1 Comunidade de pequenos mamíferos em fragmento

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Comunidade de pequenos mamíferos em fragmento de mata da Fazenda Escola São Luís do
campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão.
Maxmiliano Lincoln Soares Siqueira2, Giovani Santos de Abreu Junior2, Alana Lislea de Sousa3.
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Informação sobre o trabalho - por ex: Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UEMA, Maranhão, Brasil, Bolsista da FAPEMA. E-mail:
[email protected]
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Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UEMA, Maranhão, Brasil, Bolsista da CAPES. E-mail:
[email protected]
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Docente do Mestrado em Ciência Animal da UEMA – Orientadora. Bolsista Produtividade Sênior FAPEMA.
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Resumo: No Brasil ocorrem 16 gêneros e 55 espécies de marsupiais todos pertencentes à família
Didelphidae e distribuem-se, pelos biomas brasileiros. A perda e a fragmentação de habitat, resultantes de
atividades humanas, são as maiores ameaças aos mamíferos terrestres brasileiros, e estão relacionadas ao
desenvolvimento econômico através do crescimento de áreas cultivadas e urbanas, ao aumento da
densidade populacional e da malha rodoviária. O objetivo deste estudo foi caracterizar a comunidades de
pequenos mamíferos da Fazenda Escola São Luís, do campus da Universidade Estadual do Maranhão, e
verificar as implicações das alterações ambientais relativas à diversidade de espécies encontradas. As
capturas foram realizadas no período de maio a abril, em uma área de 36,75ha composta por mata
secundária mista com palmeiras de babaçu e por cultivos de milho, banana, caju, e outras espécies. Os
animais foram capturados com emprego de 10 armadilhas sherman e 10 tomahawk, em um esforço
amostral de 400 armadilhas/noite. Foram capturados 13 marsupiais adultos da espécie Monodelphis
domestica (catita), sendo 05 machos e 08 fêmeas. Apenas um indivíduo da espécie Didelphis sp. (mucura)
foi registrado também na área através de vestígios (ossos). Os poucos exemplares encontrados da espécie
Monodelphis domestica indicam que a área estudada está sob forte pressão antrópica devido ao tamanho
do fragmento, ao isolamento em relação outras áreas de fragmentos de mata e também pela estrutura da
cobertura vegetal que é do tipo sub-bosque favorecendo espécies com hábitos terrestres e generalistas
como as encontradas. Presume-se que novos estudos contínuos devem ser realizados nessa área e em
outras áreas de fragmentos florestais uma vez que o mosaico de ambientes favorece a presença e a riqueza
de espécies além destes registros e pela possibilidade se obter mais informações sobre o nível de
conservação de áreas naturais utilizando marsupiais como indicadores ambientais.
Palavras–chave: Didelphidae, Didelphis sp, fragmentos florestais, Monodelphis domestica, extinções
locais
Small mammal community in forest fragment of Fazena Escola São Luis, campus Paulo VI at the
State University of Maranhao.
Abstract: In Brazil there are 16 genera and 55 species of marsupials all belonging to Didelphidae family
and are spread across biomes. The fragmentation and loss of habitat resulting from human activities are
the main threats to the Brazilian terrestrial mammals, and are related to economic development through
the growth of cultivated and urban areas, increased population density and road network. The objective of
this study was to characterize the communities of small mammals of Fazenda Escola São Luis on the
campus of the State University of Maranhao, and check the implications of environmental change on the
diversity of species found. Catches were made in the period from May to April, in an area of 36,75ha
composed of secondary forest mixed with oil palm babaçu and corn, banana, cashew, and other species.
The animals were captured using Sherman traps 10 and 10 tomahawk, a 400 traps/night sampling effort.
13 adults were marsupial species Monodelphis domestica (Gray short-tailed Opossum) captured, being 05
males and 08 females. Only one individual of the species Didelphis sp. (Possum) was also recorded in the
area through remains (bones). The few specimens of the species found Monodelphis domestica indicate
that the study area is under severe human pressure due to fragment size, isolation from other areas of
forest fragments and also by the structure of vegetation that is the kind of undergrowth that favor with soil
type and general habits, as found. It is assumed that new ongoing studies should be conducted in this area
and other areas of forest fragments as the environment mosaic favors the presence and species richness
beyond these records and the opportunity to learn more about the level of natural conservation areas,
using marsupials as environmental indicators.
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Keywords: Didelphidae, Didelphis sp, forests fragments, Monodelphis domestica, local extinctions
Introdução
A Ordem Didelphimorphia inclui a maioria dos marsupiais viventes das Américas, sendo
composta por espécies de pequeno a médio porte de menos de 10g até 3000g (Emmons & Feer, 1997).
Esta ordem é composta por apenas uma família, Didelphidae, sendo a monofilia da família reconhecida
recentemente em uma revisão filogenética de Didelphimorphia (Voss & Jansa, 2009). No Brasil ocorrem
16 gêneros e 55 espécies e distribuem-se por todos os biomas brasileiros, desde a Floresta Amazônica aos
Pampas (Rossi & Bianconi, 2009). Os pequenos mamíferos são bons indicadores de impactos ambientais
relativos a vegetação uma vez que possuem área de vida restrita e ocupam em sua grande maioria o
estrato arbóreo como habitat principal (Costa et al., 2005). Devido sua importância na dinâmica da
floresta através de predação do banco de sementes e plântulas, dispersão de sementes e fungos
micorrizicos, a complexidade da vegetação parece estar relacionada positivamente ao numero de espécies
(Pardini & Umetsu, 2006). A perda e a fragmentação de habitat, resultantes de atividades humanas, são as
maiores ameaças aos mamíferos terrestres brasileiros, e estão relacionadas ao desenvolvimento
econômico através do crescimento de áreas cultivadas e urbanas, ao aumento da densidade populacional e
aumento da malha rodoviária (Costa et al., 2005). Os pequenos mamíferos representam umas principais
comunidades afetadas pela fragmentação de habitat. A mobilidade limitada da maioria das espécies de
pequenos mamíferos junto ao grau de isolamento de fragmentos é postulada com uma das principais
barreiras que separam as populações em tais fragmentos (Cáceres et al., 2010). Além de isolamento e
formato da área, o tamanho de área é outra variável importante que determina os padrões de riqueza e
diversidade de comunidades de mamíferos nos biomas sul-americanos (Pardini et al., 2005; Cáceres et al.,
2010). Esse estudo teve o objetivo de caracterizar a comunidades de pequenos mamíferos da Fazenda
Escola São Luís, do campus da Universidade Estadual do Maranhão, e verificar as implicações das
alterações ambientais relativas à diversidade de espécies encontradas.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado nos meses de abril a maio, na área de mata da Fazenda Escola São Luís do
Campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão, no município de São Luís, Maranhão. A área é
composta por mata secundária mista com palmeiras de babaçu, cultivos de milho, banana, caju, e outras
espécies. O estudo foi conduzido no fragmento de mata em uma área de 36,75ha. Os espécimes foram
capturados com emprego de 10 armadilhas sherman e 10 tomahawk. As armadilhas foram dispostas no
solo ao longo do fragmento em transecto linear com tamanho total de 200 metros, sendo que as
armadilhas formaram estações de captura composta por uma sherman e uma tomahawk dispostas a 20
metros de distancia uma da outra. Todas as armadilhas foram iscadas com sardinha, carne enlatada e
banana. Elas foram expostas por um período de 20 dias, em um esforço amostral de 400 armadilhas/noite.
Resultados e Discussão
Ao todo foram capturados 13 marsupiais, da espécie Monodelphis domestica (catita), adultos
sendo 5 machos e 8 fêmeas. Apenas um indivíduo da espécie Didelphis sp. (mucura) foi registrado
também na área através de vestígios (ossos), em idade adulta como observado pela dentição. O baixo
número de espécies desse grupo indica que a área estudada está sob forte pressão antrópica devido ao
tamanho do fragmento, ao isolamento em relação outras áreas de mata e também pela estrutura da
cobertura vegetal que é do tipo sub-bosque favorecendo espécies com hábitos terrestres e generalistas
como as observadas. A maioria das espécies de marsupiais brasileiros habitam florestas (Emmons & Feer,
1997), supostamente estão entre os grupos zoológicos mais ameaçados pelo processo de fragmentação
florestal. A mera presença de marsupiais nestes ambientes, no momento que são isolados, não é o
suficiente para garantir que tais populações possam persistir indefinidamente. Dependendo do tamanho do
fragmento, é possível que as populações presentes não sejam grande o suficiente para sua viabilidade a
longo prazo. Se este for o caso, extinções locais podem ser inevitáveis, mesmo que só ocorram anos ou
décadas após o isolamento (Fernandez & Pires, 2006). De modo geral, os efeitos da fragmentação afetam
negativamente os pequenos mamíferos devido ao distanciamento de fragmentos florestais entre si,
originando comunidades mais pobres em composição de espécies, que geralmente tende a ser a mesma,
formada quase sempre por espécies generalistas mais resistentes (Magnus & Cáceres, 2012), situação
semelhante encontrada na área da Fazenda Escola com apenas duas espécies também consideradas
bastante comuns e generalistas. Como observado a cobertura vegetal dos fragmentos da área da Fazenda
Escola é jovem e em sua maioria é do tipo sub-bosque com poucas espécies vegetais de maior porte.
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Pardini et al. (2005) observou que nas florestas mais jovens ou mais alteradas, espécies florestais
cursoriais tende a desaparecer, ao passo que espécies florestais que usam o sub-bosque tendem a
aumentar suas densidades, talvez seja esse fator que tenha permitido uma densidade alta para
Monodelphis domestica na área estudada. Este fato ressalta a ideia de que o grau de conservação de um
determinado local pode alterar sua diversidade faunística, bem como a abundancia das espécies, levando
às vezes a um nível crítico Pardini et al. (2005). Essa situação de alteração ambiental na Fazenda Escola
tem levado a comunidade de marsupiais ao empobrecimento até agora observado, sendo representada,
portanto apenas por apenas duas espécies. Ante ao exposto inferimos que novos estudos devem ser
realizados nessa área e em outras áreas de fragmentos florestais uma vez que o mosaico de ambientes
favorece a presença e a riqueza de espécies além destas registradas, e ainda seria possível se obter mais
informações sobre o nível de conservação de áreas naturais utilizando marsupiais como indicadores
ambientais.
Agradecimentos
Agradecemos ao Fundo de Amparo a Pesquisa do Maranhão – FAPEMA, à diretoria da Fazenda
Escola São Luís, campus Universidade Estadual do Maranhão pelo apoio durante as atividades de campo
e à Manejo Fauna Equipamentos e Treinamentos pela concessão dos equipamentos e apoio logístico.
Literatura citada
CÁRCERES, N.C.; NAPOLI, R; CASELLA, J.; HANNIBAL,W. Mamalls in a fragmented savannah
landscape in south-western Brazil. Journal of Natural History, 44: 491-512. 2010.
EMMONS, L. H; FEER, F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. 2 ed.. Chicago:
University of Chicago Press. 1997. 281p.
MAGNUS, L. Z.; CÁCERES, N.C. Efeito do tamanho da área sobre a riqueza e composição de
pequenos mamíferos da floresta atlântica. Mastozoologia Neotropical 19(2):243-258, 2012.
PARDINI, R., SOUZA, S.M., BRAGA-NETTO, R. & METZGER, J.P. The role of forest structure,
fragment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in a tropical forest
landscape. Biological Conservation. 124:253-266. 2005.
ROSSI, R.V. & BIANCONI, G.V. Ordem Didelphimorphia,. In: Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Pedro,
W.A. & Lima, I.P (Eds.). Mamíferos do Brasil. 2ed. 2011, p. 31-69.
VOSS, R S., JANSA, S.A. Phylogenetic relationships and classification of didelphid marsupials, an
extant radiation of New World metatherian mammals. Bulletin of the American Museum of
Natural History, v.322, p. 1-177, 2009.
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