O PACTO DE PAZ (A TRINDADE ECONÔMICA) vivendopelapalavra.com Por: Helio Clemente Na natureza de Deus, coexistem eternamente três distinções espirituais não criadas, que se manifestam como pessoas distintas quanto às ações, mas, igualmente participantes da substância divina, formando um único Deus. A Trindade Econômica: Este nome é utilizado para referência às obras da Trindade na redenção dos homens. Toda a redenção é obra do Deus Triúno, mas as pessoas da Trindade possuem voluntariamente e em absoluto consenso algumas fases da redenção. A. A. Hodge: 1 - A doutrina da Igreja é que a Pessoa, e não a essência do Filho, é gerada do Pai. A essência auto-existente da Deidade pertence ao Filho e ao Pai igualmente, desde toda a eternidade. 2 - O Pai gera ao Filho por um ato eterno e necessário constitucional. A “geração” do Filho e a “processão” do Espírito são atos constitucionais dentro da essência da deidade, a finalidade é justamente a atribuição de funções no plano de redenção da Trindade Econômica. É preciso notar que Deus é imutável, não existe atos do Deus eterno que modifiquem as qualidades, atributos e constituição de si mesmo, veja abaixo no Salmo segundo: Deus “gerou” o Filho conforme o decreto, que é eterno e imutável. Portanto, a filiação do Verbo é eterna e preexistente no Ser de Deus. Salmo 2,7: “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Só existe um decreto de Deus, que é eterno e imutável; em estudos teológicos os decretos são divididos conforme sua ordem lógica, mas não existe uma ordem temporal nos decretos, o decreto de Deus existe simplesmente de forma eterna e consequentemente atemporal na mente de Deus, nunca houve mudança ou variação no(s) decreto(s). Tiago 1,17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. Cristo é designado como “Filho de Deus” na Escritura como indicação da relação eterna e necessária do Verbo com o Pai, também chamado desta forma em função desta relação recíproca. Jesus se declara muitas vezes como “Filho de Deus” e este foi o motivo pelo qual ele foi perseguido pelos judeus. João 19,7: “Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus”. O que dizem os documentos da igreja? Credo Niceno: “Filho de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não feito, sendo de uma só substancia com o Pai (homousios)”. Credo Atanasiano: “O Filho é somente do Pai, não feito, nem criado, mas gerado”. Confissão de Westminster: “O Pai não é de ninguém – não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espirito Santo e eternamente procedente do Pai e do Filho”. Alguns dos antigos pais da igreja faziam distinção entre a geração eterna do Filho e a geração “no mundo”: - Pela geração eterna entendiam a relação essencial do Filho para com o Pai em uma forma eterna, atemporal, preexistente e consubstancial, sendo reciprocamente verdadeira quanto ao Pai em relação ao Filho. Por esta geração, o Filho começa a operar sua energia e manifestação de sua pessoa na esfera da criação e providência. Hebreus 1,3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder...”. - Por sua geração no mundo, os pais entendiam a encarnação, seu nascimento sobrenatural na carne. Lucas 1,35: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”. Romanos 8,3: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”. O argumento de Romanos 8,3 acima: Deus envia o seu Filho em semelhança de carne pecaminosa, é bastante óbvio por este verso, que quando Cristo foi enviado ao mundo ele já era o Filho de Deus, pois o fato dele assumir a carne não o tornaria jamais o Filho de Deus. Colossenses 1,13-17: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. O argumento de Colossenses: Estes versos contêm tantas afirmações a respeito da existência prévia do Filho que são autoexplicativos, não exigem argumentos para sua comprovação. Se houvessem somente estes versos a este respeito em toda a bíblia eles seriam mais que suficientes para comprovar a filiação eterna do Verbo. Hebreus 1,6: “E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”. O argumento de Hebreus 1,6: Aqui, novamente, se torna óbvio que, antes da encarnação, o Verbo já era o Filho primogênito. Quem foi introduzido no mundo? O Filho primogênito foi introduzido, já era o primogênito antes da encarnação. Definição: - O Pai: Fonte, origem e autoridade. - O filho: Manifestação, dispensação e revelação. - O Espírito Santo: Iluminação, operação e realização. Atuação: - O Pai: Origem das ações, autoridade. - O Filho: Revelação exterior, redenção, intercessão. - O Espírito santo: Revelação interior, regeneração, preservação. Serão apresentados a seguir, detalhes sobre a operação da Trindade econômica: 1 - Opera ad intra (operação interna): Pai - geração; Filho - filiação; Espírito - processão. Esta operação interna caracteriza a relação de filiação e de processão eternamente existentes no relacionamento das pessoas da Trindade, desta forma, o Verbo não se torna o Filho no ato da encarnação, mas esta relação de filiação é eterna entre o Pai e o Filho, assim como a processão do Espírito. A plenitude da vida divina em Deus procede de sua existência em três pessoas, este é o pleroma da divindade. Desta forma, é mais correto dirigirse a Deus como um Ser pessoal e não como uma pessoa. Cristo e a trindade: Veja no verso abaixo, em Colossences, que Jesus desfruta corporalmente de toda a plenitude da divindade; isto é de extrema importância para a definição da pessoa e das naturezas humana e divina de Jesus diante da Trindade Divina. Colossences 2,9: “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade”. 2 - Opera ad extra (operação externa): Eleição, redenção, regeneração. - Deus o Pai: - Planejamento da predestinação eterna de homens e anjos, escolha dos eleitos e réprobos incluindo a eleição e impecabilidade do Verbo Encarnado; Salmo 2,7-9: “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. - O início da obra da criação; - A representação da Trindade como a pessoa ofendida pelo pecado. - Deus o Filho: - A existência de todas as coisas; - A execução da obra de redenção dos homens através da encarnação; - A revelação: O Logos de Deus – a revelação suprema e definitiva de Deus, a luz dos homens, a única fonte de conhecimento para todos os homens do mundo, eleitos ou réprobos; João 1,9: “A saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem”. - A mediação: O único mediador entre Deus e os homens, o único caminho pelo qual os homens são salvos; - A providência: O Verbo de Deus, por intermédio de quem o mundo veio a existência e é mantido através da providência. Hebreus 1,3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”. - A encarnação: A encarnação do Verbo, apesar de se realizar no tempo, como vista por olhos humanos, foi decidida na eternidade, por isto se diz que o Filho é eternamente gerado do Pai. A encarnação não envolve a criação de uma nova pessoa ou substância no Ser de Deus, mas refere-se à concepção milagrosa da natureza humana (corpo e alma) de Jesus no ventre de Maria, obra do Deus triúno através do Espírito Santo. A geração do Filho pelo Pai não significa absolutamente nada quanto à distinção na essência divina, nem como criação ou transferência de algo e nem tampouco com relação à eternidade do Filho, a pessoas da trindade são co-eternas e auto existentes no Ser único da divindade, este é mais um termo antropopático, destinado ao entendimento humano das funções das pessoas da trindade no plano eterno de redenção dos homens. Calvino – Institutas, Livro I: “Tendo como indubitável que desde toda a eternidade há em Deus três Pessoas, este ato contínuo de gerar não é mais que uma fantasia supérflua e frívola”. Da mesma forma a processão do Espírito não implica em criação ou hierarquia dentro da trindade, todos estes termos são usados para distinguir as funções das pessoas (ou hipóstases) de Deus, existentes eternamente, no plano de redenção dos homens. Esta distinção é corretamente designada como “economia da trindade” ou “a trindade econômica” e nada tem a ver com distinção de essência, todas as pessoas da trindade possuem a mesma e única essência do Ser de Deus. - Deus o Espírito Santo: - O consolador: É o consolador enviado pelo Filho aos eleitos de Deus, o Pai, o Espírito é quem aplica a salvação aos eleitos justificados por Deus, e preserva-os durante toda sua vida terrena, de forma que jamais percam esta salvação concedida pela graça de Deus. - A procedência: O Espírito procede do Pai e do Filho, mas isto não indica subordinação ou preeminência, mas apenas funções assumidas de forma voluntária e consensual no planejamento da redenção. - Operação da salvação: O Espírito é chamado no Novo Testamento de Parakletos, esta palavra grega denota pessoalidade, vemos desta forma que o Espírito fala, vivifica, se entristece, vela, agindo sempre em conjunto dentro da Trindade, mas aplicando a justificação e operando continuamente a regeneração como uma pessoa distinta dentro da unidade trina de Deus. Salmo 51,11: “Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito”. A Trindade econômica Tertuliano: “Há em Deus certa distribuição ou economia, uma trindade de pessoas, que nada altera da unidade da essência”. Desta forma, Deus é revelado como o Pai e o Filho e o Espírito Santo, cada um com atributos pessoais distintos, mas sem divisões de natureza, essência ou ser. Isto não significa que Deus se manifesta em três diferentes maneiras, mas sim que existem três distinções presentes na divindade única. Calvino – Institutas, Livro I: “Portanto, designo como pessoa uma subsistência na essência de Deus que, enquanto relacionada com as outras, se distingue por uma propriedade Incomunicável”. Estas distinções são eternas, pois do contrário Deus não seria imutável, e consequentemente não seria eterno. Está claramente implícita na Escritura a eternidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. João 1,1-3: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”. Apocalipse 22,13: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”. Hebreus 9,14: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” 2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. Existem na Escritura, os termos gerado, origem e procedência com relação às pessoas da trindade. Isto não significa existência anterior ou posterior, mas são termos de linguagem antropopática, destinados a explicar de forma plausível ao entendimento humano ações divinas de difícil entendimento referentes às características da divindade. Não existem, entre as pessoas da trindade, diferenças quanto à natureza ou essência, pois os atributos de cada pessoa da trindade são derivados dos atributos de Deus e não poderiam existir sem estes atributos do Deus único. Existem funções diversas, que existem em pleno consenso, e são exercidas por cada uma das pessoas, mas a qualidades de atributos divinos são exatamente iguais para cada uma das pessoas. Confissão de Fé de Westminster, Capítulo II, Seção III: “Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo”. As proposições da doutrina: Definições: Essência: É aquilo que define uma existência independente, desta forma, as três pessoas da deidade são iguais em essência, ou seja, constituem uma única essência simples e indivisível característica do Deus único da Escritura. Homousios: Da mesma essência, igual. Substância (ou subsistência): Significa o modo de existência que caracteriza uma coisa ou pessoa individual de todas as demais coisas ou pessoas, semelhantes ou não. Com relação à trindade divina, substância (ou subsistência) representa o modo de existência característico de cada uma das pessoas divinas dentro da essência única do Deus da Escritura. Este termo também pode ser usado como “pessoa”, veja abaixo a definição de Calvino: Pessoa (divina) - Calvino: “Por pessoa, pois, entendo uma subsistência na essência divina - uma subsistência que, embora relacionada com as outras duas, distingue-se delas por propriedades incomunicáveis”. Hipóstase: Esta palavra é usada atualmente como sinônimo da palavra substância (subsistência) acima. Foi empregada até o século IV e no Credo Niceno como referida à “essência” de Deus, mas posteriormente seu sentido foi modificado pelos pais da igreja adquirindo seu significado atual – substância ou subsistência. A. A. Hodge: “A única essência divina e indivisível existe, como um todo, eternamente como Pai, como Filho e como Espirito Santo; possuindo, cada Pessoa, a essência toda e sendo constituída em pessoas distintas por certas propriedades incomunicáveis, não comuns a ela e também às outras (propriedades próprias de cada uma das pessoas e diferentes das propriedades das outras duas)”. Louis Berkhof: “A doutrina da Trindade depende decisivamente da revelação, é uma doutrina que não teríamos conhecido, nem teríamos sido capazes de sustentar com algum grau de confiança somente com base na experiência, e que foi trazida ao nosso conhecimento unicamente pela auto-revelação especial de Deus, portanto é de máxima importância reunir suas provas escriturísticas”. Seguem abaixo as proposições da doutrina acompanhadas das provas escriturísticas de cada uma delas: 1 – Existe um só Deus, eterno, imutável e indivisível Deuteronômio 6,4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”. 2 – As três pessoas da Trindade são de forma individual, plena e igualmente Deus Não existe contradição na doutrina da Trindade, pois Deus é um de uma forma e três em uma formulação diferente. O Pai: Nunca houve na história da igreja nenhuma dúvida quanto à divindade e eternidade do Pai, todas as controvérsias sobre a trindade recaíram sobre o Filho (Verbo) e o Espírito. Quanto ao Pai, este nome pode ter sentidos diversos na bíblia, em alguns casos ele pode ser dirigido ao Deus triúno, como nos versos abaixo. 1 Coríntios 8,6: “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele”. Tiago 1,17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. Hebreus 12,9: “Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?”. Efésios 3,14-15: “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra”. O nome Pai também pode ser atribuído ao Deus Triúno quando significa a relação pactual entre Deus e o povo hebreu. Isaías 63,16: “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade”. Malaquias 1.6: “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?”. Deuteronômio 32,6: “É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?”. No Novo Testamento o nome Pai também é usado para designar de forma específica o relacionamento de Deus, o Pai, com o Filho em seu tabernáculo terreno. João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. João 5,17: “Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Ainda no Novo Testamento o nome Pai ainda pode ser usado como designativo do Deus triúno em um sentido representativo de seus filhos. Romanos 8,16: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Mateus 5,4 “Para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. Mateus 6,8: “Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”. O Filho é Deus: Jesus não é o Filho de Deus em um sentido figurado, mas ele se coloca como Filho de Deus em um sentido metafísico, ou seja, ele está afirmando que possui a mesma natureza (ou essência) de Deus, ou seja, Jesus proclamava sua divindade ao mesmo nível do Pai. Os judeus entenderam perfeitamente o que ele queria dizer, por este motivo desejavam matá-lo, se tivessem entendido que Jesus se fazia filho de Deus em um sentido figurado não teriam se preocupado com ele. Jesus é o eterno Filho de Deus, a relação de filiação entre o Pai e o Verbo é eterna, pode-se ver isto expresso claramente no Velho Testamento toda vez que Deus é chamado de Redentor. O verso abaixo no Livro de Jó é característico. Jó 19,25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra”. Pode-se ver também esta aplicação no livro dos Salmos, em Isaías e Jeremias. Salmos 78,35: “Lembravam-se de que Deus era a sua rocha e o Deus Altíssimo, o seu redentor”. Isaías 47,4: “Quanto ao nosso Redentor, o SENHOR dos Exércitos é seu nome, o Santo de Israel”. Jeremias 50,34: “Mas o seu Redentor é forte, SENHOR dos Exércitos é o seu nome; certamente, pleiteará a causa deles, para aquietar a terra e inquietar os moradores da Babilônia”. Este outro verso em Gálatas também é esclarecedor, Deus não criou o seu Filho na plenitude do tempo, apenas o enviou, o que indica claramente a pré-existência do Filho. Gálatas 4,4: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Jesus coloca seu relacionamento com o Pai em nível de igualdade, chamando-o simplesmente de Pai, ou, meu Pai, denotando desta forma uma consciência de um relacionamento singular e familiar, impossível a qualquer outra pessoa. João 20,17: “Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”. Jesus também é chamado de unigênito Filho de Deus, o que não seria próprio se ele fosse apenas um dos filhos de Deus, ou se intitulasse filho de Deus em um sentido figurativo. Desta forma, sendo o Filho unigênito, ele se declara como o único capaz de revelar a Deus. Esta afirmação traz em seu bojo um conhecimento que extrapola o conhecimento humano, pois na verdade, Jesus está afirmando que já viu a Deus e o conhece como Ele realmente é. João 1,18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. Jesus é Deus encarnado: Agostinho: “Mas Cristo pôs de lado o que podia, para fazer o que convinha; por isso era preciso que ele fosse não só homem, mas também Deus. Se não fosse homem, não poderia ser morto; e se não fosse também Deus, não se acreditaria que não quis aquilo que podia, mas sim que não podia aquilo que quis, nem consideraríamos que a justiça foi por ele preferida ao poder, mas sim que não tinha poder. Na realidade, sofreu por nós o que era humano, porque era homem; se, porém, o não tivesse querido, teria podido também não o sofrer, porque era também Deus”. Esta é uma afirmação visceral para a subsistência do cristianismo, os maiores ataques contra a igreja de Deus, em todos os tempos, se referem à natureza da pessoa de Cristo. A grande maioria dos religiosos que se intitulam “cristãos” não fazem a menor distinção entre Cristo ser Deus encarnado ou um homem de grande virtude que foi elevado à divindade em função de uma vida de alto padrão moral. João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Jesus Cristo, o Messias: O Messias é relacionado com a filiação eterna do Verbo, Jesus somente pode ser identificado como o Messias através da filiação eterna e da participação na natureza divina, por este motivo, Deus é chamado Deus e Pai do Filho. 2 Coríntios 11,31: “O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto”. Efésios 1,3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. Jesus também recebe o nome de Filho de Deus devido à paternidade divina em sua encarnação. Lucas 31-32: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai”. Jesus é chamado de unigênito, como foi visto acima, isto denota a filiação eterna do Verbo. Ele também é chamado de primogênito, mas esta primogenitura é referente à criação, significa que ele existe como Filho antes da criação do mundo, ou seja: Gerado, não criado, Deus como Deus em todos os aspectos essenciais, chamado Filho por uma relação existente eternamente nas funções assumidas pelas pessoas da trindade no plano eterno de Deus. Colossences 1,15: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. O Filho subsiste pessoalmente desde toda a eternidade: A pessoalidade do Filho é outra afirmação que tem sido atacada ao longo do tempo, é preciso ter consciência da personalidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo como três pessoas, ou subsistências, distintas, mas iguais em essência e natureza. Neste sentido, Cristo é chamado de “imagem de Deus”. 2 Coríntios 4,4: “Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”. Berkoff: “Se a geração do Filho é um ato necessário do pai, de modo que é impossível entende-lo como não gerando, naturalmente participa do pai na eternidade. Não significa, porém, que seja um ato que se realizou completamente no passado distante, mas antes, que é um ato atemporal, o ato de um eterno presente, um ato que se realiza continuadamente e, todavia, sempre de maneira completa”. Miquéias 5,2: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Isaías 9,6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. A divindade e pessoalidade do Espírito Santo O Espírito é Deus: 2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. O Espírito participa da criação. Gênesis 1,2: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. A Escritura atribui designação divina ao Espírito Santo, como se pode ver nos versos abaixo. 1 Coríntios 3,16: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. 2 Pedro 1,21: “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. Também são atribuídos ao Espírito as perfeições próprias do Ser divino, como: Onisciência – Isaías 40,13: “Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?”. Onipresença - Salmo 139,7-10: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”. Onipotência – 1 Coríntios 12,11: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente”. Eternidade - Hebreus 9,14: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”. O Espírito é pessoal. Atos 5,3-4: “Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Isaías 63,10: “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”. O Espírito opera a regeneração dos filhos de Deus. Tito 3,5: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”. O Espírito opera a ressurreição. Romanos 8,11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”. O Espírito é honrado juntamente e da mesma forma que o Pai e o Filho. Mateus 28,19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. O Espírito Santo é o inspirador da Escritura. 1 Pedro 1,20-21: “Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. A obra do Espírito na economia da trindade: É muito importante frisar que a obra do Espírito no plano de salvação segue a obra de Cristo, que por sua vez segue a obra do Pai. O Espírito complementa a obra do Pai e do Filho operando a salvação e preservação dos eleitos após a justificação, divorciar o Espírito da obra de Cristo é algo bastante comum nas modernas religiões pentecostais, criando um misticismo vazio que nada tem a ver com o cristianismo bíblico. João 15, 26: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”. Este misticismo próprio das novas religiões pentecostais erra, de maneira crassa, ao defender a aquisição do conhecimento pela comunicação direta do Espírito sem a procedência de Cristo e sem o conhecimento da Palavra, e reincide neste erro ao atribuir aos seus ministros o controle sobre o Espírito de Deus no Batismo no (ou com o) Espírito, e em seções de milagres e curas raramente comprovadas. Desta forma, deixam de lado os instrumentos externos da revelação: A natureza e a Escritura; a atividade diligente do homem na busca do conhecimento da Palavra e a procedência do Espírito. João 3,8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. O Espírito de Cristo somente opera através de sua palavra – O Evangelho. Romanos 1,16: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. 3 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem-se em três pessoas distintas. Marcos 1,10-11: “Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”. 1 João 5,7: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”. 1 Pedro 1,2: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas”. 2 Coríntios 13,14: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”. Isaías 61,1: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados”. A revelação da Trindade A trindade divina é uma doutrina revelada, como tal não é recebida por sensações ou experiência, somente pela Escritura. Nestes dois versos abaixo no Novo Testamento a pluralidade das pessoas é claramente revelada. 1 João 5,7: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”. Gálatas 4,6: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!”. Nestes trechos abaixo do Velho Testamento Deus é manifesto em pessoas distintas como se pode comprovar pelos nomes diferentes no texto hebraico. Isso acontece com frequência nos salmos e em outras passagens. Oséias 1,7: “Porém da casa de Judá me compadecerei e os salvarei pelo SENHOR (YAHWEH), seu Deus (ELOHIM), pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros”. Salmo 110,1: “Disse o SENHOR (YAHWEH) ao meu senhor (ADONAI): Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. Deuteronômio 6,4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”. Ou seja: “YAHWEH, nosso Elohim é o único YAHWEH”. A subordinação aparente na Trindade A bíblia apresenta o Filho como subordinado ao Pai e o Espírito como subordinado ao Pai e ao Filho, mas esta aparente subordinação é funcional e não hierárquica. Visto que as três pessoas são iguais em sua essência, essa divisão de funções dentro da divindade acontece por consenso recíproco. João 14,28: “Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu”. Neste verso de João, cabe uma explicação: Durante seu tabernáculo aqui na terra, Jesus assumiu a forma de servo, prestando ao Pai a obediência total, até a morte na cruz, obediência esta que Adão não houvera sido capaz de cumprir. Por esta submissão voluntária, Jesus Cristo cumpriu toda a obediência devida e morreu em lugar dos eleitos de Deus, possibilitando, desta forma a aquisição da redenção para seu povo que lhe foi dado pelo Pai na eternidade. João 15, 16: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda”. Isaías 48,16: “Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR (YAWEH) Deus (ELOHIM) me enviou a mim e o seu Espírito”. A TRINDADE NO LIVRO DE PROVÉRBIOS A personificação da “Sabedoria” em Provérbios é equivalente ao Verbo no evangelho de João, pode-se comprovar este fato nos versos abaixo: Provérbios 8,22-31: “O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens” Estes versos deixam esclarecida a pessoalidade da “Sabedoria”, nos versos anteriores, esta sabedoria é entendida como um efeito literário, mas a partir do verso vinte e dois, a “Sabedoria” está claramente personificando o Logos de Deus, que pode ser entendido como um sinônimo desta palavra, o diálogo é claro e pessoal: Eu estava com Ele, eu era arquiteto, eu era suas delícias, regozijando-se em seu mundo habitável. Estes versos, além de trazer uma clara revelação da pluralidade do Ser de Deus, nos trazem também uma ideia da felicidade de Deus resultante de sua pluralidade. A sabedoria, nestes versos, representa claramente o Logos de Deus, o Verbo, como já foi visto acima, mas pode ser entendido por estes versos, que ele foi gerado, significaria isto que o Verbo foi criado? Está escrito: “O Senhor me possuía no início de sua obra”. A palavra “criar” (barah) não é utilizada neste verso, a palavra utilizada é “quanah”, isto significa somente o início da participação do Filho na obra da criação. Nos versos posteriores, encontram-se: Eu nasci, ou gerado em outras versões, mas também não se utiliza a palavra hebraica correspondente para a criação - barah - mas a palavra “chuwl” que significa uma espera ansiosa ou a manifestação: O chamado ao Filho para participar na obra da criação (“Faça-se a luz”). Neste momento o Verbo começa a agir na ação criadora do universo. As analogias comparativas da Trindade Não se devem fazer analogias comparativas da Trindade, pois todas elas são falhas e trazem uma ideia deformada deste fato: A árvore com a raiz, o tronco e as folhas; a água em seus três estados; um trevo de três folhas; um homem que exerce três atividades distintas e outras. Agostinho sugere uma analogia interessante, pois não se tratam de exemplos, mas da própria natureza do homem: Ser, conhecer e querer. Estas três coisas apresentam a unidade da vida, da inteligência e da essência da pessoa, elas subsistem em unidade indivisível em uma única pessoa, todavia, a compreensão desta analogia não leva ao conhecimento da Trindade, pois o ser, conhecer e querer da criatura é mutável e não é próprio da criatura, pois somente Deus é auto-existente, onisciente e todopoderoso, de forma que somente Ele existe por si mesmo, conhece todas as coisas e pode todas as coisas. Agostinho: “Eis as três coisas: ser, conhecer, querer. Porque existo, conheço e quero. Eu sou aquele que conhece e quer. Sei que existo e que quero, e quero existir e conhecer. Repare, quem puder, como nessas três coisas a vida é indivisível, a unidade da vida, a unidade da inteligência, a unidade da essência; veja a impossibilidade de distinguir elementos inseparáveis e, contudo, distintos. O homem está diante de si mesmo; que ele se examine, veja e me responda. Contudo, por ter encontrado e reconhecido esta analogia, não julgue por isso ter compreendido a essência do Ser imutável, que transcende tais movimentos da alma, que existe imutavelmente, conhece imutavelmente e quer imutavelmente”. Todas as analogias falham em definir e explicar a Trindade, pois nada no mundo material pode se comparar à complexidade do Ser de Deus, o pregador deve colocar os princípios da doutrina, mas a compreensão virá fatalmente da aplicação do entendimento pelo Espírito, nenhum pregador tem, em si mesmo, o poder de convencer e converter pessoas, somente o chamado de Deus em Cristo e através do Espírito pode fazer isto, portanto, limite-se o pregador, o evangelista e o missionário a pregar a palavra, de forma fiel, todo o resto é obra do Espírito.