Jan/Mar 2015 - Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco

Propaganda
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, jan./mar. 2015
ISSN 1679-5458 (versão impressa) | ISSN 1808-5210 (versão online)
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO
REVISTA DE CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL
EDITOR CIENTÍFICO
Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos - FOP/UPE
Emanuel Dias de Oliveira e Silva - FOP/UPE
CONSULTORES CIENTÍFICOS
Ana Cláudia de Amorim Gomes - UPE
Aronita Rosenblatt - UPE
Clóvis Marzolla - USP
Cosme Gay Escoda - U. Barcelona
Eider Guimarães Bastos – UFMA
Edwaldo Dourado Pereira Júnior - UPE
Emanuel Sávio de Souza Andrade - UPE
Eduardo Studart Soares - UFC
Gabriela Granja Porto – UPE
Jair Carneiro Leão - UFPE
João Carlos Wagner - UL/RS
José Rodrigues Laureano Filho - UPE
Leão Pereira Pinto - UFRN
Lélia Batista de Souza - UFRN
Luís Augusto Passeri – UNICAMP
Luis Carlos Ferreira da Silva – UFS
Luís Guevara - U. Santa Maria ( Venezuela)
Luís Raimundo Serra Rabelo - CEUMA
Márcio de Moraes -UNICAMP
Paulo José Medeiros – UERJ
Paul Edward Maurette O’Brien (Venezuela)
Rafael E. Alcalde - University of Washington ( EUA)
Ricardo Viana Bessa Nogueira – UFAL
Ricardo José de Holanda Vasconcellos - FOP/UPE
Roger William Fernandes Moreira - FOP/UNICAMP
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
Reitor
Pedro Henrrique de Barros Falcão
Vice-Reitora
Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti
Diretor FOP
Emanuel Sávio de Souza Andrade
Vice-Diretora
Mônica Maria de Albuquerque Pontes
EDITORA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO EDUPE
Diretora
Profa. Dra. Sandra Simone Araujo
Bibliotecário - UPE
Manoel Paranhos CRB4/1384
Projeto gráfico / Diagramação
Diêgo Rogério Silva de Lira
Revisor de Português / Inglês
Angela Borges - Eveline Lopes
David Randall - Eliane Lima
Webmaster
Ricardo Moura
Endereço
Av. Agamenon Magalhães, s/n
Santo Amaro - Recife - PE / CEP 50100 - 010
Fone: (81) 3183 3724 Fax: (81) 3183 3718
O Conselho Editorial conta com vários consultores
Científicos “Ad hoc” altamente capacitados e
especializados na área de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial e áreas correlatas.
CIP Catalogação-na-Publicação
Universidade de Pernambuco
Faculdade de Odontologia de Pernambuco
Biblioteca Prof. Guilherme Simões Gomes
Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial / Universidade de
Pernambuco, Faculdade de Odontologia de Pernambuco - Vol.15, no. 1 (2015) Recife: UPE, 2015.
Trimestral
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Título abreviado: Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-fac.
1 Odontologia - Periódicos
Black - D05
CDD 617.6005
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
Sumário/Summary
REVISTA DE CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA
BUCO-MAXILO-FACIAL
v. 15, n. 1, jan./mar. 2015
editorial
5-6
Rumo aos 15 anos de existência
Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos
Artigo Original
7 - 16
Custo das hospitalizações por infecções focais dentárias em um
município do sul do Brasil
Cost of hospitalizations for dental focal infections in a city in southern
Brazil
Morgana Favetti | Andressa Raquel Spohr | Renata Zolin Flores | Tamara
Horn | Tuane Benetti | Eduardo Dickie de Castilhos | Marcos Antonio
Torriani | Tania Izabel Bighetti
17 - 20
Prevalência de cistos dentígeros na Universidade Federal do Paraná
Dentigerous cysts prevalence at Federal University of Paraná
Guilherme dos Santos Trento | Paola Fernanda Cotait de Lucas Corso |
Gabriela Dotto | Isadora Fernanda Klein | Rafaela Scariot | Delson João da
Costa
Artigo CASO CLÍNICO
21 - 26
Influência da cirurgia ortognática na harmonia facial: Série de casos
Influence of orthognathic surgery on facial harmony: Case series
Claudio Ferreira Nóia | Rafael Ortega-Lopes | Henrique Duque de Miranda
| Chaves Netto | Jaime Rodríguez Chessa | Frederico Felipe Antonio de
Oliveira Nescimento
27 - 32
Cierre de fístula buco-sinusal con injerto pediculado de la bola
adiposa de Bichat: Protocol propuesto
Closure of oroantral fistula with Bichat´s buccal fat pad: Proposed
protocol
Julierme Ferreira Rocha | Andre Lustosa de Souza | Maria del Pilar
Rodriguez Sanchez | Eduardo Dias Ribeiro | Eduardo Hochuli-Vieira
33 - 40
Correção de fratura fronto-naso-órbito-etmoidal: passos cirúrgicos
para resultado estético
Correction of fronto-naso-orbital-ethmoid fractures: surgical steps for
aesthetic outcome
Marcelo Fernandes Santos Melo | Leonardo Matos Santolim Zanettini | Luis
Felipe Lukschal | Roger Lanes Silveira | Márcio Bruno Figueiredo Amaral
41 - 44
Ferimento provocado por arma branca impactada em região
maxilofacial: Relato de caso
Injury caused by spiked stab wound in the maxillofacial region: Case
report
João Nunes Nogueira Neto | Vinícius Rio Verde Melo Muniz | Leonardo
Morais GodoyFigueiredo | Fábio Pereira de Freitas Freire | André Sampaio
Souza
45 - 50
Tratamento de mucosite em pacientes usuários de reabilitação
implante suportada: relato de caso
Treatment of mucositis in patients using implant supported
rehabilitation – case report
Fábio Andrey da Costa Araújo | Stefanny Torres dos Santos Marques |
Daniella Cristina da Costa Araújo | Fabrício Souza Landim | José Rodrigues
| Laureano Filho | Renata Cimões
Artigo NOTA TÉCNICA
51 - 54
Bloqueio intermaxilar pela técnica de fio interdental calibroso:
descrição da técnica
large wire interdental technique to intermaxillary fixation: technique note
Fabrício Moreira Serra e Silva | Anderson da Silva dos Anjos | Mateus de
Carvalho Urquiza
RESUMO TESE/DISSERTAÇÃO
55 - 56
Efeitos clínicos do extrato insaponificável de soja e abacate nas
artralgias e osteoartrites da articulação temporomandibular
Clinical effects of an avocado soybean unsaponifiable on arthralgia and
osteoarthritis of the temporomandibular joint: preliminary study
Ivson Souza Catunda | Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos | Emanuel
Sávio de Souza Andrade | Davi Felipe Neves Costa
57 - 58
Utilização de miniâncoras no tratamento da luxação recidivante
anterior do côndilo mandibular: revisão da literatura e relato de caso
Mini-anchors for use in the treatment of recurrent foward dislocation of
the condyle: literature review and case report
Edmilson Zacarias da Silva Júnior
Editorial
Rumo aos 15 anos de existência
Belmiro C. E. Vasconcelos
Editor Chefe
Prof. Associado e Livre Docente
Universidade de Pernambuco
[email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Lembro-me do início da criação da Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial em reunião na Disciplina de Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia
da Universidade de Pernambuco (FOP/UPE), Brasil, no ano 2000.
Nela estavam presentes os professores Ana Cláudia Gomes, Antonio
Caubi, Belmiro Vasconcelos, Carlos Lago, Edwaldo Dourado, Emanuel Dias, Laureano Filho, Reginaldo Inojosa e Ricardo Holanda. O
primeiro passo foi registrá-la por meio da editora da Universidade
de Pernambuco, no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBCT), em Brasília, responsável pelo registro Brasileiro
do ISSN (International Standard Serial Number). Uma espécie de
registro de identidade da revista necessária a sua implantação inicial;
registro exigido a quem deseja implementar até os dias atuais. Gostaria de agradecer à Sra. Delba Pinto que assumiu essa prerrogativa
inicial.
Nesse momento pensávamos em elaborar uma revista com fins
a atender aos professores e alunos de residência para escrever suas
experiências, à medida que, se atendia os pacientes no transcorrer do
curso. Seu primeiro número ocorreu em 2001 com textos dos professores e alunos. E assim foram feitos 300 exemplares do primeiro
número. No início os artigos tinham suas normativas, porém não
havia indexação da revista em bases de dados e seu registro no IBCT
era na forma impressa. Seu fator de impacto era localizado e dados
bibliométricos não se tinha.
Os anos se passavam e, em reuniões de editores científicos, em
especial a ocorrida em Bauru, São Paulo, foi possível se ter uma visão
do que ocorria no Brasil. Naquele momento sobre a orientação das
bibliotecárias Telma de Carvalho e Lucia Maria Costa Ramos, bibliotecárias da Universidade de São Paulo, iniciou-se um processo de
ajustes e indexação na BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia)
e, posteriormente, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) na plataforma BIREME.
Ajustes foram realizados, e o passo seguinte foi obter o ISSN
online e a criação do site. Decisão acertada, pois daí dados bibliométricos foram registrados, e o acesso à revista ocorreu de forma
exponencial, por todos os estados brasileiros.
Passos subsequentes ocorreram como registro no LATINDEX
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 5-6, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
5
Editorial
(Sistema Regional de Informação em Linha para Revistas Científicas
da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal), DOAJ (Directory
of Open Access Journals) e plataforma CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Destaca-se a implementação do domínio www.brjoms.com passo para sua internacionalização, com sua performance em inglês - BRAZILIAN JOURNAL
OF ORAL AND MAXILLOFACIAL SURGERY.
Hoje podemos ter a certeza de que o trabalho árduo sobre as
mãos de muitos valeu a pena. Indicadores traduzem esses valores
e podemos exemplificar: única revista de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial brasileira indexada nesses patamares, mais de
90.000 acessos/ano, com acessos no Brasil, América Latina, Portugal
e Espanha. Observam-se, também, acessos por países de línguas não
latinas, dado que o titulo, resumo e site estão também em inglês.
Neste ano, foi implementado uma maior capacidade de uso do
espaço virtual, de largura da banda e novo design, para facilitar o
acesso ao site e uma leitura mais agradável.
Muitas ações foram feitas, no entanto, hão de ser realizadas ainda mais. O sonho de indexá-la no portal PubMed* é uma delas. Portanto, resta-nos promover uma estratégia ainda mais audaciosa com
fins à obtenção de maiores patamares de indexação.
Um forte abraço a todos nessa construção coletiva.
*O PubMed, é desenvolvido pelo National Center for Biotechnology Information,
NCBI (em português: Centro Nacional para a Informação Biotecnológica) e mantido
pela National Library of Medicine (em português: Biblioteca Nacional de Medicina
dos Estados Unidos da América).
6
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 5-6, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Artigo Original
Custo das hospitalizações por infecções focais dentárias
em um município do sul do Brasil
Cost of hospitalizations for dental focal infections in a city in southern
Brazil
Recebido em 02/12/2014
Aprovado em 19/03/2015
Morgana Favetti
Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia
da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
Rio Grande do Sul, Brasil.
Andressa Raquel Spohr
Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia
da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
Rio Grande do Sul, Brasil.
Renata Zolin Flores
Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia
da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
Rio Grande do Sul, Brasil.
Tamara Horn
Acadêmica, Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio
Grande do Sul, Brasil.
Tuane Benetti
Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia
da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
Rio Grande do Sul, Brasil.
Eduardo Dickie de Castilhos
Doutor em Epidemiologia, Departamento de
Odontologia Social e Preventiva, Faculdade
de Odontologia da Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Marcos Antonio Torriani
Doutor em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial,
Departamento de Cirurgia Buco-MaxiloFacial, Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio
Grande do Sul, Brasil.
Tania Izabel Bighetti
Doutora em Saúde Pública, Departamento
de Odontologia Social e Preventiva,
Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do
Sul, Brasil.
Endereço para
Correspondência
Morgana Favetti
R. Alvaro Chaves, núm. 2015 , apto. 203
CEP: 96010-760 – Pelotas, RS – Brasil.
Fone: (53) 81369094
E-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Resumo
Infecções focais dentárias podem causar complicações sistêmicas e
resultar em internação hospitalar. Conduziu-se estudo descritivo de
casos de infecções focais dentárias, perfil dos pacientes internados
no Pronto-Socorro de Pelotas-RS, e estimativa dos custos dessas
internações no período de 2008/2013 com dados provenientes da
Faculdade de Odontologia da UFPel. A descrição das variáveis foi
realizada por frequências absolutas e relativas, mediana, média/desvio-padrão. A estimativa do custo foi realizada por meio da média
dos valores das Autorizações de Internações Hospitalares com CID
K04/K05, repassados pela SMS-Pel. Dos 417 registros coletados,
52,8% eram mulheres, tinham entre 18-39 anos de idade (55,9%)
e eram oriundos de Pelotas-RS (95%). A média etária foi de 25,5
anos (± 13,7 anos). Dos 417 indivíduos atendidos, 88,5% foram
medicados, prevalecendo combinações de medicamentos (67,6%).
A falta de registros foi observada para todas as variáveis, exceto
sexo. Foram identificadas 63 internações. O custo médio para o
município foi de R$ 347,67. Das urgências observadas, 6,9% eram
decorrentes de infecções focais dentárias, sensíveis a intervenções
na Atenção Básica. Considerando custos em internações de urgências odontológicas, e, sendo possível preveni-las, sugerem-se novas
abordagens sobre o tema. É necessário qualificar registros para adequado monitoramento dessa demanda, verificando seu impacto na
redução das internações.
Palavras-chave: Infecção focal dentária. Custos e análise de custo.
Hospitalização. Sistema Único de Saúde. Custos e análise de custo.
Abstract
Dental focal infections can cause systemic complications and result
in hospitalization. We conducted a descriptive case study of dental
focal infections, patients characteristics admitted to the Emergency
Room of Pelotas, and estimated costs of hospital admissions in the
period 2008/2013 with data from the School of Dentistry Federal
University of Pelotas. The description of the variables was performed by absolute and relative frequencies, median, mean and standard
deviation. The cost estimate was performed using average values of
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
7
Favetti M, et al.
Authorizations Hospitalizations with ICD K04 /
K05, provided by the SMS-Pel. Of the 417 selected records, 52.8% were women, aged between 18-39 years old (55.9%) and originating from
Pelotas (95%). Mean age was 25.5 years (± 13.7
years). Of total 417 individuals, 88.5% were prescribed, whichever drug combinations (67.6%).
The lack of records was found for all variables except sex. Were identified 63 hospitalizations. The
average cost for the city was (R$ 347.67). Of the
emergencies observed, 6.9% were due to sensitive
interventions in primary care dental focal infections. Considering costs for dental emergencies
admissions, and prevent thembeing possible, were
suggest new approaches to the topic. It is necessary to qualify records for proper monitoring of
this demand, checking its impact in reducing hospitalizations.
Key words: Dental focal infection. Referral and
consultation. Hospitalization. Health System. Costs
and Cost analysis.
Introdução
em que o tempo médio é de cerca de cinco dias, até
a resolução ou controle da infecção4.
No município de Pelotas/RS, a rede básica
de saúde bucal é constituída por 45 unidades
básicas de saúde, e as internações são feitas em
mais de um serviço. Em não havendo estudos
que apontem o significado das internações por
problemas de origem bucal para os serviços de
saúde no município, o objetivo desta pesquisa foi
descrever o perfil dos pacientes com infecções
focais dentárias e a necessidade de internação
hospitalar, além de estimar os custos que estas
representam para a rede pública de saúde do município de Pelotas/RS.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional transversal descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Parecer n0 416.751).
Foi desenvolvido em três fases de coleta de
dados relativos a:
As infecções focais dentárias são complicações 1. Casos com diagnóstico de infecção focal
dentária, no período de fevereiro de 2008 a
polimicrobianas, resultantes de alterações originadezembro de 2013, no sistema de registro
das em alguma estrutura dentária ou periodontal.
dos atendimentos da Residência em Cirurgia
Em pacientes adultos, a maior prevalência ocorre
1
e Traumatologia BucoMaxiloFacial (CTBMF)
acima dos 30 anos .
da Faculdade de Odontologia da Universidade
O diagnóstico preciso é fundamental para
Federal de Pelotas (FO-UFPel),que desenvolve
adoção da terapia adequada o mais rápido posatividades no Pronto-Socorro Municipal de
sível, impedindo, assim, o surgimento de outras
complicações, que, apesar de raras, não podem ser
Pelotas (PSMSPel)e no Hospital Universitário
descartadas, quando se considera sua morbidade.
São Francisco de Paula, da Universidade CatóliAs complicações dependem do tipo e da localizaca de Pelotas (HUSFP-UCPel);
ção do processo, da virulência dos microrganis- 2. Casos de internações que foram realizadas
mos envolvidos e do status do sistema imune do
no Serviço de Arquivo Médico e Estatística
2
hospedeiro .
(SAME) do HUSFP-UCPel e no PSMSPel: a
O protocolo de tratamento geralmente inclui
partir do acesso a prontuários, sendo que os daremoção da causa, drenagem e antibioticoterapia,
dos relativos a 2008 e 2009, coletados a partir
podendo ser realizado na rede básica de saúde. Se
dos livros mensais e de 2010 a 2013 a partir de
essas intervenções não forem feitas adequadamente,
sistema informatizado;
podem gerar uma demanda excessiva nos serviços 3. Valores repassados nas Autorizações de Interde atendimento de urgência e uso inadequado de
nações Hospitalares (AIH) com Classificação
3
antibióticos, gerando resistência . Esse agravo freInternacional de Doenças (CID) K04 (Doenquentemente remete à necessidade de internação,
ças da polpa e dos tecidos periapicais) e K05
8
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Favetti M, et al.
(Gengivite e doenças periodontais) no período
de 2008 a 2013, registrados no Setor de Regulação e Contratualização da Secretaria Municipal
de Saúde de Pelotas (SMSPel).
As variáveis de estudo foram: nome do paciente; data do atendimento; sexo; idade em anos
completos; município em que reside; prescrição de
medicação: sim (1) / não (2); abordagem cirúrgica: sim (1) / não (2); internação: sim (1) / não (2);
tempo de internação em dias; outros procedimentos realizados: sim (1) / não (2) e tipo.
A estimativa do custo de internação foi realizada por meio da média dos valores repassados
nas Autorizações de Internações Hospitalares
(AIH) com Classificação Internacional de Doenças
(CID) K04 e K05.
Foi realizado um estudo-piloto, para se identificarem possíveis problemas na ficha de coleta
como também verificar o tempo médio para a coleta dos dados de interesse.
Os dados foram coletados e armazenados em
planilhas específicas, digitadas em dois bancos independentes e validados, utilizando-se o programa
Epi Data, versão 3.1.
Para as variáveis qualitativas, foram calculadas frequências absolutas e relativas, e para as
variáveis quantitativas, a mediana, a média e o
desvio-padrão. Os resultados foram descritos e
apresentados em tabelas.
para 89 indivíduos, sendo que 60,7% se referiram a
encaminhamentos para atendimento odontológico
(Tabela 3). A falta de registros foi observada para
todas as variáveis analisadas, exceto sexo.
A partir dos dados do SAME do HUSFPUCPel e do PSMPel, foram identificadas 47 internações, sendo que, em 25 prontuários, não havia
informações sobre prescrição de medicamentos.
Nos registros das 22 internações em que havia prescrição de medicamentos, tratava-se de analgésicos,
antiinflamatórios e antibióticos.
A partir dos dados repassados pela Secretaria
Municipal de Saúde de Pelotas, foram identificadas
265 internações originadas por CID K04 (Doenças da polpa e dos tecidos periapicais) e CID K05
(Gengivite e doenças periodontais), sendo que o
valor pago para cada uma dessas internações independia dos dias que o paciente permaneceu internado. Além disso, nos valores repassados aos
serviços contratados, estavam inclusas medicações
e o material necessário para possíveis procedimentos, de acordo com o CID. O valor médio dessas
internações foi de R$ 347,67.
Resultados
A partir das fichas da Residência de (CTBMF),
foram observados 417 registros de atendimento
(Tabela 1), de um total de 6.019 fichas (6,9%), com
maior proporção de indivíduos do sexo feminino
(52,8%), na faixa etária de 18 a 39 anos (55,9%).
Eram provenientes de Pelotas/RS (95%) e foram
atendidos nos anos de 2009 e 2013 (28,8% e 27,1%
respectivamente). A idade média dos indivíduos
atendidos foi de 25,5 anos (± 13,7 anos). Foram
registradas 16 internações (Tabela 2). Dos 417 indivíduos atendidos, 88,5% foram medicados, sendo
que as combinações de medicações prevaleceram
(67,6%). Outros procedimentos foram realizados
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
9
Favetti M, et al.
Tabela 1 Número e porcentagem dos pacientes atendidos no Pronto-Socorro Municipal por causas odontológicas, segundo características sócio-demográficas. (Pelotas, 2008-2013)
VARIÁVEL
Nº
%
Feminino
220
52,8
Masculino
197
47,2
2-12 anos
71
17,0
13-17 anos
47
11,3
18-29 anos
164
39,3
30-39 anos
69
16,5
40-49 anos
34
8,2
50 anos ou mais
27
6,5
Sem informação
5
1,2
10
2,4
SEXO
FAIXA ETÁRIA
MUNICÍPIO
Capão do Leão–RS
Cerrito–RS
1
0,2
Pelotas–RS
396
95,0
São Lourenço do Sul–RS
1
0,2
Sem informação
9
2,2
ANO
2008
30
8,5
2009
124
28,7
2010
49
11,5
2011
65
15,6
2012
30
7,2
2013
113
27,1
Sem informação
TOTAL
10
6
1,4
417
100,0
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Favetti M, et al.
Tabela 2 Número e porcentagem dos pacientes atendidos no Pronto-Socorro Municipal por causas odontológicas, segundo características das intervenções realizadas. (Pelotas, 2008-2013)
INTERVENÇÕES
Nº
%
Não
395
94,8
Sim
16
3,8
Sem informação
6
1,4
Não
33
7,9
Sim
369
88,5
15
3,6
Nenhuma medicação
33
8,0
Analgésico
29
6,9
INTERNAÇÃO
MEDICAÇÃO
Sem informação
TIPO DE MEDICAÇÃO
Antiinflamatório
7
1,7
Antibiótico
41
9,8
Combinações
282
67,6
Sem informação
25
6,0
Não
373
89,5
Sim
34
8,2
Sem informação
10
2,3
Não
321
76,9
Sim
89
21,4
Sem informação
7
1,7
417
100,0
ABORDAGEM CIRÚRGICA
OUTROS PROCEDIMENTOS
TOTAL
Tabela 3 Número e porcentagem dos pacientes atendidos no Pronto-Socorro Municipal por causas odontológicas, segundo outros tipos de procedimentos realizados. (Pelotas, 2008-2013)
OUTROS TIPOS DE PROCEDIMENTOS
Nº
%
Encaminhamento para atendimento
odontológico
54
61,4
Outros procedimentos clínicos
6
6,8
Exames complementares
5
5,7
Orientações
23
26,1
TOTAL
88
100,0
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
11
Favetti M, et al.
Discussão
Os resultados do presente estudo mostraram
que os atendimentos oriundos de infecções focais
dentárias realizados no PSMPel referiram-se em
sua maior parte a adultos, moradores do município
de Pelotas, com uma leve predominância do sexo
feminino, que foram medicados e encaminhados
para assistência odontológica. Também apontaram
limitações nos registros.
Alguns estudos internacionais mostraram que,
entre a população que tem acesso a serviços odontológicos a predominância, é do sexo feminino5.
Isso poderia ser explicado em parte pelo fato de que
as mulheres teriam maior disponibilidade de tempo
para comparecer às unidades de saúde pública no
horário de funcionamento; embora a diferença aqui
detectada não seja de grande monta, o que poderia
indicar que a procura nos casos de urgência independe de disponibilidade e sim de necessidade.
As Diretrizes da Política Nacional de Saúde
Bucal foram elaboradas e propostas no ano de
20046. O município de Pelotas passou por uma série de mudanças, visando à reestruturação do modelo de assistência em saúde bucal a partir de 2012.
Isso se deu com a inserção das primeiras ESB na
ESF, inauguração do Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO) e elaboração de protocolos de referência e contra-referência7. Essas mudanças tendem a melhorar o acesso aos serviços
odontológicos, entretanto, por serem recentes,
quando se observam os dados obtidos nesta pesquisa, ainda não revelam uma melhora significativa
dos atendimentos nas UBS, visto que, nos anos de
2009, foram atendidos 124 (29,7%) e, em 2013, 113
(27,1%) casos no PSMS-Pel devido à infecção focal
dentária.
Um dos aspectos importantes deste estudo
é fazer uma reflexão sobre as hospitalizações oriundas de causas dentárias que podem ser consideradas sensíveis a cuidados ambulatoriais e/ou
evitáveis8. A Atenção Básica constitui o primeiro
nível de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pressupõe um conjunto de ações, voltadas para a
promoção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da
saúde, empre-gadas de modo individual ou cole12
tivo3. As ações desenvolvidas expressam os princípios e as diretrizes da Política Nacional de Saúde
Bucal6 que contemplam os seguintes pressupostos:
qualificação da atenção básica de maneira que tenha qualidade e seja resolutiva, articulação da rede
básica com toda a rede de serviços, integralidade
das ações, utilização da epidemiologia e informações do território para o planejamento bem como
o acompanhamento do impacto das ações por meio
de indicadores6.
As infecções de origem dentária, periapical
ou periodontal, podem ser prevenidas na Atenção
Básica por meio de educação em saúde e escovação
dental supervisionada e suas sequelas recuperadas
mediante de procedimentos restauradores e periodontais básicos, todos financiados pelo Piso da
Atenção Básica. Muitos dos casos já infectados podem ser tratados na Atenção Básica e ser resolvidos antes do agravo que determine uma internação,
contudo, quando não ocorre a intervenção adequada, esse quadro vai evoluindo, muitas vezes devido
à negligência do próprio paciente, e o agravo costuma induzi-lo a procurar as emergências, por considerar que a Atenção Básica não irá resolvê-lo9. A
dificuldade de conseguir “fichas” para atendimento,
somado ao fato de, muitas vezes, ter que ir para as
filas em madrugada para conseguir uma consulta,
faz com que a maioria da população opte por procurar o atendimento no hospital, pois acredita que,
assim, será atendido mais rapidamente. Cabe destacar que o Pronto Atendimento da FO-UFPel também atende os casos de urgência diurna, entretanto
esses dados não se incluíram na pesquisa.
O acesso aos serviços odontológicos de maneira regular ainda é restrito a uma pequena parcela
da população com percentuais que representam, em
média, 32,8%10. Ao se reportar esse percentual para
a população de Pelotas/RS a partir de estimativas
populacionais11, significa que em torno de 220.416
habitantes não têm acesso a serviço odontológico
de maneira regular, ficando os demais dependentes dos serviços de urgência. Ao se considerar que
deste total, em média 70% dependem, exclusivamente, do serviço público, os 417 casos identificados no PSMSPel representam em torno de 3 entre
1.000 habitantes do município que necessitaram de
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Favetti M, et al.
serviço de urgência, por não terem suas necessidades odontológicas resolvidas na Atenção Básica.
Atualmente o município de Pelotas/RS dispõe de 51 unidades básicas de saúde, sendo que 45
delas contemplam serviços de saúde bucal com 64
cirurgiões-dentistas e 17 auxiliares de saúde bucal12.
Considerando a média de 70% da população SUS
dependentes no Brasil, isso representa uma relação
1,1 cirurgião-dentista para cada 4.000 habitantes,
proporção próxima da estabelecida pela Política
Nacional de Atenção Básica para as Equipes de
Saúde Bucal (ESB) na Estratégia de Saúde da Família (ESF)13. Porém, se sabe que essa distribuição
não é homogênea no município, bem como suas
diretrizes têm sido incorporadas pelos profissionais
da saúde bucal, de forma a modificarem suas práticas com inserção de ações de promoção de saúde
e prevenção de doenças bem como ampliação de
ações assistenciais na Atenção Básica14.
A efetividade da Atenção Básica é de interesse
para os políticos, planejadores e gestores em saúde.
Pacientes submetidos a cuidados ambulatoriais de
qualidade deficiente se apresentarão ao sistema de
saúde novamente com doença avançada, com uso
mais frequente dos serviços de emergência, estando mais propensos a necessitar de cuidados mais
caros e com, provavelmente, resultados menos favoráveis. Os valores totais pagos pelas hospitalizações evitáveis devem ser interpretados como possibilidades de economias no sistema local de saúde
que, dirigidos para a Atenção Básica, poderiam aumentar a efetividade dos cuidados15.
Além disso, procedimentos mais complexos,
como endodontias e cirurgias periodontais, também podem ser encaminhados aos CEOs, que têm
financiamento específico16.
Sabe-se, também, que podem ocorrer internações de caráter social, ou seja, situações em que
os pacientes, embora não tenham necessidade de
internação, permanecem internados para receberem dosagem correta da medicação, bem como
alimentação adequada. É importante que seja considerado também que, além do custo para o SUS,
tem-se o custo social, isto é, o paciente que necessitou de internação e por esse motivo deixou de ir
trabalhar.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
A gestão municipal tem-se empenhado na
busca de incentivos financeiros para a organização, ampliação e reestruturação dos serviços com
a inclusão das Unidades de Pronto Atendimento
(UPA) desde 2010 e, nesse sentido, é importante a
inclusão de serviços de saúde bucal nestes espaços,
para reduzir a busca da população pelos serviços
hospitalares17. Nesse sentido, é importante a inclusão de serviços de saúde bucal nesses espaços
para atender a grande demanda de urgências odon-tológicas em horários de não funcionamento
das UBS. Com isso, espera-se uma diminuição
na procura por atendimento no PSMPel devido a
infecções focais dentárias e menos casos em que
as infecções estejam agravadas. Somado a isso, é
necessário um sistema que seja resolutivo, integral
e equânime, com uma prática preventiva e não apenas curativa, promovendo saúde, onde todos tenham acesso ao tratamento necessário.
A busca de serviços de urgência pela população através de hospitais e não pela Atenção Básica
foi observada em Belo Horizonte por Pires et al.14.
Esse aspecto merece ser investigado no município
de Pelotas, pois pode ser um dos motivos da alta
busca por atenção no Pronto-Socorro.
No acesso equitativo à saúde, ao invés da criação de demandas a partir da oferta indiscriminada
de serviços, os serviços é que precisam estruturarse a partir das exigências e dos problemas de saúde
dos cidadãos14. Este é um dos motivos do estabelecimento das Redes de Atenção à Saúde com o objetivo de caracterizar os diversos pontos de entrada
dos usuários dos serviços e organizá-los de forma
resolutiva18.
Outro aspecto a ser considerado pela SMSPel
diz respeito à contratação da prestação de serviços
para municípios da região. Embora o percentual de
indivíduos não residentes no município e que procuraram o PSMPel tenha sido de 2,9%, na transição
entre o Pacto pela Saúde e o Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP), há metas e indicadores previstos para as pactuações que devem ser
considerados; pois podem interferir nos recursos
financeiros repassados pelo nível federal ao município19.
Este estudo analisou dados relativos a um
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
13
Favetti M, et al.
período anterior à reestruturação da saúde bucal
no município de Pelotas/RS, e os resultados podem não mais representar a realidade atual. Possivelmente inserção das primeiras ESB na ESF, a
instalação do CEO e o estabelecimento de protocolos de referência e contra-referência impactaram
positivamente na diminuição das hospitalizações,
embora isso só possa ser confirmado com uma
análise mais específica e precisa dos dados relativos. Porém a mudança de modelo de atenção é
um processo, que envolve a participação da gestão,
dos profissionais e da comunidade. Os resultados
de pesquisas como esta podem contribuir com a
reorganização dos serviços, apontando, talvez, para
a ampliação do sistema, de forma a torná-lo mais
abrangente e racional.
Nesta pesquisa, as buscas em prontuários evidenciaram a precariedade das informações a exemplo do que foi apontado no estudo de Bittencourt
et al.20 em revisão de literatura de artigos publicados em revistas científicas, no período de 1984
a 2003, sobre aplicações dos dados do Sistema de
Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS). Os
autores apontaram a necessidade de maior envolvimento dos profissionais de saúde na valorização
dos registros. No presente estudo, não se encontrou nos prontuários o diagnóstico efetuado pelos
profissionais com a codificação pela CID, mas esta
apareceu nos valores repassados nas Autorizações
de Internações Hospitalares (AIH).
Estratégico para a decisão clínica e gerencial,
para o apoio à pesquisa e formação profissional,
atualmente o registro é considerado critério de
avaliação da qualidade da prestação de serviços de
saúde, sendo ponto-chave para informar acerca do
processo de trabalho. Para tal faz-se necessário ter
informações confiáveis por meio de prontuários
com qualidade do registro em saúde, mediante incentivo à sua estruturação com campos obrigatórios, de forma padronizada. Ter um sistema de informação efetivo é uma estratégia para contribuir com
a avaliação na perspectiva de promover a garantia
de qualidade dos serviços.
14
Conclusão
Os resultados deste estudo apontaram que
a maioria dos casos de procura por serviço de
emergência do PSMPel cuja motivação é por infecções focais dentárias, poderiam ser evitadas
com um adequado tratamento nas UBS. O valor
médio das internações por causas de origem dentária no período de 2008 a 2013 foi de R$ 347,67.
Considerando o montante de recursos estimado
em internações oriundas de urgência odontológica, e a capacidade de prevenir essas situações com
intervenções na Atenção Básica, sugerem-se novas
abordagens sobre o tema a fim de melhor entender
o fenômeno.
Medidas que qualifiquem o registro são
necessárias para permitir o adequado monitoramento dessa demanda por meio do preenchimento
completo e correto das fichas e prontuários de dados, facilitando, assim, o seu uso para futuras pesquisas.
Referências
1. Azenha MR, Lacerda AS, Bim AL, Caliento
R, Guzman S. Celulite facial de origem odontogênica. Apresentação de 5 casos. Rev. Cir.
Traumatol. Buco-Maxilo-Fac. 2012; 12(3):
41-48.
2. Conte Neto N, Spagnol G, Campos JADB, Gabrielli MAC, Pereira Filho VA. Infecções bacterianas da cabeça e pescoço: estudo retrospectivo. Revista Odonto 2009; 17(34): 42-48.
3. Lemos PN, Hirooka LB, Nunes SAC, Antares R,
Mestriner SF, Mestriner Junior WO. Modelo de
atenção à saúde bucal no Médio e Baixo Xingu:
parcerias, processos e perspectivas. Ciência &
Saúde Coletiva 2010; 15(supl.1): 1449-1456.
4. Weissman JS, Gatsonis C, Epstein AM. Rates
of avoidable hospitalizations by insurance status in Massachusetts and Maryland. JAMA
1992; 268: 2388-94.
5. Fernández-Mayoralas G. Rodríguez V, Rojo F.
Health services accessibility among Spanish elderly. Soc. Sci. Med. 2000; 50: 17-26.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Favetti M, et al.
Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal.
Brasília: Ministério da Saúde. 2004. 16p.
7. Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas. Supervisão de Saúde Bucal. Diretrizes da Saúde
Bucal de Pelotas. Pelotas, 2013, 97p.
8. Dias-da-Costa JS, Borba LG, Pinho MN, Chatkin M. Qualidade da atenção básica mediante
internações evitáveis no Sul do Brasil. Cad.
Saúde Pública 2008; 24(7): 1699-1707.
9. Pires MRGM, Göttems LBD, Cupertino TV,
Leite, LS, Vale, LR, Castro MA, Lage ACA,
Mauro TGS. A Utilização dos Serviços de
Atenção Básica e de Urgência no SUS de Belo
Horizonte: problema de saúde, procedimentos
e escolha dos serviços. Saúde Soc. 2013; 22(1):
211-222.
10. Camargo MBJ, Dumith SC, Barros AJD. Uso
regular de serviços odontológicos entre adultos: padrões de utilização e tipos de serviços.
Cad. Saúde Pública 2009; 25(9): 1894-1906.
11.Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de
Informática do SUS – DATASUS. Disponível
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?
ibge/cnv/poprs.def. Acesso em 5 de junho de
2014.
12.Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas. Supervisão de Saúde Bucal. Diretrizes da Saúde
Bucal de Pelotas. Pelotas, 2013, 97p.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012, 110 p.
14.Pires MRGM, Göttems LBD, Cupertino TV,
Leite, LS, Vale, LR, Castro MA, Lage ACA,
Mauro TGS. A Utilização dos Serviços de
Atenção Básica e de Urgência no SUS de Belo
Horizonte: problema de saúde, procedimentos
e escolha dos serviços. Saúde Soc. 2013; 22(1):
211-222.
15.Yuen EJ. Severity of illness and ambulatory
care-sensitive conditions. Med Care Res Rev
2004; 61:376-91.
16.Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.341/
GM, de 13 de junho de 2012. [Define os
valores dos incentivos de implantação e de
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
custeio mensal dos Centros de Especialidades Odontológicas – CEO]. Disponível em
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2012/prt1341_13_06_2012.html. Acesso
em 26 mai 2014.
17.Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n0 2.379, de 9 de setembro de
2010. [Habilita Unidade de Pronto Atendimento - UPA no Município de Pelotas – RS]. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2010/prt2739_09_09_2010.
html. Acesso em 26 mai 2014.
18.Brasil. Presidência da República. Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto n0
7.508, de 28 de junho de 2011. [Regulamenta
a Lei no 8.080 de 19 de setembro, para dispor
sobre a organização do Sistema Único de Saúde
– SUS, o planejamento da saúde, a assistência à
saúde e a articulação interfederativa, e dá outras
providências].Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/
decreto/D7508.htm. Acesso em 26 mai 2014.
19. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa. Contrato Organizativo de Ação Pública. Brasília, 2011; 50p.
20.Bittencourt AS, Camacho LAB, Leal MC. O
Sistema de Informação Hospitalar e sua aplicação na saúde coletiva. Cad. Saúde Pública
2006; 22(1): 19-30.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 7-16, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
15
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DOUTORADO E MESTRADO
EM ODONTOLOGIA
ÁREA: CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA
BUCO-MAXILO-FACIAL
Doutorado: 4 anos
Mestrado: 2 anos
Contato: [email protected]
A
Universidade de Pernambuco, através da Faculdade de Odontologia tem alcançado sucesso na sua missão de produzir Cientistas
líderes no campo da Odontologia em cuidados clínicos, ensino e pesquisa. Sua característica inovadora educacional proporciona uma educação profissional-escola sem igual.
Formar futuros cientistas com foco em Ciências Odontológicas e áreas
correlatas da saúde, com ênfase a investigação em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial é o nosso objetivo.
Esta formação é uma oportunidade única aos especialistas em Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial para aproveitar os recursos de uma
Universidade e Centro Hospitalar de referência para se qualificarem.
A área desenvolve pesquisas inovadoras, em ciências básicas ou orientadas para as necessidades do doente vislumbrando a saúde humana.
Artigo Original
Prevalência de cistos dentígeros na Universidade Federal
do Paraná
Dentigerous cysts prevalence at Federal University of Paraná
RESUMO
Recebido em 30/01/2015
Aprovado em 19/03/2015
Guilherme dos Santos Trento
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofaciais da UFPR.
Paola Fernanda Cotait de Lucas
Corso
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofaciais da UFPR.
O cisto dentígero destaca-se como o mais comum entre os cistos
odontogênicos de desenvolvimento dos ossos maxilares. Frequentemente são encontrados em exames radiográficos de rotina devido a
alterações na cronologia de erupção dentária. O tratamento dessas
lesões varia de acordo com a presença de sintomatologia dolorosa,
tamanho e proximidade com estruturas anatômicas nobres. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de cisto dentígero no
Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Universidade Federal do Paraná, entre 2008 e 2010. Durante esse período, foram avaliados 24 prontuários de pacientes com cisto dentígero. Dados, como gênero, idade, localização e forma de tratamento
da lesão, foram coletados. Os resultados mostraram predileção pelo
gênero masculino (63%), com maior incidência na segunda década
de vida (42%), estando geralmente localizado na região posterior da
mandíbula (62%). A principal forma de tratamento foi a enucleação
associada ou não à extração do elemento dentário envolvido (75%).
Todos os tratamentos mostraram-se eficazes com regressão da lesão
após acompanhamento clínico e radiográfico.
Palavras-chave: Cisto Dentígero; Patologia; Mandíbula; Epidemiologia.
Gabriela Dotto
Cirurgiã-dentista pela UFPR.
Isadora Fernanda Klein
Cirurgiã-dentista pela UFPR.
Rafaela Scariot
Professora da Residência em Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofaciais da UFPR
e Professora do Programa de Graduação e
Pós-Graduação da Universidade Positivo.
Delson João da Costa
Professor da Residência em Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofaciais da UFPR.
Endereço para
Correspondência
Universidade Federal do Paraná
Avenida LotharioMeissner, 632- Jardim
Botânico. Curitiba, Paraná, Brasil.
[email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
ABSTRACT
The dentigerous cyst stands out as the most common among odontogenic cysts development of the jaws. They are often found in routine radiographic examination due to changes in timing of tooth eruption. The treatment of these lesions varies according to the presence
of painful symptoms, size and proximity to significant anatomical
structures. The objective of this study was to evaluate the prevalence
of dentigerous cystin Surgery and Traumatology Oral and Maxillofacial at Federal University of Paraná between 2008 and 2010. During this period were evaluated 24 medical records of patients with
dentigerous cyst. Data such as gender, age, location and method of
treatment of the injury were collected. The results showed a predominance of male patients (63%), with the highest incidence in the
second decade of life (42%) and is usually located in the posterior
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 17-20, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
17
Trento GS, et al.
mandible (62%). The main form of treatment was
enucleation with or without the extraction of the
involved tooth (75%). All treatments were effective
with regression of the lesion after clinical and radiographic follow-up.
Descriptors: Dentigerous Cyst; Pathology, Mandible; Epidemiology.
INTRODUÇÃO
Dentre os cistos odontogênicos, o cisto
dentígero destaca-se como um dos mais estudados
devido às suas características clínicas e radiográficas específicas.1 É considerado o cisto mais comum
entre os cistos odontogênicos de desenvolvimento
e o segundo cisto mais prevalente2-4, respondendo
por 25,3% de todos os cistos maxilares da população brasileira.5
A formação desse cisto parece ser resultado
do acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do
esmalte e o esmalte ou entre as camadas do epitélio
reduzido do esmalte.5 A expansão do cisto é relacionada ao aumento da osmolaridade, resultado da
passagem de células inflamatórias e líquido intersticial para dentro do cisto assim como da descamação de células epiteliais provenientes da cápsula
cística para o lúmen do cisto.6
Clinicamente, os cistos dentígeros são lesões
benignas, assintomáticas, de evolução lenta sendo,
normalmente, encontrados em exames radiográficos de rotina ou devido à falha na erupção de algum elemento dental.1 Radiograficamente, caracteriza-se por uma imagem radiolúcida unilocular
bem circunscrita e margem esclerótica associada à
coroa de um dente incluso.7,8 O diagnóstico definitivo é obtido após avaliação histopatológica apresentando cápsula constituída por camada de tecido
conjuntivo com revestimento interno de fino tecido epitelial pavimentoso estratificado.9
O tratamento mais comum associado a cistos
dentígeros é a enucleação associada à extração do
elemento dental envolvido. Quando a erupção do
elemento dental pode ser considerada, este pode
ser deixado em sua posição após remoção parcial
da parede cística. Cistos dentígeros de grandes dimensões podem ser tratados através da marsupial18
ização, que permitirá a descompressão do cisto, resultando na redução do defeito ósseo. Esses cistos
podem, então, ser removidos após algum tempo,
com procedimento cirúrgico menos agressivo.10
O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil
de pacientes com cisto dentígero por meio dos dados obtidos nos prontuários no Serviço de Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Universidade Federal do Paraná.
METODOLOGIA
Um estudo retrospectivo foi conduzido com
base em prontuários de pacientes atendidos no
Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial no Departamento de Estomatologia na
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Paraná, entre os anos de 2008 e 2010,
relativos aos casos de lesões diagnosticadas como
cistos dentígeros.
Foram coletados os dados dos pacientes
(gênero e idade) e, também, os dados clínicos (localização e tratamento). A localização da lesão foi
registrada a partir da divisão da mandíbula e maxila
em região anterior – região dos dentes incisivos
e caninos bilateral - e posterior – região entre os
dentes pré-molares e molares bilateral.
Dados coletados sem confirmação de exame histopatológico ou informações insuficientes
foram excluídos da amostra.
RESULTADOS
Durante o período da pesquisa, foram diagnosticados e tratados vinte e quatro casos de cistos
dentígeros, os quais 63% são do gênero masculino
(n=15) e 37%, do gênero feminino (n=9).
A faixa etária variou de oito a quarenta e oito
anos, sendo a maioria dos casos diagnosticados e
tratados na segunda década de vida, totalizando
aproximadamente 42%. Nas terceira e quinta décadas de vida, foram encontrados quatro casos em
cada uma, apenas um caso na quarta década e cinco
casos na primeira década de vida. A idade média
encontrada foi de dezoito anos.
Quanto à localização, 62% das lesões, ou seja,
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 17-20, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Trento GS, et al.
quinze casos foram descritos na região posterior
da mandíbula. O segundo local de predileção foi
a região anterior da maxila, apresentando 29% dos
casos. Dois casos apresentavam-se localizados na
região posterior da maxila enquanto que, na região
anterior da mandíbula, nenhum cisto dentígero foi
descrito. A localização das lesões apresenta-se de
forma mais evidente associado ao terceiro molar
inferior.
Em relação ao tipo de tratamento aplicado,
observamos que, em 22 casos (92%), optou-se pela
enucleação da lesão. Desses casos, dez pacientes
tiveram associação de extração do elemento dentário envolvido. Outros tipos de tratamento de
escolha foram: marsupialização (n=1) e descompressão cística com dreno (n=1).
DISCUSSÃO
A maior prevalência de cistos dentígeros no
gênero masculino, encontrada em nosso trabalho,
pode ser evidenciada por outros autores, como Yeo
et al., em 2007.11 Além disso, Mourshed et al., 1964,
em uma análise de cento e oitenta casos de cistos
dentígeros, relatou uma proporção entre o gênero
masculino e feminino de 1.6:1,12 semelhante aos
nossos achados com essa proporção, sendo 1.7:1.
No entanto, Dias et al., em 2014, encontraram uma
proporção de praticamente 1:1 entre os gêneros13.
Em 2009, Costa14 relatou que, na maioria das
publicações, grande parte dos cistos dentígeros
são diagnosticados em pacientes com idades compreendidas entre 11 e 20 anos, concordando com
nosso estudo que apresentou uma frequência de
42% de casos na segunda década de vida. Entretanto, alguns autores referirem que é o cisto mais comum em populações pediátricas com frequências
entre 20.7% e 45%. Browneem, 1971, suspeita que
o fato de haver casos na quinta década de vida15 –
nosso estudo aponta quatro casos – deve-se ao fato
de ser um descobrimento tardio da lesão de cisto
dentígero.
Mourshed em 1964 e Shear em 1999 apresentaram dados semelhantes ao nosso estudo, ao apontar que os cistos dentígeros estão localizados com
maior frequência, na região posterior da mandíbuISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
la, seguido da região anterior de maxila.12,16 Dias et
al., em 2014, evidenciaram discreta predileção pela
mandíbula.13 Tal conclusão provavelmente está associada ao frequente envolvimento com terceiros
molares inferiores impactados, caninos superiores e,
às vezes, a dentes supranumerários superiores. No
entanto, Yeo et al., em 2007, chegaram a resultados
que mostravam a maxila levemente mais afetada que
a mandíbula, 50,9% e 49,1%, respectivamente.11
Segundo Smith e Kellman17, em 2005, o tratamento cirúrgico mais empregado ao cisto dentígero
é a enucleação do cisto e remoção do dente envolvido. Em nosso estudo, tal método de tratamento
foi aplicado em aproximadamente 92% dos casos,
sendo o método de associação mais utilizado. Em
alguns casos, observamos que o elemento dentário
pode ser preservado, quando se trata de pequenos
cistos, os quais podem ser enucleados mais facilmente. Em nosso estudo, tal técnica foi o segundo
método mais utilizado com bons resultados no
período de postergação.
Ainda, Smith e Kellman relatam que uma fase
inicial descompressiva da lesão de cisto dentígero,
aplicando a técnica de descompressão ou a de marsupialização diminuirá o tamanho do cisto e do defeito ósseo, sendo perfeitamente aplicado em casos
de cistos extensos ou em crianças em que os germens dentários permanentes podem ser lesados ou
desvitalizados, ao se realizar uma enucleação. Tal
afirmação defende dois casos de nosso estudo, pois,
após a lesão apresentar seu tamanho diminuído,
foram removidas com maior facilidade. Em nossa
experiência, observamos que essas duas técnicas
requerem maior cuidado e atenção do paciente e
profissional respectivamente para acompanhamento da evolução das lesões pela maior chance
de infecção devido à entrada de restos alimentares
e dificuldade de higienização no local. Portanto,
a técnica foi bem empregada para ambos os pacientes que apresentaram cistos extensos durante a
primeira década de vida com comprometimento de
estruturas nobres da região afetada.
Até o presente momento, não encontramos
registros de recidiva em nenhum dos casos estudados nesta pesquisa.
Podemos destacar o segundo maior número de
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 17-20, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
19
Trento GS, et al.
casos das lesões encontrar-se na primeira década de
of extensive dentigerous cysts. Br. Dent. J.
vida, o que muitos relatos afirmam ser raro. Apesar
2005;198(4):203-6.
da pequena amostra estudada, os tratamentos pre- 9. Domingues AM, Gil JN. Cistos odontogênicosconizados têm apontado para índices satisfatórios
intra-ósseos-Diagnóstico e tratamento. Livraria
de sucesso a logo prazo.
Santos Editora Com. Imp. Ltda., 2007.
10.Bataineh AB, Rawashdeh MA, AlQudah MA.
TheprevalenceofinflammatoryanddevelopCONCLUSÕES
mentalodontogeniccystsin a JordanianpopulaObservamos perfil epidemiológico semelhante
tion: a clinicopathologicstudy. Quintessence
a outros autores, com predileção dos cistos dentígeInt2004; 35: 815–819.
ros pelo gênero masculino, região posterior de 11.Yeo JF, etal.Clinicopathologicalstudyofdentimandíbula e tratamento mais comum sendo a enugerouscystsinSingaporeandMalaysia. Malaysian
cleação. Entretanto, encontramos maior incidência
J Pathol 2007; 29(1): 41-47.
do aparecimento dessas lesões em pacientes na 12.Mourshed F. A roentgenographic study of densegunda década de vida, diferente da maioria dos
tigerous cysts: III. Analysis of 180 cases. Oral
resultados encontrados anteriormente.
Surg Oral Med Oral Pathol1964; 18: 66-73.
13.Dias D, et al. PerfilEpidemiológico de pacientescom diagnostic de quistoodontogêniREFERÊNCIAS
coemumauniversidade de odontologia. Rev
1. Neville BW, et al. Patologia oral e maxilo-facial.
Port Estomatolog Med Dent Cir Maxilofac.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, p.
2014; 55(4):238-42.
590-593.
14.Costa PS. Estudo da incidência de cistos od2. Falkinhoff P, Amer M. Dentigerouscystontogênicoshistopatologicamente diferenciasinchildren. Int J Oral MaxillofacSurg
dos numa população portuguesa [dissertação].
1999;28:36.
Porto: Universidade do Porto. 2009.
3. Regezi JA, Sciubba J. Oral Pathology: Clinical- 15.Browne RM. Metaplasia and degeneration in
PathologicCorrelations. 2nd ed. Philadelphia,
odontogenic cysts in man. J Oral Pathol 1971;
PA: WB Saunders, 1993:326-32.
1: 145-8.
4. Tsukamoto G, Sasaki A, Akiyama T, et al. A 16.Shear M. Cistos da Região Bucomaxilofacial.
radiologicanalysisofdentigerouscystsandodon3rd ed. São Paulo, Brazil: Livraria Santos Editogenickeratocystsassociatedwith a mandibular
tora, 1999.
third molar. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 17.Smith JL, Kellman RM. Dentigerous cyst preOral RadiolEndod 2001;91:743-7.
senting as a head and neckinfections. Otolar5. Grossmann SM, Machado VC, Xavier GM, et
yngol Head Neck Surg. 2005; 133(2): 715-7.
al. Demographicprofileofodontogenicandselectednonodontogeniccystsin a Brazilianpopulation. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral
RadiolEndod 2007;104:35-41.
6. Ziccardi B, Egglesten TI, Schneider RE. Using
fenestration technique to treat a large dentigerous cyst. J Am Dent Assoc 1997;128:201-5.
7. Safira LC, Paim JM, Carneiro Jr B, Queiroz CS,
Oliveira TB, Ramalho LP, et al. Cisto dentígero em mandíbula: relato de caso clínico. R. Ci.
méd. biol. 2009;8(2):225-9.
8. Motamedi MH, Talesh KT. Management
20
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 17-20, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Artigo Caso Clínico
Influência da cirurgia ortognática na harmonia facial: Série
de casos
Influence of orthognathic surgery on facial harmony: Case series
Resumo
A cirurgia ortognática é uma opção terapêutica viável no tratamento
daqueles pacientes que apresentam deformidades dento-esqueléticas.
De acordo com a literatura, esse procedimento cirúrgico possibilita
aos pacientes resultados funcionais e estéticos, proporcionando mudanças significativas na vida destes. Sendo assim, este trabalho teve
por objetivo relatar uma série de casos de pacientes submetidos à
cirurgia ortognática, cujos resultados pós-operatórios demonstram
uma importante melhora na harmonia facial destes, o que vem a confirmar que esse procedimento é um importante instrumento de mudança na vida dos pacientes, possibilitando uma convivência normal
destes em sociedade.
Palavras-chave: Deformidade. Cirurgia ortognática. Morbidade.
Recebido em 04/02/2015
Aprovado em 25/03/2015
Claudio Ferreira Nóia
Doutor em CTBMF pela Unicamp, Professor
da Uniararas/SP e Ciodonto/RO.
Rafael Ortega-Lopes
Doutor em CTBMF pela Unicamp,
Coordenador do curso de aperfeiçoamento
em Implantodontia da APCD Piracicaba.
Henrique Duque de Miranda Chaves
Netto
Doutor em CTBMF pela Unicamp, Professor
da UFJF.
Jaime Rodríguez Chessa
Doutor em CTBMF pela Unicamp, Professor
da USMP/Peru.
Frederico Felipe Antonio de Oliveira
Nescimento
Doutor em CTBMF pela Unicamp, Preceptor
da Residência de CTBMF do HBDF.
Endereço para
Correspondência
Cláudio Ferreira Nóia
Av. 10, número 2230 (Res. Portal da Itália,
bloco Milão, apart 412), Jardim Claret, Rio
Claro-SP. CEP: 13503-200.
Tel: 19 983239526.
E-mail - [email protected],
[email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Abstract
The orthognathic surgery is a viable therapeutic option in the treatment of those patients who have dental-skeletal deformities. According to the literature, this surgical procedure allows the functional and
aesthetic results patients, providing significant changes in their lives.
Thus, this study aimed to report a case series of patients undergoing
orthognathic surgery whose postoperative results show a significant
improvement in facial harmony of the same, which confirms that
this procedure is an important tool change in the lives of patients,
allowing a normal coexistence of these patients in society.
Key Words: Deformity. Orthognathic surgery. Morbidity.
Introdução
A preocupação com a saúde e beleza sempre fizeram parte do
cotidiano da população. Desde os tempos primórdios, os seres humanos têm buscado formas para melhorar sua aparência, mesmo que inicialmente isso fosse de uma forma bastante precária e rudimentar1-3.
Com o passar dos anos, o desenvolvimento de novas pesquisas proporcionou o surgimento de novas tecnologias e novas técnicas cirúrgicas,
vindo a possibilitar aos pacientes resultados extremamente benéficos
nos dias de hoje, tanto em termos de função quanto de estética1-5.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 21-26, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
21
Nóia CF, et al.
Nesse sentido, a cirurgia ortognática é uma
opção terapêutica viável no tratamento daqueles
pacientes que apresentam deformidade dento-esqueléticas, possibilitando o alcance de resultados
funcionais, ao mesmo tempo em que proporciona,
também, uma harmonia facial satisfatória3,6-7. Este
procedimento cirúrgico tem-se mostrado extremamente eficiente, vindo a ser aplicado na correção
das mais diversas deformidades dento-faciais encontradas na população, sendo motivo de estudos
nas mais diversas partes do mundo3,7-10.
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho
foi relatar casos clínicos de pacientes tratados com
cirurgia ortognática pela Área de Cirurgia Bucomaxilofacial da FOP/Unicamp, procurando enfatizar a importância desse procedimento na melhora
da harmonia facial.
Relato de Casos
Caso 1
Paciente J. R. L., gênero feminino, 19 anos
de idade, com queixa de excesso de mandíbula e
dificuldade de alimentação. Durante análise facial,
pode-se observar que ela apresentava perfil facial
classe III devido à deficiência ântero-posterior de
maxila e prognatismo mandibular.
O planejamento envolveu a realização de
cirurgia ortognática, sendo realizado avanço e intrusão de maxila com giro do plano oclusal no sentido horário e recuo de mandíbula, resultando em
correção da deformidade esquelética apresentada
pela paciente, ao mesmo tempo em que se obteve
excelente resultado em termos de harmonia facial,
possibilitando uma melhora na qualidade de vida
desta (Figura 1).
22
Figura 1 Aspecto facial pré-operatório: Observe a inexistência de harmonia entre os terços da face bem como o
prognatismo mandibular e deficiência anteroposterior de
maxila. Aspecto facial pós-operatório: Observe a melhora da
harmonia facial bem como a existência de harmonia entre os
terços da face.
Caso 2
Paciente R. J. gênero feminino, 18 anos de
idade, queixa-se do fato de não gostar do seu rosto
e ser vítima de discriminação em locais públicos.
Na análise facial, pode-se notar que ela apresenta
perfil facial classe II, com excesso vertical de maxila que resulta em exposição gengival e deficiência
anteroposterior de mandíbula.
O planejamento envolveu a realização de cirurgia ortognática, sendo realizado avanço e intrusão
de maxila com giro do plano oclusal no sentido
anti-horário e avanço de mandíbula, resultando na
correção da deformidade esquelética apresentada
pela paciente bem como uma significativa melhora
na harmonia facial, possibilitando à paciente um
convívio normal em sociedade (Figura 2).
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 21-26, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Nóia CF, et al.
Figuras 3 Aspecto pré e pós-operatório da paciente
submetida à cirurgia ortognática. Observe o significativo avanço mandibular, resultando em melhora respiratória e na estética facial da paciente.
Caso 4
Paciente P. R., gênero masculino, 35 anos de
idade, queixava-se de dificuldade de alimentação,
respiração e deficiência de mandíbula. Na análise
facial, podemos constatar que ele apresentava um
perfil facial classe II devido a retrognatismo manFiguras 2 Aspecto pré-operatório: Observe que o ex- dibular acentuado, resultando em aparência facial
cesso vertical de maxila resulta em exposição gengival em envelhecida.
repouso,e que a paciente apresenta ainda um retrognatismo
O planejamento realizado envolveu a realizamandibular. Aspecto pós-operatório: Observe a mudança
proporcionada pela cirurgia ortognática, de forma a propiciar ção de avanço de mandíbula por meio da técnica de
a correção da deformidade esquelética, ao mesmo tempo em
osteotomia sagital bilateral, resultando em melhora
que possibilita uma harmonia facial adequada.
da oclusão, respiração, bem como uma melhora na
harmonia facial, de forma a deixar a face do paCaso 3
ciente com traços mais masculinos, ao mesmo temPaciente C. R. A., gênero feminino, 33 anos po em que rejuvenesceu sua aparência e melhorou
de idade, com queixa de dificuldade de respiração sua autoestima (Figura 4).
e deficiência de mandíbula. Durante análise facial,
podemos notar que ela apresentava perfil facial
classe II devido ao retrognatismo mandibular, o
que veio a causar sua dificuldade respiratória.
O plano de tratamento envolveu a realização
de cirurgia ortognática, sendo executado avanço
de mandíbula por meio da técnica de osteotomia
sagital bilateral, proporcionando melhora da respiração, aumento do comprimento mento-cervical
bem como uma importante melhora na harmonia
facial da paciente, resultando em uma aparência
mais juvenil e uma melhora na sua autoestima
(Figura 3).
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 21-26, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
23
Nóia CF, et al.
Figuras 4 Aspecto pré e pós-operatório do paciente submetido à cirurgia ortognática. Note que o avanço mandibular proporcionou traços faciais do gênero
masculino e uma consequente melhora da estética do
paciente.
Discussão
Os benefícios da cirurgia ortognática no
tratamento daqueles pacientes que apresentam
deformidades dento-esqueléticas são extremamente fundamentados nos dias de hoje. Os estudos demonstram que esses benefícios vão desde
a melhora da oclusão, mastigação, fonação, respiração, sintomatologia dolorosa em articulação
têmporo-mandibular, estética facial até mesmo a
inserção de indivíduos no convívio em sociedade,
tornando esse procedimento um importante instrumento na melhora da qualidade de vida de
muitos pacientes3-5,7,11-15.
Nesse sentido, os casos clínicos relatados no
presente trabalho vão ao encontro dos benefícios
proporcionados pela cirurgia ortognática. Antes
da realização da cirurgia, esses pacientes relatavam
dificuldade de convivência em sociedade, sendo vitimas de discriminação em ambientes públicos e,
até mesmo, dentro da própria família. A realização
do procedimento cirúrgico proposto proporcionou não só a correção da queixa funcional desses
pacientes mas também desempenhou um importante papel na melhora da harmonia facial destes,
vindo a melhorar, de forma significativa, sua autoestima, permitindo-lhes uma convivência normal
em sociedade. Esses resultados são corroborados
24
pelos estudos realizados por Kim et al.,4 (2009) e
Proothi et al.,6 (2010), nos quais, de acordo com
eles, a maioria dos pacientes procuram a cirurgia
ortognática devido a queixas funcionais, embora o
resultado estético proporcionado por esse procedimento cirúrgico tenha fundamental importância
para o cotidiano dos pacientes.
As possibilidades terapêuticas da cirurgia ortognática visam ao tratamento daqueles pacientes
que apresentam discrepância entre as bases ósseas,
tanto no sentido anteroposterior quanto transverso,
podendo esses pacientes apresentar um perfil facial
classe I, II, ou III9-10,16. Atualmente, diante dos excelentes resultados estético-funcionais que podem
ser alcançados com a realização da cirurgia ortognática, bem como a familiarização dos ortodontistas com esses resultados, a realização do tratamento
ortodôntico, visando à chamada “compensação ou
camuflagem”, tem sido avaliada com cautela, em
muitos casos, o que faz com que a cirurgia ortognática ganhe cada vez mais espaços10,17.
Cada vez mais, os cirurgiões bucomaxilofaciais dispõem de métodos, técnicas e materiais que
tornam a cirurgia ortognática mais previsível e segura, proporcionando estabilidade dos resultados
alcançados em longo prazo1-3,16. Diversos softwares
estão disponíveis no mercado para auxiliar no diagnóstico, planejamento e tratamento das mais diversas situações clínicas que podem ser encontradas,
devendo os profissionais se aperfeiçoar no sentido
de utilizar essas tecnologias para proporcionar resultados clínicos ainda mais adequados18.
Considerações Finais
A cirurgia ortognática proporcionou mudanças significativas na harmonia facial dos pacientes,
possibilitando mudanças expressivas nos indivíduos e um convívio normal em sociedade, vindo a
confirmar os resultados de outros trabalhos encontrados na literatura.
Referências
1. Nóia CF, Ortega-Lopes R, Chaves-Netto
HDM, Nascimento FFAO, Mazzonetto R. Aci-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 21-26, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Nóia CF, et al.
dentes durante a realização de Osteotomia Sagital do Ramo Mandibular: Relato de caso. Rev
Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac 2011; 11(1):
09-12.
2. O’Ryan F, Lassetter J. Optmizing facial esthetics in the orthognathic surgery patient. J Oral
Maxillofac Surg 2011; 69:702-15.
3. Sonego CL. Bobrowski AN, Chagas Júnior OL,
Torriani MA. Aesthetic and functional implications following rotation of the maxillomandibular complex in orthognathic surgery: a systematic review. Int J Oral Maxillofac Surg 2014; 43:
40–45.
4. Kim SJ, Kim MR, Shin SW, Chun YK, Kim
EJ. Evaluation on the psychosocial status of
orthognathic surgery patients. Oral Surg Oral
Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2009; 108:
828-832.
5. Espinar-Escalona E, Ruiz-Navarro MB, Barrera-Mora JM, Llamas-Carreras JM, PuigdollersPérez A, Ayla-Puente J. True vertical validation
in facial orthognathic surgery planning. J Clin
Exp Dent 2013;5(5):231-8.
6. Proothi M, Drew SJ, Sachs SA. Motiving factors for patients undergoing orthognathic surgery evaluation. J Oral Maxillofac Surg 2010;
68: 1555-9.
7. Li KK. Maxillomandibular advancement for
obstructive sleep apnea. J Oral Maxillofac Surg
2011; 69: 687-94.
8. Castro e Silva LM. Avaliação cefalométrica das
alterações da via aérea superior em pacientes
classe III submetidos à cirurgia ortognática:
Estudo retrospectivo [dissertação]. Piracicaba:
UNICAMP/FOP; 2010.
9. Reis SAB, Abrão J, Claro CAA, Capelozza
Filho L. Evaluation of the determinants of
facial profile aesthetics. Dental Press J Orthod
2011;16(1):57-67.
10.Faverani L, Ramalho-Ferreira G, Jardim E,
Goiato M, Pereira F, Pastori C et al. Controversies in the Satisfaction of Surgeons and
Orthodontists on Facial Aesthetics after Orthognathic Surgery. Craniomaxillofac Trauma
Reconstruction 2013;6:43–48.
11.Williams DM, Bentley R, Couborne MT,
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Gibilaro A, Good S, Huppa C, Matthews NS,
O’Higgins E, Patel S, Newton JT. Psychological characteristics of women who require orthognathic surgery: comparison with untreated
controls. British J Oral Maxillofac Surg 2009;
47: 191-5.
12.Choi WS, Lee S, McGrath C, Samman N.
Change in quality of life after combined orthodontic-surgical treatment of dentofacial deformities. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral
Radiol Endod 2010; 109: 46-51.
13.Rustemeyer J, Eke Z, Bremerich A. Perception
of improvement after orthognathic surgery:
the important variables affecting patient satisfaction. Oral Maxillofac Surg 2010: 14: 155-62.
14.Sarver DM. Growth Maturation and aging:
How the dental team enhances facial and dental esthetics for a lifetime. Compendium 2010;
31(4): 274-83.
15.Nocini PF, Chiarini L, Bertossi D. Cosmetic
procedure in orthognathic surgery. J Oral Maxillofac Surg 2011; 69: 716-23.
16.Nascimento FFAO. Avaliação biomecânica de
três desenhos de osteotomia sagital do ramo
mandibular [tese]. Piracicaba: UNICAMP/
FOP; 2010.
17.Arvystas MG. Facial esthetics: Where dentistry meets artistry. Compendium 2010; 31(4):
258-9.
18.Ulosoy I, Akagunduz E, Sabuncuoglu F, Gorgolu S, Ucok O. Use of the dynamics volume
spline method to predict facial soft tissue
changes associated with orthognathic surgery.
Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol
Endod 2010;110(5):17-23.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 21-26, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
25
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
ESPECIALIZAÇÃO EM CIRURGIA E
TRAUMATOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL
Duração: 3 anos
Contato: [email protected]
A
Universidade de Pernambuco, através da Faculdade de Odontologia de Pernambuco oferece aos candidatos a Especialização em
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial uma oportunidade única
para aproveitar os recursos de uma Universidade e Centro Hospitalar
de renome na educação de seus estudantes de odontologia. Na sua
essência, uma sólida compreensão das noções básicas de mecanismos
de doenças humanas molda a fundação do curso.
O currículo é apresentado em um formato baseado em problemasaprendizagem que promove o desenvolvimento de aprendizagem independente, o pensamento crítico e as habilidades de aprendizagem
ao longo da vida importantes para os profissionais de saúde. O curso
incluem aulas teóricas, trabalho de laboratório e tutoriais em pequenos
grupos, criando um ambiente de aprendizagem colaborativa orientada
a equipe em que os alunos são estimulados e desafiados a aprender,
pensar e aplicar seus conhecimentos de ciência de novas maneiras.
Artigo Caso Clínico
Cierre de fístula buco-sinusal con injerto pediculado de la
bola adiposa de Bichat: Protocol propuesto
Closure of oroantral fistula with Bichat´s buccal fat pad: Proposed
protocol
RESUMEN
Recebido em 10/12/14
Aprovado em 19/03/15
Julierme Ferreira Rocha
Candidato a titulo de doctor, Departamento
de Cirugia Oral y Maxilofacial, Facultad de
Odontologia de Araçatuba de la Universidad
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP, Araçatuba, São Paulo, Brasil.
Andre Lustosa de Souza
Alumno de graduación, Facultad de
Odontologia de la Universidad Federal de
Campina Grande, Patos, Paraiba, Brasil.
Maria del Pilar Rodriguez Sanchez
Candidata a titulo de doctor, Departamento
de Cirugia Oral y Maxilofacial, Facultad
de Odontologia de Araçatuba de la
Univerersidad Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – UNESP, Araçatuba, São
Paulo, Brasil.
Eduardo Dias Ribeiro
Candidato a titulo de doctor, Departamento
de Cirugia Oral y Maxilofacial, Facultad de
Odontologia de Araçatuba de la Universidad
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP, Araçatuba, São Paulo, Brasil.
Eduardo Hochuli-Vieira
Professor, Departamento de Cirugia Oral y
Maxilofacial, Facultad de Odontologia de
Araraquara de la Univerersidad Estudual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP,
Araraquara, São Paulo, Brasil.
Endereço para
Correspondência
Julierme Ferreira Rocha
Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de
Saúde e Tecnologia Rural.
Avenida dos Universitários, S/N, Rodovia
Patos/Teixeira, km1, Jatobá, CEP: 58700-970
– Patos - Paraíba - Brasil
Email: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
La fistula buco-sinusal (FBS) consiste en una comunicación persistente entre el seno maxilar y la cavidad bucal y se presenta con mayor
frecuencia después de exodoncias de molares superiores. Los signos
y síntomas que la caracterizan son: cefalea, sinusitis maxilar, dolor,
trastornos en la deglución e tos nocturna. FBS menores de 2mm de
diámetro, tienden a cerrar espontáneamente en la gran mayoría de
los casos, sin necesidad de abordaje quirúrgica. Las fistulas mayores
de 3mm necesitan intervención quirúrgica. Diferentes técnicas que
utilizan colgajos locales (palatinos, vestibulares o combinados), injertos ósseos y injertos pediculados de la bola adiposa de la mejilla
se han empleado para este propósito. El objetivo de este trabajo fue
describir un caso clínico de FBS que fue tratado quirúrgicamente con
injerto pediculado de bola adiposa de la mejilla, haciendo énfasis en
la anatomía relacionada así como discutir las ventajas y limitaciones
con relación a las técnicas quirúrgicas utilizadas.
Palabras clave: Fístula bucal; Exodoncia; Sinusitis maxilar; Seno maxilar
RESUMO
A fístula buco-sinusal (FBS) consiste na comunicação persistente entre o seio maxilar e a cavidade oral, ocorrendo mais frequentemente
após a exodontia dos molares superiores. Os sinais e sintomas mais
frequentes são: cefaleia, sinusite maxilar, dor, transtornos na deglutição e tosse noturna. FBS menores que 2mm de diâmetro tendem
a fechar espontaneamente, na grande maioria dos casos, sem a necessidade de abordagem cirúrgica. Casos de FBS, maiores que 3 mm
necessitam de intervenção cirúrgica. Técnicas cirúrgicas que utilizam
retalhos locais (palatino, vestibular ou combinado), enxerto ósseo e o
enxerto pediculado do corpo adiposo da bochecha têm sido empregadas para esse propósito. Este trabalho tem por objetivo descrever
um caso clínico de FBS utilizando-se a técnica do enxerto pediculado
do corpo adiposo da bochecha, enfocando sua anatomia e discutindo
as vantagens e limitações com relação às técnicas mais utilizadas.
Palavas-chave: Fístula bucal; Extração dentária; Sinusite maxilar;
Seio maxilar
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 27-32, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
27
Rocha JF, et al.
ABSTRACT
The oroantral fistula (OAF) is the persistent communication between maxillary sinus and the oral
cavity, occurring most often after extraction molar
teeth due to its proximity to the maxillary sinus.
Headache, sinusitis, pain, swallowing disorders
and nocturnal cough are some of the reported
symptoms. Less than 2mm diameter OAF tend
to close spontaneously in most cases without the
need for surgical approach. 3mm OAF or greater cases require surgical intervention. Surgical
techniques using flaps (palatal, buccal or combined), bone graft and pedicle graft of buccal fat
pad have been employed for this purpose. This
paper aims to describe a clinical case of OAF treated with the technique of pedicle graft of buccal
fat pad, focusing on their anatomy and discussing
the advantages and limitations regarding the most
used techniques.
Keywords: Oral fistula; Tooth extraction; Maxillary sinusitis; Maxillary sinus
INTRODUCCIÓN
La comunicación buco-sinusal puede ser
definida como una solución de continuidad entre el seno maxilar y la cavidad bucal. Cuando el
trayecto es revestido por epitelio, debido a las fallas en el proceso de reparo óseo, la definición de
fistula buco-sinusal (FBS) es la mas adecuada. Los
factores etiológicos mas comunes son exodoncias,
resección de quistes y tumores, trauma e infección.
El uso de colgajos locales (palatino, bucal), injertos distantes (lengual, temporal), combinación de
técnicas, injerto pediculado de la bola adiposa de
Bichat (BAB) son las técnicas mas utilizadas para el
cierre de FBS1-5.
Este trabajo tiene como objetivo describir un
caso clínico de cierre de fistula buco-sinusal con
la técnica de injerto pediculado adiposo de Bichat,
así como discutir la anatomía relacionada y las peculiaridades del procedimiento con relación a los
colgajos locales utilizados.
28
CASO CLÍNICO
Paciente masculino, de 59 años de edad, se
presentó en la Clínica de Cirugía Oral y Maxilofacial de la Facultad de Odontología de Bauru de
la Universidad de São Paulo, remitido por la Clínica de Prótesis para tratamiento de FBS. Durante
la anamnesis el paciente relató que no presenta
problemas sistémicos y ser fumante por mas de
20 años y haber tenido una exodoncia traumática
hace aproximadamente veinte años en la maxila.
Al examen clínico fue posible visualizar una abertura en la región del molar 26 de aproximadamente 5mm de diámetro (Figura 01A). Al examen
de tomografía computadorizada de haz cónico
fue observado solución de continuidad en el piso
del seno maxilar izquierdo, con aproximadamente
25mm (Figura 01B), espesamiento de la mucosa
sinusal, sin embargo el paciente no presentaba
sintomatología dolorosa, cefalea, o cualquier síntoma sugestivo de sinusitis maxilar, refiriendo incomodo durante los hábitos alimenticios, debido
al extravasación por vía nasal. Debido al tamaño
de la FBS se optó realzar el cierre de la fistula con
injerto pediculado de BAB.
A
B
Figura 01 Aspecto clínico intraoral (A) y imagen de
tomografía computadorizada de haz cónico en que se
observa solución de continuidad en el piso del seno
maxilar izquierdo
Previamente a la cirugía fue realizado irrigación diaria (dos veces al día) con solución de acetilcisteína diluida en 15 mL de suero fisiológico al
0,9%, durante una semana, con digluconato de clorhexidina 0,12%. La conducta busca reducir la viscosidad de la secreción sinusal, así como contribuir
para ampliar la abertura del ostium nasal, en virtud
de la inflamación local. En el periodo pre-operatorio, fue prescrito amoxicilina (500mg) asociada a
clavulanato de potasio (125 mg), cada ocho horas,
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 27-32, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rocha JF, et al.
por cinco días antes del procedimiento y mantenida
la misma posología por 5 días pos-operatorios.
A
B
TÉCNICA QUIRÚRGICA
El procedimiento fue realizado con anestesia local: anestesia de los nervios infraorbitario,
alveolar superior posterior y palatino mayor del
lado izquierdo con articaina 1:100.000 (Articaina® - DFL industria e Comércio Ltda, Rio de Janeiro–RJ, Brasil). Fue realizada una incisión en el
reborde alveolar iniciando en la región del diente
24, con extensión hasta la región de la tuberosidad maxilar, y con una relajante a nivel del diente
24 (incisión de Newmann) seguido de elevación
del colgajo de espesor total. Posteriormente fue
realizada la fistulectomia. Para la localización de
la bola adiposa de Bichat se realizó una incisión
horizontal de 5mm en la altura del segundo molar superior izquierdo, en la superficie interna del
colgajo, aproximadamente 1cm encima del margen libre de este. Con divulsión cuidadosa, el injerto pediculado fue posicionado a la altura de la
comunicación (Figura 02A), luego suturada en la
mucosa palatina con hilo reabsorbible 4.0 (Vicryl® - Poliglactina 910 – Ethicon – São José dos
Campos, SP, Brasil) (Figura 02B). Fue realizada incisión en el periostio para liberar tensiones sobre
el colgajo y facilitar su reposición con cubrimiento
total de la BAB. Durante el pos-operatorio fue prescrito descongestionante nasal (Afrin® - Schering
Plough Corporation – Estados Unidos) dos veces
al día por tres días. Después de la primera semana el paciente relató parestesia en la tercio medio de la cara (región de los ramos terminales del
nervio infraorbitario), con total restablecimiento
de la función sensitiva después de cuatro meses.
Fue observado disminución del surco yugal, pero
sin comprometer la rehabilitación protética. El
paciente ha evolucionado satisfactoriamente durante los dos años de control, sin ninguna queja
(Figura 03).
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Figura 02 La bola adiposa de Bichat (A) que cubre la totalidad del defecto y suturándolo la mucosa palatina (B).
Figura 03 Control posoperatorio a los 2 años
DISCUSIÓN
La bola adiposa de Bichat es una masa de tejido
graso, que se interpone entre el músculo bucinador
y el músculo masetero, con un volumen de 10ml
aproximadamente, está formado por un cuerpo y
cuatro prolongaciones que son: bucal, pterigoides,
temporal superficial y temporal profundo. Sus funciones son: evitar presión negativa durante la succión (principalmente en recién nacidos), favorecer
la actividad de la musculatura adyacente y contribuir
en la protección de estructuras neurovasculares. La
irrigación proviene de las arterias maxilar transversa
de la cara y facial. Anatómicamente se puede relacionar con el ducto parotídeo y con el VII par craneano. La BAB está envuelta en toda su extensión
por una capsula fina2,6. Durante la divulsión para su
acceso es fundamental la manutención de la integ-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 27-32, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
29
Rocha JF, et al.
ridad de la capsula para permitir el descolamiento
de una masa única, en caso contrario puede haber
aumento de edema, sintomatología y reducción de
la vascularización, contribuyendo para el desarrollo
de necrosis o infección, conduciendo al fracaso del
procedimiento1.
El paciente relata haber sufrido una exodoncia traumática en la región del primer molar superior izquierdo aproximadamente hace veinte años,
confirmando los estudio de Visscher et al.,4 que
afirman que la exodoncia de los primeros molares
superiores son los más asociados a la formación de
una FBS, debido a la proximidad con los ápices de
los dientes con el piso del seno maxilar. Eberhardt
et al.,7 observaron que las raíces mesio-vestibulares,
disto-vestibulares y paladinas del primer molar superior se encuentran a 2,82mm, 2,79mm y 1,56mm
del seno maxilar respectivamente, estas medidas
son más probables después de la tercera década de
vida, momento en el que la cavidad sinusal alcanza
su mayor tamaño7.
En los casos de sinusitis maxilar y presencia
de FBS, es necesario abordar el seno maxila, lo
que puede ser realizado por el acceso clásico de
Caldwell-Luc. Visscher et al.,4 observaron que
la posibilidad de FBS recurrente es mayor frente
a cuadros de sinusites maxilar. En el examen tomográfico se observo aumento de la membrana sinusal, lo que no comprometio el exito de la técnica.
La irrigación con solución de acetilcisteína diluída
en 15ml de suero fisiológico 0,9%, con digluconato de clorhexidina 0,12% mejoró la fluidificación
de la secreción sinusal, permitiendo la abertura del
ostium nasal y evitar el acumulo e bactérias, hongos y cuerpos extraños, minimizando el cuadro
inflamatório local. Sin embargo en la ausencia de
sinusitis, es fundamental el restablecimiento de la
función sinusal, com irrigaciones diárias y antibioticoterapia, en caso contrario puede haber fracasso
el procedimento.
Varias técnicas han sido utilizadas para el
cierre de FBS (Tabla 1). Para la selección de la
técnica se debe considerar el estado de salud del
paciente, las condiciones del seno maxilar y el
tamaño de la FBS.
La técnica quirurgica mas utilizada es el
30
deslizamento del colgajo vestibular, procedimento descrito por Rehrmann em 19363. Sin embargo
el procedimento ha sido limitado a casos de FBS
de diâmetro pequeño (<5mm) y en pacientes
parcialmente dentados, ya que la probabilidad
de reducir la profundidad del surco yugal, puede
comprometer la rehabilitación protética. El uso
del colgajo palatino fué propuesto por Ashley8,
y su indicación principal esta relacionado con el
cierre de FBS de tamaño moderado (5-10mm)
y grande (>10mm) en casos de pacientes totalmente edentulos. Egiedy9 relato el uso de BAB
para la reconstrucción de defectos orales, indicado principalmente en casos de defectos mayores
y posterior a historia fracasos con las técnicas
mencionadas anteriormente. El uso de BAB fue
utilizada en el caso descrito debido al tamaño de
la comunicación (25mm) y por que el paciente es
edentulo.
Poeschl et al.,2 trataron 161 pacientes con
FBS con injerto pediculado de BAB con índices
de suceso del 98%, datos que se relacionan con
los de Hanazawa et al.,5. El êxito es atribuído a la
asociación del manejo adecuado de los tejidos y al
rico suprimento sanguíneo de la BAB 1,5. Stajcic10
relataron que la substitución de tejido adiposo
por epitelio estratificado no queratinizado ocurre
aproximadamente entre 3 y 4 semanas después
de la cirugía. La técnica descrita por el autor recomienda evitar el recubrimiento total del tejido
injertado BAB, debido a la posibilidad de reducir
la profundidad del surco yugal. En este caso se
optó por el recubrimiento total del injerto pediculado debido a la falta de colaboración del paciente,
pobre higiene bucal además de los antecedentes
de ser fumante.
El uso de injerto pediculado de BAB para el
cierre de FBS de gran diámetro ha demostrado
ser un método eficaz, sin interferir en la rehabilitación protética, desde que sean utilizados
los principios quirúrgicos adecuados así como el
manejo cuidadoso de los tejidos blandos. Antes
del procedimiento quirúrgico, es fundamental
eliminar cualquier alteración presente en el seno
maxilar que puede interferir en el proceso de
cicatrización.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 27-32, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rocha JF, et al.
Tabla 1 Técnicas de colgajos locales para cierre de la FBS
Técnica
Ventajas
Limitaciones
Colgajo vestibular
- Técnica simples, fácil ejecución,
cicatrización primaria
- Reducción del surco yugal, perfusión
sanguínea limitada, FBS de tamaño
moderada/grande en pacientes
edentulos
Colgajo palatino
- Técnica simples, suplemento
sanguíneo do colgajo, no interfiere en
la profundidad del surco, indicada para
pacientes edentulos.
- Exposición de tejido óseo en el área
palatina (cicatrización secundaria),
edema y dolor, exige destreza del
operador, FBS de tamaño grande
Injerto pediculado de BAB
- Técnica relativamente simples, cierre
de FBS de gran tamaño (>10mm) o
por fracasso de las técnicas anteriores,
suprimento sanguíneo del colgajo
- Limitación de abertura bucal
(metaplasia tecidual), exige destreza
del operador, posibilidad de necrose/
infección del injerto, edema y dolor
8. Ashley RE. A method of closing antroalveolar fistulae. Ann Otol Rhinol Laryngol
Martin-Granizo R, Naval L, Costas A, Goizu1939;48:632-5.
eta C, Rodriguez F, Monje F et al.Use of buccal
fat pad to repair intraoral defects: Review of 30 9. Egyedi P. Utilization of the buccal fat pad for
closure of oro-antral and/or oro-nasal commucases. Br J Oral Maxillofac Surg 1997;35:81-84.
nications. J Maxillofac Surg 1977;5(4): 241–4.
Poeschl PW, Baumann A, Russmueller G, Poeschel E, Klug C, Ewers R. Closure of oroantral 10.Stajcic Z. The buccal fat pad in the closure of
oro-antral communications: A study of 56 cascommunications with Bichat’s buccal fat pad. J
es. J Craniomaxillofac Surg 1992;20(5):193-7.
Oral Maxillofac Surg 2009; 67(7):1460-6.
Visscher SH, van Minnen B, Bos RRM. Closure of oroantral communications: A review of the literature. J Oral Maxillofac Surg
2010;68(6):1384-91.
Visscher SH, van Roon MRF, Sluiter WJ, van
Minnen B, Bos RRM. Retrospective study on
the treatment outcome of surgical closure of
oroantral communications. J Oral Maxillofac
Surg 2011;69(12):2956-6.
Hanazawa Y, Itoh K, Mabashi T, Sato K. Closure of oroantral communications using a pedicled buccal fat pad graft. J Oral Maxillofac Surg
1995;53(7):771-5.
Tharanon W, Stella JP, Epker BN. Applied surgical anatomy of the buccal fat pad. Oral Maxillofac Surg Clin North Am 1990; 2: 377-86.
Eberhardt JA, Torabinejad M, Christiansen EL.
A computed tomographic study of the distances between the maxillary sinus floor and
the apices of the maxillary posterior teeth. Oral
Surg Oral Med Oral Pathol 1992;73(3):345–6.
REFEReNCIAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 27-32, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
31
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DOUTORADO E MESTRADO
EM ODONTOLOGIA
ÁREA: CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA
BUCO-MAXILO-FACIAL
Doutorado: 4 anos
Mestrado: 2 anos
Contato: [email protected]
A
Universidade de Pernambuco, através da Faculdade de Odontologia tem alcançado sucesso na sua missão de produzir Cientistas
líderes no campo da Odontologia em cuidados clínicos, ensino e pesquisa. Sua característica inovadora educacional proporciona uma educação profissional-escola sem igual.
Formar futuros cientistas com foco em Ciências Odontológicas e áreas
correlatas da saúde, com ênfase a investigação em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial é o nosso objetivo.
Esta formação é uma oportunidade única aos especialistas em Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial para aproveitar os recursos de uma
Universidade e Centro Hospitalar de referência para se qualificarem.
A área desenvolve pesquisas inovadoras, em ciências básicas ou orientadas para as necessidades do doente vislumbrando a saúde humana.
Artigo Caso Clínico
Correção de fratura fronto-naso-órbito-etmoidal: passos
cirúrgicos para resultado estético
Correction of fronto-naso-orbital-ethmoid fractures: surgical steps for
aesthetic outcome
RESUMO
Recebido em 17/11/2014
Aprovado em 07/03/2015
Marcelo Fernandes Santos Melo
Especialista em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais e Fundação
Hospitalar do Estado de Minas Gerais
(FHEMIG); Mestre e Doutorando em Cirurgia
e Traumatologia Bucomaxilofacial pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.
Leonardo Matos Santolim Zanettini
Residente em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul.
Luis Felipe Lukschal
Especialista em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais e Fundação
Hospitalar do Estado de Minas Gerais
(FHEMIG).
Roger Lanes Silveira
Doutor em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul; Preceptor
da residência de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial do Hospital João XXIII/
FHEMIG.
Márcio Bruno Figueiredo Amaral
Doutor em Estomatologia pela Universidade
Federal de Minas Gerais; Preceptor da
residência de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial do Hospital João XXIII/
FHEMIG.
Endereço para
Correspondência
Marcelo Fernandes Santos Melo
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul
Av. Ipiranga, 6681 - Partenon, Porto Alegre RS, Brasil - CEP: 90619-900
Telefone para contato: +55 51 33203538
E-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
As fraturas fronto-naso-órbito-etmoidal (FNOE) envolvem o centro
superior e médio da face e são injúrias de difíceis diagnóstico e terapêutica. O diagnóstico é baseado em exames clínicos e de imagem por
meio da tomografia computadorizada (TC). O tratamento das fraturas
FNOE visa restaurar adequadamente a arquitetura do osso frontal, a
correta distância intercantal entre as comissuras palpebrais mediais, a
projeção do dorso nasal, o nivelamento do globo ocular, além da relação de drenagem do seio frontal pelo ducto frontonasal, que por muitas
vezes, pode não estar patente, gerando possíveis processos patológicos.
Sabe-se que a complexidade do trauma e, consequentemente, das fraturas, além do tempo de intervenção cirúrgica, repercute diretamente
no resultado do tratamento funcional e estético. O avanço nas técnicas
cirúrgicas, a TC, os materiais de osteossíntese atuais e a experiência
coletiva dos cirurgiões, têm contribuído para a redução das sequelas resultantes das fraturas FNOE, oferecendo um resultado mais previsível.
O objetivo deste estudo é reportar um tratamento de fratura FNOE,
descrevendo os passos cirúrgicos realizados, discutindo suas vantagens
e desvantagens e servindo de guia para cirurgiões e residentes, além de
mostrar o resultado funcional e estético satisfatório.
Descritores: Seio Frontal; fraturas; face
ABSTRACT
The fronto-naso-orbital-ethmoid (FNOE) fractures involves the
upper and middle portion of the face and it is injuries of difficult
to diagnostic and therapeutic. The diagnosis is based on clinical exams and imaging tests by computed tomography. The treatment of
FNOE fractures aims to restore properly the architecture of the
frontal bone, the correct intercantal distance between the medial palpebral commissure, the projection of the nasal dorsum, the leveling
of the eyeball, and the ratio of frontal sinus drainage by naso-frontal
duct that by often cannot be patent, resulting in possible pathological
processes. It is known that the complexity of the trauma and hence
of fractures, and the time of surgery, directly affect in the outcome
of the functional and aesthetic treatment. The advances in the surgical techniques, CT, current osteosynthesis materials and the collective
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
33
Melo MFS, et al.
experience of the surgeons, have helped to reduce
the sequelae resulting of the FNOE fractures and
providing an outcome more predictable. The aim
of this study is to report a treatment of FNOE
fracture describing the surgical steps performed,
discussing their advantages and disadvantages,
and serving as a guide for surgeons and residents,
besides showing satisfactory aesthetic and functional results.
Descriptors: Frontal Sinus; fractures; face
INTRODUÇÃO
As fraturas e traumas faciais são usualmente causados por acidentes de trânsito, esportivos,
quedas, assaltos, entre outros.1,2 As fraturas frontonaso-órbito-etmoidal (FNOE) envolvem o centro
superior e médio da face e são injúrias de difícil
diagnóstico e terapêutica. Fraturas do complexo
frontal geralmente envolvem parede anterior e
posterior do osso frontal e seio frontal. A extensão
da fratura sobre a parede posterior do seio pode
resultar em comunicação com a fossa anterior do
crânio, podendo ocasionar vazamento de líquido
cefalorraquidiano,3 lesões infecciosas, sinusites e
mucocele.1 Normalmente, fraturas da parede anterior são reconstruídas, enquanto fraturas da parede
posterior e lesões do sistema de drenagem do seio
são tratadas pelas técnicas de obliteração e ou cranialização, procedimento o qual consiste em separar a cavidade craniana do seio frontal.4 Para fraturas deslocadas de forma mais significativa, a opção
de um enxerto de sobreposição ou redução aberta
com materiais de osteossíntese podem ser aplicadas. Materiais de preenchimento e de fixação, como
polietileno poroso, metil metacrilato ou malha de
titânio, também podem ser colocados.1,5
Fraturas que envolvem a região naso-órbito-etmoidal (NOE) estão entre as mais complexas, sendo classificadas em Tipo I, II, III. Tipo
I: quando há apenas um único fragmento central
com o ligamento cantal; Tipo II: quando há segmento central cominuído com ligamento cantal
medial ainda anexado ao fragmento ósseo; Tipo
III: quando há fragmento central cominuído com
total descolamento do ligamento cantal medial8.
34
O tratamento tardio desse tipo de fratura pode resultar em deformidades secundárias, incluindo um
nariz encurtado e retruído, enoftalmia, telecanto e
distopia ocular.6,9 O diagnóstico é baseado em exames clínicos e de imagem por meio da tomografia
computadorizada.6,10
Diversos acessos podem ser utilizados para
esse tipo de trauma, como o acesso “borboleta”
ou “open Sky”, feito sobre a testa; acesso pré-triquial, realizado anterior à linha do cabelo, acesso
supraorbitário, acesso hemicoronal e bicoronal .
A utilização do acesso bicoronal em traumas craniofaciais provou ser indispensável no manejo dos
traumatismos complexos, obtendo um campo mais
amplo das estruturas anatômicas envolvidas.1 Em
um manejo mais conservador, podemos optar pela
redução incruenta da fratura por meio de endoscopia e da utilização de um gancho/parafuso de osso,
possibilitando a redução da fratura com acesso minimamente invasivo.7
O tratamento das fraturas FNOE visa à restauração adequada da arquitetura do osso frontal,
da distância intercantal, manutenção do sistema de
drenagem lacrimal e restauração da estética facial.1
Sabe-se que a complexidade do trauma e,
consequentemente, das fraturas, além do tempo
de intervenção cirúrgica, repercute diretamente no
resultado funcional e estético. O avanço nas técnicas cirúrgicas, a TC, os materiais de osteossíntese
atuais e a experiência coletiva dos cirurgiões, têm
contribuído para a redução das sequelas resultantes
das fraturas FNOE, e oferecendo um prognóstico
e resultado mais previsível. O objetivo deste estudo é reportar um tratamento de fratura FNOE,
descrevendo os passos cirúrgicos realizados, discutindo suas vantagens e desvantagens e servindo de
guia para cirurgiões e residentes, além de mostrar o
resultado funcional e estético satisfatório.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero masculino, 45 anos, vítima de acidente esportivo, foi encaminhado para o
Hospital João XXIII – MG, Brasil, sendo avaliado
pela equipe de trauma. Foi relatado perda de consciência no local do trauma, sem trauma torácico-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Melo MFS, et al.
abdominal e presença de fratura facial. Ao exame
tomográfico, verificou-se fratura da parede anterior
e posterior do osso frontal, observando-se o ducto
naso-frontal não patente e fratura dos ossos próprios nasais, orbitais e etmoide (Figuras 1A e B).
O paciente evoluiu com quadro de fístula liquórica
que cessou em 48 horas após o trauma. O paciente
foi mantido em acompanhamento com a equipe de
Neurocirurgia, para posteriormente iniciar a propedêutica pré-operatória para procedimento Bucomaxilofacial eletivo, após 2 semanas.
Após liberação da Neurocirugia, foi encaminhado e reavaliado pelo serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Ao exame clínico,
apresentava afundamento em região fronto-nasal
apresentando alteração no ângulo naso-frontal,
leve distopia ocular, discreto telecanto traumático,
fratura dos ossos próprios nasais com desvio de
septo, movimentos oculares preservados sem relato de diplopia, e discreta equimose periorbitária
bilateral, apresentando um comprometimento estético (Figura 1C e D).
A
B
C
C
Figura 1 A-B. Tomografia computadorizada. A- Cortes
axiais revelando fratura da parede anterior e posterior
do osso frontal, mostrando o ducto naso-frontal não
patente. B- Reconstrução 3D, auxiliando no diagnóstico
de fratura fronto-naso-órbito-etmoidal. C-D. Imagens
clínicas pré-operatórias. C- Vista crânio-caudal. Paciente apresentava afundamento em região fronto-nasal
(círculo) e desvio de septo nasal com perda da projeção nasal. D- Vista frontal. Presença de assimetria facial devido ao desvio de septo nasal, discreto telecanto
traumático, distopia ocular e alteração do ângulo nasofrontal afetado.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Paciente foi submetido à cirurgia sob anestesia geral, intubação orotraqueal e o acesso de
escolha foi o acesso bicoronal, estendendo da
região pré-auricular e contornando o hélix da
orelha até a região pré-auricular do lado oposto. Em seguida, foi realizado descolamento do
pericrânio e liberação e dissecção dos feixes
neurovasculares supraorbitais do forame do
teto da órbita, proporcionando, com isso, um
amplo campo cirúrgico das estruturas anatômicas envolvidas, para facilitar a redução e fixação
das fraturas. Após o completo descolamento
do pericrânio, foi avaliada, com ponta do cautério bipolar, toda a extensão do seio frontal
até o limite da tábua óssea, fazendo a marcação
desse limite anteriormente, para que a craniotomia fosse do tamanho ideal para realizar a
cranialização/obliteração. A remoção de parte
do segmento fronto-nasal foi realizada, sendo
preservada para posterior fixação, seguida de
osteotomia na marcação planejada e instalando miniplacas previamente à craniotomia. Em
seguida, foi realizado craniotomia pela equipe
da Neurocirurgia, o qual consiste em permitir
o acesso ao cérebro e à dura máter, proporcionando um amplo acesso ao seio frontal para a
cranialização e obliteração. Iniciou-se a cranialização, em que o osso da parede posterior do
seio frontal foi removido cuidadosamente, com
um saca-bocado. As pequenas saliências na periferia do seio foram removidas e suavizadas,
com o auxílio de uma de uma fresa. Em seguida, foi curetada toda a mucosa sinusal, e o retalho do pericrânio foi deslizado para o seio frontal, obliterando o ducto frontal. Foi realizada a
identificação do tendão e redução do fragmento
ósseo associado através da cantopexia, que consistiu na passagem de um fio de aço posterior à
inserção do tendão cantal medial e fixado com
dois parafusos para reforçar a redução da parede medial da órbita. Por fim, foi feita a redução
e fixação da parede anterior do seio frontal com
o uso de miniplacas de 2.0mm e parafusos de
4mm e tela de titânio para fixar os fragmentos
ósseos e promover um contorno favorável (Figura 2).
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
35
Melo MFS, et al.
Figura 2 Imagens transoperatórias e ilustrativas mostrando a sequência da técnica e passos cirúrgicos para
tratamento da fratura FNOE, seguindo os princípios da AO Foundation (Courtesy of AO Foundation, Davos, Switzerland. AO Surgery Reference Available at: https://www.aofoundation.org/wps/portal/surgery). A-B: Marcação da
incisão coronal e descolamento do pericrânio mostrando as estruturas anatômicas envolvidas. C-D: Avaliação da
extensão do seio frontal até o limite da tábua óssea, fazendo a marcação desse limite anteriormente com cautério
bipolar e perfuração osséa com brocas. E-F: Craniotomia frontal demarcada pelo limite da marcação anterior. G-H:
Cranialização e obliteração do seio frontal. I-J: Remoção das pequenas saliências na periferia do seio com o auxílio
de uma broca ou fresa. K-L: Redução e fixação da parede anterior do seio frontal com o uso de miniplacas de 2.0,
tela de titânio e parafusos de 4mm.
Após completa redução e fixação das fraturas
ósseas, foi realizada a sutura por camadas, iniciando
com uma parte do periósteo e a superfície da fáscia do temporal com fios reabsorvíveis 4.0. A incisão do couro cabeludo foi realizada em 2 camadas,
usando suturas com fio reabsorvível 3.0 através
dos tecidos subcutâneos/gálea, tendo as suturas da
pele sido realizadas com fio permanente nylon 3.0.
Por fim, foi usada bandagem não compressiva na
região do acesso.
No pós-operatório de 10 dias, foi removida a
sutura em pele sem nenhuma queixa álgica relatada,
e, após um follow-up de 4 meses, não foi observada
nenhuma complicação e ou intercorrência. Paciente apresentava um resultado satisfatório e a estética
e função restabelecidas (figura 3).
36
Figura 3 Paciente em um controle pós-operatório de
4 meses. A- Vista Frontal e B- Vista Lateral. Estética
facial reestabelecida, com correta distância intercantal, ausência de distopia ocular, ângulo naso-frontal e
projeção nasal corrigidos, bem como uma satisfatória
arquitetura do osso frontal. C- Cortes tomográficos e
reconstrução 3D. Nota-se o sistema de fixação utilizado
e o correto posicionamento ósseo das fraturas.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Melo MFS, et al.
DISCUSSÃO
Anatomicamente, a fratura FNOE tem peculiaridades, que são imprescindíveis para a correta estabilização dos fragmentos ósseos e reposicionamento dos tecidos moles circundantes,
visando à reconstrução de todo o terço médio
e superior da face como descrito no relato de
caso presente. As relações anatômicas no tratamento das fraturas FNOE precisam ser muito
bem observadas, a fim de promover o restabelecimento da correta distância intercantal entre
as comissuras palpebrais mediais, a projeção do
dorso nasal, o nivelamento do globo ocular, além
da relação de drenagem do seio frontal pelo ducto frontonasal, que, por muitas vezes, pode não
estar patente, gerando mucocele no seio frontal
e criação de ambiente anaeróbio com posterior
osteomielite e possível extensão intracraniana,
levando a abscesso cerebral.7
As causas desses tipos de fraturas são diversas,
descritas na literatura, como acidentes esportivos
no caso clínico relatado. A fratura FNOE por ser
uma fratura complexa, faz-se necessário um correto exame clínico, sendo imprescindível o exame
imagiológico. A tomografia computadorizada provou ser o melhor recurso de imagem para o planejamento cirúrgico, oferecendo imagens em secções
ou cortes, sem sobreposição; capacidade de detecção de diferenças entre tecidos, algumas vezes não
aparentes na simples análise da imagem reconstruída; possibilidade de processamento da imagem a
qualquer momento; obtenção de mais informações
dos tipos de fraturas tornando o planejamento e a
cirurgia mais previsíveis.10
O acesso cirúrgico utilizado no presente estudo foi o bicoronal, sendo indispensável no manejo
de traumas craniofaciais complexos, como FNOE,
pois permite um campo cirúrgico mais amplo das
estruturas anatômicas envolvidas, facilitando a redução e fixação das fraturas. Outros acessos podem ser utilizados para esse tipo de trauma, como
acesso “borboleta” ou “open Sky”, feito sobre a
testa; acesso pré-triquial, realizado anterior à linha
do cabelo; acesso hemicoronal e supraorbitário1,
porém alguns desses acessos, como o acesso “open
Sky” e acesso pré-triquial, apesar de exporem um
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
bom número de estruturas, apresentam algumas
desvantagens, como uma cicatriz visível e também
colocam em risco os feixes neurovasculares dos
nervos supraorbital e supratroclear, resultando em
hipestesia. Por outro lado, os acessos hemicoronal
e supraorbitário se restringem a fraturas isoladas e
não cominutivas.1 O acesso bicoronal tem como
vantagem proporcionar uma cicatriz praticamente
imperceptível9, embora também possua algumas
desvantagens, como hipestesia, lesão ao nervo facial e alopécia.1
A cranialização e ou obliteração deve ser realizada, quando houver cominuição da parede posterior do seio frontal, lesão da dura-máter ou drenagem de líquido cefalorraquidiano. A patência do
ducto frontal é o que considera se o seio frontal
é aproveitável e a tábua externa é apenas reparada com placas e parafusos. Se o trajeto normal de
drenagem do seio frontal não puder ser restaurado,
é erradicado cirurgicamente, por obliteração/cranialização. Esse procedimento é melhor realizado
com 2 semanas após o trauma.4 No atual estudo,
a cranialização/obliteração do seio frontal foi alcançada após a mucosa sinusal ter sido exenterada
e a cavidade preenchida com retalho do pericrânio
vascularizado. Não foram observadas complicações pós-operatórias no seio frontal.
Após esses procedimentos, a parede anterior
é fixada com materiais de osteossíntese.1 Pode-se
usar enxertos, como metil-metacrilato, que são comumente usados para devolver o contorno craniano ideal. Porém, como esse material não se integra
ao osso, pode ocorrer deslocamento deste ou fratura.6 No caso relatado, optou-se pela utilização de
placas e parafusos, bem como tela de titânio, com
o intuito de estabelecer o contorno craniofacial
adequado, reestabelecendo a função e estética do
paciente.
A melhor forma de tratamento para as fraturas NOE é a redução aberta seguida de fixação interna rígida. O tipo de fratura NOE desse estudo
foi o tipo II, o qual é uma injúria na qual temos
um fragmento central cominutivo com as fraturas,
tornando-se externa a inserção medial do tendão
cantal, o qual necessita de um tratamento cirúrgico,
uma vez que, se inadequado, poderá promover de-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
37
Melo MFS, et al.
formidades secundárias difíceis de tratar e corrigir.
Além de reestabelecer a função ao paciente, uma
das principais razões do tratamento das fraturas
NOE é estética. Deve-se identificar o tendão cantal,
que normalmente está inserido em um fragmento
ósseo e realizar a redução. Com isso, consegue-se
promover um resultado estético favorável. A falha
na identificação do tendão ou falha na realização da
cantopexia irá resultar em telecanto, uma sequela
secundária difícil de tratar. Os objetivos principais
de realizar a cantopexia são: restaurar a posição
cantal normal ao longo da crista lacrimal, reestabelecer a forma e preservar a função da pálpebra.6
Dentro das fraturas NOE, as fraturas nasais
podem causar o desvio do septo e afundamento
associado com a porção do osso frontal. O objetivo deve ser o de reduzir a fratura do septo e
corrigir o afundamento fronto-nasal, reestabelecendo a linha média do paciente antes do término
da cirurgia, para prevenir comprometimento do
espaço aéreo nasal.6
A reconstrução do dorso nasal é de grande
importância, a fim de promover suporte e evitar
um nariz retruído6. Alguns autores preconizam,
no caso de fraturas cominutivas dos ossos próprios do nariz, reconstrução do dorso nasal com
enxertos em cantilever para a projeção nasal6. No
caso clínico relatado, não foi necessário o uso de
enxertos, em que a própria redução da fratura e
fixação com miniplacas e parafusos já foi o suficiente para reestabelecer a projeção nasal. O resultado estético deve ser avaliado no pós-operatório
e inclui avaliação do ângulo nasofrontal, projeção
nasal e distância intercantal. Os parâmetros são
baseados em medidas pré-estabelecidas pela literatura. A projeção nasal deve ser uma relação
de 1:1 em uma vista lateral (entre o canto lateral
do olho, canto medial do olho e junção frontonasal), o ângulo frontonasal deve ser entre 115°
- 130°, e a distância intercantal deve ser 1/3 da
distância entre os cantos laterais dos olhos6. No
presente estudo, observou-se, no pós-operatório,
uma harmonia facial obtida após o procedimento
cirúrgico, baseando-se nas medidas e angulações
pré-estabelecidas na literatura, em que o ângulo
nasofrontal, projeção nasal e distância intercantal
38
aproximam-se da normalidade, apresentando um
resultado estético satisfatório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fratura FNOE é um desafio para o cirurgião,
visto a complexidade das fraturas e seu manejo. O
correto diagnóstico, associado há um planejamento
e tratamento cirúrgico precoce, minimiza as sequelas e proporciona um resultado estético e funcional
mais previsível. Nas fraturas FNOE, o manejo da
região cantal medial, a projeção nasal e o ângulo
naso-frontal são de suma importância para alcançar
os resultados desejados.
A avaliação bem como o tratamento do seio
frontal é de extrema importância, visando prevenção de possíveis processos patológicos tardios.
REFERÊNCIAS
1. Guy WM, Brissett AE. Contemporary Management of Traumatic Fractures of the Frontal
Sinus. Otolaryngol Clin N Am 46 (2013) 733–
748.
2. Yang RS, Salama RA, Caccamese JF. Reoperative Midface Trauma . Oral Maxillofacial Surg
Clin N Am 23 (2011) 31–45.
3. Uzelac A, Gean AD. Orbital and Facial Fractures . Neuroimag Clin N Am 24 (2014) 407–
424.
4. De Ponte FS, Bottini DJ, Sassano P, Rinna C.
Bicoronal approach in the management of
frontal sinus fractures. Minerva Stomatol., Torino, v. 44, n. 11, p. 507- (1995) 14, nov.
5. Greene AK, Warren SM, Mccarthy JG, Cruse
CW, Blevins PK, Luce EA. Onlay frontal cranioplasty using wire reinforced methyl methacrylate. Naso-ethmoid-orbital fractures. J Trauma. (1980);20(7):551-6.
6. Herford AS, Ying T, Brown B. Outcomes of
Severely Comminuted (TypeIII) Nasoorbitoethmoid Fractures. American Association of
Oral and Maxillofacial Surgeons J Oral Maxillofac Surg (2005) 63:1266-1277.
7. Lappert P, Lee J. Treatment of an isolated outer table frontal sinus fracture using endosco-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Melo MFS, et al.
pic reduction and fixation. Plast Reconstr Surg
(1998);102(5):1642–5.
8. Ehrenfeld M, Manson PN, Prein J. Principles
of Internal Fixation of the Craniomaxillofacial
Skeleton - Trauma and Orthognathic Surgery,
AOCMF.
9. Ellis III E. Sequencing Treatment for Naso-orbito-ethmoid Fractures. J Oral Maxilofac Surg
(1993) 51:543•558.
10.Zamunér LA. Tomografia computadorizada
para planejamento cirúrgico de implantes osseointegrados. Rev. Ass. Bras. Odontol., v. 2, n.
1, p. 22-5, (1994) fev.,/mar.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 33-40, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
39
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
ESPECIALIZAÇÃO EM CIRURGIA E
TRAUMATOLOGIA BUCO-MAXILO-FACIAL
Duração: 3 anos
Contato: [email protected]
A
Universidade de Pernambuco, através da Faculdade de Odontologia de Pernambuco oferece aos candidatos a Especialização em
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial uma oportunidade única
para aproveitar os recursos de uma Universidade e Centro Hospitalar
de renome na educação de seus estudantes de odontologia. Na sua
essência, uma sólida compreensão das noções básicas de mecanismos
de doenças humanas molda a fundação do curso.
O currículo é apresentado em um formato baseado em problemasaprendizagem que promove o desenvolvimento de aprendizagem independente, o pensamento crítico e as habilidades de aprendizagem
ao longo da vida importantes para os profissionais de saúde. O curso
incluem aulas teóricas, trabalho de laboratório e tutoriais em pequenos
grupos, criando um ambiente de aprendizagem colaborativa orientada
a equipe em que os alunos são estimulados e desafiados a aprender,
pensar e aplicar seus conhecimentos de ciência de novas maneiras.
Artigo Caso Clínico
Ferimento provocado por arma branca impactada em
região maxilofacial: Relato de caso
Injury caused by spiked stab wound in the maxillofacial region: Case
report
RESUMO
Recebido em 10/11/2014
Aprovado em 19/03/2015
João Nunes Nogueira Neto
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial da
Universidade Federal da Bahia – UFBA,
Hospital Geral do Estado – HGE e Hospital
Santo Antônio – HSA/OSID, Salvador, Bahia,
Brasil.
Vinícius Rio Verde Melo Muniz
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial da
Universidade Federal da Bahia – UFBA,
Hospital Geral do Estado – HGE e Hospital
Santo Antônio – HSA/OSID, Salvador, Bahia,
Brasil.
Leonardo Morais GodoyFigueiredo
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial da
Universidade Federal da Bahia – UFBA,
Hospital Geral do Estado – HGE e Hospital
Santo Antônio – HSA/OSID, Salvador, Bahia,
Brasil.
Fábio Pereira de Freitas Freire
Residente do Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial da
Universidade Federal da Bahia – UFBA,
Hospital Geral do Estado – HGE e Hospital
Santo Antônio – HSA/OSID, Salvador, Bahia,
Brasil.
André Sampaio Souza
Preceptordo Serviço de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacialda
Universidade Federal da Bahia - UFBA
e Hospital Santo Antônio – HSA/OSID,
Salvador, Bahia, Brasil.
Endereço para
Correspondência
João Nunes Nogueira Neto
Av. Orlando Gomes, Cond. Veredas Piatã, C/
D13,Piatã, Salvador, Bahia, Brasil.
CEP 41650010 - Tel: (71) 99159785
E-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
A agressão física é uma das maiores causas de atendimento nas
emergências hospitalares. Afetando, principalmente, jovens do gênero masculino, elas resultam em acometimento do complexo maxilofacial, entretanto ferimentos a faca impactada nessa região são
incomuns, e o conhecimento acerca de suas peculiaridades é fundamental para o tratamento. Cuidados acerca da manutenção das
vias aéreas e da hemodinâmica do paciente bem como os aspectos
neurológicos, oftalmológicos e vasculares fazem parte desse tratamento interdisciplinar. Assim, o objetivo deste trabalho foi relatar
o tratamento de um paciente do gênero masculino em meia-idade,
acometido por ferimento de arma branca, com uma faca impactada
em região maxilofacial.
Palavras chave: Violência; Ferimentos e Lesões; Traumatismos Maxilofaciais
ABSTRACT
Physical agression is a major cause of hospital care in emergencies.
Affecting mainly young males, they result in impairment of the maxillofacial complex. However stab wounds impacted this region are
uncommon and knowledge of its peculiarities is essential for treatment. Care about the maintenance of airway and hemodynamic
parameters as well as neurological, ophthalmological and vascular
aspects are part of this interdisciplinary treatment. The objective of
this study was to report the treatment of a male patient in middle
age, affected by stab wound with a knife impacted in the maxillofacial region.
Keywords: Violence; Woundsand Injuries; Maxillofacial Trauma
INTRODUÇÃO
A violência no Brasil se constitui em um problema de saúde
pública devido a questões como longevidade, qualidade de vida e elevados gastos públicos, associados a esse problema, seja na área da
segurança ou atenção à saúde1,2. Como resultado da melhora da qualidade e expectativa de vida da população brasileira, as causas externas
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 41-44, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
41
Nogueira Neto JN, et al.
tornaram-se a terceira causa de óbito na população
geral brasileira. Dentre estas, as agressões predominam, sendo as armas de fogo e as armas brancas os
instrumentos mais utilizados, respectivamente. Homens jovens são as vítimas mais frequentes desse
tipo de agressão1.
Mesmo se tratando de regiões predominantes nos casos de lesões traumáticas, associadas ou
não a outras lesões corporais, os ferimentos penetrantes por lâminas de faca são raros nessas regiões,
devido a fatores como as tentativas de proteção da
face por meio do uso das mãos em autodefesa2,3,4.
A falta de protocolos estabelecidos para o manejo
de pacientes vítimas desse tipo de agressão em face
reflete um atendimento pouco padronizado4.
Normalmente, os materiais penetrantes utilizados em ataques violentos são duros o bastante
para penetrar diferentes estruturas anatômicas. A
remoção de tais objetos é potencialmente fatal e
requer avaliação criteriosa, principalmente no que
diz respeito às lesões vasculares3,4. Pacientes com
ferimentos por faca em face, sem sinais de lesões
vasculares, podem ser salvos com base no exame
físico e na análise de exames de imagem4. A abordagem deve ser multidisciplinar, começando com
a manutenção das vias aéreas, estabilização hemodinâmica e avaliações neurológica, oftalmológica e
vascular, se necessário3.
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso
de ferimento por arma branca, pérfuro-cortante
(facada), em região maxilofacial, ocorrido em um
hospital de Parceria Público Privada, de Salvador
após briga doméstica, no ano de 2013.
RELATO DE CASO
de Glasgow 15, permanecendo desperto e hemodinamicamente estável.
Durante a avaliação clínica, pode-se notar a
presença da faca impactada em região frontomalar
esquerda, com preservação dos demais contornos
maxilofaciais. O paciente não apresentou alterações
durante as avaliações oftalmológica e neurológica
iniciais, sendo posteriormente solicitado o exame
de Tomografia Computadorizada (TC).Ao exame
de TC, é possível notar a presença da faca alojada
em região maxilofacial, provocando fraturas do
osso frontal, zigomático, envolvimento das paredes lateral e assoalho de órbita, região lateral de
seio maxilar até processo alveolar esquerdo. Entretanto, mesmo com o contato, o osso frontal e as
estruturas neurológicas adjacentes permaneceram
preservadas, recebendo alta da equipe de Neurologia. Durante a avaliação pela equipe de Cirurgia
Vascular, foi descartada a possibilidade de lesão nas
estruturas nobres adjacentes pela trajetória da arma
branca e sua posição final impactada.
O paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico para a remoção da faca impactada. O procedimento foi rápido, e sua remoção se deu por meio
do movimento contrário ao mecanismo de trauma.
Foi realizada irrigação copiosa com Solução Fisiológica 0,9% após a remoção, não sendo necessárias
manobras para controles hemorrágicos e finalizada
com suturas por planos. Durante o transoperatório
após a remoção da faca, não foi observada oftalmoplegia do globo ocular da órbita afetada. O paciente foi submetido à antibióticoterapia com Cefalotina, pré e pós-operatório, bem como profilaxia
antitetânica.
A
B
Paciente V.L.S., 40 anos, gênero masculino,
compareceu à emergência do Hospital do Subúrbio
(HS), região metropolitana da cidade de Salvador,
Bahia, Brasil, com histórico de agressão física por
arma branca (faca), impactada em região maxilofacial. O paciente foi prontamente atendido seguindo
os padrões protocolados do Advanced Trauma Life
Support (ATLS), apresentando-se lúcido e orien- Figura 1 1.a: Nota-se arma branca alojada em região
tado em tempo e espaço, sem episódios de êmese maxilofacial. 1.b: Reconstrução tridimensional com arma
ou síncope pós trauma, portando Escala de Coma branca em posição.
42
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 41-44, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Nogueira Neto JN, et al.
A
C
B
D
Figura 2 2.a: Ausência de acometimento intracraniano. 2.b: Fratura de bloco alveolar de maxila. 2.c/d: Arma
branca em tangência com globo ocular acometendo
parede lateral de órbita.
Figura 3 Acompanhamento pós-operatório com acuidade e motricidade ocular preservados.
O pós-operatório evoluiu sem edemas significantes, deiscências ou alterações oftalmológicas,
com alta hospitalar dois dias após o procedimento.
DISCUSSÃO
Ferimentos provocados por arma branca impactada em região maxilofacial são raramente reportados na literatura5,6. A terminologia empregada, “Síndrome de Jael”, foi utilizada por Harris et
al. para definir o ferimento crânio-facial provocado
intencionalmente por faca, onde a história bíblica
do assassinato de Sisera cometido por Jael (Judas
IV:21), é a base para esta definição8.
A maioria dos casos de trauma em região
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
maxilofacial por agressão física estão relacionados a pacientes jovens do gênero masculino2,3,6,8.
Estudo realizado por Meer et al., de novembro de
1993 até outubro de 2004, avaliou a quantidade e o
perfil desse grupo de lesões relatadas na literatura
mundial em que a África do Sul mostrou-se o país
com maior número de casos. A região zigomáticotemporal foi a mais acometida, seguida das regiões
fronto-zigomática e base nasal, igualmente, bem
como regiões da maxila e supraorbital. A órbita,
acometida isoladamente, foi o sítio menos comum
encontrado4.
Após a avaliação inicial do paciente, cuidados
deverão ser tomados para a manutenção de vias
aéreas, controle hemostático e possível estado de
choque. Em situações, como o presente caso, quando a órbita está envolvida, uma acurada avaliação
oftalmológica deverá ser realizada concomitante à
avaliação neurológica3,6.
Para avaliação complementar, o exame radiográfico pode ser utilizado em duas projeções.
Elas são suficientes para a correta localização do
corpo estranho impactado. Entretanto, deve-se
ficar atento à possibilidade de corpos estranhos
adjacentes estarem paralelos ao objeto primeiramente identificado6. Esse posicionamento pode
levar à sobreposição na imagem radiográfica e
passar despercebido por um avaliador inexperiente3.
Em situações mais complexas, em que o objeto está profundamente penetrado em região maxilofacial, o exame de tomografia computadorizada
deve ser solicitado3. Quando existe o acometimento
orbital, a imagem por ressonância magnética (IRM)
é uma boa opção para a avaliação oftalmológica.
Entretanto, em casos nos quais o corpo estanho é
metálico, a IRM está contraindicada devido à possibilidade de deslocamento do objeto9, o qual pode
levar a lesões secundárias ao trauma inicial, como
relatado no presente caso.
A depender da região anatômica afetada e profundidade do material impactado, o paciente deverá
ser avaliado pelo Cirurgião Vascular. Sangramento
ativo, hematoma crescente e sinais de choque hipovolêmico são indícios de possível lesão vascular associada2. Havendo suspeitas dessas lesões, ou cor-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 41-44, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
43
Nogueira Neto JN, et al.
po estranho alojado lugares inacessíveis, próximo
de grandes vasos, o exame de angiografia deve ser
realizado para afastar essas hipóteses5,9.
A remoção do corpo estranho é realizada
sob anestesia geral em centro cirúrgico, pois,
além de promover um maior conforto para o paciente oferece ao cirurgião um maior segurança
ao cirurgião. O meio utilizado para a remoção do
corpo estranho, normalmente, é o mesmo trajeto
de penetração. Durante o procedimento, deve-se
ter cuidado para não danificar estruturas que estejam em íntimo contato ou próximas ao objeto.
Após isso, o ferimento deve ser explorado para a
procura de sangramentos ocultos ou fragmentos.
Após controle da hemostasia, deve ser realizada
uma copiosa irrigação com solução salina e posterior sutura por planos6.
Para o procedimento, deve ser realizada profilaxia antitetânica eterapia antibiótica no pré e no
pós-operatório6. A maior causa de infecções nesse
tipo de lesão está relacionada à presença remanescente de madeira do corpo estranho e fragmentos ósseos. Abscessos podem visualizados de três
a cinco semanas com os Staphylococcus Aureus,
sendo o microrganismo mais comumente encontrado. A terapia antibiótica de escolha pode ser a
associação entre o Metronidazol para combate dos
anaeróbios e cefalosporina de última geração9, apenas por curto período pós operatório10.
No presente caso, o paciente, após receber a
profilaxia antitetânica, foi tratado somente com o
uso de cefalosporina de primeira geraçãono pré e
pós-operatório, sem apresentar sinais de infecção.
REFERÊNCIAS
1. Zandomenighi RC, Mouro DL, Martins EAP.
Ferimento por arma branca: Perfil epidemiológico dos atendimentos em um pronto socorro. Rev Rene. 2011 Out/Dez;12(4):669-77.
2. Silva CJP, Ferreira RC, De Paula LPP, Haddad
JPA, Moura ACM, Naves MD, Ferreira e Ferreira E. Traumatismos maxilofaciais como marcadores de violência urbana: Uma análise comparativa entre gêneros. CiencSaude Coletiva.
2014 Jan; 19(1):127-136.
3. Shinohara EH, Heringer L, Carvalho Júnior JP.
Impactedknife in themaxillofacialregion: Reportoftwo cases. J Oral MaxillofacSurg. 2001
Out; 59(10):1221-3.
4. Meer M, Siddiqi A, Morkel JA, Janse van Rensburg P, Zafar S. Knifeinflictedpenetrating injuries ofthemaxillofacialregion: a descriptive, record-basedstudy. Injury. 2010 Jan;41(1):77-81.
5. Almeida Júnior P, Santos TS, Kumar PN, Martins Filho PRS, De Carvalho RWF. Ferimento
a faca impactada na face (Síndrome de Jael):
Relato de caso. RevCirTraumatol Buco-MaxiloFac. 2010 Jan/Mar;10(1): 9-14.
6. Dominguete PR, Matos BF, Meyer TN, Oliveira
LR. Jaelsyndrome: removalof a knifebladeimpacted in themaxillofacialregionunder local anaesthesia. BMJ Case Rep. 2013 Apr;10;2013.
7. Kamulegeya A, Lakor F, Kabenge K. Oral
maxillofacialfracturesseenat a ugandanterthiary
hospital: A six-monthprospectivestudy. Clinics.
2009; 64(9)843-8.
8. Harris AM, Wood RE, Nortjé CJ, Grotepass F.
Deliberatelyinflicted, penetratinginjuries ofthemaxillofacialregion (Jael´sSyndrome): Reportof
CONSIDERAÇÕES FINAIS
four cases. J CraniomaxillofacSurg. 1988 Fev;
Lesão com essa característica possui aspectos
16(2):60-3.
singulares e devem ser avaliados multidisciplinar- 9. Mandat TS, Honey CR, Peters DA, Sharma BR.
mente na emergência. Todos os cuidados devem
Artisticassault: Anunusualpenetratingheadinjuser tomados para que sejam afastadas as hipóteses
ryreported as a trivial facial trauma. Acta Neude lesões neurológicas, vasculares e oftalmológirochir (Wien). 2005 Mar; 147(3):331-333.
cas o mais rápido possível. Para isso, o paciente 10.Mottini M, Wolf R, Soong PL, Lieger O, Nakadeverá ser avaliado em uma unidade com suporte
hara K, Schaller B. The role ofpostoperativeanadequado e equipe com conhecimento a respeito
tibiotics in facial fractures: comparingtheefdesse tipo de lesão, para que o melhor tratamento
ficacyof a 1-day versus a prolongedregimen. J
seja adotado.
Trauma AcuteCareSurg. 2014 Mar;76(3):720-4.
44
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 41-44, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Artigo Caso Clínico
Tratamento de mucosite em pacientes usuários de
reabilitação implante suportada: relato de caso
Treatment of mucositis in patients using implant supported
rehabilitation – case report
RESUMO
Recebido em 26/11/2014
Aprovado em 19/03/2015
Fábio Andrey da Costa Araújo
Professor Assistente da Universidade de
Pernambuco - UPE.
Uma das principais causas de insucesso das reabilitações implanto
suportada está relacionada à inflamação dos tecidos de sustentação
peri-implantar a longo prazo. Mucosites podem ser definidas como
alterações inflamatórias reversíveis dos tecidos moles periimplantares
que não sofreram perda óssea. O conceito de mucosite alude a uma
reação inflamatória de caráter reversível, sem perda óssea, equivalente
à gengivite do periodonto. É caracterizada, principalmente, pela dor,
sangramento gengival, eritema e ulcerações. A prevalência de complicações após a restauração oral com próteses implantosuportadas
é alta. No entanto, existem poucos trabalhos na literatura sobre esse
tipo de complicações, o que torna difícil comparar os resultados e
avaliar se a presença de problemas protéticos é frequente ou não.
Este trabalho tem como objetivo realizar o relato de caso de mucosite peri-implantar e discutir os principais métodos de tratamento e
prevenção desse processo patológico.
Palavras-chave: Mucosite, peri-implantite, reabilitação bucal, cuidados pós-operatórios.
Stefanny Torres dos Santos Marques
Cirurgiã-Dentista pela Faculdade de
Odontologia de Pernambuco - FOP/UPE.
Daniella Cristina da Costa Araújo
Cirurgiã-Dentista pela Faculdade de
Odontologia de Pernambuco - FOP/UPE.
Fabrício Souza Landim
Especialista em CTBMF l pela Faculdade de
Odontologia de Pernambuco - FOP/UPE
José Rodrigues Laureano Filho
Professor Adjunto da Universidade de
Pernambuco - UPE.
Renata Cimões
Professora Adjunta da Universidade Federal
de Pernambuco - UFPE.
Endereço para
Correspondência
Fábio Andrey da Costa Araújo
Rua Gumercindo Cavalcante, 420 - São
Cristovão - CEP: 56.512-200 - Arcoverde/PE
Telefone: 55 81 8743 8519
e-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
ABSTRACT
The principal complication causes of failure of implant supported restorations is related to inflammation of the peri-implant tissues support the long term. Mucositis can be defined as reversible
inflammatory changes in the peri-implant soft tissues that has not
undergone bone loss. The concept of mucositis refers to an inflammatory reaction reversible character without bone loss, equivalent to
periodontal gum disease. It is characterized by pain, gingival bleeding,
erythema and ulceration. The prevalence of complications after oral
restoration with implants supported dentures hybrids is high. However, there are few studies on this type of complications, which
makes it difficult to compare results and assess whether the presence
of prosthetic problems is frequent or not. This work aims to realize
the case of peri-implant mucositis and discuss the main methods of
treatment and prevention of this disease process.
Key-words: Mucositis, peri-impantitis, mouth rehabilitation, postoperative care.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
45
Araújo FAC, et al.
INTRODUÇÃO
Uma das principais causas de insucesso das
reabilitações implanto suportada está relacionada à
inflamação dos tecidos de sustentação peri-implantar a longo prazo1. Mucosites podem ser definidas
como alterações inflamatórias reversíveis dos tecidos moles peri-implantares que não sofreram perda
óssea2. O conceito de mucosite alude a uma reação
inflamatória de caráter reversível, sem perda óssea,
equivalente à gengivite do periodonto. É caracterizada, principalmente, pela dor, sangramento gengival, eritema e ulcerações3. Por outro lado, a periimplantite é definida como reações inflamatórias
com perda de suporte ósseo nos tecidos ao redor
de um implante funcional2. Essas condições exibem
sinais e sintomas específicos, como sangramento à
sondagem, eventual supuração e hiperplasia tecidual. Quando os implantes estão localizados em áreas
pouco queratinizadas, acomete entre 5% e 10% dos
pacientes de implante1.
Um pré-requisito para a manutenção da osseointegração do implante dentário é a obtenção
do selamento perimucoso do tecido mole sobre
a superfície do implante. A incapacidade de criar
ou manter esse selamento resulta na migração apical do epitélio para o interior da interface ossoimplante e possível encapsulação total da porção
endóssea ou radicular do sistema de implantes4.
Se o selamento perimucoso se rompe ou não está
presente, há uma bolsa, e a área está sujeita a algum tipo de doença periimplantar, com resultante
defeito ósseo5.
Para a manutenção do implante, é importante que o paciente use escovas interdentais,
manuais e motorizadas assim como banhar a
escova em clorexidina 0,12%. Fios e fitas de
seda também banha das em clorexidina antes de
dormir4. Outro aspecto importante a considerar
é a manutenção de reabilitação protética bem
como os implantes que suportam a estrutura.
Controles regulares são recomendados a cada
6 ou 12 meses para evitar complicações e para
avaliar o estado peri-implantar do tecido6. Para
facilitar os cuidados caseiros, o colo do implante
deve ser liso e não poroso4.
A prevalência de complicações após a restaura46
ção oral com implantes de próteses apoiadas híbridos é alta. No entanto, existem poucos trabalhos
na literatura sobre este tipo de complicações, o que
torna difícil comparar os resultados e avaliar se a
presença de problemas protéticos é frequente ou
não3. Este trabalho tem como objetivo relatar um
caso de mucosite peri-implantar e discutir os principais métodos de tratamento e prevenção desse
processo patológico.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero feminino, 60 anos, retornou para acompanhamento à clínica de aperfeiçoamento em implantodontia da Faculdade de Odontologia de Pernambuco após um ano de instalação
de uma prótese implante-suportada tipo protocolo,
com queixa de sintomatologia dolorosa na região
dos implantes, sabor desagradável e halitose. Ao
exame clínico, extraoral, não foram encontrados
quaisquer sinais de anormalidade. Ao exame intraoral, como se pode ver na figura 1A, observa-se
secreção purulenta e tecido peri-implantar edemaciado, eritematoso e com discreto aumento de volume. À palpação, o tecido apresentava-se flácido e
sangrante ao toque.
Os parafusos de retenção foram removidos,
possibilitando a retirada da prótese. A figura 2A é
uma vista da superfície protética, que fica voltada
para o rebordo alveolar remanescente. Observa-se
a precipitação de biofilme em sua forma calcificada
ao longo de toda a estrutura protética, sinais de
sangramento e pús. Na figura 3A, observa-se uma
vista súpero-inferior do aspecto clínico em que se
encontravam as conexões intermediárias, que mantém a união estável prótese-implante. Percebe-se a
hemorragia do cordão fibroso peri-implantar e a
perda da queratinização em decorrência do intenso
infiltrado inflamatório.
Durante a avaliação por sondagem, notou-se a
manutenção da interface implante-osso sem perda
de inserção significativa. Diante dos achados clínicos, fechou-se diagnóstico de mucosite peri-implantar. A paciente foi submetida a bloqueio anestésico
do nervo mentoniano bilateralmente para posterior
procedimento de limpeza e desinfecção do aparato
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Araújo FAC, et al.
de suporte protético com irrigação copiosa de cloA paciente foi acompanhada por 30 dias, comrexidina 0,12% diluída em soro fisiológico 0,9% na parecendo ao ambulatório com periodicidade seproporção de 1:1 e movimentos suaves com cureta manal para avaliar sua capacidade de higienização
específica de material sintético.
e o processo de involução do edema e cicatrização das áreas sangrantes. Na figura 1B, observa-se
o aspecto clínico do protocolo em posição no trigésimo dia após inicio do tratamento da mucosite
peri-implantar. Na figura 3B, é evidente o reestabelecimento da coloração normal da mucosa periimplantar e seu volume original.
Figura 1A - Exame clínico intraoral: observa-se secreção purulenta e tecido peri-implantar edemaciado,
eritematoso e com discreto aumento de volume.
Figura 1B - Observa-se o aspecto clínico do protocolo em posição no trigésimo dia após início do tratamento da mucosite peri-implantar.
Quanto à prótese, removeu-se o cálculo que
se encontrava aderido a sua estrutura com o auxílio
de cureta e em seguida foi realizado o refino no
acabamento e polimento utilizando brocas de corte
fino/cruzado e borrachas de granulações decrescente específicas para resina acrílica. Na figura 2B,
observa-se o aspecto da prótese protocolo após o
procedimento descrito anteriormente. Prescreveuse o gel de clorexidina a 1% após a escovação e
foram dadas orientações de cuidados e higiene
oral (escovação diária e a utilização do fio dental).
Considerando o estado geral da paciente, não foi
necessária a prescrição de medicamentos adicionais,
como antibiótico, analgésico ou antiinflamatório.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Figura 2A - Vista da superfície protética que fica voltada para o rebordo alveolar remanescente. Observase a precipitação de biofilme em sua forma calcificada
ao longo de toda a estrutura protética, sinais de sangramento e pus.
Figura 2B - Aspecto da prótese protocolo após remoção de tártaros e o refino no acabamento e polimento.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
47
Araújo FAC, et al.
Figura 3A - Observa-se uma vista súpero-inferior do
aspecto clínico em que se encontravam as conexões
intermediárias. Percebe-se a hemorragia do cordão fibroso peri-implantar e a perda da queratinização em
decorrência do intenso infiltrado inflamatório.
Figura 3B – evidencia o reestabelecimento da coloração normal da mucosa peri-implantar e seu volume
original.
DISCUSSÃO
As mucosites devem ser diagnosticadas e
tratadas buscando-se identificar a causa dessa inflamação: falta ou deficiência nos procedimentos
de higienização, ausência de mucosa queratinizada,
tipo e localização da restauração protética ou algum
fator sistêmico relacionado ao paciente. A literatura
relata como principais medidas para tratamento de
mucosite peri-implantar a eliminação de cálculo,
quando presente, desinfecção de próteses e pilares,
irrigação subgengival e modificação do desenho
das próteses pouco higiênicas. Indica-se ainda irrigação subgengival com clorexidina 0.12%, soro
fisiológico e pasta de tetraciclina7. Em casos de
edema da mucosa ou hiperplasia devido à infecção
persistente, a remoção da gengiva em excesso pode
ser sugerida como forma de diminuir a profundi48
dade clinica de sondagem e, consequentemente, o
acúmulo de placa bacteriana8.
Quando a mucosite é causada por próteses
mal ajustadas, como no caso relatado, é melhor
removê-la e fazer os ajustes necessários para se evitar o acúmulo de biofilme. Também pode ser usado anti-séptico bucal para eliminar bactérias bem
como para aliviar os sintomas9.
Na pesquisa realizada por Real-Osuna, na
Universidade de Barcelona, a amostra foi composta por 43 pacientes, tendo sido a principal
complicação pós-reabilitação implante e prótese
suportada a mucosite que afetou 24% dos casos
(n:12). Dos pacientes, 7,8% relataram dificuldade
na higienização, e o mesmo número apresentou
uma sobre-extensão da cauda (borda) de resina da
prótese. Após a avaliação dos casos de mucosite,
concluiu-se que a prevalência de mucosite resultou da higiene oral inadequada, produzida, principalmente, por uma extensão excessiva prótese
implatosuportada.
Estudos têm demonstrado que a terapêutica
não-cirúrgica, com ou sem o auxílio de agentes antimicrobianos, tem obtido êxito no tratamento da
mucosite peri-implante7,10. Clorexidina é o agente
químico mais utilizado no controle do biofilme,
sendo eficaz na redução do acúmulo de placa por
causa da sua atividade bactericida e bacteriostática11. A clorexidina apresenta uma atividade antibacteriana contra ambas as bactérias gram-positivas e
gram-negativas, e isso, em particular, é imprescindível no tratamento e prevenção das infecções por
via oral, devido à sua substantividade12.
Na pesquisa realizada por De Siena, observou-se que a mucosite peri-implantar pode ser
tratada com terapia mecânica em associação com
o uso de clorexidina como um agente antimicrobiano. A utilização de 1% de clorexidina gel pode
ser eficaz, porque pode ser limitado ao local afetado e auto-administrada pelos pacientes, se fornecido com dicas adequadas. Neste estudo, ambas
as formulações de clorexidina (1% de gel e 0,2%
colutórios) mostraram-se eficientes na diminuição
do estado inflamatório da mucosa peri-implante, a
curto prazo (10 dias) 13. Essa redução está associada com uma diminuição do acúmulo de biofilme.
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Araújo FAC, et al.
Aplicação submucosa com clorexidina a 0,2% em
gel realizada por um dentista foi descrito como
sendo eficaz para a redução em parâmetros clínicos
como índice gengival e profundidade de sondagem
no local do implante afetado14.
No estudo realizado por Porras, não foi observada qualquer vantagem significativa no uso de
0,12% de gel de clorexidina e bochechos como adjuvante ao tratamento mecânico, em comparação
com a limpeza mecânica isolada no tratamento da
mucosite peri-implantar, mas isso pode ser devido
as baixas concentrações utilizadas10. Outro estudo
não demonstrou um efeito adjuvante benéfico significativo quando comparado a utilização do gel de
clorexidina na concentração 0,5%, durante um mês,
em comparação com a higiene oral profissional isolada12. Segundo Heitz-Mayfield, é recomendado o
uso de gel de clorexidina em todos os casos de mucosite peri-implante. Os autores recomendam que
em implantes com, pelo menos, um sangramento
à sondagem local positiva após 3 meses deve ser
adotado o gel de clorexidina como elemento adjuvante à higienização mecânica15.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mucosites têm mostrado regressão após
tratamento não cirúrgico, através da remoção dos
cálculos pela raspagem com curetas sintéticas quando presente, modificação do desenho das próteses
quando pouco higiênicas, irrigação com soluções de
clorexidina, higienização com escovas interdentais,
fio e fitas dentais banhadas em clorexidina, escovas
manuais e motorizadas, orientações de higienização
pelo Cirurgião - Dentista ao paciente e controles
regulares. Nesse caso, a abordagem terapêutica não
cirúrgica da mucosite foi realizada com êxito.
REFERÊNCIAS
1. Mombelli A. et. al. The diagnosis and treatment of periimplantitis. Periodontology 2000,
1998;17:63-76.
2. Albrektsson T, Isidor F. Consensus report of
Session IV. In: Lang, N. P. & Karring, T. (eds)
Proceedings of the 1st European Workshop on
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Periodontology, London: Quintessence Publishing Co. Ltd.; 1994; 365–369.
3. Real-Osuna J, Almendros-Marqués N , GayEscoda C Prevalence of complications after
the oral rehabilitation with implant-supported
hybrid prostheses. Med Oral Patol Oral Cir
Bucal. 2012 Jan 1;17 (1):e116-21.
4. Meffert RM. Manutenção dos implantes dentários. In: Misch EC. Prótese sobre implantes.
São Paulo: Livraria Santos Editora; 2006, 58795.
5. Meffert RM, Block MS, Kent JN: What is osseointegration? Int J periodontics Restorative
Dent. 4:9, 1987.
6. Lindquist LW,Carlsson GE,Jemt T. A prospective 15-year follow-up study of mandibular
fixed prostheses supported by osseointegrated
implants. Clinical results and marginal bone
loss. Clin Oral Implants Res. 1996;7:329-36.
7. Renvert S, Roos-Jansaker AM, Claffey N. Nonsurgical treatment of peri-implant mucositis
and peri-implantitis: a literature review. J Clin
Periodontol 2008; 35: 305–315.
8. Casado PL, Guerra RR, Fonseca MA, Costa
LC, Granjeiro JM, Barboza LP. Tratamento das
doenças peri-implantares: experiências passadas e perspectivas futuras -uma revisão de literatura. Braz J Periodontol – 2011;21(2):25-35.
9. Lang NP,Wilson TG,Corbet EF. Biological
complications with dental implants: their preven-tion,diagnosis and treatment. Clin Oral
Implants Res. 2000;11 Suppl 1:146-55.
10.Porras R, Anderson GB, Caffesse R, Narendran S, Trejo PM. Clinical response to 2 different therapeutic regimens to treat periimplant
mucositis. J Periodontol 2002; 73: 1118–1125.
11.Berchier CE, Slot DE, Van der Weijden GA. The
efficacy of 0.12% chlorhexidine mouthrinse
compared with 0.2% on plaque accumulation
and periodontal parameters: a systematic review. J Clin Periodontol 2010; 37: 829–839
12.Addy M. Chlorhexidine compared with other
locally delivered antimicrobials.A short review.
J Clin Periodontol 1986; 13: 957–964.
13.De Siena F, Francetti F, Corbella S, Taschieri S,
Del Fabbro M. Topical application of 1% chlo-
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
49
Araújo FAC, et al.
rhexidine gel versus 0.2% mouthwash in the
treatment of peri-implant mucositis. Na observational study. Int J Dent Hygiene 11, 2013;
41–47.
14. De Araujo Nobre M, Capelas C, Alves A et al.
Non-surgical treatment of peri-implant pathology. Int J Dent Hyg 2006; 4: 84–90.
15.Heitz-Mayfield LJ, Salvi GE, Botticelli D, Mombelli A, Faddy M, Lang NP. Anti-infective treatment of peri-implant mucositis: a randomised
controlled clinical trial. Clin Oral Implants Res
2011; 22: 237–241.
50
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 45-50, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Artigo Nota Técnica
Bloqueio intermaxilar pela técnica de fio interdental
calibroso: descrição da técnica
large wire interdental technique to intermaxillary fixation: technique note
Resumo
O tratamento das fraturas maxilo-mandibulares geralmente requer a
oclusão dentária como referência para uma adequada redução. Uma
variedade de técnicas de bloqueio intermaxilar é descrita na literatura,
mostrando suas indicações e contraindicações. A utilização de técnicas com fio de aço, barra de Erich e parafusos de bloqueio, atualmente são as mais relatadas e utilizadas. O risco de acidentes, o tempo
cirúrgico, o custo e os danos aos dentes são alguns dos pontos discutidos, quando se avaliam as vantagens e desvantagens de cada técnica.
Assim, procuramos descrever uma opção de técnica simplificada e
eficiente de bloqueio intermaxilar, utilizando fio de aço calibroso.
Abstract
Recebido em 30/01/2015
Aprovado em 19/03/2015
Fabrício Moreira Serra e Silva
DDS, PhD - Mestre e Doutor em Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pela
FOP-Unicamp.
Anderson da Silva dos Anjos
Acadêmico de Odontologia da Faculdade
FACID-DeVry.
Mateus de Carvalho Urquiza
Acadêmico de Odontologia da Faculdade
FACID-DeVry.
Endereço para
Correspondência
Fabrício Moreira Serra e Silva
Av. Pres. Kennedy 8001 - Tabajaras
CEP. 64067-010 / Teresina-PI
E-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
The treatment of maxillofacial fractures usually requires the dental
occlusion as a reference for an appropriate reduction. A variety of technique intermaxillary fixation is described in the literature, showing
its indications and contraindications. The use of techniques with steel wire, Erich bar and locking screws, are currently the most reported
and used. The risk of accidents, surgical time, cost and damage to
teeth, are some of the points discussed when evaluating the advantages and disadvantages of each technique. So we try to describe an
option of simplified and efficient technique of inter-jaw lock using
caliber of steel wire.
Introdução
A oclusão dentária é a chave do tratamento das fraturas maxilomandibulares, tanto como objetivo final quanto como forma de assegurar mais facilmente a melhor redução e osteossíntese das fraturas. Estabelecer um bloqueio maxilo-mandibular estável, de forma
rápida e segura, é o maior objetivo das diversas técnicas descritas
na literatura. Algumas desvantagens, como tempo cirúrgico, injúrias
periodontais, risco de acidentes com perfuração do cirurgião e custo
de alguns materiais, são motivos para ainda se buscarem novas técnicas. Assim, descreveremos uma técnica simples e eficaz de bloqueio
maxilo-mandibular com fio de aço calibroso, como opção para restaRev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 51-54, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
51
Silva FMS, Anjos AS, Urquiza MC
belecer, de forma segura e estável, a relação oclusal
de pacientes com fraturas maxilo-mandibulares.
A
Descrição da Técnica
A técnica dos fios interdentais calibrosos utiliza segmentos de fio de aço com comprimento de
10cm e numeração 2, 4 ou 5, de acordo com os
espaços interproximais encontrados. Preferencialmente, as regiões entre os pré-molares são as de
escolha, podendo optar por outras áreas de maior
contato interproximal (Fig. 1A/B). Após a seleção
da área, o fio de aço é introduzido na ameia no
sentido vestíbulo-palatino dos dentes superiores,
seguindo o sentido lingual-vestibular dos dentes
inferiores (Fig. 2A/B.) Após a instalação de um ou
dois fios bilateralmente, manipula-se a mandíbula
procurando restabelecer a oclusão dentária. Procede-se, então, à torção dos fios e ao bloqueio
maxilo-mandibular (Fig. 3 A/B). Em alguns casos,
pode-se passar o fio pela região de linha média,
auxiliando na estabilidade do bloqueio intermaxilar
(Fig. 4).
B
A
Figura 2A/B Passagem dos fios pelos espaços interproximais, seguindo o sentido vestibular-palatino superior e lingual-vestibular inferior.
B
Figura 1 A/B Seleção e dobra dos fios de aço de acordo com os espaços interproximais.
52
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 51-54, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Silva FMS, Anjos AS, Urquiza MC
dade do bloqueio intermaxilar, sem a necessidade
de torção do fio até o limite da fadiga, o que ajuda a
diminuir o tempo cirúrgico e os riscos de acidentes
com perfuração da equipe. Pode-se, ainda, ressaltar,
como vantagem, o baixo custo da técnica. Como
desvantagem, a presença de diastemas pode dificultar e, muitas vezes, impossibilitar, a aplicação
da técnica. Os danos ao periodonto assemelham-se
aos provocados com outras técnicas, não observando abalos de inserção ou até mesmo traumas
dentários significativos, quando aplicados os fios
mais calibrosos.
A
B
Conclusão
A técnica de fio interdental calibroso mostra
ser uma opção efetiva, prática e segura, quando
bem indicada.
Figura 3 A/B Bloqueio intermaxilar com fio interdental
calibroso Nº4, aplicado bilateralmente.
Figura 4 Aplicação de fio de aço calibroso na linha
média para assegurar estabilidade.
Discussão
A técnica de fio interdental calibroso é indicada em casos de fácil restabelecimento da oclusão
por manipulação dos segmentos fraturados.
Porém, contraindicada em casos de múltiplas fraturas envolvendo segmentos dento-alveolares ou,
até mesmo, de redução desfavorável. Quando bem
indicada, uma das vantagens da técnica é alcançar,
aplicando, apenas, dois ou quatro fios, a estabiliISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 51-54, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
53
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DOUTORADO E MESTRADO
EM ODONTOLOGIA
ÁREA: CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA
BUCO-MAXILO-FACIAL
Doutorado: 4 anos
Mestrado: 2 anos
Contato: [email protected]
A
Universidade de Pernambuco, através da Faculdade de Odontologia tem alcançado sucesso na sua missão de produzir Cientistas
líderes no campo da Odontologia em cuidados clínicos, ensino e pesquisa. Sua característica inovadora educacional proporciona uma educação profissional-escola sem igual.
Formar futuros cientistas com foco em Ciências Odontológicas e áreas
correlatas da saúde, com ênfase a investigação em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial é o nosso objetivo.
Esta formação é uma oportunidade única aos especialistas em Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial para aproveitar os recursos de uma
Universidade e Centro Hospitalar de referência para se qualificarem.
A área desenvolve pesquisas inovadoras, em ciências básicas ou orientadas para as necessidades do doente vislumbrando a saúde humana.
Resumo
Tese/Dissertação
Efeitos clínicos do extrato insaponificável de soja e
abacate nas artralgias e osteoartrites da articulação
temporomandibular
Clinical effects of an avocado soybean unsaponifiable on arthralgia and
osteoarthritis of the temporomandibular joint: preliminary study
RESUMO
Recebido em 11/02/2015
Aprovado em 19/03/2015
Ivson Souza Catunda
DDS, Departamento de Cirurgia e
Traumatologia Buco Maxilo Facial,
Universidade de Pernambuco, Pernambuco,
Brasil.
Belmiro Cavalcanti do Egito
Vasconcelos
MSc, PhD, Departamento de Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial,
Universidade de Pernambuco, Pernambuco,
Brasil.
Emanuel Sávio de Souza Andrade
MSc, PhD, Departamento de Cirurgia
e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial,
Universidade de Pernambuco, Pernambuco,
Brasil.
Objetivo: Avaliar por meio de um estudo preliminar a eficácia do
Insaponificável de Soja e Abacate (ISA) nos pacientes portadores
de artralgia e osteoartrite (OA) da articulação temporomandibular
(ATM). Pacientes e Métodos: Tratou-se de ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. A Análise Estatística foi
realizada em 14 mulheres com diagnóstico de artralgia e OA da ATM
pelos Critérios de Diagnóstico em Pesquisa dos Transtornos Temporomandibulares RDC/TMD, divididas em dois grupos: G1-Placebo
(controle) e G2-ISA (experimental). As variáveis dor foram determinadas pela EVA e pelo algômetro de pressão; a função mandibular foi
examinada mediante a mensuração dos movimentos mandibulares e
a qualidade de vida pelo Oral Health Impact Profile (OHIP-14). Todos os pacientes foram acompanhados por um período de 06 meses,
sendo 4 meses utilizando a medicação. Resultados: Os resultados
foram favoráveis ao uso do ISA para diminuição da sintomatologia
dolorosa e melhora da qualidade de vida. Também foi significativa a
redução do uso de medicação de resgate do grupo experimental comparado ao grupo controle. Conclusões: Mesmo em se tratando de
um estudo preliminar, esta pesquisa traz fortes indícios do benefício
do ISA em pacientes com doenças degenerativas e artralgia da ATM,
de forma que pesquisas adicionais com maior amostragem devem ser
executadas.
Descritores: Transtornos da Articulação Temporomandibular; Osteoartrite; Artralgia.
Davi Felipe Neves Costa
DDS, Residente em Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial, Hospital da Restauração,
Pernambuco, Brasil.
Endereço para
Correspondência
Belmiro C. E. Vasconcelos
Universidade de Pernambuco, Av. General
Newton Cavalcanti, 1650, Camaragibe,
Pernambuco, Brasil - 54753-220
Tel: +55-81-88868677, Fax: +55-81-34582867,
E-mail: [email protected].
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
ABSTRACT
Objective: To evaluate through a preliminary study the effectiveness
of unsaponifiable soy and avocado (ASU) in patients with arthralgia
and osteoarthritis (OA) of the TMJ Patients and Methods: This
was a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Statistical
analysis was performed in 14 women diagnosed with TMJ arthralgia
and (OA) by the Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) and divided into two groups: G1, placeRev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 55-56, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
55
Catunda IS, et al
bo (control); G2, ASU (experimental). The variables were measured
by visual analogue scale (VAS) pain and pressure algometer. Mandibular function was examined by measuring mandibular movements
and the quality of life for the Oral Health Impact Profile (OHIP-14).
All patients were followed for a period of six months and four months using the medication. Results: The results were favorable to the
use of ISA to decrease painful symptoms and improve the quality
of life. Also significant was the reduction in the use of rescue medication in the experimental group compared with the control group.
Conclusions: Even in the case of a preliminary study, this research
provides strong evidence of the effectiveness of the ISA in patients
with degenerative diseases and TMJ arthralgia, so further research
with larger samples should be performed.
Keywords: temporomandibular joint disorders, osteoarthritis, arthralgia
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Prof. Guilherme Simões Gomes
Universidade de Pernambuco – Campus Camaragibe
Catunda, Ivson Souza
C357e S586u
Efeitos clínicos do extrato insaponificável de soja e abacate nas
artralgias e osteoartrites da articulação temporomandibular/Ivson
Souza Catunda; orientador: Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos;
coorientador: Emanuel Sávio de Souza Andrade. - Camaragibe, 2013.
136f.: il.Dissertação (Mestrado em Odontologia, área de concentração
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial ) - Universidade de
Pernambuco, Campus Camaragibe, Camaragibe, 2014.
1 TRANSTORNOS DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR 2
OSTEOARTRITE 3 ARTRALGIA I Vasconcelos, Belmiro Cavalcanti do Egito
(orient.) II Andrade, Emanuel Sávio de Souza (coorient.) III Título
CDD 20th ed. – 617.522
Claudia Henriques – CRB4/1600
BFOP-001/2014
56
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 55-56, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Resumo
Tese/Dissertação
Utilização de miniâncoras no tratamento da luxação
recidivante anterior do côndilo mandibular: revisão da
literatura e relato de caso
Mini-anchors for use in the treatment of recurrent foward dislocation of
the condyle: literature review and case report
RESUMO
Recebido em 25/03/2015
Aprovado em 29/03/2015
Quando o côndilo mandibular se desloca para fora da cavidade articular, ultrapassando as superfícies articulares limítrofes e permanecendo travado nesta posição até que forças externas o reduzam,
caracteriza-se a luxação da articulação têmporo-mandibular. Sua
ocorrência repetitiva, denominada de luxação recidivante, está geralmente associada à hipermobilidade mandibular. Na maioria dos
casos, a luxação apresenta-se como um episódio isolado, entretanto a
luxação recorrente tem sua prevalência em torno de 3 a 7% da população em geral. É uma condição, que pode afetar bastante a qualidade
de vida dos pacientes acometidos e merece atenção especial no campo da Cirurgia Buco-Maxilo-Facial. O tratamento inicial é sempre o
conservador, com o objetivo de se evitarem procedimentos invasivos
desnecessários. No entanto, quando de sua ineficácia, o tratamento
cirúrgico é o instituído. Em geral, existem duas modalidades de tratamento cirúrgico para a luxação recidivante de ATM, uma com o
objetivo de restringir a abertura bucal e a outra, com a finalidade de
promover movimentos mandibulares livres (remoção da eminência
articular), cada uma com suas indicações, vantagens e desvantagens.
O uso de miniâncoras condilares como forma terapêutica para a luxação recidivante da ATM é uma opção válida, não altera a anatomia
articular e isso será explanado por meio de revisão na literatura adicionalmente ao relato de caso clínico, em que esse método foi utilizado com sucesso.
Palavras chave: Articulação Temporomandibular; Luxação recidivante; Côndilo.
Edmilson Zacarias da Silva Júnior
Cirurgião Buco-Maxilo-Facial – HUOC/FOP/
UPE.
Endereço para
Correspondência
Edmilson Zacarias da Silva Júnior
Rua Dr. Edgar Valois, n° 28, Matriz, Vitória de
Santo Antão-PE, CEP: 55612550
e-mail: [email protected]
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
ABSTRACT
When the mandibular condyle moves out of the joint cavity, surpassing the neighboring joint surfaces and staying locked in this position until external forces reduce, is characterized dislocation of the
temporomandibular joint. The repetitive occurrence, called recurrent
dislocation, is usually associated with mandibular hypermobility. In
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 57-58, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
57
Silva Júnior EZ
most cases, the dislocation is presented as a single episode, however
the recurrent dislocation has its prevalence around 3-7% of the general population. It is a condition that can affect the quality of life of
affected patients and deserves special attention in the field of Oral
and Maxillofacial Surgery. Initial treatment is always conservative, aiming to avoid unnecessary invasive procedures. However, when this
is ineffective, surgical treatment is instituted. Generally, there are two
types of surgical treatment for recurrent dislocation of TMJ, one intends to restrict mouth opening and another with purpose to promote free mandible movements (eminectomy), each with its indications,
advantages and disadvantages. The use of condylar mini-anchors as
therapy for recurrent luxation of TMJ is a valid option, does not
alter the articulate anatomy and will be explained by reviewing the
literature in addition to a case report where this method has been
successfully used.
Key-words: Temporomandibular joint; Recurrent dislocation; Condyle.
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Prof. Guilherme Simões Gomes
Universidade de Pernambuco – Campus Camaragibe
Silva Júnior, Edmilson Zacarias da
S586u S586u
Utilização de mini-âncoras no tratamento da luxação recidivante
anterior do côndilo mandibular – revisão de literatura e relato de caso
clínico/Edmilson Zacarias da Silva Júnior; orientador: Belmiro Cavalcanti
do Egito Vasconcelos. - Camaragibe, 2014.
50f. Monografia (Especialização em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial) - Universidade de Pernambuco, Campus Camaragibe,
Camaragibe, 2014.
1 ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR 2 LUXAÇÕES 3 CÔNDILO
MANDIBULAR I Vasconcelos, Belmiro Cavalcanti do Egito (orient.) II Título
CDD 21th ed – 617.522059
Cíntia Nascimento – CRB4/1742
BFOP-129/2014
58
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 57-58, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Instruções aos autores
1. INTRODUÇÃO
A revista de CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXILO-FACIAL da Faculdade de Odontologia da Universidade
de Pernambuco, destina-se à publicação de trabalhos relevantes para
a educação, orientação e ciência da prática acadêmica de cirurgia e
áreas afins, visando a promoção e intercâmbio do conhecimento entre a comunidade universitária e os profissionais da área de saúde.
2. INSTRUÇÕES NORMATIVAS GERAIS
2.1. A categoria dos trabalhos abrange artigos originais e/ou inéditos, revisão sistemática, ensaios clínicos, série de casos e nota
técnica. Também relato de casos clínicos e Resumo de tese.
As notas técnicas destinam-se à divulgação de método de
diagnóstico ou técnica cirúrgica experimental, novo instrumental cirúrgico, implante ortopédico, etc.
2.2. Os artigos encaminhados à Revista serão apreciados pela Comissão Editorial, que decidirá sobre sua aceitação.
2.3. As opiniões e os conceitos emitidos são de inteira responsabilidade dos autores.
2.4. Os artigos originais aceitos para publicação ou não, não serão
devolvidos aos autores.
2.5. São reservados à revista os direitos autorais dos artigos publicados, permitindo sua reprodução parcial, ou total, desde
que citada a fonte.
2.6. Nas pesquisas desenvolvidas em seres humanos, deverá constar
o parecer do comitê de ética em pesquisa, conforme a resolução 196/96 e suas complementares do Conselho Nacional
de Saúde do Ministério de Saúde. Nota: Para fins de publicação, os artigos não poderão ter sido divulgados em periódicos
anteriores.
2.7. A revista aceita trabalhos em português e espanhol.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
59
Instruções aos autores
3. PREPARAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS
3. 1. Carta de Encaminhamento: Na carta de encaminhamento,
deverá ser mencionado: a) a seção a qual se destina o artigo
apresentado; b) que o artigo não foi publicado antes; c) que
não foi encaminhado para outra Revista. A carta deverá ser
assinada pelo autor e por todos os co-autores.
3. 2. Os trabalhos deverão ser digitados no processador de texto
microsoft word, em caracteres da fonte times new roman,
tamanho 12, em papel branco, tamanho a4 (21,2x29,7 cm),
com margens mínimas de 2,5 cm. A numeração das páginas
deverá ser consecutiva, começando da página título e ser localizada no canto superior direito.
3. 3. O artigo, assim como a carta de encaminhamento e as figuras e gráficos, deverão ser enviados como arquivo em anexo de no máximo 1 mb para o seguinte e-mail: [email protected]
3. 4. Estilo: Os artigos deverão ser redigidos de modo conciso, claro
e correto, em linguagem formal, sem expressões coloquiais.
3. 5. Número de Páginas: Os artigos enviados para publicação deverão ter, no máximo, 15 páginas de texto, número este que
inclui a página título ou folha de rosto, a página Resumo e as
Referências Bibliográficas.
3. 6. As Tabelas, Quadros e Figuras (ilustrações: fotos, mapas, gráficos, desenhos etc.) deverão vir enumeradas em algarismos
arábicos, na ordem em que forem citadas no texto. Os autores
deverão certificar-se de que todas as tabelas, gráficos, quadros
e figuras estão citados no texto e na sequência correta. As legendas das tabelas, quadros e figuras deverão vir ao final
do texto, enumeradas em algarismos arábicos, na ordem
em que forem citadas no texto.
3.7. As figuras deverão ser enviadas como arquivos separados,
uma a uma.
3. 8. O artigo deve apresentar página de título/folha de rosto,
texto propriamente dito (resumo e descritores e abstract
e descriptors, introdução, desenvolvimento, conclusões/
considerações finais), referências bibliográficas e legenda
das figuras, quadros e figuras.
Página Título/ folha de rosto
A página de título deve ser enviada como um arquivo separado
e deverá conter: a) título do artigo nas línguas portuguesa e inglesa,
o qual deverá ser o mais informativo possível e ser composto por,
no máximo, oito palavras; b) nome completo sem abreviaturas dos
autores, com o mais alto grau acadêmico de cada um; c) nome do Departamento, Instituto ou Instituição de vínculo dos autores; d) nome
da Instituição onde foi realizado o trabalho; e) endereço completo,
e-mail e telefones do primeiro autor para correspondência com os
60
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Instruções aos autores
editores; f) nome ou sigla das agências financiadoras, se houver.
Será permitido um número máximo de cinco (05)autores envolvidos
no trabalho. A inclusão de autores adicionais somente ocorrerá em
se tratando de estudo multicêntrico ou após comprovação da participação de todos os autores com suas respectivas funções e aprovação
desta Comissão Editorial.
Texto propriamente dito
O texto propriamente dito deverá apresentar resumo, introdução,
desenvolvimento e conclusão (ou considerações finais).
O tópico de agradecimentos deve vir imediatamente antes às
referências bibliográficas.
Resumo
O Resumo com Descritores e o Abstract com Descriptors deverão vir na 2ª página de suas respectivas versões, e o restante do
texto, a partir da 3ª página. O resumo deverá ter até 240 palavras. Deverão ser apresentados de três a cinco descritores,retirados do DeCS
- Descritores em Ciências da Saúde, disponível no site da BIREME,
em http://www.bireme.br, link terminologia em saúde)
Nos casos de artigos em espanhol, é obrigatório a apresentação dos resumos em português e inglês, com seus respectivos
descritores e descriptors.
Introdução
Consiste na exposição geral do tema. Deve apresentar o estado
da arte do assunto pesquisado, a relevância do estudo e sua relação
com outros trabalhos publicados na mesma linha de pesquisa ou área,
identificando suas limitações e possíveis vieses. O objetivo do estudo
deve ser apresentado concisamente ao final dessa seção.
Desenvolvimento
Representa o núcleo do trabalho, com exposição e demonstração do assunto, que deverá incluir a metodologia, os resultados e a
discussão.
Nos artigos originais, os resultados com significância estatística
devem vir acompanhados dos respectivos valores de p.
No caso de relato de caso clínico, o desenvolvimento é constituído pelo relato do caso clínico e a discussão.
Discussão: deve discutir os resultados do estudo em relação à
hipótese de trabalho e à literatura pertinente. Deve descrever as semelhanças e as diferenças do estudo em relação aos outros estudos
correlatos encontrados na literatura, e fornecer explicações para as
possíveis diferenças encontradas. Deve também identificar as limitações do estudo e fazer sugestões para pesquisas futuras.
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
61
Instruções aos autores
Conclusão/considerações finais
As Conclusões/Considerações finais devem ser apresentadas
concisamente e estar estritamente fundamentadas nos resultados obtidos na pesquisa. O detalhamento dos resultados, incluindo valores
numéricos etc., não deve ser repetido.
O tópico “conclusão” apenas deve ser utilizado para trabalhos
de pesquisa. Nos relatos de caso, notas técnicas e controvérsias, deverá ser admitido o tópico “Considerações Finais”.
Agradecimentos
No tópico Agradecimentos devem ser informadas as contribuições de colegas (por assistência técnica, comentários críticos
etc.), e qualquer vinculação de autores com firmas comerciais deve
ser revelada. Esta seção deve descrever a(s) fonte(s) de financiamento
da pesquisa, incluindo os respectivos números de processo.
4. ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
4.1. Trabalho de Pesquisa (ARTIGO ORIGINAL)
Título (Português/Inglês). Até 12 palavras
Resumo (até 240 palavras)/Descritores(três a cinco)
Abstract/Descriptors
Introdução e proposição
Metodologia
Resultados
Discussão
Conclusões
Agradecimentos (caso haja)
Referências Bibliográficas (20 referências máximo - ordem de
citação no texto)
Legenda das Figuras
Nota: Máximo 5 figuras (Figuras com 300 dpi)
4. 2.
62
Relato de Caso
Título (Português/Inglês). Até 12 palavras
Resumo(Até 240 palavras)/Descritores (três a cinco)
Abstract/Descriptors
Introdução e proposição
Relato de Caso
Discussão
Considerações Finais
Agradecimentos (caso haja)
Referência Bibliográfica (10 referências máximo - ordem de citação no texto)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Instruções aos autores
Legenda das Figuras
NOTA: Máximo 3 figuras (Figuras com 300 dpi)
4.3. Nota técnica
Título (Português/Inglês). Até 12 palavras
Resumo (Até 240 palavras)/Descritores (três a cinco)
Abstract/Descriptors
Introdução explicativa
Descrição do método, do material ou da técnica
Considerações finais
Agradecimentos (caso haja)
Referências bibliográficas
Legenda das figuras
NOTA: Máximo 3 figuras (Figuras com 300 dpi)
4.4. Controvérsias
Título (Português/Inglês). Até 12 palavras
Resumo (até 240 palavras)/Descritores(três a cinco)
Abstract/Descriptors
Introdução
Discussão
Considerações finais (caso haja)
4.5. Resumo de tese
Título completo de indexação (português/inglês). acrescentar também título curto e short title com até 12 palavras
Resumo (até 240 palavras)/Descritores(três a cinco)
Abstract/Descriptors
Ficha catalográfica
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As citações e referências bibliográficas devem seguir as normas
de Vancouver, devendo seguir o sistema de numeração progressiva
no corpo do texto.
Exemplo: “O tratamento das fraturas depende também do grau
de deslocamento dos segmentos.4”
Autor (res). J Oral MaxillofacSurg. 2009 Dec;67(12):2599-604.
6. DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E TERMO DE
TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
A assinatura da declaração de responsabilidade e transferência
dos direitos autorais é obrigatória. Os co-autores, juntamente com
o autor principal, devem assinar a declaração de responsabilidade
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
63
Instruções aos autores
acima, configurando, também, a mesma concordância dos autores
do texto enviado e de sua publicação, se aceito pela Revista de Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia (FOP/
UPE). Sugerimos o texto abaixo:
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E TERMO DE
TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS
Certificamos que o artigo enviado à Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia (FOP/
UPE) é um trabalho original, cujo conteúdo não foi ou está sendo
considerado para publicação em outra revista, quer seja no formato
impresso ou eletrônico.Atestamos que o manuscrito ora submetido
não infringe patente, marca registrada, direito autoral, segredo comercial ou quaisquer outros direitos proprietários de terceiros.
Os Autores declaram ainda que o estudo, cujos resultados estão
relatados no manuscrito, foi realizado observando-se as políticas vigentes nas instituições às quais os Autores estão vinculados, relativas
ao uso de humanos e/ou animais, e/ou material derivado de humanos ou animais (Aprovação em Comitê de Ética Institucional).
Nome por extenso/ assinatura, Datar e assinar.
64
Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.15, n.1, p. 59-64, jan./mar. 2015
Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery - BrJOMS
ISSN 1679-5458 (versão impressa)
ISSN 1808-5210 (versão online)
Download