas recentes de dinâmica superficial do relevo.
No Mapa Geoambiental, serão representadas as áreas com características semelhantes
com o comportamento dos processos de dinâmica superficial em decorrências das diferentes
formas de uso/ocupação, formação litológica frente aos condicionantes climáticos e da ação
antrópica.
Figura 06- Ilustração dos cruzamentos de mapas base para a elaboração do mapa geoambiental. Org:
TRENTIN,R.
47
4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 - ANÁLISE DA REDE DE DRENAGEM
A bacia hidrográfica do Rio Itu apresenta uma hierarquia fluvial de 7ª ordem. Estendese no sentido Leste - Oeste por 116.45km até sofrer uma inflexão para o sul, seguindo até sua
foz no sentido Nordeste – Sudoeste por mais 83.9km, onde deságua junto ao Rio Ibicuí.
A Tabela 01 mostra os dados morfométricos analisados na bacia hidrográfica do Rio
Itu, nos diferentes atributos analisados.
Tabela 01 – Atributos da análise morfométrica da rede de drenagem
ATRIBUTOS
MORFOMETRIA
Hierarquia
7ª ordem
Extensão do Canal Principal
200.35km
Área da Bacia Hidrográfica
2.809,6km²
Perímetro da Bacia Hidrográfica
328,79km
Índice de Circularidade
0,32
Comprimento Total dos Cursos d’Água
4.834,4km
Magnitude
3.266 canais
Densidade de Drenagem
1,72km/km²
A área da bacia é de cerca de 2.809,6km² e perímetro de 328,79 quilômetros. O índice
de circularidade é de 0,32 representando uma bacia com baixa circularidade, marcado por um
forte controle estrutural.
A disposição da rede de drenagem em uma bacia hidrográfica atua como registro das
alterações ocorridas em seu interior e reflete as mudanças condicionadas por processos
naturais ou atividades antrópicas, seja por meio das alterações na qualidade das águas ou na
própria configuração da rede.
Segundo Collares (2000), as alterações temporais, sejam por mudanças na sua
estruturação, forma, ou mesmo pela perda ou aparecimento de novos canais faz da rede de
drenagem um geoindicador das condições ambientais da bacia, uma vez que reflete a
ocorrência de processos antrópicos ou naturais recentes, determinando uma nova dinâmica
para o escoamento superficial das águas.
48
O padrão da drenagem, constitui o arranjo espacial dos cursos fluviais na bacia
hidrográfica, pode ser influenciado em sua morfogenética por algumas características naturais
da área, entre as quais destacam-se: a disposição das camadas rochosas, a resistência
litológica variável, as diferenças de declividade e a evolução geomorfológica da região. A
bacia hidrográfica do Rio Itu apresenta um padrão de drenagem predominantemente
retangular-dendrítico, o que demonstra o significativo controle estrutural que a disposição das
camadas geológicas estabelecem junto aos cursos d’água, pois suas drenagens obedecem às
linhas das falhas e fraturas geológicas da região.
O canal principal apresenta-se na maior parte do seu percurso de forma encaixada,
junto às linhas de franqueza do terreno que apresenta uma direção E - W, o que condiciona o
seu aprofundamento, não havendo assim planícies de inundação junto ao seu leito, a não ser
em pequenos segmentos da bacia hidrográfica e junto ao baixo curso, onde o terreno se torna
mais plano e o Rio Itu consegue estabelecer um leito maior formando assim a planície de
inundação.
A forma superficial de uma bacia hidrográfica, segundo Oliveira et al. (1998), é usada
para se saber o tempo que uma gota de chuva leva para percorrer a distância entre o ponto
mais afastado da bacia e a sua foz (tempo de concentração). Devido a apresentar uma forma
mais retangular, (alongada e estreita), o escoamento das águas precipitadas se dará de forma
contínua sem concentração junto a sua foz.
O comprimento total dos cursos d’água da bacia hidrográfica do Rio Itu é de 4.834,4
quilômetros. A magnitude da bacia, ou seja, o número de nascentes, canais de 1ª ordem, é de
3.266 canais. A densidade de drenagem total da bacia é de 1,72km/km².
Segundo Christofoletti (1974), a densidade da rede de canais, desde longo tempo é
reconhecida como variável das mais importantes na análise morfométrica das bacias de
drenagem, representando o grau de dissecação topográfica em paisagens elaboradas pela
atuação fluvial, ou expressando a quantidade disponível de canais de escoamento. O
comportamento hidrológico das rochas repercute na densidade de drenagem, uma vez que as
rochas de pouca infiltração permitem um maior escoamento superficial, possibilitando a
formação de canais.
Villela e Mattos (1975), analisando a densidade de drenagem de maneira quantitativa,
indicaram que o índice de 0,5km/km² representa bacias com drenagem pobre, e o índice
extremo de 3,5km/km² ou mais indica bacias excepcionalmente bem drenadas. Desta forma,
apresentando uma densidade de drenagem de 1,72km/km², a bacia hidrográfica do Rio Itu,
pode ser caracterizada como mediamente drenada.
49
A delimitação de redes e de bacias de drenagem de diferentes ordens possibilita
segundo Oliveira et al. (1998), uma primeira abordagem para a identificação de áreas de risco
de erosão por voçorocas. Ao realizar-se os procedimentos básicos de delimitação de bacias
hidrográficas, o traçado das redes de drenagem individualiza sub-bacias situadas nas
extremidades a montante de uma dada bacia hidrográfica. Essas sub-bacias são as áreas de
cabeceiras de vale, que segundo Dietrich e Dunne, (1993 apud OLIVEIRA et al. 1998),
também conhecidas como áreas de contribuição em vales não canalizados, são as pontas da
rede hidrográfica que demonstram maior sensibilidade às oscilações hidrodinâmicas ao longo
do tempo, pois são nelas que diferentes mecanismos tendem a interagir de forma sinergética.
Cabeceiras de vales são áreas de risco potencial de erosão por voçorocas devido a sua
dinâmica pretérita e atual e, às características mecânicas herdadas desta dinâmica.
4.1.1 – Compartimentação com base na rede de drenagem
Com base na análise da rede de drenagem, a bacia foi dividida em três setores: setor
A, correspondendo à porção mais a montante da bacia hidrográfica (alto curso do Itu); o setor
B, correspondendo ao médio curso da bacia hidrográfica (médio curso do Itu) e; o setor C
porção do baixo curso da bacia hidrográfica (baixo curso do Itu), (Figura 07).
O setor A possui uma área de 720,35km² e se estende desde o município de Santiago,
topo do planalto até a porção, na qual, o canal principal adquire a hierarquia de 6ª (sexta)
ordem, pela confluência da sanga Águas Claras com Rio Itu. As principais sub-bacias
encontradas no alto curso do Itu, são as do arroio Ituzinho, arroio Lagoão e arroio da
Porteirinha. Apresentando assim uma densidade de drenagem de 2,0km/km².
O setor B se refere ao médio curso da bacia hidrográfica, onde apresenta uma área de
1.259,12km². Este setor estende-se desde a porção em que o Rio Itu se torna de 6ª ordem, até
a porção onde o canal principal adquire a hierarquia de 7ª ordem, com a confluência do arroio
Puitã e o Rio Itu. Este setor apresenta ainda as sub-bacias auxiliares da sanga do Lajeado,
arroio Passarinho, sanga Santa Rosa, arroio Itu-Mirim e Sanga do Narciso.
A drenagem neste setor apresenta um comprimento total de 2.176,68 quilômetros,
condicionando uma densidade de drenagem de 1,7 km/km². Um fator de grande importância a
ser destacado é a ocorrência do canal de 6ª ordem, por ser o único setor a ocorrer canais com
esta hierarquia.
50
Figura 07 - Mapa dos setores da drenagem da bacia hidrográfica do Rio Itu
51
O setor C se apresenta a partir da porção em que o canal principal adquire a hierarquia
de 7ª ordem, e estende-se até desaguar junto ao Rio Ibicuí. Este setor apresenta uma inflexão
para sul, em relação ao restante da bacia hidrográfica, sendo assim, o canal principal passa a
ter seu percurso no sentido nordeste-sudoeste, obedecendo a linha de falhamentos
predominantes da área de estudo.
A área deste setor é de 830,09km², e o comprimento total da drenagem neste setor é de
1.255,36 quilômetros, o que gera uma densidade de drenagem de 1,5 km/km². As principais
sub-bacias auxiliares são a sanga Restinga das Cascatas, arroio Restinga dos Pires, arroio
Curuçu, sanga do Barreiro, sanga do Elói, arroio da Cotia e Arroio do Herval.
4.2 – ANÁLISE DO RELEVO
4.2.1 – Altimetria
A bacia hidrográfica do Rio Itu apresenta uma amplitude altimétrica de 375 metros,
sendo que seu ponto cotado com maior altitude se encontra a 435 metros acima do nível do
mar e sua foz junto ao Rio Ibicuí está a 60 metros de altitude. Desta forma, a bacia
hidrográfica foi dividida em seis áreas de altitudes distintas, diferenciadas ao longo de sua
extensão, (Figura 08).
A primeira área apresenta altitude inferior a 80 metros, estendendo-se desde a foz da
bacia hidrográfica que se encontra a 60 metros de altitude até a curva de nível de 80 metros,
junto a divisão do setor C (baixo curso do Itu), com o setor B (médio curso do Itu).
Compreende uma área de 143,75km², ou seja, 5,1% da área de estudo.
A segunda área apresenta altitudes entre 80 a 120 metros, estende-se pelo baixo e
médio curso da bacia hidrográfica até o limite com o alto curso do Itu (Setor A). Esta classe
estende-se por 553,10km², cerca de 19,6% da área total, próximas às áreas de drenagens.
Na terceira área, a altitude está entre 120 e 200 metros. Ocupa essencialmente a
porção do médio curso da bacia hidrográfica do Itu. Apresenta uma área de 1.228,78km²,
representando cerca de 43,7% da área total da bacia hidrográfica, (Gráfico 01).
52
Figura 08 – Mapa hipsométrico da bacia hidrográfica do Rio Itu
53
3,10%
5,10%
9,00%
19,60%
<80
80-120
19,50%
120-200
200-300
300-380
>380
43,70%
Gráfico 01 – Porcentagem das classes hipsométricas. Org: TRENTIN, R.
Esta classe altimétrica é a mais comum de toda a bacia e, apesar de se estender por
uma pequena área do Setor A (alto curso do Itu), é o limite de 200 metros de altitude que
define topograficamente a porção do início do rebordo do planalto.
A quarta classe de altitude estabelecida apresenta uma variação de 200 a 300 metros.
Ocupa uma área de 540,06km², e se estende por uma faixa norte-sul que corta toda a bacia
hidrográfica. O limite desta classe altimétrica, de 300 metros marca o início do topo do
planalto.
A quinta área é representada pelas altitudes que variam entre 300 a 380 metros. Esta
classe marca o topo do planalto que ocupa o Setor A (alto curso do Itu). Ocupa uma área de
255,43 km², cerca de 9% da área total da bacia hidrográfica.
A sexta classe é definida pelas altitudes superiores a 380 metros, que são as áreas mais
elevadas da bacia hidrográfica e estão localizadas junto ao divisor d’água onde aparecem os
pontos cotados, de maior altitude, com 435 metros. Esta classe ocupa uma área de apenas
89,04km², ou seja, 3,1% da área total da bacia hidrográfica.
4.2.2 – Declividade
Um dos atributos mais importantes na análise de vertentes é a declividade, que
representa a inclinação das vertentes. Vertentes com altas declividades estão mais sujeitas aos
processos de movimentos de massa e erosão.
Com a definição de quatro classes de declividade, (Tabela 02) evidenciou-se que a
bacia hidrográfica do Rio Itu apresenta grandes variações ao longo de sua extensão, quanto a
disposição das classes de declividade.
54
A classe de declividade de 5 a 15% é a que ocupam a maior área da bacia hidrográfica
do Rio Itu, com 38,3% do total, estende-se entre os setores A e B, da rede de drenagem,
(Figura 09).
Tabela 02 – Declividade das vertentes na bacia hidrográfica do Rio Itu
Classes
Limite inferior
Limite superior
Área (km²)
% da área
1
0%
2%
675,68
24%
2
2%
5%
783,96
27,9%
3
5%
15%
1.076,12
38,3%
4
>15%
-
273,15
9,8%
As declividades inferiores a 2%, ocupam 24% da área total da bacia hidrográfica e se
apresentam por toda a bacia hidrográfica, sendo que em maior concentração no setor C, junto
ao divisor d’água da margem direita do rio, formando uma faixa que segue o divisor até a foz
da bacia.
O setor do médio curso do Itu também apresenta uma significativa ocorrência de
declividades inferiores a 2%, associadas aos cursos d’água. Já no setor do alto curso esta
classe de declividade ocorre, associada aos topos planos das colinas.
As declividades de 2 a 5% é a segunda classe em maior ocorrência na bacia
hidrográfica, com 27,9%. Sua ocorrência associa-se preferencialmente ao setor do baixo curso
da bacia hidrográfica, associadas às declividades menores que 2%. No restante da bacia esta
classe de declividade ocorre associada às vertentes das colinas levemente onduladas.
As declividades superiores a 15% ocorrem quase que exclusivamente no setor do alto
curso, onde ocorre a transição para o planalto. Estas altas declividades, maiores que 15%,
também associam-se as vertentes encaixadas dos cursos d’água que “cortam” o rebordo.
No setor do médio curso, também são identificadas ocorrências de declividades
superiores a 15% estando associadas aos divisores internos das sub-bacias e as vertentes de
morrotes que ocorrem neste setor.
55
Figura 09 – Mapa de declividade da bacia hidrográfica do Rio Itu
56
Analisando de forma geral a tabela de declividade apresentada, identifica-se que a
bacia hidrográfica do Rio Itu apresenta 90,2% de sua área total, com declividades inferiores a
15%. Sendo este o limite máximo para o emprego de maquinário agrícola, evidencia-se o
grande favorecimento do relevo, quanto às condições topográficas, ao desenvolvimento
agropecuário da bacia hidrográfica.
4.2.3 – Comprimento das vertentes
O comprimento da vertente apresenta relação direta com o tempo maior de
escoamento por ser um fator importante para a erosão superficial, pois um maior volume de
água poderá se juntar na descida da vertente até chegar ao curso d’água. A capacidade de
infiltração das águas que caem sobre determinada superfície também são influenciadas pelo
comprimento das vertentes, pois quanto maior for o percurso a ser percorrido até chegar ao
curso d’água, maior será a possibilidade de infiltração desta água. Esse comportamento pode
ser bastante significativo na análise dos processos de erosão subterrânea.
Para a bacia do Rio Itu foram medidas 280 vertentes, que foram divididas em 3 classes
(Tabela 03).
Analisando-se os comprimentos das vertentes, verifica-se que na bacia hidrográfica do
Rio Itu há um predomínio das vertentes médias, sendo que as rampas longas são as menos
freqüentes.
A predominância das vertentes curtas ocorre no setor A e B da bacia, ou seja, no alto e
médio curso, estando associadas aos vales encaixados de alta declividade, e ao relevo
fortemente ondulado, onde o entalhamento das vertentes forma, elevações de pequeno
comprimento, isoladas pela rede de drenagem.
Tabela 03 - Classes de comprimento de vertentes e ocorrência na bacia hidrográfica do Rio Itu
Classes
Alto curso
Médio curso
Baixo curso
(metros)
Ocorrência
(%)
Ocorrência
(%)
Ocorrência
(%)
250 – 700
29
32,2
37
40,6
25
28,2
700 – 1600
43
47,7
50
50,0
53
59,3
1600 – 2500
18
20,1
13
9,4
12
13,5
Total
90
100
100
100
90
100
As vertentes curtas respondem por 32,2% e 40,6% das vertentes medidas nos setores
do alto curso e médio curso da bacia hidrográfica, respectivamente.
57
Vertentes com comprimento entre 1.150 e 2.050 metros associam-se a colinas
onduladas e suavemente onduladas com predomínio de declividades entre 5% e 15%. Estes
comprimentos são encontrados predominantemente no alto curso da bacia hidrográfica, onde
representam 20,1% das vertentes medidas.
4.3 – MAPA DE UNIDADES DE RELEVO
Os dados obtidos permitiram a individualização de sete unidades homogêneas de
relevo, representadas na Tabela 04 e identificadas na Figura 10.
A unidade I se apresenta com declividades inferiores a 2%, e altitudes que não
ultrapassam os 80 metros (Figura 11). Esta unidade localizada no baixo curso da bacia
hidrográfica, em relação à análise da drenagem e dispõe-se em duas pequenas áreas, uma, que
se estende junto à drenagem principal próximo da sua foz, no Ibicuí, e a outra, junto à
drenagem principal, próxima ao médio curso. Esta unidade ocupa uma área de 87,42km², ou
seja, 3,11% da área total da bacia.
Tabela 04 – Características das unidades de relevo da bacia hidrográfica do Rio Itu
Unidade de
Relevo
Declividade
Altitude
Características
Predominantes
% da
Área total
I
<2
< 80
Áreas Planas
3,11
II
<5
80-200
Suavemente
Onduladas
16,92
III
5-15
< 200
IV
> 200
V
<200
VI
VII
>15
Onduladas
41,15
10,05
8,33
>200
Fortemente
Ondulada
15,45
> 200
Escarpa
7,06
58
Figura 10 – Mapa de unidades de relevo da bacia hidrográfica do Rio Itu
59
Figura 11 – Fotografia do ano de 2005 mostrando as áreas planas da unidade I. Org: TRENTIN,R.
A unidade II é a definida por áreas suavemente onduladas com altitudes variando entre
80 a 200 metros. Esta unidade ocupa uma grande área junto ao médio curso da bacia
hidrográfica, sendo constituída de uma faixa que se estende de um lado a outro da bacia de
forma bastante recortada, estende-se também junto ao divisor d’água da margem direita do
Rio Itu, e em uma pequena área junto ao divisor d’água da margem esquerda. Corresponde a
475,50 km², representando 16,92% da área total. Constituem as áreas de interflúvios no baixo
curso da bacia hidrográfica e ocorrem também, junto aos cursos de importantes afluentes do
Itu, no médio curso.
Na Unidade III as vertentes são onduladas, com declividades de 5 a 15% e altitudes
inferiores a 200 metros. Esta unidade é a que ocupa a maior área na bacia hidrográfica do Rio
Itu, com 1156,18km², o que corresponde a 41,15% da área total, e está localizada de forma
esparsa pelos três setores da bacia hidrográfica.
A Unidade IV é definida por vertentes onduladas, com declividades entre 5 e 15%, e
altitudes superiores a 200 metros. Esta unidade distribui-se por toda a bacia hidrográfica, e
ocupa uma área de 286,64km², ou seja, 10,05% da área total.
Na Unidade V ocorrem vertentes onduladas a fortemente onduladas e altitudes
inferiores a 200 metros. Esta unidade ocupa principalmente uma faixa central da bacia
hidrográfica que se estende de norte a sul, pertencendo ao setor B (médio curso) e possui
234,11 km², ou seja, corresponde a 8,33% da área total da bacia.
60
A Unidade VI caracteriza-se por suas declividades predominantes superiores a 15%,
com vertentes fortemente onduladas e altitudes superiores a 200 metros (Figura 12). Esta
unidade encontra-se inserida principalmente no setor A (alto curso) com pequenas áreas no
setor B (médio curso), ocupando a maior parte do alto curso da bacia hidrográfica, e ainda
pequenas áreas junto ao divisor d’água do médio curso. Esta unidade ocupa uma área de
448.21km², o que corresponde a 15,45% da área total da bacia hidrográfica.
Figura 12 – Fotografia do ano de 2004 mostrando as áreas onduladas da unidade VI. Org: TRENTIN,R.
A Unidade VII é caracterizada por vertentes em forma de escarpas, com declividades
superiores a 15%, conforme identifica-se na Figura 13. Esta unidade encontra-se inserida em
duas áreas, em relação a drenagem, no setor A junto ao rebordo do planalto onde as vertentes
associadas aos cursos d’água tornam-se escarpados com altas declividades, e outra área de
ocorrência no setor do médio curso, setor B, associados ao divisor d’água da margem direita
do Rio Itu. Esta unidade ocupa uma área de 121,51 km², ou seja, 7,06 % da área total da bacia
hidrográfica do Rio Itu.
Figura 13 – Fotografia do ano de 2005 mostrando as áreas de vertente escarpada da unidade VII. Org:
TRENTIN, R.
61
4.4 – ANÁLISE DAS LITOLOGIAS
As litologias encontradas na área foram definidas como rochas vulcânicas e
sedimentares, pertencentes à Bacia do Paraná e depósitos do Rio Itu. Segundo Milani (2002) a
Bacia do Paraná é uma vasta região sedimentar da América do Sul, abrigando um conjunto de
rochas com idade entre o Neo-Ordoviciano e o Neocretáceo. Dentro de seus limites alojam-se
porções territoriais do Brasil meridional, Paraguai oriental, nordeste da Argentina e norte do
Uruguai, numa área de aproximadamente 1.500.000 quilômetros quadrados.
As rochas vulcânicas estão associadas à Formação Serra Geral, que é constituída por
derrames vulcânicos que ocorreram no Sul do Brasil. Estes recobrimentos, junto à área de
estudo não apresentam uma continuidade uniforme, estando bastante intercalado com as
formações sedimentares.
Esta designação foi empregada pela primeira vez por WHITE (1908) para os derrames
de lava basáltica que formam o planalto da Serra Geral.
O principal vulcanismo ocorreu na parte média do Cretáceo Inferior (120-130 milhões
de anos) tendo, porém as principais manifestações ocorridas no Jurássico Superior ou mesmo
antes Roisenberg e Viero (2002).
A rocha característica é o basalto que se apresenta em vários derrames, salientados na
topografia em forma de patamares. As estruturas dos derrames já caracterizadas por Leinz
(1949), pode ser observada em conjunto. Estas lavas podem apresentar diferentes estágios de
alteração, sendo comum o fenômeno da esfoliação esferoidal.
Os trabalhos definiram na bacia hidrográfica um total de seis derrames, ocorrendo
algumas vezes à presença de arenitos intertrápicos, intercalando-se entre os derrames.
Petrograficamente as rochas vulcânicas mostram nos sucessivos derrames, variações
texturais que caracterizam condições diferentes de resfriamento. Em amostras estudadas, a
rocha apresenta uma cor preta com brilho resinoso, e textura denunciando a presença de vidro,
ocupando os interstícios entre os micrólitos de plagioclásio e de piroxênios orientados ao
acaso.
Os derrames apresentam diferentes característica em função da porção observada. Na
parte superior dos derrames é encontrada uma porção rica em vesículas e amígdalas que são
facilmente afetados pelos processos de alteração, gerando solos bem desenvolvidos. A porção
de base dos derrames também pode apresentar tais características, porém em espessura e
abundância sensivelmente mais reduzidas. Tanto a base como o topo dos derrames apresenta
juntas horizontais, o que deve ser resultado, pelo menos em parte, do escoamento laminar da
62
lava no seu interior. Já a porção central do derrame apresenta um conjunto de juntas verticais
e textura cristalina, apresentando maior resistência aos processos de alteração, condicionando
solos menos desenvolvidos. Óxidos de ferro ocorrem mergulhando na matriz e como
inclusões nos piroxênios.
Quanto aos processos de dinâmica superficial este substrato apresenta considerável
resistência aos processos erosivos. O aproveitamento da litologia que compõem a formação
Serra Geral, está condicionada ao seu estado de alteração e a sua posição dentro da estrutura
do derrame. Quanto inalterada pode ser usada como brita, calçamento de ruas, etc. quando
alterada perde a sua resistência, chegando ao final desse processo a formar um solo argiloso.
Em relação a sua posição dentro da estrutura poderá fornecer blocos maciços de pedra, se for
retirada do meio do derrame, ou fornecer lajes aproveitáveis para o calçamento.
Em nível abaixo dos derrames e por vezes intercalados ocorrem arenitos bem
classificado, avermelhados (por vezes róseos a esbranquiçados) de granulação fina a média,
com grãos bem selecionados e bem arredondados, em geral foscos e apresentando boa
esfericidade. A estrutura predominante é de estratos cruzados de alto ângulo formando “sets”
bastante longos.
As características permitem definir como rochas pertencentes à Formação Botucatu
(FB). Essa formação é composta por arenitos essencialmente quartzosos, contendo ainda
feldspatos alterados cimentados predominantemente por sílica, mas em alguns casos por
óxido de ferro, com estratificações cruzadas de grande porte, sendo as antigas dunas de
origem eólica.
A superfície de contato entre as formações Botucatu subjacente e Serra Geral, não
constituem um plano uniforme, mas apresenta ondulações e inclinação que dificultam definir
um plano de contato na área.
A designação Arenito Botucatu foi dada por Gonzaga de Campos (1889) para os
arenitos que apresentam estratificação cruzada de larga escala e que se encontram sotopostos
ou intercalados nas lavas basálticas da Formação Serra Geral. O critério de identificação da
formação seguiu a orientação dos autores, ou seja, a partir do momento em que os arenitos
mostram características nitidamente eólicas.
Apresenta marcada estratificação que facilita o seu corte em lajes. Estas rochas
apresentam, algumas vezes, cimentação por sílica, o que condiciona uma resistência
considerável aos processos de dinâmica superficial. Quando em afloramento em forma de
cerros estes arenitos apresentam-se na forma de uma camada mantenedora aos processos
63
erosivos o que condiciona a formação de cerros de topo plano. Este substrato também é
encontrado nas intercalações de derrames vulcânicos constituindo os arenitos intertrápicos.
O terceiro substrato litológico, também é constituído, predominantemente, por
arenitos. Essas rochas caracterizam-se por sua textura areia com grânulos silicosos dispersos,
estrutura, por vezes bem definida, de estratos cruzados acanalados e planares com “sets”
curtos e médios, e plano-paralelas, indicando, junto a outras feições, um ambiente
deposicional de características fluviais. A mineralogia é quartzosa tanto na fracão areia,
quanto na fração grossa. Nesta, os clastos variam desde 2mm ate cerca de 2 a 3cm. São
predominantemente de quartzo leitoso, de modo geral bem retalhados e mostrando um bom
grau de arredondamento. Em alguns afloramentos são encontrados de maneira esparsa,
conglomerados intraformacionais constituídos por clastos argilosos róseos, com até 10cm de
eixo maior.
O alto conteúdo de quartzo, a pouca ocorrência de ligantes e cimentação de óxido
somente ao redor dos grãos gera uma rocha friável com material de alteração muito
susceptível a processos erosivos.
Quando a cimentação de óxido de ferro preenche espaços dos poros confere maior
resistência aos arenitos. Além disso, junto às linhas de falhas estes arenitos aparecem
silicificados, o que os torna mais resistentes aos processos de dinâmica superficial. Nestas
condições ocorrem sobre a forma de afloramentos de blocos à meia encosta, formando
“degrau” no relevo e morrotes, conhecidos regionalmente como cerros. A cimentação desses
blocos de arenitos consiste em uma carapaça de óxido de ferro, bastante delgada e à medida
que esta “capa protetora” é rompida o substrato torna-se muito friável, tornando-se muito
susceptível aos processos erosivos.
Com base em Scherer et al. (2002), essa seqüência sedimentar, constituída por arenitos
finos e conglomeráticos, de origem fluvial, pertencem à Formação Guará (FG) de idade
Mesozóica. A Formação Guará, segundo os autores, aflora na região oeste da Depressão
Periférica, em uma faixa que se estende do município de Jaguari até Santana do Livramento.
O mais provável é que esta sedimentação tenha ocorrido no final do Jurássico. Segundo os
autores, as camadas fluviais/eólicas da Formação Guará são correlacionáveis às da Formação
Tacuarembó no Uruguai (Jurássico Superior/Cretácio Inferior). Ocorrem na região sudoeste
do Rio Grande do Sul, abaixo da Formação Botucatu (Cretácio Inferior) e acima da Formação
Sanga do Cabral (Triássico Inferior).
O substrato mais jovem está representado por Depósitos Aluviais Recentes. Os
Depósitos Aluviais Recentes são significativos em decorrência da presença do Rio Itu, de 7ª
64
ordem, o que acaba gerando um considerável depósito sedimentar ao longo de seu curso. Na
porção mais a montante os depósitos são de cascalho e blocos predominantemente de rochas
vulcânicas. Os sedimentos no baixo curso são constituídos principalmente de areias que estão
sendo retrabalhadas, moderadamente classificadas. Na planície de inundação de 143,9 km2
ocorrem os depósitos mais finos constituídos de silte a argila.
4.4.1 - Distribuição espacial das litologias
A bacia hidrográfica do Rio Itu foi dividida em cinco blocos, conforme identifica-se
na Figura 14, individualizados através dos grandes falhamentos que causaram movimentação
tectônica entre esses blocos.
O Bloco 1 é constituído quase que essencialmente de derrames vulcânicos, num total
de seis com espessuras variando de 30 a 60 metros e que juntos ocupam 93,71 % da área deste
bloco. Ocorrem duas camadas delgadas de arenito (FB), variando de 10 a 20 metros de
espessura, ocorrendo entre as cotas de 200 a 220 metros e de 250 a 270 metros na porção
noroeste.
Na Tabela 05, pode-se observar as áreas e porcentagens dos tipos litológicos
encontrados no Bloco 1.
O Croqui 01 demonstra esquematicamente a distribuição das litologias e as altitudes
predominantes em que estas se encontram no Bloco 1.
Tabela 05 – Características litologicas do bloco 1
Área
Litologia
Altitude
(%)
(km²)
(m)
6º Derrame
34.76
4.77
> 400
5º Derrame
107.55
14.78
370 – 400
4º Derrame
184.06
25.30
310 - 370
3º Derrame
180.62
24.82
270 - 310
2º Derrame
109.1
14.99
220 - 250
1º Derrame
65.64
9.1
< 200
45.77
6.29
Arenito
sem
Grânulos (FB)
200 – 220 e
250 - 270
Croqui 01 – Croqui das litologias encontradas no Bloco 1. Org: TRENTIN,R.
65
Figura 14 – Mapa litológico da bacia hidrográfica do Rio Itu
66
No Bloco 2 ocorre a presença de duas camadas de arenito bem classificados (FB),
sendo muito delgada com cerca de 10 metros de espessura nas cotas de 190 a 200 metros e a
outra de 235 a 245 metros, ocupando cerca de 15.45 % da área deste bloco.
A Tabela 06 e Croqui 02, apresentam os dados referentes a litologia do Bloco 2 onde
observa-se o grande predomínio de arenitos com grânulos(FG). Essas litologias
estratigraficamente estão em posição inferior aos derrames vulcânicos, mas afloram em
altitudes semelhantes aos derrames, provavelmente devido à movimentação tectônica e
erosão.
Este soerguimento pode estar associado ao Domo do Itu identificado por Carraro et al.
(1974). Os autores consideram que a origem da estrutura dômica do Itu parece estar ligada à
intrusão de um grande corpo ígneo, provavelmente um lacólito, relacionado com os eventos
que culminaram com a extrusão das lavas da Formação Serra Geral.
Tabela 06 – Características litológicas do bloco 2
Altitude
Litologia
Área
(%)
(m)
2° Derrame
25.64
2.51
> 254
1° Derrame
132.57
13.0
200 – 235
Arenito sem
Grânulos (FB)
Arenito com
Grânulos (FG)
190 – 200
157.53
15.45
e
235 - 245
703.41
69.01
< 190
Croqui 02 – Croqui das litologias encontradas no Bloco 2. Org: TRENTIN,R.
Outra evidencia deste bloco ter soerguido é a ocorrência de topos de colinas e
morrotes, onde encontram-se afloramento de arenito sem grânulos (FB) e camadas delgadas
de rocha vulcânica, podendo os mesmos ser devido ao paleo-relevo.
No Bloco 3 predominam os derrames vulcânicos com cerca de 76,7% da área,
representado principalmente pelo 3º e 4º derrames encontrados na bacia hidrográfica do Rio
Itu com espessura variando de 40 a 60 metros.
67
A Tabela 07 e Croqui 03 apresentam a distribuição das litologias do Bloco3.
Tabela 07 – Características Litológicas do bloco 3
Altitude
Litologia
Área (km²)
(%)
(m)
4º Derrame
98.68
43.33
> 260
3º Derrame
76.01
33.37
160 - 220
2º Derrame
0.01
0.001
80 - 140
49.24
21.62
3.79
1.66
Arenito sem
Grânulos (FB)
Depósitos Recentes
140 – 160 e
220 - 260
< 80
Croqui 03 – Croqui das litologias encontradas no Bloco 3. Org: TRENTIN,R.
A ausência de afloramentos do 1º derrame deve estar associada à ação erosiva.
Novamente ocorre neste bloco a presença de arenitos intertrápicos (FB), intercalados entre os
derrames 2º e 3ºe também entre os derrames 3º e 4º.
Neste bloco já é evidenciada uma pequena área de depósitos recentes, associadas ao
canal principal do Rio Itu.
No Bloco 4 ocorrem no topo das colinas arenito sem grânulos (FB) e rocha vulcânica
afloram, e no restante da área arenito com grânulos (FG), cobre cerca de 73.57% da área.
A Tabela 08 e Croqui 04 apresentam a distribuição litológica referentes ao Bloco 4,
que mostra evidencias de soerguimento.
Tabela 08 – Características litológicas do bloco 4
Área
Litologia
Altitude
(%)
(km²)
2º Derrame
6.41
Arenito sem grânulos (FB) 16.54
Arenito com
Grânulos (FG)
Depósitos Recentes
(m)
3.95
10.20
> 220
210
–
220
119.30
73.57
80 – 210
19.89
12.26
< 80
Croqui 04 – Croqui das litologias encontradas no Bloco 4. Org: TRENTIN,R.
68
Os Depósitos Recentes estão associados ao canal principal do Rio Itu e seus Principais
afluentes, somando uma área de 12.26 % da área.
O Bloco 5 apresenta característica semelhantes aos blocos 1 e 3, onde as rochas
Vulcânicas são predominantes com cerca de 66.71% (Tabela 09), e ocorrem apenas
intercalações de arenitos sem grânulos (Croqui 05).
Neste Bloco evidencia-se apenas uma camada de Arenito Intertrápico (FB) em camada
delgada na altitude de 135 a 145 metros, estando intercalada ao 1º e 2º derrame.
Os derrames neste bloco são bastante variados quanto a espessura, pois encontra-se
desde derrames delgados como é o caso do 2º derrame com apenas 15 metros, até cerca de 55
metros, caso do 1º derrame.
Tabela 09 – Características litológicas do bloco 5
Altitude
Litologia
Área (km²)
(%)
(m)
3º Derrame
369.78
54.27
> 160
2º Derrame
53.84
7.90
145 - 160
1º Derrame
30.99
4.54
80 - 135
105.89
15.54
135 - 145
120.82
17.73
< 80
Arenito
sem
Grânulos (FB)
Depósitos
Recentes
Croqui 05 – Croqui das litologias encontradas no Bloco 5. Org: TRENTIN,R.
Por ser a área de baixo curso da bacia hidrográfica, ocorre a maior área de Depósitos
Recentes com cerca de 17.73% da área do Bloco 5, estando associado ao canal principal do
Itu, mas recebendo ainda contribuições importantes da planície de inundação do Rio Ibicuí.
4.4.2 - Principais controles tectônicos
A América do Sul continental foi representada antes do fim do Pré-Cambriano por
uma série de blocos continentais independentes como o Cráton Rio de La Plata, Luiz Alves,
São Francisco e outros. Muitos destes terrenos foram ligados por uma série de colisões no
69
final do Précambriano, associado ao ciclo brasiliano, com fragmentos de arco de ilha, crostas
oceânicas e continentais .
As rochas metamórficas e ígneas resultantes formam o embasamento da Bacia do
Paraná, constituída por rochas sedimentares em diferentes ambientes depositadas após o
arrefecimento das condições orogênicas do Brasiliano. O embasamento apresenta dois tipos
principais de estruturas: as zonas de cisalhamento dúcteis de direção N60-70E e o sistema de
fraturamento de direção N20-50W.
Dessa forma a deposição da Bacia do Paraná é marcada por diversos eventos de
compressão, relacionados acreção de terrenos na margem sul do Gonduana que criaram um
“stress” que se transmitiu por toda a litosfera. O reflexo desta transmissão, na Bacia do
Paraná, foi uma série de intensas reativações dos lineamentos herdados do ciclo Brasiliano.
Milani (2002) apresenta considerações sobre o controle tectônico da Bacia do Paraná através
de “trends” NW-SE e por lineamentos NE-SW. Os sedimentos também indicam complexas
histórias com desenvolvimento de altos e baixos internos, incluindo o arco de Rio Grande.
Com o processo de separação continental ocorre soerguimento crustal e intrusão de
enxames de diques de diabásio com direção preferencial NE-SW indicando provavelmente o
eixo de ruptura crustal que tem prolongamento para o interior do continente.
Entre 90 a 40 M.a. reativações tectônicas provocam recorrência de vulcanismo com
caráter alcalino no continente, ao longo de alinhamentos de direção E-W onde se encaixam
importantes drenagens regionais. Alinhamentos do Rio Uruguai ocorrem várias intrusões de
rochas alcalinas cuja expressão são representadas pelas intrusões de Anitápolis e Lajes em
Santa Catarina. Encontram-se seqüências alcalinas, representadas por diques de lamprófiros
shoshoníticos, ao longo do Rio Camaquã.
A bacia do Ibicuí da mesma forma que o Jacuí seguem preferencialmente um
alinhamento E-W. Os rios Santa Maria e Jaguarí são controlados por um sistema NE-SW. No
cruzamento destes lineamentos Tedesco e Robaina (1991) registram ocorrências de intrusões
de caráter alcalino identificados por brechas de tendências kimberlíticas nos municípios de
São Vicente e Jaguarí.
4.4.3 - Lineamento na bacia do Itu
Saadi (1993) estabelece que a Plataforma Brasileira foi afetada por deformações
tectônicas cenozóicas em toda a sua extensão. Estas deformações aproveitaram em geral
linhas de fraqueza herdadas das deformações pretéritas. O resultado é expresso por
compartimentações em unidades delimitadas por descontinuidades crustais definidas.
70
Geralmente, verifica-se a predominância de esforços compressivos de direção NE-SW, NWSE, com variações para E-W e N-S.
Conforme Macedo et al. (1991) os lineamentos NE são típicos do Précambriano e de
direção E-W, gerada na abertura do Oceano Atlântico (fase de rifte) e reativadas durante a
migração da Placa Sul-americana (fase de deriva).
Trainini (1990), em estudo no sudoeste do Rio Grande do Sul procura demonstrar que
o agente principal, causador da erosão e conseqüente assoreamento dos cursos de água, é a
neotectônica.
Tenta-se
demonstrar
também
que
os
altos
topográficos
formados
estruturalmente após o evento vulcânico Serra Geral são fontes de assoreamento às bacias
hidrográficas da região.
Fúlfaro et al. (1993) citam soerguimentos na margem leste e sudeste da Bacia do
Paraná iniciados no Turoniano com várias recorrências no Terciário.
A dinâmica da esculturação da topografia e controle da rede de drenagem tem forte
interferência da tectônica de falhamentos da área. Na Bacia do Itu a ocorrência de eventos
tectônicos foi inferida através da interpretação dos padrões de drenagem, longos segmentos
fluviais expressivamente retilinizados com flexões em baioneta, e também constatada em
campo, através de medidas de fraturas com três subconjuntos mais freqüentes: a)
alinhamentos com orientação compreendida entre N 30º a N 50º; b) alinhamentos com
variação entre N 110º e N 140º; e c) alinhamentos sensivelmente orientados na direção N-S.
Dessa forma identifica-se que os blocos litológicos determinados tem forte controle
estrutural associados a soerguimentos e rebaixamentos que colocam em níveis topográficos
semelhantes litologias com diferentes posições estratigráficas. Trabalhos anteriores
corroboram com esta interpretação. Carraro et al. (1975) identificaram na região uma feição
dômica denominada Domo de Itu; Maciel Filho e Sartori (1979) caracterizam a região como
uma seqüência de soerguimentos crustais que estão associadas a falhamentos herdados do
embasamento e gerados durante a separação continental, além de zonas de falhas coincidentes
com a direção do Arco de Rio Grande.
4.5 - CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS
Como toda a Região Sul do Brasil, o território sul-rio-grandense situa-se em zona
climaticamente de transição e, por isso, as principais características climáticas da área de
estudo refletem a participação tanto dos Sistemas Atmosféricos Extratropicais (massas e
frentes polares) quanto dos Intertropicais (massas tropicais e Correntes Perturbadas), embora
os primeiros exerçam o controle dos tipos de tempo, (SARTORI, 2003).
71
Assim, a posição subtropical faz com que a região seja área de confronto periódico
entre forças opostas, provocado pelo avanço sistemático dos Sistemas Atmosféricos de
origem polar em direção aos polares tropicalizados (Massa Polar Velha - MPV) ou aos
sistemas de origem tropical (Massa Tropical Atlântica ou Continental), proporcionando a
distribuição das chuvas durante todo o ano, motivada pelas sucessivas passagens frontais, sem
ocorrência de estação seca no regime pluviométrico.
Entretanto, ocorre evidente variabilidade têmporo-espacial das precipitações,
ocasionando episódios de longas estiagens ou de enchentes, que podem acontecer em
qualquer época do ano e que refletem alterações na habitualidade da circulação atmosférica
nas escalas regional e zonal (SARTORI, 2003), em parte provocadas pelos, hoje conhecidos,
fenômenos de “El Niño” e “La Niña”.
4.5.1 - El Niño e La Niña
O Rio Grande do Sul, localizado no extremo meridional do Brasil, pertence à chamada
Região Sudeste da América do Sul (entre 20 e 40S e do leste dos Andes até o Oceano
Atlântico), que apresenta forte sinal do El Niño/La Niña.
Em condições normais (Figura 15 a), os ventos superficiais sobre o equador sopram de
leste para oeste, sendo denominados ventos alísios. Os alísios carregam a água quente
superficial para oeste, determinando um aumento do nível do mar, em torno de 60 cm, no
Pacífico oeste e uma diferença de temperatura entre as águas do Pacífico leste e oeste.
Próximo à Indonésia as águas tem temperaturas médias superiores a 28 °C. Na parte leste
desse oceano, próximo à América do Sul, as águas são mais frias, com temperaturas ao redor
de 22 °C, na mesma latitude.
O carregamento da água quente superficial para oeste faz com que, a leste, águas frias
sejam trazidas à superfície (ressurgência). A ressurgência de águas profundas traz à superfície
nutrientes químicos que alimentam o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha,o que
favorece a fauna local. A termoclina (fronteira entre a água quente superficial e a água fria do
fundo) apresenta inclinação para oeste, ou seja, aproxima-se da superfície a leste (costa da
América do Sul) e é mais profunda a oeste (Indonésia).
Sobre as águas quentes na Indonésia o ar é mais quente e úmido, devido à grande
evaporação local, caracterizando-se por baixa pressão atmosférica. Essas são condições
propícias para ascensão de ar na atmosfera, formação de nuvens e de precipitação pluvial.
Na faixa tropical, o ar que sobe no Pacífico oeste tende a descer sobre as águas frias
do Oceano Pacífico leste (alta pressão atmosférica), definindo a Célula de Circulação
72
Equatorial de Walker. Em conseqüência, tem-se ausência de nuvens e de precipitação pluvial
na região leste.
Figura 15 - A figura mostra as condições oceânica e atmosférica no Oceano Pacifico tropical no final da
primavera e verão do Hemisfério Sul em situação normal (a), El Niño (b) e La Niña (c). Fonte: Berlato e Fontana
(2003)
Em condições de El Niño (Figura 15 b) os ventos de leste (alísios) enfraquecem,
podendo até mesmo inverter de sentido, passando a soprar de oeste. Com isso diminui tanto o
acúmulo de água quente no Pacífico oeste, como a ressurgência das águas frias no Pacífico
73
leste. Diminui a diferença de temperatura entre leste e oeste, assim como diminui a diferença
de pressão atmosférica entre leste e oeste, o que reduz ainda mais os ventos alísios.
A termoclina assume menor inclinação, sendo mais profunda do que o normal no
Pacífico leste (costa da América do Sul) e mais rasa do que o normal no Pacífico oeste
(Indonésia). A atenuação da ressurgência das águas profundas determina que peixes e outros
animais marinhos busquem alimentos nas águas mais profundas. Isto acarreta grandes
prejuízos na atividade pesqueira da região, aliada à diminuição na população de pássaros que
abandonam seus ninhos, migrando para outras regiões.
As mudanças na Temperatura da Superfície do Mar, devido à grande extensão,
modificam a circulação atmosférica tropical. A Célula de Circulação Equatorial de Walker
enfraquece e em casos de eventos fortes de EI Nino pode desaparecer. O ar que, em condições
normais, sobe no Pacífico oeste e desce no Pacífico leste, passa a subir no Pacífico central e
descer no Pacífico oeste e norte da América do Sul, diminuindo as chuvas nessas regiões.
Em condições de La Niña (Figura 15 c) há um fortalecimento das condições normais
do oceano e da atmosfera na região tropical do Oceano Pacífico. A Célula de Circulação
Equatorial de Walker se intensifica, os ventos alísios sopram com mais intensidade, causando
aumento no carregamento de águas quentes para oeste e aumento da ressurgência das águas
frias no Pacífico leste. Esse aumento da ressurgência de águas frias profundas, ricas em
nutrientes, favorece a vida marinha na região. A termoclina tende a acentuar sua inclinação e,
em condições de eventos muito fortes de La Nina, pode ficar muito próxima da superfície no
Pacífico leste por longo período de tempo. As diferenças de temperatura entre leste e oeste
tendem a se acentuar, o que, por sua vez, causam a intensificação dos ventos alísios.
4.5.2 – Características climáticas da bacia hidrográfica do Rio Itu
Localizada entre as uma latitude de 29º 00’a 29º 30’ e uma longitude de 54°50’ à 56°
00’, a bacia hidrográfica do Rio Itu, apresenta segundo o Sistema Universal de Classificação
Climática de Koppen, um clima Temperado Úmido, na variedade de Clima Subtopical, do
tipo “Cfa”.
De acordo com essa classificação, a subcategoria “f” corresponde as chuvas
distribuídas ao longo do ano, não existindo uma estação seca (o mês mais seco apresenta uma
precipitação de, no mínimo 60 mm). As variação tipo “a” é relativa a verões muito quentes
quando a temperatura média do mês mais quente supera os 22° C.
Para entender o clima da região, é necessário considerar, além dos fatores locais
estáticos, os mecanismos atmosféricos de maior abrangência e amplitude. Assim, a
74
precipitação pluviométrica é devida, em quase sua totalidade, aos sistemas frontais que
atingem a área, quando o deslocamento de massas de ar com temperaturas diferentes
provocam instabilidades convectivas e, por conseqüência, formação de nuvens e ocorrência de
chuvas.
Dos seis sistemas frontais, em média, que penetram a cada mês no Continente SulAmericano, quatro a cinco deles atingem a Fronteira Oeste. As frentes mais comuns ocorrem
ao longo de todo o ano, penetrando pelo oeste e sul do Estado e provocando chuvas variáveis,
dependendo do gradiente térmico da região.
O comportamento das temperaturas reflete o domínio dos Sistemas Atmosféricos,
apenas variando de valor em função, principalmente, da altitude e da continentalidade. Os
valores mais baixos de temperatura são sempre registrados no topo do Planalto e os mais altos
normalmente ocorrem na Depressão ou Vale do Rio Uruguai. Da mesma maneira, a variação
espacial da chuva sofre, em parte, a influência do relevo, já que o estado possui a Serra Geral
no seu setor central, com alinhamento perpendicular à direção geral de deslocamento das
frentes polares, que é principalmente de sudoeste para nordeste (SW => NE) desde o extremo
sul do Oceano Pacífico até as latitudes tropicais do Oceano Atlântico, o que determina
alterações no volume pluviométrico registrado nas regiões climáticas do estado, (SARTORI
2003).
A série de mapas abaixo (Figura 16), mostra a caracterização anual do Estado do Rio
Grande do Sul em uma série histórica de 30 anos de 1970 a 2000, referentes a temperatura.
Observa-se que as maiores temperaturas ocorrem nos meses de dezembro a janeiro,
onde as temperaturas variam numa faixa de 23 a 26 ºC em média, e as temperaturas mais
baixas nos meses de junho a agosto, variando na faixa de 12 a 16 ºC em média.
Um fator importante que pode ser observado nos mapas é a diferença de temperatura
de um a dois graus centígrados do setor do alto curso para o médio e baixo curso da bacia
hidrográfica. Isso provavelmente decorrente da variação de altitude do relevo, onde na porção
de alto curso por estar sobre o topo do planalto, com as altitudes superiores a 200m, a
temperatura apresenta-se mais baixa que no restante da bacia.
75
Figura 16 - Serie de mapas mostrando a distribuição da temperatura médias anual no estado do Rio Grande do
Sul, em um período de 30 anos, com destaque para a bacia hidrográfica do Rio Itu. Org: TRENTIN,R.
A (Figura 17), mostra a série de mapas referente a média de precipitação anual para o
estado do Rio Grande do Sul em uma série histórica de 30 anos de 1970 a 2000,
A média de precipitação para a bacia hidrográfica, conforme dados observados é de
110 a 160mm mensais, apresentando períodos com índices um pouco abaixo, como é o caso
de dezembro a fevereiro e períodos um pouco acima, como é o caso março e abril, setembro e
outubro.
Para caracterização de parâmetros climáticos da bacia hidrográfica do Rio Itu, mais
detalhadamente, buscou-se dados coletados em estações meteorológicas próximas a bacia
hidrográfica, localizadas no município de São Borja, estação Agrometeorológica da
FEPAGRO, no município de Manuel Viana, sendo esta uma estação Hidrometeorológica da
ANA (Agência Nacional das Águas), nos municípios de Maçambará e Alegrete sendo
estações Hidrometeorológica da ANA.
76
Figura 17 - Serie de mapas mostrando a distribuição da precipitação média anual ao longo de 30 anos, com
destaque para a bacia hidrográfica do Rio Itu. Org: TRENTIN,R.
A estação de São Borja apresentou um histórico importante de temperatura e
precipitação. Analisando-se os dados obtidos pode definir os Gráficos 02 e 03 que
representam os históricos das médias de temperatura e precipitação, respectivamente, dos
últimos 40 anos.
77
Gráfico 02 – Histórico das temperaturas registradas na estação meteorológica de São Borja. Org: TRENTIN,R.
O gráfico de temperatura mostra um comportamento padrão de médias de temperatura,
onde se observam as temperaturas mais baixas, nos meses de junho, julho e agosto, estação de
inverno, com as temperaturas destes meses variando de 9 a 25 ºC. Já os meses mais quentes
são os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, onde apresentam temperaturas que variam de
18 a 34 °C, características da estação de verão.
Gráfico 03 – Histórico das precipitações média registradas na estação meteorológica de São Borja. Org:
TRENTIN,R.
Os dados históricos da precipitação mostram que ocorre em média uma precipitação
anual de 1509 mm, distribuídos durante os meses do ano conforme pode-se visualizar no
78
Gráfico 03. Observa-se meses com precipitação entre 150 a 170 mm e meses com
precipitações mais baixas, em torno de 90 mm.
O gráfico 04, mostra a distribuição da precipitação da estação meteorológica de
Manuel Viana, nos anos de 2005 e 2006. Conforme observa-se no gráfico, no ano de 2005 as
precipitações de maneira geral foram maiores que no ano de 2006, com exceção para os
meses de julho, outubro e novembro. As maiores diferenças de precipitações para os dois anos
foram nos meses de abril, maio e junho, onde as diferenças chegaram a ser superiores a 100
mm.
Precipitação - Manuel Viana
350,0
300,0
250,0
200,0
150,0
100,0
2005
2006
50,0
0,0
ro
iro
ço
ei
re
ar
n
e
m
v
ja
fe
ril
ab
m
o
ai
o
nh
ju
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o
o
o
ro
to
br
lh
br
br
ub
os
ju
m
t
m
m
g
a
te
ve
ze
ou
se
no
de
Gráfico 04 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Manuel Viana. Org: TRENTIN,R.
O gráfico 05 mostra as precipitações do ano de 2005 e 2006 da estação meteorológica
de Alegrete. No gráfico também observa-se que no ano de 2005 as precipitações foram
superiores ao ano de 2006, sendo que nesta estação meteorológica os registros indicam apenas
o mês de janeiro com precipitações de 2006 sendo superiores as de 2005. O ponto de maior
destaque é o mês de maio, pois no ano de 2005, teve a maior precipitação do ano, com 228
mm e em 2006, teve a menor precipitação registrada, com apenas 5 mm.
79
Precipitação - Alegrete
250,0
200,0
150,0
2005
100,0
2006
50,0
0,0
ro
ro
ço
ei
ei
r
ar
n
e
a
m
v
j
fe
ril
ab
m
o
ai
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o
o
o
o
o
o
br
lh
st
br
br
br
u
o
ju
m
t
m
m
ag
te
ve
ze
ou
se
no
de
Gráfico 05 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Alegrete. Org: TRENTIN,R.
No gráfico 06, onde são visualizados os dados da estação meteorológica de
Maçambará, que apresentam os índices de precipitação entre os dois anos mais semelhantes
que as demais estações meteorológicas, com exceção do mês de fevereiro e novembro que em
2006 houve uma precipitação de aproximadamente 70 mm a mais que em 2005 e os meses de
abril, maio e junho que em 2005 tiveram uma precipitação bastante superior ao ano de 2006,
com diferenças de 143, 225,5 e 61,5 mm para os respectivos meses.
Precipitação - Maçambará
300,0
250,0
200,0
2005
150,0
2006
100,0
50,0
0,0
ro
iro
ço
ei
re
ar
n
e
m
v
ja
fe
ril
ab
m
o
ai
o
nh
u
j
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o
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o
o
br
lh
st
br
br
br
u
o
ju
m
t
m
m
ag
te
ve
ze
ou
se
no
de
Gráfico 06 – Precipitações registrada na estação meteorológica de Maçambará. Org: TRENTIN,R.
Os dados da estação meteorológica de São Borja foram representados no gráfico 07,
onde observa-se que da mesma forma que nas demais estações meteorológicas, a precipitação
total de 2005 foi superior ao ano de 2006. A grande diferença entre os dois anos se dá nos
meses de abril, maio, junho e outubro.
80
Precipitação - São Borja
400,0
350,0
300,0
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
2005
2006
ro
ro
ço
ei
ei
r
ar
n
e
a
m
v
j
fe
ril
ab
m
o
ai
o
nh
ju
o
o
o
o
o
o
br
lh
st
br
br
br
u
o
ju
m
t
m
m
ag
te
ve
ze
ou
se
no
de
Gráfico 07 – Precipitações registrada na estação meteorológica de São Borja. Org: TRENTIN,R.
É provável que as diferença encontradas sejam respostas do clima a condições de ação
do fenômeno El niño no ano de 2005.
4.5.3 - Balanço Hídrico para a Região
Segundo Almeida Neto et al. (2004), todos os processos componentes do ciclo
hidrológico: precipitação, infiltração, escoamento superficial, evaporação e transpiração, além
da ação humana - integram-se em um ciclo dinâmico que se estende por todo o planeta. Para
que ele subsista, é necessário que haja suprimento de energia proveniente do Sol e do interior
da Terra.
Thornthwaite, 1948, teve o grande mérito e a sensibilidade de confrontar de maneira
prática os valores de precipitação e de evapotranspiração, sendo que esta comparação
determina em linhas gerais o balanço hídrico.
O balanço hídrico, além da evapotranspiração potencial, possibilita estimar a
evapotranspiração real, excedente hídrico, deficiência hídrica e as fases de reposição e
retirada de água no solo, cujas definições são as seguintes (Alfonsi, 1995).

Evapotranspiração real: a quantidade de água que nas condições reais se
evapora do solo e transpira das plantas.

Deficiência hídrica: diferença entre a evapotranspiração potencial e a real.

Excedente hídrico: diferença entre a precipitação e a evapotranspiração
potencial, quando o solo atinge a sua capacidade máxima de retenção de água.
O armazenamento (BH), que indica a quantidade de água retida no solo num
determinado período, segundo Orselli e Silva (1988), “é função do armazenamento e das
entradas e saídas de água no período considerado...” existindo um limite máximo para o
81
armazenamento, decorrente do tipo de solo e das exigências hídricas de cada vegetação, sendo
conhecido este limite, como Capacidade de Campo (CAD). Quando os valores do
armazenamento superam a capacidade de campo, ocorre então excedente hídrico.
A Evapotranspiração (ET), extremamente importante no calculo do Balanço Hídrico, é
um processo simultâneo de transferência de água para a atmosfera através da evaporação da
água do solo e da transpiração das plantas. Pode ser representada de duas maneiras: a
Evapotranspiração Potencial (ETP) e a Evapotranspiração Real (ETR).
A evapotranspiração potencial (ETP) representa a quantidade máxima de água
evaporada e transpirada pela vegetação em função das condições climáticas locais, como
temperatura média mensal, duração média do dia no mês e número de dias do mês, podendo
ser estimada facilmente por meio de fórmulas desenvolvidas e testadas para várias condições
climáticas, uma vez que a medida direta é extremamente difícil e onerosa.
A evapotranspiração real (ETR) “é a quantidade de água realmente utilizada por uma
extensa superfície vegetada com grama, em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo,
porém, com ou sem restrição hídrica” Sentelhas et al. (1999 apud Carvalho e Stipp, 2004).
O Método de Thornthwaite, foi adotado neste trabalho, pois estima melhor a ETP em
escala mensal e aplica-se melhor à região.
O balanço hídrico climatológico desenvolvido por Thornthwaite & Mather (1955) é
uma das várias maneiras de se monitorar a variação do armazenamento de água no solo,
utilizando-se valores médios. Através da entrada desses dados, fornece estimativas da
evapotranspiração real (ETR), da deficiência hídrica (DEF), do excedente hídrico (EXC) e do
armazenamento de água do solo (ARM).
Segundo Amorim (apud Rolim, et al. 1998) o balanço hídrico é uma ferramenta
empregada em distintas áreas do conhecimento. Por exemplo: na meteorologia agrícola,
delimita áreas de mesmo potencial hídrico, na irrigação, determina as deficiências hídricas de
uma região, na hidrologia, estuda as bacias hidrográficas, dimensionando reservatórios. Os
resultados de um balanço hídrico podem ser utilizados para fins de zoneamento agroclimático,
demanda potencial de água das culturas irrigadas e no conhecimento do regime hídrico.
Para a análise do balanço hídrico, leva-se em consideração uma série de componentes
do meio físico sendo que podemos destacar: a
- Precipitação: segundo Bertoni e Tucci (1993), afirmam que a precipitação é a água
proveniente da atmosfera que atinge a superfície terrestre e a disponibilidade de precipitação
numa bacia durante o ano é o fator determinante para quantificar, entre outros, a necessidade
82
de irrigação e abastecimento de água. Por sua capacidade de produzir escoamento, a chuva é o
tipo de precipitação mais importante para a hidrologia.
- Evaporação: em meteorologia, o termo evaporação restringe-se à mudança da água
no estado líquido para vapor devido à radiação solar e aos processos de difusão molecular e
turbulenta. Além da radiação solar, as variáveis meteorológicas que interferem na evaporação,
particularmente de superfícies livres de água, são a temperatura do ar, vento e pressão de
vapor, Tucci e Beltrame (1993).
- Escoamento Superficial: o escoamento superficial é a parcela do ciclo hidrológico
em que a água se desloca na superfície da bacia até encontrar uma calha definida. Quando a
bacia é rural e possui cobertura vegetal, o escoamento sofre a interferência desta cobertura e
grande parte dele se infiltra. O escoamento em bacias urbanas é regido pela interferência do
homem através de superfícies impermeabilizadas e sistemas de esgotos pluviais.
O escoamento superficial é, portanto, a combinação do fluxo de pequena profundidade
na superfície com escoamento em pequenos canais que constituem a drenagem da bacia
hidrográfica. A representação do escoamento em seus menores detalhes é difícil, devido à
grande variabilidade das condições físicas das bacias, Tucci (1993).
Através da aplicação dos dados na planilha de cálculo do balanço hídrico normal de
Thornthwaite & Mather (1955), elaborou-se a análise do balanço hídrico da região.
As Figuras 18, 19, 20 e 21 mostram o resultado dos dados para cada estação
meteorológica analisada dos dois períodos, tanto em uma síntese geral do balanço hídrico (1º
gráfico), mostrando o déficit e o excesso hídrico, quanto às questões de deficiência,
excedente, retirada e reposição hídrica (2º gráfico)
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
500
500
400
400
300
300
mm
mm
600
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 18 – Resultado do balanço hídrico de Manuel Viana do ano de 2005. Org: TRENTIN,R.
83
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
600
500
500
400
400
300
300
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Jan
Dez
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 19 – Resultado do balanço hídrico de Alegrete do ano de 2005. Org: TRENTIN,R.
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
600
500
500
400
400
300
300
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Jan
Dez
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 20 – Resultado do balanço hídrico de Maçambará do ano de 2005. Org: TRENTIN,R.
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
500
400
400
300
300
mm
mm
600
500
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 21 – Resultado do balanço hídrico de São Borja do ano de 2005. Org: TRENTIN,R.
De forma geral pode-se dizer que para as quatro estações meteorológicas analisadas os
resultados mostraram uma deficiência hídrica iniciando no mês de janeiro, chegando ao seu
máximo de 20 a 50 mm no mês de fevereiro e vindo a ser compensada a partir do mês de
março, onde a partir de abril ocorreu o maior excedente hídrico do ano, cerda de 200 mm,
diminuindo gradativamente até o mês de julho onde houve um equilíbrio entre déficit e
excedente. De julho a agosto ocorreu outro pico de excedente hídrico, chegando a
aproximadamente 150 mm e a partir outubro a dezembro novamente ocorreu uma diminuição
deste excedente, e terminando o ano em equilíbrio.
As Figuras 22, 23, 24 e 25 apresentam as informações referentes ao ano de 2006.
84
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
600
500
500
400
400
300
mm
mm
300
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Jan
Dez
Fev
Mar
Abr
Deficiência
Mai
Jun
Excedente
Jul
Ago
Retirada
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 22 – Resultado do balanço hídrico de Manuel Viana do ano de 2006. Org: TRENTIN,R.
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
600
500
500
400
400
300
300
mm
mm
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
200
200
100
100
0
0
-100
-100
Jan
-200
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Jun
Excedente
Jul
Ago
Retirada
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 23 – Resultado do balanço hídrico de Alegrete do ano de 2006. Org: TRENTIN,R.
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
500
400
400
300
300
mm
mm
600
500
200
200
100
100
0
0
-100
-200
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Jan
Dez
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 24 – Resultado do balanço hídrico de Maçambará do ano de 2006. Org: TRENTIN,R.
Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao
longo do ano
Síntese do Balanço Hídrico Mensal
600
600
500
400
400
300
300
mm
mm
500
200
200
100
100
0
0
-100
-100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Deficiência
Abr
Mai
Excedente
Jun
Jul
Retirada
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Reposição
Figura 25 – Resultado do balanço hídrico de São Borja do ano de 2006. Org: TRENTIN,R.
Observando-se os dados pode-se verificar que nos meses de janeiro a março,
registraram-se na maioria dos casos um déficit hídrico, de aproximadamente 50 mm, a partir
do mês de abril a agosto houve quase que um equilíbrio hídrico, com apenas alguns
85
excedentes registrados. De agosto a outubro foi registrado um pico de excedente hídrico de
aproximadamente 100 mm vindo a diminuir gradativamente até o mês de dezembro que
apresentou um pequeno déficit.
Na comparação entre os dois anos analisados observa-se que no ano de 2006, o
balanço hídrico apresentou um comportamento distinto do apresentado no ano de 2005. A
principal diferença ocorre na acentuada queda no excedente hídrico apresentado o ano de
2006 em relação a 2005. Isso se reflete devido a grande diferença de precipitação que ocorreu
durantes os anos de 2005 e 2006 onde, nos meses de abril, maio e julho de 2005 conforme
analise dos dados de precipitação das estações meteorológicas anteriormente, ocorreu um
índice de precipitação mais elevado.
Conforme Berlato e Fontana (2003), estas ocorrências geram impactos potenciais
negativos para a agricultura relacionados com a perda de rendimento de importantes culturas,
pragas e doenças, problemas de danos na pós-colheita, eficiência de pesticidas, entre outros.
4.5.4 - A questão do El Niño e La Nina e as precipitações no oeste do Rio Grande
do Sul
Fontana e Berlato (1997), com base em séries históricas de 29 estações meteorológicas
e período básico de 1913-1995, estudaram a distribuição temporal e espacial da precipitação
pluvial do Estado em anos de El Niño e La Niña comparada com a média climatológica.
Em relação à distribuição temporal, os autores mostraram que em anos de El Niño
ocorre precipitação pluvial superior à média em quase todos os meses do ano, mas com
destaque para dois períodos. O período principal é na primavera e início do verão,
especialmente em outubro e novembro do ano de início do fenômeno, com um "repique" no
final do outono e início do inverno do ano seguinte, especialmente maio e junho.
Durante La Niña, observa-se precipitação pluvial abaixo da média na maioria dos
meses do ano, com destaque para dois períodos mais ou menos coincidentes com os do El
Niño. O período de maiores anomalias negativas é também na primavera, especialmente
outubro e novembro do ano de início do fenômeno com um "repique" no outono e início do
inverno do ano seguinte. Com relação à distribuição espacial, os autores mostraram, ainda,
que os maiores impactos tanto de El Niño como La Niña na precipitação pluvial ocorrem na
região noroeste do Rio Grande do Sul.
Nas Figuras 26, 27 e 28 observa-se, claramente, que os efeitos associados ao EI Niño
são maiores na região noroeste do Rio Grande do Sul, notando-se um gradiente de anomalias
no sentido sudeste-noroeste.
86
Figura 26 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a dezembro em ano
de El Nino. Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
Figura 27 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a novembro em anos
de El Niño. Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
Figura 28 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial no mês de novembro em anos de El Niño.
Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
Nas Figuras 29, 30 e 31 observa-se que a distribuição geográfica das anomalias de
precipitação pluvial no Estado do Rio Grande do Sul em eventos La Niña é muito semelhante
àquela observada em eventos El Niño, com maiores impactos na região noroeste do Estado.
87
É importante ressaltar que a região de maiores impactos de El Niño e La Niña
(noroeste do Estado) é a região onde se concentram as culturas maiores produtoras de grãos
do Rio Grande do Sul, como são a soja, o milho e o trigo, com exceção apenas do arroz.
Por outro lado, o trimestre outubro-dezembro é crítico para a agricultura gaúcha.
Nesse período são implantadas e se desenvolvem as culturas de primavera-verão, que
representam mais de 90% da produção de grãos do Estado, as principais não irrigadas e
altamente dependentes da precipitação pluvial. Nesse trimestre também amadurecem e são
colhidas as culturas de inverno, principalmente a do trigo.
Figura 29 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a dezembro em anos
de La Niña. Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
Figura 30 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial nos meses de outubro a novembro em anos
de La Niña. Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
88
Figura 31 – Mapa mostrando anomalia média de precipitação pluvial no mês de novembro em anos de La Niña.
Adaptado de Berlato e Fontana (2003).
4.5.5 - Efeitos no déficit hídrico
Os efeitos de El Niño e La Niña na precipitação pluvial demonstrados em item
anterior se transferem às variáveis derivadas do balanço hídrico, principalmente déficit e
excesso hídricos. A Figura 32 abaixo mostra a distribuição do déficit hídrico (El Niño, neutro
e La Niña) Os déficits analisados nessas figuras ocorrem, normalmente, no final da primavera
e verão.
Observa-se que, embora ocorram déficits nas três categorias (El Niño, neutro e La
Niña), esses déficits não são muito grandes e há uma tendência geral de anos de El Niño
reduzirem significativamente os déficits hídricos, ao passo que em anos de La Niña a
tendência não é muito clara de aumento do déficit (comparação de El Niño e La Niña com o
neutro). Há também uma tendência de redução dos déficits hídricos e dos impactos de El Niño
e La Niña nessa variável no sentido oeste-leste.
Figura 32 – Disribuição do déficit hídrico associado ao El Niño, neutro e La Niña. Adaptado de Berlato e
Fontana (2003).
89
4.6 – ANÁLISE DOS SOLOS
A variedade de tipos de solos e sua distribuição espacial influenciam a eficiência dos
usos e ocupações, e a intensidade dos impactos ambientais resultantes.
A distribuição dos solos em uma área é determinada essencialmente pelos fatores e
processos de formação dos mesmos. Dentre estes fatores, deve-se dar ênfase ao material
parental, ou seja, a rocha que dará origem ao solo, o clima, que atua diretamente pela
influência da temperatura, da água e do vento, alterando os minerais das rochas, e também o
relevo, que além da formação dos solos, controla a modelagem da paisagem, afetando as
características do solo em distintas escalas e intensidades.
Jenny (1941, apud PRADO 1995) apresenta uma representação dos diferentes fatores
condicionantes na formação dos solos conforme pode ser visto na Figura 33.
Figura 33 – Esquema representativo mostrando os fatores contribuintes na formação dos solos. Fonte: PRADO,
1995
A formação do solo se dá tanto pela transformação da rocha em solo, ou sobre o
produto de alteração da mesma, quer sejam materiais remanejados saprolíticos ou produtos de
pedogênese anterior.
O clima é o conjunto habitual flutuante dos elementos físicos, químicos e biológicos
que caracterizam a atmosfera de um local e influi nos seres vivos que nele se encontram. Os
elementos do clima, cuja atuação sobre a pedogênese é mais direta são: radiação solar(calor),
precipitação pluvial(água) e a pressão atmosférica(vento). O calor influi diretamente nas
atividades das relações químicas e processos biológicos que ocorrem no perfil do solo Prado
(1995).
A água promove a ação de hidrólise onde são liberados cátions para a solução do solo,
ou a reação de hidratação dos constituintes do solo. A água excedente atua no
desenvolvimento do perfil do solo conforme sua quantidade: regiões onde a quantidade de
água excedente é grande, geralmente apresentam solos mais evoluídos (mais profundos e com
baixa atividade coloidal, pois a velocidade e intensidade dos processos pedogenéticos são
90
mais acentuadas). Por outro lado, regiões que apresentam menor quantidade de água
excedente, normalmente apresentam solos menos evoluídos (mais rasos e/ou com alta
atividade coloidal e/ou alta saturação por bases e mesmo acúmulo de carbonatos).
A água da precipitação pluvial encontra, no relevo pouco movimentado, condições
favoráveis para se infiltrar no solo, e o escoamento superficial não é tão acentuado. Por outro
lado, no relevo mais movimentado, o escoamento superficial é maior do que a infiltração
(quando ocorre similaridade no índice de precipitação pluviométrica). Além disso, o
escoamento superficial pode ser maior que a infiltração de água, se a cobertura vegetal não
protegê-lo adequadamente. Nas regiões mais úmidas, os solos que ocorrem em relevo pouco
movimentado são quase sempre mais profundos do que nas áreas declivosas. Isso pode ser
atribuído à menor erosão superficial e à maior quantidade de água infiltrada no solo mais
profundo, ocorrendo o inverso no solo mais raso.
Na posição de cota mais baixa do relevo, a má drenagem provoca acúmulo de água e,
como conseqüência, ocorre o fenômeno de redução do ferro, originando os solos gleisados.
Os organismos compreendem a microflora, a microfauna, a macroflora, a macrofauna
e o homem. Eles desempenham papel importante na diferenciação dos horizontes do solo,
pois a microflora (algas, fungos e bactérias, principalmente) e a microfauna (especialmente os
protozoários e nematóides) decompõem os restos vegetais e animais e, em conseqüência,
liberam o húmus, que é uma mistura complexa de substâncias amorfas e coloidais, Prado
(1995).
Finalmente, o homem pode agir sobre alguns atributos do solo através de certas
práticas de manejo, tais como: a drenagem, calagem, gessagem, adubação e uso de herbicidas.
O tempo é o fator de formação que define o quanto as ações do clima e dos
organismos ocorreram sobre o material de origem, em um determinado tipo de relevo. Todas
as propriedades morfológicas requerem tempo para se manifestarem no perfil do solo.
O referido processo de formação do solo condiciona uma seqüência complexa de
eventos, nos quais os processos pedogenéticos atuam, originando os diversos tipos de solo.
4.6.1 - Processos pedogenéticos
Os processos pedogenéticos (e/ou processos internos na formação de solo) resultam da
ação interdependente dos fatores de formação do solo (material de origem, relevo, clima,
organismos, tempo). Segundo SIMONSON (1959 apud PRADO 1995), os processos
pedogenéticos consideram a adição ao solo dos materiais mineral e orgânico nos estados
sólido, líquido e gasoso, a transformação, a remoção de constituintes e a translocação desses
91
materiais no perfil de solo. Na formação do solo, não ocorre um processo pedogenético
isoladamente, mas a predominância de pelo menos um deles.
Perfil do solo
O perfil do solo é o conjunto dos horizontes que abrange, verticalmente, desde a
superfície até o material originário.
Horizonte é uma seção de constituição mineral ou orgânica, geralmente paralela à
superfície do terreno, que possui propriedades geradas por processos formadores do solo, que
lhe conferem características de inter-relacionamento com outros horizontes do perfil. Os
horizontes diferenciam-se pela diversidade de propriedades resultantes da ação da
pedogênese. Camada difere de horizonte pelo fato de o conjunto de propriedades não ser
resultante, ou então pouco influenciada pela atuação dos processos pedogenéticos.
Os horizontes ou as camadas podem ser de natureza mineral ou orgânica e são assim
simbolizados: O, H, A. E. B, C, F e R. Por definição, A, E e B sempre são horizontes,
enquanto O, H, C e F qualificam horizontes ou camadas, conforme a evolução pedológica, e R
simboliza exclusivamente camada.
O horizonte, ou a camada O, caracteriza-se pelo acúmulo de matéria orgânica sobre o
solo mineral; o símbolo H é horizonte ou camada de constituição orgânica superficial ou não,
formado ou em formação, composto de resíduos orgânicos acumulados sob condições de
estagnação de água, salvo se artificialmente drenado, ou em drenagem livre, porém saturado
com água por prolongados períodos do ano.
O horizonte A mineral superficial (ou subjacente ao horizonte ou à camada O ou H) é
formado pela mistura de matéria orgânica com as frações minerais. Forma-se o horizonte E
pela remoção vertical de materiais, tais como argila, óxidos de ferro e/ou alumínio, e matéria
orgânica, por isso, sua cor é mais clara do que horizonte A.
O horizonte mineral B, que é subsuperficial, normalmente ocorre abaixo do horizonte
A ou E. O horizonte B textural é formado quando acumula subsuperficialmente a argila
removida do horizonte A. O horizonte B latossólico é caracterizado pela intensa
intemperização sem acúmulo de argila. O horizonte B é incipiente quando a intemperização e
a iluviação são reduzidas. Forma-se o horizonte B nátrico quando é elevada a saturação por
sódio no complexo de troca (T ou CTC), ou forma-se o horizonte B podzol quando há
acúmulo subsuperficial de matéria orgânica e/ou ferro e alumínio. É muito importante
registrar que o horizonte B é denominado diagnóstico de subsuperfície, porque apresenta o
92
grau máximo de desenvolvimento de cor, textura, estrutura, consistência e material
translocado (se ocorre).
O símbolo C é horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o sólum,
relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual o solo pode ou não
ter se formado, sem ou com pouca expressão de propriedades identificadoras de qualquer
outro horizonte, principalmente. O símbolo F é horizonte ou camada de material mineral
consolidado sob A, E e B, rico em - ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica,
proveniente do endurecimento irreversível da plintita, ou originado de formas de
concentração. Finalmente, R refere-se à camada mineral de material consolidado de natureza
variável.
4.6.2 - Características morfológicas do solo
As características morfológicas representam a aparência do solo no campo, sendo
visíveis a olho nú ou perceptíveis por manipulação. A sua observação no perfil é utilizada na
identificação de solos, na avaliação da capacidade de uso da terra, no diagnóstico da causa de
variação no crescimento de plantas e no diagnóstico de degradação em propriedades do solo.
As características morfológicas utilizadas na caracterização dos solos são: espessura,
cor (conforme a escala Munsell), textura, estrutura, consistência, cerosidade, porosidade,
distribuição de raízes e a transição entre os diferentes horizontes. Observa-se ainda o
ambiente onde está localizado o solo, em relação aos seguintes aspectos: relevo, drenagem,
vegetação, geologia, pedregosidade, rochosidade, erosão, uso atual e clima.
A cor do solo é uma característica facilmente perceptível e muito usada para
identificar e diferenciar solos a campo, permitindo também a avaliação de propriedades
relacionadas com a composição, aeração e drenagem do solo.
A textura do solo refere-se à proporção relativa das partículas de areia, silte e argila
que compõe a terra fina do solo (fração menor que 2mm). Essas proporções são agrupadas em
13 classes texturais (Figura 34).
93
Figura 34 – Triângulo das granulometrias com treze classes granulométricas. Fonte: LEMOS e SANTOS, 1984
No solo, as partículas das frações areia, silte e argila, juntamente com a matéria
orgânica, estão interligadas formando agregados, os quais compõem a estrutura do solo. Solos
sem estrutura (= ausência de agregados) apresentam-se na forma de grãos simples (= areia
solta) ou maciços.
De acordo com a forma dos agregados são distinguidos os seguintes tipos de estrutura:
laminar, granular e grumosa, blocos angulares e subangulares, prismática e colunar, Figura
35.
Figura 35 - Tipos de estrutura do solo: a)laminar; ba)prismática; bb)colunar; ca)blocos angulares; cb)blocos
subangulares e d)granular. Fonte: LEMOS e SANTOS, 1984
94
4.6.3 – Solos da bacia hidrográfica do Rio Itu
Os solos da região em estudo apresentam uma grande diversidade quanto aos tipos. As
características geológicas da bacia influenciam nas diferenciações dos tipos de solos ou
mesmos nas características de um mesmos solo, visto que são as rochas o material base do
desenvolvimento dos solos, a partir da identificação das respostas de alteração que cada tipo
litológico apresenta.
De maneira geral, junto ao relevo suavemente ondulado a ondulado, formam solos
profundos, relevos planos em áreas junto à drenagem, solos hidromórficos e áreas com relevo
declivosos geram solos pouco desenvolvidos.
A Figura 36, mostra o mapa com a distribuição dos tipos de solo encontrados na bacia
hidrográfica do Rio Itu.
4.6.4 - Caracterização dos tipos de solo
Conforme visualiza-se no Gráfico 08, ocorre na bacia hidrográfica do Rio Itu 9 tipos
de solos, com maior área ocupada pelos Latossolos Arenosos, seguidos pelos Nitossolos e
pela associação de Cambissolos e Neossolos Litólicos.
TIPOS DE SOLO
1,05%
18,04%
Planossolo
5,45%
11,96%
1,55%
Neossolo_Litólico
Neossolo_Quartzênico
Latossolo_Arenoso
Argissolo
Luvissolo
20,34%
2,21%
4,89%
34,51%
Nitossolo
Cambissolo_Neossolo
Plintossolo
Gráfico 08 – Distribuição das porcentagens dos tipos de solo. Org:TRENTIN,R.
95
Figura 36 – Mapa de solos da bacia hidrográfica do Rio Itu
96
ARGISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO JÚLIO DE CASTILHOS)
Os Argissolos ocupam uma área de 137.306,62 km², localizada junto aos divisores de
água da bacia hidrográfica, o que corresponde a cerca de 4,89% da área total da bacia.
Estes solos apresentam uma profundidade média (em torno de 150 cm), de coloração
avermelhada, argilosos, bem drenados e desenvolvidos a partir de rochas vulcânicas.
Apresentam um horizonte B textural, com características bem pronunciadas.
A seqüência de horizontes observadas em perfil é A, B e C, com nítido contraste entre
si, e com as seguintes características morfológicas:

Horizonte A, espesso (35 a 50 cm). A coloração normalmente é bruno escura. A
estrutura é fraca a moderada granular ou em blocos subangulares. Em geral este
horizonte, nos cortes de estrada apresenta-se esbranquiçado e endurecido, com uma
intensa atividade biológica.

Horizonte B textural, espesso (mais de 100 cm). A coloração é vermelha escura. A
estrutura é moderada a fortemente desenvolvida (na transição para o C) em blocos
subangulares, apresentando cerosidade abundante entre os agregados. Transiciona de
forma abrupta e ondulada para o horizonte C.

Horizonte C, abaixo de 150 cm é espesso (em torno de 150 cm) e constituído pelo
material de origem (basalto) profundamente intemperizado.
O Gráficos 09 mostra a distribuição das porcentagens de areia, silte e argila do
horizonte A da amostra. Predomina fração argila (fração < 0,002mm), correspondendo a
46,14% do total, enquanto a fração silte (>0,002mm a <0,031mm) corresponde a 29,88% e a
fração areia (>0,031mm a < 2mm) corresponde a 23,98% da amostra. Aplicando no triângulo
das porcentagens com as 13 classes texturais, obteve-se a classe Argila.
23,98%
Areia
46,14%
Silte
Argila
29,88%
Gráfico 09 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte A. Org: TRENTIN,R.
O Gráfico 10 apresenta a distribuição das frações areia silte e argila do horizonte B da
amostra, o que comprova o grande incremento de argila, neste horizonte, uma vez que o
97
percentual de argila passa de 46,14 do horizonte A para 73,59 no horizonte B. Aplicando no
triângulo das porcentagens com as 13 classes texturais, obteve-se a classe Muito Argilosa.
9,85%
16,56%
Areia
Silte
Argila
73,59%
Gráfico 10 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte B. Org: TRENTIN,R.
Segundo Streck et al. 2002, o termo argissolo deriva da presença de um horizonte
subsuperficial mais argiloso no perfil. Os Argissolos são solos geralmente profundos a muito
profundos bem drenados, apresentando um perfil com uma seqüência de horizontes A-Bt-C
ou A-E-Bt-C, onde o horizonte Bt é do tipo B textural contendo argila com baixa CTC.
Portanto, são solos que apresentam tipicamente um perfil com um gradiente textural,
onde o horizonte B sempre é mais argiloso em comparação aos horizontes A ou A+E.
CAMBISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMETO FARROUPILHA)
Na bacia hidrográfica do Rio Itu os Cambissolos ocorrem na porção do alto curso
sobre condições de substrato vulcânico, em associação com os Neossolos. Ocupa uma área de
506.911,10 km², o que corresponde a 18,04% da área total da bacia hidrogáfica.
Os Cambissolos são pouco profundos, apresentando um perfil pouco desenvolvido, e
muitas vezes associação com neossolos e afloramentos de blocos de rocha.
Perfil de solo é pouco espesso, com o horizonte A apresentando uma profundidade de
apenas 40cm, horizonte B incipiente, estando diretamente em contato com a rocha pouco
alterada. A rocha da base apresentando muitas disjunções horizontais, indicando porção de
base de derrame.
O Gráfico 11 mostra a distribuição das frações areia, silte e argila da amostra, sendo
que esta possui a maior porcentagem de silte, com 43,37% seguido da fração argilosa de
37,31% e a fração areia com 19,32%. Aplicando no triângulo das porcentagens com as 13
classes texturais, obteve-se a classe Franco Argilo Siltosa.
98
19,32%
37,31%
Areia
Silte
Argila
43,37%
Gráfico 11 – Distribuição das frações areia, silte a argila da amostra. Org: TRENTIN,R.
Conforme Streck et al. (2002), o termo cambissolo lembra um solo em processo
incipiente de formação. Os Cambissolos são solos rasos, apresentando no perfil uma
seqüência de horizontes A-Bi-C ou O-A-Bi-C, onde o horizonte Bi é do tipo B incipiente3. As
condições de drenagem desses solos variam de bem drenados a imperfeitamente drenados,
dependendo da posição que ocupam na paisagem. Cambissolos são solos em processo de
transformação, razão pela qual têm características insuficientes para serem enquadrados em
outras classes de solos mais desenvolvidos.
LATOSSOLOS ARENOSOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO CRUZ
ALTA)
Na bacia hidrográfica do Rio Itu foram determinados Latossolos sobre substrato
vulcânico e sobre substrato arenítico, que diferenciam-se pela composição mineralógica e
textura.
Os latossolos ocupam uma área de 969.760,64 km², e é a classe de solo que ocupa
maior área na bacia hidrográfica do Rio Itu, 34,51% da área total. Ocupando praticamente
toda porção central.
Os Latossolos são profundos (mais de 250 cm de espessura), bem drenados, porosos,
de coloração vermelha escura, apresentando o desenvolvimento de horizonte B latossólico.
A seqüência de horizontes identificadas em perfil é A, B, C com transição difusa entre
eles, com as seguintes características morfológicas:

Horizonte A espesso (mais de 50 cm). A coloração é bruno avermelhada
escura, com estrutura granular ou em blocos subangulares fracamente
desenvolvida. É friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso.
3
É um horizonte B em formação, mas com desenvolvimento de cor e estrutura suficiente para ser distinguido
dos horizontes A e C
99

Horizonte B espesso (mais de 200cm), coloração bruno avermelhada escura e
vermelha escura. A estrutura é fracamente desenvolvida em blocos
subangulares ou pequena granular com aspecto de maciça pouco coerente. É
poroso e de consistência maciça, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente
pegajoso.

Horizonte C profundo (abaixo de 250cm) e constituído de arenito
intemperizado.
O perfil de latossolo sobre substrato arenitico, apresenta-se bastante homogêneo
quanto a textura, diferenciando-se um pouco quanto a coloração. Apresentou cor mais
acinzentada no horizonte A com 70 cm de espessura e uma coloração mais avermelhada no
horizonte B.
Os Gráficos 12 e 13 mostram a pouca variação quanto a composição granulométrica
da amostra, sendo que praticamente não ocorre variação quanto as porcentagem. A
característica marcante é a grande percentagem arenosa da amostra, sendo constituída por
mais de 87% da fração areia e apenas em torno de 2 a 6% da fração silte e 6 a 10% da fração
argila. Aplicando no triângulo das porcentagens com as 13 classes texturais, obteve-se a
classe Areia.
9,39%
2,87%
Areia
Silte
Argila
87,75%
Gráfico 12 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte A. Org: TRENTIN,R.
6,64%
5,49%
Areia
Silte
Argila
87,87%
Gráfico 13 – Distribuição das frações areia, silte a argila do horizonte B. Org: TRENTIN,R.
100
Conforme Streck et al. (2002), o termo latossolo lembra solos muito profundos e
homogêneos, altamente intemperizados, apresentando no perfil uma seqüência de horizontes
A-Bw-C, onde o horizonte Bw é do tipo B latossólico.
Por serem solos muito intemperizados, têm predomínio de caulinita e óxidos de ferro,
o que lhes confere uma baixa CTC (atividade da argila <17 cmol/kg), acentuada acidez, uma
baixa reserva de nutrientes e toxidez por alumínio para as plantas, Streck et al. (2002).
LUVISSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO VIRGINIA)
Na bacia hidrográfica do Rio Itu, foram definidos os Luvissolos por apresentarem
cores mais "vivas" no horizonte B, espessura dos horizontes A+B > 80cm. Esta classe de solo
ocupa uma pequena área próxima da foz da bacia, com aproximadamente 62.170,17 km²,
cerca de 2,21% da área total da bacia hidrográfica.
Os Luvissolos são medianamente profundos, bruno amarelados, imperfeitamente
drenados, com horizonte B textural e saturação de bases alta. São formados a partir de
sedimentos de basalto.
Os Gráfico 14 e 15 mostra a distribuição das frações em superfície e a 70cm de
profundidade respectivamente, sendo que a fração argila é a fração que ocupa maior
porcentagem, com 44,97% na base e aumentando para 59,02% a 70cm de profundidade. As
frações silte e argila acabam tendo redução de porcentagem da amostra em superfície para a
amostra a 70cm, com reduções de 16,29%
para 14,88% e de 38,74% para 26,10%
respectivamente. Aplicando no triângulo das porcentagens com as 13 classes texturais, para
ambas amostas, obteve-se a classe Argila.
Distribuição das Frações
44,97%
38,74%
Areia
Silte
Argila
16,29%
Gráfico 14 – Distribuição das frações areia, silte a argila em superfície. Org: TRENTIN,R.
101
26,10%
Areia
Silte
59,02%
Argila
14,88%
Gráfico 15 – Distribuição das frações areia, silte a argila à 70cm de profundidade. Org: TRENTIN,R.
Segundo Streck et al. (2002), o termo luvissolo significa acumulação subsuperficial de
argila. Os Luvissolos são geralmente solos pouco profundos, bem a imperfeitamente
drenados, apresentando no perfil uma seqüência de horizontes A-B-C, onde o horizonte B
pode ser do tipo B textural ou B nítico. Estes solos têm alta CTC (atividade da argila
≥27cmol/kg) e alta saturação por bases (≥50%).
NEOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO GUASSUPÍ E PEDREGAL)
Na bacia hidrográfica do Rio Itu as classes de solos Neossolos são as que ocupam
13,51% da área total e ocupam grande parte da porção do alto curso do Rio Itu. Os Neossolos
Litólicos ocupam uma área de 335.921,59 km², cerca de 11,96% da área total, e os Neossolo
Quartzênico, 43.649,75 km², ou seja, 1,55% da área total.
Os neossolos são pouco desenvolvidos, rasos, bem drenados e com substrato de rocha
vulcânica.
A seqüência de horizontes no perfil é A/R, e raramente A/C, com as seguintes
características morfológicas:

Horizonte A pouco espesso (em torno de 20cm), brum avermelhado escuro,
estrutura
granular
moderadamente
desenvolvida.
É
poroso,
friável,
ligeiramente plástico e ligeiramente pedregoso. A transição para o R é abrupta.

Horizonte R, constituído pelo basalto muito pouco intemperizado.
Conforme Streck et al. (2002), o termo neossolo lembra solos novos, pouco
desenvolvidos. Os Neossolos são solos rasos, apresentando no perfil uma seqüência de
horizontes AR, ou A-C-R, ou O-R, ou H-C. São solos de formação muito recente e
encontrados nas mais diversas condições de relevo e drenagem.
Na bacia hidrográfica do Rio Itu os Neossolos foram distinguidos em: Neossolos
Litólicos quando apresentam um horizonte A assentado sobre a rocha parcialmente alterada
102
(horizonte C) ou a rocha inalterada (camada R) e Neossolos Quartzarênicos quando o
horizonte A está assentado sobre sedimentos muito arenosos (de textura areia ou areia franca,
com teor de argila ≤15%), constituídos por grãos soltos de quartzo.
NITOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO SÃO BORJA)
Esta classe de solo na bacia hidrográfica do Rio Itu ocupam uma área de
571.372,00km², o que corresponde segunda maior classe de solo da bacia hidrográfica, cerca
de 20,34% da área total, e se estende principalmente por uma faixa junto ao baixo curso do
Rio Itu.
Os nitossolos são profundos, bem drenados, vermelhos, argilosos, friáveis em toda
extensão do perfil e derivados de basalto. Não há uma grande diferenciação entre horizontes
A e B, sendo a transição gradual e difusa entre eles. Apresentam as seguintes características
morfológicas:

Horizonte A mais espesso que 40 cm, de coloração bruno avermelhada escura e
textura argilosa (em torna de 50% de argila). A estrutura é fracamente desenvolvida
em blocos subangulares. È poroso, friável, ligeiramente pegajoso. Transição gradual e
plana pra o B.

Horizonte B mais espesso que 120 cm, de coloração vermelha escura e textura argilosa
(mais de 75% de argila), a estrutura é moderadamente desenvolvida em blocos
subangulares, apresentam cerosidade moderada e pouca envolvendo os agregados.
Neste horizonte ocorrem concreções de ferro e manganês.

Horizonte C formado pelo material de origem, rochas vulcânicas, em elevado grau de
intemperização, sendo profundo e espesso, de coloração variada do cinza até o
vermelho.
De acordo com Streck et al. (2002), o termo nitossolo lembra agregados nítidos e
brilhantes no horizonte B. Os Nitossolos são solos profundos, apresentando no perfil uma
seqüência de horizontes A-B-C, onde o horizonte B é do tipo B nítico. Esses solos têm uma
aparência muito similar aos Latossolos, uma vez que possuem pouco incremento de argila
com a profundidade e transição difusa ou gradual entre os horizontes; por isso, mostram um
perfil muito homogêneo, em que é difícil distinguir os horizontes. O que distingue os
Nitossolos é o horizonte B com uma estrutura mais desenvolvida (na forma de blocos
angulares e/ou subangulares) com revestimento brilhante (cerosidade), que é característico do
horizonte B nítico. Os Nitossolos são, geralmente, solos ácidos com CTC baixa (argila de
103
atividade baixa), pelo fato de apresentarem predomínio de caulinita e óxidos de ferro na sua
constituição.
PLANOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO VACACAÍ)
O Planossolo, na bacia hidrográfica do Rio Itu, ocupa uma área de 153.221,28 km²,
cerca de 5,45% da área total, e estende-se por pequenas áreas junto ao canal principal e seus
principais afluentes e junto a foz do Rio Itu.
Os planossolos são mal a imperfetamente drenados , bastante influenciados pela
presença de água, condicionada pelo revelo, com o desenvolvimento no perfil de cores
cinzentas, características de gleização.
A seqüência de horizontes é A,B,C, com as seguintes características morfológicas:

Horizonte A apresentando um horizonte superficial bruno muito escuro ou
cinzento escuro, com estrutura fracamente desenvolvida em blocos
subangulares ou granular. A transição para o B é abrupta.

Horizonte B geralmente com cores bruno acinzentadas, com estruturas
prismática fortemente desenvolvida e cerosidade forte e abundante

Horizonte C cinzento bruno claro.
Conforme Streck et al. (2002), o termo planossolo lembra áreas planas. Os
Planossolos são solos imperfeitamente ou mal drenados, encontrados em áreas de várzea, com
relevo plano a suave ondulado. Apresentam perfis com seqüência de horizontes A-E-Bt-C,
com horizonte A geralmente de cor escura e o horizonte E de cor clara (tipo E álbico), ambos
de textura mais arenosa, com mudança súbita para o horizonte Bt (que é do tipo B plânico)
bem mais argiloso, de cor cinzenta com ou sem mosqueados vermelhos e/ou amarelos. Essa
mudança abrupta de textura dos horizontes mais superficiais (A+E) para o horizonte Bt define
uma mudança textural abrupta, pela qual se distinguem os Planossolos dos Gleissolos.
Quando o solo está seco, o horizonte Bt destaca-se pela estrutura prismática, colunar ou em
blocos, contrastando com a estrutura menos desenvolvida dos horizontes superficiais.
PLINTOSSOLOS (UNIDADE DE MAPEAMENTO DURSNAL)
Na bacia hidrográfica do Rio Itu foram definidos os Plintossolos junto as canais de
drenagem dos principais afluentes do Rio Itu, na porção de baixo curso. Este solos ocupam
uma área de 29.398,80 km², cerca de 1,05% da área total da bacia hidrográfica.
104
Os Plintossolos são medianamente profundos, gleisados, apresentando teores elevados
da fração silte nos horizontes superficiais e B argiloso. São solos mal imperfeitamente
drenados.
Segundo Streck et al. (2002) o termo plintossolo lembra a ocorrência de plintita
(segregações de ferro). Os Plintossolos são solos de drenagem moderada a imperfeita,
apresentando seqüência de horizontes A-Bf-C, quando o horizonte B é plíntico identificado
pela coloração variegada ou mosqueada característica da plintita. Esta coloração reflete a
condição de drenagem moderada ou imperfeita desses solos.
Os Plintossolos ocorrem em posições específicas da paisagem, ocupando áreas de
baixada com relevo plano, e posições de transição entre várzeas e o início das coxilhas (sopé
de coxilhas), em relevo plano a suave ondulado. Essas posições de relevo normalmente
determinam condições de saturação temporária do solo, com oscilação do lençol freático.
OUTROS TIPOS DE OCORRÊNCIAS
Também ocorrem na área, outros tipos de situações, que são os afloramentos
rochosos, que surgem geralmente na meia encosta de colinas, sendo formada principalmente
de rochas vulcânicas ou arenitos silicificados. Ocorrem ainda os Areais, constituídas de áreas
degradadas, sujeitas à erosão eólica e hídrica, geralmente ocorrem em forma de núcleos.
Os afloramentos de rochas referem-se à exposição de rochas vulcânicas do
embasamento que ocorre como afloramentos rochosos, na forma de lajeados, com delgadas
camadas de solo sobrejacente ou ainda com presença de grandes blocos de rochas formando
patamares no relevo. Na meia encosta de alguns morrotes ocorrem blocos de arenitos
silicificados, conforme visualiza-se nas Figuras 37 e 38.
Figura 37 – Fotografia de 2005mostrando afloramento de rocha de arenito coeso. Org: TRENTIN,R.
105
Figura 38 – Fotografia de 2005 mostrando afloramento de rocha de arenito coeso à meia encosta. Org:
TRENTIN,R.
Os areais são produtos dos processos de arenização de áreas com substrato de arenitos
friáveis e latossolos muito arenosos que formam campos ou núcleos de deposição. Essas áreas
são muito frágeis aos processos de dinâmica superficial, e na bacia hidrográfica do Rio Itu
ocupam uma área de 40.262,54 km².
4.7 – USO E OCUPAÇÃO DA TERRA
A ocupação do território gaúcho ocorreu em várias etapas. As reduções jesuíticas,
fundadas a partir de 1626, foram os primeiros núcleos estáveis no espaço rio-grandense. Por
volta de 1640 os jesuítas abandonaram a área e passaram para a outra margem do Rio
Uruguai. Cerca de 40 anos depois, começaram a retornar organizando a estrutura comunitária
dos Sete Povos das Missões. Estes se tornaram centros econômicos importantes, dedicando-se
à produção de erva-mate, à extração de couro e à atividades criatórias, (SECRETARIA DA
COORDENAÇÃO E PLANEJAMENTO, 2002).
No século XVIII, a estratégia adotada pela Coroa Portuguesa para garantir a posse e
defesa das terras localizadas ao sul de sua colônia foi à instalação de acampamentos militares
e a construção de fortes e presídios, bem como a distribuição de sesmarias a pessoas de
prestígio e/ou militares. Isso determinou as características da região oeste. Na região formamse diversas estâncias que, continuadamente, iam sendo estabelecidas, sobretudo pelos
militares após as repetidas incursões guerreiras. Ao correr dos anos essas antigas sesmarias de
campo transparecem, ainda, nas grandes fazendas atuais.
106
Até a metade do século XIX, desenvolveu-se no Rio Grande do Sul, em especial na
região da campanha, uma pecuária voltada à produção de charque, ciclo responsável pela
prosperidade do sul e de suas cidades.
Os açorianos vieram a partir de 1752, fixando-se em Rio Grande, Mostardas, São José
do Norte, Taquari, Santo Amaro (próximo a Rio Pardo), Porto Alegre, Santo Antônio da
Patrulha, Cachoeira do Sul e Conceição do Arroio (Osório). Durante todo o século XIX o Rio
Grande do Sul foi influenciado pelo processo de assentamento da imigração européia,
inicialmente alemã (1824), e posteriormente italiana (1875), localizadas principalmente na
região nordeste do Estado. Como resultado esta área tornou-se mais dinâmica, embora a
pecuária continuasse sendo um forte setor econômico e político.
O norte do Estado foi povoado basicamente através da expansão das áreas coloniais
alemãs e italianas, e da chegada de novos grupos étnicos. A produção diversificada das
pequenas propriedades criou uma distribuição de renda menos concentrada resultando uma
rede urbana formada por pequenos núcleos próximos entre si.
A ocupação do território rio-grandense explica, em parte, as diferenças de distribuição
da população no Estado. No sul ela está predominantemente nas cidades de porte médio,
refletindo a atividade extensiva das grandes propriedades que criaram espaços rarefeitos. Nas
regiões de pequena propriedade, em especial no norte do Estado, o parcelamento da terra
gerou uma estrutura político-administrativa mais pulverizada. Esta distribuição fundiária
resulta em maior densidade demográfica no norte em contraposição ao sul.
Os municípios que abrangem a bacia hidrográfica do Rio Itu, de forma geral tiveram
suas origem ligadas ao povoamento das Missões, pelos jesuítas que formavam povoados e
reduções. Os grandes rios da região serviam de meio de deslocamento destes povos, por isso
da localização inicial destes povos junto às margens destes rios. A tradição pela pecuária
também teve sua origem com os jesuítas nos processos de ocupação territorial junto aos
campos que se estendiam pelo oeste do Rio Grande do Sul.
4.7.1 - Campos sulinos
Os Campos sulinos ou “Bioma Pampa” foram assim nomeados pelo estudo de
prioridades para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade da Mata Atlântica e dos
Campos Sulinos do MMA/Pronabio, elaborado pela CI, ISA, WWF, IBAMA. De maneira
genérica, os campos da região Sul do Brasil são denominados como “pampa” termo de origem
indígena para “região plana”. Esta denominação, no entanto, corresponde somente a um dos
107
tipos de campo, mais encontrado ao sul do Estado do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai
e a Argentina, (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006).
Os campos constituem a base natural da cultura e da identidade riograndense,
associada desde tempos imemoriais à criação tradicional de gado. Na medida em que essa
atividade é substituída por um uso mais intensivo do espaço, esse patrimônio natural e cultural
do Rio Grande do Sul tende a desaparecer, (PILLAR, 2006).
Os campos são formações edáficas (do próprio solo) e não climáticas. À primeira
vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade, apresentando nos topos mais
planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a 1 m -, ralo e pobre em espécies, que se torna
mais denso e rico nas encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas. A mata
aluvial apresenta inúmeras espécies arbóreas de interesse comercial.
A vocação da região de Campanha está na pecuária de corte. As técnicas de manejo
adotadas, porém, não são adequadas para as condições desses campos, e a prática artesanal do
fogo ainda não é bem conhecida em todas as suas conseqüências. As pastagens são, em sua
maioria, utilizadas sem grandes preocupações com a recuperação e a manutenção da
vegetação. Os campos naturais no Rio Grande do Sul são geralmente explorados sob pastoreio
contínuo e extensivo. A pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o
estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de
distribuição dos Campos do Sul.
Outras atividades econômicas importantes, baseadas na utilização dos campos, são as
culturas de arroz, milho, trigo e soja, muitas vezes praticadas em associação com a criação de
gado bovino e ovino. No alto Uruguai e no planalto médio a expansão da soja e também do
trigo levou ao desaparecimento dos campos nativos e à derrubada das matas. Atualmente,
essas duas culturas ocupam praticamente toda a área, provocando gradativa diminuição da
fertilidade dos solos. Disso também resultam a erosão, a compactação e a perda de matéria
orgânica.
Segundo Pillar (2006), estimou-se que cerca de 4,7 milhões de hectares de campos nos
últimos 35 anos foram convertidos em lavouras e, mais recentemente, em florestas plantadas.
Desde 1970, portanto, foram completamente transformados aproximadamente um terço dos
hábitats campestres, sem falar nos campos degradados pelo cultivo, mau-manejo pecuário e
invasão de espécies exóticas.
O mais grave é que esse processo aconteceu sem que limites tenham sido até hoje
efetivamente estabelecidos e aplicados nem pelo poder público nem pela sociedade, por que:
(1) a legislação federal que protege os campos no tocante à obrigatoriedade de manter reserva
108
legal em cada propriedade é recente e, de certa forma, ainda precária, pois depende de uma
medida provisória de 2001, ainda em vigor e que tem obviamente força de lei, mas que até o
presente não foi votada pelo Congresso Nacional; (2) a legislação tem sido negligenciada, em
função da incapacidade operacional dos órgãos públicos responsáveis pelo licenciamento e
fiscalização e pela proteção à diversidade biológica; (3) políticas públicas, especialmente de
crédito, têm estimulado a conversão dos campos em outros usos; e (4) os campos estão
pobremente representados no sistema de unidades de conservação. Fica assim patente que,
comparado ao nível de proteção garantido às florestas, os campos têm sido pouco valorizados.
4.7.2 - Características do uso e ocupação da terra na área de estudo
A vegetação remanescente, nativa, recobre em geral as vertentes dos morros
testemunhos e as faixas que acompanham as margens dos arroios, sendo o de maior
intensidade, ao longo do curso do Rio Ibicuí. Já ao longo da bacia hidrográfica em estudo e as
demais bacias auxiliares, esta vegetação se restringe a vegetações arbóreas secundárias, de
menor porte.
As gramíneas se apresentam com maior freqüência, junto aos campos de estruturas
horizontais apresentando um recobrimento de baixo a médio. Intercalando-se com as
coberturas de gramíneas, ocorrem, com maior ou menor freqüência, numerosas espécies de
ervas e pequenos arbustos.
Conforme Marchiori (1995) quando os primeiros europeus chegaram ao estado,
estrutura fitossociológica dos campos era bastante diversa da que hoje conhecemos nos
chamados “campos nativos” – dominavam macegas tão altas, em grande parte da área, que
alcançavam as pernas dos gaúchos em suas montarias. Os principais herbívoros então
existentes, como as capivaras e veados, exerciam influência limitada e em áreas restritas,
como as várzeas dos rios e as periferias das matas, respectivamente. A fauna brasileira carecia
de grandes herbívoros, como nas pradarias norte-americanas.
O autor destaca ainda que embora substancialmente alterada na atualidade, as
paisagens do Rio Grande do Sul ainda permitem reconhecer com bastante precisão o seu
estado original, tal como foi encontrado pelos primeiros europeus. A característica mais
notável da região é a grande predominância de formações campestres. A vegetação silvática
restringe-se praticamente a certas encostas dos chapadões de arenito, sobretudo ao norte do
Rio Ibicuí, bem como as faixas que acompanham os principais cursos de água, tratando-se nos
dois casos, de habitat favorecidos por suprimento mais regular de água.
109
A região sudoeste do RS, que tinha como atividade predominante à criação de gado
extensiva é incorporada a partir da década de 1970, a lógica agrícola com uso sucessivo e
intensivo dos solos.
Cabe ressaltar ainda, que os solos oriundos de substrato vulcânico obtinham melhor
rendimento do que os solos sobre substrato arenítico, devido à superioridade de suas
pastagens naturais. Isso fez com que os proprietários optassem pelo arrendamento exatamente
dos solos menos aptos a atividade agrícola, o que sem dúvida incrementou a atividade erosiva.
Outra atividade que vem contribuindo fortemente para a degradação dos solos é o uso
incorreto da técnica de plantio direto. Com a implantação desta técnica, houve o aumento nas
áreas cultiváveis pelo fato da facilidade de cultivo, apresentado pelo plantio direto, mas em
decorrência a utilização desta técnica muitas vezes de forma incorreta acabou por incrementar
as áreas de ocorrência de processos de arenização e voçorocamentos.
Quanto ao plantio direto podemos destacar os principais problemas: a falta ou pouca
cobertura do solo; a falta de rotação de culturas; o controle de enxurradas e o mau manejo do
gado nas culturas de inverno. Para solucionar estes problemas, deve-se ter muito cuidado ao
aprimoramento do processo colher-semear, para evitar que o solo fique sem cobertura;
estabelecer rotação de culturas com plantas de diferentes famílias; utilização das práticas de
terraceamento e o bom manejo do gado com a lavoura, por meio do pastoreio rotativo, retirar
o gado de cima das pastagens em dias de chuva para evitar a compactação do sol, mínima
mobilização do solo para melhorar a sua estrutura, manter a conservação e reduzir a erosão.
Além disso, muitos pecuaristas da região colocam fogo nos resíduos dos pastos em
meados de agosto a fim de obterem um rebrote antecipado deste. Esta prática, além de deixar
o solo completamente exposto durante um certo período de tempo, acaba eliminando as
melhores pastagens, pois elas possuem as raízes mais superficiais que são atingidas pelo fogo.
Hoje o Sudoeste e Oeste do Rio Grande do Sul vem sofrendo a maciça implantação de
Pinus e Eucaliptos, em decorrência de transferência de indústrias de celulose para a região,
onde forte investimento internacional vem contribuindo para completo florestamento destas
espécies. Já se observa áreas com total florestamento da espécie, sem qualquer realização de
estudos ambientais da área.
Conforme Marchiori (1995), a implantação de florestas em áreas atualmente
improdutivas, como é o caso dos areais, atende, por outro lado a necessidade de destinar as
melhores terras para pastagens ou cultivos agrícolas. Cabe ressaltar, contudo, que a
fragilidade deste ecossistema não admite o emprego de métodos tradicionais de silvicultura,
como o corte raso.
110
Através da classificação da imagem de satélite LANDSAT 7 ETM+, de 03/03/2001 e
de trabalhos de campo para identificação dos tipos de uso e ocupação da terra, gerou-se o
mapa de uso e ocupação da terra da bacia hidrográfica do Rio Itu (Figura 39).
A Tabela 10 mostra a distribuição das porcentagens e suas áreas dos oito tipos de uso
e ocupação da terra individualizada na bacia hidrográfica.
Tabela 10 – Área e porcentagem dos tipos de uso da terra
Tipo de Uso
Área Urbana
Areais
Floresta
Floresta Plantada
Água
Campo
Solo Exposto
Agricultura
Área (km²)
1.371,08
40.262,54
558.423,45
5.354,79
75.400,82
1.431.406,80
558.007,86
139.644,76
Porcentagem (%)
0,05
1,43
19,87
0,19
2,68
50,94
19,86
4,97
A bacia hidrográfica do Rio Itu é caracterizada pela presença predominante de
campos, com cerca de 50% da área total. A atividade agrícola é significativa visto pela área
plantada e pelo solo exposto para o plantio. As florestas que ocupam as áreas íngremes
ocupam cerca de 20%, ocorrem, também, as florestas plantadas que situam-se junto aos areais
e ocupam uma área de 0,19%, enquanto os areais 1,43%. Ocorrem ainda com uma
relativamente muito pequena participação áreas com ocupação urbanas, o que confere um uso
e ocupação típica da atual situação do Bioma do Pampa.

Áreas Urbanas
Esta unidade de uso da terra é identificada pela presença, junto aos divisores da bacia
hidrográfica, de parte das áreas urbanas dos municípios de Santiago, no extremo leste da
bacia, junto ao alto curso do Rio Itu, e a pela cidade de Nova Esperança à nordeste da bacia.
Esta classe ocupa uma pequena área de apenas 0,05% da área total, mas é uma área de
grande preocupação ambiental, devido a forte alteração natural, em função da
impermeabilização do solo, intensa concentração populacional, grande geração de resíduos e
dejetos.
111
Figura 39 - Mapa de uso e ocupação da terra da bacia hidrográfica do Rio Itu
112

Areais
Os areais da bacia hidrográfica do Rio Itu foram definidos pelas áreas constituídas por
campos de areia sem a presença de qualquer tipo de vegetação.
Esta classe de uso da terra é a área de grande preocupação ambiental na região com
cultura agropecuária. Devido a grande fragilidade destes solos, causada pelo substrato
arenoso, apresenta significativa degradação pelos processos de dinâmica superficial Figura
40.
Figura 40 - Fotografia de 2006 mostrando areal com presença de processos de dinâmica superficial. Org:
TRENTIN,R.
Na bacia hidrográfica do Rio Itu, os areais somam uma porcentagem de 1,43% da área
total e estão localizados principalmente na porção mais ao norte, junto as nascentes do Arroio
Puitã, e em pequenas áreas ao longo da bacia sobre os substratos areníticos de origem fluvial.

Florestas
Esta classe merece grande atenção por estarem presentes em áreas que se denomina de
proteção. Isso está representado pelas matas ciliares que deveriam se estender ao longo dos
canais servindo de área de proteção, bem como nas áreas com declividades acentuadas, onde a
presença de uma cobertura vegetal arbórea condiciona um importante elemento na contenção
dos processos de dinâmica superficial.
As florestas foram definidas como a vegetação natural arbórea encontrada nas áreas de
rebordo e em declividades acentuadas Figura 41, e em menor quantidade a vegetação ciliar
que na bacia hidrográfica se encontram bastante reduzidas, estando a maioria dos cursos de
água sem qualquer vegetação ao longo dos canais Figura 42.
Esta classe de uso da terra ocupa 19,87% da área total da bacia e se concentra
principalmente na porção do alto curso junto ao rebordo do planalto onde a acentuada
declividade é um condicionante para a preservação desta.
113
Figura 41 – Imagem de satélite mostrando a presença de floresta em áreas íngremes. Fonte Google Earth de 2006
Figura 42 – Imagem de satélite mostrando a presença de floresta junto as drenagens. Fonte Google Earth de 2006
114

Florestas Plantadas
Este tipo de uso faz referencia aos plantios de espécies exóticas em áreas com
processos de arenização. Na bacia hidrográfica do Rio Itu uma área é registrada junto as
nascentes do Arroio Puitã onde, nas áreas de arenização ocorrem processo de florestamento
com Pinus, que ocupa uma área de 5.354,79 km², ou seja 0,19% da área total da bacia
hidrográfica Figura 43.
Recentemente, o plantio de árvores, em grande escala, destinado à produção de
celulose como também, numa segunda etapa, de móveis e papel, toma vulto como processo de
produção. A campanha que é caracterizada pela presença do “pampa” e por sua vocação
pecuária, está vendo seu espaço ser ocupado, em grande parte, por bosques de eucaliptos e
outras plantas exóticas.
Figura 43 - Fotografia aérea de baixa altitude de 2005 mostrando plantação de pinus sobre areal. Org:
TRENTIN,R.

Água
Essa é definida pelos cursos de água da bacia Figura 44, bem como os açudes e
afloramentos de água presentes na área. Esta classe ocupa 2,68% da área total da bacia e
maior preocupação que se deve apresentar a esta classe de uso é aos açudes e cursos de água
utilizados principalmente para irrigação de culturas, como é o caso das áreas próximas ao
baixo curso do Rio Itu onde ocorre maior presença de açudes sendo utilizados no cultivo de
arroz irrigado.
115
Figura 44 – Fotografia de 2006 mostrando o canal principal do Rio Itu, com a presença de uma pequena mata
ciliar. Org: TRENTIN,R.

Campo
Os campos foram definidos pelas áreas que apresentam cobertura vegetal de
gramíneas com alguns bosques que muitas vezes são de eucaliptos, Figura 45. A principal
atividade desta classe de uso é a criação de gado de modo extensivo sem melhorias de
pastagens, sendo que muitas vezes estes campos são denominados “campos sujos” pela
presença de uma vegetação de médio a baixo porte.
Esta classe é a que ocupa maior porcentagem na bacia hidrográfica do Rio Itu, com
50,94% da área total, e é a classe que melhor caracteriza o Bioma Pampa em suas
características naturais. O cuidado desta classe deve ser dado pela intensidade do pastoreio, ou
seja, o número de cabeça de gado por hectare de campo, principalmente em áreas de substrato
muito arenoso, o qual tem baixa capacidade de suporte.
Figura 45 – Fotografia de 2006 mostrando uso de campo com criação de gado. Org: TRENTIN,R.
116

Solo Exposto
É constituída por toda área com baixa intensidade de cobertura vegetal, sendo a
maioria destas áreas, por estarem em período de preparo para implantação de culturas.
Esta é uma classe de uso da terra ocupa uma porcentagem de 19,86% da área total e é
de grande preocupação ambiental, em decorrência de sua fragilidade e susceptibilidade aos
processos de dinâmica superficial, em decorrência da baixa ou inexistências de cobertura
vegetal que possa proteger o solo, ou ainda o uso de movimentação da camada superficial
para o preparo do solo visando a implantação de uma nova cultura o que o torna ainda mais
susceptível aos processos de dinâmica superficial como erosão.

Agricultura
Nesta classe foram inseridos os cultivos encontrados, na bacia hidrográfica, sendo
estes definidos pelas lavouras de soja e trigo, cultivos de arroz e ainda lavouras com
desenvolvimento de pastagens Figura 46.
Esta classe ocupa uma porcentagem de 4,97% da área total da bacia e a preocupação
ambiental que se deve ter é principalmente o intenso uso da terra nessas áreas que acaba
expondo frequentemente os solos aos processos erosivos.
Nestas áreas desenvolvem-se as atividades rurais como os cultivos anuais de arroz
irrigado, e principalmente a soja, e o trigo. As principais preocupações nesta área é o
desmatamento, principalmente, da mata ciliar, além do período de exposição dos solos, que
acabem por ocasionarem assoreamento dos cursos da água e alteração do regime das
drenagens.
117
Figura 46 – Imagem de satélite mostrando uso da bacia hidrográfica do Rio Itu onde pode-se visualizar áreas de
agricultura. Fonte: Google Earth de 2006.
4.8 - FEIÇÕES SUPERFICIAIS E CARACTERISTICAS AMBIENTAIS
MARCANTES
Algumas feições e características ambientais marcam a paisagem regional e definem a
ação acelerada dos processos de dinâmica superficial, o grau proteção dos solos e a
fragilidade do meio.
Dentre as feições superficiais marcantes, estão apresentados os campos de areia, as
voçorocas e as áreas com floretas nativas preservadas. No mapa da Figura 47 estão definidas,
também, as áreas de proteção permanente segundo a legislação vigente.
Processos erosivos acelerados: os campos de areias
Os campos de areia marcam uma forma acelerada de erosão dos solos e que tem
suscitado muita preocupação regional. Desenvolvem-se desde a cabeceira de drenagens
desmatadas e, principalmente, em vertentes convexadas junto à base das colinas, em geral,
associados, na meia encosta, a arenitos pouco coesos. Os areais estão associados a um
substrato de arenitos friáveis com grânulos esparsos. Forma-se pela ação hidrodinâmica das
chuvas em um solo de baixa cobertura vegetal, arenoso e friável. O vento persistente, na
região, espalha as areias ampliando os campos de areia.
118
Figura 47 – Mapa de feições superficiais marcantes da bacia hidrográfica do Rio Itu
119
A presença de areais no sudoeste do Rio Grande do Sul é provavelmente, segundo
dados de diversos autores, anterior aos primórdios da colonização e sua causa reside na
fragilidade do ecossistema. Cabe destacar, por oportuno, o testemunho do famoso médico
naturalista alemão Robert Ave-Lallemant, que se referiu ao fenômeno em sua passagem pela
região de Saicã, nas proximidades do Passo de São Simão, no ano de 1858, quando cita “as
manchas de areia branca e limpa, sem vegetação, semelhante a um deserto africano, embora
de pequena extensão”.
Apesar da origem natural, a arenização é intensificada pelo superpastoreio e pela
adoção de práticas agrícolas incompatíveis com a fragilidade do ecossistema local. A
expansão da lavoura de soja nos anos 1970, e o uso indiscriminado da mecanização, com seus
desastrosos efeitos na estrutura do solo, são fatores antrópicos responsáveis pelo agravamento
da “desertificação” no sudoeste do Rio Grande do Sul, conforme Souto (1985).
O gado, em outras palavras, exerce uma ação homogeneizadora na paisagem natural,
contribuindo para a redução populacional de numerosas espécies. Apesar de pouco
conhecidas, esta ação antrópica indireta, resultante da criação de gado, foi uma das mais
radicais intervenções na paisagem rio-grandense, principalmente se levarmos em conta a
extensão da área submetida ao processo.
A Figura 48 mostra a ocorrência de processos de arenização na bacia hidrográfica do
Rio Itu, associados ao substrato arenítico, junto a cerro de arenito.
Figura 48 – Fotografia de 2006 mostrando processo de arenização na bacia hidrográfica do Rio Itu. Org:
TRENTIN,R.
120
Processos erosivos acelerados: voçorocas
Entre as diversas formas de processos erosivos a voçoroca corresponde a um estágio
mais avançado e complexo de erosão.
Os voçorocamentos são considerados problema ambiental principalmente associado à
degradação de terras e a exportação de sedimentos para as drenagens. Além disso, interferem
diretamente na preservação de recursos hídricos, já que os sedimentos erodidos alteram a
qualidade da água e aumentam os custos para sua utilização, como também alteram as
condições hidrodinâmicas que operam no solo.
Na voçoroca atuam além da erosão superficial, diversos fenômenos como a erosão
subterrânea, solapamentos, desabamentos e escorregamentos que se conjugam aumentando o
poder destrutivo desta forma de erosão.
O processo erosivo se inicia por ravinas que evoluem para voçorocas e formam os
estágios iniciais da evolução da rede de drenagem.
Quando à rede hidrográfica, realiza uma adaptação a novas condições hidrodinâmicas,
associadas às mudanças climáticas, ou ação antrópica às cabeceiras de vales que são os
setores mais sensíveis, pois nessas áreas é que ocorrem convergências entre fluxos
superficiais e fluxos subterrâneos, ou seja, ravinas e voçorocas são canais incisivos naturais
que seguem a rede hidrográfica da região, resultando de desequilíbrios hidrodinâmicos
incrementados ou induzidos pela ação antrópica.
A água subterrânea tem um papel fundamental no desenvolvimento do processo
erosivo por voçorocas. Nos locais de afloramento do lençol freático, ocorre liquefação dos
materiais arenosos pouco coesos, que compõem os solos e os substratos com fácies de
arenitos homogêneos produzindo liquefação do material das paredes, gerando alcovas de
regressão e posteriormente tombamentos.
Os principais processos de voçorocamento na bacia hidrográfica do Rio Itu estão
associados aos substratos de arenitos friáveis, junto as cabeceiras de drenagem e algumas
vezes ocorrem associados aos areais.
As Figuras 49 e 50 pode-se visualizar a ocorrências dos processos erosivos sobre os
substratos de arenito friáveis com elevada fragilidade aos processos de dinâmica superficial.
121
Figura 49 – Imagem de satélite mostrando a ocorrência de processos de voçorrocamento sobre substrato arenito.
Fonte: Google Earth ano de 2006
Figura 50 – Fotografia aérea de baixa altitude mostrando processos de voçorrocamento
Florestas nativas e áreas de proteção
Atualmente vem aumentando a preocupação com a preservação e utilização dos
recursos naturais, principalmente em áreas com intensa fragilidade. Nesse sentido a
Constituição Federal desde 1988 traz a discussão ambiental para o âmbito dos municípios que
lhes delega o poder de atuação nas questões ambientais. A garantia do direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado para toda sociedade requer o cumprimento de leis e
normas de proteção ambiental, licenciamento e avaliação de impactos pelo poder público.
122
As APPs (Áreas de Preservação Permanente) conforme Lei Federal nº. 4.771, de
15/09/1965 (art. 1º § 2º, inciso II) são consideradas como áreas protegidas nos termos dos
arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Ao confrontar a problemática da bacia hidrográfica do Rio Itu com as legislações
pertinentes as questões do meio ambiente, foram possíveis diagnosticar a relação entre os
diferentes usos e a adequabilidade da legislação.
Os critérios foram definidos através da seguintes leis:
Lei n°. 4.771/65 alterada pelas Leis 7.803/89 e 7.875/89 - Código Florestal Brasileiro.
Art. 2°.
Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largura mínima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de
10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de
10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água
que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos)
metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de
largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a
600 (seiscentos) metros
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que
seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100%
na linha de maior declive;
Resolução CONAMA n. 302, de 20/03/2002 - Dispõe sobre APP's para reservatórios
naturais, artificiais e uso do entorno. Constitui objeto da presente Resolução o
estabelecimento de parâmetros, definições e limites para as Áreas de Preservação Permanente
de reservatório e a instituição da elaboração obrigatória de plano ambiental de conservação e
uso do seu entorno.
123
Lei Federal n° 6.766/79 de Uso e Parcelamento do Solo Urbano - Art. 3°: Em um raio
de 50 metros em torno das nascentes além das faixas de 30 metros ao longo das drenagens de
ambos os lados, conforme Código Florestal.
Código Florestal
<10
10 - 50
50
100
Nascentes (APP): 50 m ao seu redor
APP=50 m
APP=50 m
200
500 m
Córr ego
Olho d’ água
Área de Preservação 50 - 200
200 - 600
Permanente
> 600 m
30
Vegetação Nativa
Lençol Freático
Fonseca et al, 2001
Eletronorte
Representação das APPs conforme código florestal
Verificando o estabelecido em lei, em comparação com os atuais configurações da
bacia hidrográfica do Rio Itu, possibilitou-se a definição das áreas de proteção de 30 metros
ao longo dos canais de drenagem da bacia e de 50 metros ao longo do canal de 7ª ordem, uma
vez que o mesmo possui uma largura superior aos 10 metros.
Outra área definida como área de proteção pela Legislação são as área de florestas,
que são encontradas principalmente nas encostas com acentuada declividade.
Na região observa-se áreas medianamente preservadas e a maioria em recuperação
pelo não uso do solo. A dificuldade de uso do solo tem favorecido a manutenção da vegetação
arbórea em áreas com alta declividade. A cobertura vegetal atua como elemento importante na
manutenção do equilíbrio da vertente, controlando significativamente a atividade erosiva e
diminuindo a ação de movimentos de massa.
Além disso, a preservação da cobertura vegetal permite a manutenção da fauna
regional. É possível observar a grande presença de aves e registrar os bandos de bugios que
ainda resistem nessas áreas.
Quando avaliamos a vegetação ao longo do cursos d’água observa-se que, na bacia, o
uso do solo não respeita a legislação. As grandes áreas de conflito encontradas foram junto
aos cursos de água, uma vez que os limites estabelecidos como área de proteção dos cursos de
água, estão muito degradados, em grande parte, com total inexistência de mata ciliar, ao longo
destes canais. Isso tem aumentado o assoreamento dos canais de drenagem, modificando o
comportamento fluvial na região.
124
O uso dos solos nas áreas de cabeceiras de drenagem é outro fato que sucinta
preocupação. As cabeceiras de drenagem são áreas de muita fragilidade as modificações na
bacia, podendo desenvolver processos erosivos acelerados. Nessas áreas ocorrem nascentes
que apresentam risco de secar, tendo algumas já secado, o que influencia na disponibilidade
de água de toda a bacia.
4.9 – UNIDADES GEOAMBIENTAIS
Através do cruzamento dos dados dos três níveis de informações: básicas, derivadas e
auxiliares e interpretativas, da bacia hidrográfica do Rio Itu, pode-se definir 9 unidades
homogêneas do terreno. A Figura 51 apresenta a distribuição espacial das unidades
determinadas e o Quadro 01 apresenta um quadro resumo das principais características da
cada unidade.
A definição das unidades geoambientais inicia com o cruzamento do mapa litológico,
associado com informações sobre variações de temperatura e precipitação na bacia, quando
ocorrem; sobrepõem-se os mapas de drenagem e do relevo; após o mapa de solos, levando em
conta, principalmente, a ocorrência de solos rasos, profundos e os hidromórficos; desses
cruzamentos obteve-se as diferentes unidades com base nos aspectos físicos. Segue a
sobreposição das informações sobre feições superficiais e uso do solo. O Mapa Geoambiental
representa uma síntese das características físicas da área, refletindo a homogeneidade quanto
às características físicas do relevo, a ocupação e uso das áreas, o substrato geológico que
compõem solos e rochas e ainda quanto às ocorrências de formas recentes de dinâmica
superficial do relevo.
A área da bacia não apresenta variações climáticas que permitam separar em unidades
climáticas. A precipitação anual na bacia hidrográfica do Rio Itu fica em torno 1509mm com
as temperaturas média anuais variando em torno de 12 a 16°C nos meses mais frios e em
torno de 23 a 26°C nos meses mais quentes.
É importante ressaltar que a área da bacia hidrográfica do Rio Itu por apresentar-se
com característica socioeconômica essencialmente agropastoril ocorre significativo impacto
nos períodos de El Niño e La Niña, principalmente nas culturas de grãos como a soja, o milho
e o trigo, e também nas culturas de pastagens para o gado.
125
Figura 51 – Mapa de unidades geoambientais da bacia hidrográfica do Rio Itu
UNIDADES
CARACTERÍSTICAS
I
II
II
Áreas planas com
Áreas planas a
Áreas planas a
lençol freático
suavemente
suavemente
próximo da
onduladas em
onduladas em
superfície e solos
substrato arenítico
substrato vulcânico
predominantes do
solos bem
com solos
tipo Planossolos.
desenvolvidos.
profundos.
IV
Áreas planas a
levemente onduladas
em topo de colinas.
V
VI
Relevo ondulado a
Relevo ondulado a
fortemente ondulado
fortemente ondulado
substrato arenítico
substrato vulcânico
solos profundos.
solos rasos.
VII
Relevo com
declividades
superiores a 15%, e
presença de
vertentes escarpas.
VIII
IX
Uso Urbano com
significativas
modificações
fisiográficas e
fisiológicas da
Áreas com
desenvolvimento de
campos de areia.
paisagem.
Áreas
Uso para lavouras
que necessitam
POTENCIALIDADES
grande
disponibilidade de
água.
Produção
Produção
diversificada de
diversificada de
consumo direto, com
consumo direto com
uso de áreas
áreas agrícolas e
agrícolas e campos
campos com criação
com criação de gado.
de gado.
ecologicamente
Áreas favoráveis ao
uso para pecuária,
reflorestamento e,
além disso, podem
ser usados para
fruticultura com
Pode ser usado para
pecuária e frutíferas
com práticas de
manejo do solo.
Pode ser usado para
pecuária e áreas
Vegetação nativa
agrícolas com
com flora e fauna
técnicas
características.
conservacionistas.
Disponibilidades de
bens e serviços
aumentando a
qualidade de vida.
práticas de manejo.
muito específicas.
Constituem refúgio
de uma vegetação
xerofítica, que
registram condições
climáticas semiáridas do passado.
Solos rasos com
Solos rasos com
Áreas associadas às
unidades de
proteção, exigindo
necessidade quanto
FRAGILIDADES
a manutenção da
vegetação ciliar e
vazão dos cursos de
água.
Terras frágeis
Preservação de mata
risco de perda do
dependendo de
nativa junto às áreas
horizonte
intenso processo de
de maior
superficial. Deve ser
manejo (técnicas
declividade. Deve-se
evitado o pastoreio
conservacionistas)
atentar para a baixa
excessivo, bem
das áreas de lavoura
fertilidade química
como o pisoteio,
para evitar processos
dos solos quando
pois ambos afetam a
de voçorrocamento e
usado como áreas
cobertura vegetal,
arenização.
agrícolas.
favorecendo o
processo de erosão.
Terras muito frágeis
risco de perda do
Preservação de mata
nativa junto às áreas
de maior declividade
e cuidados com os
solos. Ocorrência de
processos de
ravinamento e
voçorrocamento.
horizonte
superficial, forte
acidez e baixa
disponibilidade de
nutrientes, o uso
desses solos exige
práticas
conservacionistas e
aplicação de
corretivos e
fertilizantes.
ao uso agropastoril,
Solos rasos com
risco de perda do
Intensa degradação
horizonte
ambiental, aumento
superficial. Fortes
da poluição,
declividades
colocando em risco a
podendo ocorrer
sobrevivência de
movimentos de
espécies.
queda de blocos.
com grande
fragilidade ao
desenvolvimento de
processos de
dinâmica superficial
como
voçorrocamento e
avanços dos campos
de areia.
127
O Mapa Geoambiental tem a finalidade de representar o resultado da obtenção,
análise, representação e aplicação do dados e informações do meio físico, considerando-se as
potencialidades e fragilidades naturais do terreno, bem como os perigos, riscos impacto e
conflitos decorrentes da interação entre a ação humana e o meio ambiente fisiográfico. Pode,
por isso, incorporar diferentes elementos como: bióticos, antrópicos e sócio-culturais em sua
análise e representação.
As unidades Geoambientais definidas para a bacia hidrográfica do Rio Itu foram as
seguintes:
Unidade I: esta unidade é caracterizada pela sua topografia plana, com declividades
<2% e as altitudes inferiores a 80 metros. Quanto à geologia predominam os depósitos
recentes do canal principal do Rio Itu, por serem áreas planas, junto ao canal de drenagem, o
que condiciona um desenvolvimento de solos do tipo Planossolos, mal a imperfeitamente
drenados. O uso predominante desta unidade é caracterizado pelas lavouras de arroz pela
disponibilidade de água junto as drenagem e as próprias características do solo.
Esta unidade ocupa 3,11% da área total, e a grande preocupação junto a esta área é a
preservação e/ou recuperação da mata ciliar, uma vez que com o uso do solo pelas lavouras de
arroz esta vegetação acaba sendo removida o que gera um sério problema ambiental, pois
acaba eliminando toda proteção dos cursos d’ água que passam a se tornar vulneráveis aos
processos de assoreamento e poluição com agrotóxicos e matérias oriundos destas lavouras.
Unidade II: esta unidade é caracterizada por áreas planas a suavemente onduladas.
Quanto a geologia, é definida como substratos areníticos. Os solos são bem desenvolvidos
sendo característicos os Latossolos arenosos, solos bem drenados e profundos. Junto as
drenagens onde ocorrem áreas mais planas é comum a ocorrência de Planossolos, definidos
pelas condições do relevo e drenagem. O uso típico desta unidade é uma associação de áreas
de agricultura com campos de criação de gado, podendo ainda ser observada a presença de
pequenos bosques de pinus e eucaliptus recobrindo áreas mais arenosas.
Esta unidade é a que ocupa a maior área, com 29,78% da área total, e a grande
preocupação é o uso sem cuidados com os solos, devido a este ser bastante arenoso, o que
pode vir a gerar processos de voçorrocamento e até mesmo processos de arenização. Estas
áreas podem ser utilizados com culturas de inverno e de verão, exigindo práticas
conservacionistas adequadas, como por exemplo, plantio direto intercalado com plantas
recuperadoras como aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, com terraceamento e canais
escoadouros protegidos. Os solos originados de arenito, por apresentarem maior
128
suscetibilidade à erosão, exigem práticas conservacionistas intensivas quando usados com
culturas anuais.
Unidade III: esta unidade apresenta características de relevo comuns a unidade II,
pelas suas áreas planas a suavemente onduladas, no entanto o grande diferencial entre ambas é
o substrato geológico, sendo que esta unidade encontra-se sobre o substrato vulcânico. Os
solos são bem desenvolvidos, sendo mais característicos os Nitossolos e Argissolos. Nas áreas
planas junto às drenagens, ocorre desenvolvimento de solos do tipo Plintossolos e Luvissolos.
O uso desta unidade também se caracteriza pela associação de lavouras com campos de
criação de gado, sendo comum os campos sujos, com vegetação mais vigorosa que as
encontradas na unidade II em função das características do solo.
Esta unidade ocupa a segunda maior área com 26,60% do total, e a característica
marcante é a presença junto às áreas de maior declividade da mata nativa, áreas estas que são
protegidas pela legislação. É fundamental a manutenção destas vegetações, como forma de
proteção contra os processos de dinâmica superficial. Devido à acidez e baixa fertilidade
natural, os solos exigem investimentos em corretivos e fertilizantes para alcançar rendimentos
satisfatórios, seja em campo nativo ou lavoura. Os solos podem ser utilizados com culturas de
inverno e verão, exigindo práticas conservacionistas intercalados ou consorciados com plantas
recuperadoras de solos.
Unidade IV: esta unidade apresenta as características de relevo plano a levemente
ondulado, constituindo áreas de topo de colinas, no alto curso da bacia hidrográfica. O
substrato sobre o qual esta unidade encontra-se são rochas vulcânicas do topo de planalto. Os
solos são rasos, sendo característicos os Neossolos e associações de Neossolos e Cambissolos,
pouco desenvolvidos. O uso desta unidade se caracteriza pela predominância de campos com
criação de gado.
Esta unidade ocupa 10,77% da área total e não apresenta grandes problemas
relacionados aos processos de dinâmica superficial. O que deve-se ter cuidado é a
implantação de lavouras, uma vez que por apresentarem solos muito rasos podem apresentar
dificuldades no desenvolvimento das mesmas. Os solos constituem ambientes muito frágeis,
altamente suscetíveis à erosão hídrica e eólica, razão pela qual devem ser manejados com
cautela. Nas áreas com pastagem deve ser evitado o pastoreio excessivo, bem como o
pisoteio, pois ambos afetam a cobertura vegetal, favorecendo o processo de erosão.
129
Unidade V: esta unidade caracteriza-se pelo relevo ondulado a fortemente ondulado,
com colinas associadas a cerros e morrotes. O substrato desta unidade é constituído por
arenitos e os solos são profundos sendo comum os Latossolos arenosos e junto aos cerros e
morrotes ocorrem afloramento de rochas de arenitos. Nesta unidade ocorre predomínio de
lavouras e em menor quantidade a presença de campos.
A unidade ocupa 4,92% da área total, e a preocupação desta unidade é o cuidado com
os solos arenoso susceptível a processos erosivos. Os afloramentos de rochas impedem o uso
de maquinário agrícola em algumas áreas.
Unidade VI: esta unidade é bastante semelhante a unidade V, pelas características do
relevo, ondulado a fortemente ondulado, com colinas associadas a cerros e morrotes. O que
difere é o substrato rochoso, que nesta unidade é constituída de rochas vulcânicas. Os solos
são em geral rasos característicos de uma associação de Neossolo e Cambissolo. O uso
predominante também difere, uma vez que os campos com criação de gado são os mais
observados.
Esta unidade ocupa 3,68% da área total e a preocupação desta unidade está associado a
porções de fortes declividade com afloramento de blocos de rochas vulcânicas e onde podem
ocorrer movimentos de massa se não respeitadas as áreas de preservação com manutenção das
áreas vegetadas. Devido ao relevo acidentado, forte acidez e baixa disponibilidade de
nutrientes, o uso agrícola desses solos exige práticas conservacionistas intensivas e aplicação
de elevados níveis de corretivos e fertilizantes.
Unidade VII: esta unidade caracteriza-se pelo relevo fortemente ondulado, com
presença de vertentes escarpadas, localizadas principalmente no alto curso da bacia
hidrográfica, junto às áreas de rebordo. O substrato é vulcânico do rebordo do planalto. Os
solos são rasos e bastante pedregosos, com afloramento de blocos de rochas associados ao
solo. O uso predominante de campos com associação, junto às áreas íngremes de mata nativa.
Esta unidade ocupa 19,65% da área e o que se deve dar destaque é a preservada
presença de mata nativa junto as áreas escarpada e de elevada declividade, o que contribui
com o equilíbrio da vertente.
Unidade VIII: esta unidade se caracteriza pelo uso urbano, sendo aqui destacada as
áreas urbanas de Santiago e Nova Esperança, localizadas no alto curso da bacia hidrográfica
do Rio Itu, sobre substratos vulcânicos, e solos rasos. As ocupações são caracterizadas como
de áreas residenciais principalmente de casas.
Esta unidade ocupa 0,05% da área total e deve-se dar destaque a presença das grandes
alterações ao meio que podem ser causadas pela ação antrópica, como modificações na
130
fisiografia e fisiologia da paisagem através de cortes e aterros impermeabilização de terrenos,
modificações na rede de drenagem, deposição de resíduos, etc.
Unidade IX: os areais por ser uma feição muito característica foram definidos como
uma unidade isolada. Localizados principalmente nas nascentes do Arroio Puitã, sobre o
substrato de arenitos friáveis.
Associados aos cerros ocorrem pequenas florestas plantadas de pinus e eucaliptus com
tendência à ampliação.
Esta unidade ocupa 1,45% da área total, e deve-se destacar a grande fragilidade desta
unidade gerando campos de areia muito susceptível aos processos de dinâmica superficial.
131
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A crescente preocupação que esta sendo despertada junto à sociedade, principalmente
nas últimas décadas, no que diz respeito ao uso e manejo indiscriminado dos recursos
naturais, estão fazendo com que os estudos ambientais adquiram uma grande importância,
principalmente no que se refere às questões de planejamentos e exploração destes recursos.
Dentro desta visão a Bacia Hidrográfica, tem sido vista como unidade essencial para a
elaboração deste estudo, por ser uma unidade natural e permitir a análise de entrada e saída de
elementos e neste sentido, o desenvolvimento de análise ambiental fornecem situações
concretas de interpretações.
Entre os diversos parâmetros físicos, foram analisados na bacia hidrográfica do Rio Itu
os atributos do relevo como o comprimento das vertentes, a declividade, a amplitude, a
altitude, e drenagem, além das características de uso e ocupação da terra, características do
solo, caracterização climáticas, características ambientais marcantes e áreas de proteção.
Com o uso de programas SIG e da síntese cartográfica, o presente trabalho conseguiu
definir nove unidade Geoambientais.
Devido a grande diversidade da bacia hidrográfica, a mesma necessita de um
detalhado planejamento de uso e exploração, para que possa se estabelecer uma melhor
relação entre as características naturais, com a forma de ocupação. As declividades
predominantes são médias e baixas, proporciona uma melhor forma de uso para a
agropecuária, porém este fator não deve ser o único a ser observado, pois um grande
condicionador quanto à intensidade de uso a ser empregado nesta área são os substratos
formadores dos solos e das rochas, os quais requerem os maiores cuidados quanto a análise
dos processos de dinâmica superficial.
Também não pode-se deixar de destacar a importância que se deve dar ao uso e
ocupação junto às áreas de elevada inclinação. Nestas áreas a restrição se deve a possibilidade
de ocorrência de ploblemas referentes a movimentos de massa e queda de blocos,
principalmente junto às unidades V, VI e VII, as quais registram vertentes fortemente
onduladas.
As áreas definidas como de proteção segundo a legislação vigente, são áreas que
exigem cuidados, destacando-se na bacia hidrográfica do Rio Itu, as matas ciliares, que em
algumas porções da bacia encontram-se bastante degradadas, como é o caso nas unidades II e
III. Nessas unidades o uso do solo com lavouras de arroz até a margem dos arroios contribui
para sua eliminação. As áreas de floresta nativa, associadas a áreas de elevada inclinação das
132
vertentes, apresentam-se com, relativamente, melhor grau de preservação, o que pode ser
observado na unidade VII.
Os areais que ocorrem na área de estudo são de grande fragilidade ambiental e,
portanto, deve apresentar os maiores cuidados quanto ao uso do solo. Entretanto, também
deve-se considerar que são áreas onde está registrado uma paisagem muito específica se
apresentando como um marcador de condições ambientais diversas da atual. Dessa forma, o
estudo e análise destas áreas, com relação a litologia, processos geomorfológicos, flora e
fauna é fundamental para compreensão da evolução da paisagem do Estado.
A síntese cartográfica representada pelas unidades Geoambientais é um elemento base
para o desenvolvimento de trabalhos de planejamento. Além disso, propostas de gestão devem
ter informações sobre o relevo e meio físico, permitindo estabelecer e compreender os
processos de dinâmica superficial.
As informações aqui contidas são importantes para o planejamento e manejo da bacia
hidrográfica, e visam contribuir e servir de material de apoio à tomada de decisões junto aos
municípios, além de acrescentar material cartográfico para uso da sociedade em geral e como
fonte de dados para a comunidade local conhecer o lugar onde vivem.
133
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