UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RENATO FRANÇA SARAN GRR20001270 DESENVOLVIMENTO DE UMA CARGA ELETRÔNICA DC CURITIBA – PR NOVEMBRO – 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE TECNOLOGIA – CENTRO POLITÉCNICO DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA RENATO FRANÇA SARAN GRR20024554 DESENVOLVIMENTO DE UMA CARGA ELETRÔNICA DC Trabalho de graduação apresentado à disciplina TE105 – Projeto de graduação, sob a orientação do Professor Odilon Luís Tortelli e co-orientação do engenheiro Robert César Weber. CURITIBA – PR NOVEMBRO – 2006 ii AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, aos meus pais e familiares, que sempre me deram total apoio e condições para que eu pudesse atingir meus objetivos. Agradeço aos verdadeiros amigos que nos acompanharam nestes anos de luta, compartilhando bons momentos e acima de tudo me ajudando e motivando em momentos de dificuldade. Agradeço ao Engenheiro Eletricista co-orientador Robert César Weber, pela sua colaboração e apoio ao projeto. Agradeço ao Professor Orientador Odilon Luis Tortelli, por ter se mostrado sempre à disposição e pronto para ajudar. Agradeço às empresas SyncTec e Gauss por terem possibilitado o desenvolvimento do projeto através da parceria realizada com o autor. Agradeço ao Professor Horácio Tertuliano dos Santos Filho, pela sua paciência e atenção dedicada aos acadêmicos, e por sua luta constante pela melhoria do nosso curso. iii SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................VII LISTA DE TABELAS................................................................................................ VIII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... IX RESUMO.........................................................................................................................X 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1 1.1. Considerações Iniciais ....................................................................................... 1 1.2. Objetivo do trabalho .......................................................................................... 2 2. PARCEIRIAS ............................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. 2.1. SyncTec Projetos e Automação.......................... Error! Bookmark not defined. 2.2. Gauss Indústria e Comércio de Autopeças ......... Error! Bookmark not defined. 3. EXEMPLOS DE APLICAÇÕES: .......................................................................... 4 3.1. Bancada para testes de alternadores automotivos ............................................... 4 3.2. Test Bed utilizado para desenvolvimento de um controlador de retificadores:..... 5 4. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO .................................................... 8 5. VISÃO SISTÊMICA ............................................................................................... 9 5.1. Placa controladora: ............................................................................................ 9 5.1.1. Função gerenciamento de carga ................................................................... 10 5.1.1.1. Acionamentos de relês.......................................................................... 10 5.1.1.2. Porta PWM .......................................................................................... 10 5.1.1.3. Conversor analógico digital.................................................................. 11 5.1.1.4. Master I2C ........................................................................................... 11 5.1.2. Função HMI ................................................................................................ 11 5.1.3. Função interface........................................................................................... 12 5.1.3.1. RS-232................................................................................................. 12 iv 5.1.3.2. 5.2. RS-485................................................................................................. 12 Placa driver e módulo de potência ................................................................... 12 5.2.1. Placa driver.................................................................................................. 13 5.2.2. Módulo de potência ..................................................................................... 13 6. DETALHAMENTO DO HARDWARE E CONFIGURAÇÃO........................... 15 6.1. Placa controladora ........................................................................................... 15 6.1.1. Microcontrolador ......................................................................................... 15 6.1.2. Sinais PWM................................................................................................. 16 6.1.3. Sinais para acionamentos de relês ................................................................ 17 6.1.4. Conversor analógico digital.......................................................................... 18 6.1.5. Interface USART ......................................................................................... 19 6.1.5.1. Interface RS-232 .................................................................................. 19 6.1.5.2. Interface RS-485 .................................................................................. 21 6.1.6. Máster I2C................................................................................................... 22 6.1.7. Display ........................................................................................................ 23 6.1.8. Teclado........................................................................................................ 24 6.1.9. Rotary encoder............................................................................................. 25 6.2. Placa driver...................................................................................................... 25 6.3. Módulo de potência ......................................................................................... 29 7. ESTRUTURAÇÃO DO FIRMWARE.................................................................. 31 7.1. Estruturação dos dados .................................................................................... 31 7.2. A estrutura MMI.............................................................................................. 31 7.3. A função Main................................................................................................. 32 8. SOFTWARE DE GERÊNCIA.............................................................................. 35 9. ANÁLISE DE CUSTOS ........................................................................................ 36 v 10. CONCLUSÃO................................................................................................ 37 11. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 38 vi LISTA DE ILUSTRAÇÕES ILUSTRAÇÃO 1 – BANCADA DE TESTES DE ALTERNADORES AUTOMOTIVOS, G-5000. ..................................................................................................................... 5 ILUSTRAÇÃO 2 – TEST BED UTILIZADO PARA TESTES E VALIDAÇÃO DO CONTROLADOR DE RETIFICADORES................................................................ 7 ILUSTRAÇÃO 3 – DIAGRAMA EM BLOCOS DA PLACA CONTROLADORA........ 10 ILUSTRAÇÃO 4 – DIAGRAMA EM BLOCOS MÓDULO DE POTÊNCIA + PLACA DRIVER ................................................................................................................. 13 ILUSTRAÇÃO 6 – MODOS DE OPERAÇÃO DO TIMER B........................................ 17 ILUSTRAÇÃO 7 – CIRCUITO DE CONDICIONAMENTO E PROTEÇÃO PARA ENTRADAS ANALÓGICAS ................................................................................. 18 ILUSTRAÇÃO 8 – FORMATO DO CARACTERE RS-232........................................... 20 ILUSTRAÇÃO 9 – MAX232.......................................................................................... 21 ILUSTRAÇÃO 10 – CI SN75176 ................................................................................... 21 ILUSTRAÇÃO 11 – PROTOCOLO I2C......................................................................... 23 ILUSTRAÇÃO 12 – INTERFACE ENTRE MSP E LCD. .............................................. 24 ILUSTRAÇÃO 13 – CIRCUITO DO TECLADO. .......................................................... 25 ILUSTRAÇÃO 14 – CIRCUITO DRIVER DE CORRENTE........................................... 26 ILUSTRAÇÃO 15 – EXEMPLO DE SINAL PWM........................................................ 27 ILUSTRAÇÃO 16A – TENSÃO DE BASE E SINAL PWM.......................................... 28 ILUSTRAÇÃO 16B - TENSÃO DE BASE APÓS ALTERAÇÃO NO DUTY CICLE. ... 29 ILUSTRAÇÃO 17 – FOTO MÓDULO DE POTÊNCIA E PLACA DRIVER. ................ 30 ILUSTRAÇÃO 18 – FLUXOGRAMA FUNÇÃO MMI ................................................. 32 ILUSTRAÇÃO 19 – FLUXOGRAMA DA FUNÇÃO MAIN......................................... 34 ILUSTRAÇÃO 20 – TELA DE EXEMPLO DO SOFTWARE DE GERÊNCIA............. 35 vii LISTA DE TABELAS TABELA 1 – VALORES MÁXIMOS DE OPERAÇÃO DO TBJ DE POTÊNCIA ................................................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. TABELA 2 – ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA O EQUIPAMENTO.............. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. TABELA 3 – CUSTO DAS CARGAS ELETRÔNICAS AGILENT.................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DC - Direct current RS-232 - Padrão elétrico para comunicação serial RS-485 - Padrão elétrico para comunicação serial GPIB - Tipo de protocolo para comunicação HMI - humam machine interface PWM - Pulse width modulation I2C - Inter IC Control LCD - Liquid Crystal Display ADC - Analogic Digital Converter RISC - Reduced Instruction Set Complex USART - Universal Synchronous Asynchronous Receive Transmit UART - Universal Asynchronous Receive Transmit QFP - Quad Flat Package RAM - Random Access Memory JTAG - Joint Test Action Group CPU - Central Processor Unit MSP - Mixed Signal Processor SPI - Synchronous Peripheral Interface EIA - Eletronics Industries Alliance ASCII - American Standard Code for Information Interchange ix RESUMO Diversas áreas da indústria são compostas por sistemas que envolvem equipamentos geradores, conversores ou armazenadores de energia. Quando em fase de desenvolvimento tanto os sistemas quanto os equipamentos precisam ser testados e homologados, para tanto é uma prática comum a aplicação de cargas neste tipo de sistema para que se possa simular várias situações práticas. Existem cargas podem ser puramente resistivas, estas quando de alta potência possuem grandes dimensões físicas e praticamente não são utilizadas em sistemas que utilizam testes com certo grau de automação. Uma alternativa é o uso de cargas eletrônicas, que são equipamentos relativamente mais compactos, com maior grau de flexibilidade e com recursos que permitem que os testes sejam facilmente automatizados, este documento descreve o desenvolvimento de uma carga eletrônica para corrente contínua que apesar de ter requisitos voltados a uma aplicação especifica foi desenvolvida de forma a permitir maior flexibilidade e potencial de utilização em áreas diversas. x 1. INTRODUÇÃO 1.1. Considerações Iniciais Grande parte dos equipamentos eletrônicos é alimentada por tensão contínua e pode exigir diferentes níveis de tensão para que seus componentes sejam alimentados de forma adequada, por este motivo há uma diversidade de componentes que constituem circuitos de alimentação. Entre estes componentes encontram-se fontes de alimentação, conversores DC-DC, reguladores de tensão e controladores de hot-swap, os itens citados acima tem grande probabilidade de serem encontrados em placas para equipamentos usados em telecomunicações, projetos de automação e na maioria dos circuitos eletrônicos. Os dispositivos descritos até agora são integrantes geralmente de circuitos de alimentação para equipamentos de pequeno e médio porte, a maioria com potência baixa, de até 30 ou 40 watts. Entre circuitos de alimentação há também equipamentos que possuem a função de alimentar grandes sistemas como armários de telecomunicações, centrais telefônicas ou até sistemas embarcados como no caso da parte elétrica de um carro, nestes casos a potência pode chegar a valores muito elevados como 50 kW ou mais e passam a fazer parte destes sistemas retificadores de tensão e bancos de baterias. Todos estes componentes e sistemas quando em fase de desenvolvimento ou quando se faz necessário algum tipo de alteração precisam ser testados e homologados. Muitas vezes pode ser excessivamente trabalhoso, caro ou até mesmo impossível realizar todos os testes necessários em campo, ou com sistemas completos como os que serão utilizados na prática, portanto o que geralmente se faz é utilizar equipamentos que simulem as cargas as quais os sistemas e circuitos serão submetidos durante sua utilização prática. Para tanto pode-se usar cargas puramente resistivas, porém estas quando de alta potência tornam-se fisicamente grandes, além de possuir menor flexibilidade para realizar testes dinâmicos e dificilmente são utilizadas em testes que exigem certo grau de automatização. Uma alternativa é a utilização de cargas eletrônicas, apesar de haver no mercado diversos tipos de cargas eletrônicas de vários tamanhos e potências elas são relativamente mais compactas do que as cargas puramente resistivas e podem chegar a dissipar uma potência de 50 kW, são variáveis e podem ser controladas por uma interface homem-máquina e geralmente têm disponível algum tipo de interface capaz de se comunicar com outros equipamentos como RS-232, RS-485, GPIB e outras. Este tipo de 1 interface possibilita a automatização de testes, uma ferramenta que pode ser bastante útil quando a carga é utilizada em aplicações especificas. 1.2. Objetivo do trabalho O Projeto surgiu com a necessidade de se realizar testes em alternadores automotivos, um sistema capaz de realizar testes de forma automatizada foi desenvolvido, tal sistema pressupõe que esteja conectado a ele um equipamento que possa drenar corrente do alternador, a corrente deve variar dependendo do tipo de teste que esta sendo realizado no momento. Partindo do pressuposto de que a aquisição de uma carga eletrônica disponível no mercado e que cumprisse os requisitos do projeto inviabilizaria em termos de custos a implantação do sistema de testes, a solução encontrada foi desenvolver uma carga eletrônica. Como foi observado que tal equipamento poderia com pouco esforço extra em termos de desenvolvimento cumprir não só os requisitos desta aplicação específica, mas também de várias outras aplicações, foi decidido que seria desenvolvido uma carga eletrônica DC, que teria seus requisitos não só atrelados às necessidades dos testes em reguladores automotivos mas que seria também dentro das possibilidades o mais flexível possível para que ao final do desenvolvimento torne-se não apenas uma solução para esta aplicação mas também um produto que possa ser utilizado em uma gama maior de aplicações. 1.3. Parcerias Para tornar viável o desenvolvimento deste projeto o autor o fez em parceria com a empresa SyncTec. Durante o desenvolvimento de uma bancada para testes de alternadores a SynTec constatou que havia necessidade de uma solução adequada para drenar corrente dos alternadores ou baterias para que os testes fossem realizados de forma satisfatória. Tal solução deveria possibilitar a variação da carga aplicada de acordo com o teste que esta sendo realizado e, portanto estabelecer uma comunicação com o sistema de testes para que este informe qual o valor da corrente que deve ser drenada em determinado momento. Este foi o passo inicial para se começar a pensar no desenvolvimento de uma carga eletrônica DC. 2 1.3.1.SyncTec Projetos e Automação A SyncTec está localizada na cidade de Curitiba e atua no ramo de projetos eletrônicos e de automação industrial desde 2002, entre os pontos fortes de seus serviços está o desenvolvimento de sistemas de testes. A empresa conta com laboratório de eletrônica devidamente equipado e tem a disposição todos os recursos necessários para o desenvolvimento de um projeto desde compiladores necessários para o desenvolvimento de firmware até fornecedores para fotolitos e placas de circuito impresso. Os recursos necessários para realizar o desenvolvimento de hardware, software e firmware para o projeto foram disponibilizados ao autor pela empresa. 1.3.2.Gauss Indústria e Comércio de autopeças A Indústria Gauss atua no ramo de componentes elétricos automotivos e vem desenvolvendo projetos com a SyncTec já a algum tempo. Os projetos são na maioria sistemas de teste e calibração dos componentes automotivos fabricados, entre os principais projetos estão o teste automático de retificadores automotivos, e o teste/calibração automático de reguladores automotivos. A bancada para testes de alternadores automotivos foi um sistema inovador para o qual surgiu a necessidade do desenvolvimento de uma carga eletrônica. Detalhes desta aplicação serão expostos no capítulo aplicações. A Gauss se dispôs a desenvolver a solução mecânica tanto para os módulos de potência que são integrantes da carga eletrônica, quanto para o gabinete padrão rack 19 polegadas no qual o equipamento será acomodado. 3 2. EXEMPLOS DE APLICAÇÕES O Autor teve a oportunidade de acompanhar algumas situações em que a carga eletrônica em questão poderia ser utilizada resultando em ganhos para os sistemas, estes sistemas tiveram suas características observadas e durante o desenvolvimento da carga eletrônica seus requisitos foram levados em conta e resultaram no desenvolvimento de recursos e funcionalidades da carga. 2.1. Bancada para testes de alternadores automotivos Um dos focos de aplicação para a carga eletrônica foi a bancada de testes para alternadores automotivos G-5000. Esta bancada constitui um sistema inovador para testes de alternadores automotivos proporcionando testes práticos e automatizados. Dentre os objetivos da bancada está o de simular o funcionamento do alternador em um carro ou caminhão, para tanto há acoplado ao alternador um motor capaz de controlar a rotação do mesmo e é necessário que haja uma carga variável que possa ser controlada pelo sistema, para que seja simulada a carga de um veículo. São partes integrantes do sistema também um banco de baterias e um monitor LCD que exibi os resultados dos testes. A G-5000 comunica-se com a carga eletrônica por meio de uma interface RS-232. A Ilustração 1 é uma foto da G-5000, podemos notar do lado esquerdo uma carga resistiva variável que foi adaptada temporariamente para que os testes fossem realizados. Como esta carga é controlada manualmente assim também são feitos os testes, implicando em menor precisão dos resultados e 4 maior tempo despendido. Ilustração 1 – Bancada de testes de alternadores automotivos, G-5000. 2.2. Test Bed utilizado para desenvolvimento de um controlador de retificadores 5 Uma empresa conhecida e atuante no mercado de telecomunicações está desenvolvendo um controlador de retificadores, tal equipamento é utilizado para gerenciar circuitos de alimentação utilizados em telecomunicações. Os componentes básicos deste sistema são retificadores, banco de baterias e o controlador de retificadores. O controlador é um equipamento extremamente versátil, capaz de se comunicar com vários tipos de retificadores e assegurar seu uso adequado de acordo com a carga a qual o sistema esta submetido em determinado momento e de acordo com o tipo das baterias utilizadas no sistema. Para simular as cargas reais que seriam alimentadas por tal sistema pode-se utilizar cargas eletrônicas e assim realizar testes em funções do controlador como o compartilhamento de carga entre retificadores, drenar corrente do banco de baterias fazendo com que sua tensão caia e verificar se o sistema inicia uma carga de baterias e diversas outras funções. A carga eletrônica por ser um equipamento flexível no qual o usuário pode programar facilmente a corrente de entrada de acordo com sua necessidade tornaria o sistema de testes muito prático e flexível. Na Ilustração 12 uma foto do test bed. Podemos identificar a presença de retificadores na parte superior da imagem, bancos de baterias na parte inferior e cargas resistivas à esquerda. Há também um painel com disjuntores 6 utilizado para conectar os retificadores, baterias e as cargas ao barramento DC. Ilustração 2 – Test bed utilizado para testes e validação do controlador de retificadores. 7 3. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO Para tornar o desenvolvimento do projeto mais prático e ao mesmo tempo otimizar o uso do tempo o projeto pode ser dividido em work packages, ou seja, áreas que podem ser ativadas e validadas de maneira independente, realizando-se em determinado momento a integração de todos os componentes. Abaixo estão listados os work packages identificados pelo autor: Adaptação da placa controladora aos requisitos do projeto e ativação de seus recursos; Desenvolvimento da placa driver; Acompanhamento do desempenho dos módulos de potência durante os testes; Projeto do firmware para o microcontrolador na placa controladora; Projeto do software de gerência para o equipamento. Acompanhamento da solução mecânica. No entendimento do autor a divisão proposta é importante, pois alguns dos itens acima podem ficar por períodos de tempo bloqueados já que exigem recursos externos, como a confecção de placas e fotolitos, o projeto mecânico e outros, em situações deste tipo o autor pôde voltar seus esforços para outro ponto do projeto que podia ser desenvolvido. 8 4. VISÃO SISTÊMICA Neste capítulo é apresentada uma visão geral dos recursos de hardware do sistema. Os diagramas tem por objetivo ilustrar apenas os principais sinais e suas funções, portanto não são apresentados os circuitos elétricos. O equipamento foi projetado de forma modular, a placa controladora é capaz de controlar independentemente quatro módulos de potência. A configuração completa do equipamento inclui uma placa controladora, quatro placas driver e quatro módulos de potência. Caso seja necessária a retirada ou a desativação de qualquer um dos módulos, os demais continuarão funcionando sem problema algum. Neste caso a potência total da carga torna-se flexível e varia de acordo com o número de módulos que estão sendo utilizados. Outras vantagens como a facilidade de manutenção e montagem, o controle independente de cada módulo e a otimização de custos para determinadas aplicações que demandam menor potência são conseqüências desta arquitetura. Utilizando-se desta arquitetura o operador tem flexibilidade para configurar o equipamento segundo suas necessidades. O funcionamento foi estruturado em quatro grupos, os módulos são independentemente configurados em um dos quatro grupos ou não configurados, o que faz com que sejam desativados. Por exemplo, se o operador deseja disponibilizar toda a potência da carga para apenas uma fonte de energia ele pode configurar os quatro módulos para operarem no mesmo grupo. Mais detalhes sobre esta estruturação serão dados no capítulo 7. 4.1. Placa controladora: 9 ... ... RS-485 RS-232 Ilustração 3 – Diagrama em blocos da placa controladora. A placa controladora desempenha as funções de gerenciamento de carga, HMI e interface da carga eletrônica com outros equipamentos. 4.1.1.Função gerenciamento de carga A função gerenciamento de carga envolve os sinais utilizados para o controle (saídas) e monitoramento (entradas) dos módulos de potência. Cada tipo de sinal está brevemente descrito a seguir: 4.1.1.1.Acionamentos de relês Na Ilustração 3 podemos observar a existência de sinais para acionamento de relês. Os sinais de acionamentos de relês são saídas que controlam os relês das placas driver. São quatro sinais, um para cada placa driver. Quando acionado o relê polariza os circuitos necessários para a ativação dos módulos de potência, neste estado o sinal PWM passa a controlar a corrente drenada pelo módulo, se o relê for desativado o módulo de potência é desativado, não drena corrente, e o sinal PWM não surti nenhum efeito. 4.1.1.2.Porta PWM A ilustração 3 mostra uma porta PWM. Na porta PWM são gerados os sinais PWM que controlam a corrente drenada por cada módulo de potência. Nesta porta são gerados 4 saídas PWM, uma para cada placa driver. Os sinais PWM são controlados de 10 forma independente e controlam a corrente drenada pelos módulos de potência de acordo com o duty cicle do sinal PWM gerado. Uma informação detalhada sobre a programação desta porta pode ser obtida no capítulo 6. 4.1.1.3.Conversor analógico digital Na Ilustração 3 há um bloco de conversor analógico digital. Para utilização do conversor analógico digital são disponibilizadas oito entradas analógicas de tensão. As entradas de A0 a A3 foram utilizadas para realizar as leituras das saídas analógicas provenientes dos sensores de corrente nas placas driver, estes sensores medem a corrente drenada por cada módulo de potência As entradas de A4 a A7 foram utilizadas para monitorar a tensão de entrada em cada módulo de potência. 4.1.1.4. Master I2C Na placa controladora foi implementado um barramento I2C. Tal barramento é utilizado para estabelecer a comunicação com os sensores de temperatura presentes nos módulos de potência. Esse barramento oferece muita praticidade para este tipo de aplicação, pois utilizando-se de apenas dois pinos do microcontrolador é possível se comunicar com vários dispositivos I2C conectados em paralelo. Nesta solução o barramento I2C é utilizado para que o microcontrolador possa se comunicar com quatro sensores de temperatura, um em cada módulo de potência. 4.1.2.Função HMI HMI é um termo comummente usado entre desenvolvedores e vem do inglês Humam Machine Interface, ou seja, interface homem máquina. É através da HMI que o operador poderá de forma manual ter acesso a menus de configuração, monitoramento, controle da carga eletrônica DC. Para este equipamento foi desenvolvida uma HMI muito simples e prática, composta por um LCD, um teclado com seis botões e um rotaty encoder, um rotary encoder é uma chave digital muito usada tanto em aparelhos de som, como em áreas 11 industriais e é um método muito prático quando se quer incrementar ou decrementar valores. 4.1.3.Função interface Os recursos de interface são utilizados para que a carga eletrônica possa ser gerenciada por outros equipamentos, possibilitando assim a automatização de testes. Estão disponíveis no hardware dois tipo de interfaces que podem ser utilizadas para estes propósitos, uma RS-232 e uma RS-485, estas interfaces estão descritas abaixo. 4.1.3.1.RS-232 A interface RS-232 é uma interface full duplex utilizada para estabelecer comunicação ponto a ponto. Para esta aplicação a interface RS-232 é utilizada para que a carga possa estabelecer comunicação com o software de gerência ou para que a mesma seja gerenciada por algum outro equipamento. 4.1.3.2.RS-485 A interface RS-485 é uma interface half duplex e é capaz de estabelecer comunicação multi ponto. Apesar de esta interface estar disponível no hardware ela não foi ativada por não ser necessária a nenhuma aplicação imediata. Esta interface poderia ser utilizada, por exemplo em alguma aplicação onde fosse necessário conectar em paralelo várias cargas eletrônicas e fosse utilizado o compartilhamento de corrente entre cargas, apesar de esta ser uma aplicação interessante, no entendimento do autor seria um próximo passo do projeto, talvez uma nova versão já que a implementação deste tipo de recurso teria grande impacto no firmware e no hardware atual. 4.2. Placa driver e módulo de potência Neste capitulo são descritos os sinais presentes na placa driver e no módulo de potência. 12 Ilustração 4 – Diagrama em blocos módulo de potência + placa driver 4.2.1.Placa driver Esta placa faz a interface do módulo de potência com a fonte externa sob teste e também com a placa controladora, enviando e recebendo desta, sinais de gerência. Na Ilustração 4 as flechas grandes vermelha e preta indicam os terminais de entrada e saída de corrente da fonte externa, respectivamente. A placa driver recebe da placa controladora dois sinais, o sinal de acionamento do relê que ativa o módulo de potência e o sinal PWM, o sinal que é aplicado na base dos transistores de potência é um sinal DC e varia de acordo com o duty cicle do PWM. São enviados para a placa controladora dois sinais analógicos, um é a saída do sensor de corrente presente nesta placa e o outro uma amostra da tensão na entrada da carga, estes sinais após condicionados são lidos pelo ADC. É também através desta placa que a placa controladora se comunica com os sensores de temperatura, já que a placa controladora não possui interface direta com os módulos de potência. 4.2.2.Módulo de potência O módulo de potência é uma placa muito simples da qual fazem parte apenas os transistores TBJ de potência, resistores de potência, o sensor de temperatura e um conector que faz a interface com a placa driver. Na Ilustração 4 a flecha vermelha indica os coletores dos transistores que são conectados em paralelo, barramento positivo da fonte externa, os emissores são conectados por meio de resistores de potência de baixa 13 impedância ao barramento negativo da fonte. As bases também todas em paralelo recebem um sinal DC que varia de acordo com o duty clicle do sinal PWM, controlando assim a corrente que é drenada pelo conjunto de transistores. 14 5. DETALHAMENTO DO HARDWARE E CONFIGURAÇÃO Neste capítulo são apresentadas especificações do hardware, e alguns detalhes de especificação do firmware, detalhes estes que impactam diretamente no hardware como a configuração de dispositivos programáveis. Serão descritos também os circuitos integrados utilizados e diagramas elétricos. 5.1. Placa controladora 5.1.1.Microcontrolador O microcontrolador utilizado foi o MSP430F149 da Texas Instruments. Logo abaixo alguns recursos deste dispositivo: Pode ser alimentado com baixa tensão de 1,8 a 3,6 volts; Arquitetura RISC de 16 bits; Executa uma instrução de código a cada 125ns; Dois timers de 16 bits; Conversor analógico digital de 12 bits; Duas interfaces de comunicação serial, USART; Encapsulamento QFP de 69 pinos. Memória flash de programa de 60 kbytes; Memória flash de informação de 256 bytes; Memória RAM de 2 kbytes; Interface JTAG de programação em placa, regulamentada pela IEEE 1149.1; Este microcontrolador é o que possui mais recursos em sua família. Tem 6 portas de 8 pinos cada, que podem ser configurados como entradas, saídas ou ainda para executar uma função periférica do dispositivo, na ilustração 5 podemos observar arquitetura e recursos. 15 Ilustração 5 – Arquitetura do microcontrolador O Microcontrolador é programado em placa através da interface JTAG que pode ser usada também para emulação em tempo real. Possui entradas para dois cristais, neste projeto foram usados um cristal de 8 MHz e um de 32 kHz. O cristal de 8 MHz é utilizado como clock para CPU e o cristal de 32 kHz como referência para os timers. 5.1.2.Sinais PWM Para que fosse possível gerar os sinais PWM o timer B foi configurado no modo up e o modo de saída como Reset/Set. Com o timer B configurado desta maneira e a porta 4 configurada para exercer sua função periférica os sinais PWM serão gerados na porta 4. O período dos sinais PWM é configurado através do registrador TBCCR0 e o duty cicle de cada um dos sinais é configurado independentemente através dos registradores TBCCR1, TBCCR2, TBCCR3 e TBCCR4. Os modos de operação do timer B podem ser observados na Ilustração 6. 16 Ilustração 6 – Modos de operação do timer B. Convém notar que no modo Reset/Set o registrador TBCL1 deve ser carregado com o tempo que se deseja que o sinal permaneça em nível lógico alto, e o registrador TBCL0 deve ser carregado com o período do sinal. Este modo de geração de sinais PWM é muito útil, pois, depois de configurado ele passa a atuar por hardware e não utiliza processamento da CPU, possibilitando assim que os quatro sinais sejam controlados de forma independente sem que haja perda de desempenho da CPU. Os quatro sinais PWM gerados na placa controladora passam por um buffer e são transmitidos para a placa driver. 5.1.3.Sinais para acionamentos de relês Os sinais de acionamentos de relês estão localizados na porta 5 e os pinos estão configurados como saídas. Como as saídas do MSP são de 3,3V, que é tensão de alimentação do chip, e os relês utilizados são acionados por 12V , um ULN2003 foi usado para realizar a interface. O ULN2003 é um array de transistores integrado. Quando 17 as entradas estão em nível lógico 1 as saídas são chaveadas para o terra, quando as entradas estão em nível lógico 0 as saídas ficam em coletor aberto. O circuito do relê será apresentado no capítulo sobre a placa driver. 5.1.4.Conversor analógico digital O Microcontrolador é equipado com um conversor analógico digital de 12 bits. O conversor possui oito entradas analógicas externas que são multiplexadas internamente. No caso da carga eletrônica DC as entradas de A0 a A3 são utilizadas para leitura das saídas dos sensores de corrente e as entradas de A4 a A7 são usadas para medir a tensão de entrada nos módulos de potência. Todas as entradas analógicas possuem um circuito para o condicionamento do sinal e proteção das entradas, conforme o circuito da Ilustração 7. VDD D1 R1 Sinal externo Entrada analógica R2 D2 C1 Ilustração 7 – Circuito de condicionamento e proteção para entradas analógicas Os diodos D1 e D2 são diodos schottky, ou seja, de condução rápida e baixa queda de tensão quando polarizados diretamente. Os resistores R1 e R2 são resistores com precisão de 1% para minimizar erros nas medidas. Os resistores R1 e R2 são ajustados de maneira que a máxima amplitude esperada do sinal externo não ultrapasse na entrada analógica o valor de VDD que é a tensão de alimentação do MSP e a referência para o ADC. Caso alguma perturbação ocorra no sinal externo e ele assuma um valor maior que VDD, o diodo D1 conduzirá e a tensão na entrada analógica será pouco maior do que VDD. Caso o sinal externo assuma um valor negativo o diodo D2 passará a conduzir protegendo a entrada analógica. 18 O capacitor C1 é um capacitor de aproximadamente 100nF e sua função é implementar um filtro passa baixas, evitando que perturbações indesejadas de alta freqüência no sinal externo ocorram na entrada analógica. O ADC foi programado para operar no modo para converter repetidamente uma seqüência de canais, O primeiro canal da seqüência é A0 e o último A7. Assim que é terminada uma seqüência de conversões uma outra é iniciada, mantendo sempre atualizadas as medidas de tensão e corrente de cada módulo. 5.1.5.Interface USART Como já foi dito o MSP430F149 é equipado com duas interfaces USART, universal synchronous/asynchronous receive/transmit, que são utilizadas para comunicação serial de dados. Para a família na qual se encontra o MSP430F149 esta interface pode ser configurada para operar no modo SPI ou no modo UART. E m outras famílias do MSP430 ela pode ser configurada também no modo I2C. O modo SPI, Synchronous Peripheral Interface, é utilizada para conectar o MSP a um sistema externo através de três ou quatro fios, sendo que um deles é o sinal de clock, já que esta é uma interface síncrona. Este modo não foi utilizado no projeto. O Modo I2C, Inter IC Control, possibilita uma interface entre o MSP e dispositivos gerenciáveis via interface I2C, através do barramento de dois fios I2C. Como este modo de operação não está disponível no MSP430F149 e a interface I2C é necessária para que o MSP se comunique com os sensores de temperatura. Este modo de operação foi emulado em dois pinos de entrada/saída do MSP e sua utilização será descrita posteriormente. O modo UART, universal asynchronous receive/transmit, é utilizado para conectar o MSP a um sistema externo através de apenas dois fios: um transmissor e um receptor. Como é uma interface assíncrona, transmissão e recepção são eventos independentes e não há um sinal de clock para sincronizar os dois sistemas. Portanto para que a comunicação funcione os dois sistemas precisam operar com as mesmas configurações. Este modo foi usado para implementar as interfaces RS-232 e RS-485. 5.1.5.1. Interface RS-232 19 A EIA, Eletronics Industries Alliance, padronizou no RS-232 apenas as características elétricas dos sinais e a numeração dos pinos. O conector tipo D, o uso de código ASCII, o formato dos dados e a comunicação assíncrona não são parte do RS-232, apesar de serem comumente utilizados. O padrão RS-232 estabelece comunicação serial com dois fios, full duplex, ponto a ponto. No modo de comunicação UART, caracteres são enviados um a um como um conjunto de bits. A codificação mais comumente usada é o start-stop assíncrono que usa um bit de inicio, seguido por sete ou oito bits de dados, possivelmente um bit de paridade, e um ou dois bits de parada sendo, então, necessários 10 bits para enviar um caractere. Na Ilustração 8 podemos observar o formato do caractere UART. Ilustração 8 – Formato do caractere RS-232. Para este projeto a UART foi configurada para uma taxa de transmissão de 9600 bits por segundo, paridade ímpar, um stop bit, e oito bits de dados. Como os níveis lógicos na USART do MSP e no padrão RS-232 são diferentes um circuito integrado foi usado para realizar o condicionamento do sinal. Na USART o nível lógico 1 é +3,3V e o nível lógico 0 é 0V, enquanto no sinal RS232 o nível lógico 1 é -10V e o nível lógico 0 é +10V. O transceiver MAX232 da MAXIM faz a conversão do sinal tanto do lado do microcontrolador quanto do lado externo. Na Ilustração 9 podemos observar o circuito integrado MAX232 e seu diagrama interno. 20 Ilustração 9 – MAX232 5.1.5.2.Interface RS-485 A EIA, Eletronics Industries Alliance, padronizou no RS-485 apenas as características elétricas do transmissor e receptor e não especifica ou recomenda nenhum tipo de protocolo. RS-485 possibilita configuração de uma rede local barata e links de comunicação multi ponto. A interface oferece altas velocidades na transmissão de dados, 35Mbits/s até 10m e 100kbits/s até 1200m. Como são usadas linhas de transmissão diferencias balanceadas, podem alcançar longas distâncias. Ilustração 10 – CI SN75176 A Ilustração 10 mostra o transceiver bidirecional SN75176 utilizado para implementar uma rede RS-485 utilizando-se a interface USART do MSP. 21 Como podemos notar na figura, as linhas de transmissão A e B são linhas de transmissão diferencias balanceadas. O que define o nível lógico do dado é a diferença de tensão entre as linhas. A diferença deve ser de pelo menos 0,2V e a tensão aplicada nas linhas pode ser de -10V a +15V. Os pinos DE e RE habilitam transmissão e recepção respectivamente e podem ser conectados juntos e utilizados como direção de comunicação. Os pinos D e R são transmissor e receptor do lado do MSP, respectivamente. 5.1.6.Master I2C Uma interface I2C é necessária para que o MSP se comunique com os sensores de temperatura. Como a USART do MSP430F149 não permite configuração no modo I2C esta interface foi emulada utilizando-se dois pinos do MSP. Como já foi dito, a interface I2C estabelece comunicação síncrona entre dispositivos através de dois fios. Em uma rede I2C sempre há um dispositivo master e um ou vários dispositivos slave. Os dois fios são conectados a todos os dispositivos formando um barramento. Cada dispositivo slave é identificado por um endereço configurado por hardware . A ssim o máster pode se comunicar com qualquer um dos slaves independentemente enviando no barramento o endereço do dispositivo com o qual deseja se comunicar. Um dos pinos é o pino de dado. Este pino é bidirecional, portanto usado para a transmissão de dados tanto pelo máster quanto pelos slaves. O outro pino é o pino de clock e é controlado pelo máster. Apesar de cada dispositivo possuir seus próprios comandos, a maneira como estes comandos são enviados é padrão e segue o seguinte esquema: O dispositivo máster ajusta a condição inicial; O dispositivo máster envia 7 bits de endereçamento; O dispositivo máster envia o oitavo bit que indica que será feita uma operação de escrita ou leitura. O dispositivo slave envia um sinal de ACK; O dispositivo máster/slave envia pacotes de 8 bits de dados sempre aguardando um ACK do dispositivo slave/máster confirmando a recepção. Caso seja o último pacote, o dispositivo máster encerra a comunicação. Na Ilustração 11 podemos observar o diagrama deste protocolo. 22 Ilustração 11 – Protocolo I2C. 5.1.7.Display Para o projeto da HMI foi utilizado um display alfa-numérico de 2 linhas e 20 colunas. O LCD é utilizado para que o operador possa configurar manualmente o equipamento, navegar entre os menus e fazer leituras de medidas. Na Ilustração 12 podemos ver parte do circuito usado para fazer a interface entre o MSP e o LCD. 23 VDD >>>>> VCC U1A MC74HC244AN 1 2 4 6 8 { LCD_RS LCD_R/W LCD_E VCC 20 A1 A2 A3 A4 Y1 Y2 Y3 Y4 VDD GND 18 16 14 12 VCC 10 50k SN74LVC4245A 2 DIR A8 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1 10 9 8 7 6 5 4 3 1 VCC GND GND GND 23 24 B8 B7 B6 B5 B4 B3 B2 B1 VDD VDD { LCD Dados 14 15 16 17 18 19 20 21 DPY1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1 VEE U3 LCD_D7 LCD_D6 LCD_D5 LCD_D4 LCD_D3 LCD_D2 LCD_D1 LCD_D0 VCC P1 13 12 11 LCD Controle OE VDD VL RS R/W E D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 A K VSS DISP LCD OCM-162 VDD VCC VCC VDD <<<>>> VCC Ilustração 12 – Interface entre MSP e LCD. Para a interface com o display são usados sinais de controle e sinais de dados. Os sinais de controle são unidirecionais, apenas do MSP para o LCD. Como o LCD é alimentado com 5V e não identifica sinais de 3,3V, que é a tensão de alimentação do MSP, como sendo nível lógico alto, um buffer foi utilizado para fazer a interface. O buffer identifica os sinais do MSP de 3,3V em sua entrada como sendo nível lógico alto e como é alimentado com 5V, coloca na saída 5V que é o nível adequado ao LCD. Os sinais de dados ocupam uma porta do MSP e são bidirecionais, ou seja, são utilizados tanto pelo MSP quanto pelo LCD para o envio de dados. Para fazer a interface foi utilizado um buffer bidirecional. A direção do buffer é controlada pelo sinal R/W ( read/write), através do qual o MSP indica se será feita uma operação de escrita ou leitura no LCD. Quando está sendo feita uma escrita, os sinais de 3,3V do MSP passam para o lado do LCD com 5V. Quando é feita uma leitura, os sinais de 5V do LCD passam para o lado do MSP com 3,3V. Neste caso a porta do MSP é configurada como leitura. O potenciômetro P1 é utilizado para ajustar o contraste do LCD. 5.1.8.Teclado 24 Para possibilitar ao operador navegar entre os menus foi projetado um teclado com seis botões. O circuito para o teclado é bastante simples e pode ser observado na ilustração 13. VDD S1 SW-PB S2 SW-PB S3 SW-PB S4 SW-PB S5 SW-PB S6 SW-PB S1 S2 S3 S4 S5 S6 } Entradas Digitais Teclado R12 R13 R14 R15 R16 R17 4K7 4K7 4K7 4K7 4K7 4K7 Ilustração 13 – Circuito do teclado. Quando uma das teclas é pressionada o nível lógico no pino do MSP configurado como entrada passa a ser 1 identificando que a tecla foi pressionada. Considerações sobre como o teclado é lido serão feitas no capítulo 7. 5.1.9.Rotary encoder Para facilitar algumas funções de navegação foi incluído na HMI um rotary encoder, que é uma chave digital giratória com dois pinos de saída, através dos quais o firmware é capaz de identificar para que lado o rotary encoder está sendo girado. O rotary encoder é usado por funções onde há valores que precisam ser configurados pelo usuário. Q uando o usuário gira para a direita o valor é incrementado e quando gira para a esquerda o valor é decrementado. 5.2. Placa driver 25 A placa driver é mecanicamente acoplada no módulo de potência através de um conector de potência e comunica-se com a placa controladora através de um cabo flat. O circuito básico driver de corrente está representado na ilustração 14. 12V 12V RLY1 R1 4k7 D1 1N4148 12V Acionamento RELAY-SPDT Fonte + CN1 R3 3 R6 3k9 VCC 2 3 C1 470uF 3 2 4k7 Q4 Q3 1 1 3 1 Sinal PWM 2 Q1 TIP-142 1 P1 Pot 1 Q2 BC337 1 CON-01 2 R4 1k5 100R R5 R7 10R R2 10R Módulo De Potência U1 1 3 Saída sensor 2 VCC Ip+ 4 OUT GND Ip- CN2 5 ACS750xCA-100 1 CON-01 Fonte - Ilustração 14 – Circuito driver de corrente Para explicar o funcionamento do circuito é necessário fazer algumas considerações: O relê RLY1 é usado para polarizar Q1; Q1 trabalha na região ativa; Q2 trabalha em corte e saturação; Q3 e Q4 exemplificam a arquitetura do módulo de potência; U1 é um sensor de corrente; R2 e R7 são resistores de potência; O equipamento sob teste é conectado entre os terminais CN1 e CN2. Consideremos primeiro a situação em que há um sinal de zero volts na base de Q2, PWM com duty cicle de 0%.Qquando RLY1 for acionado ele polarizará o circuito de Q1, e Q1 terá em sua base aproximadamente 8,5V,que é a tensão no divisor resistivo entre R4 e R6. Esta é a condição em que Q1 terá a maior tensão em sua base e assim fornecerá o 26 máximo de corrente para as bases dos transistores do módulo de potência que por sua vez conduzirão a corrente máxima. Consideremos agora que um sinal de nível lógico 1, PWM com duty cicle de 100%, é aplicado na base de Q2. Q2 entrará no modo de saturação e o circuito se comportará como se o resistor equivalente entre R3 e P1 fosse colocado em paralelo com R6. Isto fará com que a resistência equivalente em R6 diminua e juntamente com ela a tensão na base de Q1. Nesta situação a tensão na base de Q1 chega ao seu valor mínimo e deve fazer com que Q1 entre em corte e, portanto pare de fornecer corrente aos transistores do módulo que potência que também entrarão em corte. A função do sinal PWM aplicado na base de Q2 é fazer com que a tensão na base de Q1 varie entre o valor máximo e o valor mínimo, controlando a corrente que está sendo drenada pelo módulo de potência. Para que a tensão na base de Q2 não fique alternando entre o valor máximo e mínimo o capacitor C1 de valor elevado é colocado em paralelo com R6. Ele evita variações de alta freqüência na tensão e faz com que ela fique estável em um valor intermediário dependendo do duty cicle do PWM. Para ilustrar o funcionamento do circuito, admitimos que um sinal PWM como o da ilustração 15 é aplicado na base de Q2. Q uando o sinal está em nível 1, Q2 satura aplicando em C1 o valor mínimo de tensão. Quando o sinal vai para nível 0 Q2 entra em corte e C1 fica exposto ao valor máximo de tensão. Variando-se o duty cicle do PWM variamos o tempo que C1 fica exposto ao valor máximo e mínimo de tensão e após alguns períodos T o capacitor se carrega com uma tensão entre o máximo e o mínimo. 1 0 T Ilustração 15 – Exemplo de sinal PWM. Em série com o módulo de potência é colocado um sensor de corrente que funciona como uma realimentação para o sinal PWM. Quando a corrente atual no módulo de potência é menor que a desejada, diminuímos o duty cicle do sinal PWM, o que causa um aumento de corrente. O sensor de corrente é lido novamente e o procedimento repetido até que se atinja a corrente desejada. 27 A Ilustração 16 é uma foto de osciloscópio. O sinal DC na parte superior é o sinal na base de Q1 e tem seu valor medido na parte inferior da figura como Vbase(2) 1,75V. O sinal PWM é o sinal aplicado na base de Q2 e tem seu duty cicle medido como duty cicle(1) 45,33%. Podemos compará-la com a Ilustração 17, onde o duty cicle do sinal PWM foi diminuído para 18,66 %, causando um aumento na tensão na base de Q1 para 2,68V e consequentemente um aumento na corrente do módulo de potência. Ilustração 16 – Tensão de base e sinal PWM 28 Ilustração 17 - Tensão de base após alteração no duty cicle. 5.3. Módulo de potência A arquitetura do módulo de potência já foi apresentada na ilustração 14. Para o módulo de potência utilizado atualmente são usados oito transistores de potência cujas características estão Ilustradas na tabela 1. Parâmetro Tabela 1 - Valores máximos de operação do TBJ de potência Valor Unidade Tensão coletor-emissor 140 [V] dc Corrente de emissor 25 [A] dc Potência a 25ºC 250 [W] Queda acima de 25ºC 1,43 [W/ºC] Temperatura de operação -60 a +200 [ºC] Na tabela 1 podemos observar que a potência máxima dissipada pelo transistor varia de acordo com a temperatura do mesmo. Isto é controlado no firmware lendo o sensor de temperatura e calculando-se qual a potência máxima do transistor em 29 dado instante. Caso esta potência seja excedida, o usuário recebe um alarme e a corrente no módulo é automaticamente diminuída. A Ilustração 18 é uma foto do módulo de potência, junto com a placa driver. Para aumentar a troca de calor entre os transistores e o ar, eles foram parafusados ao dissipador e, com intuito de aumentar a condução de calor entre os transistores e o dissipador, a área entre eles foi coberta por paste térmica. Dentro do equipamento os módulos são posicionados lado a lado na frente de ventiladores que realizam a convecção forçada, aumentando a dissipação de calor. Ilustração 18 – Foto Módulo de potência e placa driver. 30 6. ESTRUTURAÇÃO DO FIRMWARE Neste capítulo será apresentada a estrutura básica do firmware e o modo como foram projetadas as principais funções. 6.1. Estruturação dos dados As principais variáveis utilizadas foram implementadas na forma de estruturas. C ada módulo e cada grupo tem três tipos básicos de estruturas: estruturas de alarmes, estruturas de medidas e estruturas de configuração. Estes três tipos de estruturas não contém os mesmos tipos de variáveis para módulos e grupos, porém sua função principal é a mesma. Estruturas de alarmes contêm as variáveis utilizadas pelos alarmes como flags e histerese de cada tipo de alarme. Estruturas de medidas contem todas as medidas de determinado módulo ou grupo, como corrente, tensão, temperatura e potência. As medidas dos grupos são obtidas sempre a partir das medidas dos módulos que estão operando naquele grupo. Para isso existe uma função no loop principal do firmware que verifica em que grupo os módulos trabalham e realiza a atualização das medidas dos grupos. Caso o software de gerência do equipamento estiver sendo usado, o MSP envia periodicamente para o software as estruturas de medidas e as estruturas de alarmes. Estruturas de configuração contêm os parâmetros configuráveis, como máxima tensão, máxima corrente, grupo de trabalho e outras. As estruturas de configuração podem ser alteradas pelo usuário e a cada alteração realizada elas são salvas na memória flash de informação do MSP que é recuperada cada vez que o equipamento é ligado. Caso o software de gerência estiver sendo usado, o usuário pode dar um comando para que o software leia as configurações atuas no equipamento e caso o usuário queira alterá-las, pode fazê-lo e depois executar um comando para que o software envie ao equipamento as novas configurações. 6.2. A estrutura MMI 31 Com o intuito de facilitar a implementação dos diversos menus nos quais o usuário pode navegar utilizando o teclado e, para que o firmware ficasse bem claro e estruturado, as funções de HMI foram projetadas seguindo o modelo MMI. MMI significa main machine interface e é basicamente uma máquina de estados. Toda tela do display é um estado na máquina de estados e em cada estado as teclas têm uma função diferente que está definida dentro daquele estado, o que permite ao usuário navegar entre estados. A cada 60m uma função denominada MMI é chamada no loop principal. Uma das vantagens deste tipo da estrutura é que não é preciso fazer o debounce das teclas de forma independente, já que a própria estrutura o faz. Observe na Ilustração 19 o fluxograma desta função. Ilustração 19 – Fluxograma função MMI 6.3. A função Main 32 A função Main é o loop principal do firmware, um loop infinito. Na função Main são executadas as funções de alto nível do firmware. Estas funções podem ser observadas na Ilustração 20. MAIN Inicializa máquina de estados Contador MMI estourou? SIM Flash já foi gravada? NÃO Carrega configuração padrão Executa MMI Salva na flash Atualiza variáveis de medidas dos grupos SIM Lê configuração da flash Configura Sensores de temperatura Atualiza sinal PWM Configura alarmes Controla Tensão, corrente, potência e temperatura dos módulos Módulo presente? Controla Tensão nos grupos NÃO Próximo módulo SIM Próximo módulo Calibra sensor de corrente do módulo Atualiza Leituras de temperatura Loop Infinito NÃO Flags de comunicação setados? SIM Executa funções de comunicação 33 NÃO Ilustração 20 – Fluxograma da função MAIN 34 7. SOFTWARE DE GERÊNCIA O software de gerência foi desenvolvido em plataforma LabWindows e se comunica com o equipamento através de uma interface RS-232. O objetivo do software de gerência é permitir a configuração prática e fácil do equipamento, bem como a leitura de medidas de forma simplificada. O protocolo de comunicação usado entre o equipamento e o software de gerência pode também ser implementado em qualquer outro equipamento externo que necessite gerenciar a carga eletrônica. Para ilustrar a facilidade oferecida pelo software de gerência podemos observar a ilustração 21, uma cópia da tela de configuração dos grupos. Em uma única tela o usuário pode, através de um comando carregar, as configurações atuais da carga eletrônica, alterá-las se desejar e em seguida enviar a nova configuração à carga. Um processo que seria com certeza mais trabalhoso de ser feito através da HMI, que possui recursos limitados. Ilustração 21 – Tela de exemplo do software de gerência 35 8. ANÁLISE DE CUSTOS A Tabela 2 é uma estimativa de custos para o equipamento, lembrando que os custos para produção podem ser reduzidos. Componente Tabela 2 - Estimativa de custos para o equipamento Quantidade/Equipamento Custo aproximado Módulo de potência 4 R$ 130,00 Placa driver 4 R$ 30,00 Placa controladora 1 R$ 150,00 Mecânica 1 R$ 200,00 Total R$ 990,00 Na tabela 3 os preços das cargas eletrônicas Agilent com características similares as do produto desenvolvido, lembrando que os preços estão em dólares e não são levados em conta os impostos de importação. Comparando as tabelas 2 e 3 podemos ver que o equipamento é economicamente muito mais acessível do que as cargas que seriam adquiridas caso o equipamento não tivesse sido desenvolvido. Tabela 3 - Custo das cargas eletrônicas Agilent Product GPIB Type N3300A Yes N3301A Yes Input Voltage Price * Input Current Power Mainframe 0-240 V 0-360 A 1,800 W from US$ 2,312 Mainframe 0-240 V 0-120 A 600 W from US$ 1,965 Considerando que não é o objetivo do projeto implementar todos os recursos disponíveis em cargas eletrônicas no mercado, mas sim apresentar uma solução economicamente acessível e que cumpra os requisitos dos testes realizados, o custo do projeto ficou entre os valores esperados e pode ser absorvido pelos clientes nos quais o desenvolvimento foi focado. 36 9. CONCLUSÃO Durante o processo de desenvolvimento o autor adquiriu conhecimento e familiaridade com as áreas envolvidas no projeto. O protótipo desenvolvido serviu para validar as idéias do projeto, para a realização de testes e constatações práticas. P ermitiu também o desenvolvimento do firmware e a validação do software de gerência. O protótipo será posteriormente integrado à bancada de testes de alternadores e apresentado à empresa Gauss que avaliará se todas as funcionalidades necessárias à sua aplicação foram implementadas. Dado o caráter flexível que o equipamento adotou, aplicações em áreas de geração de potência para telecomunicações, testes de fontes e testes de equipamentos automotivos tornaram-se viáveis. A partir do que foi exposto acima, o autor pode-se concluir que o objetivo do projeto foi cumprido e os obstáculos encontrados durante o desenvolvimento superados com sucesso. Uma próxima etapa seria realizar um re-layout da placa controladora para adaptá-la a este novo perfil do projeto. Na opinião do autor alguns recursos poderiam ser adicionados ao equipamento como sinais para verificar a conexão entre placas, relês poderiam ser instalados na placa controladora com o intuito de p a r a controlar o acionamento dos ventiladores. Também poderia ser instalado um relé onde o usuário possa conectar um alarme externo como uma lâmpada ou uma sirene. Finalmente um buzzer poderia ser adicionado ao circuito para gerar um alarme sonoro de modo a chamar rapidamente a atenção do operador. 37 10. BIBLIOGRAFIA [01] SEDRA, Adel e SMITH, Kenneth. Microeletrônica. Editora Makron Books. 2000. São Paulo. [2] ZELENOVSKY, Ricardo e MENDONÇA, Alexandre. PC: Um Guia Prático de Hardware e Interfaceamento. 2002. Rio de Janeiro. [3] SCHILDT, Herbert. C completo e total. Editora Makron Books. 1997. São Paulo. [4] Granberg, Tom. Handbook of digital techniques for high speed design. Editora Prentice Hall. 2004. 38