- Vivendo Pela Palavra

Propaganda
O PACTO DE PAZ (A TRINDADE ECONÔMICA)
vivendopelapalavra.com
Por: Helio Clemente
Na natureza de Deus, coexistem eternamente três distinções espirituais não
criadas, que se manifestam como pessoas distintas quanto às ações, mas,
igualmente participantes da substância divina, formando um único Deus.
A Trindade Econômica: Este nome é utilizado para referência às obras da
Trindade na redenção dos homens. Toda a redenção é obra do Deus Triúno,
mas as pessoas da Trindade possuem voluntariamente e em absoluto
consenso algumas fases da redenção.
A. A. Hodge:
1 - A doutrina da Igreja é que a Pessoa, e não a essência do Filho, é
gerada do Pai. A essência auto-existente da Deidade pertence ao Filho e
ao Pai igualmente, desde toda a eternidade.
2 - O Pai gera ao Filho por um ato eterno e necessário constitucional.
A “geração” do Filho e a “processão” do Espírito são atos constitucionais
dentro da essência da deidade, a finalidade é justamente a atribuição de
funções no plano de redenção da Trindade Econômica. É preciso notar que
Deus é imutável, não existe atos do Deus eterno que modifiquem as
qualidades, atributos e constituição de si mesmo, veja abaixo no Salmo
segundo: Deus “gerou” o Filho conforme o decreto, que é eterno e
imutável. Portanto, a filiação do Verbo é eterna e preexistente no Ser de
Deus.
Salmo 2,7: “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu
Filho, eu, hoje, te gerei”.
Só existe um decreto de Deus, que é eterno e imutável; em estudos
teológicos os decretos são divididos conforme sua ordem lógica, mas não
existe uma ordem temporal nos decretos, o decreto de Deus existe
simplesmente de forma eterna e consequentemente atemporal na mente de
Deus, nunca houve mudança ou variação no(s) decreto(s).
Tiago 1,17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança”.
Cristo é designado como “Filho de Deus” na Escritura como indicação da
relação eterna e necessária do Verbo com o Pai, também chamado desta
forma em função desta relação recíproca. Jesus se declara muitas vezes
como “Filho de Deus” e este foi o motivo pelo qual ele foi perseguido
pelos judeus.
João 19,7: “Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de
conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho
de Deus”.
O que dizem os documentos da igreja?
Credo Niceno: “Filho de Deus, gerado de Seu Pai antes de todos os
séculos; Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus;
gerado, não feito, sendo de uma só substancia com o Pai (homousios)”.
Credo Atanasiano: “O Filho é somente do Pai, não feito, nem criado, mas
gerado”.
Confissão de Westminster: “O Pai não é de ninguém – não é gerado, nem
procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espirito Santo e
eternamente procedente do Pai e do Filho”.
Alguns dos antigos pais da igreja faziam distinção entre a geração eterna do
Filho e a geração “no mundo”:
- Pela geração eterna entendiam a relação essencial do Filho para com o Pai
em uma forma eterna, atemporal, preexistente e consubstancial, sendo
reciprocamente verdadeira quanto ao Pai em relação ao Filho. Por esta
geração, o Filho começa a operar sua energia e manifestação de sua pessoa
na esfera da criação e providência.
Hebreus 1,3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu
Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder...”.
- Por sua geração no mundo, os pais entendiam a encarnação, seu
nascimento sobrenatural na carne.
Lucas 1,35: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o
poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o
ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”.
Romanos 8,3: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava
enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito,
condenou Deus, na carne, o pecado”.
O argumento de Romanos 8,3 acima: Deus envia o seu Filho em
semelhança de carne pecaminosa, é bastante óbvio por este verso, que
quando Cristo foi enviado ao mundo ele já era o Filho de Deus, pois o fato
dele assumir a carne não o tornaria jamais o Filho de Deus.
Colossenses 1,13-17: “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção,
a remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito
de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e
sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias,
quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”.
O argumento de Colossenses: Estes versos contêm tantas afirmações a
respeito da existência prévia do Filho que são autoexplicativos, não exigem
argumentos para sua comprovação. Se houvessem somente estes versos a
este respeito em toda a bíblia eles seriam mais que suficientes para
comprovar a filiação eterna do Verbo.
Hebreus 1,6: “E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E
todos os anjos de Deus o adorem”.
O argumento de Hebreus 1,6: Aqui, novamente, se torna óbvio que, antes
da encarnação, o Verbo já era o Filho primogênito. Quem foi introduzido
no mundo? O Filho primogênito foi introduzido, já era o primogênito antes
da encarnação.
Definição:
- O Pai: Fonte, origem e autoridade.
- O filho: Manifestação, dispensação e revelação.
- O Espírito Santo: Iluminação, operação e realização.
Atuação:
- O Pai: Origem das ações, autoridade.
- O Filho: Revelação exterior, redenção, intercessão.
- O Espírito santo: Revelação interior, regeneração, preservação.
Serão apresentados a seguir, detalhes sobre a operação da Trindade
econômica:
1 - Opera ad intra (operação interna): Pai - geração; Filho - filiação;
Espírito - processão.
Esta operação interna caracteriza a relação de filiação e de processão
eternamente existentes no relacionamento das pessoas da Trindade, desta
forma, o Verbo não se torna o Filho no ato da encarnação, mas esta relação
de filiação é eterna entre o Pai e o Filho, assim como a processão do
Espírito.
A plenitude da vida divina em Deus procede de sua existência em três
pessoas, este é o pleroma da divindade. Desta forma, é mais correto dirigirse a Deus como um Ser pessoal e não como uma pessoa.
Cristo e a trindade: Veja no verso abaixo, em Colossences, que Jesus
desfruta corporalmente de toda a plenitude da divindade; isto é de extrema
importância para a definição da pessoa e das naturezas humana e divina de
Jesus diante da Trindade Divina.
Colossences 2,9: “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade”.
2 - Opera ad extra (operação externa): Eleição, redenção, regeneração.
- Deus o Pai:
- Planejamento da predestinação eterna de homens e anjos, escolha dos
eleitos e réprobos incluindo a eleição e impecabilidade do Verbo
Encarnado;
Salmo 2,7-9: “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és
meu Filho, eu, hoje, te gerei”.
- O início da obra da criação;
- A representação da Trindade como a pessoa ofendida pelo pecado.
- Deus o Filho:
- A existência de todas as coisas;
- A execução da obra de redenção dos homens através da encarnação;
- A revelação: O Logos de Deus – a revelação suprema e definitiva de
Deus, a luz dos homens, a única fonte de conhecimento para todos os
homens do mundo, eleitos ou réprobos;
João 1,9: “A saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo
homem”.
- A mediação: O único mediador entre Deus e os homens, o único caminho
pelo qual os homens são salvos;
- A providência: O Verbo de Deus, por intermédio de quem o mundo veio a
existência e é mantido através da providência.
Hebreus 1,3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu
Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter
feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas
alturas”.
- A encarnação: A encarnação do Verbo, apesar de se realizar no tempo,
como vista por olhos humanos, foi decidida na eternidade, por isto se diz
que o Filho é eternamente gerado do Pai. A encarnação não envolve a
criação de uma nova pessoa ou substância no Ser de Deus, mas refere-se à
concepção milagrosa da natureza humana (corpo e alma) de Jesus no ventre
de Maria, obra do Deus triúno através do Espírito Santo.
A geração do Filho pelo Pai não significa absolutamente nada quanto à
distinção na essência divina, nem como criação ou transferência de algo e
nem tampouco com relação à eternidade do Filho, a pessoas da trindade são
co-eternas e auto existentes no Ser único da divindade, este é mais um
termo antropopático, destinado ao entendimento humano das funções das
pessoas da trindade no plano eterno de redenção dos homens.
Calvino – Institutas, Livro I: “Tendo como indubitável que desde toda a
eternidade há em Deus três Pessoas, este ato contínuo de gerar não é mais
que uma fantasia supérflua e frívola”.
Da mesma forma a processão do Espírito não implica em criação ou
hierarquia dentro da trindade, todos estes termos são usados para distinguir
as funções das pessoas (ou hipóstases) de Deus, existentes eternamente, no
plano de redenção dos homens. Esta distinção é corretamente designada
como “economia da trindade” ou “a trindade econômica” e nada tem a ver
com distinção de essência, todas as pessoas da trindade possuem a mesma e
única essência do Ser de Deus.
- Deus o Espírito Santo:
- O consolador: É o consolador enviado pelo Filho aos eleitos de Deus, o
Pai, o Espírito é quem aplica a salvação aos eleitos justificados por Deus, e
preserva-os durante toda sua vida terrena, de forma que jamais percam esta
salvação concedida pela graça de Deus.
- A procedência: O Espírito procede do Pai e do Filho, mas isto não indica
subordinação ou preeminência, mas apenas funções assumidas de forma
voluntária e consensual no planejamento da redenção.
- Operação da salvação: O Espírito é chamado no Novo Testamento de
Parakletos, esta palavra grega denota pessoalidade, vemos desta forma que
o Espírito fala, vivifica, se entristece, vela, agindo sempre em conjunto
dentro da Trindade, mas aplicando a justificação e operando continuamente
a regeneração como uma pessoa distinta dentro da unidade trina de Deus.
Salmo 51,11: “Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu
Santo Espírito”.
A Trindade econômica
Tertuliano: “Há em Deus certa distribuição ou economia, uma trindade de
pessoas, que nada altera da unidade da essência”.
Desta forma, Deus é revelado como o Pai e o Filho e o Espírito Santo, cada
um com atributos pessoais distintos, mas sem divisões de natureza,
essência ou ser. Isto não significa que Deus se manifesta em três diferentes
maneiras, mas sim que existem três distinções presentes na divindade
única.
Calvino – Institutas, Livro I: “Portanto, designo como pessoa uma
subsistência na essência de Deus que, enquanto relacionada com as
outras, se distingue por uma propriedade Incomunicável”.
Estas distinções são eternas, pois do contrário Deus não seria imutável, e
consequentemente não seria eterno. Está claramente implícita na Escritura
a eternidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
João 1,1-3: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”.
Apocalipse 22,13: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o
Princípio e o Fim”.
Hebreus 9,14: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a
si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência
de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”
2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade”.
Existem na Escritura, os termos gerado, origem e procedência com relação
às pessoas da trindade. Isto não significa existência anterior ou posterior,
mas são termos de linguagem antropopática, destinados a explicar de forma
plausível ao entendimento humano ações divinas de difícil entendimento
referentes às características da divindade.
Não existem, entre as pessoas da trindade, diferenças quanto à natureza ou
essência, pois os atributos de cada pessoa da trindade são derivados dos
atributos de Deus e não poderiam existir sem estes atributos do Deus único.
Existem funções diversas, que existem em pleno consenso, e são exercidas
por cada uma das pessoas, mas a qualidades de atributos divinos são
exatamente iguais para cada uma das pessoas.
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo II, Seção III:
“Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância,
poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo”.
As proposições da doutrina:
Definições:
Essência: É aquilo que define uma existência independente, desta forma,
as três pessoas da deidade são iguais em essência, ou seja, constituem uma
única essência simples e indivisível característica do Deus único da
Escritura.
Homousios: Da mesma essência, igual.
Substância (ou subsistência): Significa o modo de existência que
caracteriza uma coisa ou pessoa individual de todas as demais coisas ou
pessoas, semelhantes ou não. Com relação à trindade divina, substância (ou
subsistência) representa o modo de existência característico de cada uma
das pessoas divinas dentro da essência única do Deus da Escritura. Este
termo também pode ser usado como “pessoa”, veja abaixo a definição de
Calvino:
Pessoa (divina) - Calvino: “Por pessoa, pois, entendo uma subsistência
na essência divina - uma subsistência que, embora relacionada com as
outras duas, distingue-se delas por propriedades incomunicáveis”.
Hipóstase: Esta palavra é usada atualmente como sinônimo da palavra
substância (subsistência) acima. Foi empregada até o século IV e no Credo
Niceno como referida à “essência” de Deus, mas posteriormente seu
sentido foi modificado pelos pais da igreja adquirindo seu significado atual
– substância ou subsistência.
A. A. Hodge: “A única essência divina e indivisível existe, como um todo,
eternamente como Pai, como Filho e como Espirito Santo; possuindo, cada
Pessoa, a essência toda e sendo constituída em pessoas distintas por certas
propriedades incomunicáveis, não comuns a ela e também às outras
(propriedades próprias de cada uma das pessoas e diferentes das
propriedades das outras duas)”.
Louis Berkhof: “A doutrina da Trindade depende decisivamente da
revelação, é uma doutrina que não teríamos conhecido, nem teríamos sido
capazes de sustentar com algum grau de confiança somente com base na
experiência, e que foi trazida ao nosso conhecimento unicamente pela
auto-revelação especial de Deus, portanto é de máxima importância reunir
suas provas escriturísticas”.
Seguem abaixo as proposições da doutrina acompanhadas das provas
escriturísticas de cada uma delas:
1 – Existe um só Deus, eterno, imutável e indivisível
Deuteronômio 6,4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único
SENHOR”.
2 – As três pessoas da Trindade são de forma individual, plena e
igualmente Deus
Não existe contradição na doutrina da Trindade, pois Deus é um de uma
forma e três em uma formulação diferente.
O Pai:
Nunca houve na história da igreja nenhuma dúvida quanto à divindade e
eternidade do Pai, todas as controvérsias sobre a trindade recaíram sobre o
Filho (Verbo) e o Espírito.
Quanto ao Pai, este nome pode ter sentidos diversos na bíblia, em alguns
casos ele pode ser dirigido ao Deus triúno, como nos versos abaixo.
1 Coríntios 8,6: “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são
todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual são todas as coisas, e nós também, por ele”.
Tiago 1,17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança”.
Hebreus 12,9: “Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que
nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior
submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?”.
Efésios 3,14-15: “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de
quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra”.
O nome Pai também pode ser atribuído ao Deus Triúno quando significa a
relação pactual entre Deus e o povo hebreu.
Isaías 63,16: “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e
Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o
teu nome desde a antiguidade”.
Malaquias 1.6: “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou
pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito
para comigo? — diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes
que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu
nome?”.
Deuteronômio 32,6: “É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e
ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?”.
No Novo Testamento o nome Pai também é usado para designar de forma
específica o relacionamento de Deus, o Pai, com o Filho em seu
tabernáculo terreno.
João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
João 5,17: “Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho
também”.
Ainda no Novo Testamento o nome Pai ainda pode ser usado como
designativo do Deus triúno em um sentido representativo de seus filhos.
Romanos 8,16: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus”.
Mateus 5,4 “Para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele
faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e
injustos”.
Mateus 6,8: “Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai,
sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”.
O Filho é Deus:
Jesus não é o Filho de Deus em um sentido figurado, mas ele se coloca
como Filho de Deus em um sentido metafísico, ou seja, ele está afirmando
que possui a mesma natureza (ou essência) de Deus, ou seja, Jesus
proclamava sua divindade ao mesmo nível do Pai. Os judeus entenderam
perfeitamente o que ele queria dizer, por este motivo desejavam matá-lo, se
tivessem entendido que Jesus se fazia filho de Deus em um sentido
figurado não teriam se preocupado com ele.
Jesus é o eterno Filho de Deus, a relação de filiação entre o Pai e o Verbo é
eterna, pode-se ver isto expresso claramente no Velho Testamento toda vez
que Deus é chamado de Redentor. O verso abaixo no Livro de Jó é
característico.
Jó 19,25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará
sobre a terra”.
Pode-se ver também esta aplicação no livro dos Salmos, em Isaías e
Jeremias.
Salmos 78,35: “Lembravam-se de que Deus era a sua rocha e o Deus
Altíssimo, o seu redentor”.
Isaías 47,4: “Quanto ao nosso Redentor, o SENHOR dos Exércitos é seu
nome, o Santo de Israel”.
Jeremias 50,34: “Mas o seu Redentor é forte, SENHOR dos Exércitos é o
seu nome; certamente, pleiteará a causa deles, para aquietar a terra e
inquietar os moradores da Babilônia”.
Este outro verso em Gálatas também é esclarecedor, Deus não criou o seu
Filho na plenitude do tempo, apenas o enviou, o que indica claramente a
pré-existência do Filho.
Gálatas 4,4: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei”.
Jesus coloca seu relacionamento com o Pai em nível de igualdade,
chamando-o simplesmente de Pai, ou, meu Pai, denotando desta forma uma
consciência de um relacionamento singular e familiar, impossível a
qualquer outra pessoa.
João 20,17: “Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não
subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para
meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.
Jesus também é chamado de unigênito Filho de Deus, o que não seria
próprio se ele fosse apenas um dos filhos de Deus, ou se intitulasse filho de
Deus em um sentido figurativo. Desta forma, sendo o Filho unigênito, ele
se declara como o único capaz de revelar a Deus. Esta afirmação traz em
seu bojo um conhecimento que extrapola o conhecimento humano, pois na
verdade, Jesus está afirmando que já viu a Deus e o conhece como Ele
realmente é.
João 1,18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio
do Pai, é quem o revelou”.
Jesus é Deus encarnado:
Agostinho: “Mas Cristo pôs de lado o que podia, para fazer o que
convinha; por isso era preciso que ele fosse não só homem, mas também
Deus. Se não fosse homem, não poderia ser morto; e se não fosse também
Deus, não se acreditaria que não quis aquilo que podia, mas sim que não
podia aquilo que quis, nem consideraríamos que a justiça foi por ele
preferida ao poder, mas sim que não tinha poder. Na realidade, sofreu por
nós o que era humano, porque era homem; se, porém, o não tivesse
querido, teria podido também não o sofrer, porque era também Deus”.
Esta é uma afirmação visceral para a subsistência do cristianismo, os
maiores ataques contra a igreja de Deus, em todos os tempos, se referem à
natureza da pessoa de Cristo. A grande maioria dos religiosos que se
intitulam “cristãos” não fazem a menor distinção entre Cristo ser Deus
encarnado ou um homem de grande virtude que foi elevado à divindade em
função de uma vida de alto padrão moral.
João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
Jesus Cristo, o Messias: O Messias é relacionado com a filiação eterna do
Verbo, Jesus somente pode ser identificado como o Messias através da
filiação eterna e da participação na natureza divina, por este motivo, Deus é
chamado Deus e Pai do Filho.
2 Coríntios 11,31: “O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente
bendito, sabe que não minto”.
Efésios 1,3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais
em Cristo”.
Jesus também recebe o nome de Filho de Deus devido à paternidade divina
em sua encarnação.
Lucas 31-32: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem
chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai”.
Jesus é chamado de unigênito, como foi visto acima, isto denota a filiação
eterna do Verbo. Ele também é chamado de primogênito, mas esta
primogenitura é referente à criação, significa que ele existe como Filho
antes da criação do mundo, ou seja: Gerado, não criado, Deus como Deus
em todos os aspectos essenciais, chamado Filho por uma relação existente
eternamente nas funções assumidas pelas pessoas da trindade no plano
eterno de Deus.
Colossences 1,15: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de
toda a criação”.
O Filho subsiste pessoalmente desde toda a eternidade: A pessoalidade do
Filho é outra afirmação que tem sido atacada ao longo do tempo, é preciso
ter consciência da personalidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo
como três pessoas, ou subsistências, distintas, mas iguais em essência e
natureza. Neste sentido, Cristo é chamado de “imagem de Deus”.
2 Coríntios 4,4: “Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos
incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus”.
Berkoff: “Se a geração do Filho é um ato necessário do pai, de modo que
é impossível entende-lo como não gerando, naturalmente participa do pai
na eternidade. Não significa, porém, que seja um ato que se realizou
completamente no passado distante, mas antes, que é um ato atemporal, o
ato de um eterno presente, um ato que se realiza continuadamente e,
todavia, sempre de maneira completa”.
Miquéias 5,2: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como
grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e
cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Isaías 9,6: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo
está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
A divindade e pessoalidade do Espírito Santo
O Espírito é Deus:
2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade”.
O Espírito participa da criação.
Gênesis 1,2: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre
a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”.
A Escritura atribui designação divina ao Espírito Santo, como se pode ver
nos versos abaixo.
1 Coríntios 3,16: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito
de Deus habita em vós?”.
2 Pedro 1,21: “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus,
movidos pelo Espírito Santo”.
Também são atribuídos ao Espírito as perfeições próprias do Ser divino,
como:
Onisciência – Isaías 40,13: “Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou,
como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que
lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou
sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?”.
Onipresença - Salmo 139,7-10: “Para onde me ausentarei do teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha
cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da
alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar
a tua mão, e a tua destra me susterá”.
Onipotência – 1 Coríntios 12,11: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza
todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente”.
Eternidade - Hebreus 9,14: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo
Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a
nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”.
O Espírito é pessoal.
Atos 5,3-4: “Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor
do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não
estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio?
Não mentiste aos homens, mas a Deus”.
Isaías 63,10: “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo,
pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”.
O Espírito opera a regeneração dos filhos de Deus.
Tito 3,5: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo”.
O Espírito opera a ressurreição.
Romanos 8,11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a
Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre
os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu
Espírito, que em vós habita”.
O Espírito é honrado juntamente e da mesma forma que o Pai e o Filho.
Mateus 28,19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
O Espírito Santo é o inspirador da Escritura.
1 Pedro 1,20-21: “Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da
Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer
profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram
da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
A obra do Espírito na economia da trindade:
É muito importante frisar que a obra do Espírito no plano de salvação segue
a obra de Cristo, que por sua vez segue a obra do Pai. O Espírito
complementa a obra do Pai e do Filho operando a salvação e preservação
dos eleitos após a justificação, divorciar o Espírito da obra de Cristo é algo
bastante comum nas modernas religiões pentecostais, criando um
misticismo vazio que nada tem a ver com o cristianismo bíblico.
João 15, 26: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da
parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará
testemunho de mim”.
Este misticismo próprio das novas religiões pentecostais erra, de maneira
crassa, ao defender a aquisição do conhecimento pela comunicação direta
do Espírito sem a procedência de Cristo e sem o conhecimento da Palavra,
e reincide neste erro ao atribuir aos seus ministros o controle sobre o
Espírito de Deus no Batismo no (ou com o) Espírito, e em seções de
milagres e curas raramente comprovadas. Desta forma, deixam de lado os
instrumentos externos da revelação: A natureza e a Escritura; a atividade
diligente do homem na busca do conhecimento da Palavra e a procedência
do Espírito.
João 3,8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.
O Espírito de Cristo somente opera através de sua palavra – O Evangelho.
Romanos 1,16: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego”.
3 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem-se em três pessoas
distintas.
Marcos 1,10-11: “Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o
Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos
céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”.
1 João 5,7: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o
Espírito Santo; e estes três são um”.
1 Pedro 1,2: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação
do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo,
graça e paz vos sejam multiplicadas”.
2 Coríntios 13,14: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.
Isaías 61,1: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o
SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me
a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e
a pôr em liberdade os algemados”.
A revelação da Trindade
A trindade divina é uma doutrina revelada, como tal não é recebida por
sensações ou experiência, somente pela Escritura. Nestes dois versos
abaixo no Novo Testamento a pluralidade das pessoas é claramente
revelada.
1 João 5,7: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o
Espírito Santo; e estes três são um”.
Gálatas 4,6: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!”.
Nestes trechos abaixo do Velho Testamento Deus é manifesto em pessoas
distintas como se pode comprovar pelos nomes diferentes no texto
hebraico. Isso acontece com frequência nos salmos e em outras passagens.
Oséias 1,7: “Porém da casa de Judá me compadecerei e os salvarei pelo
SENHOR (YAHWEH), seu Deus (ELOHIM), pois não os salvarei pelo
arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos
cavaleiros”.
Salmo 110,1: “Disse o SENHOR (YAHWEH) ao meu senhor (ADONAI):
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos
teus pés.
Deuteronômio 6,4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único
SENHOR”.
Ou seja: “YAHWEH, nosso Elohim é o único YAHWEH”.
A subordinação aparente na Trindade
A bíblia apresenta o Filho como subordinado ao Pai e o Espírito como
subordinado ao Pai e ao Filho, mas esta aparente subordinação é funcional
e não hierárquica. Visto que as três pessoas são iguais em sua essência, essa
divisão de funções dentro da divindade acontece por consenso recíproco.
João 14,28: “Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se
me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior
do que eu”.
Neste verso de João, cabe uma explicação: Durante seu tabernáculo aqui na
terra, Jesus assumiu a forma de servo, prestando ao Pai a obediência total,
até a morte na cruz, obediência esta que Adão não houvera sido capaz de
cumprir. Por esta submissão voluntária, Jesus Cristo cumpriu toda a
obediência devida e morreu em lugar dos eleitos de Deus, possibilitando,
desta forma a aquisição da redenção para seu povo que lhe foi dado pelo
Pai na eternidade.
João 15, 16: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu
vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu
nome, ele vo-lo conceda”.
Isaías 48,16: “Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o
princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá.
Agora, o SENHOR (YAWEH) Deus (ELOHIM) me enviou a mim e o seu
Espírito”.
A TRINDADE NO LIVRO DE PROVÉRBIOS
A personificação da “Sabedoria” em Provérbios é equivalente ao Verbo no
evangelho de João, pode-se comprovar este fato nos versos abaixo:
Provérbios 8,22-31: “O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes
de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o
princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e
antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes
fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha
feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo.
Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte
sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando
estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para
que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os
fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia
após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo;
regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com
os filhos dos homens”
Estes versos deixam esclarecida a pessoalidade da “Sabedoria”, nos versos
anteriores, esta sabedoria é entendida como um efeito literário, mas a partir
do verso vinte e dois, a “Sabedoria” está claramente personificando o
Logos de Deus, que pode ser entendido como um sinônimo desta palavra, o
diálogo é claro e pessoal: Eu estava com Ele, eu era arquiteto, eu era suas
delícias, regozijando-se em seu mundo habitável.
Estes versos, além de trazer uma clara revelação da pluralidade do Ser de
Deus, nos trazem também uma ideia da felicidade de Deus resultante de sua
pluralidade.
A sabedoria, nestes versos, representa claramente o Logos de Deus, o
Verbo, como já foi visto acima, mas pode ser entendido por estes versos,
que ele foi gerado, significaria isto que o Verbo foi criado? Está escrito: “O
Senhor me possuía no início de sua obra”.
A palavra “criar” (barah) não é utilizada neste verso, a palavra utilizada é
“quanah”, isto significa somente o início da participação do Filho na obra
da criação. Nos versos posteriores, encontram-se: Eu nasci, ou gerado em
outras versões, mas também não se utiliza a palavra hebraica
correspondente para a criação - barah - mas a palavra “chuwl” que significa
uma espera ansiosa ou a manifestação: O chamado ao Filho para participar
na obra da criação (“Faça-se a luz”). Neste momento o Verbo começa a
agir na ação criadora do universo.
As analogias comparativas da Trindade
Não se devem fazer analogias comparativas da Trindade, pois todas elas
são falhas e trazem uma ideia deformada deste fato: A árvore com a raiz, o
tronco e as folhas; a água em seus três estados; um trevo de três folhas; um
homem que exerce três atividades distintas e outras.
Agostinho sugere uma analogia interessante, pois não se tratam de
exemplos, mas da própria natureza do homem: Ser, conhecer e querer.
Estas três coisas apresentam a unidade da vida, da inteligência e da
essência da pessoa, elas subsistem em unidade indivisível em uma única
pessoa, todavia, a compreensão desta analogia não leva ao conhecimento
da Trindade, pois o ser, conhecer e querer da criatura é mutável e não é
próprio da criatura, pois somente Deus é auto-existente, onisciente e todopoderoso, de forma que somente Ele existe por si mesmo, conhece todas as
coisas e pode todas as coisas.
Agostinho: “Eis as três coisas: ser, conhecer, querer. Porque existo,
conheço e quero. Eu sou aquele que conhece e quer. Sei que existo e que
quero, e quero existir e conhecer. Repare, quem puder, como nessas três
coisas a vida é indivisível, a unidade da vida, a unidade da inteligência, a
unidade da essência; veja a impossibilidade de distinguir elementos
inseparáveis e, contudo, distintos. O homem está diante de si mesmo; que
ele se examine, veja e me responda. Contudo, por ter encontrado e
reconhecido esta analogia, não julgue por isso ter compreendido a
essência do Ser imutável, que transcende tais movimentos da alma, que
existe imutavelmente, conhece imutavelmente e quer imutavelmente”.
Todas as analogias falham em definir e explicar a Trindade, pois nada no
mundo material pode se comparar à complexidade do Ser de Deus, o
pregador deve colocar os princípios da doutrina, mas a compreensão virá
fatalmente da aplicação do entendimento pelo Espírito, nenhum pregador
tem, em si mesmo, o poder de convencer e converter pessoas, somente o
chamado de Deus em Cristo e através do Espírito pode fazer isto, portanto,
limite-se o pregador, o evangelista e o missionário a pregar a palavra, de
forma fiel, todo o resto é obra do Espírito.
Download