UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL DISCIPLINA: SEMINÁRIOS APLICADOS MECANISMOS DE ADESÃO E INVASÃO POR MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS Gisely Lázara Prado Santos Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita GOIÂNIA 2011 ii GISELY LÁZARA PRADO SANTOS Mecanismos de Adesão e Invasão por Microrganismos Patogênicos Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de PósGraduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível:Mestrado Área de Concentração: Sanidade, Higiene e Tecnologia de Alimentos Linha de Pesquisa: Higiene, ciência, tecnologia e inspeção de alimentos Orientador: Prof. Dr. Albenones José de Mesquita - EVZ/UFG Comitê de Orientação: Profª. Drª. Cíntia Silva Minafra e Rezende-EVZ/UF Prof. Dr. Francisco de Carvalho Dias Filho- EVZ/UFG GOIÂNIA 2011 iii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................5 2 REVISÃO DE LITERATURA .....................................................................................7 2.1 Mecanismos de aderência .....................................................................................7 2.2 Estruturas associadas à adesão ............................................................................7 2.2.1 Cápsula bacteriana .............................................................................................7 2.2.2 Pili ou Fímbrias ...................................................................................................8 2.2.3 Pili Chaperone-Usher ..........................................................................................9 2.2.4 Pili tipo IV .......................................................................................................... 10 2.2.5 Curli .................................................................................................................. 12 2.2.6 Adesinas Timéricas Autotransportadoras .......................................................... 12 2.2.7 Pili em bactérias Gram-positivas ....................................................................... 13 2.2.8 Adesinas ........................................................................................................... 13 2.2.9 Tir: Receptor celular codificado EPEC e EHEC ................................................. 14 2.3 Mecanismos gerais de invasão ............................................................................ 14 2.3.1 Mecanismo de zíper .......................................................................................... 16 2.3.2 Mecanismo de gatilho ....................................................................................... 16 2.4 Estratégias invasivas Moleculares de Salmonella, Shigella, Yersinia e Listeria .... 17 2.4.1 Yersinia ............................................................................................................. 17 2.4.2 Salmonella ........................................................................................................ 17 2.4.3 Shigella ............................................................................................................. 18 2.4.4 Listeria .............................................................................................................. 18 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 20 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21 iv LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Estruturas celulares da bactéria.............................................................8 FIGURA 2 Pili bacteriano ou estruturas adesivas Pilus-like e alvos do hospedeiro ...............................................................................................................................11 FIGURA 3 Mecanismos usados por bactérias para invasão em células...............15 FIGURA 4. Mecanismo de entrada do patógeno no interior das células eucarióticas, mecanismo de gatilho ―trigger‖..........................................................17 FIGURA 5. Mecanismo de invasão celular de Listeria monocytogenes................19 5 1 INTRODUÇÃO A capacidade das bactérias de aderirem, invadirem, estabelecerem e multiplicarem nos tecidos é um aspecto essencial da patogenicidade bacteriana e, para que isto ocorra, muitos patógenos invasores exploram mecanismos do hospedeiro com a intenção de induzir sua própria internalização (LUCK & BENNET-WOOD,2005; USMAN et. al, 2008). Quando o patógeno invasor encontra pela primeira vez o hospedeiro, sua capacidade de estabelecer rapidamente uma interação de alta afinidade com as células eucarióticas é decisiva para o destino da infecção (COSSART & SANSONETTI, 2004). Para o estabelecimento e a manutenção de uma infecção, as bactérias patogênicas têm procurado estratégias variadas com fim de penetrar nas células do hospedeiro. Assim a adesão inicial à célula do hospedeiro é um dos passos mais importantes na patogênese bacteriana (KRACHLER & ORTH, 2011). O termo adesão celular abrange muitos mecanismos que são conservados a partir de eucariontes unicelulares para os mamíferos superiores. Organismos unicelulares dependem de adesão às superfícies extracelulares para a movimentação. Organismos multicelulares fazem uso da adesão celular para mover, comunicar, diferenciar ou formar epitélios e órgãos (CITI & CORDENONSI, 1998). Adesão celular pode ditar o destino de uma determinada população de células e, portanto, é essencial para a vida. Vários tipos de adesão celular têm sido caracterizadas e podem ser agrupados em duas classes principais: adesão célula-matriz e adesão célula-célula. Adesão célula-matriz é mediada principalmente por proteínas pertencentes à família das integrinas, que são transdutores mecânicos da membrana, cuja especificidade para o dado ligante é devido a sua capacidade de heterozimerização (CITI & CORDENONSI, 1988; CAMPBELL & HUMPHRIES, 2011). Adesão célula-célula representa um mecanismo mais complexo que pode ser dividido em diferentes tipos de interações, todas caracterizadas por proteínas específicas com diferentes finalidades (CAVALLARO & CHRISTOFORI, 2004; HARTSCOK & NELSON, 2008). 6 COSSART & SANSONETTI (2004) descreveram que a internalização microbiana em células fagocíticas, assim como células epiteliais e endoteliais. O processo ocorre através de dois mecanismos diferentes, o primeiro envolvendo rearranjos no citoesqueleto de actina das células hospedeiras como um mecanismo de zíper, sendo responsável pela formação de saliências nas células em contato com o patógeno, como por exemplo a Escherichia coli EPEC. O outro é um mecanismo de gatilho envolvendo a formação de uma irritação na membrana em volta dos patógenos. A complexidade das ferramentas usadas pelas bactérias para adesão celular e invasão e sua grande diversidade torna a tarefa de análise e comparação mais difícil. Assim, o conhecimento detalhado dos mecanismos de adesão e invasão de microrganismos patogênicos proporciona uma maior compreensão da colonização bacteriana das superfícies e múltiplos pontos de intervenção na infecção bacteriana. Diante do exposto tem a presente revisão o propósito de mostrar como desenvolvem os mecanismos e as principais diferenças e particularidades entre as diferentes categorias de microrganismos. 7 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Mecanismos de aderência Vírus, bactérias e parasitas aderem às células hospedeiras para evitar sua depuração e a maioria destes são posteriormente internalizados para encontrar um ambiente adequado para sobrevivência e replicação, longe das defesas imunológicas do hospedeiro (PIZARRO-CERDÁ & COSSART, 2006). A adesão bacteriana tem sido descrita como o balanço de interações físico-químicas atrativas e repulsivas entre as bactérias e superfícies. A natureza adesiva das bactérias é devida à vários recursos de sua membrana externa, como pili, flagelos, proteínas e lipopolissacarídeos (LPS) em razão disto a respostas das células do hospedeiro ao processo de adesão é variável de acordo com o tipo de bactéria e a célula (CAMESANO & LOGAN, 2000; WALKER et al.,2004;TRABULSI & ALTERTHUM, 2008). Todos os tipos de adesão celular são mediados por adesinas, proteínas de transmembrana com um domínio extracelular envolvido no reconhecimento e interação ligante, e um domínio intracelular que traduz sinais após para a reorganização do citoesqueleto da célula e outros eventos. Adesinas são transdutores mecânicos e sua ativação desencadeia rearranjos de actina importantes, geralmente mediados pelas famílias Rho e Ras de pequenas GTPases. Existem vários tipos de adesinas, de acordo com o tipo de bactéria (PEREZ-MORENO et. al, 2003; TRABULSI & ALTERTHUM, 2008). No entanto a adesão das bactérias não é somente governada por forças de longo alcance, tais como interações eletrostáticas, mas também por forças de curto alcance como Van de Waals, ligações ácido-base, ligações de hidrogênio e interações bioespecíficas (FLETCHER, 1996). 2.2 Estruturas associadas à adesão 2.2.1 Cápsula bacteriana 8 A cápsula de polissacarídeos (FIGURA 1) representa a camada mais externa da célula que media as interações entre a bactéria e seu ambiente de contato. No caso de superfícies abióticas, tem sido demonstrado que a camada de polissacarído extracelular (EPS) pode promover a formação de biofilmes e estimular a agregração inter-espécies e na superfície reforçando assim a colonização de uma variadade de nichos ecológicos (WILSON, 2002). FIGURA 1. Estruturas celulares da bactéria FONTE: http://flachciencias.blogspot.com/2011/03/celula-bacteriana.html 2.2.2 Pili ou Fímbrias Os termos ―fímbria‖ e pili são utilizados indistintamente, sendo o primeiro o mais comumente usado. São organelas parecidas com pêlo (Figura 1), cuja função é conectar as bactérias a uma superfície. Podem ser usados como apêndices para a transferência de material genético durante a conjugação bacteriana. Identificadas inicialmente em microrganismos Gram-negativos tais como Escherichia coli, estas estruturas filamentosas compreendem uma haste ancorada na membrana bacteriana exterior e um fator de aderência bacteriano ou, adesina, localizado na sua extremidade. Este fator confere especificidade de ligação (PIZARRO-CERDÁ & COSSART, 2006). Estruturas bacterianas de adesão à superfície, especialmente adesinas bacterianas, pili, ou fímbria, em Gram-negativos têm sido, historicamente, as predominantemente estudadas. No entanto, ao longo dos anos, um grande 9 número de proteínas monoméricas ligadas à adesão da superfície também foram identificadas (FRIBERG et. al, 2008). Mais recentemente bactérias Gram-positivas têm mostrado que também possuem pili, e os mecanismos pelos quais essas organelas são montadas, bem como sua contribuição para adesão, invasão e estabelecimento da doença são assuntos novos e que necessitam de investigação. 2.2.3 Pili Chaperone-Usher A biogênese e a regulação de adesinas bacterianas têm sido estudadas em detalhe para vários patógenos (KLINE et al, 2009). Umas das primeiras caracterizadas e melhor fímbria foi a (P) pilus, expressada pelas cepas de E. coli que colonizam o trato urinário a subsequentemente infectam os rins,causando pielonefrite, também conhecida como E. coli uropatogênica ou UPEC. P pili são codificados pelo agrupamento de genes pap, que contem reguladores, bem como de genes biosintéticos para subunidades da fímbria, acompanhantes de proteína e âncoras da membrana externa. P pilibiogênense é o modelo do caminho ―chaperone/Usher‖ (Figura 2), em que o acompanhante PapD periplásmico transporta cada uma das subunidades pilus para o conjunto plataforma/usher da membrana exterior PapC, que por sua vez facilita a translocação bacteriana para a subunidade da superfície (THANASSI et al., 1998). A PapD liga subunidades pilus para impedir a sua agregação no espaço periplásmico na hora errada e catalisa subunidades para prepará-las para a montagem (BANN et al. 2004). P pili liga-se através da adesina PapG à porção α-D-galactopiranosil-(1-4)-β-D galactopiranosídeo de glicolipídeos das células do trato urinário superior. Variantes PapG reconhecem diferentes Galα-(1-4)Gal relacionadas a receptores distribuídos de forma diferente dentro dos tecidos do hospedeiro e dentro da população do hospedeiro, então a expressão diferencial das adesinas do PapG direciona a especificidade do tecido e do hospedeiro (HULTGREN et al..1991) O conjunto ordenado de pili tipo 1 e P-pili têm sido descrito em detalhe molecular e forma o modelo para a via chaperone-usher de formação do pilus. 10 Este caminho envolve a secreção de subunidades estruturalmente incompletas de pilin através da membrana citoplasmática via SecA/Y, a conclusão da dobra pilin pela interação com um acompanhante periplásmico, e a polimerização de subunidades pilin através de uma membrana externa Usher ou translocador através de um processo no qual o pilin de entrada substitui o acompanhante para completar a dobra por complementação da vertente do doador. A menbrana externa Usher (portadora) existe como uma estrutura de poros gêmeos em que um deles é utilizado para secreção da subunidade e o outro é ligado para a secreção (REMAUT et al., 2008). Propõe-se que dois ushers (portadores) facilitam a ligação reiterativa dos complexos subunidade/ acompanhante em um Usher. As atuais adesinas FimH e PapG, respectivamente, acabam na extremidade distal pois o complexo chaperonaadesina tem maior afinidade com a membrana externa Usher (REMAUT et al., 2006; REMAUT et al., 2008). Um grande número de adesinas e pilus de organismos entéricos são montados através da via chaperone-usher, incluindo o fator de colonização e antígenos expressados por E. coli enterotoxigênica (ETEC) (POOLE et al., 2007) e adesina Dr fimbrial da uropatogênica (UPEC) (PIATEK et al., 2005). 2.2.4 Pili tipo IV CRAIG et al. (2004) relataram que há muito interesse focado no estudo do Pili tipo IV (Figura 2), que constitui uma outra categoria de estrutura polimérica de superfície adesiva expressa por muitas bactérias Gramnegativas, incluindo patógenos como E. coli EPEC, E. coli EHEC, Salmonella enterica sorovar Typhi, Pseudomonas aeruginosa, Legionella pneumophila, Neisseria gonorrhoeae, Neisseria meningitis e Vibrio cholerae. Segundo KLINE et al. (2009) o Pili tipo IV também é expreso em patógenos Gram-positivos tais como Clostridium perfringens e Streptococcus sanguis. RAMBOARINA et al. (2005) é descreveram que o Pili tipo IV é essencialmente composto de um homopolímero e uma subunidade pilin, como a PilA em P. aeruginosa e PilE em Neisseria spp., bundlin na EPEC ou TcpA 11 em V. cholerae. Compõe também de uma subunidade adesiva localizada na ponta de alguns pili, por exemplo no PilC em Neisseria spp. Proteínas do pili tipo IV são constantemente translocadas através da membrana interna como pré-pilins, quando esta membrana pré-pili peptidase reconhece e cliva uma sequência líder N-terminal conservada, liberando um pili peptídeo maduro. Avaliações do protótipo neisserial pili tipo IV indicam que, depois dos monômeros pilin serem liberados da membrana interna, o pilus é montada no periplasma por um mecanismo desconhecido que requer uma ATPase e quatro proteínas adicionais de função também desconhecida (CARBONNELLE et al., 2005; CARBONELLE et al. 2006). Uma poro secretina extra-membrana é necessária para a translocação do pilus à superfície da célula. Pili de Neisseria gonorrhoeae tem duas modificações pós-translacionais na superfície exposta e regiões antigenicamente variáveis da estrutura pili: uma fosfocolina O-ligado ou fosfoetanolamina em uma glicolisação o-ligado (HANSEN & FLORESTA, 2006). Estudos primários em células epiteliais cervicais mostram que o domínio I das integrinas interage com pili da N. gonorrhoeae, e essa interação é necessária para a adesão e invasão (EDWARDS & APICELLA, 2005). Neste sentido, VIK et al.(2009) apontaram que a presença e as características de adesinas bacterianas glicosiladas estão se tornando cada vez mais aceitas. 12 FIGURA 2. Pili bacteriano ou estruturas adesivas Pilus-like e alvos do hospedeiro FONTE: Adaptado de KLINE et al., 2009. 2.2.5 Curli KLINE et al. (2009) relataram que alguns patógenos e microrganismos comensais entéricos tais como E. coli e Salmonella spp expressam substâncias amilóides adesivas. Estas estruturas, chamadas fímbrias curli ou fímbrias finas agregadoras, são formadas em um processo de nucleação dependente em que a proteína da subunidade principal, CsgA, é secretada através da membrana interna via Sec. É secretada também através da membrana externa via um poro multimérico da membrana externa CsgG em forma solúvel, mas sofrem uma mudança conformacional quando interagem com uma subunidade da superfície ligada relacionada CsgB para formar fibra amilóides insolúveis (Figura 2). 2.2.6 Adesinas Timéricas Autotransportadoras Segundo HOICZYK et al. (2000) e SERUTO et al. (2009) um número crescente de adesinas de proteobactérias Gram-negativas como Yersinia enterocolitica, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae pertencem à família de adesinas timéricas autotransportadoras (TAA). A secreção de cada autotransportador se inicia com a translocação Sec dependente através da membrana interna. Posteriormente o domínio transportador de cada uma das três subunidades se insere na membrana externa para formar um translocador, que permite autotransporte de domínios passageiros ligados através da membrana externa (Figura 2). O TAAs mediam a interação bacteriana com as células do hospedeiro ou com as proteínas da matriz extracelular, em alguns casos, podem induzir a invasão de células-alvo (GIRARD & MOUREZ, 2006; SCARSELLI et al., 2006). 13 2.2.7 Pili em bactérias Gram-positivas Pili em bactérias Gram-positivas foram descritos pela primeira vez em Corynebacterium renale por YANAGAWA et al., (1968), mas recentemente foi observado em muitos microrganismos Gram-positivos potencialmente patogênicos tais como, Corynebacterium diphtheriae, Streptococcus agalactiae, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Enterococcus faecalis, e Actinomyces naeslundii, entre outros. Ao contrário dos pili em bactérias Gram-negativas, os pili em Gram-positivos são compostos de subunidades ligadas covalentemente. Depois da secreção mediada por Sec das pili, as transpeptidases chamadas de outros e, sortases ligam os monômeros pilin uns aos eventualmente, transferem peptidoglicano da da célula o pilus para (Figura 2) a camada (MANDLIK et al., de 2008; PROFT & BAKER, 2009; SCOTT & ZAHNER, 2006). Assim como em bactérias patogênicas gram-negativas, o pili das grampositivas parece desempenhar um papel importante na adesão à superfície do hospedeiro. No caso do patógeno bucal Strepotococcus parasanguis, a subunidade distal FlimA promove adesão. O Actinomyces spp, outro patógeno bucal, liga moléculas salivares ricas em prolina e tecidos da mucosa através da fimbria tipo 1 e tipo 2, respectivamente (TON-THAT & SCHNEEWIND, 2004). 2.2.8 Adesinas Além de pili e fímbrias, existe uma infinidade de diferentes adesinas bacterianas não poliméricas e que reconhecem diferentes elementos da superfície da célula hospedeira, incluindo componentes da matriz extracelular, como colágenos, lamininas, elastina, proteoglicanos e ácido hialurônico. Glicoproteínas adesivas como vitronectina, fibrinogênio e, especialmente fibronectina também são reconhecidos por muitas espécies diferentes de bactérias. Receptores de membrana de adesão integral do hospedeiro, como integrinas, caderinas, selectinas e CEACAMs, são receptores de muitos patógenos para adesão, e, algumas vezes, para invasão das células (KLINE et al. 2009). 14 2.2.9 Tir: Receptor celular codificado EPEC e EHEC Além de pili e fimbrias, as EPEC e EHEC desenvolveram um sistema original de adesão bacteriana em que a bactéria proporciona tanto o ligante quanto o receptor. Elas induzem uma lesão característica conhecida como ―attaching and effacing‖ (ligando e apagando) ou A/E. Após a ligação íntima com células epiteliais do intestino através de suas adesinas e formando pili, as bactérias induzem o ―apagamento‖ das microvilosidades de absorção e acumulação locais do citoesqueleto do hospedeiro, levando à formação de estruturas semelhantes à um pedestal sobre o qual estas ficam. As moléculas necessárias para induções das lesões A/E são codificadas em uma região conhecida como lócus de apagamento do enterócito (LEE), que a codifica para um sistema de secreção do tipo III (TTSS) (PIZARRO-CERDÁ & COSSART, 2006). Uma das proteínas efetoras do TTSS das EPEC / EHEC é o Tir (Receptor de intimina translocado), que é injetado nas células do hospedeiro e, em seguida, é inserido na sua membrana, onde funciona como um receptor para outra molécula LEE codificada, a proteína intimina da membrana externa (KENNY et al., 2002). Tir é até agora o único exemplo de um receptor bacteriana que é codificado pela bactéria em si (DENG et al., 2001). 2.3 Mecanismos gerais de invasão O meio extracelular pode ser um ambiente hostil a que os patógenos são submetidos além do estresse físico (como pH baixo, tensão de cisalhamento imposta pelo fluxo de secreções mucosas ou sangue), aos vários mecanismos de defesa do hospedeiro, sendo que as suas células podem responder de diversas formas à invasão. Normalmente produzem citocinas e prostaglandinas causando a morte celular por necrose ou apoptose (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008; KLINE et al., 2009). Muitas espécies de bactérias evoluíram suas estratégias moleculares para induzir efetivamente a entrada em células-alvo para sua replicação e/ou disseminação para os tecidos de outro hospedeiro. A invasão pode prosseguir pelo envolvimento direto dos receptores da superfície da célula hospedeira ou 15 por translocação direta de proteínas bacterianas no citosol da célula, que ira promover rearranjos na estrutura da membrana plasmática, induzindo o engolfamento do patógeno (KLINE et al., 2009). A invasão envolve a entrada direta das células epiteliais de uma membrana mucosa ou passagem entre elas resultando na invasão dos tecidos mais profundos. Porém é importante ressaltar que nem todos os patógenos invadem; Vibrio cholerae, por exemplo, causa a doença por meio da produção de toxinas no lúmen intestinal (USMAN et. al, 2008). O processo de invasão ocorre principalmente por duas estratégias: Uma por meio de fagocitose por células especializadas ou pela interação com receptores na superfície das células não-fagocíticas. A fagocitose é um processo normal do organismo, mediada pelo sistema de defesa. Para invasão nas células não fagocíticas tais como células epiteliais do intestino, alguns patógenos microbianos expressam proteínas de superfície, chamadas invasinas, capazes de ligar aos receptores eucarióticos de superfície frequentemente envolvidos em adesão célula-matriz e célula-célula (COSSART & SANSONETTI, 2004; PIZARRO-CERDÁ & COSSART, 2006; TRABULSI & ALTERTHUM, 2008). Existem duas estratégias de invasão diferentes as quais são o mecanismo de zíper e o mecanismo de gatilho ―trigger‖. 16 FIGURA 3. Mecanismos usados por bactérias para invasão em células. (A) Mecanismo de zíper usado por Yersinia e Listeria. (B) Mecanismo de gatilho usado por Salmonella e Shigella. FONTE: Adaptado de COSSART & SANSONETTI, 2004 2.3.1 Mecanismo de zíper Ireton & Cossart (1998) descreveram o mecanismo conhecido como ―zíper‖ no pelo qual a bactéria progressivamente vai penetrando na célula até que seja totalmente internalizada. Yersinia pseudotuberculosis e Listeria monocytogenes aproveitam a proteína de adesão celular como receptores para invasão de células de mamíferos (Figura 3A). Assim, segundo COSSART & SANSONETTI, (2004) a invasão pode ser dividida em três etapas sucessivas: Contato e aderência. Etapa independente do citoesqueleto de actina que envolve apenas a ligante bacteriana e o seu receptor. Isso leva à aglomeração do receptor. Formação de corpo fagocíticos. Etapa desencadeada pelos sinais transitórios que ocorrem após formação dos primeiros complexos liganterecepetor e propagação em todo microrganismo invasor. Estes sinais induzem a polimerização de actina e extensão da membrana Encerramento do corpo fagocítico, e retração e despolimerização da actina. 2.3.2 Mecanismo de gatilho O mecanismo de gatilho ou ―trigger‖ (Figura 4) é caracterizado por um plissado massivo ou ―ruffling‖ da membrana e rearranjos de actina nos locais de invasão, ele envolve a formação de uma irritação na membrana em volta dos patógenos(COSSART & SANSONETTI, 2004). No caso da Salmonella, usando um sistema de secreção tipo III (TTSS) codificado por um lócus cromossomal da ilha de patogenicidade 1 (SP-1) (COLLAZO & GALAN, 1997), um conjunto de proteínas efetoras bacterianas é translocado para o interior das células hospedeiras, manipulando a dinâmica da actina do hospedeiro e das 17 vias de sinalização intracelular, para promover ampla reorganização do citoesqueleto de actina que culmina na entrada da bactéria (PATEL & GALAN. 2005) FIGURA 4. Mecanismo de entrada do patógeno no interior das células eucarióticas, mecanismo de gatilho ―trigger‖. FONTE: Adaptado de ALONSO & PORTILLO, 2004 2.4 Estratégias Moleculares Invasivas de Salmonella, Shigella, Yersinia e Listeria 2.4.1 Yersinia O mecanismo de invasão da Yersinia é do tipo zíper. A invasina da membrana externa da Yersinia interage com os receptores β1 (proteína transmembrana pertencente à família integrina) e promove a ativação do RhoGTPase Rac1, o que indiretamente modula o metabolismo do fosfatidilinositol para induzir rearranjos de actina no local de entrada de bactérias, promovendo a invasão. Kinases do hospedeiro, como FAK ou Src também participam do processo (PIZARRO-CERDA & COSSART, 2006). 2.4.2 Salmonella A Salmonella é um exemplo de bactéria que utiliza o mecanismo de invasão de gatilho, ela transloca diversos efetores para dentro das células-alvo, alguns deles permitindo a captação inicial da bactéria: SIPC é parte do TTSS e direciona a polimerização de unidades de actina e actina-filamento de 18 agregação. SopE ativa Rho GTPases, promovendo a polimerização de actina e formação de membrana ruffle ; SopB modula o metabolismo inositol-polifosfato, ativando indiretamente o mesmo s Rho GTPase ,como SopE; blocos SipA, um fator de despolimerização da cofilina da actina, favorecendo também a formação de plissado de membrana. SptP desempenha seu papel uma vez que a internalização ocorreu, inativando as Rho GTPases, inibindo a polimerização de actina, e ajudando o fechamento da membrana plasmática das bactérias internalizadas (COSSART & SANSONETTI, 2004;PIZARRO-CERDA & COSSART, 2006). 2.4.3 Shigella Shigella assim como a Salmonella utiliza o mecanismo de invasão de gatilho e também transloca efetores TTSS de diversas em células-alvo para induzir a invasão: o componente de translocação IpaC nucleia a formação de filamentos de actina; VirA estimula indiretamente a Rac1 RhoGTPase favorecendo polimerização de actina (a tirosina quinase do hospedeiro Abl / Arg também ativa indiretamente Cdc42 e Rac1 ) e inibe a polimerização dos microtúbulos. IpgD afeta o metabolismo do fosfatidilinositol e promove a extensão da membrana, diminuindo as interações entre a membrana plasmática e o citoesqueleto de actina; IpaA ativa a proteína do hospedeiro vinculina, induzindo despolimerização de actina e de recuperação da estrutura da membrana plasmática, uma vez que as bactérias são internalizadas COSSART & SANSONETTI, 2004;PIZARRO-CERDA & COSSART, 2006). 2.4.4 Listeria A invasão da Listeria ocorre pelo mecanismo zíper, durante este processo, a membrana da célula eucariótica vai envolvendo a bactéria, provocando alterações leves no citoesqueleto do hospedeiro. Estudos indicam que L. monocytogenes pode reconhecer receptores diferentes nas células eucarióticas, incluindo glicoproteínas transmembrânicas como a E-caderina, receptor de molécula complemento (gC1qR), receptor de 19 fator de crescimento de hepatócitos (Met), além de componentes da matriz extracelular, como as proteoglicanas. (BRAUN et al. 2000; COSSART, 2001; PIZZARRO-CERDA & COSSART, 2006). Os ligantes de L. monocytogenes são principalmente as internalinas A e B (InlA e InlB), que são proteínas de superfície caracterizadas por possuir repetições ricas em leucina (LRR), responsáveis por intermediar a ligação com a célula do hospedeiro (Figura 5) (CABANES et al., 2004). Listeria invade as células-alvo combinando duas vias. Na via InlAdependente, a proteína bacteriana sortase-ancoradas InlA interage com a molécula de adesão celular E-caderina e promove a subversão mecanismos de junção e aderência da célula (incluindo β-e α-cateninas), o que culmina com o rearranjo do citoesqueleto da célula do hospedeiro, resultando na fagocitose da bactéria. A miosina VIIA provavelmente gera a força contrátil necessária para engolfamento bacteriano (COSSART, 2000; SOUSA et al., 2005). Na via InlB da Listeria, a proteína bacteriana que liga a célula à parede InlB interage com o a molécula gC1qR e com o receptor de sinalização Met, que recruta vários adaptadores molecular, e que realizam várias funções, incluindo o recrutamento de um fosfoinositídeo 3- Kinase (PI3K) ,envolvidas na ativação do Rac1 RhoGTPase e a polimerização de actina (SEVEAU et al., 2004). Este processo junto com proteínas Rac e Ccd42, WASP e WAVE (proteínas da síndrome Wiskott-Aldrich) promove a formação e rearranjo de filamentos de actina e conseqüente internalização da bactéria (HAMON et al., 2006) . FIGURA 5. Mecanismo de invasão celular de Listeria monocytogenes FONTE: Adaptado de Pizarro-Cerda & Cossart, 2006. 20 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Bactérias patogênicas possuem uma variedade grande e diversificada de mecanismos de adesão e invasão celular que conseqüentemente permite explorar uma grande quantidade de componentes da superfície da célula hospedeira e possibilitam a ocupação de nichos diferentes dentro do corpo humano.Recentemente, grandes avanços têm sido observados na biogênese, montagem e estrutura do pili, fímbrias, invasinas, e sistemas de secreção do tipo III. Estruturas adesivas novas têm sido descobertas em bactérias Grampositivas, como estreptococos, destacando a diversidade cada vez maior das estratégias utilizadas por bactérias patogênicas para aderir e colonizar os seus hospedeiros. O conhecimento detalhado dos diversos mecanismos de adesão e invasão proporciona uma maior compreensão da colonização bacteriana das superfícies e múltiplos pontos de intervenção na infecção bacteriana. Além disso a compreensão de como as células se comportam frente a um patógeno também pode fornecer respostas a perguntas-chave em biologia celular, tais como a sinalização durante a adesão ou durante uma variedade de outras condições de estresse. Diante do exposto, destaca-se que a as estratégias de adesão e invasão desempenham um papel crucial na fisiopatologia bacteriana e que bactérias encontradas em diferentes habitats têm necessidade de possuir sistemas adaptados ao seu ambiente particular. 21 REFERÊNCIAS 1. BANN, J.G.; PINKNER, J.S.; FRIEDEN, C.; HULTGREN, S.J. Catalysis of protein folding by chaperones in pathogenic bacteria. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA. St. Louis. v.101,n. 50 p.17389–17393, Dez. 2004. 2. CAMESANO, T. A.; LOGAN, B. 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