“O estudo do meio como caminho afirmativo para a prática

O ESTUDO DO MEIO COMO CAMINHO AFIRMATIVO PARA A PRÁTICA
PEDAGÓGICA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA
ESTADUAL FREI OTTO – IPOJUCA / PE
Noberto Francisco de Barros Júnior
[email protected]
Professor da Rede Estadual de Pernambuco
1 – INTRODUÇÃO:
O presente trabalho visa, fundamentalmente, realçar a importância do estudo do
meio como significativo recurso didático nas aulas de Geografia e sua articulação com os
demais componentes que integram o currículo no âmbito da escola.
Ao considerarmos o espaço geográfico como fruto de uma totalidade resultante
das interações entre a sociedade e a natureza, obviamente que a sua compreensão deve ser
de modo articulado, numa perspectiva transversal e interdisciplinar. É por esta razão, que o
estudo do meio torna-se um procedimento de grande relevância, podendo se adequar a
qualquer nível ou modalidade de ensino para viabilizar a problematização, o enfrentamento de
desafios e o desenvolvimento de múltiplas inteligências.
Para Cavalcanti (2002), o estudo do meio fundamenta-se nos estudos de
Rousseau, Pestallozi e Dewey, e consiste num método ativo e interativo, cujo objetivo é de
mobilizar em primeiro lugar as sensações e percepções dos alunos no processo de
conhecimento para em seguida proceder-se à elaboração conceitual. Defendem a idéia que o
estudo do meio consiste no contato direto do aluno com seu meio imediato, exercitando a
intuição através do trabalho de campo e excursões.
Partindo dessa premissa, o “meio” aqui passa a ser entendido não apenas como
o meio natural,
mas como resultado dessas
interrelações socialmente produzidas em
diferentes temporalidades. Desse modo, mediante as profundas e aceleradas transformações
ocorridas nos cenários do mundo globalizado e desafios enfrentados pelos educadores no
cotidiano da sala de aula, há uma necessidade de repensarmos a geografia escolar como
forma de possibilitar a superação do ensino numa perspectiva tradicional e a adoção de
estratégias sociointeracionistas que promovam a ressignificação da prática educativa no
cotidiano da escola.
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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A busca por meios alternativos para o desenvolvimento do processo de ensino
e a melhoria do nível de aprendizagem, tem sido uma preocupação permanente dos docentes
que integram a Escola Frei Otto Ensino Fundamental e Médio, localizada no município de
Ipojuca, litoral sul do Estado de Pernambuco. Com base nesse pressuposto e a partir das
imensas possibilidades de articulação da Geografia com os demais componentes curriculares,
desenvolveu-se no segundo semestre do ano letivo de 2009 o Projeto Didático
“Redescobrindo o Sertão Nordestino”, envolvendo a equipe técnico-pedagógica,
educadores e educandos da última série da Educação Básica da mencionada Unidade de
Ensino.
A Escola Frei Otto está localizada no Distrito de Nossa Senhora do Ó,
Município de Ipojuca, situado na área Metropolitana de Recife, microrregião de Suape.
Trata-se de uma região que tem apresentado ao longo do tempo fortes tendências para o
desenvolvimento, destacando-se na atualidade como uma das áreas do litoral de maior
dinamismo econômico no Estado de Pernambuco. É também o espaço de origem e vivência
da maior parte dos educadores e educandos da Escola Frei Otto, o que possibilita certa
familiaridade com as características físicas, econômicas e sociais dessa espacialidade.
Neste sentido, desenvolver uma atividade interdisciplinar numa porção do espaço
pernambucano situado a 760 km do litoral, promovendo um novo olhar sobre o Sertão,
significa trilhar caminhos para melhor desvendar o ambiente sertanejo, suas possibilidades e
limites, promovendo a superação da visão fragmentada que muitos detêm sobre esta porção
do Nordeste brasileiro. Para a maioria, a visão sobre as áreas do Sertão Nordestino, ainda é
a mesma que foi difundida pelos livros didáticos de Geografia em décadas passadas, ou então
as veiculadas pelos meios de comunicação em que destaca o fenômeno da seca associada a
uma paisagem áspera na qual vive um povo pobre e faminto. Essa idéia estereotipada sobre o
Nordeste do Brasil e de modo em particular, das áreas sertanejas, negligencia e se contrapõe
às múltiplas faces dos ambientes úmidos e com elevado desenvolvimento econômico que
emergem em trechos do interior nordestino.
Outrossim, desenvolver um estudo do meio a partir dessa perspectiva,
é
fundamental para um mergulho nas contradições naturais e sociais do sertão nordestino, bem
como para mais adentrar no conhecimento de sua história e da cultura de seu povo,
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pressupostos para uma melhor compreensão do papel dessa região na formação cultural,
econômica e social do pais.
2 – OBJETIVOS:
A escolha dos objetivos na realização do estudo do meio, exige um
posicionamento crítico acerca da realidade a ser estudada e a sua definição revelará com que
finalidades pedagógicas o trabalho será realizado. Neste sentido, vários objetivos
concorreram para o êxito do trabalho em tela, podendo-se destacar no âmbito geral, a
possibilidade de proporcionar aos educandos da terceira série do Ensino Médio da Escola
Frei Otto,
a vivência do estudo do meio numa abordagem inter e multidisciplinar,
oportunizando-os ao reconhecimento da diversidade natural e histórico-cultural do ambiente
sertanejo da mesorregião do Sertão São Franciscano.
Deve-se considerar que, para atender a esse propósito, priorizou-se alguns
objetivos específicos, a saber: 1. Despertar o interesse para a vivência do estudo do meio
como um procedimento alternativo e inovador nas aulas do Ensino Médio; 2. Promover maior
interação entre educandos, educadores e demais segmentos da comunidade escolar; 3.
Aprofundar a articulação dos fundamentos teóricos trabalhados nos diversos componentes
curriculares do Ensino Médio com a vivência cotidiana dos alunos; 4. Aperfeiçoar a
capacidade de realizar analogias e comparações através da observação e leitura crítica das
distintas paisagens nas múltiplas realidades sócio-espaciais; 5. Sistematizar e difundir os
conhecimentos apreendidos, por meio das diversas linguagens no ambiente escolar.
Do mesmo modo, outro aspecto de grande importância implícito neste trabalho foi
o redimensionamento da visão dos educandos sobre o sertão nordestino e, de modo em
particular, da região São Franciscana onde está situada a cidade de Petrolina no Estado de
Pernambuco e Juazeiro, Terra Nova e Sobradinho, na Bahia, localidades visitadas no
transcurso do trabalho de campo.
3 – METODOLOGIA:
A definição dos procedimentos metodológicos torna-se imprescindível na realização
do estudo do meio, pois norteará as diversas etapas inerentes à realização de todo o trabalho,
dando-lhe a fundamentação teórico-metodológica e o caráter acadêmico e científico.
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É em todas as fases do estudo que o aluno consegue desenvolver as
habilidades necessárias a um pesquisador, como a observação,
intuição,
sensações e percepções, ao lado do levantamento,
seleção e organização
de dados, favorecendo
também a
construção do conhecimento conceitual. (MALYSZ, 2007, p.172).
A partir do exposto, para a realização do estudo do meio e operacionalização
deste estudo, houve a necessidade do cumprimento de vários momentos articulados e
interdependentes que em conformidade com vários autores consultados, podem ser assim
explicitados:
a) Planejamento ou elaboração do projeto:
Tendo por base as inquietações constatadas no cotidiano dos educandos e na
prática da Geografia Escolar, emerge a idéia para a vivência desse projeto que passa a
ganhar de forma gradual consistência entre os educadores. A discussão coletiva e a
integração do grupo no processo de construção do projeto começa a sinalizar as
possibilidades do diálogo no envolvimento do trabalho e a contribuição dos diversos
componentes curriculares para o estudo em tela. Posteriormente, se prosseguiu com a
apresentação e implementação do projeto à comunidade escolar e divisão dos discentes em
grupos de trabalho que passam a contar com a orientação e apoio dos respectivos
educadores.
b) Operacionalização do estudo do meio e a saída de campo:
De posse da proposta de trabalho, previamente construída pelos vários segmentos
da escola, procurou-se vivenciá-la no transcurso do segundo semestre, entre os meses de
julho a novembro do ano letivo de 2009. O levantamento cartográfico da região, além do
bibliográfico sobre os diversos temas selecionados pelos grupos de trabalho para cada
componente curricular e a contínua orientação dos educadores, tornaram-se a base preliminar
para a fundamentação e consolidação do estudo do meio.
Entretanto, o momento de organizar a saída ao campo desperta e motiva os
aprendizes no sentido de romper com a rotina da sala de aula, proporcionando o
conhecimento de novos saberes espaciais e culturais através da investigação da realidade, e
ainda a constatação “in loco” das hipóteses construídas e informações obtidas por meio das
consultas realizadas em livros, artigos, revistas, jornais, fotos, gráficos, tabelas, internet,
documentários e outros recursos.
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A realização desta etapa ocorreu no período de 28 de outubro a 01 de novembro,
sendo o primeiro dia reservado apenas para o cumprimento do roteiro de Nossa Senhora do
Ó a Petrolina. O trecho percorrido num tempo médio de 15 horas no sentido Leste – Oeste,
em sua maior parte durante o dia, proporcionou ao grupo uma visão geral das mesorregiões
do litoral, agreste e sertão de Pernambuco. Paradas estratégicas para observação, registro, e
o estabelecimento de analogias e comparações dos aspectos de ordem geomorfológica,
ambiental, climatológica, econômica e social, além da fauna e da flora, tornaram-se
importantes para que os alunos pudessem instigar a curiosidade, motivação e o gosto pela
pesquisa.
Oportunamente, entre os dias 29 e 31 de outubro, cumpriu-se integralmente o
cronograma de trabalho e o roteiro definido pelo grupo de educadores, nas cidade de
Petrolina e de outras que circundam o Rio São Francisco, pelo que expomos:

Cidade de Petrolina: Petrolina Antiga, Catedral, Orla, Museu do Sertão, Ilha do
Rodeadouro, Ateliê de Ana das Carrancas, Centro dos Artesãos de Petrolina e
Bodódromo;

Fazenda Milano em Terra Nova - BA;

Cidade de Juazeiro – BA

Barragem de Sobradinho - BA.
É prudente destacar durante a estada na cidade de Petrolina, o importante papel
desenvolvido pelos alunos, subdivididos em grupos de sensibilização, coordenação e
avaliação. O primeiro teve como objetivo a preparação do coletivo através de dinâmicas de
integração no início de cada manhã, para a realização das atividades que seriam
desenvolvidas durante o dia. Já o segundo grupo, apoiava os professores orientadores na
condução dos trabalhos, organização e disciplina do grupo. Por fim, o último grupo realizava
sempre ao final de cada dia de trabalho uma avaliação das atividades, motivando a todos na
superação das dificuldades e dos problemas enfrentados do transcurso da programação.
Após três dias de intenso e exaustivo trabalho, o retorno aconteceu no início da manhã do
quinto dia, com a chegada em Nossa Senhora do Ó ao final da noite.
No transcurso do trabalho de campo, os integrantes de cada equipe realizaram
entrevistas, utilizaram mapas, textos, croquis, roteiro e proposta de trabalho, equipamentos
audiovisuais para registro, e outros recursos de imenso valor didático - pedagógico.
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c) Consolidação dos conhecimentos no ambiente da sala de aula:
Este momento foi muito significativo por se constituir num espaço onde cada
grupo de trabalho apresentou e discutiu o resultado de suas observações, para, em conjunto
as intervenções dos professores, possibilitar a implementação dos conhecimentos numa visão
cientifica.
d) Culminância do Projeto:
Após a atividade no campo, a construção do Seminário Temático foi a fase que
mais mobilizou os alunos, pois gerou expectativas na organização dos novos saberes,
promoveu um maior envolvimento e discussão na utilização das múltiplas linguagens a exemplo
da oral, textual, musical, matemática, cartográfica e audiovisual, exigindo a revisitação a
algumas fontes para melhor fundamentação bibliográfica do trabalho. Na ocasião, o Seminário
aberto a toda comunidade escolar realizou-se no dia 07 de dezembro, das 8h às 12h, no
Auditório da Escola Frei Otto, contando com a presença dos pais, coordenadores
pedagógicos, alunos, professores orientadores e visitantes oriundos de Escolas da
Comunidade local. Como forma de promover o incentivo à realização de atividades dessa
natureza e motivá-los a continuidade da proposta de trabalho no ano seguinte, houve também
a participação dos alunos da 2ª série do Ensino Médio.
No propósito de assegurar a construção do conhecimento numa perspectiva multi
e interdisciplinar, as temáticas foram apresentadas a partir de cada componente que integra o
currículo escolar, sem perder de vista a sua especificidade, pelo que expomos:
- Língua Portuguesa: A Biografia de “Ana das Carrancas, a dama do Barro”.
-Língua Estrangeira: “Welcome a Petrolina!”.
- Educação Física: “Recreação e Lazer com Qualidade de Vida”.
- História: “Caminhando pela história de Petrolina”
- Sociologia: “A questão da terra e os Movimentos Sociais na região”.
- Geografia: O Potencial Econômico e Social do São Francisco e suas implicações na
região, através do tema “As múltiplas faces do Rio São Francisco”.
- Matemática: “Indicadores socioeconômicos das cidades de Petrolina e Juazeiro”.
- Química: “A produção de vinhos no Vale do São Francisco”.
- Fisica: “Do Litoral ao Sertão”, abordando distâncias, tempo e velocidade média
percorrida, além da produção de energia na barragem de Sobradinho.
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- Biologia: “Adaptações da fauna e flora no ambiente sertanejo”.
e) Avaliação: A prática avaliativa de modo contínuo e sistemático no desenvolvimento dos
processos de ensino e aprendizagem possibilita a identificação das fragilidades encontradas
durante o percurso e sua superação por meio do redirecionamento das ações no fazer
pedagógico. A esse respeito, propala Luckesi (1995), a necessidade de verificar as falhas,
compreender as causas e propor soluções, para mudar a situação que dificulta o êxito da
ação educativa.
Acreditando nesta forma de organização do trabalho docente, os
educadores acompanharam atentamente o desenrolar de toda a caminhada inventando e
reinventando cada momento do projeto, no sentido de gradualmente contribuir para o
monitoramento das ações e a construção coletiva da autonomia pedagógica.
Nesta perspectiva, considerou-se como critérios avaliativos a motivação,
interesse, envolvimento, integração e participação do grupo nas atividades desenvolvidas
durante toda a sua vivência, além da apresentação do Seminário e produção do material em
forma de
documentários,
power point, painel coletivo e relatório final. Importa ainda
destacar outros critérios observados na apresentação dos discentes, a exemplo da
criatividade, segurança nas argumentações, a interdisciplinaridade, aprofundamento cientifico
do tema pesquisado, para os quais o olhar dos educadores estavam direcionados para os
resultados de uma aprendizagem significativa, com ênfase primordialmente nos seus aspectos
qualitativos.
4 – RESULTADOS:
Não há duvida que a vivência do estudo do meio através do projeto
“Redescobrindo o Sertão Nordestino” numa perspectiva interdisciplinar, possibilitou o
estudo de temas das diversas áreas do saber e o desenvolvimento de atividades pedagógicas
no currículo escolar, proporcionando a produção do conhecimento de forma dinâmica e
criativa em diferentes situações didáticas, além de favorecer a construção de procedimentos,
atitudes e valores por meio da leitura e compreensão crítica do ambiente sertanejo.
O estudo do meio reside ainda no fato de propiciar aos educandos o
momento e os meios para
que ele possa descobrir novos
elementos
naquilo que
lhe parecia “normal” ou “natural”, de
forma que se sentirá instigado a entender esses elementos e, ao fazê-lo
iniciará uma releitura (ampliada) do mundo (GOTETTEMS, 2006, p.57)
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Partindo
dessa
premissa,
esse
projeto
fez
realçar
os
parâmetros
teórico-metodológicos da prática educativa escolar, numa dimensão cientifica, voltando-se
fundamentalmente para:
- a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos e a construção de novas formas de
conhecimento;
- a observação, o entendimento e a análise crítica da realidade social na qual está inserida e
com a qual está se confrontando;
- a visualização de problemas socioespaciais e suas possíveis soluções;
- abordagem integrada da realidade nas dimensões biofísica, histórico-cultural e
socioeconômica;
- construção de habilidades e competências a partir da vivência e estudo dos conteúdos
curriculares nas dimensões cognitiva, atitudinal e procedimental;
- participação ativa e dinâmica dos estudantes e envolvimento significativo em todas as etapas
do projeto;
- ruptura com o esquema tradicional e compartimentado do ensino por componente
curricular;
- ação de construção do conhecimento pela investigação própria dos educandos;
- utilização de várias linguagens e recursos das novas tecnologias da informação pelos
discentes no decorrer da pesquisa e na culminância do trabalho;
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- maior integração entre professores, estudantes, coordenadores pedagógicos, equipe
gestora e familiares, desenvolvendo valores de solidariedade, respeito e autoconfiança;
- desenvolvimento das múltiplas inteligências e a melhoria dos processos de ensino e
aprendizagem.
Diante das constatações observadas, através da operacionalização deste trabalho
foi possível compreender o valor pedagógico e cientifico do estudo do meio como uma
possibilidade de reorganização e fortalecimento da prática educativa no âmbito da escola,
estabelecendo ainda uma maior integração entre os sujeitos que constituem a comunidade
escolar.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O trabalho em pauta suscitou entre tantos outros aspectos, o que há de mais
valioso em todo o processo educativo: a aprendizagem significativa. É a partir desta prática
que professores e alunos adquirem a consciência de seu papel de sujeitos do fazer
pedagógico, pensando de modo dialético o mundo em que vivem com seus conflitos e
contradições.
O estudo do meio é um dos métodos que pretendem apreender o espaço
em suas múltiplas dimensões; a sua historicidade, as relações que
determinado espaço mantém com outros e as problemáticas vividas
pela população em práticas efetivadas nas escolas (VESENTINI, 2004,
p.267)
Inegavelmente, proporciona ao estudante situações em que ele é estimulado a novas
descobertas, a construção de novos saberes e ao desenvolvimento de habilidades e
competências que o tornarão um ser crítico e participativo, agente de transformação social.
Por isso, é preciso romper com os velhos paradigmas ainda impregnados na cultura escolar,
servindo apenas para reafirmar o desejo por uma prática neutra, sem vida e pautada,
sobretudo, na memorização e reprodução do conhecimento.
Em suma, o trabalho com o estudo do meio em qualquer nível da educação básica,
procura romper com o modelo centrado na compartimentação do saber, evidenciando temas
que extrapolam os limites da sala de aula para viabilizar a compreensão da totalidade.
Demandam dos agentes envolvidos um esforço coletivo na busca de diferentes campos e
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fontes de informações, numa abordagem mais condizente com a natureza dos fenômenos
estudados, a época em que vivemos e com o próprio desenvolvimento cognitivo e pessoal
dos aprendizes.
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