43-112-1-SP

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TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL:
análise e considerações sobre softwares de educação musical
Gabriel Magalhães Bezerra*
Resumo:
Com o intuito de expor e analisar softwares que sejam voltados para o ensino
musical ou que possuam relação com a música e possam ser considerados
ferramentas de ensino musical, este texto trará análises de certos programas,
questionamentos e considerações. Ambos softwares foram analisados quanto ao
uso dos recursos que oferecem e segundo a proposta que sugerem, se são
adequados ou não para o uso em sala de aula. Um ponto pertinente ao uso desses
softwares de educação musical é que podem auxiliar o desenvolvimento musical do
aluno, tornando as práticas em educação musical nas escolas mais dinâmicas e
interativas, aproximando o ensino musical do interesse das crianças e jovens, na
atualidade, pelas tecnologias.
Palavras-chave: Educação Musical; Internet e Música; Música e Tecnologia;
Softwares Musicais;
Aluno do Curso de Licenciatura em Educação Artística no Centro Universitário Adventista de
São
Paulo
(Unasp).
Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5228349586085131
E-mail:
[email protected].
*
BEZERRA, Gabriel Magalhães. Tecnologia na educação musical: análise e considerações sobre
softwares de educação musical. INTEGRATIO, v. 1, n. 2, ago. - dez. 2016, p. x-y.
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INTRODUÇÃO
A cada dia, novas tecnologias são apresentadas ao mundo e várias dessas
tecnologias vêm como suporte para a educação e, dentro dela, para o ensino da
música; tanto em escolas regulares como nos conservatórios, escola de artes,
academias etc.
O ser humano sempre buscou novos horizontes, novos caminhos para
facilitar o seu dia-a-dia. A maioria dos inventos do homem, foi para suprir alguma
necessidade de grande importância para suas atividades; por exemplo: o telefone foi
aperfeiçoado por Tomaz Edison, após vários experimentos com diferentes materiais,
e justo nesse momento de seu trabalho, ele percebe que é possível obter um registro
do som, o que mais tarde seria patenteado como Fonógrafo1. As novas tecnologias
trazem benefícios e malefícios, mas acredito que tais benefícios ou malefícios serão
determinados pela forma que os objetos serão usados.
Muito dessas inovações tecnológicas podem ser utilizadas como peça
integrante para o ensino da música, tornando-o mais interativo para o aluno.
Segundo Passarelli, (2007) que ministra a disciplina Criando Comunidades Virtuais
de Aprendizagem e de Prática, em que os alunos trabalham textos que ficam
hospedados em sites como o Google Drive
2
, armazenamento na nuvem,
possibilitando o ensino à distância. Jogos musicais; sites e softwares de notação e
teoria musical; aulas à distância; gerenciador de atividades; atividades em grupos,
são algumas das ferramentas que a tecnologia proporciona ao ensino da música.
Os exemplos citados já são usados em vários lugares do mundo, e vem
mostrando bons resultados. Em 1995, nos Estados Unidos, foi criado o projeto
Vermont Midi Project, que consiste num programa de avaliação de atividades, tais
como composições e exercícios de alunos de várias escolas de níveis diferentes. As
atividades dos alunos são enviadas a vários mentores espalhados pelo país e cada
um dará uma sugestão que contribuirá para o desenvolvimento musical do aluno. É
possível ter uma aula dinâmica, interativa, despertando mais ainda a curiosidade
da criança para ir em busca do conhecimento musical.
Conhecendo Softwares Musicais
1
O Fonógrafo é um aparelho inventado em 1877 por Thomas Edison para a gravação e reprodução de
sons através de um cilindro. Foi o primeiro aparelho capaz de gravar e reproduzir sons.
2
Google Drive é um serviço de armazenamento e sincronização de arquivos, apresentado pela Google
em 24 de abril de 2012.
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softwares de educação musical. INTEGRATIO, v. 1, n. 2, ago. - dez. 2016, p. x-y.
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The Orchestra3
Consiste num aplicativo (app)4 desenvolvido para sistema operacional para
iPad Apple. Existe uma infinidade de recursos para que alunos de músicas ou
apaixonados por música conheçam mais sobre como funciona uma orquestra.
O app é como se uma orquestra virtual em suas mãos. Contando com
repertório desde o período clássico até o moderno, o aluno pode ouvir e visualizar
vários detalhes da peça como: as partituras de cada instrumento; os naipes em
destaque; a regência do maestro; diferentes ângulos da orquestra.
Interface Gráfica5: possui uma interface fácil de operar; apenas com o toque
dos dedos, o aluno pode interagir com os menus que o app proporciona para
visualizar os naipes dos violinos executando tal peça; alterar o andamento da peça;
tocar qualquer instrumento com o apoio de um teclado virtual; executar a peça
junto com a orquestra.
Podem ser visualizadas as posições dos naipes em três formas: visualização
da grade em forma de timeline6, com uma tela encima da grade com imagens de
diferente ângulos da orquestra executando a peça; a mesma visualização anterior
mas com comentários do maestro sobre os detalhes da peça; e outra forma de
disposição da faixas de áudio de cada instrumento, com as marcações; alterações
de fórmula de compasso; de movimentos; tonalidade.
Além dessa tela, outra tela interessante e que possui uma proposta didática,
é a apresentação de cada instrumento que compõe a orquestra. Um músico
apresenta seu instrumento, em forma de vídeo. Sua fabricação; afinação; extensão;
principais peças e estudos. Pode-se concluir que esse aplicativo oferece recursos
muitos interessantes para uma aula de história da música e de organologia dos
instrumentos.
O repertório que o app disponibiliza é: Haydn, Symphony No. 6; Beethoven,
3
Disponível em: <http://orchestra.touchpress.com>
Um aplicativo móvel conhecido normalmente por seu nome abreviado app, é um software
desenvolvido para ser instalado em um dispositivo eletrônico móvel, como um PDA, um telefone
celular, um smartphone ou um Leitor de MP3. Este aplicativo pode ser instalado no dispositivo, logo
que os respectivos modelos ou, se o aparelho permite que ele, baixado pelo usuário através de uma loja
on-line.
5
Em informática, interface gráfica do usuário (abreviadamente, o acrônimo GUI, do inglês Graphical
User Interface) é um tipo de interface do utilizador que permite a interação com dispositivos digitais
através de elementos gráficos como ícones e outros indicadores visuais, em contraste a interface de
linha de comando.
6
A Linha do tempo, em inglês timeline, é uma maneira de visualizar uma lista de eventos em ordem
cronológica, descrito por vezes como o artefato do projeto. Consiste geralmente num desenho gráfico
que mostra uma barra longa com a legenda de datas junto da barra do uso do tempo que (normalmente)
indica os eventos junto dos pontos onde eles aconteceram.
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softwares de educação musical. INTEGRATIO, v. 1, n. 2, ago. - dez. 2016, p. x-y.
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Symphony No. 5; Berlioz, Symphonie Fantastique; Debussy, Prélude à I’appès-midi
d’un faunde; Mahler, Symphony No. 6; Stravinsky, The Firebird; Lutostawski,
Concerto for Orchestra e Salonen, Violin Concert.
Turma do Som
Outro software já acessível ao grande público e que pode ser usado em
qualquer computador, desde que esteja conectado a internet, é o Turma do Som7.
Um site aberto a qualquer pessoa, sendo que necessário realizar um cadastro para
assim ter um usuário e usufruir do site. É preciso criar um personagem virtual
(avatar), que será a representação do usuário no mundo virtual do programa. Cada
usuário pode criar um avatar de acordo com suas características. Através de um
mural de recados, outros usuários podem deixar recados para outros. Isso aumenta
a integração levando a troca de informações e socialização.
O site consiste num ambiente de percepção musical. Com três categorias,
cada uma com um jogo musical temático sobre determinado assunto. Um deles
trabalha a percepção de sons, e é necessário dizer qual o som que está sendo
executado. Já outra atividade do site, é a apresentação de uma música em que o
usuário deve tocar junto o ritmo usando o teclado do próprio computador.
Para cada atividade existem níveis de dificuldade. O usuário tem a opção de
escolher o grau de dificuldade, sendo que a cada término do jogo, ele pontua pontos
para o seu perfil.
Ear Master
Trata-se de um programa de tutor de atividade musicais. Sua tela inicial
apresenta as atividades musicais divididas por categorias, desde exercícios de
percepção
até
ditado
rítmico
e
melódico.
Exemplos
de
atividades
são:
reconhecimento de intervalos e identificação de acordes. Cada atividade possui
níveis, e dependendo do desempenho do usuário ele pontua ponto. Ao final de cada
nível, uma nova dificuldade é colocada. Por exemplo: Atividade de percepção
rítmica, do nível 1 envolvendo figuras: semibreve, mínima e semínima. Já no nível
dois são acrescentadas as colcheias
Além dessas atividades que o programa oferece, é possível com uma versão
de professor (EarMaster Pro), criar atividades personalizadas para um determinado
grupo de alunos. O professor tem a possibilidade através dessa versão do software,
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Disponível em: <http://www.turmadosom.com.br>
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criar exercícios com ritmos de sua preferência. Feito esse tutor para o aluno, ele
tendo o programa em uma versão abaixo do Pro, pode realizar as atividades.
O aluno tem que ter disponível para responder questões de ditado melódico,
por exemplo, um teclado virtual, e com o mouse ou teclado do computador colocar
as notas corretas. Ao finalizar a resolução do tutor, o professor tem acesso a todos
os dados obtidos do aluno. Quanto tempo levou para resolver determinada questão;
se ele repetiu tal questão ou pulou. E o próprio programa dá uma média geral do
aluno na realização do tutor.
É possível realizar torneios com os alunos, criando exercícios de ritmos com
ordem de dificuldade crescente, e assim levando os alunos a usar mais o programa
em casa, para assim participar de tais torneios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos na análise dos softwares de educação musical, seus recursos
podem ser usados em sala de aula e fora da escola. As facilidades que eles oferecem
são significativas para auxiliar o educador musical. Imaginemos seguinte:
Determinado conteúdo foi transmitido para classe, digamos que o tema seja
percepção melódica. O professor cria um tutor e disponibiliza para os alunos
resolverem as atividades em casa. O aluno vai realizar as atividades de uma forma
diferente do meio tradicional.
É preciso levar em conta se o grupo de alunos tem acesso a um computador
em casa ou em outro ambiente. E não apenas o aluno, mas também se a escola
possui recursos para ter um laboratório de informática, se tem verbas para bancar
custos dos programas.
É importante reconhecer que tais softwares e equipamentos (computadores,
instrumentos musicais eletrônicos) devem ser vistos como material para auxiliar o
educador musical (Lima; Oliveira, 2009), e não fazer desses materiais um meio por
si só, deixando de lado questões pedagógicas e o contato do professor com o aluno.
Por outro lado, cabe perguntar: como o educador vai escolher determinado
software para uso em sala de aula? Os programas apresentados neste texto são
exemplos de programas que existem no meio musical. Não é necessário ter todos os
programas, mas sim escolher o que mais se adequa à sua realidade e como usá-lo
em sala de aula, e de qual forma usar tal programa em sala. (Gamez, 1998)
Existem dois grupos de programas musicais: os que são voltados para a
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softwares de educação musical. INTEGRATIO, v. 1, n. 2, ago. - dez. 2016, p. x-y.
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educação musical e que possuem uma linha pedagógica na sua elaboração; e os
programas que são criados para o uso no meio musical em todos os níveis.
Programas musicais que trabalham o treinamento auditivo, teoria e análise,
história da música, e teoria e prática de instrumentos são voltados para o ensino
musical, isso é lógico pois sua criação foi para suprir tal necessidade em sala de
aula. Com tantos alunos em uma aula, existirá sempre aquele que não vai se sentir
bem em responder a um ditado melódico na frente dos seus colegas. Usando o
programa em casa, o aluno se sente confortável a realizar as atividades da maneira
que achar mais conveniente (Yavelow, 1992, p. 1258-1259).
Além disso, o fato de o professor escolher determinado programa mais
voltado para o ensino musical em sala de aula, não significa que não possa também
utilizar outros, mais voltados para o meio musical profissional. Programas que são
voltados para o meio musical profissional são: os editores de partituras, sendo
possível a criação e manipulação partitura, alteração de tonalidade, do sistema de
notação, de instrumentos, dos sinais de dinâmicas, uso de instrumento eletrônico
por meio da linguagem MIDI8 etc.; Editores de áudio, sendo possível captar voz e
instrumentos acústicos-elétricos através de microfones ou cabos conectado a placas
de áudio, manipulação desse áudio por meio de equalizadores e inserção de efeitos.
Programas de editores de partitura podem ser usados no contexto de ensino
musical em que, em determinado momento o aluno precisa criar uma composição
para apresentar em sala de aula. Através desses programas, se o aluno comete
algum erro, o programa já acusa o erro e mostra a solução para o usuário. São os
editores mais populares: Encore9, Finale10 e Sibelius11.
Os programas desse grupo podem ser usados num ambiente de ensino
musical, mas é papel do educador apresentar tal programa e de qual forma será
usado pelos alunos.
Outro ponto a ser levado em conta pelo educador na escolha do programa, é
sua qualidade e se o programa é claro ao transmitir o conteúdo. É importante que
haja essa preocupação com a qualidade do programa (Valiati, 2000). O objetivo da
interface de um software é transmitir o conteúdo ao aluno e não fazer com que o
aluno aprenda como mexer no programa. Essa situação pode fazer com que ele
8
General MIDI ou GM (Musical Instrument Digital Interface) é uma especificação para sintetizadores
que impõe vários requisitos para além da norma MIDI mais geral.
9
Programa de notação musical. Disponível em: <http://www.passportmusic.com>
10
Programa de notação musical criado pela empresa Make Music. Disponível em:
<http://www.makemusic.com>
11
Programa de notação musical. Disponívek em: <http://www.avid.com/US/products/sibelius>
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desanime, se desinteresse, e tire conclusões errôneas do programa (Winckler,
2000), fazendo cair por terra a proposta do programa musical ser uma ferramenta
para construção do conhecimento. Exemplo de um programa interativo é o app The
Orchestra, que tem uma linha de trabalho voltado para a apresentação da
orquestra, aproveitou do recurso do vídeo que é chamativo, e dinâmico.
Não somente a parte visual deve ser analisada, mas também a parte sonora:
se os sons gerados pelo programa são condizentes com o som real. De que adianta
apresentar um programa com uma proposta musical tão interessante para o aluno,
se o som é ruim? O aluno vai internalizar determinado som executado pelo
programa, por isso, é imprescindível ter um som mais agradável, que seja claro e
leve o aluno a remeter a um certo instrumento com uma certa rapidez, isso irá
contribuir para seu crescimento.
REFERÊNCIAS
GAMEZ, Luciano. TICESE- Técnica de inspeção de conformidades ergonômicas em
software educacional. 1998. Dissertação (Mestrado em computação) Universidade
do
Minho,
Guimarães,
Portugal.
Disponível
em:
<www.labiutil.inf.ufsc.br/estilo/Ticese.htm>.
LIMA, Helena; OLIVEIRA, Keyla Rosa. Disciplina “Música e Mídia” no ensino médio:
experiência investigativa de inclusão curricular de novas tecnologias em aulas de
música. In: Anais do V SIMCAM, 2009, Goiânia, GO.
PASSARELLI, Brasilina. Interfaces digitais na educação:
consentidas. São Paulo: Escola do Futuro da USP,2007.
@lucin[ações]
VALIATI, Eliane R. A. Gia-GEPESE: user interface guidelines for educational
software. In: SOMPOSIO INTERNACIONAL DE INFORMÁTICA EDUCATIVO, SIIE, 2,
2000, Puertollano, Ciudad Real, Espanha. Informática y Educación para una
Sociedad Interconectada. Ciudad Real: ADIE, 2000. 1 CD.
WINCKLER, Marco A. A. Estudo de caso da aplicação do método de avaliação
heurística em um projeto multidisciplinar. In: WORKSHOP SOBRE FATORES
HUMANOS
EM
SISTEMAS
COMPUTACIONAIS,
IHC,
1998,
Maringá,
compreendendo usuários, construindo interfaces: Atas. Rio de Janeiro: PUC-RJ,
1998. Disponível em: <protem.inf.ufrgs.br/Icm/port/pub/artigos.html>.
YAVELOW, Christopher. Macword music & sound bible. San Mateo, CA, EUA: IDG
Books Worldwide, 1992.
BEZERRA, Gabriel Magalhães. Tecnologia na educação musical: análise e considerações sobre
softwares de educação musical. INTEGRATIO, v. 1, n. 2, ago. - dez. 2016, p. x-y.
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