- workshop plantas medicinais

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17 Workshop de Plantas Medicinais do Mato Grosso do Sul/7º Empório da Agricultura Familiar
PN
Estudo químico das folhas de Cinnamomum zeylanicum Blume da
Região Sul de Mato Grosso do Sul
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1
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3
Viviane Mallmann (PG), Lucas W. R. Aragão (PG), Tiago S. Lopes (PG), Ana F. G. da Silva (PQ).
*
[email protected]
1
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rua Emilio Mascoli C. Postal: 275,Cep.79985-000 Naviraí-MS;
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Av. General Gustavo de Farias, S/N
3
Petrópolis Cep. 59012-570 Natal (Rio Grande do Norte); Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, BR 163, Km
20,2, Cep. 79980-000, Mundo Novo/MS.
RESUMO
Sabe-se que por milhares de anos os produtos naturais têm desempenhado um papel importante em todo o
mundo no tratamento e prevenção de doenças, sendo as plantas superiores as que apresentam um maior
histórico de uso. Dentre as famílias mais estudadas atualmente estão as Lauraceaes, da qual de se
destacam os gêneros Nectandra, Ocotea, Cinnamomum, Persea e Aniba. Dada a importância de estudo
nesse campo, desenvolveram-se neste trabalho pesquisas com intuito de identificar os principais grupos
orgânicos presentes num espécime de Cinnamomum zeylanicum Blume, coletado na região Sul de Mato
grosso do Sul. O estudo foi conduzido com extrato bruto etanólico que, posteriormente foi fracionado, os
testes também foram submetidas às partições hexânica, e clorofórmica, apresentando os seguintes
metabólitos secundários alcalóides, cumarinas voláteis, taninos condensados, saponinas, triterpenos,
lactonas, purinas, polissacarídeos, proteínas e aminoácidos, ácidos orgânicos. Com base nos resultados
propõe-se continuidade nas pesquisas, caracterizando e isolando seus compostos para futuros estudos.
Palavras-chave: Cinnamomum zeylanicum Blume, grupos orgânicos, Lauraceaes.
INTRODUÇÃO
Já se sabe que por milhares de anos os produtos naturais têm desempenhado um
papel importante em todo o mundo no tratamento e prevenção de doenças, sendo as
plantas superiores as que apresentam um maior histórico de uso (CHIN et al., 2006).
Calcula-se que cerca de 250 mil espécies de plantas com floração ocorrem em todo o
mundo, dentre essas, 125 mil são encontradas em florestas tropicais, fornecendo
produtos químicos naturais para o desenvolvimento de novos fármacos e representam
uma grande fonte de novas moléculas, visto que apenas 1% tem seu potencial
farmacêutico estudado (JACHAK et al., 2007).
Com o decorrer dos anos o interesse por fármacos originados de plantas
superiores, especialmente as fitoterapêuticas, aumentou expressivamente.
Calcula-se
2
que cerca de 25% dos medicamentos
modernos
são
direta
ou
indiretamente
originados de plantas superiores (FABRICANT et al., 2001). Em casos particulares,
como o de fármacos antitumorais, cerca de 60% dos medicamentos disponíveis no
mercado e a maioria dos que estão na fase final de testes clínicos são derivados de
produtos naturais, principalmente plantas superiores (CALIXTO, 2000; NEWMAN et al.,
2007).
A família Lauraceae é considerada uma das famílias mais primitivas pertencentes à
divisão Magnolyophita. Apresenta grande importância econômica, seja pelo uso da
madeira, na culinária e na medicina popular, entre outros. Na indústria madeireira o
gênero Ocotea é o mais utilizado, mas outros gêneros, como Aniba e Nectandra, também
são úteis para marcenaria e construção civil (MARQUES, 2001). Várias especiarias de
uso popular provêm desta família, por exemplo, louro, canela, cânfora e sassafrás (SIMIC
et al., 2004).
É bastante abrangente o uso etno farmacológico desta família, tanto em relação
aos gêneros utilizados quanto à diversidade de uso das espécies. Os gêneros que se
destacam são Ocotea, Aniba, Cinnamomum, Persea, Nectandra e quanto aos usos,
variam de estomáquicos, tônicos, sudoríficos até antifúngicos e antibióticos, entre outros
(MARQUES, 2001). Entre as atividades biológicas e farmacológicas destacam-se:
citotóxica, anti-inflamatória antifúngica, antinociceptiva e antitumoral (VILLAMIZAR, 2010).
O gênero Cinnamomum (Lauraceae) é constituído por aproximadamente 350
espécies, muitas das quais produtoras de óleo essencial. O valor comercial dos óleos de
Cinnamomum depende da espécie e da parte da planta utilizada (FAO, 1995). Os óleos
essenciais mais importantes no mercado mundial são os obtidos de C. verum
(“cinnamomum bark oil” e “cinnamomum leaf oil”), C. cassia (“cassia oil”) e C. camphora
(“sassafras oil” e “ho leaf oil”). Cinnamomum zeylanicum Blume (Cinnamomum verum J.
S. Presl.), conhecida como “canela-da-índia” e “canela-do-ceilão” é originária de algumas
regiões da Índia e do Ceilão. A parte interna da casca do tronco e dos ramos, representa
a canela do comércio, com vasto uso mundial na perfumaria e na culinária, devido suas
propriedades aromáticas e condimentares além de ser, popularmente, utilizada como
estimulante, tônica, carminativa e antiespasmódica (COSTA, 1975; ALMEIDA,1993).
Deve-se destacar a utilização das “canelas”, Cinnamomum zeylanicum Blume, que
são espécies arbóreas das quais se extrai a casca. Em geral, a maioria das espécies
dessa família são também chamadas de “canela”. Casca e folhas são usadas com
infusão. Na Farmacopeia Brasileira, encontram-se as espécies C. zeylanicum e que é
citada como fitoterápicos. São geralmente usadas na forma de chá, tanto das folhas
3
quanto da casca, para o tratamento de resfriados, porém, a infusão feita com a casca é
considerada um abortivo, o que restringe seu uso. Ela possui um dos óleos voláteis mais
importantes do gênero ao qual está inserida, sendo relatadas atividades antioxidantes,
antimicrobianas e antidiabéticas (JAYAPRAKASHA et al., 2011).
O cultivo de canela em diferentes condições ambientais, afeta a planta
profundamente, de modo que uma mesma espécie ou variedade, cultivada em outro país,
por exemplo, pode diferir daquela obtida de seu país de origem com consequente
variação nas concentrações de suas principais substâncias. Na canela, a constituição
química varia significativamente também em relação às distintas partes da planta, a casca
é rica em aldeído cinâmico e a folha é fonte de eugenol (KOKETSU et al., 1997), logo é
importante o estudo de plantas em varias regiões do pais. Por isso objetiva-se com este
trabalho avaliar qualitativamente a produção de grupos orgânicos de um espécime de
Cinnamomum zeylanicum Blume da região Sul de Mato Grosso do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
Coleta do material e Preparação do extrato
O material vegetal (folhas) foi coletado em Mundo Novo/MS. As folhas
(aproximadamente 800 gramas) foram submetidas à secagem ao ar, posteriormente
moídas e extraídas exaustivamente com etanol, a frio. O extrato obtido foi filtrado e
concentrado sob pressão reduzida até consistência xaroposa, sendo submetido então ao
fracionamento com hexano e clorofórmio, logo foram conduzidos os testes analíticos
qualitativos.
Triagem fitoquímica - Testes analíticos qualitativos
O extrato etanólico bruto das folhas e as frações foram submetidas à triagem
fitoquímica para detecção das principais classes de metabólitos secundários através de
reações químicas que resultam no desenvolvimento de coloração e/ou precipitado,
característico para cada classe de substâncias (SIMÕES et al., 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4
Os testes analíticos revelaram nos extratos das folhas de C. zeylanicum Blume a
presença de alcalóides, cumarinas, taninos, saponinas, triterpenos, lactonas, purinas,
polissacarídeos, proteínas e aminoácidos e ácidos orgânicos e a ausência de flavonóides
e quinonas, representados na Tabela 1.
Tabela 1. Resultados dos testes analíticos realizados no extrato etanólico bruto e frações das
folhas de C. zeylanicum Blume.
Classe de metabólitos secundários
Etanólico Hexânico Clorofórmico
Alcalóides
+++
+++
-
Cumarinas voláteis
+++
+++
-
Flavonoides
-
-
-
Taninos condensados
+++
++
+++
Saponinas
+++
+++
+++
Triterpenos e/ou esteroides
+++
-
++
Quinonas
-
-
-
Lactonas
+++
++
++
Purinas
+++
+++
+++
Polissacarídeos
++
++
-
Proteínas e aminoácidos
+++
+++
-
Ácidos orgânicos
+++
+++
-
+++ fortemente positivo, ++ moderadamente positivo, + fracamente positivo, - negativo.
Pode-se perceber que o extrato que apresenta maior número de metabólitos
secundários é o extrato bruto etanólico, seguido da fração hexânica logo a clorofórmica.
De acordo com estes resultados pode-se explicar o uso medicinal da C. zeylanicum
Blume pela população de Mundo Novo e correlacionar com as atividades farmacológicas
citados na literatura, mas ainda faz-se necessário um estudo mais avançado da planta
caracterizando, isolando e buscando entender a relação de cada grupo orgânico com o
organismo humano.
AGRADECIMENTOS
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, pela disponibilidade do laboratório.
A CAPES pela bolsa.
REFERÊNCIAS
5
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herbal medicines (phytotherapeutic agents).
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Medical and
Biological Research. Vol. 33. No. 2. PP. 179 – 189. 2000.
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Lisboa. P. 295.
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http://www.fao.org/. Acesso: maio/2004.
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Campinas. Vol. 17. No.3. PP. 281 – 285. 1997.
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(Org.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5.ed. Porto Alegre/Florianópolis:
Editora da UFRGS/Editora da UFSC. Cap. 18. P. 475. 2004.
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VILLAMIZAR, V. E. M. Actividad biológica (farmacológica) y/o etnomédica; y compuestos
fitoquímicos aislados de algunas especies de los géneros: Persea, Laurus, Lindera,
Aniba, Phoebe, Nectandra, Cassytha, Cinnamon, Licaria, Ravensara, Pleurothyrium,
Dehaasia, Apollonias y Neolitsia (Lauraceae). Duazary. Vol. 7. No. 1. PP. 130 - 151.
2010.
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