Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso Apresentação Louvado seja Deus, o Único, o Absoluto, Que não teve esposa nem filho, e ninguém se compara a Ele. Que a paz e a graça de Deus esteja com o Seu Mensageiro, Mohammad, que disse: "Eu sou o mais próximo das pessoas a Jesus, filho de Maria." Que a graça de Deus esteja com todos os mensageiros, com os que os seguem devidamente, até o Dia do Juízo Final. Li o livro "A Unicidade de Deus e Mohammad (L\ paz esteja com ele ),na Bíblia Sagrada", da autoria do Cheikh Amin Karam, Imame da mesquita de Lages e achei que foi um esforço louvável, em que reuniu estudos e análises das profecias da Bíblia Sagrada, que indicam que a crença monoteísta é o princípio básico na mensagem dos profetas (que a paz esteja com eles) que profetizaram o advento do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) com a lei islâmica. Utilizar os textos da Bíblia Sagrada como testemunha é coisa rara devido a uma série de considerações, algumas das quais são: A Bíblia Sagrada não constitui uma fonte islâmica devido à crença dos muçulmanos quanto às alterações desses textos, denunciados no Alcorão. Os livros da sunna nos informam que o Profeta (SAAS) encontrou, uma vez, uma folha da Tora na mão de Ômar Ibn AI Khattab, contendo as características de Mohammad e o anúncio de Moisés de seu advento. Quando Ômar quis utilizar aquilo como argumento da autenticidade do Profeta Mohamad, sinais de zanga apareceram no rosto do Profeta (SAAS), que disse: "Deixa a folha de lado, ó Ômar. Não vos trouxe a mensagem cristalina? Por Deus, se Moisés estivesse vivo, não teria outra coisa além de me seguir." Por isso. os muçulmanos se afastaram de analisar a Bíblia Sagrada, satisfazendo-se em crer em sua versão original (a Tora, o Evangelho e os Salmos). A crença na versão original dos Livros Sagrados é uma condição do Islam. Milhares de orientalistas europeus, porém, judeus e cristãos, se puseram a estudar o Alcorão Sagrado e seus significados durante os séculos passados, esperando encontrar nele falhas com as quais pudessem colocar dúvidas na cabeça dos muçulmanos a respeito de seu Livro. O resultado, porém, foi a conversão de muitos deles, que se tornaram pregadores islâmicos, porque o Alcorão Sagrado como o Livro Final dentre os Livros revelados, ajudou-os a entenderem a versão original da Bíblia. O Alcorão abrange as palavras de Deus, Altíssimo, e é a principal fonte islâmica. Foi revelado para esclarecer às pessoas quanto lhes havia sido revelado antes. O Alcorão assumiu essa tarefa ao dirigir-se aos Povos do Livro, discutindo com eles o conteúdo da Tora e do Evangelho. Ele condenou a discriminação dos judeus, pois dizem "Somos os filhos queridos de Deus". O Alcorão, na maioria de suas suratas, confirma que a mensagem de Jesus, filho de Maria (a paz esteja com ambos) foi quanto à adoração ao Deus Único, que a crença na "Trindade" foi introduzida no cristianismo, que Jesus anunciou a vinda de um Profeta, que viria depois dele, de nome Ahmad. O Alcorão também elogiou os discípulos de Jesus por terem sido monoteístas, ou seja, muçulmanos. O texto alcorânico possui um estilo claro e eloquente, desafiando a todos os seres humanos. As inúmeras versões da Bíblia, e a rejeição do Vaticano a algumas delas, o aparecimento de várias seitas modernas dentro da Igreja tem como causa o exagero na compreensão dos Povos do Livro a seu Livro Sagrado. Enquanto pesquisadores em história das religiões trataram das cismas com estudos, análises e conclusões, em milhares de livros, publicados a esse respeito, em várias línguas, livros esses utilizadas nas universidades européias como fontes, os muçulmanos só se puseram a analisar a Bíblia depois que a Europa adotou a cruz como símbolo para invadir os lares dos muçulmanos, seis séculos atrás. A Europa se unificou para isso, utilizando de todos os seus meios para ocuparem as costas sírias, uma parte do Egito, e invadiu Jerusalém, com guerras destruidoras, matando milhares de muçulmanos, não poupando mulheres crianças e idosos. Tudo isso, foi praticado em nome da cruz e o fenômeno de a Europa tornar a matança a invasão e a ocupação um ato religioso, em nome do cristianismo. Cabia aos árabes e muçulmanos corrigirem os erros europeus quanto à compreensão da Bíblia, confirmando-lhe que Je¬sus (a paz esteja com ele) não a ordenou a invasão, a inimizade, a ocupação, a promoção as guerras e a consequente matança de quem acreditava em Deus, pois a mensagem de Jesus se restringia em convocar as pessoas para a adoração do Deus Único. Assumiu essa tarefa de esclarecimento o cheikh Ahmad Ibn Taimiya, em seu livro: "A Verdade Sobre Quem Modificou a Religião Cristã" . Finalmente, o herói, Salahiddin AI Aiubi (Saladino) libertou Jerusalém dos invasores europeus, libertando, consequentemente, as costas sírias. Na época moderna, quando a invasão européia aos lares árabes e muçulmanos se renovou, sob o símbolo do colonialismo, e perante a frase do comandante francês, que invadiu Damasco, depois da batalha de Maisalun, ao colocar o pé sobre o túmulo de Salahiddin, e dizer: "Levanta, ó Saladino; agora as guerras das Cruzadas terminaram!" E perante o fenômeno da colonização sionista em Jerusalém, todos se aperceberam que a chama de dar cunho religioso às invasões européias ou de dar cunho político à religião contra o Islam continua acesa. Por isso, muitos escritores muçulmanos se propuseram explicar, novamente, que a origem do cristianismo é uma mensagem divina que convoca as pessoas para o monoteísmo, A harmonia entre as pessoas, com o espírito do amor, do perdão e da utilizando os textos autênticos da Bíblia. Portanto, a terra dos árabes é o berço dos Livros Sagrados e das .eligiões celestiais, e eles, mais que ninguém, conhecem a sua exegese :: explicação para as pessoas. Vivem na Europa, América e Austrália milhões de árabes e muçulmanos, emigrantes, a maioria dos quais sente-se frustrada perante a onda da politização da religião ou de dar cunho religioso à à agressão contra os árabes e muçulmanos, em nome da religião. Em algumas igrejas, quando o padre, em seu sermão, afirma que a Palestina é a terra prometida dos israelitas, o árabe cristão ou muçulmano, fica com o pensamento sombrio, preocupado com sua pátria-mãe e com o Mundo Árabe. Perante esse fenômeno que domina a maior parte dos templos eram necessários livros que explicassem, com a língua de cada povo, aos filhos da comunidade, que a origem das religiões celestiais é uma só, cujo objetivo é vincular a criatura com o Criador, adotar a crença monoteísta, o apego aos valores e ensinamentos altruísticos, trazidos pelos mensageiros de Deus, que proibiram a discriminação, a matança ilegal; que elas são complementos umas das outras, tendo como testemunhos os textos da Bíblia, para que os membros da nossa comunidade e os seguidores da Igreja possam fazer uma comparação entre dois pensamentos ou duas interpretações de um só Livro: a Bíblia Sagrada. O livro do meu colega, Cheikh Amin Karam, veio preencher essa lacuna. A tradução para a língua portuguesa coube ao pro f. Samir EI Hayek que já traduziu vários livros islâmicos, sendo que o mais importante de tudo foi a tradução fiel do Alcorão Sagrado, adotada por todos os muçulmanos, já há mais de um quarto de século. Finalizamos, dando louvores a Deus, Senhor do Universo. Londrina, 27 de Rajab, 1419 H. Ahmad Saleh Mahairi Imam da Mesquita de Londrina Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso Introdução Louvado seja Deus, a Quem rendemos graças, de quem solicitamos ajuda, orientação e perdão. Pedimos refúgio em Deus contra as maldades das nossas almas e os malefícios das nossas ações. A quem Deus orientar, estará orientado, e a quem desorientar, não encontrará protetor nem orientador. Prestamos testemunho de que não há outra dividade além de Deus, Único, sem parceiros, e prestamos testemunho de que Mohammad é Seu servo e Mensageiro, o destacado dentre Suas criaturas e o escolhido dentre Seus servos: Deus o enviou como misericórdia para a humanidade. Que a paz e a graça de Deus estejam com ele, com seus familiares, seus companheiros e seus seguidores, até ao Dia do Juízo. Ó crentes, temei a Deus como deve ser temido, e não morrais senão como muçulmanos" (3:102). Ó crentes, temei a Deus e falai apropriadamente. Ele emendará as vossas ações e vos absolverá dos vossos pecados; e quem obedecer a Deus e ao Seu Mensageiro terá logrado um magnífico benefício" (33:70). Deus, Exaltado e glorificado seja, diz: "A religião para Deus é o Islam" (2: 103). E diz ainda: "E quem quer que almeje (impingir) outra religião, que não seja o Islam, (aquela) jamais será aceita" (3:85). Se estivermos conscientes de que essas palavras são autênticas, se a lógica nos diz que Deus é Singular, é impossível que haja várias religiões. Pode ser que haja diferenças nas leis e nos preceitos, de um povo para outro, de um tempo para outro, de acordo com a determinação de Deus para aquelas leis, pois é levada em consideração a situação social das pessoas, a variedade das épocas em questão e o local. Porém, a crença permanece a mesma e permanece imutável. Todos os profetas enviados por Deus ordenaram seus povos a adorarem e se submeterem somente a Ele. Diz Deus: "Jamais enviamos mensageiro algum, antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me, e serve-Me!" (21 :25). Foi pela misericórdia de Deus para com os Seus servos e pela Sua sabedoria, que Ele revelou Livros para alguns de Seus mensageiros, tornando esses Livros escrituras destinadas aos seus povos, que se orientam por ela e, seguem seus preceitos. Porém, os povos antigos não conservaram a pureza desses livros. O que foi deixado pelos ancestrais, os descendentes adulteram, apagando, com suas mãos, a luz divina que existia nesses livros. A revelação, então, é deturpada, tornando-se incapaz de consertar os desvios e instituir o direito e a justiça, de iluminar os corações com a verdadeira crença. A situação perdurou até que a sapiência de Deus fez enviar um novo profeta para restituir o direito, renovando a luz da revelação, conduzindo os povos para o caminho da salvação. Ele fortalece a crença dos corações, elimina as inverdades, as dúvidas, as deturpações introduzidas nos princípios religiosos e na crença monoteísta, restituindo a adoração ao Deus Único, seguindo a Sua orientação. A situação assim perdurou até que Deus, glorificado seja, estendeu Suas benesses sobre toda a humanidade, enviando Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) como Seu Mensageiro. Foi o derradeiro mensageiro e o postremo dos profetas. Deus lhe revelou o Seu Livro, o Alcorão Sagrado, abrangendo Suas palavras, e garantiu a sua conservação para toda a humanidade, até ao Dia do Juízo Final. Isso foi atestado pelos Livros Sagrados, a Tora, o Evangelho e o Alcorão. Será que os adeptos da Tora e do Evangelho crêem no que neles foi revelado por Deus? Seguiram, acaso, os conselhos de seus profetas, atestados pelo Alcorão, a revelação final quanto à crença em Deus, Único, à sinceridade na adoração a Ele, eao ato de não Lhe atribuírem parceiros? Acreditaram eles, acaso, em todos DS profetas e mensageiros, sem distinção, desde Adão até :\lohammad (a paz esteja com eles todos)? Utilizando-nos do raciocínio lógico, somos obrigados J. acreditar em todos os profetas, e a considerar todas as mensagens verdadeiras; porém, nossa crença deve estar :Jicerçada em dois princípios: Primeiro: o raciocínio lógico, a pesquisa e o estudo para se conhecer a verdade. Segundo: a sucessão das informações sobre esses ;rofetas e mensageiros, deve ser prova para todas as pessoas. Como não tivemos a felicidade de ver esses profetas, e não tivemos o destino de ser seus contemporâneos, não podemos crer em alguns e descrer em outros. Foi o que nos levou a escrevermos este livro que se dedica aos adeptos da Tora e do Evangelho, e que irá res¬ponder a certas perguntas. O leitor, com a anuência de Deus, encontrará exemplos e provas que mostrarão a verdade para quem desejar encontrá-la, levando-o para o caminho da orientação. Temos ciência de que um grande número de sábios e pesquisadores escreveram livros geniais e abrangentes, tratando do mesmo tema. Por mais que nos esforcemos, não vamos conseguir alcançar seus sucessos. Porém, observamos que muitos desses livros estão restritos a uma pequena parcela de pesquisadores e especialistas; poucos resultados chegam às mãos do leitor comum. Por isso, achamos por bem escrever este livro, usando expressões simples, fáceis para o leitor, de forma sucinta, de forma imparcial, quer na citação de textos já existentes, quer nas conclusões tiradas, preenchendo as necessidades do leitor. Se alcançarmos o nosso objetivo, será pela graça de Deus; e se falharmos, será falta nossa. Pedimos perdão a Deus, tendo a consciência de ter-nos esforçado ao máximo na nossa tarefa. "O meu êxito só depende de Deus, em Quem confio e a Quem retornarei, contrito" (11:88). Amin Bin Abdel Rahman Karam Capítulo I A Unicidade de Deus, nos Três Livros Sagrados Entre a Crença e a Descrença Há muitas opiniões antagônicas e diferentes, a ponto de se constituírem em críticas a respeito da crença em Deus, do s princípios da realidade da religião e da credulidade, e daimportância da profecia e das mensagens para a vida humana. Há aqueles que negam a existência de Deus, que são ateus, oponentes a tudo que se relaciona com a crença n’Ele, em Suas Mensagens e em Seus profetas, renegadores da ressurreição, da congregação, do Julgamento e do castigo. Há aqueles que crêem na unicidade de Deus, seguem os ensinamentos dos profetas, acreditam nas nas mensagens divinas, têm certeza da Ressurreição e do Dia do Juízo Final, que são paciente, de consciência tranquila e pensamentos claros. Entre ambas as categorias há muitos outros tipos e posições quanto à pureza da crença e dasalutariedade, quanto à perfeição ou a imperfeição dela. Quanto à proteção da autenticidade da crença ou a sua mistura com muitas idolatrias, advinhações e politeísmo, manifesto ou oculto, há também muita discrepância. Como crente em Deus, na Sua Mensagem e no Dia do Juízo Final, em outras palavras, como muçulmano, não me importo com os da primeira categoria, que declararam a sua descrença em e sua negação a tudo que diz respeito a Deus, Sua Mensagem e ao incognoscível, coisas em que os crentes acreditam. Pessoas desse tipo são mais fáceis de ser acatadas e mais propensas a ocupar os pensamentos do leitor, em fazer valer o seu ateísmo, seus pensamentos e sua descrença. Apresento este meu livro aos crentes em Deus, dentre os adeptos dos Livros Sagrados, mesmo que variem em suas configurações, suas seitas e suas leis. Pois a base desta nossa pesquisa faz parte de suas escrituras, ou seja, a crença na unicidade de Deus, nas mensagens divinas e no Dia do Juízo Final. Todos nós temos ciência de que o ateísmo não se fundamenta em nada, não possui nenhm sustentáculo, nem tem o apoio de mentalidades lógicas, não tem texto específico, nem é corroborado pelas mensagens divinas. Pois ele é antagônico à natureza humana, à criação, à organização cósmica, aos portentos visíveis, à harmonia existente entre os mundos do universo, de que faz parte a terra, os céus, as nebulosas, os astros e as galáxias, etc .. O ateu, que descrê na criação de Deus, que descrê no incognoscível, é, do ponto de vista dos crentes, incapaz, deficiente mental, mais ignorante do que aquele beduíno rústico que, ao ser questionado quanto à sua crença em Deus, respondeu: "Se o esterco do camelo é sinal da existência do camelo, se as pegadas são sinais da passagem de alguém, será que as noites escuras e o firmamento repleto de estrelas não são sinais do Oniouvinte, Onividente?" Aqueles que cortaram suas relações com Deus, tiveram seus pensamentos atrofiados, seus espíritos morreram, mesmo estando vivos, o materialismo encobriu seus sentimentos; são os descritos pelo Alcorão: "Temos criado para o inferno numerosos gênios e humanos com corações com os quais não compreendem, olhos com os quais não vêem, e ouvidos com os quais não ouvem . São como as bestas, quiçá piores, porque são displicentes. Os mais sublimes atributos pertencem a Allah; invocai-O, pois, e evitai aqueles que profanam os Seus atributos, porque serão castigados pelo que tiverem cometido" (7:179180). São também os descritos por Jesus: "Tendo olhos, não vedes? e, tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?" (Marcos, 8: 18). O que nos importa aqui é o argumento da crença em Deus - na Sua Unicidade, na aceitação de todos os Seus mensageiros, sem distinção entre eles -, por parte dos adeptos do Livro, judeus e cristãos. Em tudo o que foi inferido a essa questão primordial, essas invenções, adulterando sua pureza, anulando sua influência nas almas, modificando seus preceitos morais, deteriorando o comportamento, diferenciando pesos e medidas; eis que os pensamentos se confundiram. Isso é o que foi introduzido nas crenças quanto ao paganismo, obscurantismo, ocultismo, às advinhações, afastando enormemente da sua religião os povos do Livro, afastando-os dos mandamentos divinos, e da crença na unicidade de Deus, no Dia do Juízo Final, quanto ao temor e ao castigo, modificando-lhes a excelência de caráter e o comportamento. Mais grave ainda é a descrença deles em alguns profetas e algumas mensagens. Os judeus descrêem em Jesus e Mohammad (A paz esteja com eles); os cristãos, com a sua divinização a Jesus e descrença em Mohammad e na sua mensagem. Isso agravou os desentendimentos, gerando a inveja e a inimizade, ateando o fogo das guerras devastadoras, entre adeptos de religiões cuja origem está no grande patriarca e pai dos profetas, Abraão (que a paz esteja com ele), o pregador do monoteísmo e da submissão à vontade do Deus Unico. Ele anunciou a religião que todas as mensagens divinas, todos os profetas e todos os livros sagrados, sem excessão, anunciaram, como mostraremos ao abordarmos esse tema, se Deus quiser. O homem de comportamento reto, de mente sã, que tem pensamentos sadios e raciocínio lógico é quem respeita o direito, o argumento e a lógica. Isso só é alcançado se ele esquecer de seus interesses pessoais, seus lucros materiais, de certas heranças ideológicas e religiosas, que utiliza o pensamento e o coração no que vê e ouve, de apelos, alegações, ideologias e crenças, chegará, sem dúvida, com a orientação de Deus, a uma só resposta, coesa, compro¬vada, ou seja, que a verdade é uma só, em todas as religiões, determinada pelo mesmo e único Ente, que é Deus. Todas as religiões pregam a crença n'Ele, em todos os Seus anjos, todos os Seus mensageiros e profetas, em todos os Seus Livros e Suas revelações, sem fazer distinção entre eles. É isso que a crença islâmica prega, através dos textos alcorânicos e das tradições do Profeta Mohammad (Que a paz e a graça de Deus estejam com ele). Deus, na Crença Islâmica Algumas pessoas não muçulmanas, levadas pela ignorância ou pelo ódio, tentam configurar o Deus dos muçulmanos uma lenda, inventada por Mohammad, que deu-lhe o nome de "Allah"; que esse Deus, na imaginação desses incrédulos, difere do Deus verdadeiro, em que acreditam os adeptos das duas outras religiões e que é citado na Bíblia Sagrada. É perda de tempo citarmos aqui as alegações dessas pessoas. Se os sacerdotes e os rabinos quisessem conhecer a verdade sobre os seus livros sagrados, revelados orginalmente em hebraico, e não nas línguas em que foram traduzidos, como fazem os muçulmanos que lêem o Alcorão em árabe, veriam que a palavra "Allah" é o mesmo termo sublime e antigo que designa o Criador, Que Se revelou e falou com Adão e com Moisés, e inspirou a todos os profetas posteriores. Allah é o Criador, o Ser Único, Que existe por Si, é o Poderoso, o Onisciente, Que abrange todos os seres e todas as coisas. É o originador da vida e da morte, de todo o conhecimento, e o fornecedor do poder; é o Criador por excelência, o Organizador, o Maestro de todo o Universo. A essência da Divindade da Sua natureza está além da compreensão humana. Por isso, toda tentativa de assemelhar e encorporar Deus, não será apenas em vão, mas também a negação de Seus atributos e, certamente, nos levará para o extravio e o erro. Muitos filósofos e ideólogos antigos e modernos, pesquisadores nesse campo, tentaram conhecer a essência divina, porém seu esforço foi em vão, e não chegaram a resultado algum, retornando sempre ao ponto em que começaram. Muitos ficaram em dúvida, e outros se refugiaram no ateísmo. A seita cristã, que acredita na trindade, durante dezessete séculos esgotou os pensamentos de seus sacerdotes e filósosfos, à procura do conhecimento da essência divina. O que concluíram? Tudo que impuseram Sto Agostinho e São Tomas de Aquino aos cristãos, acerca da maldição eterna, foi para que cressem que Deus é trino. Deus, para esclarecer esse ponto, diz, no Alcorão Sagrado: "São blasfemos aqueles que dizem: Allah é um da Trindade! porquanto não existe divindade alguma além do Allah Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles" (5:73). Por isso,os sábios muçulmanos se absterem de querer explicar a essência de Deus é que essa essência está aquém das palavras que possam descrevê-Lo. Deus possui inúmeros atributos que não passam de descrições derivadas de Sua essência, nas Suas diferentes manifestações neste universo que Ele criou sem o auxílio de ninguém. Por isso, vemos que Deus, Glorificado seja, afirma isso nas seguintes palavras: "Nada se assemelha a Ele, e é o Oniouvinte, o Onividente" (42:11). Para os muçulmanos, Deus possui noventa e nove atributos, todos eles descritos com adjetivos de perfeição e majestade para mostrá-Lo a nós. Por isso, nenhum ser, durante quatorze séculos, conseguiu acusar os muçulmanos de adorarem mais do que um Deus, ou que esses atributos demonstrem um grande número de deuses. O mais simples dos muçulmanos tem plena consciência de que Deus é Um só. A mais curta Surata do Alcorão atesta a unicidade, a eternidade e o absolutismo de Deus. A Surata da Unicidade diz: "Diz: Deus é Único, Deus é Absoluto, não gerou nem foi gerado, e ninguém se assemelha a Ele" (112: 1-3). O velho Testamento e os Evangelhos qualificam Deus como sendo Pai, porque é o Criador dos Seus servos, ama ::os crentes e protege os Seus preferidos. Porém, as igrejas mal usaram essa qualificação e alegaram a filiação de Jesus a Deus. Talvez seja por isso que o Alcorão nega utilizar - se dessa qualificação. Tanto o Velho Testamento como o Alcorão Sagrado condenam a crença na Trindade. O Novo Testamento não a atesta claramente. Porém, mesmo que contenha algumas alusões sobre a Trindade, isso não é prova suficiente, porque Jesus não o escreveu nem o atestou, nem tampouco as suas palavras ilustram algo sobre a Trindade, como mostraremos adiante, se Deus quiser. Os atributos de Deus não podem ser considerados entidade existentes por si só, ou separados da existência de Deus. Se assim fosse, não teríamos uma Trindade, mas dezenas delas. Uma vez que ao homem falta a capacidade de compreender a Identidade de Deus, não consegue conhecer devidamente a seu Criador, a não ser através de Seus atributos que descrevem a Sua identidade, os Seus feitos, e liga o Universo a Ele, designando a relação d'Ele com as Suas criaturas. Por isso, os três Livros Sagrados se negaram a descrever a identidade de Deus, Sua realidade e Sua essência. Satisfizeram-se em citar os Seus atributos, a Sua relação, os Seus feitos, as palavras que descrevem a Sua Magnificência, Sua Sublimidade, o Seu merecimento de ser adorado e louvado por todas as Suas criaturas. Dentre os atributos de Deus, glorificado e exaltado seja, contidos no Alcorão Sagrado, citamos: "Ele é Allah; não há mais divindade além d'Ele, Soberano, Augusto, Pacífico, Salvador, Zeloso, Poderoso, Compulsor, Supremo. Glorificado seja Allah, de tudo quanto (Lhe) associam! Ele é Allah, Criador, Onifeitor, Formador. Seus são os mais sublimes atributos. Tudo quanto existe nos céus e na terra glorifica-O, porque é o Poderoso, o Prudentíssimo" (59:23-24). Podemos afirmar uma importante verdade aos adeptos da Tora e do Evangelho: que a concepção islâmica de Deus, os Seus nomes e atributos é mais abrangente, mais vasta e mais clara do que a concepção dos judeus e dos cristãos quanto à identidade sagrada de Deus. Eis que os noventa e nove sublimes atributos de Deus, que nós conhecemos na religião islâmica, nos fornece um quadro mais claro, mais completo e mais sagrado de Deus. Ele, Glorificado seja, é o Criador e Senhor do Universo. "Vosso Senhor é Allah, Que criou os céus e a terra em seis dias, logo assumiu o Trono para reger todas as coisas. Junto a Ele ninguém poderá interceder, sem Sua permissão. Tal é Allah, vosso Senhor! Adorai-O, pois! Não meditais?" (10:3). Ele, Glorificado seja, é Deus e Senhor de todos os povos e de todas as nações. Todos para Ele são iguais. Não há distinção entre eles, a não ser pelo temor a Ele. “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de ma¬cho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Allahé Sapientíssimo e está bem inteirado" (49: 13). Ele não é o Deus nacionalista, descrito pela Bíblia Sagrada, como "somente Deus de Israel". Não desejamos alongar-nos neste assunto, pois haveria necessidade de um livro específico para tratar dele. Porém, a verdade é que o Deus que os muçulmanos adoram é o mesmo Deus que enviou Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad (que a paz de Deus esteja com todos eles); é o mesmo Deus em Quem os judeus e os cristãos acreditam, como é mencionado na Bíblia Sagrada; é o mesmo Deus que os ingleses chamam de God, os alemães, de Got, os italianos, de Dio, e assim por diante. É suficiente que o Alcorão Sagrado cite essa verdade, sobre a qual nenhuma discussão é esclarecedora. O Alcroão diz: "E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizeí¬lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Allahe o vosso são Um e a Ele nos submetemos" (29:46). Não acreditamos que, depois dessa exposição, restou alguma dúvida quanto à questão da uinicidade de Deus, à Sua adoração e à submissão a Ele por parte dos muçulmanos. A minha intenção não é provar essa disputa importante ao leitor muçulmano, porque é uma questão evidente. O não muçulmano, porém, judeu ou cristão, deve ter conhecimento disso a respeito do Islam. Não estou acusando os leitores não muçulmanos de ignorância, mas citei isso à guisa de pesquisa, para comentar o texto da Bíblia Sagrada a respeito do assunto, quanto às provas da unicidade de Deus, de ser o Único Criador, de ser o único a merecer a adoração, para dar a oportunidade aos leitor esde fazerem uma comparação entre os textos da Bíblia e os textos que ouvem dos sacerdotes e rabinos nas igrejas e sinagogas. Então eles formarão um juízo, baseados no discernimento e na consciência, a respeito do que vêem e ouvem. O leitor, se Deus quiser, descobrirá, neste capítulo e nos seguintes, que a questão da unicidade de Deus e da crença no Profeta Mohammad (que a paz e a graça de Deus estejam com ele) é fundamentada no que afirmam as religiões e os livros, sendo que isso era do conhecimento de todos, entre os israelitas, cujos mais importantes profetas foram Moisés e Jesus (que a paz esteja com eles). A aberração e a adulteração quanto à unicidade de Deus, à aceitação de Seus mensageiros, só aconteceu quando as mãos humanas se estenderam para os textos e os adulteraram, guardando para os donos deles o monopólio do conhecimento das leis, escondendo-as aos olhos das pessoas em geral, como foi o caso, na época de Jesus (a paz esteja com ele), sob a liderança dos escribas, dos fariseus e dos rabinos, na adminstração do templo e das liturgias de adoração, especializando-se na manipulação dos pensamentos do povo, para encherem seus bolsos do dinheiro que era oferecido ao templo. Talvez a prova mais patente que aparece no Evangelho a esse respeito, são as palavras de Jesus (a paz esteja com ele), que dizem: "E os ensinava, dizendo: Não está escrito - 'A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões'. E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina" (Marcos, 11:17-18). A Unicidade de Deus na Bíblia Todos os capítulos do Velho Testamento atestam - por intermédio das palavras dos profetas, das revelações divinas a esses profetas, através das palavras de Jesus Cristo (a paz esteja com ele), conservadas nos quatro Evangelhos do Novo Testamento - a uinicidade, glorificação, sacraticidade de Deus, a adoração a Ele, negando o politeísmo e a semelhança de alguém com Deus. Esses consideram o politeísmo e a idolatria como um dos maiores pecados que o homem pode cometer quanto ao seu Criador e Senhor. Todos os capítulos também ameaçam o politeísta de maldição e de estar afeito à ira de Deus, bem como ao castigo, terreno e Futuro. Na realidade, os textos que falam sobre a unicidade, negando o politeísmo e a adoração a outro ser além de Deus, são muitos na Bíblia Sagrada. Não temos espaço suficiente, neste livro, para citar a todos. Porém, citaremos algumas passagens, como provas patentes e inequívocas. 1 - A primeira é para os israelitas, e diz: "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás aos teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te" (Deuterenômio, 6:4-7). 2 - Há também a seguinte exortação: "Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti, senão que temas o Senhor, teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma. Para guardares os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?" (Deuterenômio, 10: 12-13). 3 - Há ainda a seguinte magnificência e majestade dedicadas ao Deus Único, Senhor dos senhores, Que não possui semelhantes, no seguinte texto: "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus Grande, poderoso e terrível, que não faz distinção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestido. Pelo que, amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor, teu Deus, temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás" (Deuterenômio, 10: 17-20). 4 - O seguinte texto explica que Deus, Glorificado e Exaltado seja, não pode ser visto por humano algum, nem pode ser imaginado, nem ser incorporado numa determinada figura de homem ou qualquer outro ser dentre as criaturas de Deus. Ele diz: "Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque semelhança nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso Deus, em Horeb, falou convosco no meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea; figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alígera que voa pelos céus; figura de algum animal que anda de rastros sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor, teu Deus, :"epartiu a todos os povos debaixo de todos os céus" Deuterenômio,4: 15-19). 5 - Deus, glorificado seja, é um Deus cioso que não aceita parceiro nem semelhante algum. Por isso, Ele é o único Senhor e não há outro além d'Ele. Isto é informado pelo seguinte texto: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão; não terás outros deuses diante de mim; não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma, do que há em cima no céu, nem em baixo na terra nem nas águas debaixo da terra: Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque Eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais sobre os filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Deuterenômio, 5:6-9). 6 - É necessário que o coração esteja sempre repleto da lembrança de Deus, engrandecendo-O, porque é o Criador dos céus e da terra e abrange todas as coisas. "Pelo que hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus em cima do céu e em baixo da terra; nenhum outro há" (Deuterenômio, 4:39). "A ti te foi mostrado, para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão Ele. Desde o céu te fez ouvir a Sua voz para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do fogo" (Deuterenômio, 4:35-36). 7 - No seguimento da crença monoteísta e na adoração a Deus há benefícios, bênçãos e salvação; na negação disso e no politeísmo há maldição e extravio: "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando ouvirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes" (Deuterenômio, 11: 26- 28). No texto há uma clara alusão de que o Deus que deve ser seguido e adorado é o Deus único, o Compulsor, o Poderoso, que os israelitas conheciam e adoravam, como lhes foi ensinado por seus profetas e mensageiros. Porque qualquer deus diferente do que conheciam sobre o Deus verdadeiro não seria Deus e não seriam obrigados a seguir e adorar. Onde está a pretensão sobre a Trindade inventada pelos cristãos, uma vez que Jesus era um israelita, e adorou o Deus que eles adoravam, falou sobre o Deus que eles conheciam? Se ele tivesse falado coisas que ferissem a idéia do monoteísmo, teria que ser excomungado pela maldição da Tora. 8 - Allah é o Deus Primeiro e Último, Criador de tudo, Altíssimo, louvado e glorificado seja, Quem dá a vida e a morte para a todos os seres vivos, e todo ser vivo está submetido a Ele; adoremo-Lo, pois, e nos prostremos perante Ele! "Levantai-vos, bendizei ao Senhor, vosso Deus, de eternidade em eternidade; ora bendigam o nome de tua glória, que está levantado sobre toda a bênção e louvor. Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército; a terra e tudo quanto há nela; os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos; e o exército dos céus te adora" (Neemias, 9:5-6). Esse engrandecimento e essa magnificação de Deus, glorificado seja, a Sua unicidade e a firmação de ser unicamente Ele o Criador, a prostração de todos perante Ele, a submissão dos céus e da terra, e o que há neles, ao Senhor único, está plenamente de acordo com as profecias quanto à crença única e à servidão a Deus. Onde estava filho "Jesus" alegado pela Igreja? O Alcorão Sagrado atesta o significado do texto e afirma que Ele é o Criador das criaturas sem ter nem filho, nem esposa. O Alcorão diz: "Oríginador dos céus e da terra! Como poderia ter prole, quando nunca teve esposa, e foi Ele Que criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é Allah, vosso Senhor! Não há mais divindade além d'Ele, Criador de tudo! Adorai-O, pois, porque é o Guardião de todas as coisas" (6: 101-102). 9 - Quanto aos Evangelhos, vemos nesse preceito, com as palavras do próprio Jesus, uma resposta à pergunta de um dos escribas: "Aproximou dele um dos escribas, que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele" (Marcos 12:28-32). Verificamos nessa alocução que o formulador da pergunta é um sábio dentre os escribas, e não é uma pessoa qualquer. Ele conhecia os madamentos e os ensinamentos que os profetas tinham transmitido para os israelitas. Por isso, a resposta de Jesus tinha de ser verdadeira, sem invenções. Ele o elucidou a respeito da unicidade de Deus, da necessidade de O amarmos e da sinceridade para com Ele. Então enunciou o segundo mandamento que versa sobre o amor ao próximo e o tratamento com benevolência aos parentes. Isso está plenamente de acordo com os ensinamentos dos profetas, como é descrito pelo Alcorão Sagrado, com o mesmo significado; ele diz: "O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais indulgentes com vossos pais ... " (17:23). Não vemos, nesse mandamento, nenhuma alusão à questão da Trindade, levada em consideração pela Igreja católica e protestante como sendo o ponto mais importante da crença cristã - o pilar de sua religião e o mais sagrado dos mistérios da Igreja. . Não podemos imaginar que Jesus (que a paz esteja com ele) estivesse com medo de declarar a verdade, ao formulador da pergunta, quanto ao fato de ele ser Deus ou Filho de Deus, porque os seus ensinamentos para seus apóstolos não poderiam temer nenhuma censura, por seguirem-no ou crerem nele. Como poderia ele contrariar a si próprio naquilo que ele pediu de seus apóstolos? Por outro lado, se considerarmos que Jesus veio para declarar às gentes sobre a segunda pessoa, que não conheciam, e que veio para dar-lhes a conhecer Deus com suas três pessoas, como poderemos acreditar que ele cumpriu com o seu dever, e transmitiu a mensagem de seu pai - a primeira pessoa -, escondendo isso, quando era nececessário esclarecer? Porém, a confirmação da unicidade de Deus e a negação do politeísmo, como o texto procedente afirma, aconteceu de ambas as partes, o questionado e o questionador. O questionador diz, avaliando a resposta: "Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele". Quando Jesus viu que havia no homem um vislumbre de crença, e que ele veio à procura da verdade, ele lhe anunciou a entrada no Reino dos céus: "E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus" (Marcos, 12:34). 10 - E num contexto de longa confidência de Jesus (que a paz esteja com ele) a seu Senhor, suplicando-Lhe que protegesse seus seguidores e apóstolos, fixasse neles as palavras e revelações dele, para que não retrocedessem, ele confirma, com essa confidência, que a missão que lhe foi designada por Deus, havia sido preenchida, e já era tempo de partir da vida terrena. Ele diz: "E a vida eterna é esta; que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer" (João, 17:3-4). Ele, então se dirige, no final da confidência, ao seu Senhor, o Justo, o Misericordioso para com Seus servos, dizendo: "Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja" (João, 17:25-26). Isto não é suficiente para confirmar a missão com que Jesus foi enviado, ou seja, ensinar aquela geração extraviada, cujo coração foi petrificado pelo materialismo, cuja visão foi empanada pelo brilho do ouro, apresentá-la ao seu Senhor, seu Criador, citando o nome de Deus nos templos e entre as pessoas; Ele é o verdadeiro Deus. Crer n'Ele é obrigatório, seguir o Seu profeta, Jesus, e crer em seus ensinamentos está incluído nessa crença. Essa é a missão cumprida por Jesus; é a mesma missão dos outros profetas e mensageiros, que convocaram toda a humanidade para ela, lutaram para fixá-la nos corações e nas almas das pessoas, extirpando todo desvio ou adulteração. No final deste capítulo, deveremos confirmar uma importante verdade: a de como nos foi esclarecido pelos textos e exemplos citados quanto à unicidade de Deus, quanto aos Seus sublimes atributos, que está de acordo com os ensinamentos dos profetas; deveremos rejeitar todo e qualquer texto, na Bíblia Sagrada, que contrarie essa verdade? É preciso peneirarmos esses textos para distinguirmos entre a verdade e o erro, no tocante à unicidade de Deus, à Sua perfeição e Majestade. Se não fizermos isso, o leitor desses textos ficará sempre em dúvida, sem encontrar um caminho que o oriente na sua crença, em seu comportamento e em seu caráter, em tudo que está ligado às questões da sua vida e sua morte. O caminho mais curto e seguro é traduzirmos os textos da Bíblia e joeirarmo-los sob o ponto de vista islâmico e do puro monoteísmo. Capítulo Dois Exame da Bíblia Sagrada O Nascimento de Jesus - Entre o Milagre e a Divinização Os capítulos do Velho Testamento, com seus textos, se reportam ao rigor, à ameaça ao Deus verdadeiro (Deus de Israel), ao desvio do "povo preferido", preocupando-se sempre em citar as dádivas e as generosidades divinas para com os israelitas e suas tribos, relatando-lhes a sua saída do Egito, o seu livramento da humilhação e da escravidão perante o povo egípcio e seus faraós. Tratam do afogamento do Faraó e seu exército, então o favor divino para com esse povo incrédulo, no Deserto de Sinai, a preparação do maná e das codornizes para eles, a vitória e o apoio que lhes foi concedido sobre os outros povos idólatras da terra da Palestina, de heteus, cananeus, jebuseus, e outros, depois o cumprimento do pacto que Deus lhes fez, por intermédio de Abraão, Issac e Jacó. Tudo isso é lembrado para lhes ser pedido que adorem somente a Deus, rejeitando a idolatria e a adoração aos deuses dos outros povos idólatras. Deus os faz lembrar de todas as dádivas, ordenando-lhes que cumpram as leis de Moisés, na íntegra, apesar do seu rigor, ameaçando-os com castigos rigorosos, com morte e a maldição a quem profanar as leis. Uma vez que esse povo era duro e de "pescoços grossos", como são descritos pela Tora, eles violavam os seus pactos com Deus, retrocediam e contrariavam os Seus mandamentos, atribuindo-Lhe semelhantes, uma vez após outra, principalmente quanto à questão da unicidade de Deus, da adoração a Ele, do agradecimento pelas dádivas concedidas a eles, caindo na incredulidade, no politeísmo e na idolatria. Isso causava a ira e a abominação de Deus para com eles, fazendo-os serem dominados pelos inimigos, toda vez que violavam o pacto com Deus, traindo a confiança, contrariando Suas ordens e a crença monoteísta. Apesar de tudo isso, Deus, glorificado seja, os cobria com a sua misericórdia, enviando-lhes mensageiros e profetas, de tempos em tempos, para fazer o povo abandonar o extravio e a incredulidade, avaliando-lhes os desvios e reparando o que haviam corrompido. A situação permaneceu assim até que Deus lhes enviou um mensageiro, Jesus, filho de Maria, o último Profeta do povo de Israel. Enviou com ele o Evangelho, corroborando Tora de Moisés e suas leis, amainando a rigidez de algumas leis, para recolocar a espiritualidade verdadeira àquela religião. Foi a sabedoria de Deus, glorificado e exaltado seja, que fez do nascimento desse profeta um milagre, da forma como se deu, como foi também o caso com seu primo, João, filho de Zacarias (que a paz esteja com ambos), pois era seu contemporâneo e seu aliado. Na realidade, o nascimento de uma criança de pais idosos, estéreis, não é menos milagroso do que o nascimento de alguém sem o concurso do pai, sem o relacionamento sexual animal. Em ambos os casos, para Deus, não são milagres. Porém, para as mentes humanas incapazes, o segundo caso é mais milagroso do que o primeiro. O milagre aqui é uma questão relacionada com o ser humano apenas. Se examinarmos as duas questões, verificaremos que o milagre não está oculto na formação orgânica e química do corpo humano, nem na relação fisiológica por intermédio da qual a criação do homem e o seu nascimento se completam. Mas o milagre se oculta no segredo desta vida e a sua criação do nada, na alma que, ao ser ligada ao corpo inerte, dá-lhe a vida, com os sentidos, sentimentos, pensamentos e discernimentos. Por isso, vemos que o Alcorão expõe a questão da criação de Jesus para a sua base milagrosa quanto à questão de dar a vida, não quanto à criação do corpo, a sua evolução, formação orgânica e física. Diz Deus, glorificado e exaltado seja: "O exemplo de Jesus, ante Allah, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi" (3:59). As mentes retrógradas e os corações duros e empedernidos dos judeus, naquele tempo, não podiam aceitar essa verdade, atribuindo o fato ao poder de Deus Que, com Sua anuência e ordem, pronuncia a palavra "seja", quando deseja criar algo, "e é". Eles foram levados pela sua soberbia, arrogância, seus corações endurecidos Segunda: nada é impossível para Deus criar. A criação de ser vivente ou de qualquer coisa está relacionada à Sua vontade. Ele é capaz de criar das pedras seres vivos. Porque estranham o nascimento do locutor citado e o nascimento de seu primo, Jesus, filho de Maria? Terceira: deve-se levar em conta o esclarecimento quanto à derradeira missão - entre os filhos de Israel - entregue a Jesus, à sua natureza, considerado como o último mensageiro, antes do advento do Profeta Mohammad (que a paz esteja com todos). A verdade é que esses judeus que alegaram por longo tempo terem por pai Abraão, e, portanto, terem mais direito à sua herança religiosa, o direito de empunhar a bandeira da crença monoteísta e da adoração de Deus, não mais serviam para erguer essa bandeira, protegê-la, defendê-la, divulgá-la entre toda a humanidade e orientar as pessoas para ela, pois a mera descendência consangüínea com Abraão não é suficiente para receberem a sua herança religiosa, ou terem o mesmo caráter dele. A sua descrença em Jesus foi uma prova disso, senão não encontraríamos essa censura quanto à sua alegação de descenderem de Abraão, feita por João, filho de Zacarias (que a paz esteja com ambos). Por outro lado, vemos o Alcorão Sagrado confirmar essa verdade, negando a alegação dos judeus. Ele diz: "Abraão jamais foi judeu ou cristão; foi, outrossim, monoteísta, muçulmano, e nunca se contou entre os idólatras. Os mais achegados a Abraão foram aqueles que o seguiram, assim corno (o são) este Profeta e os que creram; e Allah é Protetor dos crentes" (3:67-68). Com isso, a questão do nascimento milagroso de Jesus é esclarecido, ou seja, que ele é o derradeiro profeta dos isrelitas, pois ele anunciou a vinda do Profeta árabe, Mohammad (que a paz esteja com ele), que iria pregar a unicidade de Deus e a adoração a Ele, como é manifestado pelos Evangelhos. Foi da vontade de Deus, na Sua infinita sabedoria, passar a confiança da profecia, dos israelitas para um outro povo, também descendente de Abraão, capaz de restituir a retidão e a clareza à família de Abraão (que a paz esteja com ele), representada pelo monoteísmo, pela submissão à vontade de Deus, que é o significado exato da palavra "Islam". Mais adiante, se Deus quiser, esclareceremos essas afirmações. A Mensagem de Jesus (a paz esteja com ele) e sua Posição Entre as Outras Mensagens Eis aqui a situação histórica e temporária da Mensagem de Jesus, e a necessidade que exigiu o seu envio como mensageiro de Deus aos israelitas. O Evangelho que ele anunciou era uma outra mensagem divina final para os israelitas, complementando as mensagens anteriores a ela, ou a mensagem de Moisés, facilitando algumas leis rígidas que eles suportaram durante séculos. A sua função, também, era restituir a retidão à crença monoteísta, e ser uma admoestação final para a volta dos extraviados, dentre os israelitas, ao círculo da crença e da moral. Os Evangelhos nos transmitiram muitos textos que confirmam essas verdades; sem deixar sombra de dúvida, esse foi o objetivo principal da mensagem final por intermédio de seu Profeta, Jesus, filho de Maria (que a paz esteja com ele). Um de seus exemplos deixados para os seus discípulos nos diz que ele veio para complementar as leis de Moisés, as mensagens dos outros profetas, e não para criticá-las ou modificá-las. Ele disse: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque, em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar, será chamado grande no reino dos céus" (Mateus, 5:17-19). Dentre os ensinamentos da lei e dos profetas, que Jesus veio para completar, há muitas orientações espalhadas pelos Evangelhos, com suas próprias palavras: "Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles" (Mateus, 6:1). E: " ... quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé, nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens" (Mateus, 6:5). E mais: " ... quando jejuardes, não vos mostreis contristados, como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam" (Mateus, 6: 16). E ainda: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem" (Mateus, 6: 19-20). O evangelista Mateus nos confirma que a missão de Jesus era apenas para os filhos de Israel. Não tinha a incumbência de convocar outros povos, pois sua missão era restrita a um tempo e lugar e a um povo em particular. Ele diz: "E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidon. E eis que uma mulher cananéia que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemonhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós! E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus, 15:21-24). Nós, os muçulmanos, apegados a esse acontecimento, corno foi relatado pelo Evangelho de Mateus quanto ao comportamento de Jesus em relação à mulher cananéia, confirmamos a verdade declarada por ele: "Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel". Isso confirma, de fato, a missão de Jesus e a sua limitada ação de tempo e lugar. Pelos textos aqui citados e outros não citados torna-se claro que os ensinamentos de Jesus estavam de acordo com os ensinamentos dos profetas, e que a religião é uma só, a lei é uma só, e que os profetas formam uma só corrente. Porém, essa afirmativa não agrada às Igrejas trinitárias e seus sacerdotes. Desde o surgimento da trindade, por intermédio dos ensinamentos de São Paulo, tentam universalizar a mensagem de Jesus e fazê-la ultrapassar os limites do tempo para o qual foi enviado. Eles procuram dar a Jesus e à sua mensagem, alcance, natureza e dimensão diferentes do que ele próprio afirmou a seu respeito e a respeito de sua mensagem, como foi citado acima. Não apenas tentam isso, mas contrariam os ensinamentos dele, e inventam coisas, a seu bel prazer. São Paulo, que alegou ser Apóstolo de Jesus, se dá ao direito de contrariar a seu mestre e mensageiro! Ele corrige a lei que Jesus veio para cumprir, como aconteceu com todos os profetas, como faz na Epístola aos Gálatas, onde diz: "Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós, os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça. Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma; mas, sim, a fé que opera por amor" (Epístola aos Gálatas, 5:2-6). Quando vemos Paulo reduzir a importância da circuncisão, por ser a marca do pacto entre os judeus, e uma parte da lei de Abraão e Moisés, constatamos os Evangelhos a nos confirmar que Jesus, oito dias depois de seu nascimento, foi circundidado, como o é todo judeu, de acordo com a lei (ver Lucas, 2:21). Em outra parte da Epístola aos Gálatas (3:21-25), Paulo afirma que, com a vinda de Jesus, já era tempo de os crentes se livrarem da lei e dos seus ensinamentos, porque a lei era imposta para educar as pessoas até à vinda de Deus, na figura de Jesus, o filho. Ele diz: "Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar a justiça, na verdade teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa, pela fé em Jesus Cristo, fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados; mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo do aio" (Gálatas, 3:21-25). Como vimos, São Paulo está a confirmar que a Lei serviu de aio, até ao advento de Jesus, para que, pela fé, fossem todos justificados; mas depois que a fé veio, já não havia mais necessidade de ficarem na dependência do aio. Os mandamentos do Velho Testamento, porém, confirmados por Jesus, como citamos acima, amaldiçoam todo aquele que contraria a lei: "Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém" (Deuterenômio, 27:26). Uma pergunta se faz necessária aqui; quem é mais digno de ser acreditado: os mandamentos de Jesus, que confirmam os preceitos do Velho Testamento, ou os ensinamentos de Paulo, que vieram para criticar os ensinamentos da lei, principalmente, a questão da unicidade, a adoração a Deus e a não atribuição de parceiros a Ele, seguindo os mandamentos e a Lei d' Ele? Esta é uma questão que a Igreja deve solucionar. Porém, não acreditamos que ela o faça, porque ela não segue os ensinamentos de Jesus, mas os de Paulo. Uma vez que a função de Paulo se resumia na questão da divinização de Jesus, em contrariar o monoteísmo e os ensinamentos da lei e da revelação, então ele tinha de esquecer a questão da unicidade de Deus, dentre os mandamentos confirmados por Jesus (a paz esteja com ele), no seu conselho a um dos saduceus: "Aproximou-se dele um dos escribas, que os tinha ouvido disputar, e sabendo o que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: 'O primeiro de todos os mandamento é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que este" (Marcos: 12:28-31). Paulo contrariou esse mandamento, negando completamente o primeiro mandamento, ao afirmar: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo, como a ti mesmo" (Epístola aos Gálatas, 5:14). Não podemos acreditar que Paulo se tivesse esquecido do primeiro, confirmante ao amor a Deus, e à Sua unicidade, citando apenas o segundo, pois ele não era uma pessoa comum, nem ignorante; era advogado, culto, um dos líderes dos judeus, além de ser o apóstolo de Jesus, como ele alegou e a Igreja confirmou, posteriormente. Por isso, não se pode acreditar que ele se tivesse esquecido, pois era o divulgador da revelação! Como, na realidade, ele não era mensageiro nem divulgador da revelação, a omissão do mandamento do seu mestre, quanto à unicidade, foi um plano premeditado para alcançar o seu objetivo que consistia em modificar a linha do monoteísmo e da crença nos profetas à qual Jesus pertencia. As igrejas, desde muito tempo atrás, insistiram em os quatro Evangelhos e seus apêndices de Novo Testamento". A escolha não foi por acaso; foi resultado de astúcia, malícia e engodo, pois essa denominação dá uma falsa idéia ao leitor ou ao ouvinte, que a mensagem de Jesus é nova, e não parte complementar ias anteriores; que os ensinamentos e mandamentos do Velho Testamento, que Deus impôs aos israelitas quanto à unicidade, à adoração, à rejeição da idolatria, à crença nas mensagens dos profetas, tudo isso muda com o advento de Jesus e os seus ensinamentos, transformando-se em “Novo Testamento", cujo pilar é a crença em Jesus como Deus ou como filho de Deus, salvador da humanidade e redentor do pecado original, etc .. É o que pretendem as palavras de Paulo, acima citadas. Assim, os ensinamentos ia Velho Testamento deixaram de ser monoteístas, e se transformaram em politeísmo e em trindadismo; a verdadeira fé e os atos, como condições para a sua aceitação, transformaram-se em negligência a tudo, pelo princípio da crucificação e da redenção dos pecados. A profecia - de revelação divina - se transformou na encarnação de Deus em homem e a divinização desse homem. Da mesma forma, a santificação do sábado tomou- se a santificação do domingo, a circuncisão em incircuncisão, a simplicidade dos ensinamentos do monoteísmo em sacerdócio e mistério, cujo conhecimento se restringe a poucas pessoas, tendo o resto de segui-las cegamente. Voltamos a afirmar que os ensinamentos da Igreja, com seu sacerdócio e mistério não fazem parte dos ensinamentos de Jesus, nem das suas palavras nem dos seus atos. O que demonstram é urna total distorção da mensagem e da natureza dele corno humano e profeta. O que os Evangelhos contêm não é confiável, nem pode ser considerado revelação divina, sob hipótese alguma. É necessário que se os deixe de lado, e se volte para os ensinamentos revelados, nos quais foram instruídos os profetas e os mensageiros, principalmente para a mensagem do derradeiro dos profetas, Mohammad (Que Deus o agracie e lhe dê paz), pois sua religião é a religião dos profetas anteriores a ele, a religião do Islam. Nós sabemos que os líderes da Igreja têm conciência dessas verdades, mas não as declaram para seus seguidores devido os seus interesses e lucros materiais, que temem perder, se seguirem a religião do Islam. Capítulo Três A Veracidade da Bíblia Uma Análise Histórica É dever dos muçulmanos acreditarem na Tora revelada a Moisés, nos Salmos inspirados por Deus a Davi e no Evangelho inspirado por Deus a Jesus e este o transmitiu aos apóstolos, no Alcorão Sagrado, o derradeiro dos livros divinos, revelado a Mohammad (que a paz esteja com ele), o profeta derradeiro. A crença nos originais desses livros ': uma das condições da fé islâmica. Uma pergunta se faz necessária: Será que a Tora, os Salmos e o Evangelho são as traduções que temos em mãos, escritos por autores e designados por seus nomes, ou os originais foram perdidos? É o que veremos em seguida. Há consenso, entre os historiadores das religiões, de que as cópias originais do Velho e do Novo Testamentos estão perdidas; de que qualquer capítulo do Velho Testamento, de que aquilo que a tradução da cópia atual contém não pode ser considerado, sob hipótese alguma, como obra de seus alegados autores, nem foram escritos por eles, nem eles ditaram seus conteúdos, e de que não se pode afirmar que sua autoria seja de algum discípulos de Jesus. Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que o que foi escrito pelos profetas e mensageiros israelitas se é que escreveram algo -, ou o que seus discípulos e apóstolos escreveram no tocante às profecias ou revelações que eles ouviram de seus mestres, não mais existe. Isso é reconhecido pelos pesquisadores de ambas as religiões, judaica e cristã. Quanto aos acontecimentos históricos, narrados pelos capítulos do Velho Testamento, referentes à destruição da cidade santa de Jerusalém e dos lares dos judeus, quanto à matança, exílio e escravidão do povo de Israel, séculos antes de Cristo, por intermédio do rei babilônico Nobucodonosor, dizem que tudo isso causou a destruição desses livros, ou o desaparecimento deles, uma vez que a maioria desses escritos eram guardados pelos rabinos judeus no Templo do Senhor, em Jerusalém. Os historiadores citam que um dos sábios judeus, de nome Azra, durante a época da escravidão dos judeus na Babilônia, reescreveu o Velho Testamento e o colocou novamente no Templo, depois da libertação dos judeus do cativeiro, e da fundação de seu império, em Jerusalém, no tempo de Zorobabel. Porém, a destruição da cidade sagrada aconteceu novamente, setenta anos depois de Cristo aproximadamente, pelas mãos dos idólatras romanos, sendo que os Evangelhos citam as profecias dessa destruição. Os agressores romanos, devido à sua idolatria, começaram perseguir os seguidores da nova religião, os discípulos de Jesus, que pregavam o Evangelho e a crença monoteísta e os ensinamentos de Jesus (a paz esteja com ele). Essa perseguição causou a morte de muitos deles. Outros ocultaram sua crença, com medo da perseguição, da morte ou da prisão. O próprio Paulo era um dos mais acirrados perseguidores dos seguidores de Jesus, pois era um dos líderes dos judeus que fizeram pacto com os adeptos da idolatria romana, para exterminarem os monoteístas, seguidores de Jesus. (Ver Atos dos Apóstolos, 8:3.) A situação continuou assim durante três séculos, aproximadamente, após Cristo, até à ascenção de Constantino I, o Grande, ao Trono do império romano, cuja mãe era cristã. Ele se converteu, crente de que Jesus era divino, por ser filho de Deus, de acordo com algumas igrejas que seguiam os ensinamentos de Paulo e dos seus discípulos. O Imperador, vendo a similaridade entre a crença na filiação de Jesus e as heranças idólatras e politeístas dos romanos, aceitou o cristianismo. A idolatria e a cultura romanas conseguiram dominar a religião cristã, através do Imperador cristianizado, que convocou o Concílio Ecumênico de Nicéia, no ano de 325, para decidir que formulação estava mais próxima da verdade sobre Jesus e sua natureza. Pretendiam proclamar a divindade de Jesus, como filho de Deus, ou como a segunda pessoa da Trindade. O Concílio confirmou a divindade de Jesus, apesar da controvérsia entre Anastácio e Ario, dois teólogos de Alexandria. Ambos tinham concepções diferentes acerca da natureza de Cristo. Enquanto Anastácio defendia que o Verbo, Palavra de Deus, que tomou carne em Jesus, era eterno e não criado, e estava com Deus desde o princípio, Ario defendia que o Verbo de Deus não era eterno, mas criatura. Segundo Ario, o que tomou carne em Jesus não foi o Verbo Eterno, incriado, mas uma criatura. Ario e seu grupo defenderam a idéia da unicidade de Deus e da situação de Jesus como Profeta e humano. Eles foram expulsos, amaldiçoados e perseguidos pelos trinitários, com a bênção do Imperador romano. Assim, Ario e o seu grupo se tornaram o "bode expiatório" da crença do monoteísmo. Todos os documentos, livros e a riqueza científica que eles tinham em seu poder, e que corroboravam a unicidade de Deus e os verdadeiros ensinamentos de Jesus, desapareceram. Esses acontecimentos fizeram com que um grande número de historiadores, especialistas no cristianismo, afirmassem que Roma não se cristianizou, mas a Igreja romanizou-se, ou seja, a Igreja sofreu as influências da idolatria romana, mais do que as influências que ela causou quanto à divulgação da unicidade e dos ensinamentos de Jesus (a paz esteja com ele) na sociedade romana. Não queremos apresentar, neste livro, a história da Igreja e das suas seitas. Muitos sábios já fizeram isso. A minha intenção foi citar um pequeno resumo da história da Igreja e o aparecimento da trindade, por sua importância e relação com o assunto da nossa pesquisa. Esses acontecimentos históricos tiveram um papel preponderante na perturbação da harmonia quanto à veracidade dos Evangelhos, no ato de se confiar neles em questão de revelação ou de crença, ou ao menos de se afirmar a sua origem divina. Podemos avaliar a gravidade dessa questão se compreendermos que a aceitação de um dos Evangelhos ou dos capítulos do Novo Testamento dependia da vontade dos homens da Igreja, quanto à sua aceitação ou rejeição, de acordo com as suas paixões, e não dependia da origem daquelas Escrituras como revelações ou inspirações divinas. Se considerarmos as sentenças da Igreja e as opiniões de seus homens como revelações ou inspirações divinas, como a Igreja alega, a questão da revelação tornarse-á um chiste, ou um brinquedo do qual as pessoas dispõrão como suas paixões e interesses lhes ditarem. Por isso, a rejeição do Alcorão a esse tipo de procedimento é patente, pois ele diz: "Ai daqueles que copiam o Livro, (alterando-o) com as suas mãos, e então dizem: Isto emana de Allah, para negociá-lo a vil preço. Ai deles, pelo que as suas mãos escreveram! E ai deles, pelo que lucraram!" (2:79) As cópias mais antigas dos Evangelhos atuais remontam a três séculos depois de Cristo aproximadamente. Naquela época, a idéia de Trindade não se tinha cristalizado ainda, nem tinha sido divulgada totalmente entre os adeptos de Cristo. A idéia não era clara, nem tinha força suficiente que a tomasse uma opinião geral ou que tivesse concenso entre os líderes da Igreja. Muitos líderes das igrejas daquela época pregavam o monoteísmo que Jesus pregava. Eles ccnsideravam Jesus um profeta, como ele próprio afirmou: "Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele L1ue o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois Se as fizerdes" (João, 13:16-17). É preciso que saibamos que o terceiro elemento "o Espírito Santo", não fazia parte da Trindade, nem era reconhecido pela Igreja, antes do Concílio de Nicéia em 325, e que o seu total reconhecimento e acréscimo como terceiro elemento da Trindade só se deu no Concílio de 386, ou seja, no quarto século.1 Esse fato nos faz formular a seguinte pergunta: "Será que os milhares de cristãos, durante quatro séculos, não eram crentes, nem sabiam que seu Deus era trino? Como podemos confiar nos princípios dessa religião? Como pode a Igreja afirmar que a crença na Trindade é condição sine qua non para a crença e a sinceridade? Podemos Confiar nas Traduções da Bíblia Sagrada? Já citamos, acima, que a cópia original da Bíblia foi perdida. Ninguém duvida dessa afirmativa, entre os teólogos e historiadores. É necessário sabermos que os autores dos capítulos da Bíblia, principalmente do Novo Testamento, ou que levam os nomes dos autores que por ventura tenham sido profetas ou discípulos, falavam uma só língua dentre as várias línguas semíticas: hebraica, aramaica e árabe. Por isso, o que eles escreveram só podia estar numa das três línguas, que eram semelhantes, por terem sido as línguas nacionais correntes naquele tempo, na Síria, entre os dois rios (Tigre e Eufrates) e na Península Arábica, localidades do envio dos profetas de Israel, de Jesus e de seus discípulos. Aquele que examina as várias traduções da Bíblia verifica que todas se baseiam em originais, mas são escritas 1 Ver o livro "Mohammadfil Kitab Ai Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada) pág.216. em idiomas não falados pelos autores originais, ou seja, em línguas não semíticas: grega, romana, latina. Nenhum teólogo pode afirmar que exista uma só cópia original que possa ser consultada, para se examinar as traduções gregas e latinas em que foram escritos os dois Testamentos. Como, então, podemos verificar a sua autenticidade? Essa é uma questão vital que nos faz olhar com desconfiança os Livros da Bíblia, para nos basearmos em seus textos, e suas narrativas sobre acontecimentos e profecias, sem exame, comprovação, nem comparação, pois em tal situação estaremos sujeitos às interpolações e falsificações do tradutor, de acordo com suas paixões e seus interesses, principalmente se soubermos que não havia, naquela época, acordo dogmático, sectário ou sacerdotal entre as várias comunidades, cujas divergências continuam até hoje. Qualquer pessoa culta percebe que confiar nesses livros, para transmitir uma mensagem divina ou uma religião verdadeira, é um risco muito grande e uma especulação perdedora, uma blasfêmia para com Deus e a inspiração divina, e uma falsa afirmação do que os profetas disseram. Jesus preveniu quanto àqueles que torcem as palavras ia revelação, dizendo: "E todo aquele que disser uma Jalavra contra o filho do homem, ser-lhe-á perdoada, mas .io que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado" (Lucas, 12: 10). das traduções que estão em nossas mãos, porque foram traduzidas do grego e do latim para o aramaico e o hebraico. Isso não é motivo de inquietação, porque já temos em nossas mãos novas cópias, fiéis ao original da Bíblia Sagrada! Porém, a questão não é tão fácil como parece. A questão é muito melindrosa e depõe contra os assuntos de crença, de Lei, de profecia, porque estamos cientes que os originais dos dois Testamentos, Antigo e Novo, possuíam muitas terminologias, leis, nomes de personalidades, de lugares, etc., relacionados com a profecia sobre o aparecimento de um profeta em particular, ou acontecimentos específicos, que deveriam ser guardados na sua originalidade, para serem transmitidos com confiança, como estavam no original, para que o significado não fosse deturpado, para que não fosse explicado de forma distante do significado certo, desaparecendo, assim, o significado real. Isso aconteceu, de fato, em muitas profecias, cujas traduções foram deturpadas, e que trocaram os nomes das pessoas a elas relacionadas. Por exemplo, como conseguiremos chegar à pronúncia e ao nome pronunciado por Jesus, em aramaico, quando profetizou a vinda do Paraclito? Como conseguiremos conhecer esse personagem citado pela profecia? (João, 15:26). Esse nome, encontrado na tradução grega, não é, certamente, o mesmo nome pronunciado por Jesus. A explicação sacerdotal dos mentores da Igreja não é de grande valia para conhecermos a verdade, porque a questão persiste: onde está aquele Evangelho que cita fielmente as palavras de Jesus com as quais admoestou os concílios? Acrescente-se a isso o fato de que, indubitavelmente, a tradução perde a beleza e a coesão existentes no original. 54 Em tais situações, ela adquire uma nova forma, totalmente diferente da do original, quanto à formação das frases, além da forma cultural que o tradutor acrescenta geralmente à tradução que, muitas vezes difere da cultura do idioma primitivo. Isso acontece com qualquer livro. Que diria, da Bíblia Sagrada, que ela abrange a revelação e a Lei de Deus? Como muçulmano que somos, não podemos denominar "Alcorão" a qualquer uma de suas várias traduções, nem lar a mesma consideração - que damos ao Alcorão em árabe - a eles, por mais precisas e eloqüentes que sejam. Outro exemplo que damos ao leitor que não conhece a .língua árabe: se déssemos a um tradutor francês habilidoso as obras de Shakespeare, traduzidas para a sua língua, e pedíssermos a ele que as vertesse novamente para a língua original, a inglesa, sem consultar a cópia inglesa original, seria ele capaz de restituir a beleza, a coesão e a eloqüência. Do original? . Nsou tradutor, mas desafio qualquer pessoa a fazê-lo. Se isso é impossível de ser feito com os livros humanos, ~ orno pode ser feito com os livros divinos? Desejo, aqui, me colocar, juntamente com o leitor, perante algumas perguntas formuladas por um teólogo cristão: "É possível que Jesus e seus apóstolos não tenham deixado o verdadeiro Evangelho no idioma em que foi revelado? Se houve um Evangelho verdadeiro, que aconteceu a ele? Quem o perdeu? Será que foi destruído? Se foi destruído, quem e quando o destruiu? Foi ele traduzido apenas para o grego, ou o foi para outra língua estrangeira? Por que a Igreja não possui a cópia original do verdadeiro Evangelho ou da sua tradução? Se todas essas perguntas não têm respostas, formularemos outra série de perguntas importantes: Por que os apóstolos judeus e os evangelistas não escreveram em seu idioma original, mas escreveram em grego? Onde o pescador Simão Pedro, o João, o Lucas e o Mateus aprenderam o idioma grego para poderem escrever uma série de livros sagrados? Quem disser que o Espírito Santo os inspirou, estar-se-á sujeitando a ser alvo de chacotas. O Espírito Santo não é professor de gramática, nem de línguas. A questão exige uma outra elucidação para explicar o motivo que fez o Espírito Santo fazer a revelação na língua judaica a um judeu, em Jerusalém, e esta revelação ser destruída; então, ele ensinou a alguns judeus o grego, para que cada um escrevesse com seu estilo particular, uma parte de tal revelação. Se for dito que os Evangelhos e as epístolas foram escritos para o benefício dos judeus desgarrados, que conheciam o grego, perguntamos: qual foi o benefício que tiraram os judeus desgarrados do Novo Testamento? Por que não foi feita uma cópia para os judeus da Palestina em seu idioma, levando-se em consideração que Jerusalém era o centro da nova religião? É perda de tempo tentarmos conseguir o texto de uma lei ou de uma só revelação, ou duma só epístola da autoria de Jesus, em seu próprio idioma. O Concílio de Nicéia ficará responsável, para sempre, pelo crime da perda do Evangelho Sagrado original no idioma aramaico. É uma perda irreparável. O motivo que me leva a insistir na necessidade premente de se ter a mensagem de Deus revelada é claro, pois ela seria a fonte fidedigna adotada por todos. A tradução, por mais fiel que seja, não possui a força da precisão e o significado verdadeiro, como as palavras, as frases e as expressões que o original possuem. Por outro lado, toda tradução estará sempre sujeita às críticas e aos desafios."1 Peço desculpas ao leitor de ter copiado um texto tão extenso das palavras do Professor. Porém, a posição que o autor ocupa é devida ao seu conhecimento no campo das famosas traduções, antigas e modernas, da Bíblia, coisa que imprime importância especial à sua crítica. Uma Análise Crítica É do conhecimento geral, no mundo dos escritores, que o autor de uma obra se preocupa, na maioria das vezes, de realçar a sua personalidade através de seus escritos. Ele se intitula o autor das idéias e das opiniões contidas no livro, e coloca o seu nome manifestamente, não permitindo o plágio ou a omissão do nome, a não ser que haja uma causa para usar um pseudônimo. Caso contrário, quando o que está escrito é de sua autoria e de seu esforço pessoal, ele faz questão de que o livro leve o seu nome. Porém, se estiver copiando outro livro, ou alegar que está escrevendo revelações divinas, neste caso deve ser totalmente honesto, quer no que ele está copiando ou quanto à revelação que ele está recebendo. Não terá desculpa se permitir que sua própria opinião seja interpolada na que ele está copinado, pois com isso perde a sua credibilidade. 1 Ver o livro "Mohammad fil Kitab Ai Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), pág. 149. Se fizermos um exame crítico dos Livros da Bíblia, verificaremos uma série de observações que atestam que o Livro não é revelação divina, nem foi escrito durante a vida dos profetas, nem foi ditado por eles. Os seus autores não desfrutavam da condição de "sagrados" e da infalibilidade que Deus normalmente concede aos profetas, para que sejam exemplos para os outros, tenham credibilidade e transmitam fielmente as ordens de Deus. Podemos citar as seguintes observações: 1 - Verificamos, em alguns textos, algumas expressões e sentenças em que foram utilizados demonstrativos ou pronomes ocultos que a estória informa sobre citações ou acontecimentos que se deram no passado. Muitas frases desse tipo são repetidas no Velho Testamento, como: "O Senhor disse a Moisés", "Moisés disse ao Senhor", "O Senhor falou a Moisés e a Aarão". Outros tipos de frases são: "Estas são as jornadas dos filhos de Israel, que saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, pela mão de Moisés e Aarão. E escreveu Moisés as suas saídas ... " (Números, 33: 1-2). Não podemos aqui afirmar que o autor das frases tenha sido Moisés ou um dos sacerdotes que receberam esta revelação de Moisés, porque, se considerarmos essas frases, que muito se repetem nos livros da Tora, como palavras do próprio Moisés, ou como revelação divina para ele, o texto seria o seguinte: "Disse ao Senhor", "O Senhor me disse" , E escrevi as suas saídas". Porém, as sentenças aparecem no primeiro estilo para informarem que o autor é uma outra pessoa, e não Moisés ou Aarão. O texto seguinte não deixa margem a dúvidas nesta questão; ele nos confirma que o autor desses livros os escreveu muito tempo depois da morte de Moisés: "Assim, morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moab, conforme ao dito do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moab, defronte de Beth-peor; e ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura" (Deuterenômio, 34:5-6). Quem é que nos narra sobre a morte e sobre o local de sepultamento, principalmente quando a última sentença informa que quando morreu ninguém estava com ele, e ningém conhece o local de sua sepultura!? Certamente, o autor dos livros não foi um dos discípulos de Moisés, nem seu servo "Josué". Certamente, foram escritos muito tempo depois da sua morte, que pode chegar a centenas de anos, como entendemos dos últimos versículos do livro de Deuterenômio: "E nunca mais se levantou, em Israel, profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera cara a cara; nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, ao Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra" (Deuterenômio, 34:10-11). A frase "e nunca mais se levantou, em Israel, profeta algum como Moisés" informa que o autor, que viveu, sem dúvida, séculos depois de Moisés, não ouviu falar nem conheceu profeta algum como Moisés, em Israel! Este não é um caso isolado, pois se repetiu no final do Livro de Josué quando da morte deste, onde diz: "E depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Nun, o servo do Senhor, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos. E sepultaram-no termo da sua herdade, em Timnath-sera, que está no monte de Efraim, para o norte do monte de Gaas. Serviu, pois, Israel, ao Senhor, todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Josué, 24:29-31). A última frase confirma que o tempo entre a morte de Josué e do autor do livro era muito longo, pois conseguiu, através da leitura e de ouvir as notícias de Israel, por todo aquele tempo, saber se Israel serviu ao Senhor durante aquele período! A pergunta que se faz aqui é: quem guardou as informações a respeito da revelação durante todo aquele período? Observação 2 - Em alguns desses livros verificamos que o autor nos economizou o trabalho de pesquisa, declarando isso na introdução de seu livro, com suas próprias palavras. Apesar disso, a dúvida a respeito do autor prevalece, pois os originais estão perdidos, e só temos em mãos as traduções. Nesta situação, não podemos afirmar que eles foram de fato os autores desses livros. Ao analisarmos a introdução de Lucas a seu Evangelho, tiramos à seguinte conclusão: Primeiro: Lucas confirma, no início de seu Evangelho: "Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mensageiros que os presenciaram, desde o princípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me, também, a mim, conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado, minuciosamente, de tudo, desde o princípio" (Lucas, 1-3), que um grande número de pessoas interessadas na vida de Jesus, pela sua história e pelos seus ensinamentos empreenderam "escrever" e não copiar o Evangelho de Jesus, que ele lia nas reuniões e entre as pessoas. Esses autores escreveram muitos livros que são estórias e não evangelhos. Os autores, também, foram muitos, e não apenas os quatro canonizados pela Igreja, que rejeita todos os outros. Segundo: O livro não foi escrito durante a vida de Jesus, nem durante a vida dos seus discípulos, mas foi escrito depois de uma época suficientemente afastada para que muitos interessados escrevessem estórias sobre a vida de Jesus, e seus livros fossem divulgados por toda parte. Terceiro: Ao dizer, Lucas, "segundo nos transmitiram os mensageiros que os presenciaram, desde o princípio, e foram ministros da palavra", ele nos informa que se baseou, na sua escrita, no que transmitiram os mensageiros que presenciaram os acontecimentos, ou ouviram falar deles, ç não que os Evangelhos, como alega a Igreja, foram guiados pela revelação ou inspiração, ou pelo Espírito Santo. Quarto: O próprio Lucas reconhece que ele só escreveu o seu Evangelho depois de terse informado minuciosamente de tudo, desde o princípio. Ele não afirma que o seu livro foi inspirado, nem é revelação infalível, mas fruto da sua opinião. Ele, depois de revisar e corrigir o que leu, rejeitando o que achou falso ou inconveniente, aceitou o que achou verdadeiro e conveniente. Por isso, achamos que o evangelista Lucas rejeitou a estória dos três reis magos, que vieram guiados pela estrela que lhes indicou o local do nascimento de Jesus, em Belém, onde se prostraram perante ele e lhe ofereceram presentes, etc., como foi narrado por Mateus, em 2:1-12. A Igreja construiu ao redor disso muita mistificação e lhe deu uma extraordinária importância em sua liturgia. 3 - Nós, os muçulmanos, lemos em nosso Livro, o Alcorão, os versículos que nos confirmam a veracidade dele e que ele é a revelação de Deus e não é de autoria humana, citando exemplos lógicos, informando-nos que, o que os humanos escrevem nunca estão isentos de falhas e contradições, porque isso é da natureza imperfeita do ser humano. Quanto mais a pessoa aumenta o seu conhecimento, seus erros e contradições tornam-se menores, pois a perfeição para os humanos é uma questão proporcional. Porém, a verdadeira perfeição só pertence a Deus, Glorificado e Exaltado seja. Por isso, as Revelações de Deus estão isentas de falhas e contradições. O Alcorão diz: "Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem, que não de Allah, haveria nele muitas discrepâncias" (4:82). Será verdade que a Bíblia está livre de contradições? Eram os autores dos livros da Bíblia infalíveis? Um exame cuidadoso dos Livros da Bíblia é suficiente para respondermos a essas perguntas. Eis alguns exemplos: Primeiro exemplo: Em Deuterenômio, 21:15-17, lemos o seguinte mandamento quanto ao direito do primogênito na herança do pai e a substituição do pai na liderança, mesmo que o filho seja proveniente da mulher que o aborrece: "Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem aborrece, e a amada e a aborrecida lhe derem filhos, e o filho primogênito for da aborrecida, será que, no dia em que fizer herdar a seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, adiante do filho da aborrecida que é o primogênito. Mas ao filho da aborrecioda reconhecerá como primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver; porquanto aquele é o princípio da sua força; o direito da primogenitura seu é. Esta é a justiça que pedimos aos pais quanto aos filhos: que não haja distinção entre o filho amado, da mulher amada, e o filho aborrecido, da mulher aborrecida. Ao verificarmos, nós humanos, esse mandamento divino prescrito para os homens, constatamos que a Bíblia apoia o que contraria esse mandamento. Ela prefere o filho da mulher amada ao filho da mulher aborrecida, além de dar o direito da primogenitura ao não primogênito dos filho e netos, mesmo que sejam filhos de uma só mulher! Com toda simplicidade, o direito de Ismael à primogenitura de Abraão (a paz esteja com eles), foi-lhe tirada e entregue a Isaac, e Abraão faz o pacto com Deus: "E disse Abraão a Deus: Oxalá que viva Ismael diante do teu rosto! E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaac, e com ele estabelecerás o meu concerto, por concerto perpétuo para 1 sua semente depois dele" (Gênesis, 17: 18-19). Vemos uma outra contradição, na mesma estória, quando 30 acatamento da ordem de Deus para o sacrifício do filho de Abraão. A Bíblia diz: "E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora, o teu filho, o teu único filho, Isaac, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto, sobre uma das montanhas que eu te direi" (Gênesis, 22: 1-2). Como se pode aceitar as palavras "teu único filho, a quem amas", quando Isaac não era o único? Pelo contrário, quando Deus ordenou a Abraão sacrificar o filho, o único era Ismael! Porém, o autor de Gênesis, acostumado que estava com esse tipo de falsificação, colocou o nome do Isaac em lugar do de Ismael. Da mesma forma, ele tirou o direito da primogenitura de Esaú e deu para Jacó, os dois filhos de Isaac! Isso está claro na estória em que Jacó enganou o pai, Isaac, para poder obter a sua bênção antes de sua morte, obtendo, assim, o pacto com o pai em lugar de Esaú. (Ver Gênesis, 48:17-20.) Aqui perguntamos: Como podemos conciliar entre essas estórias e aquele texto bíblico, citado acima, que ordena se dar e respeitar o direito de primogenitura ao filho primogênito, mesmo que seja filho da mulher aborrecida? O muçulmano não aceita esse tipo de estórias sobre os profetas de Deus e Seus mensageiros preferidos. Segundo exemplo: Vemos, na primeira página do Evangelho de Mateus, a corrente de ascendência de Jesus Cristo, partindo de que José, o carpinteiro, era o marido de sua mãe, Maria. Com essa suposição, José passa a ser seu pai. Essa corrente, no Evangelho de Mateus, 1: 1-16, abrange vinte e sete gerações, de José a David. No Terceiro Evangelho, porém, Evangelho de Lucas, ele cita uma outra corrente da mesma ascendência totalmente diferente da corrente do primeiro Evangelho (de Mateus). Esta corrente abrange quarenta e duas gerações, de José a David, também. Em ambas as correntes é impossível encontrarmos dois nomes coincidentes na mesma geração, além do quê a segunda corrente (em Lucas) é quinze gerações maior do que a de Mateus. Será possível que ambas as divergentes correntes sejam .nspirações do Espírito Santo para ambas as pessoas, autores dos Evangelhos? Qual delas é a mais precisa? Se ambas forem corretas, que podemos dizer a respeito desse “Espírito Santo", que inspirou a duas pessoas com duas correntes divergentes? Podemos considerá-lo infalível? Ou podemos considerar infalíveis os autores dos Evangelhos? A acusação é muito grave, porque a Igreja afirma que esses autores são infalíveis, que os Evangelhos são revelações divinas para os discípulos de Jesus, através do Espírito Santo! Eis as duas correntes: Corrente de Mateus 1 - Jesus, filho de 2 - José 3 - Jacó 4 – Mattan 5 - Eleazar Eliúd 6 - Eliúde Corrente de Lucas 1 - Jesus, filho de 2 - José 3 - Heli 4 - Matat 5 - Levi 6 - Melqui Corrente de Mateus ( cont.) 7 - Aquim 8 - Sadoc 9 -Azor 10 - Eliaquim 11 - Abiúd 12 - Zorobabel 13 - Salatiel 14 - Jeconias 15 - Josias 16 - Amon 17 - Manásses 18 - Ezequia 19 - Acaz 20 - Joatão 21 - Ozias 22 - Jorão 23 - Josafat 24 -Asa 25 - Abia 26 - Roboão 27 - Salomão 28 - David Corrente de Lucas (cont.) 7 - Joana 8 - José 9 - Matatias 10 -Amós 11- Naúm 12 - Essi 13 - Nagai 14 - Maath 15 - Matatias 16 - Semei 17 - José 18 - Judá 19 - Joana 20 - Resa 21 - Zorobabel 22 - Salatiel 23 - Neri 24 - Melqui 25 - Adi 26 - Cozam 27 - Elmodam 28 -Er 29 - José 30 - Eliezer 31- Jorim 32 - Matat 33 - Levi 34 - Simeob 35 - Judá 36 - José 37 - Jonan 38 - Eliaquim 39 - Melea 40 - Mainan 41 - Matata 42 - Natan 43 - David Quão surpreso fiquei quando ouvi um pastor responder, num debate, quando lhe foi endereçada a pergunta a respeito da conciliação entre ambas as correntes. Ele disse: "Uma delas relaciona a ascendência de Jesus pelo lado da mãe e a outra pelo lado do pai, José." Não sei de onde o pastor tirou a sua resposta, pois ambas as correntes começam com a ascendência do lado de José! Terceiro exemplo: Nos três Evangelhos sinóticos a respeito de desolações, destruições, mudanças na ordem cósmica - "O sol escurecerá, a lua não reflitirá a luz" (Mateus, 24:15-35), Marcos, 13:7-31), (Lucas, 21:25-33) -, Jesus fala aos seus discípulos sobre o surgimento de falsos cristos e falsos profetas que falarão em seu nome. Ele os previne contra eles e lhes diz para esperarem a sua volta, etc .. Ele finaliza o seu sermão, dizendo: "Assim, também, vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto. Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que tudo aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar" (Lucas, 21 :31- 3). Aconteceu, por acaso, o que Jesus informou que iria acontecer quanto à mudança da ordem cósmica, do acontecimento da Hora, da volta do Filho do homem, numa nuvem, com poder e grande glória? A geração de Jesus já desapareceu, e muitas gerações depois dele, e até os dias de hoje, aconteceu, acaso, o que ele disse? Não aconteceu, nem isto nem aquilo. Nós, como muçulmanos, cremos que Jesus (a paz esteja com ele) profetizou muitos acontecimentos, como a vinda de um profeta, depois dele, que nele acreditará e transmitirá a seus seguidores e a toda a humanidade a verdade, bem como falará sobre o aparecimento de falsos cristos e falsos profetas, sobre o predomínio de um império sobre outro, sobre a destruição do Templo e de Jerusalém - que de fato aconteceu no primeiro século da era cristã, etc .. Porém, os autores dos Evangelhos sinóticos, quando viram que algumas dessas profecias estavam acontecendo, acharam que aquilo era o prenúncio da mudança da ordem cósmica citada por Jesus quando do acontecimento da Hora. Eles, então, acrescentaram a frase "não passará esta geração, até que tudo aconteça", pensando que com isso corroborariam a profecia do seu mestre. Se nós examinarmos o texto, veremos que a frase quanto à geração está em contradição com o que vem em seguida quanto à sua profecia, pois ele disse: "Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai" (Marcos, 13:31-32). O próprio Jesus confirmava que essas profecias aconteceriam, sem dúvida, porque Deus o informou disso; porém ele não sabia quando, pois é somente do conhecimento de Deus; nem os anjos, nem Jesus sabiam. Como podemos, então, afirmar que Jesus informou os seus discípulos que aquelas coisas aconteceriam antes do término de sua geração? Por isso, o autor do quarto Evangelho (João) omitiu totalmente essa profecia. No contexto em que era preciso citar esses acontecimentos e profecias, em comparação com o contexto citado nos Evangelhos sinóticos, onde é citada a profecia em questão, vemos que João cita outra profecia, omitida pelos evangelistas sinóticos, e que diz respeito ao advento do Paraclito, o Espírito da verdade, que falará o que procede de Deus (ver João, 15: 1-16). O motivo que levou João, filho de Zebedeu, a fazer isso é que ele escreveu o seu Evangelho posteriormente - se foi ele que o escreveu -, pois nada daquilo aconteceu na geração de Jesus, e viu que seria melhor omitir aquela profecia. Isso não é mera especulação, pois os historiadores afirmam que o Evangelho de João não era conhecido nos três primeiros séculos da Era Cristã, e que a Igreja não o conheceu antes do Concílio de Nicéia (325 d.C.). Isso é uma gota d' água num oceano de contrariedades que a Bíblia contém, de estórias estranhas, além do que citamos neste Capítulo quanto à situação das traduções, da época histórica, dos exemplos e das provas que nos fazem afirmar que a percentagem dos livros da Bíblia, em relação à revelação divina, é arriscada e imprudente; isso é especulação com a revelação, a profecia e a religião, coisa imperdoável, porque a mentira e a blasfêmia quanto a Deus e ao Espirito Santo - Gabriel, o mensageiro da revelação - são pecados capitais que Deus não perdoa. Jesus confirmou isso ao advertir quanto à mentira e à blasfêmia, pois disse: "Na verdade, vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo" (Marcos, 3:28-29). O Profeta Mohammad confirmou o mesmo significado, pois as palavras dos profetas são idênticas, e a fonte de todos é a mesma. Ele disse: "Não redijais sobre mim! Aquele que escrever algo a meu respeito, fora do contexto do Alcorão, que o apague. Falai de mim sem embaraço. Aquele que mentir intencionalmente, que aguarde o seu lugar no fogo do Inferno" (Tradição narrada por Muslim). É justo dizermos: a Bíblia está repleta de conselhos e ensinamentos divinos que foram transmitidos pelos profetas (a paz esteja com eles), e ela representa uma enciclopédia de acontecimentos históricos, narrativas úteis, em todos os campos do conhecimento. Ela nos fornece um conjunto razoável de princípios morais e éticos. Porém, em contraposição, encontramos muitas contradições e diferenças - narrativas inventadas que depõem contra a infalibilidade dos profetas. Ma nela há sinais de politeísmo e idolatria totalmente contrários ao Livro Sagrado e seus ensinamentos. Isso não pode ser atribuído a Deus ou a os Seus profetas e mensageiros. Por isso, não podemos aceitá-lo na sua totalidade, no que diz respeito à revelação, à lei, ao monoteísmo anunciado por todas as mensagens e por todos os profetas. O melhor caminho para se conhecer a verdade existente na Bíblia é analisá-la sob o ponto de vista islâmico, monoteísta puro. Na nossa modesta opinião, aqueles livros foram escritos para um grupo particular de sacerdotes, destinados para o conhecimento e a análise de um grupo de escritores, e não para o público em geral, nem estavam à disposição do público. Não foi dada a oportunidade aos que amavam a leitura e o conhecimento, chegarem a eles. Não puderam estudá-los e analisá-los ou explicálos, decifrando seus segredos, no ensino às pessoas. Essa situação permaneceu assim durante longos séculos, até à reforma luterana e ao aparecimento da seita protestante, que se preocupou em explicar os Evangelhos e os ensinamentos, tirando o monopólio da Igreja católica quanto ao sacerdócio e aos mistérios da religião. Porém, essa seita não conseguiu revelar a verdade, ou chegar aos verdadeiros ensinamentos de Jesus, que declarava a sua crença em Deus e na Sua unicidade, e eliminanva assim a crença na Trindade, e acreditava no postremo dos profetas, Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz). Acrescentamos a isso que os autores do Velho Testamento e dos Evangelhos foram, em muitas oportunidades, influenciados pelas suas paixões sectárias, pelas situações políticas, que fizeram com que impusessem certos tipos de crenças e opiniões. Capítulo Quatro Jesus (a paz esteja com ele) Entre a Verdade e o Sacerdócio As afirmações das Igrejas Historicamente, é certo que não havia entre as igrejas da antiguidade um concenso quanto a muitos ensinamentos que as igrejas trinitárias aceitavam, na diversidade das suas seitas, como afirmativas clericais acerca da religião, da crença, dos preceitos e do sacerdócio. Não havia concenso quanto aos mistérios sagrados entre as igrejas atuais acerca das questões da Trindade, da divindade de Jesus, da crucificação e da redenção dos pecados, quanto à determinação da natureza do Espírito Santo, como terceira pessoa, sem contar outros assuntos relacionados às questões sacerdotais, como as orações, a missa, as festividades, o batismo, etc Durante quatro séculos, aproximadamente, a Igreja não tinha um só livro adotado, nem tampouco os capítulos do Novo Testamento tinham sido compilados na forma como são conhecidos hoje. Cada igreja e cada seita ensinava e orientava, de acordo como o que possuía de Evangelhos e capítulos do Novo Testamento e suas epístolas, além de considerar os livros do Velho Testamento a base adotada nos ensinamentos, nas orações, nas crenças das antigas igrejas. Na realidade, devemos saber que muitos ensinamentos importantes, existentes num só Evangelho, como o Evangelho de João, não eram conhecidos pela Igreja. Isso por um motivo simples: a Igreja não o tinha naquele tempo anterior ao Concílio de Nicéia, em 325 d.C .. Isso acarretou a falta de unificação nos métodos da adoração, da crença, da autoridade, dos conselhos, do código da Primeira Igreja.1 Não pretendemos, neste capítulo, detalhar esses assuntos históricos, pois já citei algo deles no capítulo anterior, nem essa é a preocupação do assunto do livro, pois os historiadores já estudaram essas questões e explicaram as suas importâncias. O que nos interessa, porém, é a questão dogmática dessa questão e o problema do monoteísmo: como foi que as mensagens divinas se revelaram, e como está patente nos textos de todos os livros sagrados, revelados aos profetas e mensageiros. As igrejas trinitárias basearam seus ensinamentos e seu sacerdócio em duas questões importantes, que são os dois pilares que sustentam a Igreja: 1 - A questão da Trindade, da divindade de Jesus, considerado como o Segundo elemento da Trindade. 2 - A questão da Crucificação e da redenção dos pecados. 1 Ver o livro "Mohammad fil Kitab AI Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), pág. 159. Por causa desses dois pilares, a Igreja empunhou, durante longos séculos, a espada da perseguição e da guerra contra seus adversários, qual fossem as igrejas unitárias, como as monoteístas, seguidores de Arios, depois do anúncio da Trindade no Concílio de Nicéia, ou contra as igrejas trinitárias, adversárias dela, como a seita protestante. Ela também declarou guerra contra os seus adversários das outras religiões,. como aconteceu com as guerras das Cruzadas (1098 d. C.), quando os países e os povos muçulmanos foram atacados, na região do Oriente Médio e no mar Mediterrâneo, além da expulsão e da maldição que a Igreja empreendeu, durante séculos, contra reis, líderes e cientistas livres, que tiveram coragem de contrariar o Vaticano, ao declararem as suas descobertas científicas, a exemplo de Galileu Galilei e outros. Se os métodos e os caminhos seguidos pela Igreja de Roma, durante longos séculos, para impor e divulgar os seus preceitos e fazer prevalecer a sua autoridade sacerdotal, não são mais válidos nem aceitos nos dias atuais, a razão é, sem dúvida, que a Igreja envidava e continua envidando todos os seus esforços e métodos para convencer os seus seguidores quanto às duas questões obscuras: a) A questão do Deus Único composto de três partes, b) A questão da Crucificação e da redenção dos pecados. A Igreja empenhou-se, durante esses séculos, em cercar tais ensinamentos de algo místico, com a auréola do sacerdócio, considerado que é, como o mistério da fé, em que o cristão deve tão-somente crer, sem dúvida, ou discussão. Assim, a Igreja continua a espalhar a sua autoridade sobre milhões de pessoas, por intermédio dos presceitos que se tomaram, em muitas épocas, questões de rejeição ou de questionamento por parte de muitos intelectuais e pensadores, das várias camadas sociais. Não há a menor dúvida, entre os intelectuais, de que convencer uma pessoa neutra quanto à unicidade de Deus e à adoração a Ele, de que ele é o único responsável pelos seus atos, é mais fácil e simples do que convencê-lo sobre aquela equação difícil quanto ao Deus único com os Seus três Seres, sobre a questão de responsabilizar uma pessoa pelos erros e pecados dos outros. A aceitação, da parte da pessoa, quanto a três deuses em separado é mais fácil de ser conseguida do que quanto a um só Deus composto de três partes. A crença num só Deus é da natureza do homem; é a única coisa que se coaduna com a sua formação natural e mental, dada a evidência da mente e da experiência, e dados os princípios da lógica, desde o início da raça humana, que recebeu essa propriedade através da Revelação Divina, e das palavras dos profetas, da orientação dos mensageiros, confirmadas pelos Livros divinos, que já citamos no primeiro capítulo deste livro. Será que o próprio Jesus era contra esses ensinamentos? Será que ele convocou os seus seguidores para o quê os contrariasse? Seguiu ele, acaso, outra lei, além da lei de Moisés, revelada por Deus na Tora, que confirmou todas as profecias - com seus princípios baseados na unicidade - preconizados por Adão, N oé, Abraão e o resto dos profetas (a paz esteja com eles)? Será que o próprio Jesus acreditava diferentemente disso, ou alegava que era Deus ou filho de Deus? é o que veremos através dos textos, que analisaremos nas páginas seguintes deste capítulo. É preciso, para a compreensão desta questão e para o conhecimento das respostas verdadeiras a essas perguntas, que sigamos o caminho da leitura acurada dos textos dos Evangelhos, com imparcialidade, para que a idéia fique mais clara na mente do leitor, isenta de conspurcações que turvem a sua nitidez. Jesus, o Homem Filho do Homem Os Evangelhos nos dão uma idéia clara sobre Jesus Cristo (a paz esteja com ele), como homem filho do homem, desde o seu nascimento até ao final da sua vida, e sobre o que ele passou quanto às necessidades da vida humana, como qualquer ser humano. Ele foi carregado durante nove meses no ventre da mãe, como acontece com qualquer criança (Lucas, 2:6-7). Ao nascer, ele poluiu a mãe com o sangue do parto, durante quarenta dias, até que ela se higienizou, de acordo com a lei de Moisés, como qualquer mãe judia (Lucas, 2:22). Aos oito dias de idade, foi circuncidado, como qualquer criança judia, para executar o símbolo do pacto que Deus celebrou com os filhos de Israel: "E quando os oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto, antes de ser concebido" (Lucas, 2:21). Pergunta-se: por que Deus - Que Ele esteja livre disso - escolheu aparecer para as pessoas dessa forma animal, nascendo de uma mulher, ficando sujeito ao cânon humano, quando tem o poder (se quisesse) de aparecer na forma humana, parecida com a que os anjos aparecem aos humanos, sem gravidez, nascimento, circuncisão, além de outros fatores necessários para a vida? Como judeu, ele foi batizado por João Batista, seu primo, com a água do Jordão, como eram batizados todos os judeus: "E aconteceu que, como todo o povo se batizava, foi batizado também Jesus" (Lucas, 3:21). "E aconteceu, naqueles dias, que Jesus, tendo ido de Nazaré, da Galileia, foi batizado por João, no Jordão" (Marcos, 1:9). Como qualquer pessoa, ele sente cansaço e dorme (Mateus, 8:24); sente fome: "E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome" (Mateus, 21:18); sente sede: "Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber" João, 4:7); ele também sente o cansaço da viagem, e senta para descansar: "E estava ali a fonte de Jacob; Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim, junto ia fonte" (João, 4:6). Ele também é combatido e tentado pelo demônio, como acontece com a disposição de qualquer ser humano, porque a inimizade entre o ser humano e o demônio é perene: "E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás" (Marcos, 1: 12-13 Aqui perguntamos: Será que o Deus-Pai tinha dúvidas a respeito da fé de Jesus, o filho, n'Ele, para que fosse tentado por Satanás? Como foi que Satanás, o maldito, sendo espírito maligno, conseguiu dominar Jesus, induzindo-o a se prostrar perante ele e a adorá-lo? Ele prometeu a Jesus, ainda, que, se se prostrasse perante ele, lhe daria todos os reinos da terra: "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então, o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram" (Mateus, 4:1-11). Observamos, nesta estória, uma série de questões. Uma delas é que Jesus nunca alegou ser Deus ou filho de Deus, nem revelou isso ao demônio que o tentava. Será que ele o temia? Em todas as suas respostas ele confirma ser uma pessoa normal e, como crente, não atendia a nenhuma das tentativas do Satanás. Não transformou as pedras em pães, nem se jogou do alto da montanha, e confirmou ao Satanás que ele, como profeta, e humano, não podia prostrar-se a ele, mas se prostrava somente perante Deus, e adorava somente a Ele. Se Jesus fosse Deus, ou filho de Deus, como ousaria Satanás a oferecer-lhe os reinos do mundo se exigir que Jesus se prostrasse ante ele? Não é Deus o dono de tudo? E se Jesus fosse filho de Deus, como afirmam as igrejas, vejamos: não afirmam os Evangelhos que Deus forneceu ao filho toda autoridade? Onde estava a autoridade de Jesus quando Satanás o tentou? Os mentores da Igreja devem-se esforçar para a solução desse enigma e dar respostas convincentes, sem usarem de subterfúgios, como é o feitio das alegorias sacerdotais. Uma vez que sabemos que o mais curto caminho de acerto é a verdadeira crença em Deus Único, a rejeição dos Seus parceiros, a confirmação do Seu mensageiro, Jesus, como profeta e ser humano, é melhor adotarmos o que Deus, Glorificado e Exaltado seja, ordenou: "Deus disse: Não adoteis dois deuses - posto que somos um Único Deus! Temei, pois, a Mim somente!" (Alcorão, 16:51). Como podemos aceitar o domínio do Satanás sobre Jesus, quando este estava cumulado com o Espírito Santo? Como podem-se juntar dois Espíritos antagônicos, um benigno e o outro maligno? Longe está de Deus dar domínio aos demônios sobre Seus servos virtuosos. Deus diz: "Quando leres o Alcorão, ampara-te em Deus contra Satanás, o maldito. Porque ele não tem nenhuma autoridade sobre os crentes que confiam em seu Senhor. Sua autoridade só alcança aqueles que a ele se submetem e aqueles que, por ele, são idólatras" (16:98100). Jesus, o Profeta e o Mensageiro Os Evangelhos estão repletos de informações sobre a figura de Jesus (a paz esteja com ele) como profeta e mensageiro de Deus, recomendando somente o que Deus lhe ordenou recomendar, a exemplo de outros profetas anteriores a ele: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir" (Mateus, 5: 17). Ele reconhece a sua servidão a seu Senhor, e que nunca poderia ser igualado a Ele, nem ser superior a quem o enviou: "Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu Senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" (João, 13:16). Ele afirma que não fala por si; como profeta, só fala o que lhe é revelado por seu Senhor, e só faz o que Lhe agrada: "Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido o que sai de ti; e creram que me enviaste" (João, 17:8). Ele também disse: "Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. Eu sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai me tem dito" (João, 12:49-50). Ele censurou uma pessoa que foi questioná-lo a respeito da herança da vida eterna. Dirigindo a Jesus a palavra, disse-lhe: "Bom mestre ... " Jesus o censurou veementemente por tê-lo chamado de bom mestre, para que não pensasse que era divino, pois os judeus atribuíam o adjetivo "bom" para Deus e o adjetivo "mau" para Satanás. Por isso, Jesus o aconselhou, dizendo: "E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom mestre, que hei de fazer para herdar a vida etrena? Jesus lhe disse: Por que me chamas de bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás a teu pai e a tua mãe" (Lucas, 18: 18-20) e (Marcos, 10: 17-19). Sendo um bom ser humano, e um dos profetas, ele adorava a seu Senhor e praticava muitas orações, e se dedicava a Deus. Ordenava os seus discípulos a imitá-lo, praticando assiduamente muitas orações, a fazerem muitas súplicas somente a Deus. (Não encontramos, em nenhuma parte dos Evangelhos, um texto em que Jesus ordena os seus discípulos ou adeptos a prostrarem para ele) "Porém, ele retirava-se para os desertos, e aí orava" (Lucas, 5: 16). "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus" (Lucas, 6: 12). "E contou-lhes, também, uma parábola, sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer" (Lucas, 18: 1). "E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão. E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo, de tristeza. E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação" (Lucas, 22: 41-46). Ele tinha o direito e a possibilidade de ordenar a todos que glorificassem, santificassem e exaltassem a Deus, se submetessem a Ele, pois o poder está em Suas mãos e a vontade é d'Ele, e ninguém pode contrariar a Sua ordem e o Seu juízo. O próprio Jesus, como está no texto citado, apresentou essa súplica somente a Deus, o Senhor Divino, até que seu suor se transformou em sangue. Deus estava com ele, e atendeu as suas súplicas, enviando-lhe um anjo para fortalecê-lo em suas orações. Esta é a situação de qualquer pessoa que obedece a seu Criador, e adora a seu Senhor. Podemos, depois disso, afirmar que Jesus era Deus ou uma parte de Deus? Então para quem ele orava e suplicava? Estaria o Senhor necessitado do fortalecimento de um dos Seus anjos? Os Evangelhos repetem, em muitos lugares, a preocupação de Jesus (a paz esteja com ele) com orar para Deus e fazer-Lhe súplicas, porque esta é a situação de homem bom, agradecido a seu Senhor pelas mercês Mohammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz) orava de pé durante a noite, até que seus pés sangrassem e inchassem. Sua esposa, Aicha, pediu-lhe que tivesse pena de si mesmo. Ele lhe disse: "Não deveria eu ser um servo agradecido?" (narrado por todos os tradicionalistas). Jesus lembrava a seus discípulos dos sinais da Hora adomoestando-os quanto ao horror dela. Quando ele percebeu que as suas descrições a respeito das coisas incognoscíveis poderiam fazê-los pensar que ele estava da posse do que não se pode conhecer, ele os faz afastarem-se desses pensamentos, esclarecendo-lhes que o incognoscível é de posse de Deus, e que o segredo da Hora só é conhecido por Deus. Jesus, por ser profeta, informou-os dalguns mistérios. Mas isso não significava que ele próprio estivesse da posse do incognoscível, mas que Deus o informava daquilo. Ele disse: "Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai" (Mateus, 24:36). "Mas, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo" (Marcos, 14:3233). Alguém, depois de ouvir as palavras de Jesus, pode ?ensar que ele era Deus, ou filho de Deus como segunda pessoa? Se ele fosse a segunda pessoa de Deus, não haveria de saber quando seria o acontecimento da Hora? Se dissermos que as três pessoas são três entidades separadas e não unificadas, e que cada uma possui um determinado conhecimento ou uma determinada função, seria necessário o politeísmo e a afirmação da existência de três, e não do Deus único, composto pelas três pessoas, como a Igreja tenta afirmar, capciosamente. Se a Igreja entendeu as palavras dele, ao chamar a seu Senhor "Pai", designando o Senhor de Pai, como foi citado pelos Evangelhos, se ela entendeu que ele estava alegando a própria divindade, ou que ele era de verdade o filho de Deus, esse mau entendimento é causado pelo que os primeiros judeus entenderam das palavras de Jesus. Por isso, quiseram apedrejá-lo por ter blasfemado contra Deus, como pensaram. Portanto, Jesus se pôs a rechaçar os seus pensamentos incorretos que não se coadunam com o uso lingüístico, nem com o verdadeiro significado das palavras. A associação aqui não é um agregamento de filiação e paternidade no sentido animal, mas é uma associação de fé, educação e criação. Deus, Glorificado seja, é o Pai de todos os humanos, nesse sentido. "Os judeus pegaram então, outra vez, em pedras, para o apedrejar. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas, procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Pois se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasefemas: porque disse: Sou Filho de Deus?" (João, 10:31-36). A filiação a Deus não era estranha para os judeus. Esse mesmo sentido foi aplicado nos livros do Velho Testa-mento, quando Deus diz a Natan, o profeta, para dizer a Davi, também profeta: "E confirmarei o trono do seu reino, para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho" (Samuel lI, 7:13-14). Será que os judeus ou os não judeus alegaram que Davi era filho de Deus, no sentido entendido pelos cristãos a respeito de Jesus? Foi próprio do judeu fanático, Saulo, que era o mais encarniçado inimigo de Jesus e dos seus adeptos, alegar que o Cristo apareceu-lhe e lhe enviou como mensageiro às pessoas para pregar o Evangelho, sendo, depois, denominado o Apóstolo Paulo. Foi próprio dele entender aquele predicado de Jesus, e não ter coragem de contrariar o seu mestre, o mensageiro cristão, alegando-lhe a divindade. Porém, Satanás o dominou, e ficava sobre sua cabeça, esbofeteando-o, toda vez que desejava exaltar-se, não o deixando declarar a verdade, como o próprio Paulo descreveu numa de suas epístolas: "E para que me não exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de me não exaltar" (Epístola ao Corintos II, 12:7). Quantas vezes Jesus falou a seus discípulos e adeptos, dizendo: "E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus" (Mateus, 23:9), para que não imaginassem que aquela descrição era dele, na sua consideração como filho de Deus, pois todos os .rentes em Deus são Seus filhos, porque O amam, e Ele, glorificado seja, é o Pai deles, porque os ama. Jesus falava nesses termos, o que está de acordo com que foi narrado pelo Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz): "Os humanos são todos família de Deus, e o mais querido para Deus será quem for mais benéfico para com Sua família" . Jesus (a paz esteja com ele) era como os outros profetas, não fazia os milagres por si, nem por sua própria vontade, mas pela anuência de Deus e pela Sua vontade. Os judeus pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal da sua profecia, para experimentá-lo, não para crerem nele. Jesus descobriu suas más intenções e os censurou, porque não desejavam crer. Ele não os atendeu, pedindo a Deus que lhes mostrasse um milagre, mas deixou-os e partiu: "E chegando-se os fariseus e os saduceus, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. Mas ele, respondendo, disse-lhes: 'Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis diferenciar a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas'. E deixando-os, retirou-se" (Mateus, 16: 1-4). Isso é parecido com o que os idólatras pediram, em Makka, para Mohammad, de sinais para tentarem-no e experimentarem-no, não para procurar a verdade e a crença. Deus diz a respeito desses e de seus similares: "Os tolos dizem: Por que Allah não fala conosco, ou nos apresenta um sinal? Assim falaram, com as mesmas palavras, os seus antepassados, porque os seus corações se assemelham aos deles. Temos elucidado os versículos para a gente persuadida" (2: 118). Se a pessoa pensar que os atos de Jesus e os milagres que ele operava eram sinais de sua divindade, e que os poderes que lhe foram dados, de ressucitar o morto, de curar os doentes, de expulsar os demônios, nada mais são do que sinais do poder de Deus, que Ele concedeu à segunda pessoa, Jesus, por ser o Seu filho; se alguma pessoa pensar isso, saiba que o próprio Jesus esclarece essa dúvida; foi quando os judeus quiseram fazê-lo cometer um erro, para poderem prendê-lo e matá-lo, e eles o questionaram a respeito desse mesmo poder, quem lho concedeu? Jesus percebeu as suas más intenções e lhes deu o exemplo do batismo de João, filho de Zacarias, e os milagres que ele fazia, o poder do batismo, a aceitação do arrependimento para a redenção dos pecados, coisa que Deus lhe concedeu. Se todas as pessoas sabiam que ele era um profeta enviado, os escribas e os fariseus, porém, não desejavam crer, pois antes não acreditaram em João. Eles foram covardes em não acreditarem na verdade e declararem suas crenças em Jesus, na sua condição de profeta enviado por Deus, como é o caso de João Batista e de outros profetas, pois todos bebem da mesma fonte. Eis o diálogo: "E, chegando ao templo, acercaram-se dele, estando já ensinados, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que autoridade fazes isto? e quem te deu tal autoridade? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu também vos perguntarei uma coisa; se me disserdes, também eu vos direi com que autoridade faço isto. O batismo de João, de onde era? Do céu, ou dos homens? E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? E se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço isto" (Mateus, 21:23-27). Jesus, com tais palavras e tal diálogo, além de acentuar a acusação quanto à descrença dos líderes dos sacerdotes concernente à condição de profeta de João Batista, revelando sua covardia e sua hipocrisia, também deu demonstração irrefutável e apresentou o exemplo final quanto à sua condição de profeta, à veracidade da sua mensagem, rejeitando qualquer alegação sobre a sua divinização, ou qualquer imaginação que pudesse contrariar a sua condição humana e a sua consideração como um dos profetas. Em outros termos, ele afirma categoricamente para todo aquele que alega outra coisa além da verdade: "Minha condição de profeta e a minha missão são verdadeiras, que me foram concedidas pelo Deus Único, igual à condição profética de João, que lhe foi concedida pelo Deus Único e que me deu esse poder". Todas as pessoas sabiam da condição de profeta de Jesus, da sua veracidade, pois os próprios Evangelhos nos informam isso: "E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia" (Mateus,21:10-11). Deus, glorificado e exaltado seja, confirma, no Alcorão, os grandes milagres de Jesus, não como de sua autoria ou vontade, mas com a anuência, poder e vontade de Deus. Ele diz: "Então, Allah dirá: Ó Jesus, filho de Maria, recorda-te de Minhas Mercês para contigo e para com tua mãe; de quando te fortaleci com o Espírito da Santidade; de quando falavas aos homens, tanto na infância, como na maturidade; de quando te ensinei o Livro, a sabedoria, a Tora e o Evangelho; de quando, com o Meu beneplácito, plasmaste de barro algo semelhante a um pássaro e, alentando-o, eis que se transformou, com o Meu beneplácito, em um pássaro vivente; de quando, com o Meu beneplácito, curaste o cego de nascença e o leproso; de quando, com o Meu beneplácito, ressuscitaste os mortos; de quando contive os israelitas, pois quando lhes apresentaste as evidências, os incrédulos, dentre eles, disseram: Isto não é mais do que pura magia!" (5: 110). O Alcorão, quando confirma essas verdades, não permite que Jesus seja denominado "Filho de Deus", como alegam , os cristãos. Se analisarmos esse versículo e o confrontarmos com o texto evangélico, verificaremos que ambos os textos afirmam a mesma coisa, ou seja, que Jesus, pelo que Deus lhe permitiu quanto a operar milagres e mostrar sinais, isso nada acrescenta à sua condição de profeta e servo de Deus, a exemplo dos outros profetas da mesma condição. Na realidade, tudo o que os Evangelhos revelam sobre a vida de Jesus é corno um ser humano e como profeta enviado. Os textos nesse sentido são inúmeros. Os especialistas não têm nenhuma dúvida de que Jesus foi carregado no útero como qualquer ser humano, e nasceu como qualquer ser humano, viveu, comeu e bebeu corno qualquer ser humano. Ele, também, como profeta, transmitiu a mensagem do seu Senhor e se apresentou às pessoas nessa condição. Ele desmascarou os que negaram a sua condição de profeta e as condições de outros profetas. Ele pregou os ensinamentos da lei, e confirmou a lei de Moisés, restituindo-lhe a credibilidade. Ele, ainda, anunciou a vinda de outro Profeta, depois dele. Podemos, depois disso, afirmar o que ele próprio não o afirmou? Podemos alegar a sua condição de divino que ele próprio nunca afirmou? Na realidade, ele rejeitou essa crença e confirmou os ensinamentos das revelações e dos profetas quanto à unicidade de Deus, e à adoração a Ele. Os Evangelhos não deixaram dúvidas quanto a isso, a não ser num só ponto: Será que Jesus foi o Filho de Deus? Essa dúvida não existiria se o Evangelho original, ensinado por Jesus, ainda existisse, ou se os discípulos de Jesus, que escreveram os Evangelhos, tivessem conservado os veradeiros ensinamentos de Jesus, sem alterações ou falsificações, ou acréscimos ou diminuições. Se o nascimento milagroso de Jesus é a causa da alegação de sua divindade, porque não consideram divino aquele que foi criado sem o concurso de pai nem de mãe? Jesus nasceu de uma mãe, sem o concurso de pai. Adão porém, o pai da humanidade, foi criado por Deus sem o concurso de pai ou de mãe; Deus insuflou nele o Seu espírito, fez os anjos se prostrarem perante ele, como afirmam as três religiões monoteístas. Portanto, ele tem mais direito do que Jesus de ser divino, ou ser o filho de Deus. Se afirmarmos que Adão desobedeceu a seu Senhor, e não merece ser considerado filho de Deus, saibamos que o Livro Sagrado nos narra a estória de Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que não possuiu pai ou mãe, sua vida não teve início nem fim! Este teria mais direito de ser considerado o filho de Deus. São Paulo narra a estória dele, dizendo: "Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão, quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou. A quem, também, Abraão deu o dízimo de tudo; primeiramente é por interpretação, rei de justiça, e depois, também, rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre" (Epístola aos Hebreus, 7: 1-3). Como então Jesus é o filho único de Deus, sabendo-se que ele nasceu de uma mulher, enquanto Malequisedeque não teve nem pai nem mãe, não teve genealogia, nem teve início nem fim? Por que não o consideram o próprio Deus? Não conhecemos ninguém que tenha essa condição, além de Deus, pois Ele é o Primeiro e Último, o Manifesto e o Oculto, não gerou nem foi gerado ... Quanto à Crucificação e à Redenção dos Pecados Essa alegoria é uma das mais importantes questões da crença cristã. O cristão que não crê nela e não acredita que Jesus foi crucificado e morreu para a sua salvação e a sua redenção, não é considerado pela Igreja como crente, e não conseguirá a salvação sob hipótese alguma. Suponhamos que uma pessoa passou a vida na adoração do Deus único, praticou todos os bons atos, foi gentil, prestativo e caritativo para com as outras pessoas; bom, na opinião da Igreja, essa pessoa, mesmo tendo feito tudo isso, não conseguirá a salvação, se não tiver acreditado na crucificação e no sacrifício de Jesus. Por outro lado, se um indivíduo passar a vida praticando todos os atos de maldade, porém crer na crucificação, ele obterá a salvação, pois terá a Igreja por intermediária entre ele e Deus. Bastará que ele reconheça o erro, se arrependa de seus pecados, com oferendas para a Igreja. Algumas perguntas, aqui, se fazem necessárias: Será que o criminoso, o pecador por excelência, se crer na salvação de Cristo, mesmo que não confesse os seus crimes nem se arrependa, terá salvação? Se a resposta é afirmativa, qual é o benefício da prática dos bons atos nesta situação? Qual é a sua função e importância nesta vida? Cabe mais uma pergunta, inserida na primeira pergunta: Será que o piedoso e o criminoso terão a mesma recompensa em tal situação? Se a resposta é afirmativa, onde está a justiça de Deus Que ama a Seus servos? Se a resposta for negativa, Qual a vantagem de que Deus tenha sacrificado seu único filho, que foi crucificado, torturado e morto na cruz? Outra pergunta que pode ser feita, cuja resposta deve ser obtida da natureza humana, quer a pessoa seja crédula ou incrédula: Pode a lógica da justiça humana, convencionada entre as pessoas, castigar um indivíduo de bem para redimir os erros de um criminoso? Podem as leis humanas aceitar que o filho pague pelos erros do pai, o marido, em lugar da esposa, um irmão, em lugar de outro? Essas perguntas são respondidas com argumentos naturais, muito claros, que só serão contestáveis por arrogantes que negam a sua natureza, ou são incrédulos. Pergunto aos mentores da Igreja e aos líderes sacerdotais: Será que seus ancestrais, discípulos de Jesus, e seus apóstolos, e a multidão de pessoas que nele acreditou, antes do episódio da crucificação, acreditavam também na trindade, na crucificação, e na redenção? Há alguma prova quanto a isto? Então, tenham a bondade de apresentá-las. Não aceitamos os quatro Evangelhos como prova, mas acatamos as epístolas anexas a eles. Queremos, também, que nos apresentem os muitos outros evangelhos que eram correntes na época dos discípulos e dos seguidores, durante um período não inferior a três séculos depois de Cristo, e que os próprios discípulos citavam. Na verdade, não existe um único texto original das palavras e dos ensinamentos de Jesus, citados nos evangelhos, que possa ser considerado um testemunho ou uma prova cabal quanto à questão da crucificação e da redenção, ou quanto à divinização e à trindade. Há, sim, alguns textos obscuros que citam a questão da crucificação e a da permanência de Jesus, por três dias, no seio da terra, e depois quanto à sua ressurreição. Porém, os textos apresentam dois problemas: Primeiro: A contradição entre os textos que falam a respeito, nos Evangelhos. Segundo: São obscuros e ambíguos, além de nada terem de concreto, nem de perto, nem de longe, que afirme que a questão da redenção dos pecados ter algo a ver com a sua morte na cruz. Era dever de Jesus deixar as coisas claras quanto a esses ensinamentos dogmáticos que formam a base da fé e da sinceridade. Nós não o acusamos de ambiguidade, mas vemos que os Evangelhos dizem que ele era obscuro em suas falas, que só falava por parábolas. Os seus próprios suas falas, que só falava por parábolas. Os seus próprios discípulos, principalmente os apóstolos, como afirmam os Evangelhos, não lhe entendiam, muitas vezes, as palavras e as parábolas. Em muitas ocasiões entendiam suas palavras com significado diferente do que ele queria que fosse. Ver (Marcos, 9:31-32; 7:14-18, Mateus, 13:34-35.) Devemos aqui fazer uma pausa para a análise do aprisionamento de Jesus, seu julgamento e crucificação, então a sua ressurreição, como nos são narrados pelos Evangelhos, para esclarecermos as controvérsias e dife-renças entre eles, no que concerne a este episódio. 1. No Quarto Evangelho (João, 18: 1-5), verificamos que o aprisionamento de Jesus acontece num local chamado de "além do ribeiro de Cedron", num horto onde Jesus muitas vezes costumava reunir-se com os seus discípulos. Porém, vemos, em Lucas, 22:39-47, que o local da detenção de Jesus não foi em além do ribeiro de Cedron, mas no Monte das Oliveiras. Em Marcos, 14:32-43, porém, vemos que Jesus e seus discípulos estavam num lugar chamado Getesêmane quando foi preso. 2. Nos três Evangelhos (Mateus, 26:47-50), (Marcos, 14:43-46) e (Lucas, 2:47-48), vemos que o Judas Escariotes havia combinado um sinal com os guardas que vieram prender Jesus, para que fosse distinguido entre os discípulos. Ele iria dar um beijo em Jesus, enquanto os guardas permaneceriam fora do local à espera do reconhecimento, para a prisão dele. Os três Evangelhos confirmam a prisão, com uma pequena diferença entre eles. O quarto Evangelho (João,18:3-8), porém, ignora os três evangelhos quanto ao sinal de Judas, e diz: "Tendo pois, Judas recebido a coorte e os oficias dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traia, estava com eles. Quando, pois, lhe disse: Sou eu, recuaram, e cairam por terra. Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus, nazareno. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes." Essa narrativa contradiz totalmente a narrativa dos outros três evangelhos. Será que Judas Escariotes beijou a Jesus e o entregou, como narram os três primeiros Evangelhos? Ou não o fez, como afirma João? Devemos ter em mente que Jesus não estava só quando foi preso, mas estava acompanhado com onze discípulos. Será que João não sabia disso, sendo ele um dos discípulos, enquanto os outros viram o beijo? João nos afirma que Judas não chegou perto de Jesus, nem o beijou, mas ficou longe, com os guardas que vieram prendê-lo. Sendo que Jesus foi ao encontro deles e lhes perguntou a quem buscavam, qual das narrativas devemos aceitar? 3. Analisemos um pouco mais esses acontecimentos. Verificamos que quem seguiu a Jesus para a casa do sumo sacerdote foi apenas Pedro, como nos indica Lucas, 22:54, Marcos, 14:54. Em João, 18:15-16, porém, Simão não estava só, mas estava acompanhado por outro discípulo, sem mencionar o seu nome, mas acompanhava Simão Pedro, e era conhecido do sumo sacerdote. Ele foi quem interveio para que Pedro fosse admitido na casa do sumo sacerdote. Por que será que Pedro escondeu a presença do outro discípulo para os outros três primeiros Evangelhos? 4. Na casa do sumo sacerdote houve um diálogo entre ele e Jesus. Os Evangelhos se contradizem entre si. Lucas, 22:66, diz que o diálogo aconteceu durante o dia, e que Pedro estava sentado no pátio da casa, à noite, esperando para ver o que iria acontecer com o seu mestre. Quando o negou por três vezes, e o galo cantou, Jesus olhou para ele, pois estava próximo dele; Pedro lembrou as palavras de Jesus de que ele iria negá-lo por três vezes antes do amanhecer. Ele, então, saiu e chorou amargamente. Nos outros evangelhos, porém, é citado que o diálogo aconteceu à noite, ou seja, logo depois da sua prisão, quando foi introduzido na casa do sumo sacerdote, pois apresentaram testemunhas falsas para poderem matá-lo, como nos é dito por Marcos, 14:53-72; Mateus, 26:57-75; e João, 18: 8:28. Estes Evangelhos não citam que Jesus viu Pedro e fixou o olhar nele quando o galo cantou. Marcos acrescenta algo mais diferente dos outros evangelhos, pois cita que o galo cantou duas vezes, e não uma só, e que Jesus havia dito a Pedro: "Antes que o galo cante duas vezes me negarás por três vezes." 5. Se avançarmos mais um capítulo na estória, veremos que os guardas, ao levarem Jesus, colocaram em sua cabeça uma coroa de espinhos, conduzindo-o ao local preparado para a crucificação. Ficamos, novamente em dúvida quanto à pessoa que carregou a cruz. Ora nos dizem que quem carregou a cruz foi Simão, o cireneu, como vemos em Lucas, 23:26, e Mateus, 27:32. Ora os Evangelhos nos dizem que quem carregou a cruz foi o próprio Jesus (João, 19: 16-18). Quem dos dois carregou a cruz? Devemos acreditar na primeira narrativa ou na segunda? Há uma clara contradição entre ambas, e não se pode aceitá-las, a não ser que consideremos que outra pessoa, além de Je¬sus, é que estava presa, e que essa pessoa era muito parecida com Jesus, a ponto de enganar os observadores. Uma vez que os Evangelhos citam que havia dois criminosos que foram condenados juntamente com Jesus, o mais certo é que o homem que carregou a cruz, e foi de fato crucificado, não era Jesus, mas alguém parecido com ele, e que quem carregou a cruz não foi Jesus, mas um dos dois criminosos. Se não aceitarmos essa suposição, deveremos rejeitar a estória, em sua base, que, em ambos os casos, não está a favor dos que afirmaram a prisão e a crucificação de Jesus, pois quem observava tudo era uma multidão, e não apenas uma ou duas pessoas. 6. Se passarmos para a estória da ressurreição de Jesus, e determinarmos o número de pessoas que estavam à espera da sua ressurreição, encontraremos outro capítulo de divergências, pois verificamos, em cada Evangelho, detalhes totalmente diferentes dos outros. Em Mateus 28: 1-7, verificamos que as pessoas que esperavam a ressurreição de Jesus, no sepúlcro, na manhã do terceiro dia, eram Maria Madalena e a outra Maria; que elas viram um só anjo, descendo do céu. Que os guardas que foram colocados pelos judeus perante o sepúlcro, desmaiaram por causa do tremor de terra causado pela descida do anjo, enquanto nada aconteceu com as duas mulheres, que ficaram de pé, vendo o anjo remover a pedra. Porém, Jesus não estava no sepulcro, pois havia saído! O anjo lhes pediu para informarem os discípulos a respeito do que acontecera e eles esperaram o seu mestre, Jesus, na Galiléia. Em Lucas, 24: 1-6, porém, a estória difere totalmente. Os que estavam perante o sepulcro eram algumas mulheres e outras pessoas, e não apenas as duas Marias. Diz que as pessoas viram dois anjos, e não um só. Lucas não cita nada a respeito da aparição de Jesus para as mulheres que estavam perante o sepulcro, como citam os outros evangelistas. Em João, 20:1-18, vemos que quem estava perante o sepulcro, era apenas Maria Madalena,coisa que diverge dos dois Evangelhos anteriores; que foi ela a primeira a ver a pedra removida da porta do sepulcro, que ainda estava escuro. Ela foi e informou os discípulos, Simão Pedro e outro. Eles foram até o sepulcro; nele entraram para se certificarem da ausência do corpo de Jesus, pois estava escuro ainda. Quando não encontraram o corpo, acharam estranho, e então creram! Porque, de acordo com João, até aquela data, ainda não sabiam da Escritura: Era necessário que ressuscitasse dos mortos, no terceiro dia! João acrescenta que Jesus apareceu apenas para Maria Madalena, depois do retomo dos dois discípulos. Ela estava ainda junto ao sepulcro. No começo não o reconheceu! Quando Jesus a chamou pelo nome "Maria", ela o reconheceu e dele se aproximou, querendo tocá-lo para se certificar. Ele a impediu, dizendo: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu pai: mas vai para os meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu pai e vosso pai, meu Deus e vosso Deus" (João, 20: 17). Essa estória diverge de todos os outros Evangelhos. João confirma aqui que os discípulos não sabiam o que iria acontecer com Jesus depois da crucificação. Muito menos outros sabiam disso. Como, então as mulheres vão para o sepulcro na manhã do terceiro dia, sendo que ninguém esperava a ressurreição dele, pois "ainda não sabiam da Escritura"? Acrescente-se a isso o fato de que os outros Evangelhos afirmaram de que Jesus, quando apareceu para os dois discípulos que iam para o campo (Marcos, 16:12), estes não o reconheceram, nem acreditaram que era Jesus. Ele também "apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem acreditado nos que o tinham visto já ressuscitado" (Marcos, 16:14). Será que os discípulos não reconheceram o seu mestre? Corno foi que ficaram em dúvida numa questão dessa, base ia salvação? Como podemos conciliar entre a estória e os textos que nos informam que Jesus havia-os informado a respeito do que iria acontecer quanto à crucificação, à morte e à ressurreição, depois de três dias? 7. Não vamos nos deter na análise do tempo em que Jesus permaneceu no sepulcro, até à sua saída, pois esse é um outro enigma. É suficiente informarmos que os evangelhos confirmam que Jesus havia falado para os discípulos que o tempo da sua permanência entre os mortos era de três dias e três noites completos. "Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baléia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra" (Mateus: 12:40). Há um consenso, porém, de que Jesus foi crucificado na tarde de sexta-feira, foi sepultado durante a noite, para que o seu corpo não permanecesse pendurado até ao sábado, e então ressuscitou na manhã de domingo. Será que esse tempo é de três dias e três noites? Deixo a resposta a cargo do leitor. 8. Para finalizar estas observações, quero citar o que chamou a minha atenção em toda a estória, do início ao fim, como é narrada pelos evangelhos: Que aconteceu a Judas Escariotes, o discípulo que entregou Jesus? O único que responde a esta pergunta é Mateus. Ele diz: "Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata para os príncipes dos sacerdotes e para os anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar" (Mateus, 27:3-5). Foi este, de fato, o fim de Judas? Enforcou-se ele, arrependido? Se foi isso que aconteceu, como explicarmos a omissão dos outros três Evangelhos em citarem esse acontecimento? Por outro lado, São Paulo afirma que Jesus apareceu para os doze discípulos e não para apenas os onze, como citam os Evangelhos. Ele disse: "E que foi sepultado, e que ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze" (I aos Coríntios 15:4-5). Isso significa, na verdade, que Judas Escariotes estava com os discípulos quando Jesus apareceu, depois de sua ressurreição. Como podemos conciliar entre o que Paulo cita, se é que diz a verdade, e entre o que foi dito por Mateus, ou seja, que Judas se arrependeu e se enforcou? Para que não houvesse dúvida de que ele se enforcou, depois do aparecimento de Jesus, para os discípulos, Mateus afirma que ele se enforcou mesmo antes do julgamento e da crucificação de Jesus! Essas observações têm uma relação direta com a divergência dos textos concernentes à questão da crucificação de Jesus e a sua ressurreição, e quanto à veracidade da Bíblia. Porém, esse tema não faz parte dos assuntos da nossa tese. O nosso objetivo principal é a questão da crucificação e da redenção, bem como da análise dos textos que dizem respeito a elas, e a testificação desses textos, sabendo-se que há inúmeras divergências não citadas no que diz respeito à nossa pesquisa. Contentamo-nos, porém, em apresentar os pontos mais destacados, que dizem respeito direto com o tema do livro. Há um outro assunto que sempre me intrigou, ligado à questão da ressurreição de Jesus, e que nenhum pesquisador, que eu saiba, abordou. É o seguinte: Qual é a vantagem de os Evangelhos informarem sobre a ressurreição de Jesus, em corpo, e o seu aparecimento para os discípulos, depois disso, mais o seu pedido a alguns deles que duvidaram, de tocá-lo, quando a Igreja nada diz a respeito da ressurreição dos corpos, mas da ressurreição das almas? Todos os Evangelhos confirmam a estória da pergunta dos saduceus quanto à mulher que foi casada, nesta vida, com sete maridos. Com quem dos sete ela ficaria na Outra Vida? A resposta de Jesus foi: "Quando ressuscitarem dos mortos, não casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus." (Marcos, 12:25). Jesus fala, aqui, a respeito do reino dos céus, e a vida dos que a ele irão, na sua concepção espiritual. Aqueles que irão para o Céu, irão através de suas almas e não de seus corpos! Perguntamos, então: Será que o corpo de Jesus permaneceu ligado à alma depois de sua ressurreição, no terceiro dia? Como conciliarmos entre isso e o que ele afirmou a respeito da Outra Vida, a espiritual, e não física? Como podemos afirmar a ressurreição do corpo de Jesus saindo do túmulo, como foi que ele necessitou de um anjo para remover a pedra da porta do sepulcro, quando a Igreja afirma a divindade de Jesus? Será que a parte da natureza humana de Jesus permaneceu ligada à sua alma, ou será que foi à parte divina? Se aceitarmos isso, é necessário crermos que o Deus da Igreja não é um só, mas são três, e cada um tem o seu corpo humano e, na forma humana, come e bebe, como fazem os humanos. Os Evangelhos, mesmo divergindo entre si, afirmam que Jesus, depois de sua ressurreição física, permaneceu vários dias com os seus discípulos, mais de uma semana, comendo e bebendo com eles. Ele os fez tocarem-no para sentirem o seu corpo. Ele ia e vinha, dormia e ensinava, e fazia muitos milagres. (Ver João, 20:11-31, e todo o capítulo 21.) Formulo uma última pergunta: Porque Jesus, quando apareceu para Maria Madalena, pediu-lhe para não o tocar, dizendo: "Porque eu ainda não subi para meu pai"? sendo que, logo depois, no mesmo Evangelho, nos diz que Jesus apareceu para alguns discípulos e mostrou-lhes o seu corpo e eles o tocaram! Ao analisarmos tudo que apresentamos, será que podemos ainda afirmar que os textos podem ser usados para se constituir uma crença e uma fé? Podemos, acaso, afirmar que Jesus foi preso, crucificado, morreu, foi sepul¬tado e ressuscitou? Como pode ser construída a questão da crucificação e da redenção numa base dessa? Se analisarmos os Evangelhos, não encontraremos uma estória mais divergente e estranha do que a estória da crucificação e da ressurreição, como é narrado pelos Evangelhos! Como ficarmos tranqüilos com uma crença dessa, quando vemos que os ensinamentos de Jesus são contrários a ela, e mostram a importância dos atos, o julgamento de cada pessoa pelo que fez e ofereceu na vida terrena, uma vez que diz: "E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer um que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas, o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa" (Lucas, 6:46-49). Os ensinamentos dos discípulos de Jesus, também confirmam esse sentido. Eis que Jacó, discípulo de Jesus, confirmando, em sua epístola ,que a salvação é obtida pela fé e pelos atos, e não é suficiente um só destes para a salvação. Ele disse: "Qual é o benefício, meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem atos, pode a fé salvá-lo?" (Epístola de Jacó, 2:14). Por outro lado, a alegação da crucificação e da redenção não representa a justiça de Deus, o Único Criador, ao deixar milhões de pessoas, suportando o peso do pecado original e da culpa, desde Adão, até à Sua corporalidade na figura de Jesus - Deus está longe disso ficando, aquelas pessoas, ignorando, durante milhares de anos, o Deus que eles teriam de adorar, ignorando a verdade quanto a Seu filho, e quanto à "trindade". A maior parte dos problemas enfrentados pela comunidade cristã, no tocante à desintegração familiar, corrupção e criminalidade, pode ser resultante dessa crença errônea de que a salvação se obtém através da crença na morte de Jesus, na cruz, para redimir seus pecados, pois o indivíduo, com tal crença, não dá nenhum valor às boas obras, à honorabilidade, ao bom caráter, ao temor a Deus, no estabelecimento da vida social e humanitária sobre a terra. Se ele pensa e crê que outra pessoa morreu para redimi-lo, como poderá ter consideração para com a e dar valor à responsabilidade dos atos perante as pessoas e perante Deus? Essa crença foi inventada por aquele jovem judeu, o inimigo de Jesus e perseguidor dos seus seguidores, que... alegou ser um apóstolo sagrado, e se auto-denominou "Paulo, o apóstolo", dando para si o direito de contrariar a Jesus, reduzindo os ensinamentos quanto à unicidade de Deus, diminuindo a verdadeira crença, a importância das boas obras para o equilíbrio desta vida e da Outra, como mostramos anteriormente. A Igreja, depois dele, infelizmente, adotou os seus ensinamentos e as suas epístolas, que divergem dos ensinamentos de Jesus, e mesmo dos Evangelhos. Quem examinar ambas as coisas verificará por si a verdade. O mais curto e verdadeiro caminho para se chegar à verdade, afastar-se do exagero e do extravio, quanto ao conhecimento da personalidade de Jesus, seu nascimento, seus milagres, seus ensinamentos e seu fim, é examinar isso tudo como é descrito no Alcorão. Diz Deus, Exaltado seja: "Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião, profanando a verdade, nem sigais o capricho daqueles que se extraviaram anteriormente, desviaram muitos outros e desviaram a si (próprios) da verdadeira senda!" (5:77). E diz: "São blasfemos aqueles que dizem: AlIah é o Messias, filho de Maria, ainda quando o mesmo Messias disse: Ó israelitas, adorai a AlIah, Que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a AlIah, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo infernal! Os iníquos jamais terão socorredores. São blasfemos aqueles que dizem: Allah é um da Trindade! porquanto não existe divindade alguma além do Allah Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles. Por que não se voltam para Allah e imploram o Seu perdão, uma vez que Ele é Indulgente, Misericordioso? O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiros que o precederam; e sua mãe era sinceríssima. Ambos se sustentavam de alimentos terrenos, como todos. Observa como lhes elucidamos os versículos e observa como se desviam" (5:72-75). E diz, ainda: "E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Allah, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam quanto a isso estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se apenas em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram. Outrossim, Allah fê-lo ascender até Ele, porque é Poderoso, Prudentíssimo" (4:157-158). Deus, Glorificado e exaltado seja, cita a resposta de Jesus sobre a verdade quanto a seus ensinamentos aos seus discípulos e seguidores, dizendo: "E recorda-te de que quando Allah disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: Tornai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Allah? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se o tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscíveI. Não lhes disse, senão o que me ordenaste: Adorai a Allah, meu Senhor e vosso! E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha con¬tra eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra, foste Tu o seu Único observador, porque és Testemunha de tudo" (5: 116117). Capítulo Cinco A Distinção Entre o Verdadeiro Profeta e o Falso Profeta, nos Três Livros Sagrados o Verdadeiro Profeta e o Falso Profeta Esta pesquisa tem uma relação sólida com o tema do livro. Se falarmos sobre a questão da unicidade de Deus, sobre a crença n'Ele, quanto ao conhecimento de Seus atributos, à crença em todos os Seus profetas e mensageiros, sem fazermos distinção entre eles, como foram citados nos Livros Sagrados, será necessário conhecermos aqueles homens escolhidos por Deus para transmitirem a Sua Mensagem e as Suas revelações para a humanidade. Eles foram instruídos no sentido de mostrarem às pessoas os seus deveres perante o Criador. Ele lhes revelou os Seus Livros e as Suas Leis, deu-lhes apoio com milagres que comprovam a sua veracidade e a sua honestidade quanto ao que transmitiram. Uma vez que havia uma parte de indivíduos desviados, tendo interesses terrenos e paixões pessoais, eles alegaram falsamente ser profetas, mentindo a respeito de Deus, alegando possuir autoridade, que Ele não lhes concedeu. Mentiam e enganavam as pessoas, por possuírem algum conhecimento ou eloqüência, ou liderança política, ou posição social. Eles utilizaram esses dons para desviarem as pessoas da verdadeira religião e das leis corretas. Tiveram influência sobre muitas pessoas da população simples e ignorante, e sobre outros que tinham esperança de auferir lucros mundanos ou posição social. Por tudo isso, Deus, glorificado e exaltado seja, ordenou que Seus verdadeiros profetas e Seus mensageiros escolhidos, prevenissem as pessoas quanto a seguirem esse tipo de falsos profetas e enganadores. Os verdadeiros profetas se incumbiram de traçar as regras e esclarecer os sinais por intremédio dos quais as pessoas pudessem distinguir entre o verdadeiro profeta e o mentiroso; pudessem, através deles, distinguir as revelações que os verdadeiros profetas transmitiam, evitando as revelações demoníacas dos desviadores que se arrogavam o direito da profecia. Quando o falso profeta tinha algum tipo de autoridade ou conhecimento, e fazia coisas que, aparentemente, pareciam estranhas ao que as pessoas se acostumaram quanto às leis naturais, sua influência sobre as mentes delas tomava-se maior, e maior o perigo de seus engodos a ponto de ser muito difícil, para muitas pessoas, distinguir as falsidades deles e rechaçar as suas mentiras. A pessoa contemporânea desses falsos profetas conseguia verificar as suas mentiras e os seus engodos, distinguindo-os dos verdadeiros profetas, utilizando-se da sua inteligência, ou do conhecimento e discernimento, ou através da análise e comparação, como aconteceu, por exemplo, na época do Faraó, quando as pessoas se reuniram para testemunharem aquele debate e desafio entre Moisés, o profeta de Deus, e os mágicos do Faraó. Quando as pessoas verificaram os milagres de Moisés, creram imediatamente nele, e rejeitaram as ilusões dos mágicos. Os próprios mágicos, também, ao verem os milagres de Moisés, acreditaram nele, e acreditaram que o que ele mostrou, não era a magia conhecida por eles, mas tinha sido um milagre de Deus, um poder divino, totalmente diferente das suas magias humanas. Porém, quando as épocas são outras e os lugares são outros, como pode a pessoa, em tais circunstâncias, distinguir entre o profeta verdadeiro e o falso? Isso é o que iremos tentar responder, através de textos bíblicos e alcorânicos, que dizem respeito a esses sinais, e determinam as regras, através dos quais as pessoas, em todos os tempos e lugares, conseguem distinguir entre o profeta verdadeiro e o profeta falso. Iremos basear-nos nos textos bíblicos e alcorânicos para que as provas e as regras sejam conjuntas e aceitas pelos seguidores das três religiões monoteístas. Que sejam a balança e o peso corretos para se distinguir entre o veraz e o mentiroso dentre os que alegam a profecia. Que sejam incontestáveis, a não ser para o ímpio, que nega os princípios de sua crença, ou para o prepotente, que não aceita a verdade e não se sujeita a qualquer autoridade. Os Sinais que Determinam o Verdadeiro Profeta 1 - O profeta verdadeiro é aquele que convoca as pessoas para à adoração do Único Deus, e os admoesta quanto a adoração de ídolos ou parceiros de Deus. Lemos em Deuteronômio, 13:1-4, o conselho de Deus, por intermédio de Moisés (a paz esteja com ele), ao povo de Israel, o seguinte: "Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o Senhor, vosso Deus, andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis." No Evangelho de João, 7: 18, lemos as seguintes palavras de Jesus (a paz esteja com ele): "Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas, o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça." As palavras de Jesus (a paz esteja com ele) confirmam a verdade que desejamos com toda clareza. Ele disse aos judeus que negaram a sua mensagem: "Deveis saber, através dos livros que possuís, que o profeta verdadeiro é aquele que glorifica a Deus, Que o enviou, e convoca as pessoas a crerem na Sua unicidade e adorarem somente a Ele. Aquele que fala de si, porém, e pede a glória para si, e faz de si uma divindade, esse é mentiroso e injusto, o qual as pessoas devem evitar." O Alcorão Sagrado, que foi revelado por Deus a Seu Mensageiro, Mohammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz), confirma o mesmo significado e convoca para o mesmo princípio. Ele diz: "Dize: Sou tão-somente um mortal como vós, a quem tem sido revelado que o vosso Deus é um Deus Único. Por conseguinte, quem espera o comparecimento ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto d'Ele" (18: 110). 2 - O profeta verdadeiro é aquele que convoca para a religião do Islam (submissão à Deus) e da paz, por ter ela sido a religião escolhida por Deus para os Seus servos. Confirmando esse sentido, as palavras dos profetas são semelhantes na convocação para essa religião, anunciando-a entre as pessoas, através das palavras do profeta Jeremias: "O profeta que profetizar paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou" (Jeremias, 28:9). Esse texto tem uma importância vital para sabermos que Jeremias, que disse as palavras em hebraico, falava da religião do Islam ou Salam (paz), que essa religião era a conhecida entre os profetas da antigüidade. A sentença anterior às palavras citadas nos diz: "Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antigüidade, profetizaram contra muitas terras, e contra grandes reinos, guerra, e mal, e peste." As duas palavras, "Islam" e "Salam", são sinônimos nas línguas semíticas. São derivadas da mesma raiz, na língua aramaica: "shalam" e "shalama". Elas têm, nas três línguas semíticas, aramaico, hebraico e árabe, o mesmo significado, ou seja, a submissão à vontade de Deus, a segurança e a paz. É o significado do qual foi derivada a religião do Islam, como é em árabe, pois significa a submissão à vontade de Deus. Podemos, aqui, utilizar as mesmas provas e os mesmos textos citados no primeiro capítulo deste livro, quando falamos sobre as provas da unicidade de Deus, a adoração e a submissão à Sua vontade. O texto, do período anterior, também pode servir como prova para a frase que estamos examinando. Quanto às provas alcorânicas, elas são muitas. Podemos citar, entre elas, as seguintes: "Hoje, completei a religião para vós; tenho-vos agraciado generosamente, e vos aponto o Islam por religião" (Alcorão Sagrado, 5:3). "Para Allah a religião é o Islam. E os adeptos do Livro só discordaram por inveja, depois que a verdade lhes foi revelada" (Alcorão Sagrado, 3:19). O Alcorão também cita a palavra "salam" com o significado de "Islam" : "Mas quem se submeter a Deus e for caritativo ver¬se-á apegado à verdade inquebrantável. E em Deus reside o destino de todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 31:22). Ó adeptos do Livro, foi-vos apresentado o Nosso Mensageiro para mostrar-vos muito do que ocultáveis do Livro e perdoar-vos em muito. Já vos chegou de . AIIah uma Luz e um Livro lúcido, pelo qual AIIah conduzirá aos caminhos da salvação aqueles que procurarem a Sua complacência e, por Sua vontade, tirá-Ios-á das trevas e os levará para a luz, encaminhando-os para a senda reta" (Alcorão Sagrado, 5: 15-16). 3 - O Profeta verdadeiro é aquele que transmite as revelações de Deus, e não por si só. Sua função é ensinar às pessoas os mandamentos e as leis de Deus. Em Êxodos, 18: 19-20, lemos: "Ouve, agora, a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo: Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as coisas a Deus; e declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer." Jesus (a paz esteja com ele) nos confirma, em muitas passagens dos Evangelhos, que a sua obra e a sua missão não ultrapassavam isso; que todas as palavras que ele proferiu provinham de Deus e não de si. Dentre tais declarações, podemos citar: "Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo" (João, 8:26). Em outra circunstância, ele disse: " ... nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo: o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada" (João, 8:28-29). Ele também disse, respondendo as perguntas dos judeus quanto ao conhecimento que ele possuía, de onde provinha. O texto diz: "E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabes estas letras, não as tendo aprendido? Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém fizer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas, o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça" (João, 7: 15-18). O texto, além de ser uma chamada de atenção aos judeus por não se terem orientado, apesar de seu conhecimento da lei e dos livros, no sentido de reconhecerem a condição de Jesus de profeta e a sua veracidade, também nos coloca perante uma outra verdade que tem relação com a sentença: "que a profecia e a mensagem não são coisas que podem ser adquiridas, nem a detenção de conhecimentos científicos capacita as pessoas para a posição de profeta". É uma escolha de Deus a determinada pessoa destinada a carregar a missão da mensagem e da sua transmissão. O Alcorão Sagrado nos esclarece, por intermédio de seus versículos, quanto à escolha do Profeta Mohammad (Deus o abewnçoe e lhe dê paz), à sua missão e à revelação divina que ele recebeu. Deus diz, no Alcorão Sagrado: "Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Pela estrela, quando cai, que vosso camarada jamais se extravia, nem erra, nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelada" (53:1-4). E diz: "Só te revelamos o Livro, para que lhes elucides as discórdias e para que ele seja orientação e misericórdia para os que crêem" (16:64). E diz, ainda, Deus: " ... sabe melhor do que ninguém a quem deve encomendar a Sua Mensagem" (6: 124). E diz mais: "Deus escolhe os mensageiros, entre os anjos e entre os humanos" (22:75). E diz mais ainda a respeito da Missão de Mohammad (SAAS): "Mas, quando lhes são recitados os Nossos lúcidos versículos, aqueles que não esperam o comparecimento perante Nós, dizem: Apresenta-nos outro Alcorão que não seja este, ou, por outra, modificado! Dize: Não me incumbe modificá-lo por minha própria vontade; atenho-me somente ao que me tem sido revelado, porque temo o castigo do dia terrível, se desobedeço ao meu Senhor. Dize: Se Allah quisesse, não vo-lo teria eu recitado, nem Ele vo-lo teria dado a conhecer, porque antes de sua revelação passei a vida entre vós. Não raciocinais ainda?" (l0: 15-16). 4 - O verdadeiro profeta, que atesta a religião dos profetas que o precederam, e corrobora os seus princípios, não desmente nenhum dos profetas cujas profecias foram comprovadas com sinais e com revelações divinas. Muitos textos da Bíblia Sagrada, proferidos por profetas, cada um dos quais confirma os ensinamentos dos profetas anteriores, aprende os ensinamentos deles, traça as bases da religião e da crença na unicidade. Vemos, por exemplo, o conselho de Jesus (a paz esteja com ele) a alguém que lhe pediu esclarecimento a respeito dos conselhos e das obras, através dos quais se consegue a felicidade eterna. Jesus lhe disse: " ... por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se quiseres, porém, entrar na vida eterna, guarda os mandamentos." Disse-lhe, ele: "Quais 7" E Jesus disse: "Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus,19:17-19). Ele também responde a outra pessoa que lhe pergunta sobre a lei de Moisés. Disse: " ... Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas" (Mateus, 22:37-40). Suas palavras nos informam, como transparece da última frase do texto, que os profetas verazes são aqueles que confirmam uns aos outros, aconselham aprendermos os ensinamentos uns dos outros. Apesar de terem personalidades diferentes e pertencerem a épocas diferentes, sua religião, porém, é uma só, sua crença é uma só, os princípios quanto aos ensinamentos, ao comportamento e à ética, são os mesmos. No texto seguinte, Jesus nos fornece o mais evidente exemplo quanto à veracidade dos ensinamentos dos profetas. Ele disse para seus discípulos e para o povo em geral: "Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem, e não praticam" (Mateus, 23:2-3). O Alcorão Sagrado confirma as palavras de Jesus, esclarecendo que ele foi um profeta, enviado para os israelitas, e a sua mensagem confirmava a mensagem de Moisés e a lei deste. Ele também anunciou a vinda de um outro profeta depois dele, e a crença nele. Diz Deus: "E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó israelitas, em verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós, corroborante de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissareiro de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad! Entretanto, quando lhes foram apresentadas as evidências, disseram: Isto é pura magia!" (61 :6). O Profeta Mohammad não podia abandonar essa regra, mas era o mais crente dos indivíduos, pois veio corroborar e seguir a religião de todos os profetas, confirmando os princípios quanto às crenças, ao comportamento e ao caráter. Deus, glorificado e exaltado seja, ordenou-lhe anunciar a seus seguidores o respeito deles a todos os profetas anteriores a ele, dizendo: "Tal foi o Nosso argumento, que proporcionamos a Abraão, (para usarmos) contra seu povo, porque Nós elevamos a dignidade de quem Nos aprazo Teu Senhor (ó Mohammad) é Prudente, Sapientíssimo. Agraciamo-lo com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos iluminado anteriormente Noé e sua descendência, Davi e Salomão, J ó e José, Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Y áhia (João), Jesus e Elias, pois todos eles se contavam entre os virtuosos. E Ismael, Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seus contemporâneos. E a alguns de seus pais, progenitores e irmãos, elegemo¬los e os encaminhamos pela senda reta. Tal é a orientação de Allah, pela qual orienta quem Lhe apraz, dentre os Seus servos. Porém, se tivessem atribuído parceiros a Ele, tornar-se-ia sem efeito tudo o que tivessem feito. São aqueles a quem concedemos o Livro, a sabedoria e a profecia. Mas se estes (seus descendentes) os rejeitassem, mesmo assim, confiá-los-íamos a outro povo que não fosse incrédulo. São aqueles que Allah iluminou. Torna, pois, seu exemplo. Dize-lhes: Não vos exijo recompensa alguma, por isto. Ele (o Alcorão) não é mais do que urna mensagem para a humanidade" (6:83-90). Deus cita, nestes versículos, os nomes de alguns profetas conhecidos, mostrando a Sua preferência e Sua piedade, pois Ele os elegeu e os orientou para a senda reta. No final, Deus aconselha o Seu Profeta Mohammad a seguir o exemplo deles, trilhar o mesmo caminho que eles trilharam: "São aqueles que Allah iluminou. Torna, pois, seu exemplo." Deus, Altíssimo, confirma, também, que a religião que escolheu para a comunidade muçulmana, e revelou para o derradeiro dos profetas, é a mesma religião que havia determinado para Seus profetas anteriores. Ele disse: "Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo¬lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso" (42:13). 5 - Não se deve levar em conta as muitas coisas insólitas que o falso profeta faz, a menos que os milagres que ele efetua estejam de acordo com as suas alegações, e que sua vida, geral e particular, esteja de acordo com o que ele prega. Já citamos, no primeiro capítulo, o texto de Deuterenômio, 13: 1- 3, que advertia os israelitas quanto aos falsos profetas, mesmo que apresentassem milagres: "Quando o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma." Deus concede a uma pessoa qualquer autoridade ou conhecimento para apresentar sinais ou milagres, para provar as pessoas, se seguem aquela pessoa ou persistem na crença em Deus, Único. Uma vez que o falso profeta não prega a unicidade do Criador nem a adoração d'Ele. Pois, não devemos nele crero que ele apresenta de sinais e de milagres não comprovam a sua veracidade. O próprio Jesus (a paz esteja com ele) advertiu quanto aos falsos profetas que fazem milagres e alegam a profecia falsamente. Ele disse: "Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito" (Mateus, 24:23-25). Da mesma forma que os profetas advertiram seus povos quanto aos falsos profetas, o Profeta Mohammad também advertiu quanto a eles, revelando o seu número e suas alegações, pois ele disse na tradição narrada por Bukhári: "Só acontecerá a Hora depois de aparecerem trinta falsos profetas aproximadamente, alegando que são mensageiros de Deus". Os tradicionalistas explicaram as características do falso profeta e os sinais que ele apresentaria, pois o Profeta Mohammad denominou-o de falso cristo, e confirmou que fará muitos prodígios, até que Deus envie novamente o verdadeiro Cristo, que o matará, na Palestina. 6. O falso profeta será logo castigado e morto por Deus, ou Deus revelará a falsidade das suas alegações e as mentiras pregadas para todas as pessoas. Os textos bíblicos e alcorânicos confirmam que Deus não concede folgançaao falso profeta, mas apressa o seu castigo, de acordo com o diálogo entre o profeta Jeremias e o falso profeta de seu tempo, Hananias: "E disse Jeremias, o profeta, a Hananias, o profeta: Ouve, agora, Hananias: Não te enviou o Senhor, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras. Pelo que, assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor. E morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês" (Jeremias, 28: 15-17). Moisés (a paz esteja com ele), também, diz que a sentença de Deus quanto ao falso profeta é a morte, por ter inventado mentiras acerca do Senhor. Ele disse: "E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o Senhor" (Deuterenômio, 13:5). Jesus (a paz esteja com ele) confirma, em seus ensinamentos, que aquele que mentir a respeito de Deus, falando por si, alegando que suas palavras provêm de Deus, terá castigo severo; Deus não lhe perdoará o pecado. Ele disse: "Na verdade, vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemaram; qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do Eterno Juízo" (Marcos, 3:28-29). O Alcorão, também, esclarece que não será dada folgança ao falso profeta, mas o castigará e o matará, porque mentir sobre Deus não é o mesmo que mentir sobre as pessoas. Deus, glorificado e exaltado seja, diz: "E se (o Mensageiro) tivesse inventado alguns ditos, em Nosso nome, certamente o teríamos apanhado pela destra; e então, ter-lhe-íamos cortado a aorta, e nenhum de vós teria podido impedir-Nos" (69:44-47). Ou seja, se Mohammad fosse inventar mentiras a respeito de Deus, seu castigo seria a morte, e Deus não o teria deixado persistindo na sua mentira e enganando as pessoas. Deus teria dado autoridade a seus inimigos para matá-lo. Essa é a mesma sentença que vimos nos textos bíblicos, citados anteriormente. Os profetas verazes, porém, foram secundados por Deus, Que os fez prevalecer sobre os seus inimigos. Ele fortaleceu a Sua religião através de seus seguidores, destinando os seus inimigos à perdição. Exemplo disso aconteceu com o povo de Noé, de Lot, de Abraão, de Hud e de Sáleh. Deus também eliminou o Faraó e Haman e seus exércitos, inimigos de Moisés, o profeta de Deus. Ele também protegeu o seu profeta Jesus (a paz esteja com ele) das tramas dos judeus e o salvou deles. Deus também deu apoio ao Seu Profeta, Mohammad, contra seus inimigos, fazendo-o triunfar sobre os seus adversários em toda a Península Arábica, durante a sua vida. O apoio foi estendido aos seus companheiros dentro e fora da Península, até que a verdade prevaleceu e a falsidade desvaneceu para os incrédulos e os politeístas, pertencentes aos Impérios persa e romano, daquela época. Essa religião continua prevalecendo até aos nossos dias atuais, apesar das perseguições, das tramas e das guerras que Mohammad e seus adeptos sofreram durante quatorze séculos. Como muçulmano que sou, fico a me questionar: O que levou os judeus a desacreditarem no profeta Jesus e a rejeitarem sua condição de profeta? O que levou os cristãos a rejeitarem o Profeta Mohammad com a sua mensagem e sua condição de Profeta? Não desejamos, com essas perguntas, discorrer a respeito do assunto e pesquisar sobre as suas causas, por não ser o nosso objetivo aqui. Mas estranho a posição das duas comunidades quanto a se negarem a crer em Jesus e em Mohammad (a paz esteja com eles), respectivamente, nas mesmas condições. Mesmo que os judeus não tivessem profecias a respeito de ambos os profetas, e que os cristãos também não tivessem qualquer profecia sobre Mohammad, ambas as comunidades deveriam crer neles verdadeiramente, como fator de justiça e afastamento do mal, não devido às profecias que confirmam as suas missões, mas devido às provas e aos sinais que determinaram a veracidade de ambos, pois as vidas de ambos estão repletas de porfias, de sinceridade, em defesa da questão da unicidade, da corroboração dos profetas, da reforma das sociedades sociais humanas e a sua orientação para o caminho reto. Além disso, as inúmeras profecias existentes nos livros de ambas as comunidades a respeito do advento de Mohammad, corroboram a determinação das características gerais e particulares dele, de acordo com as próprias palavras dos profetas. Queremos finalizar este capítulo e estabelecer a veracidade da mensagem de Mohammad, à luz das provas e sinais descritos, aceitos pelas três religiões, judaica, cristã e islâmica. Os textos bíblicos e alcorânicos que citamos confirmam isso. Ninguém, dos adeptos do Livro, pode negar os textos extraídos de seus próprios livros, e que os orienta no sentido de comprovarem se um determinado profeta é verdadeiro ou falso. Para os sábios mais justos, mesmo os não muçulmanos, as provas e os sinais se aplicam ao Profeta Mohammad e à sua mensagem divina, mais do que a qualquer outro profeta, porque a história não registra a biografia de homem ou profeta algum, como registrou a biografia do Profeta Mohammad, mesmo nos mínimos detalhes, quer seja por seus adeptos ou adversários. Capítulo VI Equívocos a Respeito da Condição Profética de Mohammad (S) e a Respeito do Alcorão Sagrado Alguns grupos de pessoas duvidosas se empenham no sentido de divulgar rumores a respeito da veracidade da condição profética de Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), bem como a respeito da revelação que ele recebeu, baseando-se em estudos de orientalistas, a respeito de sua vida, do Alcorão que ele transmitiu para as pessoas. Eles se utilizam de alguns textos ou relatos fora da questão, coisa que os levou a negarem a condição dele de Profeta, a não ingressarem em sua religião, até hoje, menosprezando a sua legislação, a quem o mundo deve favor no campo da ciência, da civilização, da moral, da legislação, da justiça. Eles afirmaram também que o Alcorão que Mohammad transmitiu é de sua autoria, e não uma revelação divina, com as seguintes alegações: a) A semelhança existente entre o Alcorão e a Bíblia quanto às informações a respeito dos povos antigos e as estórias de seus profetas. b) As informações históricas a respeito das viagens de Mohammad para a Síria, o seu encontro com os cristãos daquelas localidades - como foi o caso do seu encontro com o monge Bahira, quando da sua viagem em companhia de seu tio Abu Tálib -, deduzindo (eles) que o Profeta aprendeu com ele e teve dele algumas informações a respeito do assunto. Isso confirma as alegações das dúvidas. c) Mohammad teve informação quanto ao advento de um profeta dos descendentes de Ismael. Os monges cristãos e os rabinos judeus, espalhados na Península Arábica, deram-lhe essa informação. Isso o levou a se preparar, isolando-se de seu povo, realizando sua meditação na caverna, fornecendo-lhe uma espécie de iluminismo espiritual e elevação pessoal. As visões e os sonhos que ele teve foram imaginações suas, os quais ele pensava fossem revelações de Deus ou inspirações, aos quais deu o nome de Alcorão. Isso é um resumo das alegações desses grupos que lotam seus livros e suas teses. Os componentes de um grande grupo de orientalistas famosos, conhecidos no mundo intelectual e acadêmico e, por sua condição de influenciar as pessoas, prontificaram¬se em divulgar essas alegações entre os estudantes, tanto secundaristas como universitários, bem como entre a população em geral. Uma parte deles demonstrou o seu ódio e rancor contra o Islam, contra seu Profeta e seus seguidores. A sua condição acadêmica não o impediu de não ter pesquisado devidamente, de não ter utilizando o método científico objetivo, avaliando as alegações mentirosas, os insultos detratores e as descrições mesquinhas quanto ao Mohmmad, à sua religião e ao Alcorão Sagrado. Outros componentes do grupo desses orientalistas não podem ser acusados de inimizade declarada, ou de falta de objetividade nas suas pesquisas; porém, suas invistigações históricas, seus longos estudos do Alcorão e da biografia de Mohammad não foram suficientes para fazê-los reconhecerem completamente a condição profética de Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), nem fazê-los confirmarem que o Alcorão que ele transmitiu fosse uma revelação divina, e não de sua autoria. Contudo, reconheceram que aquilo que ele trouxe, de questões religiosas e doutrinárias, de reforma da sociedade, de princípios morais, de código de relacionamentos sociais, econômicos e políticos, foi grandioso, não alcançado pelos maiores reformadores e políticos, cujos nomes estão registrados nos anais da história. Não podemos negar, porém, a existência de um pequeno grupo de pensadores imparciais que se preocuparam com a acuidade de sua pesquisa, que estudaram a biografia de Mohammad, analisaram o Alcorão com seriedade e objetividade, e conseguiram chegar à verdade que procuravam. Eles declararam isso, aberta e corajosamente, em suas pesquisas e seus escritos. Confirmaram que aquilo que Mohammad transmitiu foi revelação divina. Afirmaram que as suas virtudes, a sua determinação, a clareza da sua biografia, as suas realizações na reforma da sociedade, da religião e da moral são provas suficientes de sua condição de profeta, da veracidade das suas afirmações a respeito das revelações que ele recebeu, superando, em muito, as realizações dos profetas e mensageiros israelitas. Ele os sobrepujou no que diz respeito à instituição do monoteísmo - a crença do Profeta Abraão (a paz esteja com ele) - e à reforma da sociedade. Ele foi o único que, em curto espaço de tempo, em menos de meio século, realizou uma reforma no mundo, coisa que centenas de profetas israelitas foram incapazes de conseguir, em milhares de anos. Dentre este último grupo de pensadores podemos citar o austríaco Dr. Leopoldo Vais, os franceses Dr. Maurice Bucali, Roger Garuday, é outros. O Professor Eduard Montier, o orientalista francês, professor de línguas orientais na Universidade de Genebra, na introdução de sua tradução do Alcorão, escreveu: "Mohammad era um verdadeiro profeta, como o foram os profetas israelitas de outrora e, a exemplo deles, recebia a revelação e a inspiração divinas. A sua crença religiosa e a idéia da existência de um Deus Único estavam enraizadas nele, como estavam enraizadas nos profetas anteriores a ele." A Falsidade das Alegações e dos Equívocos A maioria dos sábios orientalistas imparciais, orientais e ocidentais, que trataram do assunto de condição profética de Mohammad, estudaram o Alcorão objetivamente, com investigação precisa, e concluíram que a reforma proporcionada por Mohammad, primeiro entre a população politeísta da Arábia e, posteriormente, em todo o mundo, reforma essa tanto dogmática quanto moral, de relacionamento social e internacional, instituindo um sistema econômico baseado na justiça social, numa sociedade que se acostumara à usura, numa vida materialista, onde o forte dominava o fraco, foi verdadeira. Esse é um feito ímpar e admirável na história de toda a humanidade, que não pode ser alcançado por nenhum ser humano, por mais que tenha conhecimento, aptidão, poder, liderança política e social. Os anais da história não conheceram um reformador como Mohammad (S), nem antes nem depois dele, que tivesse conseguido realizar uma só parte de reforma completa, num tão curto espaço de tempo, como ele conseguiu, além de fundar uma nação jovem, poderosa, baseada na justiça, no direito, na imparcialidade e na consulta mútua. Em um curto espaço de tempo, essa nação conseguiu também acabar com a idolatria romana e persa, bem como com a da civilização egípcia. Muitos cientistas reconhecem isso. Entre eles, Gustave Le Bon, em seu livro, "A Civilização Árabe-Islâmica", Emile Dermenghem, em seu livro, "A Vida de Mohammad", Roger Garaudy, Leopold Vais, Edward Montier, Maurice Bucali, etc .. Por outro lado, a reforma e o sucesso obtidos por Mohammad, não foram alcançados devido aos seus estudos, nem conhecimentos astronômicos e humanos, pois não sabia ler ou escrever. O mesmo acontecia com o seu povo coraixita, salvo alguns deles, que sabiam ler e escrever. Em sua época, a cidade de Makka não era o berço da civilização nem um centro de pesquisas. Todo aquele que analisa a biografia de Mohammad, quer seja estudioso oriental ou ocidental, reconhece que ele foi um homem iletrado, não freqüentou nenhuma escola, nem se formou em alguma universidade. Isso foi confirmado pelas narrativas dos seus companheiros, que nada deixaram de detalhes quanto à sua vida, quer seja antes de seu advento, quer seja depois, sem mencionálos. Os seus biógrafos e os narradores do hadice citaram isso em seus livros, deixando para os sábios posteriores a tarefa de se certificarem. Os próprios versículos alcorânicos confirmaram que Mohammad era iletrado: "São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e seu Evangelho" (Alcorão Sagrado, 7: 158). Em outro versículo, lemos: "E nunca recitaste livro algum antes deste, nem o transcreveste com a tua mão direita; caso contrário, os difamadores teriam duvidado" (29:48). Esse versículo é uma prova contra qualquer incrédulo. Não há nenhuma narrativa, nos livros de biografia e de hadice, que afirme que os coraixitas desmentiram Mohammad, quanto a esse versículo, de ele ter sido iletrado, nem antes nem depois do advento da profecia. Eles o conheciam por quarenta anos, antes de ele afirmar-lhes que era o Mensageiro de Deus. O mesmo versículo mostra a causa e tira a dúvida, uma vez que, se ele antes tivesse instrução, soubesse ler e escrever, seu povo teria argumentado quanto à veracidade do versículo, e teriam motivo para ter duvidado de sua condição de Profeta. O versículo, porém, esclarece que, se ele tivesse tido conhecimento, os difamadores teriam duvidado dele. Os pensadores orientalistas imparciais concordam conosco e confirmam a veracidade das narrativas que afirmam que Mohammad era veraz no que afirmava; que não havia mentido, nem antes nem depois de seu advento como Profeta; que os idólatras o denominavam "AI Amin", devido à sua honestidade e veracidade. Seria lógico denominarem-no mentiroso quanto à mensagem e à revelação divina para ele, na forma de Alcorão? Não é possível que uma pessoa inteligente e imparcial, sabendo que um indivíduo, cuja biografia pessoal é conhecida pela veracidade, honestidade e honradez, seja descrito ao contrário disso. Como, então, pode-se fazer isso com uma pessoa cuja biografia é precisa, nos mínimos detalhes de sua vida, além de ser totalmente conhecida, tanto pelos seus inimigos como pelos seus seguidores? Acaso é possível que uma pessoa, que nunca mentiu para as pessoas, minta para Deus? Ao contrário, ele condenou a mentira, e a proibiu para todos os seus seguidores, dizendo: "O crente não mente." Quanto ao que diz respeito ao Alcorão, que ele transmitiu para as pessoas, do modo como foi revelado, e conservado pelos seus companheiros e seguidores, depois dele, até ao dia de hoje, ficamos pasmos perante os milagres que ele abrange. Suas 114 suratas, reveladas paulatinamente, se fossem da autoria de Mohammad, ele as teria apresentado de uma só vez, como é costume dos escritores. Foram necessários passarem-se vinte e três anos, desde o seu advento profético, até poucos meses antes da sua morte. Não vamos, por falta de espaço abordar todos os milagres do Alcorão. Nem podemos fazer isso. Mas vamos abordar dois aspectos que achamos suficientes para tirar as dúvidas levantadas. Primeiro aspecto: se é verdade que Mohammad é o autor do Alcorão, copiado da Bíblia, como alegam, por que ele não seguiu os padrões das narrativas históricas e os arranjos utilizados nos capítulos da Bíblia? Ele poderia, se quisesse, juntar as questões dogmáticas, e as questões incognoscíveis num ou mais capítulos; colocaria as questões de cunho moral, das virtudes e éticas em certas suratas; as bases das relações comerciais e econômicas em outras suratas; as questões familiares, a vida social, os direitos, os deveres, seriam colocadas em suratas separadas. Ele também designaria algumas suratas para as questões lícitas e ilícitas, como vemos no capítulo Deuterenômio, da Bíblia. Por que ele não fez isso, uma vez que é costume entre os escritores? O Alcorão, porém, que foi revelado paulatinamente, durante vinte e três anos, não segue esse arranjo, nem segue os padrões cronológicos nas narrativas históricas, vistos na Bíblia e o método utilizado nela. Mohammad poderia, em todos os longos anos que ele transmitiu o Alcorão, para as pessoas, arranjar os seus assuntos de forma cronológica. Por que não fez isso? Na verdade, Mohammad não tinha controle sobre o Alcorão, nem quanto ao seu arranjo, aos seus assuntos, ao número de suas suratas, nem às suas palavras. Foi da vontade de Deus, Que revelou esse livro ao Seu Profeta, que o Alcorão tivesse aquela forma e aquele arranjo, pela Sua sapiência. O seguinte versículo nos fornece alguma informação: "Em verdade, este Alcorão encaminha à senda mais reta e anuncia aos crentes benfeitores, que obterão uma grande recompensa. E para aqueles que negam a Outra Vida, porém, temos preparado um doloroso castigo" (17 :9-10). Deus, glorificado e exaltado seja, confirmou que Mohammad não tinha controle sobre o Alcorão. O versículo diz: "Mas, quando lhes são recitados os Nossos versículos esclarecedores, aqueles que não esperam o comparecimento perante Nós, dizem: Apresenta-nos outro Alcorão que não seja este, ou, por outra, modificado! Dize: Não me incumbe modificá-lo por minha própria vontade; atenho-me somente ao que me tem sido revelado, porque temo o castigo do Dia Terrível, se desobedeço ao meu Senhor" (10:15). Se Mohammad fosse o autor do Alcorão, não iria admitir a sua própria incapacidade de atender as exigências dos idólatras quanto a fazer mudanças e emendas nele. Segundo Aspecto: o Alcorão, com a descrição das palavras de Deus e a Sua revelação, desafia todas as criaturas, humanos, gênios, anjos, a, se duvidarem de que ele provém de Deus, e que as Suas palavras foram reveladas para Mohammad, o Seu Mensageiro, então que façam, se puderem, um livro semelhante a ele, ou que façam dez suratas iguais às dele, ou apenas uma surata que se assemelhe à eloquência, ao milagre, à sublimidade e à sua influência nas pessoas, sem restrição, e que, para isso se ajudassem mutuamente. O Alcorão faz um outro desafio, milagroso também, que eles não conseguem, nem conseguirão imitá-lo. Eis alguns versículos que tratam do assunto: "E se tendes dúvidas a respeito do que revelamos ao Nosso servo (Mohammad), componde uma Surata semelhante às dele (o Alcorão), e apresentai as vossas testemunhas, independentemente de Allah, se estiverdes certos. Porém, se não o fizerdes - e certamente não podereis fazê-lo -, temei, então, o fogo infernal cujo combustível serão os idólatras e as pedras; fogo que está preparado para os incrédulos" (Alcorão Sagrado, 2:23-24). "Ou dizem: Ele o forjou! Dize: Pois bem, apresentai dez suratas forjadas, semelhantes às dele, e pedi (auxílio), para tanto, a quem possais, em vez de Allah, se estiverdes certos. Porém, se não fordes atendidos, sabei, então, que este (Alcorão) foi revelado com a anuência de Allah e que não há mais divindade além d'Ele. Sois, acaso, muçulmanos?" (Alcorão Sagrado, 11: 13-14). "Dize-lhes: Mesmo que os humanos e os gênios se tivessem reunido para produzirem coisa similar a este Alcorão, jamais teriam feito algo semelhante, ainda que se ajudassem mutuamente" (Alcorão Sagrado, 17:88). Não há dúvida de que o desafio é dirigido, primeiro aos árabes, em cuja língua o Alcorão foi revelado. Eles são famosos pela sua eloqüência, sua pureza de linguagem e pela capacidade poética. Mesmo assim, não conseguiram até hoje produzir algo semelhante, e não conseguirão. O desafio também é dirigido aos que falam outras línguas, através de traduções. A tradução é composta por palavras que o tradutor entende do texto alcorânico, e não são palavras de Deus. Porém, alguns aspectos do milagre do Alcorão permanecem inalteráveis, em seu texto árabe e nas traduções de seus significados, em todos os idiomas. A conclusão a que chegamos com esse desafio é: O Alcorão ordena Mohammad a dizer a todos os intelectuais: "Se negais que esse Alcorão é de origem divina e que me foi revelado por Deus, e alegais que ele é de minha autoria,sabei que sou um ser humano como vós, e sou incapaz, como vós. Uma vez que sois humanos como eu, por que não conseguis apresentar o que apresentei, produzindo um livro semelhante ao Alcorão, que vos apresentei ?" Quanto à alegação de certos orientalistas de que Mohammad desejava ser o profeta que ele próprio havia tido conhecimento por intermédio dos sábios cristãos e judeus, e que aparecia a ele, nas suas meditações, pois havia atingido um grau elevadíssimo de pensamento, em meio ao ambiente de perdição de seu povo quanto à crença e a moral, podemos dizer que a sua fina sensibilidade e a transparência de seu espírito prepararam-no para uma espécie de superação espiritual, e iradiação psicológica, conseguindo, através disso, recitar o Alcorão, produzindo-o na sua forma conhecida. Isso o capacitou a alcançar o sucesso patente e insuperável, coisa que ele conseguiu. Se a questão é esta, porque a história não repetiu o fenômeno, e fez surgir outra pessoa semelhante a ele, uma vez que as ciências se desenvolveram, o conhecimento se espalhou, universidades foram construídas, centros de pesquisa foram criados, fazendo evoluir as ciências filosóficas, lógicas e sociais, crescendo a necessidade de pessoas como ele, nesta época em que a corrupção, a deterioração, a injustiça e o ateísmo invadiram todos os setores da vida? É necessário analisarmos a vida de Mohammad, situando-nos no ambiente em que ele viveu, entre os valores do ambiente inculto dos beduínos em que ele cresceu, e incorporando-nos na simplicidade inata dele e de seu povo, e não nos colocarmos num ambiente de desenvolvimento tecnológico, de facilidades, de civilização evoluida - a civilização dos satélites artificiais -, da industrialização, da televisão, do telefone, do computador, da Internet, da globalização, etc .. É por isso que devemos ler o Alcorão que ele transmitiu, há quatorze séculos atrás, analisar as informações científicas precisas que ele forneceu, as informações que a ciência não conseguiu desvendar até hoje. Como conseguiu Mohammad superar o conhecimento da sua geração em quatorze séculos, e nos fala, através do Alcorão - se foi ele que o produziu, ou copiou-o de alguém -, como se ele vivesse entre nós, a respeito dos segredos do átomo e a sua desintegração,1 dos ventos e seu poder de fertilização,2 das núvens e suas camadas3 Como ele conseguiu nos inteirar da ausência de oxigênio nas alturas4, o encontro dos mares e a barreira entre as, duas águas?'? Até aos quarenta anos de idade ele nunca havia abordado qualquer questão religiosa ou falado sobre o que ele transmitiu. Assim, forçosamente, iremos concluir que aquilo que Mohammad trouxe de Alcorão não foi da autoria e produção dele. Não havia e não há entre os capítulos da Bíblia algo semelhante, nem os há em qualquer livro 1 Alcorão Sagrado 2 Alcorão Sagrado 3 Alcorão Sagrado 4 Alcorão Sagrado religioso ou científico antigo. Podemos acrescentar a isso os aspectos milagrosos quanto à eloqüência, ao aspecto artístico, narrativo, judicial, reformista, objetivo, etc., existentes nos textos do Alcorão, uma vez que ele é ímpar, independente de tudo, não lhe igualando nenhum livro, nem se comparando este a quaisquer palavras suas, nem sendo superado por prova ou exemplo. O Dr. Madriche, o orientalista francês, encarregado pelos ministérios do exterior e da educação franceses, de traduzir 62 suratas dentre as longas suratas do Alcorão, desprovidas de repetição, disse, na introdução de sua. tradução, publicada em 1926: "O estilo do Alcorão é um estilo divino. A verdade patente é que os escritores que mais duvidaram dele, se curvaram perante a sua autoridade." Ficou uma última dúvida: a alegação de que Mohammad copiou o Alcorão de alguns sábios cristãos e judeus quanto às narrativas dos profetas, às questões incognoscíveis em relação ao Outro Mundo, ao julgamento, à recompensa e ao castigo, quando dos seus encontros com o monge Bahira, durante as suas viagens comerciais para a Síria. A verdade, nessas alegações é uma só: a questão de suas viagens à Síria. Isso aconteceu duas vezes. A Primeira foi em companhia de seu tio Abu Tálib, que era seu tutor, acompanhando uma das caravanas comerciais dos coraixitas. Na época, Mohammad não tinha mais de doze anos. As narrativas atestam que o monge Bahira viu por sobre o menino uma nuvem que fazia sombra sobre ele. Isso chamou a atenção do monge que aconselhou o tio a retomar com Mohammad para Makka, e resguardá-lo das tramas dos judeus, devido aos conhecimentos que os monges e os rabinos tinham de seus livros quanto às características e os sinais que ele viu no rapaz, e que indicavam a sua condição de profeta. O tio atendeu ao conselho e retomou com o sobrinho para Makka, sem completar a sua viagem à Síria com a caravana dos coraixitas. Segunda: a sua viagem comercial que ele empreendeu para a Síria, como encarregado das mercadorias de Khadija, filha de Khuailed, com a qual ele se casou posteriormente, atendendo a um pedido dela, devido à sua honestidade e honradez. A idade de Mohammad, nessa época, não passava dos vinte e cinco anos, ou seja, quinze anos antes de seu advento profético. A sua viagem era totalmente comercial, e ele não pensava, naquela época, da mesma forma que fez após o advento da sua profecia, ao alcançar os quarenta anos de idade. Os seus biógrafos e narradores do hadice não citam que ele se encontrou com algum, monge. Quanto ao Monge Bahira, com o qual eles alegam que Mohammad aprendeu, na verdade, havia falecido antes daquela viagem. As narrativas contam, sim, que durante a sua viagem, sentou-se à sombra de uma árvore para descansar. Perto dali havia um cenóbio de um monge sírio, de nome Nestor. Esse monge, quando viu Mohammad sentado debaixo da árvore, perguntou acerca dele ao rapaz, chamado Maisara, que o acompanhava na viagem. Maisara lhe disse: "É um homem coraixita, de Makka". O monge disse: "Só um profeta sentou-se debaixo desta árvore."1 1 Ver o livro: Sirat Ibn Hicham (Biografia do Profeta), de Ibn Hicham, pág. 188. Ele queria dizer que aquela pessoa sentada debaixo da árvore só podia ser profeta. Se isso indica alguma coisa, indica o que afirmamos: que Mohammad é Profeta. É uma prova a favor e não contra. Desse modo, como podem eles alegar que Mohammad aprendeu do monge Bahira ou de outro? É uma alegação inventada, e dedução falsa, uma vez que, no campo da ciência, e da pesquisa histórica, não podemos tirar conclusões, baseados em suposições e conjecturas. Da mesma forma, não podemos deduzir questões, apoiados em algumas narrativas desprovidas de lógica e rejeitadas pela inteligência, porque o longo tempo que passou entre o encontro casual com o monge Bahira, na sua primeira viagem, e entre o seu advento profético, quando já estava com quarenta anos de idade, garantem dissipar qualquer dúvida levantada. Seria mais lógico que Mohammad tivesse externado o que ele aprendeu com os monges, logo depois de seu encontro com eles, e não depois de quinze ou mais anos. Suponhamos que Mohammad tenha aprendido com o Monge Bahira ou com outros monges sírios ou judeus de Madina; isso seria um grande argumento dos coraixitas contra ele. Como os exegetas e os biógrafos citaram, eles o contestaram por algo muito mais fraco, pois o acusaram de ter aprendido de um rapaz romano, escravo da família Hadrami, que fabricava espadas e similares em Makka, e as vendia para os coraixitas. O Profeta costumava, de vez em quando, ficar apreciando a sua arte. O rapaz não sabia falar árabe a não ser o suficiente para se comunicar com as pessoas. Os idólatras achavam que Mohammad aprendeu com ele. Ele só foi acusado disso, quando todas as suas alegações haviam-se esgotado e tiveram que recorrer a qualquer motivo para acusá-lo de estar enganando a Deus, sem levarem em consideração a lógica das acusações deles. Por isso, foi revelado a Mohammad o versículo que mostrava a debilidade das suas acusações e opiniões, dizendo: "Bem sabemos que dizem: Foi um ser humano que lho ensina (o Alcorão a Mohammad). Porém, o idioma daquele a quem aludem tê-lo ensinado é a não árabe, enquanto que a deste (Alcorão) é a elucidativa língua árabe" (16: 103). Acrescente-se a tudo isso o que foi dito: que os claros textos do Alcorão informam que Mohammad nada sabia, antes do seu advento profético, a respeito dos relatos quanto aos profetas e seus povos. Como, então, ele conheceu a história daqueles povos que nem mencionados estão na Bíblia, se ele aprendeu dos sábios cristãos e judeus, ou copiou as informações da Bíblia? Dentre tais relatos está o dos homens da caverna, do povo da trincheira, de Moisés com o Khidr.de Zul Carnain, do dono dos dois pomares, a estória do nascimento de Maria, filha de Imran, a mãe de Jesus (AS), da promessa da esposa de Imran de dedicar o seu rebento, Maria, a serviço do templo e da adoração a Deus, da discordância dos sábios do templo quando do nascimento dela, a estória de se tirar a sorte para verificarem quem ficaria com ela, ficando sob a guarda de Zakaria. Por outro lado, o Alcorão discordou de muitos relatos bíblicos a respeito dos profetas, mostrando a verdade, como vemos na questão da mulher do Faraó ter cuidado de Moisés, enquanto a Bíblia diz que foi a filha do Faraó que cuidou dele. Há ainda a narrativa de que o samaritano fabricou o bezerro de ouro que foi adorado pelos israelitas, enquanto a Bíblia diz que foi Aarão que fabricou o bezerro, acusando-o de idolatria e de politeísmo. Além disso, há muitos outros relatos que são também discordantes nos dois Livros. De onde tirou Mohammad essas informações, quando o Próprio Deus afirma que ele nada sabia a respeito daquilo, antes de seu advento profético e da revelação que ele recebeu? "Esses são alguns relatos do incognoscível que te revelamos, que os não conhecias tu, nem o teu povo, antes disso. Persevera, pois, porque a recompensa será para os tementes" (Alcorão Sagrado, 11 :49) Capítulo Sete Profecias da Bíblia Sagrada Quanto ao Profeta Mohammad Primeira Parte: Textos do Alcorão Quanto às Profecias Lemos no Alcorão Sagrado a confirmação do conhecimento que tinham os adeptos do Livro - judeus e cristãos - do Profeta Mohammad, dos textos que o descreviam, da sua época e seu apelido, em vários capítulos das escrituras deles. Um dos versículos mais completos e abrangentes quanto a essa questão é o seguinte: "Quanto àqueles a quem concedemos o Livro, conhecem isso, tal como conhecem seus filhos; só os desventurados não crêem" (6:20). Mohammad costumava recitar o Alcorão tanto perante seus adeptos como perante seus adversários. Ele recitava em voz alta, sem receio nem vergonha, seguindo a ordem de Deus de transmitir o Alcorão ("Ó Mensageiro, proclama o que te foi revelado por teu Senhor, porque se não o fizeres, não terás cumprido a Sua Missão. AIlah te protegerá dos homens, porque AIlah não ilumina os incrédulos - 5:67). Os judeus residiam em Madina e não estavam isolados lá. Eles escutavam o Alcorão, inteiravam-se dos acontecimentos e estudavam a vida do transmissor da Mensagem. Uma parte dos seus rabinos acreditou em Mohammad, aceitou sua mensagem e seguiu a sua religião. Na verdade, aqueles judeus tinham conhecimento dos livros anteriores, dos relatos dos profetas, o que lhes proporcionava uma posição de destaque entre os árabes da península, e entre o resto da população politeísta, idólatra e insipiente. O próprio Alcorão incitava aqueles árabes ignorantes a perguntarem aos judeus, aos adeptos do Livro, sobre a veracidade do advento do Profeta Mohammad, para sanarem as suas dúvidas. O Alcorão diz: "Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!" (16:43). O Alcorão vai mais além, quando ordena Mohammad perguntar, estando em dúvida, aos adeptos do Livro (os judeus) sobre a veracidade do seu próprio advento, sobre a Mensagem que Deus lhe transmitiu, para se conscientizarem da verdade indubitável. O Alcorão diz: "Porém, se estás em dúvida sobre o que te temos revelado, consulta aqueles que leram o Livro antes de ti. Sem dúvida que te chegou a verdade do teu Senhor; não sejas, pois, dos que estão em dúvida" (10:94). Não se deve estranhar isso, porque eles possuíam as provas, os sinais e os documentos históricos quanto à missão do Profeta Mohammad, o que fez com que o Alcorão confirmasse o conhecimento deles quanto ao Profeta e ao seu advento. Senão, o Alcorão não teria citado nada daquilo. Uma pergunta se impõe: por que, apesar do conhecimento que possuíam, não acreditaram na Mensagem de Mohammad? Também, não queremos aqui tratar desse assunto, nem explicar as causas que os levaram à sua incredulidade. O certo é que ninguém deles tive a coragem de desmentir a Mohammad, e rejeitar o que lhe foi revelado por Deus a respeito deles, ou a respeito dos profetas e dos povos anteriores a ele próprio. O proceder deles é conhecidíssimo, pois eles perseguiam os profetas, desmentiam-nos, torturavam-nos, matavam-nos quando necessário. Eles também são conhecidos por suas rebeldias contra as leis de Deus e de Seus profetas. Isso não está registrado apenas no Alcorão Sagrado, mas está registrado nas suas próprias Escrituras. É inconcebível, nos dias atuais, que alguém, judeu ou cristão, venha a contestar a veracidade da Mensagem de Mohammad e a sua condição de Profeta. A alegação de que ele copiou o Alcorão, dos seus livros ou dos ensinamentos de seus rabinos, é uma alegação estúpida e afirmação débil e rejeitada, quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista científico e lógico; não tem consistência no campo da pesquisa nem da análise. Muitos dos seus sábios justos rejeitaram a alegação, porque se a alegação tivesse um resquício de verdade, os seus antecessores não se teriam furtado em utilizá-la, uma vez que foram contemporâneos de Mohammad, conviveram com ele. Aquelas pessoas tinham mais conhecimento e mais discernimento do que os orientalistas atuais, judeus e cristãos, por igual. Os seus contemporâneos tinham pleno conhecimento da condição de iletrado de Mohammad, do seu completo desconhecimento quanto à leitura e escrita. Se eles tivessem uma só prova que justificasse a alegação, não teriam vacilado, nem esperarado um só instante em apresntá-la às pessoas, para desmentirem Mohammad paladinamente. Se o próprio Mohammad estivesse forjando mentiras acerca de Deus quanto à sua condição de Profeta, não teria a coragem a lançar em seus rostos e aos seus ouvidos o versículo acima citado, pois Deus lhe ordena a perguntar aos adeptos do Livro sobre o seu próprio advento. Em acréscimo a isso, diga-se que os primeiros judeus conheciam perfeitamente a biografia de Mohammad, as suas condições, quer antes de seu advento, quer depois. Eles sabiam que Ele não se misturava nem tinha intimidade, antes de seu advento (como profeta), com as pessoas, mesmo de sua tribo e de seu povo. Como, então, iria misturar-se com pessoas de outro povo, quer fossem rabinos ou sacerdotes? O que queremos concluir com esta introdução é o seguinte: será que o Alcorão alegava falsamente que os adeptos do Livro conheciam Mohammad, com suas características, sua designação, sua Mensagem? Ou a alegação é verdadeira, confirmante do conhecimento que tinham, baseada nos documentos que eles possuíam? Não há dúvida de que o Alcorão é a revelação de Deus para o Seu Mensageiro, e é o Seu Livro eterno. Este não poderia citar aquilo em vão ou falsamente. Como pode ser isso, se ele se dirige a eles com sinceridade e eles não contestam? Já citamos, no capítulo "A Veracidade da Bíblia Sagrada", que dentre as dificuldades que o pesquisador enfrenta para a compreensão e a explicação dos textos bíblicos são as traduções feitas pelos tradutores da Bíblia para várias línguas, totalmente diferentes em suas literaturas, suas culturas, e mesmo em suas religiões, das línguas semíticas, línguas originais do Livro Sagrado. A perda dos originais dos Livros Sagrados constitui a principal causa da obscuridade de muitos dos seus ensinamentos, ou da má compreensão de seus textos. Isso também teve uma influência direta sobre as profecias citadas pelos profetas, deturpando-as, dando oportunidade para o surgimento de falsos profetas, ou explicando-as de forma totalmente adversa, conforme as paixões e os interesses de quem as citaram. Um exemplo claro disso é o que escreveram em particular os evangelistas, pois se basearam fortemente nos textos ou nas profecias do Velho Testamento para provarem suas opiniões ou imaginações a respeito da divinização de Jesus, da sua crucificação e da redenção dos pecados da humanidade. Nós, muçulmanos, não necessitamos das profecias da Bíblia Sagrada a respeito do Profeta Mohammad, da sua Mensagem, ou das suas características, para afirmarmos a nossa crença nele, e aumentarmos a nossa convicção quanto à veracidade da sua Mensagem. A crença e a convicção foram adquiridas por outras vias, nada parecidas com as que estamos tratando. Não haveria nenhuma dúvida na nossa crença quanto à sua Mensagem e profecia, mesmo que todas as provas e profecias da Bíblia não existissem, ou fôssemos contrariados por todos os habitantes da terra. Mas, uma vez que o Alcorão confirmou as profecias da Bíblia quanto a Mohammad, é por uma questão de conhecimento que pretendemos pesquisar e chegar à verdade. Devemos mostrar as profecias para os adeptos do Livro, e esclarecê-las para aqueles a quem o Alcorão Sagrado se dirige para informar sobre a condição profética de Mohammad, contestando os céticos e os incrédulos dentre eles. Por isso, os sábios muçulmanos se debruçaram na questão, preocuparam-se em estudá-la e esclarecê-la, por diversos meios e caminhos diferentes, desde os primeiros séculos do advento do Islam. É isso que iremos detalhar, se Deus quiser, neste último capítulo do livro, completando o seu objetivo. Segundo - Profecias do Velho Testamento Quanto a Mohammad É do conhecimento geral que Mohammad descende da estirpe de Ismael, filho de Abraão (que a paz esteja com todos). Ele nasceu e cresceu nas montanhas de Makka e em seus campos, pois foi o lar em que seu avó, Ismael, viveu, sendo um dos membros da tribo de Coraix, descendente de Quidar, ou Adnan, um dos filhos de Ismael. Aquela região, que foi habitada por Ismael e seus filhos, era denominada "Desertos de Faran", ou "Montanhas de Faran", cercada que era pelos desertos e pelas montanhas, como a montanha de Salé ou "Terra de Madian", como seus nomes aparecem nas Escrituras. De acordo com o Alcorão sagrado, os profetas antigos sabiam do advento de Mohammad. Eles aconselhavam seus seguidores e povos a seguirem esse Profeta e crerem nele. Isso é o que iremos ver nos textos seguintes: 1 - O nome do Profeta Mohammad e a profecia quanto a ele estão presentes no último conselho de Jacó a seus filhos, acompanhado da sua benção a eles, antes da sua morte: "O cetro não se arrederá de Judá, nem o legislador de entre seus pés, até que venha Shiloh e a ele se congregarão os povos" (Gênesis, 49:10). Essa profecia de Jacó nos informa que o governo e a autoridade representados pelo cetro, e que a lei e a profecia, interpretadas pela palavra "legislador de entre seus pés", permanecerá nas mãos dos descendentes de seu filho J udá, até a vinda de Shiloh, e a ele se congregarão os povos. É impossível que Shiloh seja da descendência de Judá, porque as suas palavras: "O cetro não se arredará de Judá ... até que venha Shiloh" esclarece que Shiloh não é de sua descendência. Para esclarecermos essa profecia, é necessária alguma explicação. O Professor Abdel Ahad Daoud, em seu livro"Mohammad fil Kitab Ai Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), diz: "Todas as cópias do Velho Testamento conservaram a palavra original, Shiloh, sem traduzi-la ou explicá-la. Na tradução siríaca da Bíblia aparece a tradução dessa palavra como "a pessoa que lhe pertence", pois o tradutor entendeu que a palavra é formada de "Shi", e quer dizer ele, e "Lo h" , que quer dizer dele. Em seguida, de acordo com a mesma tradução, a frase é lida da seguinte forma: "até que venha a pessoa que lhe pertence" ou "é dele". De acordo com esse texto importante, o significado da profecia aparece com simplicidade e clareza, da seguinte forma: "Que o cetro real e a profecia não cessarão de pertencer à descendência de Judá, até que surja a pessoa que tenha essas características, e os povos se congregarão a ele." Mas, parece que a palavra deriva-se do verbo "Shalah", e, desse modo, significa "o submisso, o calmo, o confiável, o fiel". É possível que haja uma deturpação errônea dessa palavra, com a alteração da última letra de "het" para "hi". Assim, a palavra seria derivada de "Shalah" com o significado de "enviar". Se for o caso, a palavra "Shiloah" terá o mesmo significado de "Rassul lah", que é a denominação utilizada somente para Mohammad, ou seja, "Rassulul Lah". Não conseguimos encontrar outra explicação para esse nome, a não ser nas três formas citadas por nós1 Portanto, temos três interpretações para a palavra "Shiloh" que aparece na profecia: Primeira: A quem pertence, ou, quem tem as características intrínsecas. Segunda: O confiável, o calmo, o fiel. Terceira: O Enviado por Deus, ou Mensageiro de Deus. O significado da profecia, de acordo com as três traduções, é o seguinte: "O cetro não se arrederá de Judá, nem o legislador de entre seus pés, até que venha 'Rassullu Lah', 'o fiel', 'o confiável', 'aquele que possui essas características', e a ele se congregarão os povos". A pergunta que se faz, é: será que houve um profeta ou governante no qual se aplicassem essas profecias como se 1 Extraído do livro "Mohammad fil Kitab AI Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), pág. 79-80, em resumo aplicam ao Profeta Mohammad, o Mensageiro de Allah, o fiel? Se examinarmos minuciosamente cada uma das três explicações, verificaremos que essas profecias não se aplicam a nenhum dos profetas e reis antes de serem aplicadas a Mohammad. Focalizada a primeira explicação, houve, acaso, algum profeta, fora da descendência de Judá, que teve o cetro de autoridade e legislação, além de Mohammad? Se verificarmos os profetas do povo de Israel constataremos que houve três profetas importantes: Moisés, David e Jesus. Será que algum deles representa o Shiloh, citado pela profecia? Moisés (que a paz esteja com ele) não podia ser o Shiloh, porque foi o primeiro organizador das doze tribos de Israel, e não surgiu, antes dele, qualquer profeta da descendência de Judá. Certamente que Davi (a paz esteja com ele) também não foi, porque foi o primeiro profeta-rei da descendência de Judá. É indubitável, também, que não foi Jesus (que a paz esteja com ele), porque o próprio Jesus rejeitou a idéia de que o Cristo esperado por Israel era um dos filhos de Davi (ver Mateus, 22:44-45). Por outro lado, Jesus também não foi rei, nem pretendeu ter autoridade ou cetro. Ele rejeitou o posto ao ser abordado pela multidão que desejava proclamá-lo rei, fugiu e se escondeu (ver João, 6: 14-15). Ele ainda não foi portador de uma lei própria, nem tampouco o Evangelho, que ele conhecia de cor, tinha a faculdade de mudar as leis e as regras em voga entre o povo de Israel, desde a época de Moisés. Além disso, ele era um profeta da descendência de Davi, ainda que fosse do lado da mãe. Portanto, ficamos com um só indivíduo que preenche as características da profecia - esse é Mohammad, filho de Abdullah, o Profeta árabe, que não era da descendência de Judá, mas da descendência de Quidar - Adnan -, filho de Ismael (que a paz esteja com ele). Ele foi denominado pelo seu povo, bem antes de seu comissionamento, com o famoso apelido de "AI Amin" devido ao seu pacifismo, à sua fidelidade, veracidade e sua nobreza. Isso constitui um milagre para ele, uma vez que seu povo (árabe) desconhecia o conteúdo dos Livros Sagrados e suas profecias, para poderem utilizar o apelido de "Amin", citado pela predição, de acordo com a segunda explicação para a palavra Shiloh. Ele foi o único dentre os profetas (que a paz esteja com eles) que possuía o apelido de "Rassulullah " - característica da terceira explicação. É o apelido com o qual se tomou famoso entre as pessoas. Foi o apelido escolhido por Deus, glorificado seja, para que fosse a Sua bandeira. Apelido esse que o Próprio Deus deu para o Seu Profeta Mohammad quando citou o seu exemplo e o exemplo dos que, na Bíblia, acreditavam nele. Deus diz: "Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Vê-los-ás genuflexos, prostrados, anelando a graça de Deus e a Sua complacência. Seus rostos estarão marcados com os traços da prostração. Tal é o seu exemplo na Tora e no Evangelho, como a semente que brota, se desenvolve e se robustece, e se firma em seus talos, compraz aos semeadores, para irritar os incrédulos. Deus prometeu aos crentes, que praticam o bem, indulgência e uma magnífica recompensa" (48:29). Se analisarmos o primeiro significado da palavra Shiloh, "a quem pertence", o Mohammad é o único dentre os profetas, fora dos israelitas, que possuía essa característica e essa distinção, ou seja, de autoridade e legislação. Deus, glorificado seja, reuniu para ele as duas características, com Suas Palavras: "Realmente, revelamos-te o Livro, a fim de que julgues entre os humanos, segundo o que AIIah te ensinou" (4: 105). E: "Em verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador dos anteriores. Julga-os, pois, conforme o que Allah revelou e não sigas os seus caprichos, desviando-te da verdade que te chegou. A cada um de vós temos ditado uma lei e uma norma; e se Allah quisesse, teria feito de vós uma só nação; porém, fez-vos como sois, para testar-vos quanto àquilo que vos concedeu. Emulai-vos, pois, na benevolência, porque todos vós retornareis a Allah, o Qual vos inteirará das vossas divergências" (5:48). Para que Mohammad pudesse governar e legislar, foi-lhe revelado o Livro; as tribos árabes e os povos da Península se submeteram a ele durante a sua vida. Depois de sua morte, os seus sucessores continuaram a sua obra, dentro e fora da península, estendendo o domínio do Islam e sua luz entre vários povos. 2 - No Livro de Deuterenômio vemos o sinal do advento do Profeta Mohammad, e as citações das suas caracterís-ticas, em duas passagens: a) Na primeira passagem vemos o anúncio, nas palavras do Senhor a Moisés: "Eis lhes suscitarei um profeta do meio dos seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. E será que, qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, e o requererei dele. Porém, o profeta que presumir, soberbamente, de falar de alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá" (Deuterenôrnio, 18: 18-20). Analisando o texto, concluimos o seguinte: O profeta anunciado nesta profecia não poderia pertencer aos israelitas, mas viria do meio dos seus irmãos. Isso significa que ele descende de Ismael, filho de Abraão (que a paz esteja com eles), uma vez que os israelitas são irmãos dos israelitas devido ao avô comum (Abraão) de ambas as descendências. Se disséssemos que esse profeta pertencia aos israelitas, as palavras "do meio dos seus irmãos" não teriam sentido ou utilidade. Inferimos das palavras "como tu", que ele é profeta absoluto, como Moisés foi, e que ele detinha Lei e Livro particulares. Nenhum outro profeta preenche essas descrições citadas na profecia como o Profeta Mohammad (que a paz esteja com ele). Ele é o único Profeta descendente de Ismael, como é confirmado pelo Alcorão Sagrado: "É a verdade do teu Senhor, para que admoestes (com ele) um povo, ao qual antes de ti não chegou admoestador algum, para que se encaminhe" (32:3). Ele é também um dos mensageiros absolutos, ou melhor, é o líder deles, como é dito na profecia de Davi a respeito dele (Mohammad). A frase "e porei minhas palavras na sua boca" diz respeito à condição profética de Mohammad, pois foi o único Profeta iletrado entre os profetas. Não nos foi transmitido que algum profeta fosse iletrado, a não ser ele. A expressão "Annabí al ummí" (o Profeta iletrado) nos informa que ele não sabia ler nem escrever, mas Deus o escolheu para a Revelação e colocou as palavras na sua boca. Ele transmitiu o Alcorão, a Revelação divina. O Alcorão desafiou os mais eloqüentes indivíduos árabes, mentores da língua árabe, os quais conheciam perfeitamente a língua do Alcorão, Deus, glorificado seja, confirmou essa revelação ao Profeta iletrado, dizendo: " ... nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelada" (53:3-4). "Ele foi Quem escolheu, entre os iletrados, um Mensageiro da estirpe deles, para ditarlhes os Seus versículos, consagrá-los e ensinar-lhes o Livro e a sabedoria, porque antes estavam em evidente erro" (62:2). Quanto às palavras "e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar" elas informam a condição de fidelidade quanto à transmissão, coisa que carecteriza normalmente os profetas e a característica de lealdade é mais patente no derradeiro dos profetas, o Profeta Mohammad (que a paz esteja com ele), conhecido que foi pelo seu povo, vários anos antes de seu comissionamento, pelo apelido de "AI Amin" (o fiel, o leal). Quanto à frase "E será que, qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, e o requererei dele" ela é uma confirmação de que esse profeta não poderia pertencer ao povo de Israel, pois se assim fosse, por que haveria a necessidade de serem ordenados a ouvi-lo? Deus conhecia as almas incrédulas e as cabeças-duras, dentre os israelitas, quanto a se apegarem aos mandamen¬tos d'Ele e seguirem seus profetas, mesmo aqueles que Ele enviou deles mesmos. O que iriam dizer se se tratasse de um profeta pertencente a um povo que consideraram, ao longo da história, adversário? Principalmente da escolha de Deus quanto a Ismael- o avô do povo árabe -, para ser ele o cordeiro para o holocausto (resgatado depois por Deus), a ponto de falsificarem os textos da Bíblia relaciona¬dos com Ismael, trocando o nome dele pelo nome de Isaac, como se fora este o resgatado, para com isso tirarem a honra de Ismael e sua descendência (ver Gênesis, 22: 2, 6,7 e 9). Por isso, era necessária a confirmação dessa profecia a respeito de Mohammad e a exigência de que os israelitas cressem nela o seguissem. Isso foi de fato confirmado pelo Alcorão quando Mohammad foi ter com os israelitas, e eles o rejeitaram. O Alcorão diz: “Ó adeptos do Livro, foi-vos apresentado o Nosso Mensageiro, para preencher a lacuna (na série) dos mensageiros, a fim de que não digais: Não nos chegou alvissareiro nem admoestador algum! Sim, já vos chegou um alvissareiro e admoestador, porque Allah é Onipotente" (5: 19). Deduzimos, da última frase do texto da profecia, "Porém, o profeta que presumir, soberbamente, de falar de alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá", que Mohammad (a paz esteja com ele), se fosse mentiroso na alegação de sua condição de Profeta, Deus não o teria deixado livre; teria dado poder para seus inimigos, como foi confirmado por Deus, glorificado seja, no Seu Livro Sagrado, onde diz: "E se (o Mensageiro) tivesse inventado alguns ditos, em Nosso nome, certamente o teríamos apanhado pela destra; e então, ter-lhe-íamos cortado a aorta, e nenhum de vós teria podido impedir-Nos" (69:42-47). Este texto se aplica perfeitamente a Musailama, o mentiroso, que alegou ser profeta, na época de Mohammad, e Deus o puniu com a morte, devido à sua mentira. Ele foi eliminado pelos seguidores do Profeta veraz, Mohammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz). b) A outra passagem no Livro de Deuterenômio cita o local do adevnto do Profeta. A seqüência do último conselho de Moisés (que a paz esteja com ele) para seu povo, confirma o advento desse Profeta e o local onde iria surgir. Ele disse: "Esta, porém, é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel, antes da sua morte. Disse, pois: O Senhor veio de Sinai, e lhe subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Paran, e veio com dez milhares de santos: à sua direita havia para eles o fogo da lei" (Deuterenômio, 33: 1-2). O texto cita três localidades sagradas, onde Deus revelou a Mensagem para Seus profetas, principalemnete a mensagem para Seus três profetas absolutos. As três localidades são: 1. Monte Sinai, onde Deus falou a Moisés e lhe deu os Dez Mandamentos. 2. Monte Seir, a região ao redor de Jerusalém, onde se localiza o Monte das Oliveiras, onde Deus fez a revelação do Evangelho ao Seu profeta Jesus (que a paz esteja com ele), filho de Maria. 3. Monte Paran, a região citada na Bíblia como a terra de Ismael e seus descendentes, chamada de "deserto de Paran", onde aconteceu a revelação divina a Mohammad (que a paz esteja com ele). Deus lhe revelou o Alcorão, o derradeiro e o mais importante dos Livros. Ele lhe revelou a Lei islâmica e a crença monoteísta, como o selo das leis para todas as nações. Se compararmos essa profecia com os primeiros versículos da Surata do Figo, vemos que os três locais são os mesmos que foram citados por Deus no texto acima. Ele diz: "Pelo figo e pela oliva, pelo monte Sinai, e por esta metrópole segura (Makka)" (95: 1-3). Se essa profecia não indica esses três profetas, que outros profetas indica? Os judeus negaram o Profeta de Deus, Jesus, perseguiram-no e tentaram prendê-lo e matá-lo, e teriam alcançado o seu intento, se Deus não o tivesse salvo e feito ascender até Ele. Qual foi a posição deles quanto ao outro Profeta, citado pela profecia? Não foi melhor do que quanto ao primeiro. Eles ignoraram todas as advertências e explicações dos seus profetas sobre o advento do Profeta da região de Paran, ou deserto de Paran, descendente de Quidar, filho de Ismael, como foi confirmado por outras profecias que iremos citar em seguida. Tudo isso não foi suficiente para crerem em Mohammad, que estava descrito na Tora. Se a profecia não se aplicava ao Profeta Mohammad, a que profeta se aplicava então? É possível que os judeus tivessem negado a Jesus por terem-no confundido, pois apareceram muitos profetas na região de Jerusalém, citada na profecia como Seir. É possível que o objetivo do texto tivesse sido Jesus ou outro. Porém, que dúvida pode haver no advento do Profeta Mohammad, pois foi o único que surgiu em Makka (região de Paran)? Ele recebeu o início da revelação num de seus montes, Monte Rirá. Acaso podemos dizer que a rejeição de Mohammad, e a negação de sua Mensagem, foi por terem-no confundido? Se analisarmos essa profecia segundo as palavra de Moisés e a primeira profecia desta série, de acordo com as palavra de Jacó, observaremos que ambas foram feitas como conselho final de ambos os profetas absolutos, para admoestarem seus seguidores e povos a se preocuparem com o que lhes era apresentado, a declararem suas crenças e acreditarem na ocorrência da profecia, ou seja, no advento do profeta nela citado. 4. No Livro de Isaías repetem-se os anúncios a respeito desse profeta e a confirmação de seu adevento. Verificaremos, através dessas profecias, o chamamento divino, repetido nas palavras de Isaías, "o profeta", bradando para as nações e penínsulas no sentido de se prepararem para receber aquele Profeta que viria com poder, autoridade e lei nova, que seria a base de todas as leis divinas anteriores, e as sobrepujaria. Sua lei e religião prevaleceriam sobre todas as outras religiões, por ser a religião do monoteísmo e da fé, da luta contra a incredulidade, o politeísmo e a idolatria. As profecias confirmam, também, que a nação desse Profeta seria a derradeira e a escolhida entre as nações, e que surgiria na Península Arábica, a terra habitada por Quidar, ou Adnan, filho de Ismael. Todas as nações do mundo receberiam o Profeta esperado e revelação divina. Temos no Livro de Isaías três profecias e predições, que são: a) A primeira das profecias diz o seguinte: "Revelação de Duma. Gritam-me de Seir: Guarda, que houve de noite? guarda, que houve de noite? E disse o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde. Revelação da parte da Arábia, nos bosques da Arábia, passareis a noite, ó viandantes de Dedanim. Saí com água, ao encontro do sedento: os moradores da terra de Tema encontraram os que fugiam com seu pão. Porque fogem diante das espadas, diante da espada nua, e diante do arco armado, e diante do peso da guerra. Porque, assim me disse o Senhor: Dentro de um ano, tal como os anos de jornaleiro, toda a glória de Quedar desaparecerá. E os restantes do número dos frecheiros, os valentes dos filhos de Quedar, serão diminuídos, porque assim o disse o Senhor, Deus de Israel" (Isaías, 21: 11-17). Observa-se que o texto parece mais poesia do que prosa. Achamos, se não estivermos enganados, que o texto original, hebraico, deveria ser bem mais claro e elegante do que as traduções. a texto fala com linguagem metafórica e simbólica sobre coisas que parecem obscuras à primeira vista. Porém, se analisarmos acuradamente o texto, veremos que ele fala sobre uma série de verdades e significados, como o advento de Jesus (que a paz esteja com ele), anunciado o advento do Profeta Mohammad, o episódio da Hégira (emigração de Makka para Madina), sobre o tempo em que o Profeta permaneceu em Madina, até à conquista de Makka, pois essa conquista foi o início do fim da idolatria e do politeísmo, que praticavam o povo da Península Arábica e as tribos árabes, filhos de Quedar. O leitor que tenha pouco de paciência para compreender essas verdades, que lhe esclareceremos o obscurantismo do texto. As narrativas nos contam que quando o Profeta Mohammad nasceu, sua mãe viu uma luz que revelou a ela os palácios da Síria. A tradição narrada por AI Irbas Ibn Sária (que Deus esteja aprazido com ele), nos revela que o Profeta Mohammad (que a paz esteja com ele) disse: "Para Deus, sou o postremo dos profetas, e Adão está fortalecido com a sua substância. Vou contar-vos quem sou: Sou a invocação de Abraão, a anunciação feita por Jesus, o fruto da visão da minha mãe, que viu, quando eu nasci, uma luz intensa que iluminou os palácios da Síria".1 Nessa tradição, vemos a citação feita ao Profeta 1 Tradição narrada por Ahmad, vol, 4, pág. 217. Também narrada por Ibn Hiban e por AI Hákim Mohammad, a anunciação feita por Jesus quanto ao seu advento, e a menção da luz intensa que iluminou as regiões da Síria, quando sua mãe lhe deu à luz. Esses eventos estão citados no texto, e não é de admirar que Deus, glorificado seja, tenha revelado ao profeta Isaías coisas a respeito da luz que na região da Síria apareceria, como as suas palavras insinuam: "Revelação de Duma". Duma é uma aldéia das regiões da Síria. "Gritaram-lhe de Seir", quando do advento de Jesus (que a paz esteja com ele), anunciando o advento do Profeta Mohammad e a proximidade de época deste. Parece que Jesus chama de "Duma" a região, da qual surgiria a luz esperada. O guarda pergunta: "Será que não chegou a hora do surgimento da luz?" O guarda responde: "Vem a manhã, e também a noite". É uma linguagem poética que informa sobre a proximidade da manhã, que trará a luz intensa do sol, que iluminará toda a terra: Parece que a terra ficaria nas trevas, até o surgimento da luz do Profeta Mohammad, a expansão de sua orientação. Então vemos o guarda a aconselhar para a preparação quanto ao recebimento da luz: "Se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde". Quanto à segunda parte da profecia, podemos dizer, é a citação da predição: "Revelação da parte da Arábia", aludindo à Mensagem de Mohammad para a região árabe. Em que local daquela região? O texto responde: "Nos bosques da Arábia". Esse local é o vale de Makka, que recebeu a revelação que foi transmitida por Mohammad, numa de suas montanhas. Porém, os habitantes da região de Makka e de Taif rejeitaram a convocação e a Mensagem dele. Que aconteceu? Passaram a persegui-lo, e a torturar os seus seguidores, até que Deus preparou-lhe o campo por intermédio dos habitantes de Madina ("os moradores da terra de Tema"), quando suas caravanas foram para Makka, em peregrinação. Eles escutaram as prédicas do Profeta Mohammad, e creram nele. A crença deles era como a satisfação dos sedentos, como a profecia alude: "Saí com água, ao encontro do sedento". Os moradores da região de Tema prepararam-se para recebê-lo e proteger a sua convocação, que dava água ao sedento e pão ao faminto - não água para beber, nem pão para comer, mas com alusão à aceitação da crença e da Mensagem. O Profeta não fugiu de Makka à procura de pedaços de pão ou um copo de água. Mas emigrou e fugiu "diante das espadas, diante da espada nua, e diante do arco armado", com o seu companheiro, Abu Bakr, quando as espadas foram desembainhadas e os arcos foram armados pelos politeístas de Makka e seus líderes coraixitas (os filhos de Quedar), para eliminarem Mohammad, na noite da Hégira. Eles tentaram eliminar, com suas espadas e arcos, a convocação para o monoteísmo, sendo que muitas batalhas se desenrolaram em Madina e seus arredores. Quando chegou a hora de a religião do Islam prevalecer e se elevar, a profecia se realizou, pois os filhos de Quedar, que tinham expulsado Mohammad, foram derrotados, depois de um período de jornaleiro, ou seja, o tempo de oito anos, como é esclarecido pelo Alcorão quando da servidão de Moisés a seu sogro, Jetro, que diz: "Disse (o pai): Na verdade, quero casar-te com uma das minhas filhas, com a condição de que me sirvas durante oito anos" (28:27). Ao constatarmos isso, ficamos sabendo porque demorou oito anos para que Makka fosse conquistada pelos muçulmanos. Foi esse o tempo que Mohammad permaneceu em Madina, desde a sua Hégira. Findo o período de oito anos, ele retornou a Makka, conquistando-a para o monoteísmo, eliminando a glória dos coraixitas politeístas, dos filhos de Quedar, ou Adnan, para que nunca mais se erguesse um só ídolo em Makka, ou fosse adorada outra divindade além de Deus, até quando Deus quiser. Isso é exatamente o que a profecia informa: "Porque, assim me disse o Senhor: Dentro de um ano, tal como os anos de jornaleiro, toda a glória de Quedar desaparecerá. E os restantes do número dos frecheiros, os valentes dos filhos de Quedar, serão diminuídos, porque assim o disse o Senhor, Deus de Israel". Há, acaso, outro, além de Mohammad, que seja objeto desta profecia? Foi enviado algum outro profeta à Península Arábica? Houve, acaso, algum outro que tivesse eliminado a vanglória dos coraixitas, filhos de Quedar, com o politeísmo deles e o seu monopólio quanto às questões religiosas? b) Quanto à segunda profecia de Isaías, eis o seguinte: "Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as forças: cheguem-se, e então falem: cheguemo-nos juntos a juízo. Quem suscitou do oriente o justo? e o chamou para o pé de si? quem deu as nações à sua face e o fez dominar sobre reis? ele os entregou à sua espada como o pó, e como pragana arrebatada do vento ao seu arco. Ele persegue-os, e passa em paz, por uma vereda em que com os seus pés nunca tinha caminhado. Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos eu mesmo. As ilhas o viram, e temeram: os fins da terra tremeram: aproximaram-se, e vieram. Um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te" (Isaías, 41: 1-6). É necessário sabermos que essa profecia, como as outras profecias do profeta Isaías, foram feitas depois do advento dos três profetas importantes dos israelitas: Moisés, Davi e Salomão. Portanto, certamente, não podia ser nenhum deles, porque eles todos tinham morrido antes do nascimento de Isaías, havia centenas de anos. Depois dos três citados, não apareceu nenhum profeta ou rei dos israelitas cujas características de poder e glória, de combate aos inimigos pela espada - derrotando reis e impérios e conquistaando-os -, descritos na profecia, que se coadunasse com a descrição. Com certeza, os cristãos alegarão que a profecia diz respeito a Jesus Cristo. Pode ser; mas vamos verificar se as descrições da profecia se aplicam a ele. Os cristãos dizem que Jesus foi o rei de Israel prometido. Foi escrito na parte superior da cruz, quando da sua crucificação: "Jesus de Nazaré, Rei dos judeus" (João, 19: 19). Era isso verdade? Os Evangelhos nos confirmam que um dia umas pessoas foram ter com Jesus desejando aclamá-lo rei. Ele as repeliu, fugiu e se escondeu (João, 6: 14-15), e acabou, como contam os Evangelhos, na cruz, condenado pelos judeus, pois obrigaram o governador romano, Pilatos, a prende-lo, chicoteá-lo e entregá-lo a eles. Os Evangelhos nada dizem a respeito das suas lutas com espadas, da derrota de seus inimigos e de seus reis. Vemo-lo, sim, ele próprio, submeter-se a esses inimigos e aconselhar os seus seguidores e o resto dos judeus a pagarem os impostos a Cesar (Marcos, 12: 17). Os próprios judeus não o consideraram o Messias redentor, o profeta, nem líder, nem comandante, nem rei. Como pode ser então aquele líder forte, o profeta legislador, que derrota os seus inimigos e os domina, encontrando a vitória ao pé de si, como diz o texto, "As ilhas o viram, e temeram: os fins da terra tremeram: aproximaram-se e vieram"? Não é nosso objetivo pesquisarmos isso. Porém, o certo é que a Jesus não se aplicam as características citadas na profecia. Não sobrou nenhum dos profetas, perante nós, ao qual as carecterísticas da profecia se aplicassem, a não ser Mohammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz). Foi a ele que Deus deu a vitória ao pé de si. Ele comandou as batalhas e as investidas. Liderou as tribos árabes e seus reis. Ele os dominou com a sua espada e seu arco, com a sua porfia em prol da disseminação da Palavra de Deus e o erguimento da bandeira da unicidade, e da eliminação do politeísmo e da idolatria, que haviam-se espalhado por toda a Península Arábica. Além disso, os sucessores de Mohammad se encarregaram de divulgar a sua religião e combater pela causa de Deus, dentro e fora da Península. Conseguiram, depois de um pequeno espaço de tempo, derrotar os dois maiores impérios da época, os impérios romano e o persa. Eles espalharam a religião do Islam, da paz, da justiça e da iguladade, entre os povos dos dois impérios. Assim, aplainaram o caminho para essa religião, e concluíram a tarefa apresentada por Deus ao Seu Profeta, Mohammad Ibn Abdullah. A luz do Islam chegou, ainda na época de Mohammad, a regiões onde ele queria que chegasse, e em que seus pés nunca haviam pisado. Isto é exatamente o significado da frase "e passa em paz, por uma vereda em que, com os seus pés, nunca tinha caminhado". Quanto à última parte da profecia, ou seja: "eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos, eu mesmo", ela nos lembra a tradição do Profeta Mohammad: "Seremos os últimos e os primeiros, no Dia da Ressurreição, porque eles tiveram o Livro antes de nós e nós o tivemos depois deles".1 E o destino que Deus, glorificado e exaltado sej a, traçou para essa nação aconteceu de fato, pois Ele a secundou contra os seus inimigos e fez sua religião prevalecer sobre todas as outras religiões, apesar de ser a última entre os povos, porém, a escolhida e eleita por Deus: "Sois a melhor nação que surgiu na humanidade, porque recomendais o bem, proibis o ilícito e credes em Allah" (3: 110). c) Quanto à terceira profecia sobre o Profeta Mohammad, no Livro de Isaías, ela é completa e abrangente. Ela diz: "Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele, juízo produzirá entre os gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega: em verdade, produzirá o juízo; não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juízo: e as ilhas aguardarão a sua doutrina. Assim diz Deus, o Senhor, que I) 1 Tradição citada por Bukhari e Muslim, narrada por Abu Huraira, no capítulo da Sexta-feira. criou os céus, e os estendeu, e formou a terra, e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela: Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, e para a luz dos gentios; para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas. Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura. Eis que as primeiras coisas passaram e novas coisas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir. Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor, desde o fim da terra: vós, os que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele: vós, ilhas, e seus habitadores. Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita: exultem os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes. Dêem glória ao Senhor, e anunciem o seu louvor nas ilhas. O Senhor como poderoso sairá, como homem de guerra despertará o zelo: clamará, e fará grande ruído, e sujeitará os seus inimigos" (Isaías, 42:1-13). Esta profecia é deveras fascinante. Perguntamos: necessita ela de esclarecimento ou explicação? Pensemos um pouco. Embora suas palavras pareçam não necessitar de nenhuma explicação, vamos analisá-la para darmos oportunidade ao leitor de apreciar conosco os seus lances. Antes de ingressarmos nos detalhes da profecia, queremos afirmar ao caro leitor que, através de nossas leituras da Bíblia, não encontramos uma passagem que fale do advento do Profeta Mohammad, que nos esclareça quanto às suas características, como o faz esta profecia. A primeira coisa que observamos nesta profecia é o apelido com que o Profeta Mohammad ficou famoso, principalmente nos textos alcorânicos que se referem a ele, ou seja, "servo de Deus". É o apelido dado por Deus ao Seu Profeta, nas partes mais sublimes, como na citação da Viagem Noturna: "Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo", na citação da revelação do Alcorão a ele: "Bendito seja Aquele que revelou o Discernimento ao Seu servo", etc .. Estes dois eventos são as mais importantes oportunidades em que Deus deu apoio a Seu Profeta. Quanto ao outro apelido: "Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito", a palavra "meu Eleito" significa "aquele que escolhi e elegi", que é sinônimo da palavra "Mustafa" (eleito, escolhido), que é um outro apelido do Profeta Mohammad. As palavras: "em quem se compraz a minha alma" é um sinal da satisfação de Deus para com ele, pois Ele lhe perdoou os pecados, passados e futuros, como também o apoiou com o Seu Espírito e lhe infundiu o sossego, "pus o meu espírito sobre ele", como é descrito no Alcorão: "E também te inspiramos com um Espírito, por ordem nossa" (42:52), "Allah infundiu nele o Seu sossego, confortou-o com tropas celestiais que não poderíeis ver" (9:40). Quanto à sua principal tarefa - "juízo produzirá entre os gentios" haverá, na verdade, religião mais importante do que o Islam e melhor crença do que a monoteísta? O Profeta Mohammad lutou para livrá-las das malhas da idolatria, limpá-las e revelá-la para todas as nações, em todas as partes da terra. Deus o descreveu, em muitas oportuni- dades, em Seu Livro Sagrado, assim: "E tu certamente te diriges para uma senda reta" (42:52). Será que as seguintes características "Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega", podem ser aplicadas a outro além de Mohammad? Ele tinha um elevadíssimo caráter, tinha nobreza, pudor, calma e humildade. Nunca alterou a voz, nem ofendeu ou injuriou alguém. Seus companheiros nos transmitiram as informações sobre seu caráter por intermédio de uma tradição, compilada por Bukhári e narrada por Abdullah Ibn Amru, quando foi-lhe perguntado a respeito da descrição do Profeta na Bíblia; ele disse: "Sim, por Deus que ele está descrito na Bíblia com algumas qualidades que lhe são atribuídas, e que também se encontram no Alcorão: -ó Profeta, em verdade, enviamos-te como testemunha, alvissareiro e admoestador, e exemplo para os iletrados. Tu és o Meu servo e Mensageiro. Denominei¬te Mutawaquil (dependente de Deus). Não és descortes, nem áspero, nem levantas a voz nos mercados, e não pagas o mal com o mal, mas tratas com as pessoas, com perdão e bondade. Deus não permitirá que morras antes que endireites as pessoas desonestas e as faças dizer: Não há outra divindade a não ser Deus, com o quê abrirás os olhos cegos os ouvidos surdos e os corações empedernidos. ''1 Parece- nos que Abdullah Ibn Amru citou exatamente o mesmo texto, pois se relacionarmos as palavras - "Eis aqui o meu Servo, a quem sustenho, o meu Eleito" -, e as palavras da tradição "Tu és o Meu servo e o Meu 1 Extraído do livro "Sahih ai Bukhári" (O Livro Autêntico de AI Bukhári), capítulo das Transações Mensageiro" -, e as palavras - "Não és descortes, nem áspero, nem levantas a voz nos mercados" -, com as palavras da profecia - "Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça, a cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega" -, veremos que querem dizer a mesma coisa. Podemos ainda fazer uma comparação entre as palavras da tradição - "Deus não permitirá que morras antes que endireites as pessoas desonestas e as faças dizer: 'Não há outra divindade além de Deus'" -, e as palavras da profecia - "não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juízo: e as ilhas aguardarão a sua doutrina ... e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, e para a luz dos gentios" -, e as palavras da tradição -" ... com a qual abrirá os olhos cegos os ouvidos surdos e os corações fechados" -, e ainda as palavras da profecia - "para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas". Acaso não foi o Profeta Mohammad quem libertou os que estavam presos no cárcere do mundo e das paixões, das trevas da ignorância e do politeísmo, transportando¬os para a liberdade deste mundo e do Outro, para a luz do monoteísmo e a lei do Islam? Isto foi confirmado por Deus, exaltado seja: "Allah é o Protetor dos crentes; é Quem os retira das trevas e os transporta para a luz; ao contrário, os incrédulos, cujos protetores são os sedutores, são os que os retiram da luz, levando-os para as trevas" (2:257). Não há, acaso, no texto, "e te tomarei pela mão, e te guardarei", uma confirmação da promessa de Deus de guardar, dar vitória, proteger, até que a nobre tarefa se efetuasse, isto é, fosse instituída a verdade na terra e a sua apresentação para todos os povos, como foi informado por Deus, glorificado seja, em Seu Livro: Ó Mensageiro, proclama o que te foi revelado por teu Senhor, porque se não o fizeres, não terás cumprido a Sua Missão. Allah te protegerá dos homens" (5:67). Deus, glorificado e exaltado seja, é Zeloso quanto às Suas proibições, e a mais importante de todas é o politeísmo - a adoração de outro deus além d'Ele, quer seja um anjo, um profeta, um astro, uma pedra ou uma pessoa. Deus pode prescindir de tudo quanto existe. Ele enviou o Profeta Mohammad para elevar a bandeira do monoteísmo, destruir os ídolos, eliminar todo politeísmo, toda ignorância e incredulidade, para que as pessoas glorificassem somente a Deus, se consagrassem somente a Ele e ao que é sagrado, e adorassem somente a Ele: "Combatei-os até terminar a intriga, e prevalecer totalmente a religião de Allah" (8:39). O significado disso é exatamente o que a profecia indica, como, por exemplo, nestas palavras: "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura", e nestas outras: "O Senhor como poderoso sairá, como homem de guerra despertará o zelo: clamará, e fará grande ruído, e sujeitará os seus inimigos". Nada disso aconteceu com os seguidores de Jesus que, logo depois dele, eles o contrariaram, divinizando-o, adorarando-o em lugar de Deus; fizeram fotos, ídolos e imagens dele, como o fizeram com todas as pessoas de bem ou santas, em sua doutrina. A situação deles ficou parecida com a situação dos politeístas da Península Arábica, que adoravam ídolos, glorificavam outros deuses além de Deus, e ninguém conseguia acabar com aquela idolatria na Península, e fora dela, como o fez o Profeta Mohammad, como o fizeram seus sucessores e seguidores, que cortaram as garras da mitologia romana e persa. Eles repetiam, a cada vitória, as palavras divinas: "Dize: Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável" (17:81). Quanto à última parte da profecia, que diz: "Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita: exultem os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes. Dêem glória ao Senhor, e anunciem o seu louvor nas ilhas", ela não deixa margem a dúvidas de que a pessoa anunciada é o Profeta Mohammad, que é descendente de Quedar, cuja vinda, missão e convocação aconteceram nas aldeias que Quedar, onde o filho de Ismael e sua descendência habitaram. A luz da convocação desses habitantes e a candeia da sua orientação surgiram naquela região desertica, e montanhosa, e nos vales de Paran, até às montanhas de Salé, na região da Península. Seus habitantes louvaram o Deus Único, e Sua glorificação se elevou até aos cumes das montanhas e às profundidades dos vales. Eles se ergueram, com sinceridade, para propagarem sua religião em todas as penínsulas e todos os campos, e entre todas as nações. Eles sacrificaram todos os bens valiosos em defesa dela, uma vez que as nações estavam sedentas quanto a esse tipo de luz, anciosas por receber a lei verdadeira, justa, monoteísta e pacífica. Rapidamente acreditaram no profeta, adotaram sua religião, não pela força da espada, pois os muçulmanos não obrigavam ninguém a adotar a sua religião, mas por meio da convicção e da conscientização. Esses são os significados incluídos na profecia, e essas são as características, que ela cita, do Profeta. Foi o que se realizou, de fato, depois de centenas de anos, com o advento de Mohammad Ibn Abdullah, como esclareceremos. A pergunta que gostaríamos de fazer aos adeptos do Livro, judeus e cristãos, para finalizarmos a análise a respeito da profecia, é: "Se a pessoa aludida como "meu servo e eleito" não foi Mohammad, que nasceu "nas aldeias que Quedar habita", cujas cidades e campos exultaram pela sua convocação¬"nas montanhas e nos vales de Paran" -, quem seria então esse profeta? A que profeta, excluídos Moisés e Jesus, as características se adaptam? Ou será que estão ainda esperando a vinda desse profeta, dois mil anos depois de Jesus?" 4. Há ainda uma breve profecia, no Livro de Ageu, que anuncia a vinda de um profeta esperado e desejado por todas as nações. Deus fará tremer, com a sua vinda, todas as nações, e tremerão céus, terra e mar quando de seu aparecimento. Ela diz: "Porque, assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, a terra, e o mar, e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos" (Ageu, 2:6-7). Essa informação breve é importante; é o assunto principal desse Livro formado por apenas dois capítulos, dos Livros do Velho Testamento. Para esclarecermos o significado aludido na profecia e determinarmos a pessoa d' (o Desejado de todas as nações) é necessário recorrermos a uma quantidade de traduções para ficarmos a par da pronúncia original hebraica para a expressão.1 Essa profecia apareceu numa cópia hebraica, da seguinte forma: ''fi Yáfu himdâs kol haguim", e significa, literalmente: "E virá louvor (Himda) para todas as nações". A palavra "Himda" aparece com esta grafia em algumas cópias e "Himada" em outras. Se fizermos uma comparação com o texto traduzido, verificaremos que há uma alteração no significado da palavra. Pode ser que seja uma explicação do tradutor para o significado da palavra, traduzindo-a como "Desejado" ou "Esperado", e nós, na boa fé, vamos aceitar isso, pois muitas vezes acontece que o tradutor entende um texto de certa forma e o traduz baseado nessa compreensão, diferente da compreensão de outro tradutor. É natural que isso aconteça. Porém, afirmamos que os textos revelados e as profecias deveriam ser conservados com a pronúncia original, em todas as traduções, principalmente no que diz respeito aos nomes simples e próprios. Esses tradutores traduziram a palavra "Himda" como "Desejado" ou "Esperado", e seus equivalentes, nas línguas diferentes. Na realidade, a pronúncia da palavra "Himda" é a forma original, hebraica, para o nome "Ahmad", que significa, em árabe, "Louvor", porque a derivação, nos dois idiomas, árabe e hebraico antigo, é uma só, a da língua aramaica. A raiz da palavra tem o mesmo significado, ou seja, "elogio, e louvor". Uma vez que o nome verbal da raiz, em hebraico, 1 Extraído do livro "Moharnmad fi] Kitab AI Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), pág. 5--54, em resumo é "himada", equivalente em árabe ao nome "Ahmad", estamos certos que a pronúncia citada no original hebraico antigo, (Himdass), é a alusão verdadeira ao nome "Mohammad". Ele foi também denominado com o nome de "Ahmad", por Jesus, na sua língua aramaica. Nem o avô de Mohmmad, nem a sua mãe sabiam disso, nem o nome Mohammad era conhecido entre os árabes antes de sua denominação. Se isso é um milagre para Mohammad, o milagre maior é a diferença entre os dois nomes "Ahmad" e "Mohammad". Observamos que o nome que aparece na profecia corresponde ao nome "Ahmad" e não ao nome "Mohammad", com diferença de pronúncia, apesar de ambos os nomes, quanto ao significado, terem a mesma derivação linguística. Por isso, vemos que o Alcorão escolheu o nome "Ahmad" para designar "Mohammad", no episódio do anúncio de Jesus quanto ao Profeta Mohammad. Ele diz: "E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó israelitas, em verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós, corroborante de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissareiro de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad! Entretanto, quando lhes foram apresentadas as evidências, disseram: Isto é pura magia!" (61 :6). Concluímos disso que o Profeta Mohammad era conhecido entre os israelitas com o nome de "Ahmad", significando digno de louvor; é o nome dito pelos profetas dos israelitas, quer na língua hebraica antiga, ou na língua aramaica utilizada, por ser considerada a língua nacional local. Se considerarmos que a primeira explicação para a palavra "o Desejado" ou "Esperado", como aparecem nas traduções, seja certa, há, acaso, algum profeta que preencha as descrições como Mohammad preenche? Ele é que era esperado pelas nações, e desejavam a sua vinda, sedentas por receberem a sua lei, a qual livrou a humanidade da humilhação da escravidão, da discórdia e da separação, restituindo-lhe a glória, a honra, instituindo a justiça e a paz, principalmente se compararmos o texto daqui com o texto da profecia de Isaías, que diz: "e as ilhas aguardarão a sua doutrina". De qualquer forma, a relação entre "Himda" e "Ahmad" é uma relação forte, pois a origem, em ambos os idiomas, hebraico e árabe, é uma só, e o significado desejado é também o mesmo. O nome "Himda" não tem nenhuma relação com o nome "Jesus" ou com qualquer outro nome de qualquer outro profeta. Terceiro: As Profecias do Novo Testamento a Respeito de Mohammad As profecias do Novo Testamento quanto ao advento do Profeta Mohammad se distinguem pelo obscurantismo, devido às controvérsias que há entre os Evangelhos, além das controvérsias existentes no mesmo Evangelho, de um texto para outro. Por isso, precisamos de muita paciência, visão, comparação dos textos pertinentes a um certo assunto que nos interessa, para chegarmos aos objetivos e aos resultados desejados, comprovando-os, sem recorrermos a suposições ou rebuscamentos que expliquem os textos, ou lhes dêem significados indevidos. Podemos citar três profecias principais que falam sobre o advento do Profeta esperado, depois de Jesus, tiradas dos textos evangélicos. São elas: 1. Há uma narrativa, citada pelos quatro Evangelhos, que informa que João Batista, era um profeta piedoso, íntegro, ascético. Ele se alimentava de gafanhotos e de mel silvestre, desde a sua juventude. Ele, também, não se preocupava com a beleza das vestes e a beleza física, pois vestia um manto de pêlo grosseiro, amarrado por um cinto de couro ao redor dos lombos. Naquela situação de ascetismo e de adoração, ele recebeu a revelação divina, ordenando-lhe que batizasse as pessoas no rio Jordão, como símbolo de arrependimento e de perdão, e como orientação e preparação para receberem um grande Profeta que estaria prestes a aparecer. O Profeta esperado deteria honra, glória, grandeza e poder, que ofuscariam todos os outros profetas. O próprio João explica essa honra, dizendo que ele (João) não seria digno de abaixar-se perante esse profeta, para desatar a correia dos calçados deste. Que esse Profeta que iria aparecer não batizaria seus discípulos com água, como era o costume judaico, mas os batizaria com o Espírito da Santidade. Essa narrativa foi resumidamente relatada por Marcos, porém apresentando suficiente matéria para o que queremos mostrar. Marcos diz: "Apareceu João, batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados. E toda a província da Judéia e os de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele, no rio Jordão, confessando os seus pecados. E João andava vestido de pêlos de camelo, e com um cinto de couro em redor dos seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, ao qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. Eu, na verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo" (Marcos, 1 :4-8). Os quatro Evangelhos estão de acordo quanto ao episódio citado por Marcos. Porém, se diferenciam completamente com interpolações e acréscimos que aparecem nos três sinôticos (Mateus, Lucas e Marcos). Essas interpolações tentam encontrar uma relação entre a profecia e o advento de Jesus, para que ele seja considerado o Cristo Redentor, esperado pelos judeus, como temos observado; vê-se que há um exagerado artificialismo nas interpolações, para indicarem a divindade de Jesus e considerá-lo filho de Deus (Deus longe está de ter um filho!), como alega a Igreja. É necessário fazermos uma pausa nessas interpolações dos três Evangelhos para descobrirmos se elas indicam que os autores dos Evangelhos pretendiam criar, ou seja, que a profecia indicava Jesus, ou o seu significado indica outro profeta! O evangelista João nos indica, no início de seu Evangelho, que os judeus enviaram um grupo de sacerdotes até João Batista para questioná-lo a respeito de sua mensagem. Ele prestou o seguinte testemunho: "E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu? E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: Então quê? és tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Quem és? para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus; e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no meio de vós está um, a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca " (João, 1: 19- 27). Esse testemunho de João Batista só foi citado no Evangelho de João. Os outros três Evangelhos não o abordaram. Há que observar-se nele as perguntas formuladas pelos sacerdotes e levitas a João, para conhecerem a sua personalidade. Resumem-se elas em três prinipais: 1. Se o João era o Cristo. 2. Se João era Elias. 3. Se João era o profeta. Como está claro no texto, a resposta de João foi negativa para as três perguntas. O que nos interessa no texo é: quem são os três personagens a que se referem as perguntas dos sacerdotes e levitas judeus? Os sacerdotes enviados eram judeus e fariseus sábios, e faziam perguntas a respeito de três pessoas específicas, cujas características eles conheciam. Se os cristãos, e nós os muçulmanos dizemos que Jesus é o Cristo, apesar de os judeus não o reconhecerem como tal, resta para nós duas perguntas: quem é a segunda pessoa, e a terceira? Quanto à segunda, Elias, para os judeus é o profeta esperado para salvá-los, porquanto estavam debilitados e escravizados. O profeta Elias, porém, veio antes de Jesus. Ou os judeus não o conheciam, ou, o mais certo, negaram-no e rejeitaram-no como negaram e rejeitaram a Jesus. Na nossa opinião, Elias, ou o redentor, é o mesmo profeta cuja vinda esperavam; é a terceira pessoa na relação das perguntas; eles já conheciam suas descrições e seus sinais. O que nos fez ter essa opinião é o fato de que o próprio Jesus anunciou para os judeus e para seus discípulos que estava-se aproximando o tempo da chegada do profeta redentor. Ele deu a este o mesmo nome que eles conheciam, como vemos no texto: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir ouça" (Mateus, 11: 13-15). Não podemos afirmar que Jesus visava, com suas palavras, o próprio João Batista. Ele o denominou Elias, porque o próprio João negou ser ele, perante os judeus, como mostra o seu testemunho. É possível considerarmos o anúncio de Jesus quanto ao adevento de Elias como confirmação final para a profecia de João Batista sobre o Profeta que seria o mais forte de todos, por causa do qual Jesus bradou para os judeus: "Quem tem ouvidos para ouvir ouça". Por outro lado, a terceira pessoa a cujo respeito os sacerdotes perguntaram a João, quando disseram: "És tu Elias? E disse: Não sou", deve ser certamente outro profeta, que não João Batista nem Jesus, pois aquele viria depois deles, como as palavras de João e de Jesus informam. Aquele profeta não batizaria seus seguidores com água, mas o faria com o Espírito Santo, ou seja, iria batizá-los com a crença, a conscientização, com a orientação e a luz divina, coisas que iria fixar nos corações deles. Fica para nós a pergunta: quem seria esse profeta que tem essas características, o qual os judeus aguardavam, e sabiam da proximidade de seu surgimento? Nós, muçulmanos, não temos dúvida de que se trata de Mohammad Ibn Abdullah, o Profeta árabe; de que ele é o único ao qual as profecias se adaptam, apoiados no que vimos de vaticínios, pelas distinções, pelos sinais, e pelas confirmações dos dois profetas anteriores a ele, uma vez que não apareceu profeta ou mensageiro autêntico depois deles, que merecesse essas considerações, além de Mohammad. Os cristãos poderão contestar a nossa conclusão, dizendo: "Como podeis alegar que Mohammad é o Profeta indicado na profecia, quando os Evangelhos confirmam que o indicado é Jesus, pois houve indícios da parte de João Batista a esse respeito; que foi ele que recebeu o Espírito Santo em forma de pomba? Vossa alegação de que seja Mohammad é falsa." Esta é a única contestação que podemos enfrentar na designação da identidade daquele profeta sobre o qual os sacerdotes judeus fizeram perguntas a João Batista. Tem fundamento essa contestação? É o que veremos na seguinte discussão: Se afirmarmos que o profeta autêntico é Jesus, e que ele é o Cristo aguardado pelos judeus, enfrentaremos vários problemas e várias contradições que só podem ser sanados de uma das duas seguintes formas: Primeira: aceitarem os resultados obtidos por nós; Segunda: rejeitarmos todos os textos, sem considerá-los revelações ou escritos sagrados, que devam ser levados em consideração. Isso acontece pelos seguintes motivos: a) Se aceitarmos que Jesus é o profeta anunciado pelo seu primo, João, como explicaremos a promessa do próprio Jesus quanto à proximidade da vinda de Elias? Eis as suas palavras novamente: "E desde os dias de João Batista, até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir ouça" (Mateus, 11:12-15). João, por outro lado, afirma que não é Elias, nem é aquele profeta. Quem é Elias, então? Já dissemos antes que o texto das palavras de Jesus pode ser outra confirmação da profecia de João. Se não, suas palavras não teriam sentido. A seqüência das suas palavras indica que todos os profetas, e a lei, profetizaram até João. O único que não havia profetizado era Jesus, e essa seria a sua profecia. Por isso, ele disse: "E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir ouça". b) A profecia de João indica que após ele viria aquele que seria mais autêntico que ele; que ele, porém, não batizaria os seus seguidores com água, mas o faria com o 182 Espírito Santo. Se Jesus fosse o indicado pela profecia, não seria possível que ele batizasse seus adeptos e discípulos com água, como foi confirmado pelos Evangelhos: "Depois disto, foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles, e batizava. Ora, João batizava, também, em Enon, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali, e eram batizados" (João, 3:22-23). Não é citado, na vida de Jesus, que ele tivesse batizado os seus discípulos com o Espírito Santo, pois, mesmo depois de sua ascensão, não havia batizado ninguém com o Espírito Santo, nem o Espírito Santo havia se manifestado a eles ainda. É isso que foi afirmado por Lucas, nos Atos dos Apóstolos, falando sobre aquele período em que Jesus permaneceu entre seus discípulos, depois de sua ressurreição. Ele diz: "E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito tempo depois destes dias. Aqueles, pois, que se haviam reunido, perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino de Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém com em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos" (Atos dos Apóstolos, 1: 4-9). Se o batismo por intermédio do Espírito Santo não aconteceu até à sua ascensão, quando, então, teria acontecido? João Batista nos confirmou, na sua profecia, que o profeta aguardado batizaria seus discípulos e seguidores com o Espírito Santo, e não com água, como Jesus fez aos seus discípulos. Ele não batizou ninguém com o Espírito Santo, até à sua partida deste mundo. c) Os três Evangelhos sinóticos nos informam que Jesus foi batizado com água, como o foram os outros judeus, pelas mãos de João, seu primo, que batizava as pessoas no rio Jordão - o batismo de arrependimento, para a remissão dos pecados: "Então, veio Jesus, da Galiléia, ter com João, junto ao Jordão, para ser batizado por ele" (Mateus, 3: 13). "E aconteceu, naqueles dias, que Jesus, tendo ido de Nazaré, da Galiléia, foi batizado por João, no Jordão" (Marcos, 1:9). "E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus" (Lucas, 3:21). A pergunta que se faz: Porque Jesus foi batizado com água, como todos os judeus, por João Batista, ele que veio para anular o batismo com água e começar o batismo com o Espírito Santo? Pode Deus ser batizado por uma pessoa criada? Não seria o certo João abandonar o seu batismo e seguir como discípulo e servo do profeta cuja vinda ele profetizou? Sua atitude não se coaduna com as palavras de grandeza que ele disse em relação ao profeta esperado, a ponto de dizer que ele próprio não era digno de, abaixando-se, desatar a correia das suas alparcas! d) Se afirmarmos que o profeta indicado e esperado era Jesus, como explicarmos a pergunta dos sábios levitas a João sobre três pessoas ou profetas dos quais os judeus esperam a vinda? É inconcebível que as pessoas sejam uma só pessoa, a não ser que consideremos suas perguntas fúteis, sem nenhuma utilidade. A lógica rejeita aceitar que aqueles sábios fossem acusados de proferirem futilidades, pois tinham vindo para investigar uma questão cuja verdade era de se esperar que todos os judeus conhecessem. Aqueles judeus, mesmo o mais comum entre eles, sabiam a respeito da vinda do profeta. Eles também sabiam distinguir entre o profeta que eles aguardavam e o Cristo, descrito em seus Livros. O seguinte diálogo nos mostra esta verdade: "Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldéia de onde era Davi?" (João, 7:4042). Esse texto, além de ser um argumento para o que estamos discutindo, é também argumento contra os judeus que negaram e rejeitaram Jesus, uma vez que sabiam da sua vinda, filho de quem era e onde nasceria. Será que multidão, ávida por conhecer a verdade sobre Jesus, confundia entre o profeta e o Cristo? Será que considerava os dois um só? A multidão sabia perfeitamente que Cristo era uma pessoa e o profeta que eles esperavam era outra. Podemos afirmar que esse profeta é o mesmo aludido por João Batista na sua profecia, quando disse: "Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, ao qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. Eu, na verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo". Esse profeta é Mohammad (que a paz esteja com ele), que foi mais forte do que todos, pois conseguiu implantar a doutrina do monoteísmo, a religião do Islam, a lei da justiça, do bem e da paz, num curto espaço de tempo da sua vida. Se nós compararmos esse período com a história de todos os profetas, o tempo que levaram para implantar a mesma crença, verificaremos que eles não conseguiram chegar ao mesmo resultado obtido por Mohammad, com a anuência de Deus. Ele implantou essa crença no coração de seus companheiros e seguidores, com o apoio do Espírito abençoado com que Deus favoreceu essa comunidade, pois diz: "Para aqueles, Deus lhes firmou a fé nos corações e os confortou com o Seu Espírito, e os introduzirá em jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n'Ele. Estes formam o partido de Deus. Acaso, não é certo que os que formam o partido de Deus serão os bem-aventurados?" (Alcorão, 58:22). Ele é o mesmo Profeta anunciado por Jesus Cristo, que pediu aos seus discípulos e seguidores dentre os judeus, para o aceitarem e crerem nele: "E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir." (Mateus, 11: 14). É o mesmo Profeta mencionado por Jesus nas suas palavras e nos seus conselhos finais, confirmando a necessidade de os seus seguidores crerem nele, quando estava falando com seus discípulos sobre a vinda do Paracleto, como mostraremos mais adiante, se Deus quiser. Se a Igreja não aceita essa conclusão, com base no que apresentamos de argumentos e provas, somos obrigados a anular a lógica racional, o argumento e a prova, ou considerarmos tudo que foi dito pelos profetas do povo de Israel e vaticinado pelas suas profecias como coisas falsas e rejeitadas, não se podendo dar a elas qualquer valor religioso ou histórico! 2. Os três Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), narram que Jesus (que a paz esteja com ele), quando ensinava no templo, foi questionado pelos escribas e fariseus com uma pergunta a respeito de sua ascendência. Ele respondeu: "E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi disse, pelo Espírito Santo: O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. Pois, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é, logo, seu filho?" (Marcos, 12:35-37). Esse texto nos revela o abalo daquela idéia que prevalecia a respeito do Cristo, com as características deste, nas mentes dos judeus, ou seja, revela que não tinham um conhecimento específico nem sinais evidentes para reconhecerem a pessoa do Cristo. É provável, também, que a nossa suposição esteja errada, por causa daqueles textos que são ora obscuros, ora contraditórios, como é este texto que temos em mãos, o que nos faz imaginar as coisas fora da sua realidade, e gera em nós uma compreensão errônea. Ambas as suposições são prováveis, apesar de acharmos que a última é a mais certa, que a diversidade dos textos e as suas contradições e obscuridades são as causas principais da perda da verdade e do abalo do quadro. Quem examinar os textos da Bíblia Sagrada, em geral, e os Evangelhos, em particular, também chegará à mesma conclusão. Por exemplo, se considerarmos esse texto como correto, isento de alterações, ele, como vários outros textos, nos colocará numa dúvida tal, quanto à questão, que não conseguiremos chegar a conhecer a sua realidade nem a formar uma idéia verdadeira a seu respeito. Os Evangelhos, ao invés de nos fornecerem uma idéia clara sobre a realidade e a natureza do Cristo, a verdade sobre a sua Mensagem, e sobre a idéia judaica a seu respeito, eles nos dão um quadro obscuro, uma idéia deformada, diferenças contraditórias, que não nos levam a nenhum resultado útil. Uma vez eles negam que o Cristo é filho de Davi e de sua descendência, como é visto no texto acima, e outra vez afirmam que Jesus descendia de Davi, como afirmam os dois evangelistas, Mateus e Lucas, na genelogia de Jesus. Ora nos dizem que o Cristo viria de Belém, ora nos dizem que quando surgisse ninguém saberia de onde. Ora nos dizem que os judeus conheciam as características do Cristo, e que tinham uma idéia clara a seu respeito, bem como conhecimentos confirmados 188 relacionados a ele, ora se contradizem e afirmam que os judeus se confundiam na determinação da sua identificação. Ora nos dizem que o Cristo é um profeta, homem, filho do homem, ora nos dizem que é Deus, filho de Deus! Não queremos citar mais do que isso para que o leitor não pense que estamos utilizando esses fatos para comprovarmos o nosso ponto de vista. Esta não é a nossa intenção, mas o fazemos porque a pesquisa trata dos sinais existentes na Bíblia Sagrada a respeito do advento do Profeta Mohammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz). Vamos verificar que o texto em questão tem um dos sinais que Jesus mencionou quanto ao advento de Mohammad. Está claro que quando Jesus rejeitou a idéia que diz que o Cristo deve ser da descendência de Davi, ele estava falando de outro Cristo, ou melhor, a respeito de outro Profeta, que não pertencia à descendência de Davi, nem provinha de Belém, a cidade onde viveu Davi. Essa suposição pode parecer estranha, mas não temos outra. Porque é impossível que Jesus negue o seu ancestral, Davi, que nasceu em Belém, porque os Evangelhos confirmam a sua descendência (Mateus, 1-1), (Lucas, 3:23-32), e confirmam o seu nascimento em Belém (Lucas, 2:4-7). Por outro lado, as pessoas o denominavam "filho de Davi" (Lucas 18:38-39), e ele não os proibia de o fazerem. O que nos parece, segundo os textos, é que havia confusão e ambiguidade entre os judeus a respeito daquele profeta, quanto à determinação de sua identidade, reconhecimento de sua pessoa, principalmente na primeira fase de sua missão, o que fez com que Jesus fizesse esse tipo de esclarecimento, no templo, perante as pessoas, para eliminar a confusão delas a seu respeito. Numa das vezes houve confusão a respeito dele entre grupos de judeus que levou à seguinte discussão: "Então, muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?" (João, 7:40-42). O seqüenciamento que gerou a discussão nos informa que havia outra confusão entre a multidão a seu respeito, quando presenciaram um dos seus milagres, e pensaram que ele fosse o Profeta esperado: "Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, evidentemente, o profeta que deveria vir ao mundo" (João, 6:14). Analisando os dois textos e comparando-os com o texto da profecia, podemos formular várias observações: Primeira: Que a multidão judaica fazia de fato confusão quanto ao Cristo. Pensaram, à primeira vista, que era "o profeta que deveria vir ao mundo". Segunda: Que a confusão se repitiu, com uma pequena diferença; alguns deles conseguiram distinguir entre o Cristo e o Profeta esperado, considerando que o Cristo tinha duas características, que era da descendência de Davi, e que vinha de Belém, a aldeia de Davi. Terceira: Que os judeus esperavam dois profetas fortes, e um deles era o Cristo. O outro era o Proefta que deveria vir para o mundo. E que ambos não podiam ser uma só pessoa. Quarta: Que o profeta que deveria vir e era aguardado pelos judeus se distinguia pelo fato de não ser da descendência de Davi, nem viria de Belém, a aldeia de Davi, e que ele seria o enviado de Deus para todo o mundo. Quinta: Que Jesus, quando discutiu com os escribas, e negou ser "o Cristo" , filho de Davi, não falava de si, mas falava de outra pessoa, que foi denominado, no texto, "o Cristo". Sexta: Que esse "Cristo", ou o Profeta que Jesus mencionou, descrevendo-o como não pertencendo à descendência de Davi, é um Profeta muito forte, honrado por todos os profetas, a ponto de Davi tratá-lo por "meu senhor". Sétima: As palavras do seguinte texto: "Então, muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente, este é o Profeta", indica que esse profeta indicado possuía uma eloqüência extraordinária. Depois dessas observações, formulamos as seguintes perguntas: É possível que Jesus Cristo tivesse falado de si próprio perante os escribas quando negou ser o Cristo, filho de Davi? Como podia estar falando de si, sabendo que os interlocutores eram sábios judeus, e que seus livros informavam que o Cristo deveria ser da descendência de Davi e da aldeia de Davi? Além do mais, quem era aquele profeta que a multidão judaica procurava? Há, acaso, outro profeta além de Mohammad que preencha as características citadas nos textos, como mostramos nas observações? Sobre que Cristo ou profeta Jesus falava quando rejeitou, perante escribas e fariseus, que fosse o Cristo, filho de Davi? De certo, estava falando sobre aquele Profeta que os judeus sabiam que não descenderia de Davi, nem viria de Belém. Ele censurou os sábios judeus por confundirem sua pessoa, quando pensaram que ele fosse aquele profeta que eles aguardavam. Por temer que essa confusão se espalhasse entre a multidão judaica, ele fez o esclarecimento e os lembrou que ele não era aquele profeta que Davi denominou "meu senhor". Se Jesus se atrevesse a alegar que era aquele profeta que Davi denominou "meu senhor", os judeus não teriam perdido um só instante em agarrá-lo e matá-lo, ou prendê-lo, ou pelo menos, proibi-lo de entrar e pregar no templo. Não era do feitio de Jesus alegar que era o "senhor" de Davi, nem de dizer que ele era aquele profeta, porque não era ignorante, nem mentiroso, mas era profeta, íntegro e veraz. Deduzimos de tudo isso que o texto da profecia não fala sobre Jesus Cristo, filho de Davi, mas fala daquele profeta que não descendia de Davi, que alcançou um elevado posto perante Deus, sendo honrado e engrandecido pelas palavras de Davi (que a paz esteja com ele), pois denominou-o "meu senhor", como era costume, entre os judeus, dirigirem-se aos seus líderes, seus mestres e seus amos. No Alcorão há indícios da utilização, da parte dos judeus, dessa denominação, na estória de José com o companheiro de cela: "E disse àquele que ele (José) sabia estar a salvo daquilo: Recorda-te de mim ante teu senhor!" (12:42). Portanto, se os judeus, na época de Jesus, esperavam esse profeta, e se João Batista anunciou a sua vinda, então vem Jesus, depois dele, e confirma a proximidade do tempo da sua vinda, e censura os judeus por suas dúvidas a respito dele, não fica dúvida alguma para o equitativo que esse Profeta é Mohammad, que Deus o tornou mestre dos profetas e o postremo deles, a testemunha sobre seus povos. Deus teve a promessa deles e de seus povos que, quando do seu advento, que acreditassem nele e o seguissem, como o Alcorão Sagrado nos diz: "Quando Allah aceitou a promessa dos profetas, disse-lhes: Eis o Livro e a sabedoria que ora vos entrego. Depois vos chegará um Mensageiro que corroborará o que já tendes. Crede nele e socorrei-o. Então, perguntou-lhes: Comprometer-vos-eis a fazê-lo? Responderam: Comprometemo-nos. Disse-lhes, então: Testemunhai, que também serei, convosco, Testemunha disso" (3:81). De sorte que o texto que temos em mãos terá por significado o seguinte: "Jesus lhes disse: Como dizeis que o profeta que esperais é filho de Davi, quando o próprio Davi disse a respeito dele: O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus 'inimigos por escabelo dos teus pés?" Ficaríamos muito felizes se os chefes das igrejas, os sacerdotes e os papas nos apresentassem o texto original expressado por Jesus, em sua língua nacional aramaica, ou religiosa hebraica, para ficarmos ao par da verdade , deste texto e de outros textos obscuros dos Evangelhos, ou melhor, alterados, e nós, os muçulmanos, seríamos os primeiros a seguir os seus ensinamentos e seu Evangelho. 3. Por fim, temos a última profecia do quarto Evangelho, que se repete, nas palavras de Jesus, quatro vezes, na seqüência dos seus conselhos finais para seus discípulos - que cressem naquele profeta que haveria de vir. Ele lhes esclarece algumas características desse profeta e o cita como "o Paraclito", confirmando para os seus discípulos que a sua predição é quanto a esse Profeta Forte, fortalecido pelo Espírito Santo, que é a essência de sua mensagem, e que, anunciando-o estaria completando a tarefa com que Deus lhe enviou, por ser um mensageiro informando a respeito de Deus. O Primeiro conselho tem o seguinte teor: "Quem me não ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (João, 14:24-26). É preciso citarmos os outros três conselhos a respeito do "Consolador" ou "Paracleto", porque há outros acréscimos em cada conselho, que esclarecem e especificam para nós essa pessoa, para ser apresentada ao mundo, e não seja confundida com outra pessoa. Os três conselhos são: a) "Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis ... Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo" (João, 16:1 e 7-8). b) "Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio" (João, 15:26-27). c) "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar" (João, 16: 12-14). Antes de entrarmos no detalhamento desses textos, devemos levar em conta algumas observações: Primeiro: O Apóstolo João, filho de Zebedeu, foi o único dentre os evangelistas a citar essas profecias; e, de acordo com o que nos dizem, o autor desse Evangelho foi um dos discípulos de Cristo. Porém, não sabemos ao certo se foi ele o autor ou não do Evangelho. O certo, porém, é que esse Evangelho foi escrito em grego, como foram os outros Evangelhos. Nós sabemos, também, que os apóstolos, cujos nomes dão aos Evangelhos, não falavam o grego. Falavam o hebraico ou o aramaico, como sendo a língua nacional que o Cristo e seus discípulos falavam, assim como falavam os habitantes daquela região. Segundo: De acordo com a primeira observação, deparamo-nos com o mesmo problema que encontramos na análise de todos os textos desse tipo, para descobrirmos o termo original que o Cristo pronunciou, quando falava com seus discípulos quanto à pessoa do Consolador, ou melhor, o Paraclito, como aparece nas traduções clássicas dos Evangelhos, que depois foi mudado, em todas as traduções, para "o Consolador", ou outra palavra equivalente. Terceiro: O Evangelho de João não era conhecido nos meios cristãos, nem pela Igreja, a não ser depois de mais de três séculos após o Cristo. Talvez seja esse o motivo da ignorância dos três outros evangelistas das profecias concernentes ao Paracleto, ou talvez eles ignorassem propositalmente a profecia, por saberem que dizia respeito a um outro Profeta que viria depois de Cristo. De acordo com estas observações, conseguimos confirmar que a Igreja não tinha nenhuma idéia quanto ao Paraclito e sua verdade, durante um período de mais de três séculos, e que aqueles cristãos que viveram e morreram durante aquele longo período nada sabiam a respeito do Paraclito que Jesus pediu que nele cressem; e lhes disse que aquele profeta lhes ensinaria todas as coisas, e permaneceria com eles para sempre. Seria invenção, engodo e ambiguidade a Igreja alegar que o Paraclito ou o Consolador fosse o Espírito Santo, pois a base da crença dela, e as palavras de Jesus - como estão nos Evangelhos- contradizem essa alegação que as igrejas apregoam. Os motivos disso são muitos: a) Jesus não visava, com o uso do termo Paraclito, indicar o Espírito Santo, nas suas palavras para os seus discípulos e para multidão que lhe escutava os ensinamentos, nem os outros Evangelhos citam que ele utilizou esse termo, citado em João, em língua grega. b) O Evangelho de João só apareceu três séculos ou mais depois de Cristo. Será que os demais discípulos nada sabiam a respeito da vinda de Parac1ito, nem sobre o Espírito Santo, como explicou a Igreja? Será que mesmo os seguidores de Cristo, os cristãos, nada sabiam a respeito do assunto até ao surgimento do Evangelho de João? Se é este o caso, como podemos crer que aqueles discípulos, que Jesus enviou para pregarem o Evangelho, estavam fortalecidos com o Espírito Santo, ou sabiam algo a respeito de sua vinda, de acordo com a promessa e as palavras de Jesus? c) As palavras de Jesus contrariam essa explicação, pois ele lhes disse: "Todavia, digovos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós". Entende-se disso que o Consolador, que é o "Espírito Santo", de acordo com a explicação da Igreja, não estava com Jesus durante todo aquele tempo que ele permaneceu na terra. Como, então estaria com os discípulos? Isto não se coaduna com as bases da crença da Igreja. d) O Espírito Santo, sobre quem Jesus falou em seus sermões, pode ter vários significados. Ou pode ser o Arcanjo Gabriel (que a paz esteja com ele), através do qual Deus fortalece Seus profetas e mensageiros, transmitindo-lhes a revelação, como é confirmado pela Tora e pelos Evangelhos; ou significa a orientação e o sucesso divino para os piedosos dentre Seus servos - pois esse espírito é a Luz Divina que penetra nos corações dos crentes, enchendo-os com a oreintação, a felicidade e o sossego. As palavras de Paulo confirmam este significado: "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (I aos Coríntios, 6:19). Ambos os significados são verdadeiros e devem ser aceitos. Entendemos, das palavras de Paulo, também outro significado: que o Espírito Santo não pode ser aquela parte Divina - a Terceira Pessoa -, como a Igreja crê, uma vez que se ele estivesse nos corpos das pessoas, teria um número enorme de filhos, e não apenas Jesus, considerando-se que o Espírito penetrou nele, como diz a Igreja. Por causa dessa controvérsia, não houve o reconhecimento quanto ao Espírito Santo, como a Terceira Pessoa das três, e que só passou a formar a divindade depois de quase quatro séculos depois de Cristo, ou seja, no Concílio II da Macedônia, no ano 386 d.C .. O que nos levou a mencionarmos isso foi a tentativa de se identificar o significado dessa profecia que se repitiu por quatro vezes no mesmo Evangelho, para eliminarmos qualquer dúvida que pudesse influenciar nos resultados que poderíamos obter. Agora, podemos perguntar: quem é o Paraclito mencionado pelas quatro profecias, como é citado no texto grego, ou o consolador, como é visto nas traduções modernas? Será que a tradução da palavra Paraclito para "Consolador" é correta? O sábio e sacerdote cristão, Professor David Benjamim Caldani, explica que a palvra Paraclito nunca pode significar "Consolador" "Advogado" "Intermediário" porque a palavra não é clássica, e a palavra grega que significa "consolador" não é Paraclytos, mas "Paracalon". Esta palavra é que foi usada para a tradução das palavras que significam "Consolação" nos Livros do Velho Testamento, como lemos em Lamentações de Jeremias, 1 :2,9, 16. A palavra Paracalon deriva-se do verbo Parakaloo, que significa: chamar, convocar, consolar, indicar, mostrar. A segunda palavra "Advogado", porém, não é a tradução da palavra Paraclytos, mas é tradução da palavra Sanegorus. O mesmo se dá com a palavra "intermediário" que é tradução da palavra Meditea. Portanto, no que diz respeito à etimologia, não é possível traduzirmos a palavra Paraclito ou Paraclytos para as palavras usadas pelos tradutores, como Consolador, Advogado, ou Intermediário. O que a palavra grega Paraclytos significa, então? Nada significa se não a considerarmos uma corruptela da palavra Periqlytos. Esta palavra significa, literalmente: "o mais glorioso" "o mais famoso" "o merecedor de louvor" como é confirmado pelo conhecido Dicionário greco-francês, Alexandar1 Depois dessa ciranda lingüística, podemos resumir o significado da palavra citada na profecia, como consta do original grego, que é exatamente, o nome de quem merece louvor e elogio, e é, em árabe, "Ahmad". É o mesmo nome citado no Alcorão, quando aborda a profecia de Jesus quanto a Mohammad, e diz: "E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó israelitas, em verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós, corroborante de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissareiro de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad" (61:6). 1 Extraído do livro: "Mohammadfil Kitab Al Mukaddas" (Mohammad na Bíblia Sagrada), pág. 216-217, em resumo Podemos considerar, para mostrarmos a alteração do texto do Evangelho de João (15:21-27), o que o sábio e historiador muçulmano, Ibn Isaac, fez com a Biografia do Profeta Mohammad, de Ibn Hicham, doze séculos atrás; ele copiou o mesmo texto do Evangelho de João, de acordo com a tradução conhecida na sua época, para utilizar como prova do advento do Profeta Mohammad e da sua característica, no Evangelho. Ibn Isaac disse: "Pelo que me chegou quanto à posição de Jesus, filho de Maria, do que recebeu de Deus no Evangelho para os cristãos quanto à característica do Mensageiro de Deus, confirmado pelo Apóstolo João para eles, quando escreveu o Evangelho sobre a época de Jesus, filho de Maria (que a paz esteja com ele), ele disse: 'Aquele que me aborrece, aborrece também ao Senhor. Se eu entre eles não fizesse tais obras quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora viram-nas e me aborreceram a mim e ao Senhor. Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Aborreceram-me sem causa. Mas, quando vier o 'Munhamanna', que Deus vos enviará, aquele Espírito Santo, que procede do Senhor, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio. Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. ,,, A palavra siríaca, Munhamanna, quer dizer Muhammad - em grego, Periqiytos.1 Esse texto sobre o Evangelho de São João, copiado por Ibn Isaac, assim como seu estilo, na sua época, mostra 1 Assira Annabawiya" (A Biografia Profética), de Ibn Hicham, vol. 1, pág. 233. 200 modéstia do Profeta Jesus, filho de Maria (que a paz esteja com ele), ao contrário do que vemos atualmente nos Evangelhos, apresentando-o como divino, e em lugar de Deus. O próprio leitor pode comparar esse texto, que copiamos de Ibn Isaac, com os textos que apresentamos no início a respeito da profecia, para verificar a diferença entre eles. Vamos agora apresentar as características de Periqlytos, como é confirmado pelas quatro profecias do Evangelho de João, de acordo com declarações de Jesus nos seus conselhos finais para os seus discípulos. São elas: 1. Ele testemunhará a verdade e estrá fortalecido com o Espírito Santo, ou o Espírito da verdade, ou Gabriel, o leal. 2. Ele será enviado de Deus, e não virá por si. 3. Ele testificará a Jesus como sendo servo de Deus e Seu Mensageiro, o Verbo encarnado, dado à Virgem Maria, como anteriormente testificaram os apóstolos e discípulos de Jesus, por terem estado com ele desde o princípio. 4. Ele ensinará aos seus seguidores e aos crentes nele todas as coisas que dizem respeito às suas vidas, e lhes informará toda a verdade que os seguidores de Jesus não suportaram. Essa é uma indicação da Lei Islâmica, por abranger todas as outras leis anteriores. 5. O seu advento e a sua vinda estão ligados à partida de Jesus, do mundo, e o encerramento da sua missão com a qual este foi enviado, como preparação do caminho para o Profeta N obre, como a anunciação dele, que viria com a restauração do Espírito da verdade, do monoteísmo e da lei de Moisés. 6. A mensagem de Mohammad, o Periqlytos, reconhece e corrobora as mensagens anteriores; as leis anteriores tornam-se perfeitas com a Mensagem e a Lei celestial de Mohammad. As pessoas, até à vinda de Jesus, não estavam preparadas para receber esse Profeta, suportar a sua lei, os seus ensinamentos abrangentes. Por isso, Jesus disse para os seus discípulos: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar isso agora." 7. O Profeta não falará por si, mas falará o que lhe for revelado por Deus. Isso é também um sinal da condição de iletrado de Mohammad, pois ele não sabia ler nem escrever. Se ele tivesse sabido disso antes do advento da sua profecia, teria tentado aparecer na sua juventude, e não na sua velhice. Ele porém, falava o que lhe era revelado por Deus. Isso foi também confirmado por outros textos das profecias da Bíblia Sagrada e pelo Alcorão, coisa que mencionamos anteriormente. 8. Esse Profeta vaticinará eventos que haverão de acontecer. Isso significa que ele informará a comunidade a respeito do que acontecerá no final dos tempos, no tocante a fatos e intrigas, bem como esclarecerá tudo o que se relaciona com a questão da Hora do Juízo Final e seus horrores. Ele admoestará a comunidade quanto à corrupção, o desvio do caminho, mostrando-lhe o que poderá acontecer a ela em termos de desgraças, caso se extravie do caminho reto. 9. A função desse Profeta será a orientação e o encaminhamento, para o que for bom e útil para toda a humanidade, nesta vida e na Outra, como vemos nas palavras de Jesus: "Quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade". 10. Ele também mostrará para o mundo o extravio dos povos anteriores e o desvio deles quanto à religião dos seus profetas, cometendo erros e pecados, adulterando os ensinamentos dos mensageiros. Ele também mostrará para todo o mundo a piedade e a justiça, contidas na lei dos profetas anteriores. Mostrará os princípios da justiça, do monoteísmo, da honra, da moral, exemplificando-os e aconselhando seus seguidores a se apegarem a eles. Quanto ao Juízo, ele apresentará a prova contra os contraventores, condenando-os convenientemente, censurando-os por terem-se desviado, depois de receberem a verdade. Essas e outras características e distinções, mencionadas em todas as profecias que apresentamos, se aplicam perfeitamente ao Profeta iletrado, Mohammad, quer seja pela vida que viveu, quer seja pelo seu caráter, pela sua política e prudência, quer seja pela sua lei e justiça, pelo direito, quer seja pela implantação do verdadeiro Reino de Deus, do monoteísmo, ou pela sua corroboração quanto aos profetas e mensageiros de Deus anteriores a ele, crendo neles, nas suas leis, e na revelação divina a eles, sem distinção entre todos. Isso tudo está detalhado nos livros da biografia da história e da tradição, para quem desejar se aprofundar na matéria. Finalmente, queremos indicar algumas descrições dele no Alcorão Sagrado: “Ó Profeta, em verdade, enviamos-te como testemunha, alvissareiro e admoestador! E como convocador (dos humanos) a Deus, com Sua anuência, e como uma lâmpada luminosa. E anuncia aos crentes, que obterão de Deus infinita graça. E não obedeças aos incrédulos, nem aos hipócritas, e não faças caso de suas injúrias; encomenda-te a Deus, porque Deus te basta por Guardião" (33:45-48). "Porque és de nobilíssimo caráter" (68:4). Para quem desejar a verdade: "Nisto há uma mensagem para aquele que tem coração, que escuta atentamente e é testemunha (da verdade)" (50:37). Conclusão Podemos, depois de tudo que apresentamos, chegar a uma só conclusão: Todos os profetas e mensageiros (que Deus os abençoe e lhes dê paz), vieram com uma só missão, uma só religião, e que o Profeta Mohammad não se diferencia dos profetas anteriores a ele, Jesus e Moisés (a paz esteja com eles); que Jesus, filho de Maria, não difere de Moisés, nem Moisés, o Profeta de Deus, difere dos profetas que o sucederam, Jesus e Mohammad. Todos pregaram a religião de Abraão, o Patriarca dos profetas, a religião do monoteísmo, da paz e da submissão ao Criador Único. É logicamente e legalmente impossível que os ensinamentos de um dos profetas a respeito de Deus, glorificado e exaltado seja, difiram dos ensinamentos de outro, ou sejam contraditórios, principalmente no que diz respeito aos relacionados com a Pessoa de Deus, Seus atributos, Sua Unicidade, Sua Perenidade, Seu Absolutismo e Sua Eternidade; no que diz respeito à fé, ao Dia do Juízo Final, à ressurreição, à congregação, ao julgamento, à recompensa e ao castigo, etc .. É impossível, também, que um dos profetas, escolhidos por Deus dentre a humanidade, para empunharem Sua Mensagem e transmitirem Seus mandamentos e Sua revelação, que apregoe para si uma posição que Deus não lhe outorgou, ou que se auto¬denomine de divindade em lugar de Deus. O Alcorão nos diz: "É inadmissível que um homem a quem Allah concedeu o Livro, a sabedoria e a profecia, diga aos humanos: Sede meus servos, em vez de o serdes de Allah! Outrossim, o que diz, é: Sede servos do Senhor, uma vez que sois aqueles que estudam e ensinam o Livro. Tampouco é admissível que ele vos ordene tomar os anjos e os profetas por senhores. Poderia ele induzir-vos à incredulidade, depois de vos terdes tornado muçulmanos?" (3:79-80). É possível que haja diferenças entre os profetas, nas leis, nas disposições, nos mandamentos e nas proibições. Isso está relacionado com a organização e o acerto da vida so¬cial e econômica e com os tipos de relacionamentos e tudo que diz respeito com os preceitos, com a jurisprudência dos rituais, tudo que está relacionado com o bem-estar das pessoas, juntando-se todos num mesmo crisol e com um só objetivo: Apegar-se aos mandamentos de Deus, submeter-se a ele, pregar a sua Unicidade, adorar somente a Ele, fazer o que O satisfaz, afastar-se de tudo que O aborrece e de tudo que Ele proibiu. Como é claro pelo que expomos neste livro, os princípios, as crenças e os preceitos foram completados por Deus, glorificado e exaltado seja, complementando-os pelo envio do postremo dos profetas, Mohammad, reunindo-os num só sistema, a lei islâmica. Todos os profetas e todos os Livros revelados confirmaram essas crenças e princípios, e determinaram o apego a eles, confirmando, também, em suas profecias, o advento do postremo dos profetas, o Profeta esperado por todas as nações, o Profeta Mohammad Ibn Abdullah. As profecias citaram o local de seu surgimento, de seu advento, de sua migração, suas características pessoais e funcionais, como falaram sobre o conteúdo de sua lei, sua abrangência, e funcionalidade para todas as criaturas. Que ela é a verdade esperada por todas as ilhas e aldeias e aguardada pelos povos e pelas nações. A religião de Mohammad é a única entre as religiões que restituiu a justiça, implantou os pilares do monoteísmo, eliminou toda mácula da idolatria, do politeísmo e do extravio. Mostrou o extravio dos povos antigos quanto a essa crença, que era a crença dos seus profetas e mensa-geiros. Todos os profetas, desde Adão até Mohammad, convocaram seus povos para a crença em Deus, na Sua Unicidade e na Sua Pureza e na adoração a Ele. Nenhum deles falou de Deus além da verdade, ou convocou as pessoas para adorarem outro além d'Ele, ou se auto-denominou de divindade. Esta é a crença do muçulmano, seguindo o exemplo do Profeta Mohammad, a quem seu Senhor ordenou que seguisse a e se orientasse pela sua orientação. Disse-lhe: "O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor e todos os crentes crêem em Allah, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre nenhum dos Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno!" (2:285). Finalizamos, louvando a Deus, Senhor do Universo. Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com o nosso Profeta, Mohammad, com seus familiares, com seus companheiros e com todos os seus seguidores, até o Dia do Juízo. Amém.