O UNIVERSO DE ARISTÓTELES WILLIAN GONÇALVES FERREIRA, MARÍLIA MORAES Colégio Estadual Canadá, GACEC (Grupo de Astronomia do Colégio Estadual Canadá) Orientadora: ADRIANA OLIVEIRA BERNARDES Resumo: 2016 foi declarado pela UNESCO ano de aniversário do filósofo Aristóteles que muitas contribuições deu ao desenvolvimento da Filosofia e também para o surgimento mais tarde da ciência. Tendo abordado temas como a ética, metafísica e fenômenos físicos, sua ideia de universo era que a terra ocupava o centro e todos os planetas, a lua e o sol giravam a seu redor. No universo de Aristóteles havia o mundo sublunar e o supralunar, o primeiro habitado pelos seres humanos, imperfeito e mutável e o segundo perfeito e imutável. As ideias de Aristóteles sobre o universo prevaleceram por mais 2000 anos através do chamado Modelo Geocêntrico de universo, que recebeu contribuições mais tarde de Ptolomeu que resolveu a questão do movimento retrógrado dos planetas através da teoria dos epiciclos. O trabalho realizado tem sua importância devido as considerações feitas pelos PCNs e Orientações Curriculares sobre a relevância de um enfoque histórico-filosófico que deve se dar a Física no Ensino Médio e principalmente devido ao currículo estadual da disciplina sugerir esta abordagem. Palavras-Chave: Física Aristotélica, Filosofia, História da Cosmologia, Ensino de Física, Ensino Médio. Introdução: Aristóteles viveu no período entre 384 a.C e 322 a.C, tendo nascido em Estagira na Macedônia. O mesmo foi discípulo de Platão e como seu mestre fundou também uma escola, o Liceu, na cidade de Atenas. Os estudos de Aristóteles abrangiam os fenômenos naturais e deveria ser feito sem o auxílio da Matemática, pois esta perfeita demais, não deveria ser aplicada a um mundo imperfeito. Pelo contrário, a física de Aristoteles foi uma construção teórica complexa, profundamente integrada a um pensamento filosófico extremamente abrangente e elaborada a partir dos elementos empíricos fornecidos pela vivência humana mais imediata. A forca intelectual desse pensamento, assentada sobretudo nessa abrangencia e em um carater fortemente orgânico, garantiu-lhe a primazia como forma sistematica de conhecimento cientifico por cerca de dezoito séculos. PORTO (2009, p.1) Podemos afirmar que este filósofo é um dos mais influentes entre os gregos e suas ideias foram retomadas na idade Média por Tomás de Aquino. Aristóteles acreditava, assim como Empédocles, que os corpos eram formados por quatro elementos: terra, água, ar e fogo. O mesmo elaborou uma descrição do universo a partir das ideias de Eudoxo, baseado nas esferas homocêntricas. Para ele a terra era uma esfera, localizada no centro do universo. Estabeleceu que a Terra era imóvel e circundada por 11 esferas concêntricas feitas de um “quinto elemento”. Nessas esferas estavam fixos outros corpos celestes como a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e as estrelas. Aristóteles acreditava num universo estacionário, eterno, que sempre havia existido. Para este filósofo, o céu era considerado um local perfeito e era representado por formas perfeitas como o círculo e a esfera, porém, a Terra era imperfeita e considerada local de corrupção. Esta corruptibilidade e um elemento verificavel em todas as coisas que pertencem ao nosso mundo terrestre. No entanto, o pensamento aristotelico considerava os corpos celestes imutaveis em sua natureza. Considerava que apenas sofressem deslocamentos fisicos, que em nada alteravam sua essencia. Tal consideraçao tinha sua origem na propria vivencia dos homens, que sempre viram o ceu da mesma maneira. Deste modo, nada mais natural do que lhe atribuir um carater de imutabilidade, radicalmente oposta a incessante de transformaçoes a que estao submetidos os objetos no domínio terrestre. PORTO (2009, p.2) Neste contexto havia o mundo sublunar e o supralunar, cuja fronteira era a esfera lunar. Os corpos no mundo sublunar era formado por Terra, Ar, Fogo e Água e na supralunar formada por material sutil, perfeito. No mundo perfeito o movimento era circular, na Terra isso não ocorria, por isso alguns corpos celestes faziam parte da esfera sublunar como os cometas e meteoros. Cada elemento tinha seu lugar natural, o elemento terra procuro ao centro da Terra, a água acima da Terra, o ar acima da água e o fogo acima do ar. Porém, na Terra em ordem era perturbada e essa ordem era modificada. Aristóteles foi o primeiro a estudar o movimento dos corpos. Para ele havia os movimento violentos ou forçados, gerado por algum ente externo ou o movimento natural, que visava a busca do lugar natural. O universo de Aristóteles Aristóteles acreditava que a Terra era esférica e ocupava o centro do universo. A órbita da lua dividia o universo em dois mundos: o sublunar e o supralunar. No sublunar estava a Terra e no supralunar, além de sua órbita estava: Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e a órbita das estrelas. Segundo este modelo, tudo que havia na terra era formado pelos quatro elementos: terra, água, ar e fogo e no céu, tudo era feito de uma substância sutil, chamada éter. Este modelo, chamado Geocêntrico, predominou até o século XIV, com o surgimento do modelo Heliocêntrico de Copérnico. O modelo Geocêntrico desenvolvido por Aristóteles, não explicava a retrogração dos planetas, que foi explicada por Cláudio Ptolomeu através dos epiciclos, no qual afirmava que além de girar ao redor da Terra, os planetas também giravam ao redor de um ponto central, imaginário. Então, a grande contribuição ptolomaica foi a divulgação em seu livro Almagestde um modelo funcional que podia descrever e prever com precisão satisfatória o movimento dos astros, além da introdução do conceito de equante. Este modelo geostático de Ptolomeu manteve-se desde o século II até o XVI. Veio a ser fortemente contestado por Copérnico, motivado em que o equante violava o antigo ideal grego de que todos os movimentos fossem uniformes em torno do centro. DAMAZIO (2011) O retorno das ideias de Aristóteles na Idade Média Inicialmente as ideias de Aristóteles eram refutada pela Igreja Católica, a crítica de Santo Agostinho mostrava que a importância do “cres” não do conhecimento. Porém as ideias do modelo de Aristóteles sofreram uma espécie de simbiose com as informações bíblicas, sendo o maior responsável por essa junção São Tomás de Aquino que acreditava que a natureza era uma das formas de conhecer Deus. As ideias de Tomas de Aquino ficaram conhecidas como Escolástica. Críticas à Física Aristotélica na Idade Média Nesta época foram feitos várias críticas as ideias de Aristóteles em relação ao movimento e também em relação as suas ideias sobre o universo. Um físico, matemática, astrônomo e religioso francês Nicolau Oresme não acreditava que o deslocamento das estrelas no céu era uma prova de que elas se moviam, para ele poderia significar que a Terra girava e o céu estava em repouso. Oresme acreditava que o movimento era sempre relativo. Objetivos do projeto: Divulgar a concepção de Aristóteles do universo que vigorou por mais de 2000 anos através da Teoria Geocêntrica. Elaborar uma página para divulgação do tema que potencialmente pode ser utilizado pelas áreas de Física, História e Filosofia e disponibilizá-lo para professores. Metodologia: Foi realizada inicialmente pesquisa bibliográfica sobre a visão de universo de Aristóteles e sobre a importância de sua obra. Foi elaborada página para divulgação de suas ideias e sua importância, tendo sido a mesma divulgada entre professores das áreas supramencionadas. Após foi realizada uma análise da página e das pessoas que a acessavam obtendo-se o número de pessoas que a acessavam, de que local e o envolvimento das mesmas com os conteúdos. Resultados: O trabalho que ainda apresenta resultados preliminares propiciou uma discussão histórico-filosófica da ciência na escola como é recomendado pelo currículo mínimo estadual, tendo sido apresentado em feiras de ciências internas a colégio estadual público do Rio de Janeiro e em eventos externos, divulgando o tema para alunos e professores de outras escolas. A página foi acessada por grande número de pessoas e foram obtidos dados positivos em relação a seus objetivos que é divulgar o tema para professores e alunos do Ensino Médio. Acesso à Página A página elaborada para divulgação do tema, teve 276 curtidas, dois meses de elaboração. 53% das pessoas que acessam são mulheres, 28% delas possuem entre 45 e 64 anos. 47% são homens, sendo que 24% possuem idade entre 45 e 64 anos. A cidade que mais acessa a página é o Rio de Janeiro, seguido de São Paulo e Pernambuco. Na figura 1 abaixo, vemos layout da página que pode ser acessada digitando na procura: universo de Aristóteles. Figura 1 – Página de divulgação do tema. Conclusão: A escola pública pode ser local não só de discussão, como também de produção de conhecimento. Neste sentido o trabalho beneficiou discussões importantes no ambiente escolar, favorecendo que chamamos hoje de cultura Física, que deve fazer parte do contexto escolar, contribuindo para o aprendizado da disciplina que muitas vezes é tida como excludente. A elaboração da página propiciou a divulgação do tema através de página do Facebook e dados mostram que o maior público é de mulheres adultas da cidade do Rio de Janeiro. Referências: ARANHA, M.L, MARTINS, M.H. Filosofando Moderna Introdução à Filosofia. Editora CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. Editora Ática. COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia. Editora Saraiva. DAMAZIO, F. HISTÓRIA DA FÍSICA E CIÊNCIAS AFINS. Rev. Bras. Ensino Fís. vol.33 no.3 São Paulo July/Sept. 2011. Acessado em 09/09/2016: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-11172011000300020 MACIEL JÚNIOR, A. Pré-Socratícos: A invenção da Razão. Odysseus Editora. MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia: Dos Pré-Socráticos à Wittgenstein. Editora Zahar. PORTO, CM. A Física de Aristóteles: uma construção ingênua? Revista Brasileira de Ensino de F∂≥sica, v. 31, n. 4, 4602 (2009). Acessado em 09/09/2016: < http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/314602.pdf>