LÍNGUA PORTUGUESA VOCÁBULO AULA 03: OS VOCÁBULOS EM PORTUGUÊS TÓPICO 02: O NOME E O VERBO Estudamos aqui estas duas classes, em conjunto, porque seus elementos atuam como núcleos dos dois polos oracionais: o sujeito e o predicado. Os pronomes não são contemplados aqui por razões que apresentaremos quando estudarmos a classe pronominal. O NOME Agrupamos, aqui, sob o rótulo geral de nomes, substantivos e adjetivos, porque compartilham o traço morfológico da flexão em gênero e número. Sintaticamente, possuem em comum a possibilidade de serem predicativos, e diferem pelo fato de o substantivo poder representar o núcleo de sujeito e objeto direto, enquanto o adjetivo é adjunto adnominal. EXEMPLO o conhece suas Os termos em destaque são nomes. Flexionam-se em gênero e/ou número: Pastor é um substantivo, pois é núcleo do sujeito da frase: o bom pastor. Ovelhas também é substantivo, pois é núcleo do objeto direto. Bom, por outro lado, é um adjetivo, pois é adjunto adnominal. Substantivos e adjetivos também se distinguem derivacionalmente. Isso é especialmente útil quando nos deparamos com funções sintáticas que podem ser exercidas pelos dois, como ocorre com a função predicativo. Em português, o predicativo tanto por ser preenchido por um substantivo como por um adjetivo: Pedro é bom Ele é Pedro o predicativo é um adjetivo (bom) o predicativo é um substantivo (Pedro) Como distingui-los nesse caso? Uma boa distinção é apelar para o mecanismo derivacional. Tanto substantivos como adjetivos admitem grau: menininho bonzinho. Mas há um sufixo de grau que é próprio do adjetivo e é rejeitado pelo substantivo: -íssimo: Boníssimo / *meniníssimo DESAFIO A gramática tradicional fala de pronome substantivo e pronome adjetivo. Qual traço dos apresentados acima foi usado para essa separação dos pronomes? Pense. Discuta com seus colegas e seu tutor através da ferramenta mensagens. Lembre-se de que você não está sendo avaliado pelas tarefas dos desafios. Aceite-os como incentivo à sua aprendizagem. Vale a pena. CATEGORIAS NOMINAIS Sabendo que o nome varia em gênero e número, cabe agora aprofundar um pouco mais essas categorias. Embora não haja correlação necessária entre forma e sentido, há, na maioria das línguas, uma base natural semântica para a classificação dos nomes em gênero, que pode ser o sexo, a dimensão, a cor, etc. Em português, o critério predominante é o sexual, que divide os nomes em masculinos e femininos. Esse critério não é sistemático, pelas seguintes razões: • aplica-se a seres inanimados, como mesa, livro que têm gênero, mas não têm sexo. • aplica-se a seres animados, como jacaré, testemunha, criança entre outros, que são de gênero único. Neste último caso, dizemos que o gênero gramatical pode conflitar com o chamado “gênero natural”, uma vez que não há coincidência entre a categoria gramatical e a categoria semântica. O termo (a) testemunha, por exemplo, de gênero gramatical feminino, tanto pode se referir a um homem como a uma mulher. As gramáticas normativas tratam dessa questão dividindo as palavras em sobrecomuns, comum de dois e epicenos, o que leva os alunos a mais uma terminologia inútil. Interessa é saber como tal categoria se expressa em português. Partindo de Macambira (1978), podemos considerar as seguintes formas de expressão da categoria de gênero: Categoria de gênero Categorias Conceituação GÊNERO DESINENCIAL GÊNERO DERIVACIONAL GÊNERO SINTÁTICO GÊNERO LEXICAL GÊNERO DESINENCIAL Conceituando gênero derivacional: a variação de gênero ocorre concomitantemente com a adição de um sufixo derivacional próprio de cada gênero GÊNERO DERIVACIONAL Conceituando gênero derivacional: a variação de gênero ocorre concomitantemente com a adição de um sufixo derivacional próprio de cada gênero GÊNERO SINTÁTICO Conceituando gênero sintático: o gênero é expresso não na palavra em si, que não varia formalmente, mas nos determinantes: o estudante/a estudante GÊNERO LEXICAL Conceituando gênero lexical: como no caso anterior, a palavra também não varia, mas, diferentemente daquele, a palavra tem gênero único, marcado pelos determinantes. É o caso de todos os nomes que designam seres inanimados e alguns que designam seres animados. Neste último caso, as formas são chamadas de supletivas ou heteronímicas. Há uma relação semântica entre os dois termos do par, mas nenhuma relação formal, conforme ilustram os exemplos em (c). a) (a) mesa, (o) livro b) (o) boi/ (a) vaca, (o)homem / (a) mulher Feitas essas considerações, resta apresentar as marcas morfológicas do gênero em português. A descrição mais comum, inclusive nas gramáticas tradicionais, é a que propõe Macambira (1978), segundo o qual o masculino é marcado por zero em oposição a uma marca –a para o feminino. Exemplo EXEMPLO menino + (DG) > menino menino + a (DG) > meninoa > menina. Outra categoria nominal é o número que indica a quantificação. A oposição em português é entre singular, indicando a unidade, e plural, que indica “mais de um”. O singular é morfologicamente marcado por . E nisto, há certa unanimidade entre linguistas portugueses e brasileiros. Quanto ao plural, tipicamente, se expressa através da forma –s: Gato / gatos, menino / meninos No entanto, esta não é a única forma de marcá-lo, vez que há recurso ao fenômeno da alomorfia por intermédio do –es e -is: País / países, pilar / pilares, lençol / lençóis, pincel / pincéis DESAFIO Pense e responda: 1) que regras de formação do plural existem para as palavras terminadas em –l? 2) que regras definem a ocorrência de cada um desses alomorfes acima? 3) pesquise, numa gramática, exceções para as palavras terminadas em –l. A regularidade do plural se dá de maneira praticamente cabal. Os casos de substantivos invariáveis são tão poucos, que se podem considerar como desprezíveis para a análise linguística (ônibus / ônibus, tórax / tórax, atlas / atlas etc.). Acrescente-se também que o singular e o plural constituem uma lista exaustiva e não está na vontade do falante introduzir um novo termo no quadro existente. Para terminarmos, convém destacar aqui que nem sempre se dá um paralelismo entre forma e sentido no que diz respeito ao número. É o que ocorre, por exemplo, com os coletivos, como dúzia, bando, que formalmente são singular, mas semanticamente expressam plural. Por isto, o povo na fala descuidada flexiona o verbo no plural, estabelecendo a chamada concordância ideológica: O pessoal saíram. FONTES DAS IMAGENS Responsável: Profº. Paulo Mosânio Teixeira Duarte Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual