Sociedade Brasileira de Química (SBQ) Proteínas plasmáticas modulam o efeito hemolítico de nanopartículas de sílica: implicações na nanobiointerface e nanotoxicologia Diego Stéfani T. Martinez (PQ)*, Amauri J. Paula (PQ) e Oswaldo L. Alves (PQ) Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES), Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected] Palavras Chave: nanopartículas, nanotoxicologia, protein corona, toxicidade. Introdução O entendimento da interação entre biomoléculas e a superfície química dos nanomateriais será crucial para o desenvolvimento da nanobiointerface, tanto na direção de aplicações como em estudos toxicológicos. As nanopartículas de sílica mesoporosa (NSM) são promissores sistemas para o armazenamento e transporte de moléculas biologicamente ativas, especialmente, devido sua alta área superficial e versatilidade para modificação química de maneira controlada. Certamente, um desafio para o desenvolvimento da nanobiointerface consiste na aplicação destas NSM no sangue (via intravenosa, por exemplo), pois este é uma mistura altamente complexa, contendo uma gama de proteínas (> 3.000), lipídeos e componentes celulares. A hemácia é a célula mais abundante do sangue, sendo um bom modelo para estudos de citotoxicidade e biocompatibilidade. Assim, neste trabalho estudamos a interação de NSM funcionalizadas com hemácias in vitro (efeito hemolítico), bem como a modulação deste efeito após a interação das partículas com diferentes concentrações de plasma humano. Resultados e Discussão As NSM estudadas apresentam os seguintes grupamentos superficiais: silanol [Si-OH], amina [SiNH2] e fosfonato [Si-P(CH3)O3H], e foram sintetizadas e caracterizadas segundo Paula et al., 1 (2012) . Após o contato com as hemácias (livre de plasma) as NSM estudadas apresentaram efeito hemolítico dependente da quantidade, tempo e superfície química, contudo, este efeito é inibido na 1 presença de proteínas plasmáticas . Nesse sentido, verificamos neste trabalho que é necessária uma baixíssima concentração de plasma humano para inibir e modular este efeito hemolítico (Figura 1). As proteínas plasmáticas que interagiram com as NSM funcionalizadas, na concentração do ED50 obtido e em 55% de plasma (concentração média no sangue), foram identificadas por eletroforese SDSPAGE e quantificadas por análise termogravimétrica (TGA). 36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química Figura 1. Modulação da atividade hemolítica das NSM com diferentes grupamentos superficiais em função da concentração crescente de plasma humano. Foi mantida fixa a concentração de 500 µg/mL de partícula. Conclusões As proteínas do plasma humano inibem a atividade hemolítica das NSM, devido à formação de um revestimento denominado protein corona. Estas biomoléculas plasmáticas modulam a atividade hemolítica das NSM, em baixíssimas concentrações e de maneira dependente da superfície química. Agradecimentos INCT-Inomat, Rede de Nanotoxicologia CIGENANOTOX, CNPq e FAPESP. – __________________ 1 Paula, A.J.; Martinez, D.S.T.; Araújo-Júnior, R.T.; Souza Filho, A.G.; Alves, O.L. J. Braz. Chem. Soc. 2012, 23:10, 1807-1814.