karl marx e o princípio da contradição social 22/09/15 7:20 am

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se para Paris, onde Marx entrou em
contato com os socialistas.
KARL MARX E O
PRINCÍPIO DA
CONTRADIÇÃO
SOCIAL
O pensamento de
Karl Marx mudou
radicalmente
a
história política da
humanidade.
Inspirada em suas
idéias, metade da
população do mundo empreendeu a
revolução socialista, na intenção de
coletivizar as riquezas e distribuir justiça
social.
Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na
Renânia, então província da Prússia, em 05
de maio de 1818 e faleceu em Londres;
1883.
Primeiro dos meninos entre os nove filhos
de uma família judaico-alemã foi batizado
numa igreja protestante, de que o pai,
advogado bem-sucedido, se tornara
membro, provavelmente para garantir
respeitabilidade social.
Depois de estudar em sua cidade natal, em
1835, Marx ingressou na Universidade de
Bonn, onde participou da luta política
estudantil.
Na Universidade de Berlim, para a qual se
transferiu em 1836, começou a estudar a
filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos
jovens hegelianos.
Com uma posição política que se
identificava cada vez mais com a esquerda
republicana, Marx em 1841 apresentou sua
tese de doutorado, em que analisava, na
perspectiva hegeliana, as diferenças entre
os sistemas filosóficos de Demócrito e de
Epicuro.
Nesse mesmo ano concebeu a idéia de um
sistema que combinasse o materialismo de
Ludwig Feuerbach com o idealismo de
Hegel.
Passou a colaborar no jornal Rheinische
Zeitung, de Colônia, cuja direção assumiu
em 1842. No ano seguinte, Marx casou-se
com Jenny von Westphalen e, logo após,
sua publicação foi fechada. O casal mudou-
Em 1845, expulso da França pelo governo,
estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a
duradoura amizade e colaboração com
Friedrich Engels.
“Die heilige Familie” (1845; A sagrada
família) e “Die deutsche Ideologie” (18451846, A Ideologia Alemã, publicada em
1926) foram as primeiras obras que
escreveram a quatro mãos.
Nessa época, Marx trabalhou em diversos
tratados filosóficos contra as idéias de
Bruno Bauer e de Pierre-Joseph Proudhon.
Em 1848 redigiu, com Engels, “O Manifest
der Kommunistischen Partei” (O Manifesto
do Partido Comunista), resumo do
materialismo histórico, em que aparecia
pela primeira vez o famoso apelo à
revolução com as palavras "Proletários de
todos os países, uni-vos!".
Depois de participar do movimento
revolucionário de 1848 na Alemanha, Marx
regressou definitivamente a Londres, onde
durante o resto da vida contou com a
generosa ajuda econômica de Engels para
manter a família.
Em 1852 escreveu “Der 18 Brumaire des
Louis Bonaparte” (O 18 Brumário de Luís
Bonaparte), em que analisou o golpe de
estado de Napoleão III do ponto de vista do
materialismo histórico.
Em 1859 publicou “Zur Kritik der politischen
Ökonomie” (Contribuição à crítica da
economia política), seu primeiro tratado
de teoria econômica, e em 1867 o primeiro
volume de “Das Kapital” (O Capital),
monumental
análise
do
sistema
socioeconômico capitalista, sua obra mais
importante.
Marx voltou à atividade política em 1864,
quando participou da fundação da
Associação
Internacional
de
Trabalhadores.
Como líder e principal inspirador dessa
Primeira Internacional, sua presença se
reafirmou em 1871, por ocasião da
segunda Comuna de Paris, movimento
revolucionário de que a associação
participou ativamente e em que pereceram
mais de vinte mil revoltosos.
As divergências do anarquista Mikhail
Bakunin, a partir de 1872, provocaram a
derrocada da Internacional.
Marx ainda participou em 1875 da
fundação do Partido Social Democrata
Alemão e em seguida retirou-se da
atividade política para concluir “Das
Kapital”.
alimento, suas vestes, seu abrigo,
satisfeitas tais necessidades, pelo trabalho,
ele está pronto para satisfazer suas demais
necessidades de existência.
Portanto é uma característica marxista
analisar a história da humanidade através
do seu Modo de Produção, das suas
relações econômicas.
MÉTODO
Apesar
de
ter
reunido
imensa
documentação para continuar o livro, os
volumes segundo e terceiro só foram
editados por Engels, em 1885 e 1894.
Outros textos foram publicados por Karl
Kautsky, como quarto volume, entre 1904 e
1910.
TEORIA
“O Materialismo Histórico”
A primeira grande característica do autor é
a sua análise sobre a história de todas as
sociedades existentes até hoje, uma
história de luta e de conflitos entre as
classes.
Partiu, em sua análise teórica, das relações
antagônicas
entre
dominadores
e
dominados, numa guerra sem tréguas, ora
aberta, ora disfarçada, pelos meios de
produção e pela força de trabalho.
“O Materialismo Dialético”
A Dialética é um método filosófico
investigativo da realidade, desenvolvido na
Antiguidade e aplicado de várias formas.
Utiliza-se do diálogo, da argumentação, da
discussão como forma de buscar o
conhecimento.
O método, utilizado por Marx, em suas
análises, é a dialética como síntese de
opostos,
desenvolvida
por
Hegel
(1770/1831) e adotada por Marx, mas
aplicada de uma forma inversa.
Para Marx, os pressupostos
materialismo dialético seriam:


Para Marx, na sua análise teórica,
abrangente e universal, do Materialismo
Histórico, as forças produtivas e as
relações de produção, estruturam e
organizam a produção social de bens.
As forças produtivas de uma sociedade e
suas relações de produção têm no ser
humano
seu
principal
elemento
responsável por fazer a ligação entre a
natureza e a técnica, utilizando os
instrumentos como recursos materiais,
utilizando a mão de obra disponível.
Para Marx, as relações sociais são
determinadas pelas necessidades materiais
de existência e determinam as demais
relações sociais, pois através das relações
materiais de produção, os homens
produzem as condições que possibilitam a
sua sobrevivência e sua própria história.
Para Marx, o ser humano, antes de
qualquer coisa, tem que produzir suas
condições materiais de existência; seu



de
seu
Os homens, para fazer história,
devem estar em condições de
viver, portanto a primeira realidade
histórica é a produção da vida
material.
Para os homens, tão logo a
primeira necessidade é satisfeita, a
produção de necessidades novas é
o primeiro ato histórico.
Os homens renovam diariamente
sua própria vida, criam novas
vidas, se reproduzem; é a relação
homem e mulher, pais e filhos; a
família.
Para isso, é necessária uma
cooperação,
um
modo
de
produção, ou seja, as forças
produtivas determinam o estado
social (cultura).
O homem tem consciência, que
nasce
da
necessidade,
de
intercâmbio com outros homens,
portanto a consciência é um
produto social.
A base do materialismo dialético de Marx
seria um princípio da contradição social,
encontrada
na
forma histórica
de
contradições estruturais nos modos de
produção, que em um contínuo movimento
dialético, através da síntese dos opostos,
transforma-se, pois na passagem histórica
de um modo de produção para a outro, as
mudanças já estão presentes de forma
latente na situação anterior, que não se
transforma de todo em um novo modo de
produção. O vigente é sempre o modo de
produção hegemônico.
O princípio metodológico e analítico de
Marx, parte sempre da:
TESE = Matéria (Natureza)
ANTÍTESE = Abstração (pensamento no
trabalho)
SÍNTESE = Sociedade (História)
De acordo com a dialética marxista, é pelo
trabalho que o homem supera sua
condição de ser natural e cria uma nova
realidade: a sociedade.
A CRÍTICA À IDEOLOGIA
À base teórica e metodológica de Marx se
deu na sua crítica “A Ideologia Alemã”
(1845), escrita a quatro mãos com
Friedrich Engels (1820/1895).
Marx e Engels romperam com a filosofia
abstrata de Hegel e criticaram a ideologia
como superestrutura.
Para isso eles, esquematicamente
filosoficamente, analisaram:
e
a) Separação: separam a vida humana em
duas
dimensões;
a
infraestrutura
(produção material, real, de bens
necessários para a sobrevivência do
homem) e a dimensão da superestrutura
(produção de idéias, abstrações, como a
moral, as leis, a política, as artes, o
Estado).
b) Determinação: para os autores, as
ideias, as abstrações, a superestrutura de
uma sociedade, são determinadas pelas
relações de produção, que os seres
humanos estabelecem entre si para
sobreviver, que é a infraestrutura material
de existência, o modo de produção. É na
realidade, na materialidade das relações de
produção, que as idéias se originam. A
classe social que domina o modo de
produção de uma sociedade determina a
produção das ideias, das abstrações.
“O resultado geral a que cheguei e que, uma vez
obtido, serviu de guia para meus estudos, pode
formular-se resumidamente assim: na produção social
da própria existência (economia), os homens entram
em
relações
determinadas,
necessárias,
independentes de sua vontade: estas relações de
produção correspondem a um grau determinado de
desenvolvimento de suas forças produtivas materiais.
O conjunto dessas relações de produção constitui a
estrutura econômica da sociedade, a base real sobre
a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e
à qual correspondem formas sociais determinadas de
consciência”. (Prefácio do livro “Contribuição à Crítica
da Economia Política” - 1859).
c) Inversão: as ideias, as abstrações, a
superestrutura de uma sociedade, não
explica a realidade tal como ela é, mas sim,
de acordo com o interesse das classes
dominantes.
Para Marx, denunciando a distorção da
realidade através da práxis, ou seja, a
transformação material da realidade, pois a
práxis remete para os instrumentos em
ação que determinam a transformação das
estruturas sociais.
Tal prática, para Marx, contribuiria para
desmascarar a ideologia capitalista e dessa
forma a realidade seria entendida pelo
operário e esse a transformaria através de
um processo revolucionário.
A TEORIA DA MAIS VALIA
A crítica ao modo de produção capitalista,
em Marx, se deu na crítica à mais valia, ao
que ele denominou de; excedente, de
trabalho não pago, de expropriação, da
diferença entre o que o trabalhador produz
e o que ele recebe como salário.
Para Marx, as formas de trabalho presente
na sociedade capitalista refletem uma
situação de dominação, onde uma classe é
proprietária do capital e dos meios de
produção (a burguesia) e outra classe de
despossuídos, cuja única propriedade é a
energia vital de seu corpo, sua força de
trabalho que será vendida para assegurar
sua sobrevivência (o proletariado).
Tais
relações
antagônicas
são
complementares e interdependentes, pois
uma classe só existe em relação à outra.
Marx desenvolve o conceito da “mais
valia” para criticar as relações de trabalho
do capitalismo.
Afirmou que a diferença excedente entre a
produção do operário e o salário que ele
recebe pelo seu trabalho, que perpetua
uma situação de dominação, pois enquanto
uma classe produz (a proletária) outra
classe se apropria dessa produção (o
capitalista) gerando o trabalho alienado
(alheio ao operário), seria a “mais valia”.
Essa “mais valia”, para Marx, se realizava
de duas formas:
a) Absoluta: quando a jornada de trabalho
é aumentada constantemente, fazendo que
pelo tempo, sua produção na atividade
trabalho seja maior, mas o seu salário não
aumenta e nem é remunerado de acordo
com sua produção.
É lógico que essa jornada não pode ser
aumentada de forma a comprometer a
saúde do trabalhador e seus limites físicos,
assim a mecanização e o uso de
tecnologias geram outras formas de mais
valia:
b) Relativa: há um aumento da produção
do operário, com o uso de investimentos de
capital em mecanização, em tecnologias e
tal aumento passa a ser cada vez maior,
mas o valor de sua força de trabalho não
acompanha o aumento da produção, pior
passa a valer menos, pois a qualidade do
produto depende cada vez menos de sua
habilidade.
Para Marx, através do conflito, das greves,
das lutas entre essas duas classes;
capitalistas e proletários, surgiria o
rompimento do processo alienante da mais
valia e possibilitaria a transformação da
sociedade capitalista para a sociedade
socialista e depois comunista.
ALIENAÇÃO, FETICHISMO E
REIFICAÇÃO
Sua obra “Manuscritos EconomicoFilosóficos de 1844”, conhecida também
como “Manuscritos de Paris”, só veio a
ser conhecida pelo público em 1932, e foi
onde Marx desenvolveu seu conceito de
alienação.
A idéia e o conceito de alienação
exerceram uma enorme influência na obra
de Marx.
Para Marx, o capitalismo aliena o homem
de sua própria essência, que é o trabalho,
pois a propriedade privada provoca a
separação do homem de seu próprio ser ou
de sua própria natureza.
A propriedade privada provoca, para Marx,
quatro tipos de alienação humana:
ALIENAÇÃO DO HOMEM DO PRODUTO
DO SEU PRÓPRIO TRABALHO: aquilo
que o trabalhador produz no capitalismo
não pertence a ele, está separado dele,
alienado dele. Pertence ao proprietário
capitalista, o dono dos meios de produção,
o operário que produz o objeto de seu
trabalho perde o controle de sua produção.
ALIENAÇÃO DO HOMEM NO ATO DA
PRODUÇÃO: no capitalismo, o proletário
não controla a atividade de produzir, pois
ele a vende ao capitalista, quer dizer, no
processo de produção, sua atividade lhe é
alienada, não lhe pertence e é controlada
por outra pessoa.
ALIENAÇÃO DO HOMEM DE SUA
PRÓPRIA ESPÉCIE: a propriedade privada
aliena, separa os homens de seus
semelhantes.
ALIENAÇÃO DO HOMEM DE SUA
PRÓPRIA NATUREZA HUMANA: o
trabalho, que é o elemento que diferencia o
homem das outras espécies, não está mais
ao seu serviço, o capitalismo e a
propriedade privada, transformaram o
homem em escravo do trabalho, alienandoo de sua essência.
Essa obra, pela sua analise tardia, trouxe
polêmicas, pois para alguns estudiosos ela
seria uma obra metafísica, pelo fato de
Marx se referir a “essência” humana.
Para outros, o conceito de alienação é
uma das dimensões centrais de sua obra e
foi retomado em sua fase madura através
do
conceito
de
“fetichismo
da
mercadoria”
e
reificação,
como
consequência da alienação.
Fetichismo: fenômeno psíquico, individual
e ou social, onde um objeto inanimado é
entendido como se tivesse vida própria.
Reificação: fenômeno psíquico, individual
e ou social, onde não se reconhece a
dimensão humana nas relações sociais na
dimensão produtiva, é a coisificação das
relações sociais.
As fronteiras, os limites dos fenômenos; da
alienação, do fetichismo e da reificação,
são ambíguas e contraditórias e não há um
consenso teórico único que dê conta de tal
complexidade.
A obra de Marx é dinâmica e nunca foi
sistematizada pelo autor, permanecendo,
inclusive, inacabada. Marx, que nunca foi
um sociólogo de profissão, contribuiu com
sua visão crítica para a vocação da
Sociologia, voltada para a análise de
dogmas sociais, econômicos, culturais e
políticos.
08)
As
relações
de
troca
se
revolucionaram em virtude de o
crescimento da burguesia moderna ter
ocorrido na mesma proporção do
crescimento da produção industrial.
16) O desenvolvimento da indústria está
assentado no emprego do trabalho
humano,
o
único
detentor
de
conhecimento para alterar a matériaprima, a partir do uso de instrumentos
que ele mesmo produz.
Exercícios:
01) Escrito há quase duzentos anos, por
Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto
Comunista denunciava as desigualdades
sociais vividas pelos homens na sociedade
capitalista. Leia trecho dessa obra,
reproduzido a seguir, e assinale o que for
correto
sobre
o
desenvolvimento
econômico.
“A sociedade burguesa moderna, que
brotou das ruínas da sociedade feudal, não
aboliu os antagonismos das classes.
Estabeleceu
novas
classes,
novas
condições de opressão, novas formas de
luta no lugar das antigas [...] A manufatura
já não era suficiente. Em consequência
disso,
o
vapor
e
as
máquinas
revolucionaram a produção industrial. O
lugar da manufatura foi tomado pela
indústria gigantesca moderna, o lugar da
classe média industrial, pelos milionários
da indústria, líderes de todo o exército
industrial, os burgueses modernos” (MARX,
Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto do
Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1998, 10ª Edição, p.09 e 11 –
Coleção Leitura).
01) A passagem da manufatura para
indústria
gerou
um
processo
de
modificação do espaço natural que foi
bastante equilibrado, sem prejuízos ao
meio ambiente.
02) O trecho acima se refere ao contexto
de formação da sociedade capitalista e à
composição dos antagonismos de
classe, os quais opõem proprietários
dos meios de produção e proprietários
da força de trabalho.
04) As relações estabelecidas pelas
classes sociais na sociedade burguesa
moderna são pautadas pela cooperação, a
qual
conduz
ao
desenvolvimento
econômico gerador de melhor condição de
vida para todos.
02-) Na primeira metade do século XIX,
nasce um novo conjunto de formulações
teóricas, conhecido como socialismo, tendo
o pensador alemão Karl Marx como um de
seus principais teóricos.
Afirma ele: “O resultado geral a que
cheguei e que, uma vez obtido, serviu de
fio condutor aos meus estudos pode
resumir-se assim: na produção social da
sua
vida,
os
homens
contraem
determinadas relações necessárias e
independentes da sua vontade, relações de
produção que correspondem a uma
determinada fase de desenvolvimento das
suas forças produtivas materiais. O
conjunto dessas relações de produção
forma a estrutura econômica da sociedade,
a base real sobre a qual se levanta a
superestrutura jurídica e política e à qual
correspondem determinadas formas de
consciência social” (MARX, K.; ENGELS, F.
Textos, v. III. São Paulo: Edições Sociais,
1978, p. 301-2. In: MELLO, L. I; COSTA, L.
C. A. História Moderna e Contemporânea.
São Paulo: Scipione, 1993, p. 168-169).
Baseando-se no trecho citado, assinale
a(s) alternativa(s) correta(s).
01) As liberdades individuais são anuladas
por determinações impostas pelas relações
de produção.
02) Segundo o texto, os ordenamentos
jurídicos e políticos de uma sociedade
são constituídos a partir de sua
estrutura econômica.
04) A produção social da vida é
resultado das relações de produção
material às quais o homem está
submetido.
08) A consciência do indivíduo é
determinada pelas relações de produção.
(???)
16) As sociedades têm como seu
fundamento primeiro as determinações
geradas pelas relações de produção.
03-) A sociologia marxista propõe uma
interpretação da sociedade que toma as
condições materiais de existência dos
homens como fator determinante dos
fenômenos sociais. Sobre essa concepção,
assinale o que for correto.
01) Forças produtivas e relações sociais
de produção são os dois componentes
básicos
da
infraestrutura
que
determinam em última instância as
demais dimensões da vida social.
02) Instituições como a Escola, o Estado e
a Igreja fazem parte da superestrutura
social, dotada de autonomia frente às
determinações econômicas de cada
momento histórico.
04) Mudanças na estrutura social são
desencadeadas quando se desenvolvem
incongruências entre a infraestrutura
produtiva e a superestrutura, com
predomínio da primeira sobre a última.
08) As instituições que compõem a
superestrutura
desempenham
importantes funções de controle social e
ideológico que contribuem para a
manutenção das relações produtivas
vigentes.
16) As classes sociais são definidas
segundo a posição que ocupam nas
instituições que compõem a dimensão
superestrutural das sociedades.
04-) Partindo dos princípios da lei da maisvalia absoluta e relativa em Marx, um
industrial, para aumentar seus lucros deve:
a) investir em novas tecnologias e diminuir
a jornada de trabalho dos empregados,
intensificando o ritmo e diminuindo a
quantidade de horas de produção, com
aumento de salários.
b) ampliar a jornada de trabalho dos
empregados, intensificando o ritmo e
aumentando a quantidade de horas de
produção, com aumento de salários.
c)
investir
em
novas
tecnologias,
diminuindo o ritmo e a quantidade de horas
de produção, sem aumento de salários,
pois as novas tecnologias são suficientes
para aumentar os lucros.
d) aumentar o tempo das horas extras do
empregados, com aumento de salários,
estimulando a melhoria do ritmo e da
intensidade da produção sem introdução de
novas tecnologias.
e) investir em novas tecnologias e
ampliar a jornada de trabalho dos
empregados, intensificando o ritmo e
aumentando a quantidade de horas de
produção, sem aumento de salários.
05-) O Manifesto do Partido Comunista,
escrito por Marx e Engels no ponto de
inflexão entre as reflexões de juventude e a
obra de maturidade, sintetiza os resultados
da concepção materialista da história
alcançados pelos dois autores até 1848. A
dinâmica do desenvolvimento histórico é
então concebida como resultante do
aprofundamento da tensão entre forças
produtivas e relações de produção que se
expressaria através da luta política aberta.
Com base na concepção materialista da
história defendida por Marx e Engels no
Manifesto, selecione a alternativa correta.
a) A história das sociedades humanas
até agora existentes tem sido o
resultado
do
agravamento
das
contradições sociais que, uma vez
maturadas, explode através da luta de
classes.
b) A história das sociedades humanas é o
resultado dos desígnios da providência que
atuam sobre a consciência dos homens e
forjam os rumos do desenvolvimento social.
c) A história das sociedades humanas é o
resultado de acontecimentos fortuitos e
casuais, independentes da vontade dos
homens, que acabam moldando os rumos
do desenvolvimento social.
d) A história das sociedades humanas é o
resultado inevitável do desenvolvimento
tecnológico, que não só aumenta a
produtividade do trabalho, como elimina o
antagonismo entre as classes sociais.
e) A história das sociedades humanas é o
resultado da ação desempenhada pelos
grandes personagens que, através de sua
emulação moral, guiam as massas no
sentido
das
transformações
sociais
pacíficas.
ANOTAÇÕES:______________________
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MATERIAL COMPLEMENTAR
“MATERIALISMO DIALÉTICO”
(Teoria e Método filosófico)
Para entender o método
dialético de Karl Marx, é
necessário analisar o que
é dialética, pois tal
método é anterior a Marx.
Não há um conceito único
que de conta ao termo
dialética,
enciclopedicamente
podemos entendê-lo como arte de
argumentar e discutir, como método de
raciocínio da realidade, colocando em
evidência suas contradições como forma
de superá-las.
Na filosofia, a dialética pode ser distinguida
através
de
quatro
significados
fundamentais: como método de divisão,
como lógica do provável; como lógica;
como síntese dos opostos.
É na síntese dos opostos,
o método dialético adotado
por, entre outros, Georg
Wilhelm Friedrich Hegel
(1770/1831),
filósofo
alemão que influenciou na
formação de uma geração
de filósofos, entre eles
Marx,
a
base
da
metodologia, adotada com críticas, por
esse.
“Meu
método
dialético,
por
seu
fundamento, difere do método hegeliano,
sendo a ele inteiramente oposto {...}, Em
Hegel, a dialética está de cabeça para
baixo. É necessário pô-la de cabeça para
cima, a fim de descobrir a substância
racional dentro do invólucro místico”.
(Pósfácio da 2.ª edição do Capital, (de
1873), 1994, p.16)
Nesta passagem, Marx permanece fiel à
dialética enquanto método, mas adota uma
atitude diferente quanto ao seu conteúdo, o
seu fundamento.
Em Hegel temos o idealismo dialético, em
Marx temos o materialismo dialético.
Para Hegel a história deveria ser entendida
como “movimento”, diferentemente do
método metafísico, onde a história deveria
ser entendida como uma essência que a
definiria.
-
Método metafísico: a essência das
coisas não se modifica.
-
Método dialético: a realidade é um
movimento constante.
Na dialética hegeliana, a realidade é uma
contínua transformação, cuja causa ou
razão é o princípio da contradição, ou
seja, todo ser é contraditório em si
mesmo, contendo em si sua própria
negação, sendo governado pela lei da
contradição, gerando, por sua vez, a
necessidade de ser superado pela síntese
(unidade dos contrários). Todo ser, para
os estudiosos de Hegel, passa por três
momentos fundamentais, que são:
-
Tese: momento da afirmação;
Antítese: momento da negação;
Síntese: momento da negação da
negação.
Para Hegel, toda a realidade, (tudo aquilo
que existe em seu conjunto) evolui
dialeticamente, ou seja, em movimento
constante, tudo é história, toda realidade é
modificação e movimento gerado pela
contradição.
Para Hegel, no início da história, tudo era
essencialmente espírito, ou, pensamento,
(“Espírito Absoluto”, “Idéia”), elemento
fundante das coisas (TESE), que se aliena
(sai de si mesmo) e torna-se o contrário
(matéria) (ANTÍTESE), a matéria supera a
negação do espírito e torna-se “cultura”
(SÍNTESE).
Idealismo Dialético
TESE = Idéia em si (A realidade é
pensamento)
ANTÍTESE = Idéia fora de si (A realidade
torna-se matéria)
SÍNTESE = Idéia em si e para si (A
realidade é pensamento e matéria)
Materialismo dialético
Marx, não rejeitou o método dialético de
Hegel, mas afirmava que era necessário
separar o invólucro místico de sua
substância racional e alterou o fundamento
dessa metodologia, colocando no lugar do
“pensamento” a “matéria”.
Para Marx, os pressupostos de seu
materialismo dialético seriam:
- Os homens, para fazer história, devem
estar em condições de viver, portanto a
primeira realidade histórica é a
produção da vida material.
- Para os homens, tão logo a primeira
necessidade é satisfeita, a produção de
necessidades novas é o primeiro ato
histórico.
- Os homens renovam diariamente sua
própria vida, criam novas vidas, se
reproduzem, é a relação homem e
mulher, pais e filhos, a família.
- Para
isso,
é
necessária
uma
cooperação, um modo de produção, ou
seja, as forças produtivas determinam
o estado social (cultura).
- O homem tem consciência, que nasce
da necessidade, de intercâmbio com
outros homens, portanto a consciência
é um produto social.
A base ideológica do materialismo dialético
marxiano seria:
TESE = Matéria (Natureza)
ANTÍTESE = Pensamento (Trabalho)
SÍNTESE = Sociedade (História)
De acordo com a dialética marxista, é pelo
trabalho que o homem supera sua
condição de ser natural e cria uma nova
realidade: a sociedade.
Tal abordagem tem uma dupla importância
para a sociologia, pois o trabalho é uma
condição indispensável para a vida social,
mas também é o elemento determinante
para a formação do ser humano, como
indivíduo e como ser social, pois sem o
trabalho não haveria nem ser humano, nem
relações sociais, nem sociedade e nem
mesmo a historia.
Para Marx, o homem não é fruto exclusivo
da sociedade, nem esta é resulta da ação
humana, existindo uma eterna relação
entre o indivíduo e a sociedade,
modificando-os,
desencadeando
o
processo histórico-social, pois as estruturas
sociais exercem um peso sobre os homens
e, esses, partem destas estruturas para
recriá-las pela sua própria ação.
“Os homens fazem a história, mas não a
fazem como querem. Eles a fazem sob
condições herdadas do passado”.
MATERIALISMO HISTÓRICO
(Teoria de análise da sociedade)
Para Marx, a história não é fruto do Espírito
Absoluto, como em Hegel, mas é fruto do
trabalho humano, pois são os homens,
interagindo
para
satisfazer
suas
necessidades, que desencadeiam o
processo histórico, pois “o modo de
produção da vida material condiciona o
desenvolvimento da vida social, política e
intelectual em geral”.
Para Marx, o estudo da sociedade deve
começar sempre pela sua economia (vida
material do homem), que é o elemento que
condiciona todo o desenvolvimento da vida
social.
“O resultado geral a que cheguei e que,
uma vez obtido, serviu de guia para meus
estudos, pode formular-se resumidamente
assim: na produção social da própria
existência (economia), os homens entram
em relações determinadas, necessárias,
independentes de sua vontade: estas
relações de produção correspondem a um
grau determinado de desenvolvimento de
suas forças produtivas materiais. O
conjunto dessas relações de produção
constitui a estrutura econômica da
sociedade, a base real sobre a qual se
eleva uma superestrutura jurídica e política
e à qual correspondem formas sociais
determinadas de consciência”. (Prefácio do
livro “Contribuição à Crítica da Economia
Política” - 1859).
“O que é a sociedade, seja qual for sua
forma ? – O produto da ação recíproca
dos homens. Podem os homens
escolher livremente esta ou aquela
forma de sociedade ? De modo algum
{...}. Não é preciso acrescentar que os
homens não escolhem livremente as
suas forças produtivas – a base de toda
a sua história -, pois toda força
produtiva é uma força adquirida, o
produto da atividade anterior. As forças
produtivas são, portanto, o resultado da
energia aplicada dos homens {...}. A
conseqüência necessária: a história
social dos homens nada mais é que a
história
do
seu
desenvolvimento
individual, tenham ou não consciência
disso”. (Marx).
-
A HISTÓRIA, SEGUNDO MARX:
As sociedades, segundo Marx, se
transformam quando os homens alteram o
modo de produzir, pois as modificações
das forças produtivas alteram as relações
de produção e também produzem novos
estratos dominantes e novas formas de
enxergar a realidade (ideologias). Marx
elaborou um esquema de análise das
sociedades ocidentais, sendo estas as
etapas do desenvolvimento histórico
ocidental:
-
1. Modo de produção primitivo
2. Modo de produção escravista
3. Modo de produção asiático
4. Modo de produção feudal
5. Modo de produção capitalista
6. Modo de produção comunista.
1-) MODO DE PRODUÇÃO PRIMITIVO
-
- Forças Produtivas – Cultivo da terra/
caça/ coleta.
- Ideologia - Religião primitiva
- Estado - Organização comunitária
- Relações Sociais – Propriedade coletiva
(Ausência de hierarquias sociais)
2-) MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO
-
Forças Produtivas – Cultivo da terra
com base na escravidão
Ideologia – Religião do Estado
Estado – Impérios centralizados
Relações
Sociais
–
Sociedade
hierarquizada, Estado x escravos.
3-) MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA
-
Forças Produtivas – Cultivo da terra
com base na escravidão.
Ideologia – Religião do Estado
Estado – Impérios centralizados
Relações
Sociais
–
Sociedade
hierarquizada Senhores x escravos
4-) MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL
Forças Produtivas – Cultivo da terra/
arrendamento.
Ideologia – Catolicismo
Estado – Poder descentralizado
(Feudos)
Relações
Sociais
–
Sociedade
hierarquizada, Senhores x Servos
5-) MODO DE PRODUÇÃO
CAPITALISTA
-
Forças Produtivas – Indústria.
Ideologia
–
Cultura
burguesa
(individualismo)
Estado – Estado Parlamentar
Relações
Sociais
–
Sociedade
hierarquizada, Burguesia x Proletariado
6-) MODO DE PRODUÇÃO
COMUNISTA
-
Forças Produtivas – Cooperação
coletiva
Ideologia – Cultura comunista
Estado – Fim do Estado
Relações Sociais – Sociedade sem
hierarquias, Cooperação coletiva
Para Marx, as diversas etapas da vida
social, num olhar evolutivo, podem ser
analisadas do ponto de vista dialético:
TESE = Sociedade sem hierarquias =
Modo de Produção primitivo.
ANTÍTESE = Sociedade com hierarquias =
Modos
de
produção;
escravista,
asiático, feudal e capitalista.
SÍNTESE = Sociedade sem hierarquias =
Comunismo.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para a Crítica da Economia Política
(1859)
então Oberprásident da província renana,
abriu com a Rheinische Zeitung sobre a
situação dos camponeses do Mosela, por
fim as discussões sobre livre-cambismo e
tarifas alfandegárias protecionistas deramme os primeiros motivos para que me
ocupasse com questões econômicas.
Prefácio:
Considero o sistema da economia
burguesa por esta ordem: capital,
propriedade
fundiária,
trabalho
assalariado; Estado, comércio externo,
mercado mundial.
Sob as três primeiras rubricas investigo as
condições econômicas de vida das três
grandes classes em que se decompõe a
sociedade burguesa moderna; a conexão
das três outras rubricas salta à vista.
A primeira secção do livro primeiro, que
trata do capital, consiste dos seguintes
capítulos: a mercadoria; o dinheiro ou a
circulação simples; o capital em geral.
Os dois primeiros capítulos formam o
conteúdo do presente fascículo. Tenho
diante de mim todo o material sob a forma
de monografias, as quais foram redigidas,
em períodos que distam largamente uns
dos
outros,
para
minha
própria
compreensão, não para o prelo, e cuja
elaboração conexa segundo o plano
indicado dependerá de circunstâncias
exteriores.
Suprimo uma introdução geralque tinha
esboçado porque, refletindo mais a fundo,
me parece prejudicial toda a antecipação
de resultados ainda a comprovar, e o leitor
que me quiser de fato seguir terá de se
decidir a ascender do singular para o geral.
Algumas alusões ao curso dos meus
próprios
estudos
político-económicos
poderão, pelo contrário, ter aqui lugar.
O meu estudo universitário foi o da
jurisprudência, o qual, no entanto só
prossegui como disciplina subordinada a
par de filosofia e história. No ano de 184243, como redator da Rheinische Zeitung, vime pela primeira vez, perplexo, perante a
dificuldade de ter também de dizer alguma
coisa sobre o que se designa por
interesses materiais. Os debates do
Landtag Renano sobre roubo de lenha e
parcelamento da propriedade fundiária, a
polemica oficial que Herr von Schaper,
Por outro lado, tinha-se nesse tempo — em
que a boa vontade de"ir por diante"
repetidas
vezes
contrabalançava
o
conhecimento das questões — tornado
audível na Rheinische Zeitung um eco do
socialismo e comunismo francês, sob uma
tênue coloração filosófica.
Declarei-me contra esta remendaria, mas
ao mesmo tempo confessei abertamente,
numa controvérsia com a Allgemeine
Augsburger Zeitung, que os meus estudos
até essa data não me permitiam arriscar eu
próprio qualquer juízo sobre o conteúdo
das orientações francesas. Preferi agarrar
a mãos ambas a ilusão dos diretores da
Rheinische Zeitung, que acreditavam poder
levar a anular a sentença de morte
passada sobre o jornal por meio duma
atitude mais fraca deste, para me retirar do
palco público e recolher ao quarto de
estudo.
O primeiro trabalho, empreendido para
resolver as dúvidas que me assaltavam, foi
uma revisão crítica da filosofia do direito
que Hegel, um trabalho cuja introdução
apareceu
nos
Deutsch-Französische
Jahrbücher publicados em Paris em 1844.
A minha investigação desembocou no
resultado de que relações jurídicas, tal
como formas de Estado, não podem ser
compreendidas a partir de si mesmas nem
a partir do chamado desenvolvimento geral
do espírito humano, mas enraízam-se, isso
sim, nas relações materiais da vida, cuja
totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e
franceses do século XVIII, resume sob o
nome de"sociedade civil", e de que a
anatomia da sociedade civil se teria de
procurar, porém, na economia política.
A investigação desta última, que comecei
em Paris, continuei em Bruxelas, para onde
me mudara em conseqüência duma ordem
de expulsão do Sr. Guizot. O resultado
geral que se me ofereceu e, uma vez
ganho, serviu de fio condutor aos meus
estudos, pode ser formulado assim
sucintamente: na produção social da sua
vida os homens entram em determinadas
relações, necessárias, independentes da
sua vontade, relações de produção que
correspondem a uma determinada etapa de
desenvolvimento
das
suas
forças
produtivas materiais.
A totalidade destas relações de produção
forma a estrutura econômica da sociedade,
a base real sobre a qual se ergue uma
superestrutura jurídica e política, e à qual
correspondem determinadas formas da
consciência social. O modo de produção da
vida material é que condiciona o processo
da vida social, política e espiritual. Não é a
consciência dos homens que determina o
seu ser, mas, inversamente, o seu ser
social que determina a sua consciência.
Numa certa etapa do seu desenvolvimento,
as forças produtivas materiais da
sociedade entram em contradição com as
relações de produção existentes ou, o que
é apenas uma expressão jurídica delas,
com as relações de propriedade no seio
das quais se tinham até aí movido. De
formas de desenvolvimento das forças
produtivas, estas relações transformam-se
em grilhões das mesmas. Ocorre então
uma época de revolução social.
Com a transformação do fundamento
econômico revoluciona-se, mais devagar
ou mais depressa, toda a imensa
superestrutura. Na consideração de tais
revolucionamento tem de se distinguir
sempre entre o revolucionamento material
nas condições econômicas da produção, o
qual é constatável rigorosamente como nas
ciências naturais, e as formas jurídicas,
políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas,
em suma, ideológicas, em que os homens
ganham consciência deste conflito e o
resolvem.
Do mesmo modo que não se julga o que
um indivíduo é pelo que ele imagina de si
próprio, tão-pouco se pode julgar uma tal
época de revolucionamento a partir da sua
consciência, mas se tem, isso sim, de
explicar esta consciência a partir das
contradições da vida material, do conflito
existente entre forças produtivas e relações
de produção sociais. Uma formação social
nunca
decai
antes
de
estarem
desenvolvidas todas as forças produtivas
para as quais é suficientemente ampla, e
nunca surgem relações de produção novas
e superiores antes de as condições
materiais de existência das mesmas terem
sido chocadas
sociedade velha.
no
seio
da
própria
Por isso a humanidade coloca sempre a si
mesma apenas as tarefas que pode
resolver, pois que, a uma consideração
mais rigorosa, se achará sempre que a
própria tarefa só aparece onde já existem,
ou pelo menos estão no processo de se
formar, as condições materiais da sua
resolução. Nas suas grandes linhas, os
modos de produção asiático, antigo, feudal
e, modernamente, o burguês podem ser
designados como épocas progressivas da
formação econômica e social.
As relações de produção burguesas são a
última forma antagônica do processo social
da produção, antagônica não no sentido de
antagonismo individual, mas de um
antagonismo que decorre das condições
sociais da vida dos indivíduos; mas as
forças produtivas que se desenvolvem no
seio da sociedade burguesa criam, ao
mesmo tempo, as condições materiais para
a resolução deste antagonismo.
Com esta formação social encerra-se, por
isso, a pré-história da sociedade humana.
Friedrich Engels, com quem mantive por
escrito uma constante troca de idéias
desde o aparecimento do seu genial
esboço para a crítica das categorias
econômicas (nos Deutsch-Französi-sche
Jahrbücher), tinha chegado comigo, por
uma outra via (comp. a sua Situação da
Classe Operária em Inglaterra), ao mesmo
resultado, e quando, na Primavera de
1845, ele se radicou igualmente em
Bruxelas,
decidimos
esclarecer
em
conjunto a oposição da nossa maneira de
ver contra a [maneira de ver] ideológica da
filosofia alemã, de facto ajustar contas com
a nossa consciência [Gewissen] filosófica
anterior.
Este propósito foi executado na forma de
uma crítica à filosofia pós-hegeliana. O
manuscrito, dois grossos volumes em
oitavo, chegara havia muito ao seu lugar de
publicação
na
Vestefália
quando
recebemos a notícia de que a alteração das
circunstâncias não permitia a impressão do
livro.
Abandonamos o manuscrito à crítica
roedora dos ratos de tanto melhor vontade
quanto havíamos alcançado o nosso
objetivo principal — autocompreensão.
Dos
trabalhos
dispersos
em
que
apresentamos então ao público as nossas
opiniões, focando ora um aspecto ora
outro, menciono apenas o Manifesto do
Partido Comunista, redigido conjuntamente
por Engels e por mim, e um Discours sur le
libre échange publicado por mim. Os
pontos decisivos da nossa maneira de ver
foram primeiro referidos cientificamente, se
bem que polemicamente, no meu escrito
editado em 1847, e dirigido contra
Proudhon, Misere de la philosophie, etc.
Um estudo escrito em alemão sobre o
Trabalho Assalariado, em que juntei as
minhas conferências sobre este assunto
proferidas na Associação dos Operários
Alemães em Bruxelas, foi interrompido no
prelo pela revolução de Fevereiro e pelo
meu afastamento forçado da Bélgica
ocorrido em conseqüência da mesma.
A publicação da Neue Rheinische Zeitung
em 1848 e 1849, e os acontecimentos que
posteriormente se seguiram interromperam
os meus estudos econômicos, os quais só
puderam ser retomados em Londres no
ano de 1850. O material imenso para a
história da economia política que está
acumulado no British Museum, o ponto de
vista favorável que Londres oferece para a
observação da sociedade burguesa, [e]
finalmente
o
novo
estádio
de
desenvolvimento em que esta última
pareceu entrar com a descoberta do ouro
da Califórnia e da Austrália determinaramme a começar de novo tudo de princípio e
a trabalhar criticamente o novo material.
Estes estudos conduziram, em parte por si
mesmos, a disciplinas aparentemente
muito distanciadas em que eu tinha de
permanecer menos ou mais tempo.
Este esboço sobre o curso dos meus
estudos na área da economia política serve
apenas para demonstrar que as minhas
opiniões, sejam elas julgadas como forem e
por menos que coincidam com os
preconceitos interesseiros das classes
dominantes, são o resultado duma
investigação conscienciosa e de muitos
anos. À entrada para a ciência, porém,
como à entrada para o inferno, tem de ser
posta a exigência:
“Qui si convien lasciare ogni sospetto
Ogni viltà convien che qui sia morta”.
("Aqui
devemos
deixar
Toda covardia aqui deve ser morta.)
a
suspeita.
Karl Marx
Londres, em Janeiro de 1859
ANOTAÇÕES:______________________
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Mas o tempo ao meu dispor era
nomeadamente reduzido pela necessidade
imperiosa de uma atividade remunerada. A
minha colaboração, agora de oito anos, no
primeiro jornal anglo-americano, o NewYork Tribune, tornou necessária, como só
excepcionalmente
me
ocupo
com
correspondência jornalística propriamente
dita, uma extraordinária dispersão dos
estudos. Entretanto, [os] artigos sobre
acontecimentos econômicos notórios em
Inglaterra e no Continente constituíam uma
parte
tão
significativa
da
minha
colaboração que fui obrigado a familiarizarme com pormenores práticos que ficam
fora do âmbito da ciência da economia
política propriamente dita.
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