OS CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA NA ZONA NORTE DE

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OS CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA NA ZONA NORTE DE NATAL
Autor:
Thiago Belo de Medeiros
Graduando em Geografia/UFRN/FAEX
[email protected]
Co-Autor:
Diego Tenório da Paz
Graduando em Geografia/UFRN/FAEX
[email protected]
1 INTRODUÇÃO
A intensificação da participação do Brasil na Divisão Internacional do Trabalho,
implica na presença cada vez maior dos agentes da economia globalizada e de suas atividades
modernas. No caso de Natal/RN, essas atividades se concentram nas regiões administrativas
Leste e Sul. Entretanto, a cidade abriga também uma enorme gama de atividades realizadas
pela população pobre – principalmente nas regiões administrativas Norte e Oeste -,
comportando diferentes atividades que coexistem e que estabelecem relações diferenciadas
havendo implicações na Divisão Territorial e Social do Trabalho.
Contudo, mesmo em regiões administrativas consideradas pobres, como a Zona
Norte, observamos também atividades econômicas de grande dimensão. De igual maneira,
elas se concentram em determinados lugares, transformando-os em verdadeiros espaços
luminosos, enquanto deixa os demais permanecerem como espaços opacos.
Na referida região administrativa, as atividades de maior porte se concentram no
bairro Potengi, já os demais bairros - Salinas, Igapó, Redinha, N. Srª da Apresentação,
Lagoa Azul e Pajuçara -, ainda não foram efetivamente abrangidos pelos vetores de
modernização. Assim, o trabalho que segue analisa os circuitos da economia urbana a partir
da complementaridade e concorrência existente entre eles, ressaltando a resistência e a
expansão do circuito inferior frente aos vetores externos que se inserem na Zona Norte na
última década.
Em consonância ao nosso objetivo, trabalharemos sob a ótica dos circuitos da
economia urbana, proposta teórica do autor Milton Santos em 1979. Esta teoria busca
interpretar a economia urbana dos países subdesenvolvidos a partir da existência de dois
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circuitos. Estes circuitos são fruto da existência de uma enorme parcela da população vivendo
de atividades informais ou com salário muito baixo, em detrimento de uma minoria com altos
salários.
Logo, cria-se na cidade uma divisão entre os sujeitos que tem acesso aos bens e
serviços oferecidos pelo mercado e aqueles que não têm, mesmo dotados das mesmas
necessidades. Como nos aponta Santos (2008a, p. 37):
Isso cria ao mesmo tempo diferenças quantitativas e qualitativas no
consumo. Essas diferenças são a causa e o efeito da existência, ou
seja, da criação ou da manutenção, nessas cidades, de dois circuitos de
produção, distribuição e consumo dos bens e serviços.
Assim, emerge os circuitos da economia urbana, no qual o circuito superior é o
resultado direto das modernizações que atingem o território. Ele gera um número exorbitante
de profissões, porém requer um reduzido número de empregos. Já o circuito inferior
constitui-se essencialmente por formas de fabricação de “capital não intensivo”, na qual fazem
parte as profissões declaradas obsoletas e com um número excessivo de emprego – se
comparada aos padrões da economia hegemônica (SILVEIRA, 2007).
A importância de uma análise dialética é necessária ao passo que os circuitos da
economia urbana não podem ser caracterizados por variáveis isoladas, mas pelo conjunto de
atividades. Ou seja, os circuitos apresentam-se espacialmente imbricados no território
(SANTOS, 2008a). A paisagem é que nos revela como num mesmo território coexistem
diferentes circuitos da economia urbana – através da complementaridade e da concorrência -,
além de demonstrar a diferença fundamental entre as atividades do circuito superior e as do
circuito inferior – o nível de tecnologia e de organização. Dessa forma, como ressalta Santos,
2008a
O circuito superior utiliza uma tecnologia importada e de alto nível,
uma tecnologia “capital intensivo”, enquanto no circuito inferior a
tecnologia é “trabalho intensivo” e frequentemente local ou localmente
adaptada ou recriada. O primeiro é imitativo, enquanto o segundo
dispõe de um potencial de criação considerável. (SANTOS, 2008a,
p.43).
Contudo, há sempre uma hierarquia na qual o circuito superior comanda os setores da
economia, cabendo ao circuito inferior procurar formas de sua reprodução. Esta se dá através
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da própria utilização do circuito superior, à medida que é dependente dos serviços prestados
por atacadistas, fornecedores de crédito e transportadores.
Observa-se então que nos lugares onde o uso se deu de forma seletiva pelo circuito
superior, o território é usado como recurso para a realização de seus interesses pelos agentes
hegemônicos. Todavia é também usado como abrigo pelos agentes não hegemônicos, ou seja,
pelo circuito inferior (MONTENEGRO, 2008, p. 15 apud SANTOS et al., 2000, p.8).
Ressalta-se que esses diferentes usos do território não se dão em espaços diferentes, mas de
forma conjunta e dialética, sobrepondo-se e se relacionando. Essa é a compreensão do uso
do território pelos dois circuitos da economia que mostraremos em nossa pesquisa.
Logo, para entender as dinâmicas que permitem que o circuito inferior resista e, até
mesmo se expanda na Zona Norte, precisamos, inicialmente, analisar a inserção do circuito
superior nesse lugar.
É importante ressaltar que este trabalho ainda está em andamento e, por tal motivo,
apresentaremos apenas nossas primeiras inferências a respeito da temática. A etapa ora
tratada corresponde aos estudos teóricos e as primeiras evidências obtidas a partir de uma
análise empírica. Ressalta-se também que este é um desdobramento de uma pesquisa de
extensão - A Região Metropolitana de Natal - RMN e sua importância na rede urbana potiguar:
refletindo sobre a Fluidez do território e a dinâmica dos Lugares -, em andamento, vinculada a
UFRN.
2 ZONA NORTE: CONTEXTO HISTÓRICO
A cidade de Natal ao longo dos anos sofreu intensa transformação em sua
configuração territorial. Devido principalmente ao seu potencial turístico, que todos os anos
atraem milhares de turistas, trazendo por conseqüência um grande capital de investimentos
que visa desde a construção de residências até grandes projetos empreendedores que vêem
nessa cidade um grande potencial econômico. Fato bem notório a partir do momento que nos
deparamos com multinacionais trazendo suas empresas para essa cidade.
Contudo, a economia da cidade começou, efetivamente, a se desenvolver a partir da
criação do Distrito Industrial de Natal (DIN), em meados da década de 1970. Além de
intensificar o processo de urbanização, ao passo que atraia imigrantes do interior do estado
que buscavam empregos oferecidos pela indústria, fez diversificar as atividades do setor
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terciário através de empresas prestadoras de serviços às indústrias, bem como pela expansão
do comércio.
As atividades terciárias, num primeiro momento, se desenvolveram para atender a
funções intermediárias complementares ao processo de industrialização e modernização
agrícola. Contudo, a incapacidade de absorção da mão-de-obra recém chegada na cidade
pelo setor industrial, faz com que o terciário ganhe notoriedade em Natal, oferecendo trabalho
a uma gama de trabalhadores sem qualificação técnica (ARAÚJO, 2004). É nesse sentido
que Santos (2008a) assevera que à medida que o país se industrializa, a urbanização torna-se
cada vez mais terciária.
Com o crescimento urbano de Natal atrelado ao aumento significativo de sua
população, emana a necessidade de novos usos do território que eram eminentemente rurais,
como a Zona Norte. Assim, a cidade passou a se desenvolver e expandir seu espaço urbano.
A população da Zona Norte, até 1969 sobrevivia através da pesca, da coleta e da
comercialização de seus produtos. No referido ano houve a inauguração de um novo sistema
de engenharia – a ponte rodo-ferroviária Costa e Silva, duplicada na década de 1990 -,
dando início a uma nova dinâmica ao território. Todavia, foi a partir da década de 1970 que a
Zona Norte começou ganhar maior expressão, principalmente enquanto espaço residencial.
Nesse contexto, a construção da referida ponte concretizou a união do bairro de
igapó com o espaço urbano de Natal, dando inicio a um promissor mercado imobiliário. Fato
decorrente da ampla oferta de terras a um preço atrativo para a população de baixa renda,
bem como pela valorização que outras áreas da cidade já apresentavam nesse período.
Contudo, como nos aponta Paula (2008, p.6), aliada a construção da ponte Costa e Silva
[...] podem-se somar os incentivos da SUDENE ao setor industrial; a
instalação do Parque Têxtil Integrado e o Distrito Industrial de Natal
(DIN) – com a instalação de empresas de grande porte e de capital
estrangeiro – que objetivava promover o desenvolvimento econômico
urbano a partir da atração de novos investidores para a cidade de
Natal; e as políticas habitacionais do Sistema Financeiro de Habitação
(SFH). Todos esses fatores contribuíram fundamentalmente para o
povoamento/ocupação e conseqüente a expansão da Zona Norte de
Natal.
Dessa forma, podemos inferir que a formação do espaço urbano da Zona Norte da
cidade de Natal é fundada em dois eventos: o da implantação do Distrito Industrial do Natal
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(DIN) por meio das indústrias de bens de consumo e a expansão dos conjuntos habitacionais,
expressa pela indústria da construção civil e através da política do Sistema Financeiro de
Habitação (SFH).
Com a inserção desses objetos técnicos, a Zona Norte passou atrair um número
significativo de pessoas (geralmente oriundas do interior do estado), seduzidas pela oferta de
trabalho nas indústrias recém chegadas, bem como para a construção civil. Além desses
fatores associa-se o baixo valor das terras e as facilidades da política habitacional. Dessa
forma, inicialmente, a Zona Norte constituía um espaço residencial o qual, gradativamente ao
aumento de sua população, gerou uma demanda significativa no consumo de bens e serviços
que não eram disponibilizados por um mercado local.
Assim, estas demandas fizeram surgir um incipiente circuito inferior, constituído por
empresas comerciais e prestadoras de serviços, pertencentes à população local. Estes
estabelecimentos serviam como forma de sobrevivência ou para a complementação de renda
dessa população. Logo, o crescimento real da Zona Norte se deu pela expansão dos
conjuntos habitacionais, primeiro pela oferta de emprego e moradia, segundo para atender
reprodução do capital imobiliário.
A Zona Norte, sempre considerada uma periferia, no sentido pejorativo, subequipada
e longínqua de Natal, na qual reside uma população exclusivamente de baixa renda, começou,
portanto, a se transformar quando passou a atrair novas empresas, que mesmo não
representado grandes dimensões inicialmente, aumentaram a sua dinâmica econômica.
Todavia, essas empresas se concentraram, principalmente, no bairro Potengi, onde as
condições de habitação e financeiras se destacavam dos demais bairros da Zona Norte.
A partir de meados da década de 1990, com a incipiente inserção do circuito
superior, manifestada pelo comércio e serviço modernos motivaram uma nova configuração
territorial, mudando a dinâmica socioeconômica da região. Característica própria do setor
terciário – localizar-se próxima do consumidor – teve início uma periferização desse setor,
onde empresas diversas criaram filial na Zona Norte.
3 OS CIRCUITOS DA ECONOMIA E SEU REBATIMENTO NO TERRITÓRIO
Durante duas décadas a Zona Norte manteve-se como um espaço eminentemente
residencial, com atividades econômicas pertencentes ao circuito inferior. Todavia, como já
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ressaltamos, a partir da década de 1990, mas, sobretudo na última década, passou também a
ser ocupada pela empresas de maior porte que constituem o circuito superior,
concentrando-se, essencialmente, no bairro Potengi. Tal ocupação se deu pelo financiamento
do Estado, que promoveu melhorias em infra-estrutura para dar subsídios para o capital
expandir.
As transformações no referido espaço atendem agora ao circuito superior,
representadas pelos serviços modernos, tais como: as empresas de educação, redes de
saúde, escritórios de consultoria, centros de capacitação, etc.; bem como ao comércio
moderno, sendo este entendido como:
[...] uma gama de estabelecimentos que vão das grandes lojas,
supermercados e mesmo hipermercados, englobando um número
considerável de produtos e uma massa importante de consumidores,
até as lojas de produtos da moda, que oferecem um pequeno número
de artigos de luxo a uma clientela selecionada. A essas formas
extremas, que são a modernização do bazar e a especialização
sofisticada, é necessário acrescentar um outro gênero de
estabelecimentos especializados destinados à venda de um só ou de
um número reduzido de produtos (Santos, 2008a p. 86).
A nova dinâmica econômica caracteriza-se pelos novos usos do território através da
expansão do comércio e serviço de Natal, ao passo que a Zona Norte vem recebendo filiais
das empresas já instaladas na cidade. Como resultado da seletividade das empresas que se
instala, o território ganhou novas funções – não somente de moradia e produção –, mas agora
também de comércio, circulação e de consumo.
Presenciamos assim, um novo arranjo espacial, no qual os agentes hegemônicos viram
potencial de consumo nos moradores dessa região – a mais populosa das quatro regiões
administrativas -, principalmente pela mobilidade intra-urbana que vem ocorrendo nos últimos
decênios, visto que a elevação do preço do solo em outras áreas da cidade trouxe para a
Zona Norte uma parcela da população de Natal com poder aquisitivo maior. Todavia, como
já ressaltado anteriormente, a concentração das grandes empresas, bem como a população
com maior poder aquisitivo se concentra no bairro Potengi, devido à sua infraestrutura e boa
localização.
Sendo assim, as principais empresas fincadas na Zona Norte, sobretudo no bairro
Potengi, e que provocam novos fluxos e arranjos espaciais são: Norte Shopping e Shopping
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Estação, o primeiro inaugurado em 2007 e o segundo em 2008 – ambos com varias
empresas de grande dimensão, ex: C&A, Marisa, Mc’Donalds Americanas, etc.; o
hipermercado Carrefour, inaugurado no final de 2006; a rede de comércio atacadista
Atacadão, cuja iniciação das atividades deu-se no início de 2008; concessionárias –
Chevrolet, Yamaha e Honda; e por fim, uma gama de empresas de educação – Hipócrates,
CDF, CADE -, e saúde – consultórios conveniados à Unimed, Hapvida, Amil, Medmais -,
cujas matrizes se encontram em outros pontos do território natalense.
É no entorno das atividades do circuito superior que encontramos os melhores
padrões de habitação e nível de renda da população da Zona Norte. O preço de alguns dos
imóveis se equipara ao de alguns localizados na Zona Sul da cidade; serviços de internet
Banda Larga e TV por assinatura são utilizados por seus moradores; as ruas do bairro, em
sua maioria, são pavimentadas; as linhas de ônibus que atendem ao bairro são regulares e em
bom estado de conservação; as escolas privadas que atendem a Região Norte também se
concentram, em sua maioria, nessa área. Trata-se de um lugar modernizado quando
comparado ao restante dos bairros que formam a região, constituindo verdadeiros espaços
luminosos,
aqueles que mais acumulam densidades técnicas e informacionais,
ficando assim mais aptos a atrair atividades com maior conteúdo em
capital, tecnologia e organização. [...] Os espaços luminosos, pela sua
consistência técnica e política, seriam os mais suscetíveis de participar
de regularidades e de uma lógica obediente aos interesses das maiores
empresas (SANTOS; SILVEIRA, 2001, p. 264).
Assim, a expansão dos comércios e serviços modernos em direção a Zona Norte se
concentrou em um bairro, onde a Av. João Medeiros Filho (popular estrada da redinha),
manifesta a densidade de estabelecimentos comerciais e de serviços pertencentes ao circuito
superior. Todavia, presenciamos também uma grande concentração de atividades de pequena
dimensão nessa mesma avenida, confirmando a idéia de coexistência entre os circuitos da
economia.
A Av. João Medeiros Filho, apresenta, uma configuração territorial que expressa a
superposição de formas materiais e sociais, ao passo que nos revela empresas de tempos
pretéritos e/ou com menos densidade técnica, voltadas para o consumo dos mais pobres -
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pertencentes ao circuito inferior -, bem como empresas de maior porte, frutos das
modernizações que atingem o território, constituindo o circuito superior.
Contudo, a maior parte da população da Zona Norte ainda sobrevive com atividades
de pequena dimensão, tal fato se expressa pelo numero exacerbado de pequenos comércios e
ambulantes nos demais bairros dessa região administrativa. Um bom exemplo de
concentração das atividades do circuito inferior são a R. Gov. Antônio de Melo e Souza
(popular Pompéia), Av. Bel. Tomaz Landim e a Av. das fronteiras, onde encontramos
equipamentos de comércio e serviços destinados ao atendimento das classes menos
favorecidas, como: mercearias, botecos, borracharias, lanchonetes, oficinas mecânicas, etc.
A partir daí, percebe-se que numa mesma região administrativa há diferentes usos do
território de acordo com o lugar e renda de cada indivíduo. Dessa forma, há lugares eleitos
para acolher os agentes e os objetos da “modernidade”, garantido assim a realização de uma
mais-valia mundial, enquanto outras áreas são abandonadas à sua sorte (MONTENEGRO,
2006).
É importante então destacar que no período da globalização não temos só a expansão
do circuito superior da economia urbana, mas também do circuito inferior. Os elementos que
contribuem para expansão do circuito inferior são: a expansão do consumo em todas as
classes, a presença de uma massa com salários muito baixos e o avanço das políticas
neoliberais. Soma-se a isto, o desinteresse das grandes empresas em utilizar técnicas de alto
coeficiente de emprego, visto as despesas com funcionários e a força reivindicatória e política
dos mesmos, a robotização, a terceirização e, principalmente, as políticas sociais que
permitem o consumo de bens que outrora não era possível pela população pobre.
Dessa forma, o que vem ocorrendo com maior intensidade, não apenas no nosso
recorte espacial, mas em todo o território brasileiro, é o aumento das micro e pequenas
empresas comerciais e prestadoras de serviços, pois exigem menor volume de investimentos e
não demandam mão-de-obra qualificada.
Daí resulta a expansão dos pequenos comércios alimentícios como mercadinhos,
mercearias, padarias – resistentes à expansão das grandes redes de supermercados – além da
presença de armarinhos, pequenas lojas de roupas e de bijuterias, lojinhas de artesanato, etc.
apesar da inserção e/ou expansão do comércio moderno por todo o território. No tocante as
micro e pequenas empresas de serviços se destacam os bares, lanchonetes, pastelarias, bem
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como os serviços de manutenção e reparo (oficinas mecânicas, costureiras, por exemplo)
também representam importância considerável frente aos serviços ofertados pelo circuito
superior.
Como assevera (Santos, 2008a) é por meio da constituição de micro e pequenos
negócios que os agentes do circuito inferior criam oportunidades de trabalho e, por
conseguinte, para sua sobrevivência. Contudo, esses trabalhos são caracterizados pela
escassez de capital, pela baixa produtividade, a dificuldade de acesso aos créditos bancários
e por rendimentos reduzidos.
4 BREVES CONSIDERAÇÕES
Ao fazer uma análise empírica das principais avenidas que cortam a Zona Norte de
Natal, observamos uma grande quantidade de pequenas empresas comerciais e de serviços,
além dos vendedores ambulantes, no entorno de grandes empresas, tais como shoppings,
supermercados, concessionárias, etc. Dessa forma, inferimos que mesmo com a expansão do
circuito superior na referida região administrativa, bem como o aumento do consumo pela
população de baixa renda nesse circuito – apoiada pela facilidade de crédito que o circuito
superior vem oferecendo a essa população -, há ainda uma resistência, até mesmo uma
expansão do circuito inferior nessa região administrativa.
Tal fato fica evidenciado ao passo que mesmo com as transformações que vem
ocorrendo no referido território, a maioria das empresas (74,15%) instaladas e em
funcionamento durante o ano de 2000 encontram-se na informalidade (parte do circuito
inferior) frente ao registro no cadastro da Receita Federal (SOUZA, 2008). Assim,
evidenciamos a complementaridade entre os circuitos da economia urbana, bem como sua
concorrência que, no caso da Zona Norte, aponta para resistência do circuito inferior frente
às investidas do circuito superior.
O uso que os agentes hegemônicos fazem do território vem transformando de forma
rápida e intensa a região administrativa. Contudo a uma gama da população que não se
beneficia dela, pois não possuem escolaridade para se inserirem no mercado de trabalho.
Para sobreviverem se inserem no circuito inferior, onde há possibilidade de emprego mesmo
que, às vezes, seja precário e não regulamentado.
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Por fim, é inquestionável que as atividades do circuito superior vêm trazendo
melhorias para a região, porém ainda não a atinge como um todo, nem atendem aos que
necessitam. Isso decorre de uma expansão seletiva do território pelos agentes hegemônicos,
deixando lugares desprovidos de infra-estrutura, proporcionando as desigualdades
socioespaciais. Por se tratar da maior região administrativa de Natal, com uma população
superior a da segunda maior cidade do estado – Mossoró -, o governo municipal deve munir
o território com os objetos geográficos necessários para a aplicação da cidadania a sociedade
local.
5 REFERÊNCIAS
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