PRAGA DO EGITO Jota Alcides* Situação é de “emergência mundial” estampada, nessa semana, na mídia internacional. É tema de manchetes nos jornais, rádios, televisões e internet. Parece até um alerta de guerra nuclear, um dos quatro possíveis perigos para o fim do mundo, na visão do respeitado cientista britânico Stephen Hawking, admirado em todo o planeta por superar desafios de sua doença do neurônio motor. “As armas de destruição em massa atuais são capazes de acabar com a vida na Terra, e a proliferação dos arsenais nucleares é uma grande preocupação mundial.Uma guerra nuclear significaria o fim da civilização e talvez o fim da raça humana", segundo ele. Iinteligência artificial, vírus criado por engenharia genética e aquecimento global completam o cenário futurístico apocalíptico de Hawking. Se o alerta atual fosse da ONU, o mundo todo estaria apreensivo na expectativa de suas últimas horas. Mas, como ´é da Organização Mundial da Saúde-ÓMS, tendo em vista a explosão do Zika vírus em mais de 24 paises das Américas, o alarme traz apenas preocupação e a certeza de mobilização internacional para combate ao inimigo: o mosquito transmissor da doença, Aedes Aegypti. Embora não esteja na relação de Stephen Hawking sobre perigos para a humanidade, o mosquito está mostrando que é assustador. Descoberto em humanos pela primeira vez na África, em 1952, o zika vírus se espalhou pela Ásia e pelo Pacífico até chegar às Américas. O primeiro caso registrado no continente foi no Chile, em 2007, mas a maior epidemia é a que ocorre atualmente no Brasil. Conforme estimativas da OMS haverá este ano entre 3 e 4 milhões de casos de Zika somente no continente americano e desses,1,5 milhão no Brasil. Pelo menos 22 países já confirmaram a presença do Zika vírus, desde maio de 2015., a maioria localizada no continente americano: Brasil, Barbados, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa (França), Haiti, Honduras, Martinica (França), México, Panamá, Paraguai, Porto Rico (EUA), Ilha de São Martinho (França/Holanda), Suriname, Venezuela, Ilhas Virgens (EUA), Samoa e Cabo Verde. Já o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças indica que 10 países da Europa registram casos importados do zika: Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Itália, Portugal, Holanda, Espanha, Suécia e Reino Unido.. Pelos números oficiais, o Brasil já tem quase cinco mil casos suspeitos de microcefalia, mais de 400 confirmados, 40 mortes, e deve acumular mais de 15 mil casos até o final deste 2016. Mas, por que conhecido há mais de meio século, somente agora está havendo essa epidemia anunciada pela própria diretora-geral da OMS, Margaret Chan? Alguns especialistas estão fazendo uma relação direta entre a presença de grande número de estrangeiros na Copa do Mundo no Brasil em 2014 e a atual epidemia nacional. Mais uma preocupação para os Jogos Olímpicos deste ano no Rio. Voando em aviões Entre os diversos fatores determinantes para isso, explicou à BBC Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra, está a popularização das viagens internacionais. "O aumento dos deslocamentos por aviões ajuda na disseminação do vírus. É muito fácil exportar casos de Zika, dengue e chikungunya. Outro aspecto é a popularidade do vetor.. O Aedes Aegypti está praticamente em todos os lugares do mundo. Daí a importância fundamental da mídia nessa campanha internacional de conscientização e mobilização contra o mosquito exterminador do futuro porque gera o Zica vírus que ataca vidas nascentes com microcefalite (malformação irreversível do cérebro).. Quanto mais difusão, maior conscientização, quanto mais conscientização, maior mobilização, quanto mais mobilização, maior prevenção.. Presente principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da Africa e das Américas, o Aedes Aegypti é muito difícil de ser exterminado e controlado porque, segundo os cientistas, é muito versátil e seus ovos extremamente resistentes podendo sobreviver vários meses nos criadouros. Além disso, não existe tratamento específico para a infecção por Zika, assim como para dengue e chikungunya, segundo o Ministério da Saúde. Diante disso, só mesmo evitando o nascimento do mosquito ou matando um por um, missão quase impossível. Em Brasília, por exemplo,.as áreas nobres da capital, Lago Sul e Lago Norte, estão infestadas, muita gente afetada e o sistema público de saúde do GDF não dispõe nem de reagentes para os exames de sangue. Uma calamidade. Especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, vão se encontrar com autoridades brasileiras em 16 de fevereiro para propor a chamada Técnica do Inseto Estéril por radiação nuclear. Pela técnica, mosquitos machos estéreis criados em laboratório seriam soltos para cruzar com as fêmeas da espécie que não desenvolveriam os ovos reduzindo assim o número de insetos numa determinada área. Por sua versatilidade, sua camuflagem e seus ataques silenciosos, o inimigo exige combate em operação de guerra. Por isso, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em pronunciamento à Nação que, no dia 13 de fevereiro, 220 mil militares das Forças Armadas estarão nas ruas do Brasil destruindo esconderijos do mosquito.. Pode até não ser um perigo para o fim do mundo, mas essa invasão do mosquito do Zica vírus se configura como uma nova praga do Egito que está perturbando o Brasil e o planeta.. Entre as dez pragas que assolaram o Egito, por volta de 1.250 antes de Cristo, no tempo dos Faraós, não existiu o mosquito, mas a quarta delas deixou o Egito infestado por enxames de moscas..Agora, a praga internacional é o Aedes Aegipty, versão greco-latina de “Odioso do Egito”. É uma praga que está se alastrando pelo mundo celeremente, incontrolavelmente, perigosamente, assustadoramente. *Jota Alcides é autor de “Comunicação & Linguagem das Massas” e “Explosão das Massas”.