interação entre vegetação e ambiente em uma floresta ombrófila

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XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
INTERAÇÃO ENTRE VEGETAÇÃO E AMBIENTE EM UMA
FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DAS TERRAS BAIXAS,
ESPÍRITO SANTO
Julia Siqueira Moreau – Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Florestais e da
Madeira, Jerônimo Monteiro, ES. [email protected]; Sustanis Horn Kunz – Universidade Federal do
Espírito Santo, Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES; Aderbal Gomes da
Silva – Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo
Monteiro, ES; Henrique Machado Dias – Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências
Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES; Leticia da Paschoa Manhães – Universidade Federal do Espírito
Santo, Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Jerônimo Monteiro, ES.
INTRODUÇÃO
A Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas é caracterizada pelo seu alto grau de endemismo e por estar
localizada em relevos planos ao longo da costa brasileira (IBGE, 2012). No Estado do Espírito Santo, essa
fitofisionomia pertence ao “Centro de Endemismo Bahia-Espírito Santo”, que recebe essa classificação devido à
alta concentração de espécies exclusivas e riqueza de sua vegetação (THOMAZ, 2010). No entanto, ainda existem
fragmentos pertencentes a essa Floresta que não foram estudados devido a sua limitada distribuição geográfica e o
seu histórico de degradação.
Deste modo, torna-se importante realizar estudos sobre a vegetação e sua relação com as variáveis ambientais dessa
região, sendo possível fornecer subsídios que auxiliarão em projetos sobre o manejo da conservação de fragmentos
florestais, regeneração natural e a criação de novas unidades de conservação (CHAVES et al., 2013). Além disso,
irão responder acerca da importância do fragmento estudado com base na sua riqueza, diversidade e interação com
o ambiente no qual está inserido.
OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a interação da vegetação com algumas variáveis ambientais de um
fragmento de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado no município de Aracruz, estado do Espírito Santo, entre as coordenadas 19º48' S e 40º17' W
e 60 m.s.m. A fitofisionomia da área é caracterizada como Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (IBGE,
2012) e o fragmento possui 252,8 ha, circundado por plantios de eucalipto.
A avaliação da interação entre o conjunto de variáveis ambientais (atributos edáficos e abertura de dossel) e o
conjunto de variáveis da vegetação foi realizada por meio da Análise de Correspondência Canônica (CCA)
proposta por Ter Braak (1987). Para tanto, foram utilizados os valores de densidade absoluta das espécies, a partir
da análise fitossociológica, com 30 indivíduos ou mais no fragmento estudado, totalizando 25 espécies. As
variáveis ambientais foram constituídas pelos atributos químicos fósforo (P), magnésio (Mg), matéria orgânica
(MO), nitrogênio (N) e potássio (K), da camada superficial do solo (0 – 5 cm), que em análise preliminar não foram
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considerados variáveis redundantes ou de baixa correlação e pelo valor de porcentagem de abertura de dossel.
Para verificar o nível de significância das correlações entre os conjuntos de variáveis foi realizado o teste de
permutação de Monte Carlo. Deste modo, os dados foram processados utilizando-se o software CANOCO for
Windows versão 4.5 (TER BRAAK; SMILAUER, 2002).
RESULTADOS
A espécie Xylopia frutescens apresentou elevada abundância nas parcelas que se destacaram pelo aumento dos
valores de abertura de dossel. Já as espécies Actinostemon klotzschii, Eugenia bahiensis, Pseudoxandra spiritussancti, Rinorea bahiensis, Ecclinusa ramiflora, Eugenia platyphylla, Eugenia prasina, Neoraputia magnifica,
Pausandramorisiana possuem tendência ao melhor desenvolvimento em condições de pouca luminosidade. Quanto
a fertilidade do solo, é possível perceber o destaque das espécies A. klotzschii,Chrysophyllum lucentifolium, E.
ramiflora, E. platyphylla e R. bahiensis nas parcelas que representam locais com baixa quantidade de matéria
orgânica, fósforo e nitrogênio.
DISCUSSÃO
A distribuição da espécie X. frutescens em locais com maior luminosidade pode ser explicada por sua classificação
ecológica. Esta é uma espécie secundária inicial (BRANDÃO et al., 2011), caracterizada por necessitar de
condições de luminosidade intermediária, ocorrendo em bordas de clareiras e da floresta, ou no sub-bosque pouco
adensado (GANDOLFI; LEITÃO FILHO; BEZERRA, 1995).
Por meio da classificação ecológica, também, pode ser explicado o comportamento das espécies A. klotzschii, E.
bahiensis, P. spiritus-sancti, R. bahiensis, E. ramiflora, E. platyphylla, E. prasina, N. magnifica e P.morisiana, que
foram observadas em maior abundância em locais com pouca luminosidade devido ao seu comportamento de
secundárias tardias, sendo encontradas no sub-bosque da floresta em condições de sombreamento e podendo atingir
o dossel com o avançar do seu desenvolvimento (GANDOLFI; LEITÃO FILHO; BEZERRA, 1995).
CONCLUSÃO
A partir da Análise de Correspondência Canônica foi possível considerar que a distribuição das espécies na área de
estudo está relacionada a algumas variáveis ambientais, como a maior ou menor abertura de dossel, indicando a
possibilidade de implantação das espécies X. frutescens em locais com maior exposição a luminosidade e A.
klotzschii, C. lucentifolium, E. ramiflora, E. platyphylla e R. bahiensis em locais de baixa fertilidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, C. F. L. S.; ALVES JUNIOR, F. T.; LANA, M. D.; MARANGON, L. C.; FELICIANO, A. L. P.
2011. Distribuição espacial, sucessão e dispersão do componente arbóreo em remanescente de Floresta Atlântica,
Igarassu, Pernambuco. Revista Verde, Mossoró, RN, v.6, n.2, p.218 – 229.
CHAVES, A. D. C. G.; SANTOS, R. M. de S.; SANTOS, J. O. dos; FERNANDES, A.de A.; MARACAJÁ, P. B.
2013. A importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a conservação e preservação das florestas.
Agropecuária Científica no Semiárido, v.9, n.2, p.43-48.
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GANDOLFI, S.; LEITÃO FILHO, H. de F.; BEZERRA, C. L. F. 1995. Levantamento florístico e caráter
sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma Floresta Mesófila Semidecídua no município de Guarulhos, SP.
Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.55, n.4, p.753-767.
IBGE. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de
Janeiro, 275 p.
TER BRAAK, C. J. F. 1987. The analysis vegetation environment relationships by canonical correspondence
analysis, Vegetatio, Cambridge, v.69, n.1, p.69-77.
TER BRAAK, C.J.F.; SMILAUER, P. 2002. CANOCO Reference manual and CanoDrawfor Windows
user'sguide: Software for Canonical Community Ordination (version 4.5). Ithaca, Microcomputer Power,
500p.
THOMAZ, L. D. A. 2010. Mata Atlântica no estado do Espírito Santo, Brasil: de Vasco Fernandes Coutinho ao
século 21. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, v.27, p. 5-20.
(Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão
da bolsa de Mestrado à primeira autora e à Fibria pelo apoio financeiro e logístico do projeto “Tecnologias
aplicadas à produção sustentável de biomassa de eucalipto na Fibria Celulose S. A.”, registro nº 5802/2014, do qual
faz parte o presente estudo).
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