Auto do Menino “Jisuis” Caboclinho Teatro Popular Flávio de Brito Sobre a digitalização desta obra Esta obra foi digitalizada para proporcionar de maneira totalmente gratuita o beneficio de sua leitura àqueles que não podem comprá-la ou àqueles que necessitam de meios eletrônicos para leitura. Dessa forma, a venda deste E-book ou mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é totalmente condenável em qualquer circunstância. Obras disponíveis do autor Cinco segundos de Poesia Auto do Boi Estrela (Teatro Popular) Caboclo (Homem & Natureza) P O E M A S Auto do Fidalgo Português (Teatro Popular) Paixão e Morte na Mata Encantada (Teatro Popular ) A viagem do Curupira Extraterrestre (Teatro infantil) Poemas do Meio Dia Poemas da Meia Noite Poemas para Curumins Poemas de Coveiros Distribua este livro livremente! [email protected] O povo Amazônico ... Riqueza de minha personalidade cultural. Os costumes Paraenses... “Tesouros de minha infância.” A vida Castanhalense... Honraria por ter nascido em teu leito. Flavio de Brito Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Auto do Menino “Jisuis” Caboclinho PERSONAGENS Mestre Capitão Zérodis Matinta José Raimundo Maria Mundica Rei Ganzá Rei Brecó Rei Bacurá Índio Muiraquitã Soldados Tamuatás Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Menino Jesuis caboclinho Com a palavra o Mestre Capitão: Suas licenças camaradas,que esta história eu vou contar.Caboclinho Deus menino, veio ao mundo para nos salvar.Atenção! direi aos senhores, que uma pororoca se principia.É na figura do Zérodis, que inaugura este nosso dia. Com a palavra o Zérodis: Desanda por aí um tal de fuxico, que um certo caboclinho está para chegar.Será este o rei destes magrelos? Há, não vejo a hora disto tudo acabar. Que ousadia deste zinho que se diz o rei dos matos e das marés!Este, já esta morto por estas mãos de mortalha!Chamarei os meus soldados tamuatás, para dispensar esta avacalhação que se espalha. Vão a luta! Segundo a premunição do Curupira, o tal caboclinho estará se enrabichado para Belém. Vão! Que a maré não está para peixe! E não esqueçam de trazer para mim este agourento do bem. Com a palavra a Matinta: Meu compadre Zérodis, ouvi dos tambores da terra Marajoara.Que o caboclinho não tarda chegar. E no ponto do Zé Pilintra que também falou...Que mais três reis virão do além- mar. Com a palavra o Zérodis: Que conversa é essa velha feiticeira! Então dizes que estes reis chegaram á remo? Hora não brinques, isso é coisa séria! Vá embora, saia daqui com este teu veneno! Com a palavra a Matinta: É verdade, meu compadre, os três já estão á caminho enfrentando este mar á pino. São os reis marinheiros das terras do longe, vem trazendo preciosos presentes para o tal menino. Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Com a palavra o Zérodis: Mas que perseguição! Reis para tudo quanto é tipo de estragos e lados! Chamem novamente os tamuatás! Façam que sigam pelo mar estes pobres reis coitados. Com a palavra o Mestre Capitão: Começou a perseguição do caboclinho, Zérodis e os tamuatás estão endoidados pelo menino. E nas capoeiras da terra distante, Zé Raimundo e Maria Mundica, seguem os seu caminho acompanhados de um boizinho. Com a palavra José Raimundo: Oh! Maria mundica, onde fica esta terra que não chega? Já acabou a água e a farinha e cadê aquela coisa na forma de uma estrela? Com a palavra Maria Mundica: Quieto “homi” de Deus, tome, coma este toco de macaxeira, e fique sabendo que a fome e a sede faz parte da provação e coma bem devagar, que esta é a derradeira. Com a palavra José Raimundo: Olha Mundica! O que é aquilo por de trás daquela pupunheira? Será a lua saindo atrasada? Ou é a fome que está fazendo eu ver besteira? Com a palavra Maria Mundica: É a estrela prometida, meu Zé pescador. É o sinal prometido por nosso senhor. Vamos boizinho, sustenta este passo. Vamos mais rápido, que a dor já começou. Com a palavra o Mestre Capitão: Zé Raimundo o pescador e Maria Mundica a lavadeira. Seguem a sua jornada estradeira nos campos destas grandes capoeiras. Já em terra, aportam os reis marinheiros, vem seguindo a estrela de cor de muruci. Eles os marinheiros, Ganzá, Brecó, e Bacurá... Trazem em suas sacolas caranguejos e siris. Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Com a palavra o Rei Ganzá: Mais que suadeira sumano! Esta estrela parece cada vez mais “no longe” espremida. Já andei por muitas terras nesta vida de modo que nunca vi tanto açaizeiro em terra parida. Com a palavra o Rei Brecó: Uhh....não vê que esta terra é de água em cada casa de taipa tem um casquinho. Mas, isso não interessa agora,temos que apressar o passo, pra ver o menino caboclinho. Com a palavra o Rei Bacurá: Não vai sair nenhum sirizinho desta sacola? Já não agüento mais de fome e estes tocos no chão. Essa gente adora descampar terreno pra “prantar” macaxeira nestes “capoeirão”. Com a palavra o Índio Muiraquitã : Auto senhores reis marinheiros! Onde pensam que vão nesta hora incerta? Sou o porteiro destas terras peixeiras! Eu! o capador de gente que não presta! Tupã disse no vento, que um curumim rei irá nascer. Destas terras pra lá, é proibido entrar qualquer um... Vamos, digam logo o que desejam! Pois a hora esperada já vai acontecer. Com a palavra o Rei Ganzá: Viemos de longe conhecer o rei caboclinho. Por dias ultrapassamos o mar destas terras caboclas. A fome, a sede e os calos nos perseguem no momento só a fé é que nos dá mais forças. Com a palavra o Índio Muiraquitã : Respeito o desejo dos senhores, Tupã disse que agora podem seguir no terreiro. Que a curupira os livre do mundiamento. E levem a minha lembrança ao curumim nascido já guerreiro. Com a palavra José Raimundo: Chegamos Mundica! Eis o local que nascerá o rei caboclinho. Aqui neste retiro de farinha faremos o ninho para receber o nosso reizinho. Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Com a palavra Maria Mundica: É chegada a hora meu pescador. Já sinto as dores mais fortes pela natureza. E pelo jeito, o caboclinho já vai nascer. E deve ser a meia noite a grande surpresa. Com a palavra José Raimundo: Viva aos céus dos caboclos! O menino Jisuis caboclinho nasceu!Viva ao Rei de tudo o que existe no céu! Bendito seja vontade de nosso Deus! a Com a palavra o Rei Ganzá: Salve! Oh família feliz! Que nesta casa de farinha esteja o rei menino. Viemos mudança deste mundo sovino. ofertar os nossos presentes, Na esperança da Com a palavra José Raimundo: Entrem cá meus irmãos marinheiros. Dêem as suas oferendas ao rei caboclinho. Bendita seja esta hora vejam a força de Deus na figura de um belo menino. de alegria. Entrem e Com a palavra o Rei Brecó: Trago esta cuia de caribe. Para dar “sustança” ao rei caboclinho. Pois um rei tem que crescer bem forte para dar de conta em tudo o que é Homem mesquinho. Com a palavra o Rei Ganzá: Trago esta essência de patchichouli para perfumar os cueiros deste menino. E acho melhor já usar um pouco Dona Maria pois por aqui, já se sente um cheirinho. Com a palavra o Rei Bacurá: Trago nesta outra cuia, um bocado de açaí para dar cor e força neste caboclo que aqui está. Servirá também para encarecer certas “doença” Tome Mundica, é só dar no café, no almoço e no jantar. Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito Com a palavra Maria Mundica: Agradeço a todos pelas oferendas nesta hora. Que este dia represente uma nova vida. Vejam a estrela por de traz do mundo. Brilha alegre nestes tempos de agonia. Com a palavra a Matinta: Oh! De dentro deste retiro! Vim vê com estes “zóio” o rei feito menino. Olha até que tu é bonitinho caboclinho. Benza Deus, meu Jisuis cristinho! Com a palavra os soldados Tamuatás: Viemos com a tarefa de tudo isso acabar. Porém a Curupira nos deu uma baita peia na mata pra nos matar. Juramos para ela não fazer mais nada. Se não a gente ia morrer de tanto dele apanhar Com a palavra o Índio Muiraquitã : Que os dias daqui em diante sejam diferentes nos lares caboclos. E que o caboclinho menino Jisuis acabe com todo o tipo de tristeza e sufoco neste mundo. Venham todos, os mendigos, os ladrões, os brancos, os negros, os bons e os maus. Pois festejemos o nascimento do caboclinho Jisuis. Confraternizem meu povo destas águas e terras Amazônicas. Pois o curumim matou a treva e nos trouxe muita luz. Todos cantam: Caboclinho nasceu ô ô ô! Jisuis Cristinho nasceu ô ô ô! Nasceu em Belém.... Em Belém do Pará do Pará! É rei, é rei, caboclinho é rei! Com a palavra o Mestre Capitão: E assim os pescadores da fé saudaram o vinda do rei caboclinho. Viva ao Deus menino, nascido nas terras deste grande Pará. Tão bonitinho, esperto e muito cheirosinho. Um feliz natal para todos! Que a alegria reine por estas bandas de cá! Viva o caboclinho Jisuis! Viva a todos os habitantes desta maravilhosa Amazônia. FIM