O papel da natureza na reestruturação espacial do município de

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Alda Maria de Paula Mata
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
[email protected]
O PAPEL DA NATUREZA NA REESTRUTURAÇÃO ESPACIAL DO MUNICÍPIO
DE NOVA IGUAÇU
Introdução
Este trabalho se propõe a estudar: “qual a influência da natureza para reestruturação
espacial do Município de Nova Iguaçu?”. Levando em consideração a fase atual que o município
se insere: a valoração do solo urbano, a especulação imobiliária, bem como a preservação da
natureza, no que concerne à preservação da mata atlântica remanescente em seu território.
Para tratar das questões descritas acima, pretende-se falar da Geografia do referido
município através de sua História Ambiental. Para isto, faz-se necessário uma breve discussão
sobre as contribuições da ciência Geográfica para elaboração de uma História Ambiental.
Apresentando suas semelhanças, passando pela interdisciplinaridade característica as duas
disciplinas, bem como a relação dos níveis da História Ambiental como os objetos de estudo da
Geografia.
Objetivos
Este trabalho tem por objetivo abordar as contribuições dos temas paisagem e
memória; e natureza e cultura; com a seguinte questão central: “qual a influência da natureza
para reestruturação espacial do Município de Nova Iguaçu?”. A fim de falar de sua Geografia
através de sua história-ambiental.
Objetivos Específicos

apresentar a Geografia do referido município através de sua História Ambiental;

discutir a relação dos temas paisagem e memória e natureza e cultura com a temática
proposta nesse trabalho.
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Metodologia
Como
característica
metodológica,
o
viés
da
pesquisa
utilizado
é
o
histórico-crítico-dialético, sob a perspectiva do método dedutivo. Para a realização deste estudo,
serão necessários levantamentos de referências teórico-conceituais sobre o tema abordado,
utilizando fontes que discutam a História Ambiental, História do Pensamento Geográfico, a
relação da Geografia com a História Ambiental, paisagem, memória, natureza, cultura e o que
mais for importante e apresentar-se de grande relevância no desenvolver desta pesquisa. Como
proposta metodológica para a elaboração do referencial teórico-conceitual, para o bom
entendimento da História Ambiental, o autor Donald Worster e José Augusto Drummond foram
de grande importância, no que tange a questão metodológica dessa área de estudo. Para a
interface entre a História Ambiental e a Geografia, utilizou-se a autora Inês Aguiar de Freitas. Em
seqüência, apresentaram-se os temas paisagem e memória; e natureza e cultura; e em que
medida esses dois temas dialogam com a proposta desse trabalho. Como fundamentação teórica
foram utilizados os autores Simon Schama, Glaken, Roberto Da Matta, Inês Aguiar de Freitas,
como fontes principais à reflexão sobre a questão central dessa investigação. Como fontes
complementares ao tema desenvolvido nesse trabalho, foram utilizados os autores Antônio Carlos
Diegues, Carlos Walter Porto Gonçalves, Carl Sauer e Denis Cosgrove. A presente pesquisa
encontra-se no estágio de levantamento de fontes primárias e secundárias, bem como na
elaboração de seu referencial teórico-conceitual.
Referencial teórico-conceitual
Segundo Worster (1991) a história ambiental inicia-se na década de 1970 ao passo que
o movimento ambientalista e as discussões sobre a crise ambiental global se expandiam em escala
mundial, alcançando a população de vários países. Nesse contexto, outras disciplinas
demonstraram interesse acadêmico acerca de temas ambientais, como por exemplo, a Economia
e a Filosofia.
No entanto, enquanto ocorria a diminuição do interesse popular pelos temas ambientais,
aumentava o interesse acadêmico por esse assunto, adquirindo escopo político e moral. À medida
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que a história ambiental amadurecia, seu objetivo principal tornou-se de acordo com Worster
(1991) “(...) aprofundar o nosso entendimento de como os seres humanos foram, através dos
tempos, afetados pelo seu ambiente natural e, inversamente, como eles afetaram esse ambiente e
com que resultados”.
A História Ambiental como disciplina acadêmica, tem como principais centros de estudos
países de língua inglesa, como os Estados Unidos da América e Austrália, através de pesquisas
realizadas por “historiadores e biólogos de diferentes temas e especialidades (FREITAS 1999,
2006).
Os Estados Unidos da América é um centro de referência, segundo Worster (1991),
“pela liderança norte-americana nas questões ambientais”. A França também figura como centro
de estudos de história ambiental, através de estudos sobre o ambiente realizados por
historiadores vinculados à revista Annales.
A história ambiental tem como proposição atrelar a história natural à história social
(FREITAS, 1999), conferindo a natureza o caráter de agente capaz de promover cultura e,
portanto, influenciar as sociedades e culturas humanas (DRUMMOND, 1991). Todavia, não
consiste em uma proposta de determinismo natural, mas sim, “colocar a sociedade na natureza”
(CRONON apud DRUMMOND, 1991 p. 180; e FREITAS, 1999 p. 5). Segundo Freitas
(1999), a história ambiental “considera a terra um agente e presença na história”, o que agrega a
história ambiental uma escala global de análises dos fenômenos ambientais estudados,
proporcionando uma visão mais integrada de mundo que perpassa a escala do local, que nesse
caso, pode ser exemplificada pelos estudos do meio ambiente nos limites das fronteiras nacionais.
A história ambiental tem como principal tema a esfera não-humana (Worster, 1991), que
pode ser entendida como as forças naturais que interferem na vida humana (Freitas, 1999). Desse
modo, apresentam-se três conjuntos de questões (ou níveis) que se incorporam a esse campo do
saber.
A primeira questão se coloca no campo da história natural, pois se refere ao
entendimento da natureza propriamente dita, no que tange aos aspectos tanto orgânicos, quanto
inorgânicos da natureza.
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A segunda questão trata da interação do domínio sócio-econômico a natureza. Nesse
sentido, tornam-se objetos de estudo ferramentas de trabalho, modos de produção e exploração
dos recursos naturais, análise das configurações de poder das sociedades, e por conseqüência o
estudo do poder da tomada de decisão. Nesse último enquadram-se as decisões políticas,
econômicas e ambientais.
A terceira questão se apresenta no nível intelectual ou mental, onde se inserem as
percepções, leis, mitos, valores étnicos, e outros fatores que possuam significado individual ou de
um grupo social com a natureza.
Assim, a história ambiental representa uma maneira de se apropriar da natureza como
objeto de estudo, integrando-a aos resultados das transformações humanas ou ainda a evolução
da paisagem natural da área (Freitas, 1999).
Embora, História Ambiental ter nascido da História, pode ser definida, devido a sua
construção enquanto disciplina, por seu caráter amplo e interdisciplinar, o que permite a ela fazer
interface com outras disciplinas, como a Geografia. Segundo Worster
Os historiadores ambientais vêm se apoiando em muitos geógrafos para
chegar as suas conclusões. (...) No último século pesquisadores das duas
disciplinas entraram muitas vezes nos territórios uns dos outros e
descobriram muitas semelhanças de temperamento.
(WORSTER, 1991 p. 212)
Ainda de acordo com Worster
(...) foram principalmente os geógrafos que nos ajudaram a perceber que
a nossa situação não é mais a de sermos moldados pelo ambiente. Ao
contrário, hoje em dia nós é que cada vez mais estamos assumindo a
moldagem, e com conseqüências muitas vezes desastrosas.
(WORSTER, 1991 p. 213)
Podem-se destacar como possibilidade de conexão entre a história ambiental e a
Geografia, além da característica interdisciplinar das duas disciplinas, o interesse no estudo “ das
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relações entre natureza e cultura e de como tais relações influenciam a ação dos homens sobre o
meio ambiente” (Freitas, 1999 p. 2). Assim como, os três níveis os quais funcionam a história
ambiental que se encontram com os objetos de estudo da Geografia.
Nessa perspectiva, como ponto de partida de semelhança entre as duas disciplinas,
explicita-se a apropriação de um dos conceitos chave da Geografia – a região geográfica – pela
História Ambiental. Bem como, o entendimento do conjunto de elementos físicos e ecológicos da
região estudada a partir de um diálogo interdisciplinar com as ciências naturais. Destaca-se,
então, a análise das interações dos recursos naturais com o nível de desenvolvimento do processo
civilizatório das sociedades humanas feito pela História Ambiental, que se assemelha ao
possibilismo geográfico de Vidal De La Blache. Além disso, enfatiza-se o uso de fontes
diversificadas, oriundas da História Econômica e Social pela História Ambiental, como o relato de
viajantes e exploradores, muito presente também nos trabalhos geográficos. E ainda, o trabalho
de campo, estratégia fundamental a Geografia, também utilizado pela História Ambiental
(Drummond apud Freitas, 1999, 2006).
Assim, a História Ambiental tem muito a contribuir com a Geografia para a melhor
compreensão da organização espacial e as transformações das paisagens, levando em
consideração o homem como agente transformador do meio ambiente, e a influência das variáveis
ambientais nesse processo. E é nessa conjuntura que se insere a questão norteadora desse
estudo: “qual a influência da natureza na reestruturação espacial de Nova Iguaçu?”.
Para debater sobre o papel da natureza na reestruturação espacial de Nova Iguaçu, se faz
necessário colocar a natureza na história do referido município, como objeto de estudo e fator
essencial ao entendimento da fase atual a qual Nova Iguaçu se encontra – a especulação
imobiliária de partes específicas de seu território. Ou seja, tratar de sua Geografia através de sua
História Ambiental. Assim, abordando nesse estudo questões pertinentes as duas disciplinas:
paisagem e memória, e ainda a relação entre natureza e cultura.
O termo paisagem surge no Renascimento para indicar uma nova relação entre os seres
humanos e seu ambiente (Cosgrove, 1998 p. 98). Além disso, paisagem sempre esteve
intimamente ligada à cultura.
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Os estudos da paisagem na Geografia Humana americana originaram-se a partir da obra
de Carl Sauer, que enfatizou a ação do homem transformando a Terra. Para Sauer (1998), a
paisagem é composta de elementos físicos e culturais. A primeira metade do conteúdo da
paisagem está relacionada à vegetação, ao clima, a geologia e a geomorfologia – paisagem
natural; e a segunda metade, caracteriza-se pelas marcas que as sociedades humanas imprimem a
paisagem natural – paisagem cultural.
De acordo com Sauer (1998, p. 59), “a cultura é o agente, a área natural é o meio, a
paisagem cultural o resultado”.
A paisagem cultural é o resultado da ação humana sobre a paisagem natural. Nesse
contexto, como resultante dessas modificações enquadra-se às construções humanas, como os
condomínios fechados que estão sendo construídos no território iguaçuano, para atender a um
determinado grupo cultural remodelando, assim, a paisagem cultural do município.
A paisagem, como conceito geográfico, é composta pela relação de elementos visíveis e
invisíveis, de modo, que seu significado varia de acordo com autores, e também na trajetória do
pensamento geográfico. O caráter subjetivo da paisagem se expressa também nas diferentes
culturas. Nesse viés, inclui-se o conceito alemão landschaft (paisagem), que difere enquanto
significado das outras línguas. A Landschaft representa um complexo natural total, onde a
natureza é integrada pelas ações humanas (Freitas, 1999 p. 31). Na Alemanha, esse termo é
utilizado para designar o objeto de estudo da Geografia e figura como vocábulo científico dessa
ciência. Esse conceito está atrelado ao romantismo alemão, ao qual incorporam-se a natureza
elementos das artes, religião e a glória dos antepassados. Baseado nesse termo, Pokutchaiev,
concebeu a idéia de paisagem como um complexo natural total. Ao contrário do conceito alemão,
o vocábulo francês – paysage – é mais descritivo e subjetivo.
O romantismo alemão pode ser considerado como um novo olhar sobre a natureza,
originário do sentimento germânico que se identifica com a floresta, berço das divindades, abrigo,
e fonte de alimentos.
A palavra de origem na língua inglesa landscape, como o termo germânico landschaft,
“significa tanto uma unidade de ocupação humana – uma jurisdição, na verdade – quanto
qualquer coisa que pudesse ser o aprazível objeto de uma pintura” (Schama, 1996 p. 20).
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A paisagem é fruto da cultura, além disso, é estabelecida através de mitos, lembranças e
obsessões. Nesse sentido, “a paisagem é obra da mente. Compõe-se tanto de camadas de
lembranças quanto de estratos de rocha” (Schama, 1996 p. 17). Assim, paisagem e memória é
uma maneira de olhar, de reencontrar o que já possuímos, contudo, foge de nosso
reconhecimento e contemplação (Schama, 1996). Nessa conjuntura, se insere o sopé do maciço
Gericinó-Mendanha, que remete através de sua arquitetura a época da citricultura, e abriga em
sua totalidade parte da floresta atlântica remanescente protegida sob a forma de Parque
Municipal, bem como a população mais abastada do município desde a época dos laranjais. Ou
ainda a Avenida Nilo Peçanha, no centro de Nova Iguaçu, que apesar da artificialização e
uniformização de sua paisagem, transmite com sua história o progresso alcançado através da
citricultura, e lembra-nos do status iguaçuano de “Cidade do Perfume”, conquistado devido ao
aroma de seus laranjais.
A reestruturação espacial de Nova Iguaçu é caracterizada ao mesmo tempo pelo
encarecimento do solo urbano e conseqüente especulação imobiliária, quanto pela preservação
da mata atlântica restante em seu território, tornando-as unidades de conservação. Existindo,
portanto, a eleição da floresta como objeto de preservação, como a escolha de uma paisagem
urbana semelhante a dos condomínios fechados característicos da Barra da Tijuca, na cidade do
Rio de Janeiro. As florestas não se declaram unidades de conservação, é a sociedade através de
suas leis e valores culturais que elegem a paisagem natural e determinam o que deve ser
preservado e protegido. Essa forma de pensar e agir, do homem como dono da Terra, superior
aos outras formas de vida, incorporam-se as idéias apresentadas por Glaken (1991). De acordo
com esse autor, desde a época dos Gregos para responder a algumas questões, elaborou-se três
idéias gerais: a idéia da Terra designada ao homem; a idéia da influência ambiental; e a idéia do
homem como agente geográfico. Essa última possibilita ao homem deixar suas marcas na
paisagem. Essa capacidade está diretamente interligada a relação entre natureza e cultura.
De acordo com Gonçalves
Toda sociedade, toda cultura cria, inventa, institui uma determinada idéia
do que seja natureza. Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural,
sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos
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pilares através do qual os homens erguem as suas relações sociais, sua
produção material e espiritual, enfim, sua cultura.
(GONÇALVES, 2006 p. 23)
Assim, natureza é um conjunto de idéias concebidas de acordo com a cultura de uma
determinada sociedade, imbuída de significados, percepções e valores, representados na esfera
do mundo não-humano. A natureza, portanto, é uma criação das mentes humanas.
Segundo Da Matta, a concepção de natureza de qualquer brasileiro se expressa pela idéia
da natureza como “mãe pródiga”, passiva, desse modo, caracterizando-se como uma verdadeira
mátria, ao invés de pátria. Uma natureza dadivosa que tem como funcionalidade satisfazer as
necessidades do homem, dando-lhes alegrias e prazer, um verdadeiro paraíso, ou ainda, os
Jardins do Éden.
Ao contrário da compreensão puritana de natureza, onde a natureza deveria ser
domesticada através do trabalho, desde a carta de Pero Vaz de Caminha em 1500, se faz
referencia às potencialidades da natureza brasileira e se difunde a idéia da existência de recursos
naturais inesgotáveis. De fato, “continuamos a acreditar, numa natureza pródiga e num Brasil
paradisíaco de riqueza e generosidade inesgotáveis” (DA MATTA, 1993 p. 143). Mas, a
natureza no Brasil, em consonância com a questão ambiental global, adquire um novo mito: o mito
moderno da natureza intocada (DIEGUES, 2008 p.185). Ou seja, espaços naturais protegidos,
onde a natureza demonstra toda sua beleza, um paraíso para o homem urbano; como a porção de
Mata Atlântica e as cachoeiras do Parque Municipal de Nova Iguaçu; ou ainda a floresta
intocável presente na Reserva Biológica do Tinguá. Desse modo, figuram em Nova Iguaçu um
importante papel em sua atual organização espacial.
Resultados preliminares
Como resultados preliminares, denota-se a interface entre Geografia e História Ambiental
a partir da característica interdisciplinar comum as duas disciplinas, o interesse no estudo “ das
relações entre natureza e cultura e de como tais relações influenciam a ação dos homens sobre o
meio ambiente” (Freitas, 1999 p. 2). Assim como, os três níveis (o entendimento da natureza
propriamente dita; interação do domínio sócio-econômico e a natureza; fatores que apresentam
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significado individual ou de um grupo social com a natureza – percepções, leis, mitos) os quais
funcionam a história ambiental que se encontram com os objetos de estudo da Geografia. Nessa
perspectiva, como ponto de partida de semelhança entre as duas disciplinas, explicita-se a
apropriação de um dos conceitos chave da Geografia – a região geográfica – pela História
Ambiental. Bem como, o entendimento do conjunto de elementos físicos e ecológicos da região
estudada a partir de um diálogo interdisciplinar com as ciências naturais. Ressalta-se, nesse
contexto, o exame das interações dos recursos naturais com o nível de desenvolvimento
civilizatório das sociedades humanas feito pela História Ambiental, que se assemelha ao
possibilismo geográfico de Vidal De La Blache. Além disso, destaca-se o uso de fontes variadas,
decorrentes da História Econômica e Social pela História Ambiental, como o relato de viajantes e
exploradores, muito presente também nos trabalhos geográficos. E ainda, o trabalho de campo,
artifício essencial a Geografia, também utilizado pela História Ambiental (Drummond apud Freitas,
1999, 2006). Outra semelhança é que ambas colocam em seus estudos a relação natureza e
cultura. Assim, a História Ambiental surge com a proposta de colocar a natureza na sociedade,
ou seja, levar em consideração as variáveis ambientais que influenciaram no desenvolvimento das
sociedades humanas. Proposição muito utilizada pela ciência geográfica. Deste modo, com a
intenção de realizar um trabalho sobre o município de Nova Iguaçu, onde o cerne deste estudo é
a natureza, e como a natureza influenciou seu processo de reestruturação espacial, retoma-se uma
questão antiga da Geografia, a relação natureza e cultura. E para melhor debater essa temática a
História Ambiental aliada a Geografia apresenta as ferramentas necessárias para o
desenvolvimento dessa investigação. O debate central desse trabalho não foge a questão muito
debatida pela Geografia “a de dar sentido à natureza” (FREITAS, p.13). Nesse contexto, que
este trabalho se apresenta, buscando dar sentido a natureza na reestruturação espacial de Nova
Iguaçu.
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