relação de causalidade em redações de pré

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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
EM REDAÇÕES DE PRÉ-VESTIBULANDOS
Simone Sant´Anna (UFRJ)
[email protected]
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objeto de estudo as relações de causalidade manifestadas em orações subordinadas adverbiais causais
reduzidas e desenvolvidas, em redações de alunos de um prévestibular social.1
Para isso, serão observadas as relações de causalidade prescritas nas gramáticas tradicionais, com base na Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB e, também, serão observadas outras abordagens
em relação à causalidade sob a ótica de autores funcionalistas, fazendo dessa forma um paralelo entre a tradição gramatical e o que
está sendo efetivamente utilizado por esses alunos de nível médio.
O objetivo principal foi identificar como as formas de expressar as relações de causalidade têm sido utilizadas nas redações desses
estudantes e analisar se esses usos correspondem ou não ao que é
prescrito pelas gramáticas tradicionais. O foco de interesse está no
ensino de nível médio, pois as relações de causalidade acarretam certa dificuldade no ensino e na aprendizagem da sintaxe das orações
subordinadas adverbiais causais na língua portuguesa. Assim, mais
especificamente, esta pesquisa apresenta as estruturas que expressam
relações de causalidade prescritas pelas gramáticas tradicionais e faz
uma comparação com outras estruturas encontradas no corpus que
não são previstas pela tradição gramatical, identificando como essas
estruturas ocorrem efetivamente em redações de pré-vestibulandos.
O estudo justifica-se não só por haver poucos estudos que
comparem as relações de causalidade prescritas pela NGB com as de
outros autores, observando e descrevendo aquelas que estão sendo
utilizadas pelos estudantes de nível médio, mas também pela impor1
O pré-vestibular social é um curso preparatório gratuito direcionado a pessoas de
baixa renda e que tenham cursado todo o ensino fundamental e médio em escolas da
rede pública.
tante contribuição desse tipo de pesquisa para o processo de ensino e
aprendizagem das orações subordinadas como recurso pedagógico de
cunho semântico e sintático.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A relação de causalidade
De acordo com a nomenclatura oficial, existem nove subclasses semânticas de orações subordinadas adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais e temporais.
O primeiro problema dessa classificação é que algumas dessas subclasses não se distinguem com clareza, principalmente no que
diz respeito às relações de causalidade, o que resulta em interpretação inadequada por parte dos estudantes. Um exemplo disso pode ser
observado na constante confusão entre os alunos em identificar se a
oração deve ser classificada como subordinada adverbial causal ou
coordenada explicativa.
Segundo Azeredo (2000)2, o termo causalidade refere-se a
qualquer relação de causa e efeito entre duas orações. Assim, os conectivos podem assinalar tanto a causa como o efeito. A diferenciação, portanto, entre as orações subordinadas adverbiais causais e
consecutivas pode, também, apresentar problemas de interpretação
do sentido assumido por estas em diferentes contextos de uso.
Outro problema pode ser observado nas diferentes nomenclaturas para classificar as orações subordinadas adverbiais. Azeredo
(2000), reagrupou as orações adverbiais, segundo um critério que leva em conta suas afinidades de sentido, propondo quatro grupos para
a classificação semântica das orações adverbiais desenvolvidas. Um
dos grupos foi denominado grupo da causalidade, que engloba as orações causais, condicionais, finais e consecutivas.
Além dos problemas oracionais, há a polissemia da maioria
das conjunções. Segundo Mattoso Câmara Jr., a polissemia é um fe2
A autora não incluiu referências bibliográficas, apesar de fazer numerosas remissões
a elas.
2
nômeno geral das conjunções subordinativas, cuja idéia de subordinação depende essencialmente do contexto. Assim, a maioria das
conjunções pode servir aos mais variados objetivos discursivos. Isto
resulta em dificuldade na classificação das diferentes orações que
podem ser introduzidas pelas mesmas conjunções.
Para Azeredo (2000), a identificação tradicional das orações
coordenadas como independentes e das subordinadas como dependentes só é esclarecedora se for definida a natureza dessa dependência, que para uns é puramente sintática, mas para outros deve dizer
respeito ao sentido.
Para Garcia (1986), independência significa autonomia, autonomia não apenas de função, mas também de sentido. Por isso, o fator de dependência deve ser considerado como critério de análise da
relação de causalidade.
A visão tradicional
Os conceitos referentes à gramática tradicional empregados
neste trabalho foram selecionados em cinco gramáticas consagradas
de enfoque diferenciado, a saber: Bechara (2004), Cunha & Cintra
(1985), Rocha Lima (1979), Kury (1987), e Luft (1978).
Bechara (2004) afirma que a oração subordinada adverbial
funciona como adjunto adverbial da sua oração principal. De acordo
com a circunstância que exprime, a oração adverbial pode ser de agente da passiva ou simplesmente justaposta3 ou causal quando iniciada por conjunção. A oração subordinada adverbial será causal
quando exprime a causa, o motivo, a razão do pensamento expresso
na oração principal. Essas orações são introduzidas pelas conjunções
que (= porque), porque, como (=porque), visto que, visto como, já
que, uma vez que (com o verbo no indicativo), desde que (com o
verbo no indicativo).
O autor acrescenta algumas observações sobre o uso das conjunções causais. Uma dessas observações é em relação à posição da
oração causal introduzida pela conjunção como, que só é empregada
3
Não consta da NGB.
3
quando a oração causal vier antes da oração principal. O autor nomeia a conjunção subordinativa de transpositor, pois este transpõe a
oração subordinada ao nível de equivalência do advérbio (no caso
das adverbiais). A oração adverbial causal pode ser desenvolvida ou
reduzida. Será reduzida quando apresentar o verbo principal ou auxiliar no infinitivo com as preposições e locuções prepositivas com,
em, por, visto, à força de, em virtude de, em vista de, por causa de,
por motivo de; no gerúndio com o uso de sendo (= porque é).
Cunha & Cintra (1985) afirmam que a oração subordinada
adverbial funciona sempre como adjunto ou complemento adverbial
da oração principal da qual dependem. Pode apresentar-se desenvolvida (conexa ou justaposta) ou reduzida (de infinitivo, de gerúndio e
de particípio). As orações adverbiais causais equivalem a um adjunto
adverbial de causa. As desenvolvidas conexas são introduzidas por
conjunção ou locução conjuntiva causal; porque, pois, como, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, visto como, por isso que, já
que, como quer que. Assim como Bechara (2004), os autores observam que a conjunção como só se emprega quando a oração subordinada se antepõe à principal.
As orações causais justapostas podem remeter a uma conjunção causal elíptica ou serem iniciadas por uma palavra intensiva (tão,
tamanho). Ex. “Ainda que tivesse escondido o infame objeto, emudesceria, tão apavorado me achava.” ou “Dias inteiros passava-os
Boemundo... todo absorto e alheio, fora de si e pudera dizer-se fora
de todas as coisas, tamanho lhe era o desprendimento dos sentidos.”
As reduzidas de infinitivo são encabeçadas pelas preposições
por, de, com, em, visto, e por locuções como por causa de, em conseqüência de, em vista de, em razão de, à força de. As de gerúndio
são exemplificadas por sendo e obtendo. “Não sendo meu costume
dissimular ou esconder nada, contarei nesta página o caso do muro.”
Os autores não apresentam exemplos de orações reduzidas de particípio. Por outro lado, apresentam alguns critérios que fazem distinção entre as orações causais e explicativas. Ambas podem ser introduzidas pelas conjunções que, porque e pois, o que pode dificultar a
distinção entre elas. Uma maneira de diferenciá-las é observar se a
substituição da oração desenvolvida por outra equivalente, reduzida
de infinitivo, iniciada pela preposição por, não opera alteração de
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sentido, sinal de que a oração é causal. Outra forma de diferenciá-las
é observar que o conectivo pode ser omitido sem prejuízo de clareza
nas explicativas, o que não ocorre nas causais. Em geral, a oração
que antecede uma explicativa tem o verbo no imperativo. As orações
causais de que, pois e porque podem ser substituídas por como no início do período, o que não é possível com as explicativas.
Lima (1979) afirma que as orações adverbiais são equivalentes a um advérbio, adjunto adverbial da oração a que se subordinam.
As causais indicam o fato determinante da realização, ou nãorealização, do que se declara na principal. Quando desenvolvida,
vem encabeçada pela conjunção prototípica porque ou por um sucedâneo desta: como, desde que, já que, pois, pois que, porquanto, que,
uma vez que, visto como, visto que. As conjunções pois, pois que e
porquanto servem para mostrar que a causa é um acontecimento evidente. Oração introduzida por como fica obrigatoriamente antes da
principal. As orações introduzidas pelas outras conjunções apresentam posição facultativa. As conjunções que e porque ora têm valor
coordenativo, ora valor subordinativo. A oração coordenada de que e
porque é utilizada para introduzir uma informação nova. A oração
subordinada de que e porque é parte de outra oração e entre elas existe uma relação de causa e conseqüência. A subordinada causal
pode antepor-se à principal. Ex. “Porque estava animado, o capitalista se matou.”
Kury (1987) similarmente caracteriza uma oração subordinada adverbial causal pela função de adjunto adverbial que ela exerce.
Pode apresentar-se desenvolvida (conexa ou justaposta) e reduzida.
Luft (1978) afirma que as orações adverbiais têm valor de advérbios, adjuntos adverbiais da respectiva oração principal. As causais indicam a causa do que afirma o predicado da oração principal, e
aparecem reduzidas ou desenvolvidas. As desenvolvidas são ligadas
pelas conjunções porque e como (em orações antepostas).
Os cinco autores concordam com o fato de que a oração subordinada adverbial é equivalente a um advérbio e funciona como
um adjunto adverbial. Quanto à forma podem apresentar-se desenvolvida ou reduzida. Uma distinção feita por Bechara é a nomeação
de transpositor que aplica ao que os outros autores nomeiam de conjunção, por motivos sintáticos. O autor explica que este elemento
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transpõe a oração subordinada adverbial ao nível de equivalência de
um advérbio e por isso deve ser chamado de transpositor. Cunha &
Cintra diferenciam-se dos demais autores por apresentar alguns critérios que fazem distinção entre as orações causais e explicativas. Lima apresenta a possibilidade de as conjunções apresentarem valores
polissêmicos. O autor acrescenta que as conjunções que e porque ora
têm valor coordenativo, ora têm valor subordinativo.
O Funcionalismo
Os estudos no âmbito do funcionalismo abordam a língua
como um instrumento de interação social cuja função principal é a
comunicação. Desse modo, o estudo do sistema deve fazer-se dentro
do quadro de uso e a descrição das expressões deve fornecer dados
para a descrição de seu funcionamento em um dado contexto. Assim,
a pragmática é o quadro dentro do qual a semântica e a sintaxe devem ser estudadas. As prioridades vão da pragmática à sintaxe, via
semântica.
Hymes (1974) sugere algumas características distintivas entre
o formalismo e o funcionalismo. Segundo ele, o formalismo estuda a
estrutura da língua como código gramatical; a análise do código é
priorizada em detrimento do uso; considera que as línguas possuem
função equivalente, ou seja, são potencialmente homogêneas. Por
outro lado, o funcionalismo estuda a língua como meio de comunicação; a análise do uso é priorizada em relação ao código; a organização do uso desmembra características e relações adicionais; código
e uso são observados como uma relação integral; considera também
importantes as diferenças entre as línguas, variações e estilos.
Neves (2004) explica que gramática funcional é uma teoria de
organização gramatical das línguas naturais que procura integrar-se
em uma teoria global da interação social. Para essa teoria, as relações
entre as unidades e as funções das unidades têm prioridade sobre
seus limites e sua posição. A gramática funcional está acessível às
pressões do uso.
Alguns princípios funcionalistas devem ser levados em consideração como o princípio de iconicidade e de marcação. Entende-se
por iconicidade a correlação entre forma e função, ou seja, entre a
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expressão e o conteúdo. O princípio de marcação estabelece três critérios para a distinção das categorias marcadas e não-marcadas. São
eles: a complexidade estrutural, a distribuição de freqüência e a
complexidade cognitiva. É importante ressaltar que as categorias
marcadas e não-marcadas do funcionalismo não correspondem às categorias marcadas e não-marcadas da sociolingüística. Pelo contrário, o que é marcado para uma é não-marcado para a outra teoria.
Para Halliday (1985), a noção de função está relacionada ao
papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos, servindo
aos variados tipos de demanda. Assim, o enunciado parte das escolhas que o falante faz com base em uma gramática de base sistêmica
e paradigmática para um propósito específico.
A articulação entre orações é estudada sob o rótulo de conjunção que é um instrumento de inserção de uma oração em determinado ponto de outra e, também, é um dos mecanismos de coesão textual. Nesse trabalho, o foco principal será a relação conjuntiva causal.
Para Thompson (1988), as construções construídas sob o rótulo de subordinação são muito diferentes para serem identificadas por
um critério apenas. Assim, propõe uma análise baseada nos modos
de articulação, na qual se associam à subordinação algumas propriedades formais: identidade entre sujeito, tempo e modo das orações
interligadas; redução de uma das orações; incorporação marcada
gramaticalmente de uma das orações, entre outras.
Para Givón (1995), a estruturação interna da gramática unifica sintaxe, semântica e pragmática. A sintaxe constitui a codificação
dos domínios funcionais que são: a semântica, de ordem proposicional e a pragmática, de ordem discursiva.
As visões sobre a causalidade,
segundo as óticas funcionalista e da lingüística textual
Azeredo (2000) explica que as orações adverbiais ao funcionarem como adjuntos de outras orações apresentam a mesma mobilidade posicional de certos adjuntos adverbiais. As conjunções causais
mais usuais, de acordo com o autor, são porque, pois, como e já que.
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Do ponto de vista da posição que esses conectivos ocupam nas estruturas sintáticas, porque e pois introduzem a oração causal que sucede
a principal; como antecede a principal; já que pode ser posicionada
antes ou depois da principal. Apenas porque pode ser precedida de
um vocábulo de realce. Em relação ao seu efeito discursivo, a oração
causal exprime um fato já conhecido pelo interlocutor, quando posicionada antes da principal.
Oliveira e Monnerat (in Pauliukonis & Gavazzi, 2005, p. 90)
afirmam que a causalidade acolhe relações que a Gramática Tradicional distribui tanto na coordenação quanto na subordinação. Quanto à posição estrutural, é natural a causa anteceder a conseqüência,
mas a inversão dessa ordem também ocorre evidenciando que a expressão da causa e da conseqüência pode ser uma questão de priorizar o que se quer enfocar.
Abreu (2005) explica que a mobilidade de alguns articuladores deve-se ao fato de que esses termos eram inicialmente apenas advérbios que passaram a assumir a função de conectores, mas mantiveram a mobilidade característica de advérbios. O autor faz uso da
nomenclatura articulador sintático por ser um termo mais genérico
que abrange também as locuções prepositivas. Vale ressaltar que o
autor faz uso de uma nomenclatura diferente, pois coloca no mesmo
grupo as conjunções e as palavras de outras classes que funcionam
como elementos de ligação entre orações. Além disso, o autor reconhece como articuladores as locuções que não são previstas pelas
gramáticas tradicionais. A visão da articulação sintática de causa do
referido autor não difere da abordagem do tema pelas gramáticas tradicionais.
Ressalta, igualmente, que com o uso das conjunções e locuções conjuntivas, o verbo se mantém em seu tempo finito. Porém
com uso das locuções prepositivas, o verbo assume a forma infinita.
Em seu artigo também relaciona as principais conjunções e locuções
conjuntivas em uso: porque, pois, como, por isso que, já que, visto
que, uma vez que. Menciona igualmente as principais preposições e
locuções prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de,
devido a, em conseqüência de, por motivo de, por razão de. O autor
chama a atenção para o fato de que a conjunção como só tem valor
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causal quando anteposta e a conjunção pois quando posposta à principal.
Mateus et alii (2003) afirmam que o estatuto de constituinte
sintático de adjunto das orações subordinadas adverbiais é identificado pela possibilidade de ocuparem diferentes posições na frase ou
por serem destacadas por clivagem. Com base em tal princípio, consideram que a causal introduzida por como é incompatível com processos que envolvem focalização como a clivagem. Acrescentam que
a mobilidade é uma das características distintivas principais entre a
coordenação e a subordinação.
Afirmam que as orações causais exprimem uma relação de
dependência semântica entre duas proposições, A e B. Mas sob a designação de causalidade incluem-se diferentes valores. Um desses
valores é a relação causa/conseqüência. Assim, para que se estabeleça uma relação de causalidade “pura” entre duas proposições, A e B,
têm de verificar-se três condições: B deve pertencer ao “mundo” selecionado por A; os conteúdos das duas proposições verificam-se no
mundo real, no intervalo de tempo relevante; A e B devem estar linearmente ordenadas no tempo. Porém, a oração causal pode exprimir um resultado e não a causa o que torna inverificável a relação
temporal da terceira condição escrita.
Mostram que as formas de expressão da causalidade são: duas
orações finitas na ordem B conector A ou conector A B, a oração A,
subordinada causal, pode ser iniciada pelos seguintes conectores:
porque, como, pois que, uma vez que, visto que, já que, dado que;
orações causais infinitivas iniciadas por por causa de, devido ao fato
de, por (Ex: “Por não ter chovido em Portugal em 1981, Houve seca.”); orações causais sem conectores, gerundivas ou participativas
(Ex: “Magoado, o miúdo começou a chorar.”); as orações condicionais reais ou factuais exprimem uma relação de causa/conseqüência
(Ex: “ O narciso pertence ao reino vegetal, porque é uma flor.” E “
Se narciso é uma flor, (então) pertence ao reino vegetal.”); o nexo de
causa/efeito também pode ser expresso por uma oração conclusiva
(Ex: “Não choveu em Portugal em 1981, por isso houve seca.”); do
mesmo modo, as orações explicativas iniciadas por pois, que exprimem nexos de causalidade, mas a impossibilidade de inversão mostra que são construções de coordenação (Ex: “O narciso pertence ao
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reino vegetal, pois é uma flor.” E “*Pois o narciso é uma flor, pertence ao reino vegetal.”); outra forma de exprimir causalidade é através de uma construção de tipo participial (particípio) introduzida por
dado ou visto. (Ex: “Dada essa circunstância / visto isso, a vindima
vai ser boa.”).
Segundo as autoras, ordem linear da oração antecedente e da
oração conseqüente depende da estrutura temática e do padrão de informação exibido pelo texto de que os enunciados fazem parte. Desse modo, a ordem B, pausa, A ocorre quando A é uma informação
nova e B é uma informação conhecida. A ordem B, sem pausa, A ocorre quando toda informação é nova. A ordem A, pausa, B ocorre
quando A é uma informação conhecida e B é uma informação nova.
Mateus et alii (2003) fazem uma distinção entre conjunções e
outros conectores. As conjunções são palavras morfologicamente
não flexionáveis que veiculam prototipicamente valores de adição,
alternância ou contraste entre os termos coordenados, ou seja, a conjunção é própria das estruturas de coordenação. Os conectores são
expressões mais gerais do que as conjunções e ocorrem tanto na coordenação quanto na subordinação. Os conectores distinguem-se
formalmente das conjunções e dos complementadores pelo fato de
poderem co-ocorrer com eles. Os complementadores, por sua vez,
são as conjunções subordinativas.
Guimarães (2007) mostra que as conjunções podem ser mais
bem caracterizadas observando-se o seu funcionamento. As conjunções pois e já que diferem-se por exemplo pela possibilidade de inversão das orações iniciadas por já que o que não é possível com as
orações iniciadas pela conjunção pois. O autor considera em sua análise a possibilidade de inversão das orações; a possibilidade de articulação por sobre o limite de frase; o alcance da negação; o alcance
da pergunta; o modo de encadeamento no texto; a divisão para dois
locutores numa conversa; a divisão entonacional no interior de uma
frase; correlação dos modos verbais nas orações. As conjunções pois
e já que coincidem afirmativamente para a divisão entonacional e coincidem negativamente para todos os outros itens com exceção daqueles que as diferem.
Paiva (1995) mostra que a ordem sintagmática das cláusulas
causais apresenta certa liberdade condicionada pela superposição do
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efeito dos princípios de iconicidade e de distribuição de informação,
em termos de fluxo das idéias no discurso e aquele relacionado à
própria conceptualização da relação de causalidade.
Decat (2001) discute a questão da dependência/independência
de cláusulas a partir da noção de unidade informacional. A autora faz
uma distinção entre os tipos de interdependência entre as cláusulas.
Assim, estruturas de encaixamento são constituídas por cláusulas que
se integram estruturalmente em outra. Portanto, sua dependência é
determinada pela escolha do item lexical. Participam dessa classificação as cláusulas complementos e adjetivas restritivas. Outro tipo
de interdependência são as estruturas de hipotaxe formadas por cláusulas que não estão sujeitas a uma integração. Assim, sua dependência representa uma opção do usuário da língua em relação de cunho
organizacional. Participam dessa classificação as cláusulas adverbiais e apositivas. A autora define cláusula como qualquer estrutura
provida de verbo, ainda que só esse elemento apareça. A autora faz
uma análise supra-sentencial (observa o contexto discursivo em que
as cláusulas se inserem) e aponta diferentes graus de interdependência de cláusulas.
Hopper & Traugott (1993) mostram como estudos de base
funcionalista rompem com a visão dicotômica de coordenação e subordinação, e adotam a noção de um “continum” para a combinação
de cláusulas. Assim, parataxe é a independência relativa entre as
cláusulas, em que o vínculo das orações depende apenas do sentido;
a hipotaxe é interdependência entre as cláusulas, em que há uma
cláusula núcleo e uma ou mais cláusulas (margens) que não podem
figurar sozinhas no discurso e, por isso, são relativamente dependentes; a subordinação ou encaixamento é a total dependência entre as
cláusulas em relação ao núcleo. Quanto aos conectores de cláusula,
afirmam que marcadores de ligação entre cláusulas são na sua origem motivados pelo desejo dos falantes em serem claros e informativos, particularmente para dar direções aos ouvintes para interpretarem cláusulas em termos do envolvimento lingüístico entre elas. Inicialmente, os marcadores servem para sinalizar a relação funcional
das cláusulas combinadas umas com as outras e para marcar fronteiras sintáticas que podem parecer obscuras quando há entrelaçamento
das cláusulas.
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Koch (1993) mostra que é inadequado falar em orações dependentes (ou subordinadas) e independentes (ou coordenadas), já
que estabelecem relações de interdependência, pois qualquer uma
delas é necessária à compreensão da outra. A autora também aponta
para a necessidade de estudar o funcionamento de uma língua pelos
componentes sintáticos, semânticos e pragmáticos associados.
Barreto (1999 apud Barreto, 1992) afirma “não haver uma separação nítida entre conjunções coordenativas e subordinativas, mas
um contínuo que vai da coordenação à subordinação por excelência,
havendo em cada grupo de conjunções, os protótipos.”
Neves (2000) procura enfatizar o papel discursivo dos conectores, defendendo que a gramática é sensível às pressões de uso e,
por isso, é ajustável e se acomoda para propiciar a comunicação eficaz entre os usuários de uma língua.
Fávero & Koch (1998) afirmam que os elementos conjuntivos
são coesivos não por si mesmos, mas indiretamente, em virtude das
relações significativas específicas que se estabelecem entre as orações dentro do período, entre os períodos dentro de um parágrafo e
entre parágrafos no interior do texto. Os principais tipos de elementos conjuntivos são: advérbios e locuções adverbiais; conjunções coordenativas e subordinativas; locuções conjuntivas; preposições e locuções prepositivas; itens continuativos como daí, então, a seguir
entre outros.
Koch (2003) comenta que é comum estruturas de coordenação articularem períodos, parágrafos e mesmo porções maiores de
textos. Na organização textual, os conectores, ao procederem à articulação dos enunciados, permitem enfatizar ora uma idéia ora outra,
relacionar tópicos diversos, ligar parágrafos entre si, bem como operar a delimitação das várias etapas discursivas. Daí a denominação
que têm recebido de articuladores textuais, por serem, em larga escala, responsáveis pela coesão e pela progressão textual.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O corpus foi constituído por textos na modalidade escrita do
tipo dissertativo-argumentativo e do gênero redação de vestibular. A
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amostra foi composta por 50 redações de diferentes autores com nível médio de escolaridade completo ou em fase final de curso, todos
estudantes do pré-vestibular social da fundação Cecierj / consórcio
Cederj no ano de 2007. As redações foram elaboradas com temática
atual (Por que está havendo um aumento da chamada violência “gratuita” hoje?) e segundo os moldes de redação do ENEM.
Inicialmente realizou-se uma análise qualitativa dos dados.
Foram identificadas, nas redações, as estruturas que expressam as relações de causalidade, e em seguida selecionadas as que constituem
formas variáveis em relação ao que é prescrito pelas gramáticas tradicionais, para que fossem estabelecidos os contextos favoráveis a
essas realizações. Posteriormente, essas relações foram analisadas e
comparadas com as estruturas previstas pela Nomenclatura Gramatical Brasileira e pelas estruturas estudadas pelos autores selecionados
que apresentam uma abordagem distinta da NGB, tanto no que se refere ao aspecto estrutural quanto ao aspecto discursivo. O estudo tentou contemplar os aspectos gramaticais que são fundamentais para
determinar a estrutura de um elemento como sendo ou não, especificamente neste caso, um advérbio em sua forma oracional; e os aspectos semânticos que são fundamentais para determinar os tipos de relações que este elemento pode estabelecer como, especificamente
neste caso, as relações de causalidade.
RESULTADO DA ANÁLISE DE 63 DADOS
Os dados analisados foram selecionados de um corpus constituído por 50 redações de alunos que estão cursando o terceiro ano do
ensino médio ou que já o concluíram e estão cursando o prévestibular social da Fundação Cecierj/Consórcio Cederj. As redações
foram gentilmente cedidas pela direção geral e pela coordenação de
redação do pré-vestibular social. Todos os alunos desse prévestibular são pessoas carentes que não possuem condições financeiras de custear os seus estudos e que concluíram ou estão concluindo
seus estudos pela rede pública de ensino.
Durante a escolha e seleção do corpus, muitas redações foram
descartadas devido à precariedade da estrutura lingüística de algumas
delas que dificultava o entendimento do texto. Algumas redações fo-
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ram retiradas da amostra por apresentar equívocos em relação à adequação da estrutura utilizada pelos alunos quanto ao gênero textual
redação de vestibular e ao tipo de texto dissertativo-argumentativo.
Algumas estruturas que apresentaram a relação de causalidade também foram ignoradas, pois apresentavam idéias contraditórias ou até
mesmo idéias que não correspondiam a fatos reais.
As relações de causalidade foram analisadas, observando-se
os seguintes aspectos: período simples; período composto por coordenação ou subordinação; oração em sua forma desenvolvida ou reduzida; orações introduzidas por articulador sintático ou orações sem
articulador sintático; estrutura afirmativa, negativa ou interrogativa;
a posição e a mobilidade dos articuladores sintáticos.
No nível inter-oracional, foram consideradas na análise apenas as estruturas causais, explicativas, condicionais e consecutivas.
Embora houvesse uma alta ocorrência de orações finais, estas não foram consideradas na análise. Alguns autores colocam as orações finais dentro do grupo das orações que apresentam a relação causa e
efeito, mas esta estrutura fica um pouco distanciada das demais pelos
seus traços semânticos. No nível intra-oracional, foram consideradas
as ocorrências de sintagmas adverbiais.
Os 63 dados foram identificados em 33 redações, ou seja, a
amostra corresponde a uma freqüência de 57% do total de redações
do corpus. Desse modo, em 17 das 50 redações não houve ocorrência de nenhuma estrutura que apresentasse qualquer tipo de relação
de causalidade.
Relação entre a freqüência
de estruturas coordenadas e subordinadas
(Ex.:1) “(...) Na sociedade brasileira acontecem inúmeras
impunidades, pois quem está na elite, mesmo tendo cometido alguma ação possível de penalidade, será isento de qualquer penalidade. (...)” [Oração coordenada explicativa, Redação nº 3]
(Ex.:2) “(...) não podemos contar com a maioria dos nossos
governantes, pois eles tem a cada dia agravado mais a impuni-
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dade no país. (...)” [Oração subordinada adverbial causal, Redação
nº 12].
60%
40%
20%
0%
Percentual
Coordenada
48%
Subordinada
44%
Per.Simples
8%
As estruturas coordenadas apresentaram 30 dados com uma
freqüência de 48% em um total de 63 dados. Ao passo que as estruturas subordinadas apresentaram 28 dados com uma freqüência de
44% em um total de 63 dados. Os 8% restantes referem-se a 5 dados
do período simples que serão analisados posteriormente.
Observa-se um equilíbrio entre a freqüência de estruturas coordenadas e estruturas subordinadas. A diferença percentual entre
ambas as estruturas é de apenas 4%, o que pode sinalizar que não há
uma preferência específica por parte dos alunos por estruturas coordenadas ou subordinadas, mas sim que tanto a estrutura coordenada
quanto a subordinada fazem parte do desempenho lingüístico desses
alunos e aparecem nas redações analisadas de maneira semelhante
em relação à freqüência de uso. Esse resultado também pode indicar
uma aproximação na freqüência de uso das estruturas coordenadas e
subordinadas que pode ser justificada pela semelhança que há entre
as estruturas coordenadas e as estruturas subordinadas adverbiais, ou
seja, ambas apresentam certa mobilidade e independência sintática o
que faz com que seja difícil para os alunos diferenciá-las, por isso
pode ocorrer certa indiferença na opção pela estrutura.
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Relação entre a freqüência
de estruturas desenvolvidas e reduzidas
(Ex.:3) “(...) Isso ocorre porque quem está no poder controla a situação através de fraudes e abuso de poder. (...)” [Oração subordinada adverbial causal desenvolvida, Redação nº 3]
(Ex.:4) “(...) Foi presa e condenada por fazer o que a justiça não faria.(...)” [Oração subordinada adverbial causal reduzida de
infinitivo, Redação nº 1]
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
Desenv
83,00%
Red
9,00%
As estruturas desenvolvidas apresentam 63 dados que equivalem a uma freqüência de 83% em um total de 63 dados. Por outro lado, as estruturas reduzidas apresentam 6 dados que equivalem a uma
freqüência de 9% em um total de 63 dados. O alto número de estruturas desenvolvidas já era esperado, pois estudos mostram que as estruturas que apresentam a relação de causalidade ocorrem predominantemente na forma desenvolvida.
Observa-se que, nas 6 ocorrências de estruturas reduzidas, o
articulador sintático utilizado foi exclusivamente a preposição por.
Não houve ocorrência de nenhum outro articulador sintático na estrutura de oração reduzida de infinitivo. Vale ressaltar que só houve
estrutura de oração causal reduzida de infinitivo. Não houve ocor-
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rência de oração causal reduzida de gerúndio nem reduzida de particípio.
Os resultados mostram que a utilização de estruturas reduzidas é muito pouco utilizada, apenas 9% dos dados. Observa-se na
amostra que os alunos que utilizaram a forma reduzida, optaram pela
forma base apresentada como padrão nas gramáticas tradicionais, ou
seja, a escolha da forma verbal no infinitivo introduzida pela conjunção por.
Os resultados mostram que a utilização de estruturas desenvolvidas é muito freqüente, superior a 50%, equivalente a 83%. Isso
pode confirmar a preferência pela utilização de estruturas desenvolvidas por parte dos alunos, porém isso não significa que as estruturas
estejam de acordo com a utilização prevista pelas gramáticas tradicionais. Pelo contrário, a alta freqüência de orações desenvolvidas
pode indicar inovações no uso, já que é nas orações desenvolvidas
que as dificuldades em identificá-las acontece devido a semelhanças
sintáticas ou semânticas que apresentem.
Relação entre a freqüência de estruturas com e
sem articuladores sintáticos
(Ex.:5) “(...) Se não houver uma colaboração de todos, não
haverá como dar um fim nesse problema. (...)” [Se condicional,
Redação nº 38]
100,00%
50,00%
0,00%
Com art
86,00%
Sem art
6,00%
17
(Ex.: 6) “(...) Porém, hoje isso vem ocorrendo com mais
freqüência, de modo que muitas vezes passam desapercebido aos
nossos olhos por estarmos acostumados em fazê-los e não sofrer
punição que nos é devida. (...)” [Por preposição, Redação nº 47]
As estruturas que apresentam a relação de causalidade ocorrem predominantemente com a presença de um articulador sintático.
As estruturas com articulador sintático podem ser desenvolvidas ou
reduzidas e apresentam 54 dados que equivalem a uma freqüência de
86% em um total de 63 dados. Ao passo que, as estruturas sem conectivo apresentam 4 dados que equivalem a uma freqüência de 6%
em um total de 63 dados.
Destaca-se a grande produtividade de orações com a presença
de um articulador sintático. Isso confirma a expectativa de que o alto
percentual de orações desenvolvidas pressupõe o alto percentual de
articuladores sintáticos.
Nas estruturas que apresentaram a relação de causalidade sem
a presença de um articulador sintático as orações eram simplesmente
justapostas separadas por vírgula ou ponto-e-vírgula.
Nas estruturas com a presença de um articulador sintático, as
orações foram introduzidas pelos seguintes articuladores sintáticos:
pois, porque, se, já que, que, por. Não houve nenhuma ocorrência
dos outros tipos de articuladores. Destaca-se a ausência do articulador como que pode ser justificada pela sua posição, já que não houve
ocorrência de estruturas com o articulador na oração inicial do período, exceto na única estrutura interrogativa encontrada na amostra.
Esse resultado pode indicar a preferência pela utilização das formas
estruturais mais freqüentes pelos estudantes que em sua maioria ainda não dominam as normas gramaticais.
Relação entre a freqüência
de estruturas afirmativas, interrogativas e negativas
(Ex.: 7) “(...) se temos o governo de hoje com tais deficiências foi porque não soubemos eleger a pessoa correta e competente (...)” [Porque causal negativo, Redação nº 26]
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(Ex.: 8) “(...) Deveria ter solução para este caso, só porque
tem muito dinheiro é dono do mundo e não deve ir para a cadeia? (...)” [Porque causal interrogativo, Redação nº 7]
100%
50%
0%
Percentual
Afirmativa
94%
Negativa
5%
Interrogativa
1%
As estruturas afirmativas apresentaram 54 dados com uma
freqüência de 94% em um total de 58 dados. Ao passo que as estruturas negativas apresentaram 3 dados com uma freqüência de apenas
5% em um total de 58 dados. Houve somente uma ocorrência de estrutura interrogativa que corresponde a uma freqüência de 1% em um
total de 58 dados. Os adjuntos adverbiais não foram incluídos nesta
análise.
Observa-se uma freqüência predominante de estruturas afirmativas. A diferença percentual entre as estruturas negativas e interrogativas é de 4% o que pode sinalizar que não há uma preferência
sutil por parte dos alunos por estruturas negativas em relação às estruturas interrogativas.
No exemplo nº 8 observa-se que a relação de causa na estrutura interrogativa está implícita em toda a idéia e não diretamente na
estrutura explícita do enunciado.
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Relação entre a freqüência de estruturas antepostas ou pospostas
100%
50%
0%
Percentual
Anteposta
2%
Posposta
98%
As estruturas que apresentaram o articulador sintático na oração posposta ou em posição final equivalem a uma freqüência de
98% em um total de 54 dados (com articuladores sintáticos), ou seja,
quase a totalidade das ocorrências. A única ocorrência em que o articulador ocupou posição inicial na oração anteposta, tratava-se de
uma estrutura interrogativa, portanto, a posição foi marcada pela estrutura interrogativa e não pela mobilidade do articulador sintático.
Observa-se uma preferência absoluta por estruturas iniciadas
pelo articulador sintático na oração posposta à principal. Esse resultado pode indicar uma tendência na freqüência de uso das estruturas
gramaticais mais básicas que pode ser justificada pela falta de domínio da norma culta por parte desses estudantes.
CONCLUSÃO
A pesquisa realizada observou as estruturas com orações adverbiais causais e outras que também apresentam uma relação de
causa e efeito, ou seja, de causalidade. O corpus foi constituído por
redações de alunos de um pré-vestibular social. A pesquisa utilizou
uma abordagem funcionalista em comparação com as normas previstas pela gramática tradicional para identificar as estruturas utilizadas
por esses alunos. Desse modo, os resultados deste estudo indicam
que há diferenças entre o que a gramática prescreve como norma cul-
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ta padrão e o uso efetivo que os estudantes fazem dessa norma na escrita. Existem, portanto, outras formas de expressar a relação de causalidade, além do uso das orações subordinadas adverbiais causais. O
uso de articuladores sintáticos limita-se a apenas seis tipos. Destacase a ocorrência da preposição por sendo utilizada em substituição a
ainda que e porque. Observou-se, entretanto, que não há diferença
quanto ao número de ocorrências entre o uso de orações coordenadas
e subordinadas. E confirmou-se o predomínio de orações desenvolvidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS4
4
A autora não incluiu referências bibliográficas, apesar de fazer numerosas remissões
a elas, como já foi informado anteriormente.
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