Natal, RN ___/___/2014 ALUNO: Nº SÉRIE/ANO: TURMA: 7º DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ARTE TIPO DE ATIVIDADE: D TURNO: V PROFESSOR (A): TEXTO COMPLEMENTAR - II 2º trimestre TATIANE O Renascimento na Itália (continuação) Leonardo da Vinci: conhecimento científico e beleza artística Da Vinci (1452-1519) teve múltiplos interesses e habilidades. Aos 17 anos, em Florença, foi aprendiz de Verrocchio, escultor e pintor consagrado Em 1482 foi para Milão, onde fez um projeto urbanístico completo para a cidade: uma rede de canais e um sistema de abastecimento de água e esgotos, ruas alinhadas, praças e jardins públicos. Por volta de 1500 o artista passou a dedicar-se a estudos de perspectiva, óptica, proporções e anatomia. Nessa época, fez milhares de desenhos com anotações e os mais diversos estudos sobre anatomia humana, proporções de animais, movimentos, plantas de edifícios e engenhos mecânicos. O Da Vinci urbanista Note como Leonardo da Vinci organizou racionalmente a cidade: canais para transporte de mercadorias; ruas por onde pudessem passar carroças transportando produtos necessários aos moradores; ruas e espaços destinados apenas aos pedestres; ruas cobertas para protegê-las da chuva e onde eles fizessem suas compras do dia-a-dia. Ele não se preocupou apenas com a beleza da cidade, mas também com a limpeza e a saúde pública, por isso previu um sistema de esgotos. Ilustração representando o projeto urbanístico de Da Vinci para a cidade de Milão O Da Vinci anatomista Leonardo da Vinci interessava-se muito pela anatomia humana e procurava reproduzir o corpo humano com bastante realismo. É famoso, por exemplo, o desenho em que ele representou uma criança no interior do útero. É importante, porém, que ao olhar seus desenhos não esqueçamos que, na época, os estudos científicos de anatomia humana estavam apenas começando. Última ceia Feito para o mosteiro de Santa Maria delle Grazie, em Milão, esse afresco mural representa a última ceia de Jesus com os doze discípulos, no momento em que ele anuncia ser traído por um deles. Da Vinci mostra, por meio do rosto e dos gestos, principalmente das mãos, a reação de cada discípulo. Observe a impressão de movimento da cena: é como se todos se interrogassem, tivessem suspeitos, quisessem afastar de si qualquer suspeita. Compare o contraste entre a inquietação dos apóstolos e a imobilidade de Jesus. Note ainda, dois outros aspectos: primeiro a noção de profundidade criada pelos detalhes no forro da sala e pelas janelas abertas ao fundo; segundo, a claridade na parte direita da cena em oposição à parte esquerda. Sua intenção, com tais recursos, foi integrar perfeitamente o mural ao refeitório, como se a sala representada na pintura fosse uma continuação da sala real e a luz que ilumina a parte direita da janela que havia à esquerda, no refeitório. Criança no útero, desenho de Da Vinci. Biblioteca Real, Windsor. O afresco mural Última ceia (1495-1497) de Da Vinci, com representação do refeitório do mosteiro de Santa Maria delle Grazie, em Milão, onde foi pintado. O Da Vinci engenheiro Outro de seus interesses foram engenhos mecânicos: objetos capazes de fazer movimentos. Fez inúmeras pesquisas nessa área, desenhos e projetos. Um deles foi o leão mecânico projetado para uma festa da corte francesa: de sua barriga que se abriria, cairiam lírios brancos, símbolos da realeza. Também conhecida como Gioconda, esta é a mais famosa pintura do mundo e também a obra mais visita no Museu do Louvre, em Paris. Com apenas 77cm de altura por 53cm de largura, o que mais prende a atenção é o sorriso misterioso da figura feminina. Muitos se perguntam: ela está mesmo sorrindo? Talvez Da Vinci quisesse mesmo provocar essa dúvida. Mais do que isso, note o efeito de profundidade e luminosidade obtido pelo artista. Observe a impressão de profundidade dada pelos contornos cada vez menos nítidos das montanhas, à medida que se distanciam do primeiro plano. A água também se torna menos nítida, conforme se afasta do primeiro plano. A paisagem de fundo, com traços e cores pouco precisos, cria contraste com a figura feminina em primeiro plano. Observe a fisionomia, com traços bem nítidos, as mãos e o colo. Veja como a pele reflete bastante luminosidade em contraste com roupas escuras. Tudo isso mostra a capacidade de Da Vinci como pintor. Ainda assim, o que intriga o observador é que, embora os traços da figura sejam nítidos, os sentimentos expressos em seu rosto são imprecisos. Ilustração representando o leão mecânico projetado por Da Vinci. Da Vinci pintou pouco: o afresco mural Última ceia e cerca de quinze quadros, entre os quais se destacam-se Mona Lisa e a Virgem e o menino. Dominou com sabedoria o jogo de luz e sombra e criou uma atmosfera que, partindo da realidade, estimula a imaginação do observador. Michelangelo: expressão da dignidade humana Aos 13 anos, Michelangelo (1475-1564) foi aprendiz de Domenico Ghirlandaio, consagrado pintor de Florença. Depois, freqüentou a escola de escultura mantida por Lourenço Médici, também em Florença. Entre 1508 e 1512, trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina no Vaticano, para a qual concebeu grande número de cenas do Antigo Testamento. Detalhe de A criação do homem (1511) de Michelangelo. Capela Sistina, Vaticano. A criação do homem Observe as figuras: Deus, representado por um homem de cabelos brancos e corpo vigoroso e cercado por anjos, estende a mão para tocar a de Adão, representado por um homem jovem, de corpo forte e harmonioso. As duas figuras expressam o ideal de beleza do Renascimento. Rafael: a simplicidade e a harmonia Rafael Sanzio (1483-1520) é considerado o pintor renascentista que melhor desenvolveu os ideais clássicos de beleza: harmonia e regularidade de formas e cores. Tornou-se muito conhecido por pintar as figuras de Maria e Jesus e seu trabalho transformou-se em modelo para o ensino de pintura em muitas escolas mais tradicionais. A Escola de Atenas (1508-1511) de Rafael. Dimensões 7,70x 5,50m. Palácio do Vaticano. A Escola de Atenas Esse afresco pintado no Palácio do Vaticano, tem no centro os filósofos gregos Platão e Aristóteles; a seu redor, outros sábios e estudiosos. Depois que nosso olhar passeia pelo conjunto de figuras e busca identificar aqui e ali outras personagens, nossa atenção volta-se para o amplo espaço arquitetônico representado na pintura. São admiráveis a impressão de profundidade e a beleza monumental das arcadas e estátuas. Eis, aí, o valor artístico da arte de Rafael: no modo de representar o espaço e ordenar as figuras com equilíbrio e simetria. A escultura Na escultura italiana do Renascimento destacam-se Michelangelo e Andrea Del Verrocchio. Verrocchio (1435-1488) trabalhou em ouriversaria, o que influenciou sua escultura: algumas de suas obras possuem detalhes que lembram o trabalho de um ourives – artesão que trabalha com peças de ouro. Entre elas, destaca-se Davi, escultura da personagem bíblica que venceu o gigante Golias, poderoso soldado de um exército inimigo do povo de Israel. Quando a observamos, inevitavelmente a comparamos ao Davi de Michelangelo, pois as duas figuras são extremamente diversas entre si. Na escultura, a criatividade de Michelangelo manifestou-se ainda em outros trabalhos, como na Pietà, conservada atualmente na basílica de S. Pedro, em Roma. Os dois Davis O Davi de Verrocchio, em bronze retrata um adolescente ágil e elegante, em sua túnica enfeitada cujos detalhes lembram o trabalho de um ourives. Já o Davi de Michelangelo em mármore, apresenta-se como um jovem adulto. Observe suas mãos colossais, que sugerem força e capacidade de trabalho e de luta. Note a cabeça e o rosto, que expressam decisão e autoconfiança. É a imagem de um homem decidido a contar com a própria capacidade para enfrentar com dignidade os desafios da existência. Davi de Verrocchio.Altura 1,26m. Museo Nazionale del Bargello, Florença. Davi de Michelangelo.Altura 4,10m. Museu da Academia, Florença. Pietà (1499), de Michelangelo. 1,74x1,95x64 cm.. Basílica de S. Pedro, Vaticano. Pietà, de Michelangelo Esculpida em mármore quando o artista tinha apenas 23 anos, esta obra mostra um surpreendente trabalho nos detalhes, que podemos ver nas vestes de Maria e no corpo de Jesus. Mas é na figura de Maria que o artista manifesta seu gênio criador: desafiando a passagem do tempo, ele retrata a mãe de Jesus como uma mulher jovem. Sua expressão dócil contrasta com a dor do ato de recolher o corpo do filho morto na cruz. Fonte (adap.): PROENÇA, Graça. Descobrindo a história da arte. São Paulo: Ática, 2005. p.64-67.