se para Paris, onde Marx entrou em contato com os socialistas. KARL MARX E O PRINCÍPIO DA CONTRADIÇÃO SOCIAL O pensamento de Karl Marx mudou radicalmente a história política da humanidade. Inspirada em suas idéias, metade da população do mundo empreendeu a revolução socialista, na intenção de coletivizar as riquezas e distribuir justiça social. Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia, então província da Prússia, em 05 de maio de 1818 e faleceu em Londres; 1883. Primeiro dos meninos entre os nove filhos de uma família judaico-alemã foi batizado numa igreja protestante, de que o pai, advogado bem-sucedido, se tornara membro, provavelmente para garantir respeitabilidade social. Depois de estudar em sua cidade natal, em 1835, Marx ingressou na Universidade de Bonn, onde participou da luta política estudantil. Na Universidade de Berlim, para a qual se transferiu em 1836, começou a estudar a filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos jovens hegelianos. Com uma posição política que se identificava cada vez mais com a esquerda republicana, Marx em 1841 apresentou sua tese de doutorado, em que analisava, na perspectiva hegeliana, as diferenças entre os sistemas filosóficos de Demócrito e de Epicuro. Nesse mesmo ano concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com o idealismo de Hegel. Passou a colaborar no jornal Rheinische Zeitung, de Colônia, cuja direção assumiu em 1842. No ano seguinte, Marx casou-se com Jenny von Westphalen e, logo após, sua publicação foi fechada. O casal mudou- Em 1845, expulso da França pelo governo, estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a duradoura amizade e colaboração com Friedrich Engels. “Die heilige Familie” (1845; A sagrada família) e “Die deutsche Ideologie” (18451846, A Ideologia Alemã, publicada em 1926) foram as primeiras obras que escreveram a quatro mãos. Nessa época, Marx trabalhou em diversos tratados filosóficos contra as idéias de Bruno Bauer e de Pierre-Joseph Proudhon. Em 1848 redigiu, com Engels, “O Manifest der Kommunistischen Partei” (O Manifesto do Partido Comunista), resumo do materialismo histórico, em que aparecia pela primeira vez o famoso apelo à revolução com as palavras "Proletários de todos os países, uni-vos!". Depois de participar do movimento revolucionário de 1848 na Alemanha, Marx regressou definitivamente a Londres, onde durante o resto da vida contou com a generosa ajuda econômica de Engels para manter a família. Em 1852 escreveu “Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte” (O 18 Brumário de Luís Bonaparte), em que analisou o golpe de estado de Napoleão III do ponto de vista do materialismo histórico. Em 1859 publicou “Zur Kritik der politischen Ökonomie” (Contribuição à crítica da economia política), seu primeiro tratado de teoria econômica, e em 1867 o primeiro volume de “Das Kapital” (O Capital), monumental análise do sistema socioeconômico capitalista, sua obra mais importante. Marx voltou à atividade política em 1864, quando participou da fundação da Associação Internacional de Trabalhadores. Como líder e principal inspirador dessa Primeira Internacional, sua presença se reafirmou em 1871, por ocasião da segunda Comuna de Paris, movimento revolucionário de que a associação participou ativamente e em que pereceram mais de vinte mil revoltosos. As divergências do anarquista Mikhail Bakunin, a partir de 1872, provocaram a derrocada da Internacional. Marx ainda participou em 1875 da fundação do Partido Social Democrata Alemão e em seguida retirou-se da atividade política para concluir “Das Kapital”. alimento, suas vestes, seu abrigo, satisfeitas tais necessidades, pelo trabalho, ele está pronto para satisfazer suas demais necessidades de existência. Portanto é uma característica marxista analisar a história da humanidade através do seu Modo de Produção, das suas relações econômicas. MÉTODO Apesar de ter reunido imensa documentação para continuar o livro, os volumes segundo e terceiro só foram editados por Engels, em 1885 e 1894. Outros textos foram publicados por Karl Kautsky, como quarto volume, entre 1904 e 1910. TEORIA “O Materialismo Histórico” A primeira grande característica do autor é a sua análise sobre a história de todas as sociedades existentes até hoje, uma história de luta e de conflitos entre as classes. Partiu, em sua análise teórica, das relações antagônicas entre dominadores e dominados, numa guerra sem tréguas, ora aberta, ora disfarçada, pelos meios de produção e pela força de trabalho. “O Materialismo Dialético” A Dialética é um método filosófico investigativo da realidade, desenvolvido na Antiguidade e aplicado de várias formas. Utiliza-se do diálogo, da argumentação, da discussão como forma de buscar o conhecimento. O método, utilizado por Marx, em suas análises, é a dialética como síntese de opostos, desenvolvida por Hegel (1770/1831) e adotada por Marx, mas aplicada de uma forma inversa. Para Marx, os pressupostos materialismo dialético seriam: Para Marx, na sua análise teórica, abrangente e universal, do Materialismo Histórico, as forças produtivas e as relações de produção, estruturam e organizam a produção social de bens. As forças produtivas de uma sociedade e suas relações de produção têm no ser humano seu principal elemento responsável por fazer a ligação entre a natureza e a técnica, utilizando os instrumentos como recursos materiais, utilizando a mão de obra disponível. Para Marx, as relações sociais são determinadas pelas necessidades materiais de existência e determinam as demais relações sociais, pois através das relações materiais de produção, os homens produzem as condições que possibilitam a sua sobrevivência e sua própria história. Para Marx, o ser humano, antes de qualquer coisa, tem que produzir suas condições materiais de existência; seu de seu Os homens, para fazer história, devem estar em condições de viver, portanto a primeira realidade histórica é a produção da vida material. Para os homens, tão logo a primeira necessidade é satisfeita, a produção de necessidades novas é o primeiro ato histórico. Os homens renovam diariamente sua própria vida, criam novas vidas, se reproduzem; é a relação homem e mulher, pais e filhos; a família. Para isso, é necessária uma cooperação, um modo de produção, ou seja, as forças produtivas determinam o estado social (cultura). O homem tem consciência, que nasce da necessidade, de intercâmbio com outros homens, portanto a consciência é um produto social. A base do materialismo dialético de Marx seria um princípio da contradição social, encontrada na forma histórica de contradições estruturais nos modos de produção, que em um contínuo movimento dialético, através da síntese dos opostos, transforma-se, pois na passagem histórica de um modo de produção para a outro, as mudanças já estão presentes de forma latente na situação anterior, que não se transforma de todo em um novo modo de produção. O vigente é sempre o modo de produção hegemônico. O princípio metodológico e analítico de Marx, parte sempre da: TESE = Matéria (Natureza) ANTÍTESE = Abstração (pensamento no trabalho) SÍNTESE = Sociedade (História) De acordo com a dialética marxista, é pelo trabalho que o homem supera sua condição de ser natural e cria uma nova realidade: a sociedade. A CRÍTICA À IDEOLOGIA À base teórica e metodológica de Marx se deu na sua crítica “A Ideologia Alemã” (1845), escrita a quatro mãos com Friedrich Engels (1820/1895). Marx e Engels romperam com a filosofia abstrata de Hegel e criticaram a ideologia como superestrutura. Para isso eles, esquematicamente filosoficamente, analisaram: e a) Separação: separam a vida humana em duas dimensões; a infraestrutura (produção material, real, de bens necessários para a sobrevivência do homem) e a dimensão da superestrutura (produção de idéias, abstrações, como a moral, as leis, a política, as artes, o Estado). b) Determinação: para os autores, as ideias, as abstrações, a superestrutura de uma sociedade, são determinadas pelas relações de produção, que os seres humanos estabelecem entre si para sobreviver, que é a infraestrutura material de existência, o modo de produção. É na realidade, na materialidade das relações de produção, que as idéias se originam. A classe social que domina o modo de produção de uma sociedade determina a produção das ideias, das abstrações. “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de guia para meus estudos, pode formular-se resumidamente assim: na produção social da própria existência (economia), os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade: estas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência”. (Prefácio do livro “Contribuição à Crítica da Economia Política” - 1859). c) Inversão: as ideias, as abstrações, a superestrutura de uma sociedade, não explica a realidade tal como ela é, mas sim, de acordo com o interesse das classes dominantes. Para Marx, denunciando a distorção da realidade através da práxis, ou seja, a transformação material da realidade, pois a práxis remete para os instrumentos em ação que determinam a transformação das estruturas sociais. Tal prática, para Marx, contribuiria para desmascarar a ideologia capitalista e dessa forma a realidade seria entendida pelo operário e esse a transformaria através de um processo revolucionário. A TEORIA DA MAIS VALIA A crítica ao modo de produção capitalista, em Marx, se deu na crítica à mais valia, ao que ele denominou de; excedente, de trabalho não pago, de expropriação, da diferença entre o que o trabalhador produz e o que ele recebe como salário. Para Marx, as formas de trabalho presente na sociedade capitalista refletem uma situação de dominação, onde uma classe é proprietária do capital e dos meios de produção (a burguesia) e outra classe de despossuídos, cuja única propriedade é a energia vital de seu corpo, sua força de trabalho que será vendida para assegurar sua sobrevivência (o proletariado). Tais relações antagônicas são complementares e interdependentes, pois uma classe só existe em relação à outra. Marx desenvolve o conceito da “mais valia” para criticar as relações de trabalho do capitalismo. Afirmou que a diferença excedente entre a produção do operário e o salário que ele recebe pelo seu trabalho, que perpetua uma situação de dominação, pois enquanto uma classe produz (a proletária) outra classe se apropria dessa produção (o capitalista) gerando o trabalho alienado (alheio ao operário), seria a “mais valia”. Essa “mais valia”, para Marx, se realizava de duas formas: a) Absoluta: quando a jornada de trabalho é aumentada constantemente, fazendo que pelo tempo, sua produção na atividade trabalho seja maior, mas o seu salário não aumenta e nem é remunerado de acordo com sua produção. É lógico que essa jornada não pode ser aumentada de forma a comprometer a saúde do trabalhador e seus limites físicos, assim a mecanização e o uso de tecnologias geram outras formas de mais valia: b) Relativa: há um aumento da produção do operário, com o uso de investimentos de capital em mecanização, em tecnologias e tal aumento passa a ser cada vez maior, mas o valor de sua força de trabalho não acompanha o aumento da produção, pior passa a valer menos, pois a qualidade do produto depende cada vez menos de sua habilidade. Para Marx, através do conflito, das greves, das lutas entre essas duas classes; capitalistas e proletários, surgiria o rompimento do processo alienante da mais valia e possibilitaria a transformação da sociedade capitalista para a sociedade socialista e depois comunista. ALIENAÇÃO, FETICHISMO E REIFICAÇÃO Sua obra “Manuscritos EconomicoFilosóficos de 1844”, conhecida também como “Manuscritos de Paris”, só veio a ser conhecida pelo público em 1932, e foi onde Marx desenvolveu seu conceito de alienação. A idéia e o conceito de alienação exerceram uma enorme influência na obra de Marx. Para Marx, o capitalismo aliena o homem de sua própria essência, que é o trabalho, pois a propriedade privada provoca a separação do homem de seu próprio ser ou de sua própria natureza. A propriedade privada provoca, para Marx, quatro tipos de alienação humana: ALIENAÇÃO DO HOMEM DO PRODUTO DO SEU PRÓPRIO TRABALHO: aquilo que o trabalhador produz no capitalismo não pertence a ele, está separado dele, alienado dele. Pertence ao proprietário capitalista, o dono dos meios de produção, o operário que produz o objeto de seu trabalho perde o controle de sua produção. ALIENAÇÃO DO HOMEM NO ATO DA PRODUÇÃO: no capitalismo, o proletário não controla a atividade de produzir, pois ele a vende ao capitalista, quer dizer, no processo de produção, sua atividade lhe é alienada, não lhe pertence e é controlada por outra pessoa. ALIENAÇÃO DO HOMEM DE SUA PRÓPRIA ESPÉCIE: a propriedade privada aliena, separa os homens de seus semelhantes. ALIENAÇÃO DO HOMEM DE SUA PRÓPRIA NATUREZA HUMANA: o trabalho, que é o elemento que diferencia o homem das outras espécies, não está mais ao seu serviço, o capitalismo e a propriedade privada, transformaram o homem em escravo do trabalho, alienandoo de sua essência. Essa obra, pela sua analise tardia, trouxe polêmicas, pois para alguns estudiosos ela seria uma obra metafísica, pelo fato de Marx se referir a “essência” humana. Para outros, o conceito de alienação é uma das dimensões centrais de sua obra e foi retomado em sua fase madura através do conceito de “fetichismo da mercadoria” e reificação, como consequência da alienação. Fetichismo: fenômeno psíquico, individual e ou social, onde um objeto inanimado é entendido como se tivesse vida própria. Reificação: fenômeno psíquico, individual e ou social, onde não se reconhece a dimensão humana nas relações sociais na dimensão produtiva, é a coisificação das relações sociais. As fronteiras, os limites dos fenômenos; da alienação, do fetichismo e da reificação, são ambíguas e contraditórias e não há um consenso teórico único que dê conta de tal complexidade. A obra de Marx é dinâmica e nunca foi sistematizada pelo autor, permanecendo, inclusive, inacabada. Marx, que nunca foi um sociólogo de profissão, contribuiu com sua visão crítica para a vocação da Sociologia, voltada para a análise de dogmas sociais, econômicos, culturais e políticos. 08) As relações de troca se revolucionaram em virtude de o crescimento da burguesia moderna ter ocorrido na mesma proporção do crescimento da produção industrial. 16) O desenvolvimento da indústria está assentado no emprego do trabalho humano, o único detentor de conhecimento para alterar a matériaprima, a partir do uso de instrumentos que ele mesmo produz. Exercícios: 01) Escrito há quase duzentos anos, por Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto Comunista denunciava as desigualdades sociais vividas pelos homens na sociedade capitalista. Leia trecho dessa obra, reproduzido a seguir, e assinale o que for correto sobre o desenvolvimento econômico. “A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos das classes. Estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas [...] A manufatura já não era suficiente. Em consequência disso, o vapor e as máquinas revolucionaram a produção industrial. O lugar da manufatura foi tomado pela indústria gigantesca moderna, o lugar da classe média industrial, pelos milionários da indústria, líderes de todo o exército industrial, os burgueses modernos” (MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, 10ª Edição, p.09 e 11 – Coleção Leitura). 01) A passagem da manufatura para indústria gerou um processo de modificação do espaço natural que foi bastante equilibrado, sem prejuízos ao meio ambiente. 02) O trecho acima se refere ao contexto de formação da sociedade capitalista e à composição dos antagonismos de classe, os quais opõem proprietários dos meios de produção e proprietários da força de trabalho. 04) As relações estabelecidas pelas classes sociais na sociedade burguesa moderna são pautadas pela cooperação, a qual conduz ao desenvolvimento econômico gerador de melhor condição de vida para todos. 02-) Na primeira metade do século XIX, nasce um novo conjunto de formulações teóricas, conhecido como socialismo, tendo o pensador alemão Karl Marx como um de seus principais teóricos. Afirma ele: “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social” (MARX, K.; ENGELS, F. Textos, v. III. São Paulo: Edições Sociais, 1978, p. 301-2. In: MELLO, L. I; COSTA, L. C. A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1993, p. 168-169). Baseando-se no trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) As liberdades individuais são anuladas por determinações impostas pelas relações de produção. 02) Segundo o texto, os ordenamentos jurídicos e políticos de uma sociedade são constituídos a partir de sua estrutura econômica. 04) A produção social da vida é resultado das relações de produção material às quais o homem está submetido. 08) A consciência do indivíduo é determinada pelas relações de produção. (???) 16) As sociedades têm como seu fundamento primeiro as determinações geradas pelas relações de produção. 03-) A sociologia marxista propõe uma interpretação da sociedade que toma as condições materiais de existência dos homens como fator determinante dos fenômenos sociais. Sobre essa concepção, assinale o que for correto. 01) Forças produtivas e relações sociais de produção são os dois componentes básicos da infraestrutura que determinam em última instância as demais dimensões da vida social. 02) Instituições como a Escola, o Estado e a Igreja fazem parte da superestrutura social, dotada de autonomia frente às determinações econômicas de cada momento histórico. 04) Mudanças na estrutura social são desencadeadas quando se desenvolvem incongruências entre a infraestrutura produtiva e a superestrutura, com predomínio da primeira sobre a última. 08) As instituições que compõem a superestrutura desempenham importantes funções de controle social e ideológico que contribuem para a manutenção das relações produtivas vigentes. 16) As classes sociais são definidas segundo a posição que ocupam nas instituições que compõem a dimensão superestrutural das sociedades. 04-) Partindo dos princípios da lei da maisvalia absoluta e relativa em Marx, um industrial, para aumentar seus lucros deve: a) investir em novas tecnologias e diminuir a jornada de trabalho dos empregados, intensificando o ritmo e diminuindo a quantidade de horas de produção, com aumento de salários. b) ampliar a jornada de trabalho dos empregados, intensificando o ritmo e aumentando a quantidade de horas de produção, com aumento de salários. c) investir em novas tecnologias, diminuindo o ritmo e a quantidade de horas de produção, sem aumento de salários, pois as novas tecnologias são suficientes para aumentar os lucros. d) aumentar o tempo das horas extras do empregados, com aumento de salários, estimulando a melhoria do ritmo e da intensidade da produção sem introdução de novas tecnologias. e) investir em novas tecnologias e ampliar a jornada de trabalho dos empregados, intensificando o ritmo e aumentando a quantidade de horas de produção, sem aumento de salários. 05-) O Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels no ponto de inflexão entre as reflexões de juventude e a obra de maturidade, sintetiza os resultados da concepção materialista da história alcançados pelos dois autores até 1848. A dinâmica do desenvolvimento histórico é então concebida como resultante do aprofundamento da tensão entre forças produtivas e relações de produção que se expressaria através da luta política aberta. Com base na concepção materialista da história defendida por Marx e Engels no Manifesto, selecione a alternativa correta. a) A história das sociedades humanas até agora existentes tem sido o resultado do agravamento das contradições sociais que, uma vez maturadas, explode através da luta de classes. b) A história das sociedades humanas é o resultado dos desígnios da providência que atuam sobre a consciência dos homens e forjam os rumos do desenvolvimento social. c) A história das sociedades humanas é o resultado de acontecimentos fortuitos e casuais, independentes da vontade dos homens, que acabam moldando os rumos do desenvolvimento social. d) A história das sociedades humanas é o resultado inevitável do desenvolvimento tecnológico, que não só aumenta a produtividade do trabalho, como elimina o antagonismo entre as classes sociais. e) A história das sociedades humanas é o resultado da ação desempenhada pelos grandes personagens que, através de sua emulação moral, guiam as massas no sentido das transformações sociais pacíficas. ANOTAÇÕES:______________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ _________________ MATERIAL COMPLEMENTAR “MATERIALISMO DIALÉTICO” (Teoria e Método filosófico) Para entender o método dialético de Karl Marx, é necessário analisar o que é dialética, pois tal método é anterior a Marx. Não há um conceito único que de conta ao termo dialética, enciclopedicamente podemos entendê-lo como arte de argumentar e discutir, como método de raciocínio da realidade, colocando em evidência suas contradições como forma de superá-las. Na filosofia, a dialética pode ser distinguida através de quatro significados fundamentais: como método de divisão, como lógica do provável; como lógica; como síntese dos opostos. É na síntese dos opostos, o método dialético adotado por, entre outros, Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770/1831), filósofo alemão que influenciou na formação de uma geração de filósofos, entre eles Marx, a base da metodologia, adotada com críticas, por esse. “Meu método dialético, por seu fundamento, difere do método hegeliano, sendo a ele inteiramente oposto {...}, Em Hegel, a dialética está de cabeça para baixo. É necessário pô-la de cabeça para cima, a fim de descobrir a substância racional dentro do invólucro místico”. (Pósfácio da 2.ª edição do Capital, (de 1873), 1994, p.16) Nesta passagem, Marx permanece fiel à dialética enquanto método, mas adota uma atitude diferente quanto ao seu conteúdo, o seu fundamento. Em Hegel temos o idealismo dialético, em Marx temos o materialismo dialético. Para Hegel a história deveria ser entendida como “movimento”, diferentemente do método metafísico, onde a história deveria ser entendida como uma essência que a definiria. - Método metafísico: a essência das coisas não se modifica. - Método dialético: a realidade é um movimento constante. Na dialética hegeliana, a realidade é uma contínua transformação, cuja causa ou razão é o princípio da contradição, ou seja, todo ser é contraditório em si mesmo, contendo em si sua própria negação, sendo governado pela lei da contradição, gerando, por sua vez, a necessidade de ser superado pela síntese (unidade dos contrários). Todo ser, para os estudiosos de Hegel, passa por três momentos fundamentais, que são: - Tese: momento da afirmação; Antítese: momento da negação; Síntese: momento da negação da negação. Para Hegel, toda a realidade, (tudo aquilo que existe em seu conjunto) evolui dialeticamente, ou seja, em movimento constante, tudo é história, toda realidade é modificação e movimento gerado pela contradição. Para Hegel, no início da história, tudo era essencialmente espírito, ou, pensamento, (“Espírito Absoluto”, “Idéia”), elemento fundante das coisas (TESE), que se aliena (sai de si mesmo) e torna-se o contrário (matéria) (ANTÍTESE), a matéria supera a negação do espírito e torna-se “cultura” (SÍNTESE). Idealismo Dialético TESE = Idéia em si (A realidade é pensamento) ANTÍTESE = Idéia fora de si (A realidade torna-se matéria) SÍNTESE = Idéia em si e para si (A realidade é pensamento e matéria) Materialismo dialético Marx, não rejeitou o método dialético de Hegel, mas afirmava que era necessário separar o invólucro místico de sua substância racional e alterou o fundamento dessa metodologia, colocando no lugar do “pensamento” a “matéria”. Para Marx, os pressupostos de seu materialismo dialético seriam: - Os homens, para fazer história, devem estar em condições de viver, portanto a primeira realidade histórica é a produção da vida material. - Para os homens, tão logo a primeira necessidade é satisfeita, a produção de necessidades novas é o primeiro ato histórico. - Os homens renovam diariamente sua própria vida, criam novas vidas, se reproduzem, é a relação homem e mulher, pais e filhos, a família. - Para isso, é necessária uma cooperação, um modo de produção, ou seja, as forças produtivas determinam o estado social (cultura). - O homem tem consciência, que nasce da necessidade, de intercâmbio com outros homens, portanto a consciência é um produto social. A base ideológica do materialismo dialético marxiano seria: TESE = Matéria (Natureza) ANTÍTESE = Pensamento (Trabalho) SÍNTESE = Sociedade (História) De acordo com a dialética marxista, é pelo trabalho que o homem supera sua condição de ser natural e cria uma nova realidade: a sociedade. Tal abordagem tem uma dupla importância para a sociologia, pois o trabalho é uma condição indispensável para a vida social, mas também é o elemento determinante para a formação do ser humano, como indivíduo e como ser social, pois sem o trabalho não haveria nem ser humano, nem relações sociais, nem sociedade e nem mesmo a historia. Para Marx, o homem não é fruto exclusivo da sociedade, nem esta é resulta da ação humana, existindo uma eterna relação entre o indivíduo e a sociedade, modificando-os, desencadeando o processo histórico-social, pois as estruturas sociais exercem um peso sobre os homens e, esses, partem destas estruturas para recriá-las pela sua própria ação. “Os homens fazem a história, mas não a fazem como querem. Eles a fazem sob condições herdadas do passado”. MATERIALISMO HISTÓRICO (Teoria de análise da sociedade) Para Marx, a história não é fruto do Espírito Absoluto, como em Hegel, mas é fruto do trabalho humano, pois são os homens, interagindo para satisfazer suas necessidades, que desencadeiam o processo histórico, pois “o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral”. Para Marx, o estudo da sociedade deve começar sempre pela sua economia (vida material do homem), que é o elemento que condiciona todo o desenvolvimento da vida social. “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de guia para meus estudos, pode formular-se resumidamente assim: na produção social da própria existência (economia), os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade: estas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência”. (Prefácio do livro “Contribuição à Crítica da Economia Política” - 1859). “O que é a sociedade, seja qual for sua forma ? – O produto da ação recíproca dos homens. Podem os homens escolher livremente esta ou aquela forma de sociedade ? De modo algum {...}. Não é preciso acrescentar que os homens não escolhem livremente as suas forças produtivas – a base de toda a sua história -, pois toda força produtiva é uma força adquirida, o produto da atividade anterior. As forças produtivas são, portanto, o resultado da energia aplicada dos homens {...}. A conseqüência necessária: a história social dos homens nada mais é que a história do seu desenvolvimento individual, tenham ou não consciência disso”. (Marx). - A HISTÓRIA, SEGUNDO MARX: As sociedades, segundo Marx, se transformam quando os homens alteram o modo de produzir, pois as modificações das forças produtivas alteram as relações de produção e também produzem novos estratos dominantes e novas formas de enxergar a realidade (ideologias). Marx elaborou um esquema de análise das sociedades ocidentais, sendo estas as etapas do desenvolvimento histórico ocidental: - 1. Modo de produção primitivo 2. Modo de produção escravista 3. Modo de produção asiático 4. Modo de produção feudal 5. Modo de produção capitalista 6. Modo de produção comunista. 1-) MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO - - Forças Produtivas – Cultivo da terra/ caça/ coleta. - Ideologia - Religião primitiva - Estado - Organização comunitária - Relações Sociais – Propriedade coletiva (Ausência de hierarquias sociais) 2-) MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO - Forças Produtivas – Cultivo da terra com base na escravidão Ideologia – Religião do Estado Estado – Impérios centralizados Relações Sociais – Sociedade hierarquizada, Estado x escravos. 3-) MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA - Forças Produtivas – Cultivo da terra com base na escravidão. Ideologia – Religião do Estado Estado – Impérios centralizados Relações Sociais – Sociedade hierarquizada Senhores x escravos 4-) MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL Forças Produtivas – Cultivo da terra/ arrendamento. Ideologia – Catolicismo Estado – Poder descentralizado (Feudos) Relações Sociais – Sociedade hierarquizada, Senhores x Servos 5-) MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA - Forças Produtivas – Indústria. Ideologia – Cultura burguesa (individualismo) Estado – Estado Parlamentar Relações Sociais – Sociedade hierarquizada, Burguesia x Proletariado 6-) MODO DE PRODUÇÃO COMUNISTA - Forças Produtivas – Cooperação coletiva Ideologia – Cultura comunista Estado – Fim do Estado Relações Sociais – Sociedade sem hierarquias, Cooperação coletiva Para Marx, as diversas etapas da vida social, num olhar evolutivo, podem ser analisadas do ponto de vista dialético: TESE = Sociedade sem hierarquias = Modo de Produção primitivo. ANTÍTESE = Sociedade com hierarquias = Modos de produção; escravista, asiático, feudal e capitalista. SÍNTESE = Sociedade sem hierarquias = Comunismo. LEITURA COMPLEMENTAR Para a Crítica da Economia Política (1859) então Oberprásident da província renana, abriu com a Rheinische Zeitung sobre a situação dos camponeses do Mosela, por fim as discussões sobre livre-cambismo e tarifas alfandegárias protecionistas deramme os primeiros motivos para que me ocupasse com questões econômicas. Prefácio: Considero o sistema da economia burguesa por esta ordem: capital, propriedade fundiária, trabalho assalariado; Estado, comércio externo, mercado mundial. Sob as três primeiras rubricas investigo as condições econômicas de vida das três grandes classes em que se decompõe a sociedade burguesa moderna; a conexão das três outras rubricas salta à vista. A primeira secção do livro primeiro, que trata do capital, consiste dos seguintes capítulos: a mercadoria; o dinheiro ou a circulação simples; o capital em geral. Os dois primeiros capítulos formam o conteúdo do presente fascículo. Tenho diante de mim todo o material sob a forma de monografias, as quais foram redigidas, em períodos que distam largamente uns dos outros, para minha própria compreensão, não para o prelo, e cuja elaboração conexa segundo o plano indicado dependerá de circunstâncias exteriores. Suprimo uma introdução geralque tinha esboçado porque, refletindo mais a fundo, me parece prejudicial toda a antecipação de resultados ainda a comprovar, e o leitor que me quiser de fato seguir terá de se decidir a ascender do singular para o geral. Algumas alusões ao curso dos meus próprios estudos político-económicos poderão, pelo contrário, ter aqui lugar. O meu estudo universitário foi o da jurisprudência, o qual, no entanto só prossegui como disciplina subordinada a par de filosofia e história. No ano de 184243, como redator da Rheinische Zeitung, vime pela primeira vez, perplexo, perante a dificuldade de ter também de dizer alguma coisa sobre o que se designa por interesses materiais. Os debates do Landtag Renano sobre roubo de lenha e parcelamento da propriedade fundiária, a polemica oficial que Herr von Schaper, Por outro lado, tinha-se nesse tempo — em que a boa vontade de"ir por diante" repetidas vezes contrabalançava o conhecimento das questões — tornado audível na Rheinische Zeitung um eco do socialismo e comunismo francês, sob uma tênue coloração filosófica. Declarei-me contra esta remendaria, mas ao mesmo tempo confessei abertamente, numa controvérsia com a Allgemeine Augsburger Zeitung, que os meus estudos até essa data não me permitiam arriscar eu próprio qualquer juízo sobre o conteúdo das orientações francesas. Preferi agarrar a mãos ambas a ilusão dos diretores da Rheinische Zeitung, que acreditavam poder levar a anular a sentença de morte passada sobre o jornal por meio duma atitude mais fraca deste, para me retirar do palco público e recolher ao quarto de estudo. O primeiro trabalho, empreendido para resolver as dúvidas que me assaltavam, foi uma revisão crítica da filosofia do direito que Hegel, um trabalho cuja introdução apareceu nos Deutsch-Französische Jahrbücher publicados em Paris em 1844. A minha investigação desembocou no resultado de que relações jurídicas, tal como formas de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações materiais da vida, cuja totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, resume sob o nome de"sociedade civil", e de que a anatomia da sociedade civil se teria de procurar, porém, na economia política. A investigação desta última, que comecei em Paris, continuei em Bruxelas, para onde me mudara em conseqüência duma ordem de expulsão do Sr. Guizot. O resultado geral que se me ofereceu e, uma vez ganho, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado assim sucintamente: na produção social da sua vida os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento econômico revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superestrutura. Na consideração de tais revolucionamento tem de se distinguir sempre entre o revolucionamento material nas condições econômicas da produção, o qual é constatável rigorosamente como nas ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em suma, ideológicas, em que os homens ganham consciência deste conflito e o resolvem. Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele imagina de si próprio, tão-pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de produção sociais. Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas sociedade velha. no seio da própria Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará sempre que a própria tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo de se formar, as condições materiais da sua resolução. Nas suas grandes linhas, os modos de produção asiático, antigo, feudal e, modernamente, o burguês podem ser designados como épocas progressivas da formação econômica e social. As relações de produção burguesas são a última forma antagônica do processo social da produção, antagônica não no sentido de antagonismo individual, mas de um antagonismo que decorre das condições sociais da vida dos indivíduos; mas as forças produtivas que se desenvolvem no seio da sociedade burguesa criam, ao mesmo tempo, as condições materiais para a resolução deste antagonismo. Com esta formação social encerra-se, por isso, a pré-história da sociedade humana. Friedrich Engels, com quem mantive por escrito uma constante troca de idéias desde o aparecimento do seu genial esboço para a crítica das categorias econômicas (nos Deutsch-Französi-sche Jahrbücher), tinha chegado comigo, por uma outra via (comp. a sua Situação da Classe Operária em Inglaterra), ao mesmo resultado, e quando, na Primavera de 1845, ele se radicou igualmente em Bruxelas, decidimos esclarecer em conjunto a oposição da nossa maneira de ver contra a [maneira de ver] ideológica da filosofia alemã, de facto ajustar contas com a nossa consciência [Gewissen] filosófica anterior. Este propósito foi executado na forma de uma crítica à filosofia pós-hegeliana. O manuscrito, dois grossos volumes em oitavo, chegara havia muito ao seu lugar de publicação na Vestefália quando recebemos a notícia de que a alteração das circunstâncias não permitia a impressão do livro. Abandonamos o manuscrito à crítica roedora dos ratos de tanto melhor vontade quanto havíamos alcançado o nosso objetivo principal — autocompreensão. Dos trabalhos dispersos em que apresentamos então ao público as nossas opiniões, focando ora um aspecto ora outro, menciono apenas o Manifesto do Partido Comunista, redigido conjuntamente por Engels e por mim, e um Discours sur le libre échange publicado por mim. Os pontos decisivos da nossa maneira de ver foram primeiro referidos cientificamente, se bem que polemicamente, no meu escrito editado em 1847, e dirigido contra Proudhon, Misere de la philosophie, etc. Um estudo escrito em alemão sobre o Trabalho Assalariado, em que juntei as minhas conferências sobre este assunto proferidas na Associação dos Operários Alemães em Bruxelas, foi interrompido no prelo pela revolução de Fevereiro e pelo meu afastamento forçado da Bélgica ocorrido em conseqüência da mesma. A publicação da Neue Rheinische Zeitung em 1848 e 1849, e os acontecimentos que posteriormente se seguiram interromperam os meus estudos econômicos, os quais só puderam ser retomados em Londres no ano de 1850. O material imenso para a história da economia política que está acumulado no British Museum, o ponto de vista favorável que Londres oferece para a observação da sociedade burguesa, [e] finalmente o novo estádio de desenvolvimento em que esta última pareceu entrar com a descoberta do ouro da Califórnia e da Austrália determinaramme a começar de novo tudo de princípio e a trabalhar criticamente o novo material. Estes estudos conduziram, em parte por si mesmos, a disciplinas aparentemente muito distanciadas em que eu tinha de permanecer menos ou mais tempo. Este esboço sobre o curso dos meus estudos na área da economia política serve apenas para demonstrar que as minhas opiniões, sejam elas julgadas como forem e por menos que coincidam com os preconceitos interesseiros das classes dominantes, são o resultado duma investigação conscienciosa e de muitos anos. À entrada para a ciência, porém, como à entrada para o inferno, tem de ser posta a exigência: “Qui si convien lasciare ogni sospetto Ogni viltà convien che qui sia morta”. ("Aqui devemos deixar Toda covardia aqui deve ser morta.) a suspeita. Karl Marx Londres, em Janeiro de 1859 ANOTAÇÕES:______________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Mas o tempo ao meu dispor era nomeadamente reduzido pela necessidade imperiosa de uma atividade remunerada. A minha colaboração, agora de oito anos, no primeiro jornal anglo-americano, o NewYork Tribune, tornou necessária, como só excepcionalmente me ocupo com correspondência jornalística propriamente dita, uma extraordinária dispersão dos estudos. Entretanto, [os] artigos sobre acontecimentos econômicos notórios em Inglaterra e no Continente constituíam uma parte tão significativa da minha colaboração que fui obrigado a familiarizarme com pormenores práticos que ficam fora do âmbito da ciência da economia política propriamente dita. ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________