Auto do Menino “Jisuis” Caboclinho Teatro Popular

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Auto do Menino
“Jisuis”
Caboclinho
Teatro Popular
Flávio de Brito
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Honraria por ter nascido em teu leito.
Flavio de Brito
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Auto do Menino “Jisuis” Caboclinho
PERSONAGENS
Mestre Capitão
Zérodis
Matinta
José Raimundo
Maria Mundica
Rei Ganzá
Rei Brecó
Rei Bacurá
Índio Muiraquitã
Soldados Tamuatás
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Menino Jesuis caboclinho
Com a palavra o Mestre Capitão: Suas licenças camaradas,que esta história eu
vou contar.Caboclinho Deus menino, veio ao mundo para nos salvar.Atenção! direi
aos senhores, que uma pororoca se principia.É na figura do Zérodis, que inaugura
este nosso dia.
Com a palavra o Zérodis: Desanda
por aí um tal de fuxico, que
um certo
caboclinho está para chegar.Será este o rei destes magrelos? Há, não vejo a hora
disto tudo acabar. Que ousadia deste zinho que se diz o rei dos matos e das
marés!Este, já esta morto por estas mãos de mortalha!Chamarei os meus soldados
tamuatás, para dispensar esta avacalhação que se espalha. Vão a luta! Segundo a
premunição do Curupira, o tal caboclinho estará se enrabichado para Belém. Vão!
Que a maré não está para peixe! E não esqueçam de trazer para mim este
agourento do bem.
Com a palavra a Matinta: Meu compadre Zérodis, ouvi dos
tambores da terra
Marajoara.Que o caboclinho não tarda chegar. E no ponto do Zé Pilintra que
também falou...Que mais três reis virão do além- mar.
Com a palavra o Zérodis: Que conversa é essa velha feiticeira! Então dizes
que
estes reis chegaram á remo? Hora não brinques, isso é coisa séria! Vá embora,
saia daqui com este teu veneno!
Com a palavra a Matinta: É verdade, meu compadre, os três
já estão á caminho
enfrentando este mar á pino. São os reis marinheiros das terras do longe, vem
trazendo preciosos presentes para o tal menino.
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Com a palavra o Zérodis: Mas que perseguição! Reis para tudo quanto é tipo de
estragos e lados! Chamem novamente os tamuatás! Façam que sigam pelo mar estes
pobres reis coitados.
Com a palavra o Mestre Capitão: Começou a perseguição do caboclinho, Zérodis
e os tamuatás estão endoidados pelo menino. E nas capoeiras da terra distante, Zé
Raimundo e Maria Mundica, seguem os seu caminho acompanhados de um
boizinho.
Com a palavra José Raimundo: Oh! Maria
mundica, onde fica esta terra que
não chega? Já acabou a água e a farinha e cadê aquela coisa na forma de uma
estrela?
Com a palavra Maria Mundica: Quieto “homi” de Deus, tome, coma este toco de
macaxeira, e fique sabendo que a fome e a sede faz parte da provação e coma bem
devagar, que esta é a derradeira.
Com a palavra José Raimundo: Olha Mundica! O que é
aquilo por de trás
daquela pupunheira? Será a lua saindo atrasada? Ou é a fome que está fazendo eu
ver besteira?
Com a palavra Maria Mundica: É a
estrela prometida, meu Zé pescador. É o
sinal prometido por nosso senhor. Vamos boizinho, sustenta este passo. Vamos mais
rápido, que a dor já começou.
Com a palavra o Mestre Capitão: Zé Raimundo o pescador e Maria Mundica a
lavadeira. Seguem a sua jornada estradeira nos campos destas grandes capoeiras. Já
em terra, aportam os reis marinheiros, vem seguindo a estrela de cor de muruci. Eles
os marinheiros, Ganzá, Brecó, e Bacurá... Trazem em suas sacolas caranguejos e
siris.
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Com a palavra o Rei Ganzá: Mais que suadeira sumano! Esta estrela parece cada
vez mais “no longe” espremida. Já andei por muitas terras nesta vida de modo que
nunca vi tanto açaizeiro em terra parida.
Com a palavra o Rei Brecó: Uhh....não vê que esta terra é de água em
cada casa
de taipa tem um casquinho. Mas, isso não interessa agora,temos que apressar o
passo, pra ver o menino caboclinho.
Com a palavra o Rei Bacurá: Não vai sair nenhum sirizinho
desta sacola? Já não
agüento mais de fome e estes tocos no chão. Essa gente adora descampar terreno pra
“prantar” macaxeira nestes “capoeirão”.
Com a palavra o Índio Muiraquitã : Auto
senhores reis marinheiros! Onde
pensam que vão nesta hora incerta? Sou o porteiro destas terras peixeiras! Eu! o
capador de gente que não presta! Tupã disse no vento, que um curumim rei irá
nascer. Destas terras pra lá, é proibido entrar qualquer um... Vamos, digam logo o
que desejam! Pois a hora esperada já vai acontecer.
Com a palavra o Rei Ganzá: Viemos de longe
conhecer o rei caboclinho. Por
dias ultrapassamos o mar destas terras caboclas. A fome, a sede e os calos nos
perseguem no momento só a fé é que nos dá mais forças.
Com a palavra o Índio Muiraquitã : Respeito o desejo dos senhores, Tupã disse
que agora podem seguir no terreiro. Que a curupira os livre do mundiamento. E
levem a minha lembrança ao curumim nascido já guerreiro.
Com a palavra José Raimundo: Chegamos Mundica! Eis o local
que nascerá o
rei caboclinho. Aqui neste retiro de farinha faremos o ninho para receber o nosso
reizinho.
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Com a palavra Maria Mundica: É chegada a hora meu pescador. Já sinto as
dores mais fortes pela natureza. E pelo jeito, o caboclinho já vai nascer. E deve
ser a meia noite a grande surpresa.
Com a palavra José Raimundo: Viva
aos céus dos caboclos! O menino Jisuis
caboclinho nasceu!Viva ao Rei de tudo o que existe no céu! Bendito seja
vontade de nosso Deus!
a
Com a palavra o Rei Ganzá: Salve! Oh família feliz! Que nesta casa de farinha
esteja o rei menino. Viemos
mudança deste mundo sovino.
ofertar os nossos presentes, Na esperança da
Com a palavra José Raimundo: Entrem cá meus irmãos marinheiros. Dêem as
suas oferendas ao rei caboclinho. Bendita seja esta hora
vejam a força de Deus na figura de um belo menino.
de alegria. Entrem e
Com a palavra o Rei Brecó: Trago esta cuia de caribe. Para
dar “sustança” ao
rei caboclinho. Pois um rei tem que crescer bem forte para dar de conta em tudo
o que é Homem mesquinho.
Com a palavra o Rei Ganzá: Trago esta essência de patchichouli para perfumar os
cueiros deste menino. E acho melhor já usar um pouco Dona Maria pois por
aqui, já se sente um cheirinho.
Com a palavra o Rei Bacurá: Trago nesta outra cuia, um bocado de açaí para dar
cor e força neste caboclo que aqui está. Servirá também para encarecer certas
“doença” Tome Mundica, é só dar no café, no almoço e no jantar.
Auto de Natal “Caboclinho” (Teatro Popular) Flávio de Brito
Com a palavra Maria Mundica: Agradeço a todos pelas oferendas nesta hora.
Que este dia represente uma nova vida. Vejam a estrela por de traz do mundo.
Brilha alegre nestes tempos de agonia.
Com a palavra a Matinta: Oh! De dentro deste retiro! Vim vê com estes “zóio”
o rei feito menino. Olha até que tu é bonitinho caboclinho. Benza Deus, meu Jisuis
cristinho!
Com a palavra os soldados Tamuatás: Viemos
com a tarefa
de tudo isso
acabar. Porém a Curupira nos deu uma baita peia na mata pra nos matar. Juramos
para ela não fazer mais nada. Se não a gente ia morrer de tanto dele apanhar
Com a palavra o Índio Muiraquitã : Que os dias daqui em diante sejam diferentes
nos lares caboclos. E que o caboclinho menino Jisuis acabe com todo o tipo de
tristeza e sufoco neste mundo. Venham todos, os mendigos, os ladrões, os brancos,
os negros, os bons e os maus. Pois festejemos o nascimento do caboclinho Jisuis.
Confraternizem meu povo destas águas e terras Amazônicas. Pois o curumim
matou a treva e nos trouxe muita luz.
Todos cantam: Caboclinho nasceu ô ô ô! Jisuis Cristinho nasceu
ô ô ô! Nasceu
em Belém.... Em Belém do Pará do Pará! É rei, é rei, caboclinho é rei!
Com a palavra o Mestre Capitão: E assim os pescadores
da fé saudaram o vinda
do rei caboclinho. Viva ao Deus menino, nascido nas terras deste grande Pará. Tão
bonitinho, esperto e muito cheirosinho. Um feliz natal para todos! Que a alegria
reine por estas bandas de cá! Viva o caboclinho Jisuis! Viva a todos os habitantes
desta maravilhosa Amazônia.
FIM
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