Manual de Biossegurança - Vestibular

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Manual de Biossegurança
Curso de Odontologia
Fundação Hermínio Ometto
UNIARARAS
ISSN: 978-85-60433-37-7
Araras 2015
Manual de Biossegurança
Curso de Odontologia da UNIARARAS
Comissão de Biossegurança:
Prof. Dr. Waldocyr Simões – Presidente
Profa. Dra. Sofia Takeda Uemura
Prof. Ms. Samuel Henrique Câmara de Bem
Profa. Ms. Denise Carvalho de Souza
Profa. Ms. Florence Mistro
Prof. Esp. Fabrício Gibertoni
Araras 2015
MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................2
2.
OBJETIVOS DA COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA .............................................................................................3
3.
TERMOS USADOS EM BIOSSEGURANÇA .........................................................................................................4
4.
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA AS CLÍNICAS .......................................................................................................5
5.
CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO ...........................................................................................................................7
5.1
PROTOCOLO.............................................................................................................................................7
5.2
ESTERILIZAÇÃO TÉRMICA ........................................................................................................................7
5.3
ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA ........................................................................................................................8
6.
LIMPEZA – CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES ..................................................................................................9
6.1
LIMPEZA ...............................................................................................................................................9
6.2
ÁREAS CRÍTICAS E SEMICRÍTICAS .........................................................................................................9
6.3
ÁREAS NÃO CRÍTICAS .........................................................................................................................10
7.
DESINFECÇÃO E COLOCAÇÃO DE BARREIRAS DE PROTEÇÃO ........................................................................10
8.
ATENÇÃO AOS PACIENTES NA CLÍNICA .........................................................................................................11
9.
ATENÇÃO AOS ALUNOS E DOCENTES NA CLÍNICA ........................................................................................12
10.
11.
9.1
PARAMENTAÇÃO – USO DE EPIs ...................................................................................................12
9.2
LAVAGEM E CUIDADOS COM AS MÃOS ........................................................................................13
MANEJO DOS RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE......................................................................................14
10.1.
RSS – RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE ...............................................................................14
10.2.
PGRSS (PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE)....................15
10.3.
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS .......................................................................................................15
ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAIS BIOLÓGICOS ........................................................................18
11.1
ORIENTAÇÕES APÓS ACIDENTE .................................................................................................20
11.2 COMUNICADO DE ACIDENTE COM INSTRUMENTOS PÉRFURO CORTANTES ...............................22
11.3
12.
ACOMPANHAMENTO DE ACIDENTE COM INSTRUMENTOS PÉRFURO CORTANTES .................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................24
MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
1. INTRODUÇÃO
Biossegurança compreende um conjunto de medidas que visam proteger de doenças
transmissíveis, profissionais, professores, alunos e funcionários em um ambiente de trabalho
clínico de uma área da saúde.
Na odontologia, em particular, há necessidade da observância de uma série de
normas e cuidados na clínica, pois profissionais e pacientes estão em grande proximidade
com fluídos biológicos e grande variedade de microrganismos patogênicos oportunistas,
residentes ou transitórios, presentes na cavidade bucal, local de trabalho do profissional que
está exposto a uma infecção cruzada.
Da mesma forma, em uma instituição de ensino, em cursos de Odontologia,
professores, alunos e funcionários estão sujeitos a infecções, com risco maior em função da
inexperiência dos alunos, considerando ainda a utilização de motores que promovem a
formação de aerossóis, que carreiam microrganismos patogênicos, podendo contaminar
todo o pessoal envolvido na clínica, além de superfícies e equipamentos que podem servir
de veículos para infecções cruzadas.
Esses aspectos alimentam as estatísticas que mostram uma maior incidência de
doenças infecciosas nas equipes de saúde bucal presentes nas clínicas odontológicas,
quando comparados com a população geral, sendo, portanto, o ambiente clínico
odontológico considerado de alto risco, quando não são tomados os devidos cuidados em
nível de biossegurança.
Várias são as patologias que professores e alunos, principalmente, estão sujeitos em
trabalhos efetuados na área de saúde odontológica, como doenças transmissíveis direta ou
indiretamente dos pacientes, através dos fluídos biológicos, como o sangue e ou doenças
transmissíveis pelo ar.
Neste sentido, o controle dessas infecções ou a diminuição sensível das mesmas,
deve ser efetuado através de normas e protocolos elaborados por organizações como
Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, entre outras, e das
instituições de ensino. Assim é que, segundo o artigo 67, resolução de 18 de janeiro de
1999, do Serviço de Saúde do Estado de São Paulo (SSSP), determina que todo
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
estabelecimento de assistência odontológica com mais de seis profissionais exercendo
atividades clínicas, são obrigados a possuir uma Comissão Interna de Biossegurança,
elaborando um Manual de Normas de Biossegurança.
2. OBJETIVOS DA COMISSÃO DE BIOSSEGURANÇA
Implantar e descrever as normas e protocolos (cuidados) que minimizem os riscos
ocupacionais a que está exposto o pessoal de saúde que trabalha na clínica da FHOUNIARARAS, estabelecendo medidas preventivas relacionadas aos aspectos de
Biossegurança.
Estabelecer rotinas e
transmissíveis.
normas de procedimentos no
controle
de
doenças
Criar consciência preventiva entre os alunos, professores e funcionários, traduzindo-a
no cumprimento dos protocolos e normas exaradas pela Comissão de Biossegurança e
contidas no manual.
Garantir processos adequados de esterilização e desinfecção nos artigos trabalhados
na clínica odontológica.
Estabelecer protocolos de acompanhamento dos acidentes com exposição aos
materiais biológicos, mantendo registros das ocorrências relativas às doenças de notificação
compulsória.
Estudar e atender às exigências dos regulamentos (normas) governamentais e fazer
cumprir o que determina o regulamento interno das resoluções da FHO-UNIARARAS.
Desta forma, o papel da Comissão de Biossegurança envolve a criação de um
programa de controle de infecção, visando proteger pacientes e a equipe de saúde do risco
de transmissão de doenças infecciosas, nas clínicas do curso de odontologia da FHOUNIARARAS, reduzindo o número de microrganismos patogênicos encontrados no ambiente
da clínica, diminuindo a possibilidade de contaminação cruzada, protegendo e
conscientizando pacientes e equipe de saúde da importância de, consistentemente, aplicar
as técnicas adequadas de controle de infecção, difundindo o conceito de que qualquer
contato com fluídos do corpo é infeccioso e requer proteção adequada.
A Comissão de Biossegurança do Curso de Odontologia da FHO- UNIARARAS, para
atingir esses objetivos, elaborou o presente Manual numa sequência que envolve definições
sobre limpeza, esterilização e desinfecção de artigos, uso de barreiras de proteção nas
superfícies, equipamentos de proteções individuais (EPIs), eliminação adequada dos
resíduos dos serviços de saúde e procedimentos diante de acidentes pérfuro-cortantes, em
contato com substâncias biológicas contaminantes.
Assim, é relevante a responsabilidade de todos contribuírem para o cumprimento das
normas propostas para manutenção de um ambiente de trabalho seguro e saudável.
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
3. TERMOS USADOS EM BIOSSEGURANÇA
 ARTIGOS: São instrumentos de diversas naturezas, usados em um ambiente clínico
que podem ser veículos de contaminação. ARTIGOS CRÍTICOS: São os artigos
utilizados em procedimentos invasivos (penetração dos tecidos, pele, mucosa,
conjuntivo, etc.) como agulhas, lâminas de bisturi, que exigem esterilização ou uso
único (descartável). ARTIGOS SEMI CRÍTICOS: São os que entram em contato com
o epitélio não íntegro, exigindo desinfecção de alta atividade biocida. ARTIGOS NÃO
CRÍTICOS: São os que entram em contato com o epitélio íntegro, exigindo
desinfecção biocida média.
 LIMPEZA: É a remoção mecânica e ou química da sujidade orgânica ou inorgânica,
visando à remoção completa destes resíduos, devendo sempre ser realizada
previamente à desinfecção e à esterilização.
 ESTERILIZAÇÃO: Processo de destruição de todas as formas de vida microbianas,
inclusive esporuladas, mediante aplicação de agentes físicos e ou químicos e deve
ser aplicada sempre que possível nos artigos trabalhados nas clínicas.
 DESINFECÇÃO: Processo físico ou químico que elimina as formas vegetativas de
microrganismos, exceto os esporulados. A desinfecção pode ser de atividade alta,
média e baixa. ALTA: além de forma vegetativa, pode destruir também alguns
esporos. MÉDIA: tem ampla ação sobre vírus, bacilos e fungos. BAIXA: somente
ação sobre formas vegetativas.
 DESCONTAMINAÇÃO: É a eliminação parcial ou total de microrganismos dos artigos
e superfícies, através de limpeza e ou desinfecção.
 ASSEPSIA: É o método empregado para impedir que determinado local, superfície,
equipamentos e ou instrumental seja contaminado.
 ANTISSEPSIA: É o controle da infecção a partir do uso de substâncias antissépticas
de uso na pele ou mucosas (em vivo).
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
4. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA AS CLÍNICAS
Todas as clínicas da FHO-UNIARARAS devem estar providas de:
 Torneiras automáticas com acionador de água com os pés;
 Sabão líquido germicida, com mecanismo dispensador (saboneteira) que impeça o
refluxo da solução. Os dispensadores deverão ser limpos semanalmente com álcool
70% pela equipe de limpeza;
 Dispensador (toalheira) com papel toalha para as mãos;
 Dispensador ou almotolia com álcool 70% para limpeza de equipamentos;
 Lixeira com tampa acionada a pedal;
 Uma área de expurgo (lavagem do instrumental e expurgo dos resíduos);
 A limpeza da clínica (varredura) deve ser úmida, de preferência com os carrinhos
próprios para este fim;
 As paredes das clínicas devem ser de material lavável (limpeza das paredes, ideal
mensalmente);
 Recipientes adequados para o descarte de agulhas e outros materiais pérfurocortantes e para os resíduos restauradores e materiais contaminados;
 Todo instrumental clínico deverá ser lavado (limpo), seguindo o protocolo de lavagem
instituído pela FHO-UNIARARAS;
 A coleta do lixo contaminado das clínicas deverá ser realizada em separado do lixo
comum, sendo acondicionado e transportado em sacos brancos e carrinhos
apropriados;
 Os resíduos odontológicos recicláveis deverão ser identificados com um rótulo em sua
embalagem, contendo nome do resíduo, clínica de origem, data do descarte e
encaminhados ao depósito de resíduos da FHO-UNIARARAS;
 O transporte dentro das dependências do curso de odontologia, de frascos contendo
material biológico ou contaminado, deverá ser realizado em caixas plásticas, evitando
o risco de acidentes;

É proibido guardar alimentos na mesma geladeira de conservação de material
odontológico;
 A substituição de rotinas técnicas que se relaciona à biossegurança e também o local
para discussão sobre mudança nos protocolos a serem seguidos no curso de
odontologia, deverão ser avaliados pela Comissão de Biossegurança. As solicitações
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
de pareceres ou mudanças devem ser realizadas por escrito por meio de ofício com
justificativa e encaminhadas ao presidente da Comissão;
 Em clínicas o acesso e permanência durante as aulas e atividades serão permitidos
somente para pessoas com roupas brancas, paramentadas com avental descartável e
gorro, sendo proibido fumar, ingerir alimentos ou bebidas em seu interior.
Funcionários em atividades deverão seguir normas específicas de acordo com a
função;
 Toda paramentação deve ser retirada antes de deixar o ambiente clínico, sendo
proibida a circulação de professores ou alunos com EPIs pelos pátios, cantinas e
corredores da instituição;
 Em laboratórios, assim como nas clínicas, devem ser usados aventais em tecidos ou
descartáveis e outros EPIs recomendados pelo Coordenador(a) ou pelo professor(a)
responsável pela disciplina;
 Nas clínicas, maletas ou caixas de instrumentais dos alunos, deverão ser de fibra ou
plástico lavável e desinfetável;
 Todos que atuarem no ambiente clínico devem estar imunizados com as vacinas BCG
(tuberculose), tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), dupla bacteriana (difteria e
tétano) e hepatite B;
 Todo instrumental (artigos críticos e semicríticos) deve ser esterilizado;
 Deverão ser usadas na clínica apenas peças de mão autoclaváveis, assim como
afastadores e espelhos para fotografias intra bucais;
 O processamento de instrumentos contaminados (limpeza e embalagem) deve ser
realizado com EPIs completo e luvas de borracha grossas no local adequado;
 Todo material descartável deve ser utilizado apenas uma vez e descartado;
 Todo equipamento clínico deve ser limpo e desinfetado entre as trocas de pacientes e
antes de iniciar o atendimento do primeiro paciente, sempre substituindo as barreiras
mecânicas a cada troca de paciente;
 Todos os resíduos pérfuro-cortantes devem ser descartados nas caixas amarelas
rígidas (Descartex, Descarpack ou similar);
 Lixeiras com sacos brancos devem ser utilizadas para o descarte de resíduos
possivelmente contaminados, não pérfuro-cortantes;
 Os acidentes com materiais pérfuro-cortantes presumivelmente contaminados devem
ser imediatamente comunicados ao professor do corredor ou responsável pela clínica.
Lavar o local com sabão germicida e abundante água corrente. O paciente não deve
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
ser dispensado; o aluno e o paciente devem juntos realizar o protocolo para acidentes
pérfuro-cortantes no centro de saúde Zona Leste em Araras.
5. CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO
5.1
PROTOCOLO
O curso de Odontologia da FHO-UNIARARAS possui uma central de esterilização em
acordo com as exigências emanadas pelos órgãos competentes governamentais, como o
Ministério da Saúde e a Vigilância Sanitária, promovendo a esterilização através do método
físico ‘calor’, utilizando o vapor saturado sob pressão, denominado autoclave, visando a
esterilização dos artigos críticos e semicríticos esterilizáveis. A central de esterilização está
localizada em área física térrea, salubre e de fácil acesso às clínicas.
O setor de esterilização do curso de Odontologia da FHO-UNIARARAS está
capacitado para atender alunos e docentes que necessitem de esterilização dos diversos
artigos de uso nas clínicas de graduação e pós-graduação, funcionando de segunda à sexta
feira, conforme horário publicado semestralmente nos murais do curso.
A central de esterilização segue a normatização de preparo, embalagem e
esterilização dos materiais através de um programa de manutenção e controle biológico
semanal, ditado pelas necessidades inerentes à correta esterilização para cada artigo.
5.2
ESTERILIZAÇÃO TÉRMICA
O instrumental e material a ser esterilizado, após adequada limpeza, deve ser
acondicionado em embalagens apropriadas, datadas, identificadas e permeáveis ao vapor.
O interior de tubulações e reentrâncias, como mangueiras, devem ser sofrer completa
limpeza e os instrumentais articulados, como tesouras, fórceps e outros, devem ficar abertos
no ato da esterilização.
A esterilização deve ser efetuada em:
- Caixas metálicas perfuradas contendo campo de tecido para proteção em seu interior,
protegendo o instrumental. Se for em caixas metálicas comuns (não perfuradas) devem ficar
abertas, com campo em seu interior, visando proteger o instrumental e ou material.
- Envelopes de papel grau cirúrgico ou filmes transparentes de diferentes tamanhos para
autoclavar pontas (canetas) de alta e baixa rotação e outros instrumentais não perfurantes.
O papel grau cirúrgico não deve ser reutilizado. A selagem deve ser realizada com margem
de 3cm. em uma das bordas para permitir abertura asséptica.
- Tambores perfurados contendo envelopes de papel próprios para autoclavar campos
cirúrgicos e gaze.
A central de esterilização, em suas autoclaves, possui rotinas de esterilização
indicadas pelos fabricantes e as contidas neste manual, mantendo locais específicos e
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
organizados para armazenagem e resfriamentos das caixas metálicas submetidas à
esterilização.
A validade da esterilização efetuada em nossa Central de Esterilização é de três
meses para envelope cirúrgico fechado, se mantido armazenado no setor de esterilização ou
em armários próprios. Fora do setor, depende do manuseio. O armazenamento do material
esterilizado deve ser feito em local seco com umidade relativa do ar de 30 a 60%,
temperatura em torno de 25°C em estantes ou armários próprios para este fim.
5.3
ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA
A semelhança da esterilização através do calor (autoclave) a esterilização química
também visa a eliminação de todas as formas de vida microbianas, inclusive esporuladas,
através de um processo químico. A eficácia da esterilização química está associada ao tipo
de substância química, a sua concentração, contato com toda a superfície do artigo a ser
esterilizado e ao tempo de exposição, indicado pelo fabricante. Para tanto, é necessária,
antecedendo ao processo químico, uma limpeza completa no artigo, deixando-o livre da
presença de matéria orgânica ou qualquer tipo de sujidade e estar perfeitamente seco.
É preciso ainda a imersão completa do artigo na solução química utilizada,
preenchendo o interior de tubulações e reentrâncias, como mangueiras cirúrgicas, tesouras,
fórceps e outros instrumentais articulados que devem ficar abertos no ato da esterilização.
O único esterilizante químico autorizado atualmente pela Vigilância Sanitária,
substituindo o glutaraldeído, é o ácido paracético a 1%, solução de pronto uso. O ácido
paracético não coagula sangue ou tecidos, sendo compatível com metais e tendo uma
rápida ação esterilizante mesmo em temperaturas baixas; deve ser utilizado com imersão
total do artigo por oito ou dez horas. É importante observar o prazo de validade na
substância, sua rediluição e se não contem sujidade.
A esterilização química deve ser utilizada somente para produtos termossensíveis,
como artigos de acrílico, plásticos, nylon, tubos de borracha e silicone, artigos estes que não
resistem à esterilização ao calor, em autoclave.
Na esterilização química deve-se ainda observar e respeitar o tempo de exposição
indicado em recipientes adequados, estéreis, mantendo-se o recipiente fechado e, após
esterilização, o enxágue no interior das tubulações visando eliminar os resíduos do produto
utilizado, secando externamente os artigos com técnica asséptica e compressas estéreis.
O profissional ao efetuar a esterilização química deve usar EPI completo, com luvas
de borrachas, óculos de proteção em ambiente arejado e com boa ventilação local.
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
6. LIMPEZA – CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES
6.1
LIMPEZA
Limpeza é a remoção mecânica de sujidades, da matéria orgânica e dos
contaminantes de natureza inorgânica, objetivando reduzir a carga microbiana garantindo o
processo de desinfecção, esterilização e a vida útil dos artigos. Quando os artigos possuem
mais de uma parte, se possível devem ser desmontados, se articulados devem ficar abertos,
fazendo-se a limpeza imediatamente após o uso. Antecedendo-se a limpeza deve-se fazer a
imersão em solução aquosa de detergente ou solução enzimática ou com desinfetante, por,
no mínimo, dez minutos, efetuando-se uma limpeza inicial, diminuindo a carga microbiana e
assegurando uma efetiva limpeza posterior.
Na limpeza dos artigos temos a limpeza manual e a limpeza mecânica. A manual, é o
procedimento realizado manualmente para remoção de sujidade por meio de ação física,
aplicada sobre a superfície, usando escovas, torneiras de jatos direcionáveis, detergentes e
água corrente. A limpeza mecânica é o procedimento automatizado para a remoção da
sujidade por meio de lavadoras com jatos de água ou lavadoras com ultrassom de baixa
frequência, operando em diferentes condições de temperatura e tempo, como é a cuba
ultrassônica, que trabalha com produtos enzimáticos que favorecem a limpeza. Esse tipo de
limpeza diminui a exposição dos alunos, professores e pessoal auxiliar das clínicas aos
riscos ocupacionais de origem biológica, como os vírus das Hepatites e do HIV.
Além da limpeza dos artigos utilizados por professores e alunos, a limpeza das
dependências da clínica, piso, paredes, armários e cuspideiras, deverão ser lavados, de
preferência, com soda clorada, seguindo as normas de “Processamento de artigos e
superfícies em estabelecimentos de saúde” (MS/1994), devendo ser realizada no final de
cada turno de uso da clínica, pela equipe de limpeza.
6.2
ÁREAS CRÍTICAS E SEMICRÍTICAS
Dadas as características próprias das clínicas odontológicas da FHO-UNIARARAS,
podemos classificar os ambientes para efeito de limpeza em: áreas críticas, áreas
semicríticas e áreas não críticas.
ÁREAS CRÍTICAS são aquelas destinadas à assistência direta ao paciente, exigindo
rigorosa desinfecção após cada turno de trabalho; são as áreas clínicas, propriamente ditas,
a área de esterilização e a área de expurgo, onde são processados os instrumentos, após
sua utilização. Os equipamentos, pisos, tampos, peitoris e mobiliários pertencentes a estas
áreas requerem cuidados mais frequentes de limpeza, descontaminação e desinfecção, pois
são as que mais se contaminam.
ÁREAS SEMICRÍTICAS são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades
envolvidas, como lavanderia, laboratórios e biotério. Exigem limpeza e desinfecção
constante, também.
Os pisos das áreas críticas e semicríticas, assim como as pias, devem ser limpos
(lavados) com água e sabão e desinfecção com hipoclorito de sódio a 1% ou a 2,5% diluído,
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
diariamente. As janelas e paredes dessas áreas devem receber limpeza com água e sabão
semanalmente. As cuspideiras das clínicas e os aparelhos de RX devem receber o mesmo
tipo de limpeza a cada atendimento de paciente, sendo que o aparelho de RX deve ser
desinfetado com álcool 70% e proteção com filme de PVC.
6.3
ÁREAS NÃO CRÍTICAS
Áreas não críticas são aquelas não ocupadas no atendimento dos pacientes ou aos
quais estes não têm acesso. Essas áreas exigem limpeza constante com água e sabão.
7. DESINFECÇÃO E COLOCAÇÃO DE BARREIRAS DE
PROTEÇÃO
Antes da disposição de trabalho (atendimento) nas clínicas da FHO-UNIARARAS e no
intervalo para troca de pacientes, após a limpeza deve-se realizar a desinfecção das
superfícies das áreas de trabalho e dos equipamentos protegendo-os com filme de PVC ou
capas de acrílico ou borracha descartáveis. Existem diversos produtos (agentes químicos)
que podem ser usados para desinfecção, sugeridos pelo Ministério da Saúde e Vigilância
Sanitária, que necessitam ser avaliados em relação ao custo-benefício e a eficácia em
relação ao artigo a ser processado, devendo ser efetivos contra o bacilo da Tuberculose e
prover atividades virucidas. Dentre esses agentes podemos citar: HIPOCLORITO DE SÓDIO
a 1%, que promove desinfecção de nível intermediário, sendo, no entanto, corrosivo para
metais, devendo ser colocado em recipientes plásticos ou de vidro e deve ser utilizado
imediatamente após a diluição e desprezado em 24 horas, pois é instável na composição.
ÁLCOOL ETÍLICO a 70%, é um bactericida de baixa potência, não destruindo o vírus da
Hepatite B., é irritante a pele, evaporando-se rapidamente, por isso deve ser friccionado na
superfície a ser utilizada, não devendo ser usado em acrílico, borracha e tubos plásticos.
ÁCIDO PARACÉTICO a 1%, substância indicada pela Vigilância Sanitária e de pronto uso,
não coagula sangue ou tecidos, é compatível com metais e de rápida ação como
desinfetante, podendo ser usado também para esterilizações nos produtos termo estáveis e
termo sensíveis.
Após a limpeza, os equipamentos e a superfície de trabalho devem ser desinfetados
com álcool 70% friccionando-o com papel toalha ou algodão por 30 segundos nos tampos e
alças das mesas auxiliares, bancadas, engates das pontas de alta e baixa rotação, seringas
tríplice, encosto da cabeça do paciente, mangueiras do alta e baixa rotação, e pontas das
mangueiras de sucção. A seguir, esses itens devem ser protegidos com filme de PVC
(Magipack, Rolopack ou similar) ou campo de proteção, ou tubos de plástico (sacolé) ou de
borracha descartáveis. Cobrir a ponta da seringa tríplice com tubo plástico descartável
(canudo de refrigerante, cortado). Essas barreiras de proteção devem ser colocadas no
início dos atendimentos e substituídos a cada troca de paciente. Da mesma forma, os
aparelhos de RX devem ser desinfetados com álcool 70% e encapados com sacos plásticos
e ou filme de PVC a cada atendimento. O filme intra bucal para radiografia deve ser
envolvido em filme de PVC. Os telefones (fundo de clínica) devem sofrer desinfecção com
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MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
álcool 70%, diariamente. As cuspideiras devem ser desinfetadas após limpeza com
hipoclorito de sódio a 1%, a cada atendimento.
8. ATENÇÃO AOS PACIENTES NA CLÍNICA
Na clínica, a equipe odontológica está sujeita a diversas doenças infecto contagiosas,
adquiridas por meio de contato direto (mãos, pele) ou indireto (superfícies ambientais, ar –
aeração) devido à proximidade e à exposição prolongada durante a realização dos
procedimentos clínicos, devendo, por isso, serem adotadas medidas preventivas padrão
para com os pacientes.
As doenças mais comuns, passíveis de transmissão pelos pacientes são: herpes
simples, escabiose, pediculose, micose e conjuntivite, podendo-se acrescentar como menos
presentes, porém mais graves, as Hepatites B e C e HIV (AIDS – Síndrome da
Imunodeficiência adquirida). Portanto, deve ser feita uma boa anamnese, conseguindo-se o
maior número possível de informações a respeito do estado geral de saúde do paciente,
incluindo todos os detalhes atuais e pregressos, ou sua história médica.
Pacientes com histórico médico de cardiopatias, como febre reumática, endocardite
bacteriana subaguda, próteses cardíacas, etc., são mais suscetíveis a infecções e em
atendimentos que envolvam sangramento, devem receber profilaxia antibiótica apropriada
antecedendo o atendimento. Pacientes com doenças sistêmicas graves não controladas,
como diabetes, imunodeficiências, pacientes idosos e crianças também requerem cuidados
adicionais. Todavia, independente do perfil do paciente e do tipo do procedimento a ser
realizado, antissepsia é capaz de reduzir significativamente a quantidade de microrganismos
nos tecidos dos pacientes devendo-se ter como padrão, antecipando os procedimentos,
fazer-se a antissepsia da cavidade bucal por meio de solução de digluconato de Clorexidina
a 0,12% ou similar, por um minuto (bochechos). No preparo para procedimentos cirúrgicos é
necessária antissepsia extra oral da face do paciente com digluconato de Clorexidina a 2%
ou PVPI a 10%, com 1% de iodo livre.
Durante os procedimentos os pacientes deverão ser protegidos com gorro/toca, óculos
de proteção e campo descartável. Quando houver presença de sangue ou fluidos
contaminados em procedimentos considerados críticos, os pacientes deverão ser protegidos
com campo fenestrado descartável estéril.
Em procedimentos que requerem a utilização do isolamento absoluto, previamente deve
ser realizada a profilaxia dental, remoção de cálculos, se necessária, e utilização de taça de
borracha e uma pasta profilática ou pedra pomes.
Durante as tomadas radiográficas os pacientes devem ser protegidos com vestimentas
protetoras individuais, ou seja, avental de chumbo e o “colar” protetor da tireoide, de modo a
proteger o tronco, a tireoide e as gônadas.
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CURSO DE ODONTOLOGIA
9. ATENÇÃO AOS ALUNOS E DOCENTES NA CLÍNICA
9.1
PARAMENTAÇÃO – USO DE EPIs
Em função da alta possibilidade de infecções cruzadas nas clínicas odontológicas a
adoção de medidas de segurança, principalmente para alunos e docentes, é primordial. O
uso rotineiro de EPIs, que inclui aventais, luvas, gorros, máscaras e óculos de proteção
(paramentação), assim como a conscientização dos riscos da equipe que trabalha nas
clínicas odontológicas ou permanecem nelas, são extremamente necessários. A
paramentação dos alunos, docentes e demais membros da equipe é importantíssima, pois,
os respingos e aerossóis formados durante o tratamento dentário, contaminam o vestuário
da equipe e as superfícies dos vários artigos presentes na clínica.
A vestimenta dos professores e alunos nas clínicas da FHO-UNIARARAS deve ser
branco completo, ou seja, calça branca comprida até o peito do pé, camisa ou blusa branca:
não decotada, não curta, não transparente, sapato branco fechado e de salto baixo, com
meias brancas grossas.
Antes da paramentação a equipe que trabalha nas clínicas (professores, alunos e
auxiliares) devem remover joias, pulseiras, anéis e demais adereços.
Todos professores e alunos, além da vestimenta branca, devem usar na clínica seus
equipamentos de proteção individual, ou seja, avental, gorro, máscara, luvas e óculos de
proteção.
ÓCULOS DE PROTEÇÃO, deve ser com proteção lateral (não descartável, lavável) ele
objetiva proteção da mucosa ocular e face, contra secreções contaminantes. Deve ser
lavado com sabão degermante e desinfetado com álcool 70% a cada paciente.
AVENTAL, deve ser descartável, branco, longo, de manga longa ajustada ao punho e
gola de padre ou do tipo cirúrgico. Em procedimento cirúrgico, o EPI e o avental devem ser
estéreis, devendo ainda, professor e aluno, usarem propés (opcional). Quando ocorrer
contaminação nos aventais, os mesmos devem ser trocados.
GORRO também é uma barreira mecânica de proteção à cabeça das secreções,
evitando ainda a queda de cabelos nos procedimentos. Os cabelos devem estar totalmente
protegidos no interior do gorro, uma vez que franjas e “rabos de cavalo” podem se
contaminar facilmente, servindo como fonte de infecção.
MÁSCARAS – O uso da máscara visa proteger o paciente e também o profissional de
inalações e ou ingestões de partículas, protegendo as regiões da boca e nariz, devendo ser
descartadas imediatamente após o uso ou ao ficarem úmidas. Devem ser de filtro duplo e de
tamanho suficiente para cobrir completamente boca e nariz, permitindo, no entanto, uma
respiração normal, não irritando a pele. Nos casos de identificação de paciente com doenças
infectocontagiosas, como HIV, é conveniente usar máscara e luvas duplas.
LUVAS – Devem ser de boa qualidade, usadas em todos os procedimentos e trocadas a
cada paciente. Constitui barreira física eficaz à infecção cruzada e contaminação do
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profissional da área de saúde protegendo-o dos agentes cortantes, perfurantes, químicos,
choques elétricos e diminuindo possível carga biológica contaminada ao ser atravessada.
Vários são os tipos de luvas que devem ser usadas nos vários procedimentos como, luvas
de látex, usadas para atividades clínicas e para procedimentos cirúrgicos. Devem ser
descartadas após o procedimento e serem removidas sem que o profissional toque a parte
externa. Luvas de plástico ou sobre luvas, usadas como sobre luvas, quando houver
necessidade de revelar radiografias ou manusear qualquer artigo fora do campo clínico,
devendo ser descartadas a cada procedimento. Luva grossa de borracha, com cano mais
longo, não necessitando ser descartável, mas lavável e desinfetável. Usada nos processos
de limpeza dos artigos e ambientes clínicos. Luva de couro ou aramida, não descartável,
usada na central de esterilização, no manuseio de alguns artigos metálicos aquecidos
(caixas, tambores, etc.).
Antecedendo o uso das luvas, as mãos devem ser lavadas.
9.2
LAVAGEM E CUIDADOS COM AS MÃOS
As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a
assistência ou tratamentos prestados aos pacientes, visto que a pele é um possível
reservatório de diversos tipos de microrganismos que podem se transferir de uma superfície
a outra, promovendo contaminações. Assim, a higienização das mãos através de lavagem e
antissepsia, constitui o procedimento mais simples e menos dispendioso para prevenir a
propagação das infecções, tornando-se obrigatória para todos os componentes da equipe de
saúde bucal. Deve ser realizada antes de vestir as luvas e após removê-las; após tocar
qualquer instrumental ou superfície contaminada; após tossir, espirrar ou assoar o nariz;
antes e após utilizar o banheiro; ao iniciar e ao término do dia de trabalho nas clínicas.
A superfície das mãos é contaminada por dois tipos de microbiota: a indígena e a
transitória. A indígena são microrganismos que colonizam a pele superficialmente, como o
S.epidermides, micrococus, difteroides, etc., tendo também uma microbiota mais profunda
da pele. A microbiota transitória é adquirida do ambiente e normalmente fica na pele por
períodos limitados, sendo bastante variável, constituindo-se por microrganismos patogênicos
e ou saprófitas.
A lavagem simples das mãos consiste na fricção, com água e sabão detergente,
removendo a sujidade e a microbiota indígena superficial e a transitória. Seguindo a lavagem
simples é conveniente que o profissional faça a antissepsia das mãos.
Em procedimentos críticos ou semicríticos, como procedimento cirúrgico, a lavagem das
mãos deve ser mais acurada, devendo seguir a seguinte técnica: umedecer as mãos e
pulsos em água corrente, dispensar sabão líquido, cobrindo mãos e pulsos; ensaboar as
mãos esfregando o sabão em todas as áreas, com ênfase nas áreas ao redor das unhas
(limpando-as) e entre os dedos por 15 segundos, antes de enxaguar com água. Deve-se
usar escova descartável que vem nos degermantes, esfregando-a, principalmente, nas
regiões das unhas e pregas das mãos por alguns minutos. Dar atenção especial à mão
dominante, obedecendo a sequência: palmas da mão, dorso das mãos, espaços entre os
dedos, polegar, articulações, unhas, pontas dos dedos e punhos. Após esse procedimento,
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enxaguar, secando completamente, utilizando toalhas de papel descartáveis ou campos
esterilizados. Efetuar a degermação das mãos e antebraços; o antisséptico adotado na
FHO-UNIARARAS para as mãos é o degermante com Clorexidina a 2%. Pode-se usar
também os antissépticos: álcool etílico 77% (VV) contendo 2% de glicerina; ou soluções de
PVPI a 10% com 1% de iodo livre com detergente. Todavia, há que considerar-se que o iodo
é um alergeno forte, evitando-se por isso, seu uso. Para antissepsia da face do paciente nas
cirurgias, adotamos Clorexidina solução a 2%.
10.
10.1.
MANEJO DOS RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE
RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE – (RSS)
Os resíduos do serviço de saúde (RSS) constituem somente 2% do total dos resíduos
sólidos urbanos gerados diariamente no Brasil e destes 2%, apenas 10 a 25% necessitam
de cuidados especiais. A implantação dos processos de segregação ou manejo dos
diferentes tipos de resíduos em sua fonte, conduz à minimização dos riscos biológicos ou da
cadeia de transmissibilidade de doenças infectocontagiosas, principalmente.
Considerando esses aspectos, as publicações das resoluções da ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) de nº 306/04, publicação de 2006/0645 – Gerenciamento
dos RSS, com 182 páginas e CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de nº
358/05, que trata do gerenciamento e competência dos órgãos ambientais estaduais e
municipais para estabelecerem critérios para a destinação final dos RSS, destacam e
regulamentam a necessidade de um tratamento, disposição e gerenciamento dos RSS. As
condições de segurança ambiental e ocupacional são requisitos imprescindíveis a serem
observados por todos os responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, como é o caso do
Curso de Odontologia da FHO-UNIARARAS. O descarte inadequado dos resíduos (RSS)
pode produzir passivos ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os recursos
naturais e a qualidade de vida das gerações atuais e futuras. Assim, todo estabelecimento
de serviço de saúde necessita de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços
de Saúde (PGRSS).
De acordo com Ferreira, A.B.H. (2006), lixo é “...aquilo que se joga fora, enquanto que
resíduo é “aquilo que resta de qualquer substância; resto”. As normas e resoluções citadas,
classificam os resíduos em Classe I e Classe II em função dos riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde, como também em função da natureza e origem. Os resíduos Classe I
são aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, podem
apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente por possuírem propriedades como:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade (radioativos), toxidade e patogenicidade. Os
resíduos Classe II não são perigosos, pois não apresentam nenhuma dessas propriedades
danosas à natureza.
14
MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
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10.2.
PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DO SERVIÇO DE
SAÚDE – (PGRSS)
O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos elaborados a
partir de bases normativas e legais, objetivando minimizar a produção de resíduos e
proporcionar um descarte seguro. Os resíduos gerados nos serviços odontológicos são
considerados em: biológicos, químicos, pérfuro-cortantes (escarificantes) e comuns. Os
biológicos são resíduos com possível presença de agentes biológicos, com risco de
infecção, devendo receber acondicionamento especial. Do mesmo modo, os químicos
podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente.
Dentre os componentes biológicos podemos destacar os que contêm agentes
patogênicos, como bactérias ou vírus, que podem causar doenças; os radioativos podem
apresentar potencial mutagênico. Esses resíduos representam potencial de risco para quem
manipula-os e para o meio ambiente, principalmente quando há falhas no acondicionamento
e na segregação, como no caso dos resíduos pérfuro-cortantes, sem utilização de proteção
mecânica.
As normas regulamentam que os estabelecimentos dos serviços de saúde, são
responsáveis pelo gerenciamento dos RSS por eles gerados, assim como pela implantação
de Normas de Biossegurança e prevenção de acidentes ocupacionais. Por outro lado, os
órgãos públicos são responsáveis pela execução da coleta, transporte, tratamento e
disposição final dos RSS.
10.3.
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS
Para efeito de manejo, a ANVISA e o CONAMA classificam os RSS em GRUPOS que
exigem formas especificas de manejo, em:
GRUPO A: são resíduos com possíveis presenças de agentes biológicos, com risco de
infecção, como gazes, algodão, sugadores, campos, barreiras, aventais, luvas, peças
anatômicas provenientes de procedimentos cirúrgicos, etc., que devem ser acondicionados
nas lixeiras com sacos plásticos de cor branca, com indicação de material contaminado.
GRUPO B: são resíduos químicos, como reveladores, fixadores, soluções desinfetantes e
devem ser acondicionados em bombonas plásticas presentes na clínica; restos de
amálgama, que devem ser depositados em embalagens de vidro ou plásticas com água
(coletor universal), disponíveis nas clínicas.
GRUPO C: são rejeitos radioativos; cabem neste grupo, somente os radioativos ou
contaminados com radionuclídeos (medicina nuclear); os restos desse grupo não
contaminados podem ser acondicionados em sacos plásticos de cor preta, juntos com
resíduos comuns.
GRUPO D: são resíduos comuns, como papel toalha, papéis, embalagens de esterilizações
e eventuais resíduos recicláveis. Os resíduos comuns devem ser acondicionados em sacos
plásticos pretos, desde que não estejam contaminados. Quanto aos recicláveis, não deverá
haver lixeiras no interior das clínicas, estas deverão estar nos locais apropriados de coleta
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com a identificação de cores azul para papeis, amarelo para metais, verde para vidros e
vermelhas para plásticos.
GRUPO E: são materiais pérfuro-cortantes como agulhas, seringas, ampolas de vidro,
brocas descartadas, limas endodônticas, lâminas de bisturi, vidros quebrados ou
semelhantes. Devem ser acondicionados nas caixas rígidas de plástico ou papelão “tipo”
Descartex ou Descarpack ou similar, com identificação para materiais pérfuro-cortantes.
Os resíduos em seus respectivos acondicionamentos deverão ser identificados com
rótulos e símbolos em sua embalagem, contendo nome dos resíduos, clínica de origem e
data de descarte e levados para o depósito de resíduos (local de expurgo) da FHOUNIARARAS, em carrinhos apropriados, dentro de lixeiras, para serem recolhidos pelos
órgãos competentes municipais.
De acordo com a ANVISA, a responsabilidade do gerador do RSS perdura, mesmo
após a disposição final de resíduo, em função de identificação e disposição correta. Para
tanto, a ANVISA criou símbolos de identificação dos grupos de resíduos, a ver:
16
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A ANVISA recomenda, ainda, que os sacos de acondicionamento devem ser
resistentes à ruptura, vazamento e devem estar contidos em recipientes de material plástico
lavável, resistentes, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com
cantos arredondados; os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes
compatíveis com os líquidos, resistentes, rígidos e estanques, com tampas rosqueadas e
vedantes. Os resíduos pérfuro-cortantes ou escarificantes (grupo E) devem ser
acondicionados separadamente em recipientes rígidos e estanques, com tampa, contendo
especificação e simbologia.
O transporte interno dos RSS deve ser efetuado, de preferência, em carrinhos de
coleta com pneus de borracha, identificados com simbologia de risco.
Os profissionais (funcionários) da coleta e transporte dos RSS devem ser
conscientizados dos riscos que trazem quando os resíduos não são manipulados
adequadamente, devendo o empregador documentar essa conscientização através de
cartazes, folhetos, fluxogramas, aulas, etc., contendo as atividades envolvidas, riscos
existentes e medidas de controle necessárias.
Deve haver controle de insetos e roedores no local do expurgo (armazenamento) dos
RSS.
11.
ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAIS
BIOLÓGICOS
Apesar das medidas de Biossegurança empregadas, os acidentes ocupacionais
envolvendo material biológico, são relativamente comuns entre os alunos da área de
Odontologia que trabalham com vários artigos pérfuro-cortantes. Todavia, a resolução de um
acidente ocupacional na clínica, é bem maior quando a quimioprofilaxia é iniciada nas duas
primeiras horas de ocorrência do acidente, principalmente para o caso do vírus do HIV
(AIDS) e do vírus do HCV (Hepatite C), pois, segundo o Ministério da Saúde (1996), a
quimioprofilaxia contra o HIV, quando realizada nesse período, apresenta uma eficácia bem
maior. Já outras doenças também graves, como HBV (Hepatite B) e outras, podem ser
iniciadas depois desse período de tempo com bons resultados, porém, o mais rápido
possível. Os microrganismos mais relatados nas infecções graves dos acidentes
ocupacionais, são os vírus do HIV, HBV e HCV. Uma série de outras doenças menos
graves, são também passíveis de contaminação, conforme citação no início deste manual. O
maior risco de infecções está relacionado ao vírus da Hepatite B que pode ser superior a
30% nas clínicas; a Hepatite C é em torno de 1,8%, enquanto que o vírus da AIDS é em
torno de 0,3% para exposição percutânea. A frequência à exposição a sangue ou respingos
biológicos e outros acidentes ocupacionais pode ser reduzida em mais de 50% quando
esforços são direcionados para o cumprimento das normas de biossegurança, como
cuidados e mudanças nas práticas de procedimentos com ações de educação continuada,
como:
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- utilização correta de vestimentas;
- utilização de EPIs;
- maior atenção durante os procedimentos;
- não utilização dos dedos como anteparo nos procedimentos que envolvam materiais
pérfuro-cortantes;
- as agulhas não devem ser reencapadas ou retiradas da seringa com as mãos;
- todo material pérfuro-cortantes devem ser desprezados imediatamente, após o uso, nos
seus coletores.
Em caso de acidente ocupacional, sempre que o quadro caracterize situação de risco,
para as doenças mais graves, as quimioprofilaxias devem ser iniciadas, inclusive nos casos
em que o paciente-fonte desconheça se é contaminado, ou que o resultado dos testes dê
positivo, vá demorar.
A coleta de sangue para exames do paciente-fonte sempre deverá ser realizada
quando for positivo ou desconhecido para HIV, Hepatite B e C. Se o paciente-fonte for
negativo, não é necessário o acompanhamento sorológico do aluno ou do professor, se este
for o acidentado. No caso de comprovada a infecção, deve-se repetir as sorologias seis
semanas, três meses, seis meses e um ano após o acidente, ou a critério médico. Se
durante o acompanhamento ocorrer novo acidente ocupacional, o acidentado deverá
submeter-se ao protocolo novamente, desconsiderando-se os procedimentos já realizados.
Em caso de acidente ocupacional na FHO-UNIARARAS, o protocolo (procedimento)
deverá ser o seguinte:
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11.1 ORIENTAÇÕES APÓS ACIDENTE
1426 (3543-1426)
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11.2 COMUNICADO DE ACIDENTE COM INSTRUMENTOS PÉRFURO
CORTANTES
NOME :__________________________________________________________RA:__________
NOME DO PACIENTE____________________________________________________________
N° PRONTUÁRIO: ______________________________________________________________
CLÍNICA:______________________________________________________________________
PROFESSOR:___________________________________________________________________
DATA DO ACIDENTE:___________________________________________hora:_____________
TIPO DO ACIDENTE:
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
LOCAL DE ENCAMINHAMENTO:___________________________________________________
Assinatura do aluno_______________________________________________________
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11.3 ACOMPANHAMENTO DE
PÉRFURO CORTANTES
ACIDENTE
COM
INSTRUMENTOS
NOME :__________________________________________________________RA:__________
NOME DO PACIENTE____________________________________________________________
N° PRONTUÁRIO: ______________________________________________________________
CLÍNICA:______________________________________________________________________
PROFESSOR:___________________________________________________________________
LOCAL DE ATENDIMENTO:________________________________________________________
RESULTADO TESTE RÁPIDO PARA HIV
PACIENTE:
ALUNO:
RESULTADO SOROLOGIA PARA HEPATITE C, HEPATITE B E HIV
PACIENTE:
ALUNO:
ENCAMINHAMENTO PARA TRATAMENTO MÉDICO
SIM (
)
Assinatura
NÃO (
)
do
aluno_____________________________________________________
23
MANUAL DE BIOSSEGURANÇA
CURSO DE ODONTOLOGIA
12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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