1 O CÉU DO VERÃO O céu do verão contém as constelações mais belas, assim como muitas atrações como aglomerados abertos, estrelas duplas, nebulosas difusas. A riqueza do céu se deve ao fato da Via Láctea ser visível durante a noite, percorrendo o céu desde Perseus até Puppis, enchendo-o de estrelas de magnitude 1 e 2, bem como de outras com cores variadas, muitas delas próximas uma da outra, oferecendo contraste de cor quando observadas com binóculos. As constelações do Zodíaco nessa época, são, de oeste para leste Aries, Taurus e Gemini. No nal de março, Aries dá lugar a Cancer, que aparece a leste. As outras constelações mais interessantes são: Órion, Cão Maior, Lebre. O número de objetos que podemos observar nelas é enorme. Abaixo, apresentaremos algumas sugestões: A - Constelação do Touro: Taurus faz parte das constelações mais antigas. Ela representa o touro em que Zeus se disfarçou para conquistar o amor de Europa, lha do rei Agenor da Fenícia. Europa gostava de se divertir com suas amigas na praia; Zeus mandou seu lho Hermes transferir o gado das colinas para um local próximo da praia onde Europa costumava car. Disfarçado como um touro branco com chifres dourados, Zeus se misturou com o gado. Europa, ao ver o belo touro aproximou-se dele e começou a acariciá-lo. Zeus deitou-se na areia, permitindo que Europa o montasse. O touro então foi velozmente para o mar, carregando Europa até a ilha de Creta, onde Zeus revelou sua verdadeira identidade, seduzindo a princesa. Ele deu a ela muitos presentes, inclusive um cão que posteriormente formaria a constelação do Cão Maior. Outra versão sobre a origem de Taurus é a de que Zeus, para conquistar Io, transformou-a em uma novilha para que sua mulher, Hera, não desconasse das suas intenções. Mas Hera suspeitou da trama e mandou Argus, que tinha cem olhos, vigiar a novilha. Zeus, então, mandou Hermes matar Argus para liberar a novilha. Ao saber disso, Hera cou furiosa e mandou uma mosca varegeira atacar a novilha, que se atirou nio mar e fugiu. Os objetos interessantes da constelação, visíveis a olho nu e com binóculo, são: 1 - Plêiades: As Plêiades são um aglomerado aberto, conhecido também como M45 (M do célebre catálogo de Messier). Situado na constelação de Taurus, ele pode ser visto a olho nu como um bolinho de estrelas ao noroeste de Orion. Em lugares escuros, um olho com visão normal costuma distinguir 6 ou 7 estrelas. Com binóculo, há 9 estrelas que se sobressaem por seu brilho dentre uma miríade de estrelas mais fracas. Figura 1: Pleiades (M45) 2 Na gura acima, da esquerda para direita e de baixo para cima, as estrelas mais brilhantes são: Atlas, Alcyone, Pleione, Asterope, Maya, Taigeta, Electra e Caelano, vistas através de uma nebulosidade que, na verdade, é uma nebulosa de reexão que se estende pelo aglomerado. Logo o lado e um pouco abaixo de Asterope, está a estrela 22 Tau. As características dessas estrelas estão na tabela abaixo, onde guram a magnitude aparente visual, a magnitude absoluta visual, a distância em anos luz, o tipo espectral e o número do catálogo de Flamsteed (F.N.): Nome mv Mv dist(a.l.) Tipo Spec. F. N. Atlas 3.60 -1.75 382.36 B7III 27 Tau Pleione 5.05 -0.29 381.92 B8Ve 28 Tau Alcione 2.85 -2.61 403.16 B7III 25 Tau Merope 4.10 -1.23 380.14 B7III 23 Tau Electra 3.70 -1.77 404.66 B6III 17 Tau Caelano 5.45 +0.14 377.06 B7V 16 Tau Maya 3.85 -1.50 383.26 B6.5 20 Tau Taygeta 4.30 -1.19 409.23 B6IV 19 Tau Asterope 5.75 + 0.46 371.90 B8V 21 Tau 6.40 +1.07 380.14 A0Vn 22 Tau A distância das Plêiades é ainda motivo de discussão, mas o valor mais recente, medido pelo satélite Gaia, é de 136 pc ou 443 anos luz. O aglomerado tem a idade de cerca de 78 milhões de anos. As estrelas visíveis a olho nu se distribuem por cerca de 7 a 8 anos luz, mas o aglomerado, suposto ser constituído por mais de 500 estrelas, ocupa um volume de 30 anos luz de raio médio. As Plêiades, por serem facilmente visíveis, ocupam um papel importante na Astronomia e na Mitologia desde a Antiguidade. De acordo com a Mitologia grega, elas representam as sete irmãs, lhas de Atlas e Pleione. Seis delas tiveram lhos com os deuses, e uma com um mortal: Electra, Maya e Taygeta se relacionaram com Zeus; Alcyone e Caelano com Poseidon, e Asterope com Ares. Merope teve um lho com um mortal Sisyphus e, por isso, é a mais fraca quando vista a olho nu (Merope é a estrela mais envolta em nebulosa das Plêiades). Na Astronomia, ele é um alomerado que serve de padrão para a escala de distâncias na Galáxia. Há várias histórias na Mitologia sobre as Plêiades, a mais citada é aquela que Pleione estava viajando através da Beócia com suas lhas quando Órion, ao vê-la, desejou-a e passou a persegui-la. As lhas se queixaram a Zeus que as colocou no céu junto com Órion. Ainda hoje, Órion, situado ligeiramente a leste das Plêiades, parece continuar a perseguição. As Plêiades também tiveram uma importância como sinalizadoras meteorológicas. Por exemplo, o poeta Hesíodo, no seu livro Os trabalhos e os dias", nos diz que quando ocorre o nascer heliacal das Plêiades (isto é, o nascer junto com o Sol), é o momento do agricultor começar a colheita; quando ocorre o ocaso heliacal é o momento para ele começar a semeadura. O nascer heliacal ocorre em maio, que era também o momento em que os gregos começavam a navegar no Mediterrâneo; o ocaso heliacal, em novembro, marca o início das tempestades de inverno que tornavam a navegação perigosa. 2 - Hyades: Situado entre as Plêiades e os ombros de Órion, o aglomerado aberto Hyades forma a base do chifre do Touro, que pode ser facilmente identicado a olho nu. As Hyades estão à distância de 47 pc ou 153 anos luz do Sol, sendo o segundo aglomerado mais próximo de nós. Ele ocupa um volume aproximadamente esférico, com as estrelas se estendendo por uma região de raio de cerca de 2.7 pc. A idade do aglomerado é 630 milhões de anos. 3 A primeira gura abaixo mostra uma foto de grande escala das Hyades. A outra é um mapa das Hyades; na parte de cima gura o chifre do Touro, com a Hyades marcadas por um círculo; no círculo maior, um detalhe das Hyades do mapa superior; nos circulos inferiores à direita, dois mapas das Plêiades, com a identicação das principais estrelas. O círculo inferior à esquerda mostra a posição da Nebulosa do Caranguejo. Figura 2: Hyades Figura 3: Mapa das Hyades (The observer's star atlas - E. Karkoschka) 4 A estrela mais brilhante da região das Hyades é Aldebaran (α Tau), uma estrela gigante alaranjada (tipo espectral KIII), localizada a 65.3 anos luz do Sol. Ela é 44,2 vezes maior e 425 vezes mais luminosa que o Sol. Ela é também uma estrela variável. Por causa de sua extensão, o aglomerado é melhor observado com binóculos com aumentos 7x. A estrela θ Tau é uma dupla com um contraste de cor muito bonito: θ1 é laranja e θ2 é branca. 00 Como são separadas uma da outra de 337 , elas são fáceis de serem observadas. 3 - Outros aglomerados: NGC 1647 - No mesmo campo das Hyades e a 4◦ a nordeste de Aldebaran, esse aglomerado, distante do Sol de 1600 anos luz, aparece em binóculos como um conjunto de 15 a 20 estrelas espalhadas em grupos que superpõem a um fundo leitoso de brilho fraco, causado pelas estrelas não resolvidas do aglomerado. NGC 1746 - Outro aglomerado interessante, situado mais a nordeste de NGC 1647. Ele é grande, com cerca de 450 de extensão, e muito brilhante para ser observado com binóculos. Cerca de 20 estrelas são bem visíveis Embora não pertencente às Hyades, é muito interessante observar o resto de supernova M1, conhecido como a Nebulosa do Caranguejo, resultado da explosão de uma estrela em 1054. Este objeto localiza-se perto da estrela ζ Tau (ver mapa da gura 3 acima). É difícil de ser observado, mas em binóculos 12x50 ou maiores pode-se ver um objeto difuso e alongado. A origem do nome Hyades tem sido objeto de discussão desde a Antiguidade. Na mitologia, o nome está associado à meio-irmãs das Pleiades, lhas de Atlas e da oceaníade Aethra. Elas tinham um irmão mais velho Hyas que era um caçador e que foi morto por uma leoa. caram inconsoláveis e morreram de tristeza. As irmãs Zeus se apiedou da dor delas e as colocou no céu. Segundo Hesíodo, as Hyades mitológicas eram cinco Phaestyle, Coronis, Cleia, Phaeo e Eudora provavelmente associados a estrelas mais brilhantes do aglomerado. B - Constelação do Órion: O Orion é talvez a constelação mais bela do céu, apresentando muitos objetos accessíveis a binóculos, desde estrelas duplas a nebulosas. sendo citada por Homero e Hesíodo. Ela é também uma das constelações mais antigas, Originalmente criada pelos sumérios que viam nela o herói Gilgamesh lutando com um touro (no céu, Orion parece estar fazendo isso, embora na mitologia de outras civilizações isso não é citado). A origem de Orion e sua morte são objeto de várias descrições na miotologia grega. Uma delas nos diz que Orion era lho de Poseidon e da mortal Euriale, lha do rei Minos de Creta. Quando estava na ilha de Chios, Orion tentou cortejar Merope, lha do rei Oenopion, que o recusou. Uma noite quando estava bêbado, Orion tentou novamente conquistar Merope, mas Oenopion ao saber do fato cou furioso e mandou arrancar os olhos de Orion, expulsando-o de Chios. Orion foi então para a ilha de Lemnos, onde Hephaisto tinha sua forja. Este cou comovido com o destino de Orion e deu a ele Cedalion, um de seus assistentes, para servir de olhos para ele. Cedalion levou Orion nas suas costas para o leste, obedecendo a um oráculo que disse que Orion voltaria a enxergar quando recebesse os raios do Sol nascente. Chegando no leste, os raios de Sol nascente realmente restauraram a visão de Orion. As histórias sobre a morte de Orion são conitantes. Uma delas, contadas por Eratóstenes e Hyginus é que Orion se dizia o maior caçador de todos . Ele disse a Artemis (deusa da caça) e a mãe dela, Leto, que ele podia matar qualquer animal na Terra. A Terra, então, cou indignada com a imodéstia de Orion e, de uma rachadura na Terra, fez sair um escorpião que picou Órion e o matou. Por isso, as constelações de Órion e do Escorpião estão em posições diametralmente no céu. O Escorpião começa a nascer no leste quando Órion começa a se por no oeste. 5 No céu, Órion é facilmente identicado pelo quadrilátero de estrelas brilhantes envolvendo três outras alinhadas (as três Marias). Na latitudes do Brasil, ela se projeta no céu como uma constelação muito grande. Ela é uma das poucas constelações em que a estrela mais brilhante não é chamada de Alfa. A mais brilhante é a β Ori, chamada de Rigel (do árabe rijl, que signica pé). Rigel, uma estrela supergigante azul, ca diagonalmente oposta a Betelgeuse (α Ori), que é uma estrela supergigante vermelha. Ela representa o joelho esquerdo de Órion. Enquanto Betelgeuse representa o ombro direito de Órion, o ombro esquerdo é representado por gamma Ori, conhecida como Bellatrix (a guerreira mulher); seu joelho esquerdo, por kappa Ori, conhecida como Saiph. A cabeça é representada pelo pequeno triângulo formado pelas estrelas Ori e φ λ Ori. O cinturão de nosso herói é constituído pelas três Marias: de oeste para leste, elas são (Mintaka), Ori (Alnilam), e ζ δ Ori Ori (Anitak). Esses nomes são derivados do árabe e se relacionam com a palavra cinturão. Como dependurada nesse cinturão de estrelas há uma região reta e nebulosa, conhecida como a espada de Orion composta pela estrela ι Ori e a grande nebulosa de Órion. A mão esquerda da gura levanta uma massa composta pelas estrelas Ori, e pela dupla χ Ori. o Ori, ν Ori, ξ Ori, 57 Ori, 64 O braço direito, voltado para a cabeça do Touro, segura um escudo de pele de leão, constituído por um arco de estrelas com Ori, µ Ori, 6 Ori e as seis estrelas π 15◦ de comprimento, com as estrelas 11 Ori, 15 Ori. Órion não é um ajuntamento fortuito de estrelas; na constelação existe a chamada Associação OB1 de Órion. Esta é um conjunto de estrelas formadas na enorme nuvem interestelar que envolve a constelação e que possuem uma ligação física entre sí. Uma associação é diferente de um aglomerado porque, enquanto estes são uma conguração gravitacionalmente estável, uma associação estelar não o é, e suas estrelas se afastam uma da outra com o tempo. As estrelas δ Ori, Ori, ζ Ori, β Ori, κ Ori, σ Ori, η Ori e λ Ori fazem parte de Orion OB1. Elas são gigantes ou supergigantes azuis jovens (tipo espectral O e B) e muito brilhantes, cujas distâncias ao Sol variam entre 900 e 2000 anos luz. Com exceção de duplas ou múltiplas. Delas, apenas δ Ori e σ κ Ori e Ori, elas são estrelas Ori têm companheiras visíveis com binóculos de aumentos 10x. Mas, com telescópios mesmo pequenos, ι Ori, λ Ori e σ Ori podem ser vistas com suas companheitras (embora esta última seja uma estrela quádrupla, ela é vista como dupla nesse caso). Betelgeuse (à distância de 643 anos luz) e Bellatrix (à distância de 250 anos luz) não fazem 6 parte da Associação. A espada do Órion é constituída pelo aglomerado aberto NGC 1981, a nebulosa NGC 1973, M43, a grande nebulosa M42 e ι Ori (gura 5). Figura 4: a Espada de Órion O objeto mais famoso e interessante da constelação é, sem dúvida agrande nebulosa de Órion (NGC 1976, M42), que também é o objeto mais fotografado do céu. Figura 5: NGC 1976 A nebulosa é um dos objetos difusosmais fáceis de serem observados a olho nú. Ela se mostra como uma névoa em torno da estrela θ Ori de magnitude 5. Nos binóculos 10x50 ela pode ser quase inteiramente vista tal como nas fotograas. A parte mais brilhante da nebulosa está na sua área central norte, onde se encontra dupla visual θ Ori, cujas componentes são separadas por 13500 permitindo a observação de ambas com binóculos. 7 A estrela 13500 . θ Ori na realidade é um complexo estelar: ela é dupla, com suas componentes separdas por Ambas as componentes são estrelas múltiplas, θ1 sendo quádrupla e θ2 , tripla. θ1 constitui o famoso trapézio de Órion mas só pode ser separada com aumentos maiores que 60x. Entretanto, um binóculo 10x50 muito bem ajustado no foco e mantido bem rme, sem trepidação, mostra a estrela na forma alongada. A estrela θ2 é interessante porque é uma binária eclipsante com uma companheira provavelmente sendo um buraco negro. A estrela ι Ori, localizada na ponta da espada, tem uma cor azul-prateada. sudoeste dessa estrela, encontra-se a binária visual binóculo. Com uma separação de 3600 , Σ474, Apenas a 80 a uma das mais belas do céu visíveis com as duas estrela de tipo espectral B e magnitudes 5.5 e 6.5 podem ser vistas com binóculod 7x. A extremidade norte da espada é constituída pelo aglomerado NGC 1981, com cerca de 10 estrelas de magnitudes entre 8 e 10. A aproximadamente na metade da distância entre NGC 1981 e M42 ca a estrela 42 Ori, de magnitude 4.7. Em volta dela, e da estrela 45 Ori encontra-se a nebulosa de reexão NGC 1977, a alguns minutos de arco para leste. Ela é visível em binóculos 10x50 como uma área difusa de 300 de comprimento na direção leste-oeste. Outros objetos en Orion: NGC 1662 - aglomerado aberto no extremo oeste de Orion, perto da estrela π1. Tem magnitude 0 6.4 e extensão de 20 ; Collinder 65 - aglomerado aberto grande e brilhante no extremo norte de Órion, com 2200 de dimensão. As estrelas têm magnitudes entre 6 e 8 eformam um desenho de um dimante; δ Orionis - Mintaka é uma bela dupla. A primária tem magnitude 2 e a secundária, 6. Ambas são do tipo espectral B. A secundária está a quase Collinder 69 - aglomerado aberto que envolve 0 M78 - nebulosa com 6 × 40 situada cerca de 10 λ a nordeste da primária; Ori, com estrelas de magnitudes entre 5 e 9; 2.◦ 3 de Alnitak, na metade da distância desta estrela a 56 Ori. Em binóculos 10x ou mais, ela aparece com um pequeno disco brilhante no centro. Ela é uma nebulosa de reexão que brilha devido a duas estrelas de magnitudes 10.5 dentro dela. É o unico objeto desse tipo que é fácil de ser observado em binóculos por causa de seu brilho grande. α Ori - Embora todas as estrelas pareçam pontos de luz, Betelgeuse é um objeto a parte. Trata- se de uma estrela supergigante vermelha, variável semirregular, de tipo espectral M1-M2 e classe de luminosidade I-Iab. Sua magnitude aparente visual varia entre 0 e 1.3. Situada a 643 anos luz de distância, ela é uma das 5 estrelas que nos permitem determinar seu raio diretamente com observações. O valor obtido mais recentemente é de 534 milhões de quilômetros (3.6 Unidades Astronômicas de distância). Se ela fosse o nosso Sol, ela englobaria os planetas Mercúrio, Vênus, Terra, Marte e se estenderia para além do cinturão de asteroides! Sua luminosidade varia entre 90 000 e 150 000 vezes a luminosidade do Sol. C - Constelação do Cão Maior: É uma constelação conhecida desde a Antiguidade. Aratus se referiu a ela como o cão que de guarda do Órion. Ela possui a estrela mais brilhante do céu Sirius muito importante para os egípcios pois ela anunciava as enchentes do Nilo. Os mitologistas Erathostenes e Hyginus a relacionam com o cão Laelaps, tão rápido que nenhuma caça poderia escapar de suas garras. Uma versão da história de Laelaps nos conta que ele foi presente de Zeus a Europa, cujo lho, Minos, rei de Creta, o passou para Procris porque esta o teria curado de uma doença. Procris recebeu junto com o cão uma lança que nunca errava o alvo. Essa lança foi a causa da morte de Procris porque Cephalus, marido de Procris, foi caçar, e confundindo sua 8 mulher com a caça, atirou-lhe a lança matando-a. Depois da morte de Procris, Cephalus levou o cão para Thebas, que estava com seus campos destruídos por uma raposa que nenhum animal conseguia alcançar. Assim, o cão infalível passou a perseguir a raposa intocável e por muito tempo a perseguição não levou a nada, até que Zeus os transformou em pedra e colocou o cão no céu. Cão Maior possui 2 estrelas de magnitude 1, três de magnitude 2 e três de magnitude 3. Sirius constitui o coração do cão; de Sirius até linha de δ a γ, θ e ι δ representa o corpo, η constitui o rabo. formam a cabeça; β desenha uma pata anterior. Uma linha reta enquanto que a linha que vai de δ a forma a pata posterior; a A constelação é bem visível a olho nu e com binóculos 7x, principalmente a região traseira do cão, com as estrelas de magnitude 3 e 4 η, σ e as duas estrelas o1 e o2 ω, σ, τ e o. A riqueza dessa região não é acidental pois δ, constituem a Associação do Cão Maior, situada a 2500 anos luz do Sol. Essas estrelas são supergigantes muito luminosas e apresentam um contraste de cor bastante interessante. A estrela subgigante não faz parte da Associação pois está à distância de 680 anos luz, mas se adiciona ao conjunto para aumentar o contraste de cores na região. A constelação possui alguns objetos interessantes (aglomerados, estrelas duplas) que podem ser apreciados com binóculos de 7x ou maiores: Sirius: É a marca da constelação. Sua magnitude aparente é -1.45 tornando-a a de maior brilho aparente no céu. Sua magnitude absoluta é +1.46 e sua distância é de 8.7 anos luz. Ela é uma estrela dupla, cuja componente é uma anã branca; seu raio é 20% e sua massa, 98% do Sol. A magnitude aparente de Sirius B é +8.7, cerca de 10 000 vezes menor que a de Sirius A, o que a torna muito difícil de ser observada, pois a separação angular entre as duas estrelas varia de 300 (quando Sirius B 00 está no periastro) a 11 (quando está no apoastro). Esses valores exigem telescópios de no mínimo 30 cm de abertura para a observação. O período de revolução de Sirius B em torno de Sirius A é de 50 anos e último periastro ocorreu em 1994. Outras estrelas duplas: ζ com um separação de 17600 , kappa com um separação de 36500 , eta com 00 um separação de 179 . Há outras duplas que podem ser vistas com telescópios mesmo pequenos. NGC 2287 (M41) - Aglomerado aberto com diâmetro aparente de 380 é um dos melhores aglomerados para binóculos. Em instrumentos 7x, aparece como uma dúzia de estrelas brilhando como saras 9 sobre um fundo negro. Muitas parecem combinações de estrelas duplas ou múltiplas. Quando resolvido completamente, tem cerca de 80 estrelas. Collinder 140 - aglomerado brilhante, esparso, com uma forma triangular, com cerca de 30 estrelas de magnitudes indo de 5 a 9. NGC 2362 - aglomerado pequeno e compacto em volta de τ CMa. As cerca de 40 estrelas não aparecem bem em pequenos aumentos porque cam ofuscadas pela luz da esrela τ CMa. D - Constelação da Lebre: Situada aos pés de Órion, a Lebre é uma constelação pequena com poucos objetos para serem observados. De cordo com Erathostenes, Hermes colocou a lebre no céu porque ela era um animal veloz. Já Hyginus nos conta uma outra história, com fundo moral. Segundo ele, não havia lebres na ilha de Leros até que um jovem touxe uma lebre prenha para a ilha. Pouco tempo depois os habitantes criavam esses animais e o número deles cou tão grande que eles passaram a comer as plantações e levaram a população da ilha a passar fome. Os habitantes, então, reuniram-se e expulsaram todas as lebres da ilha e colocaram a imagem de uma lebre no céu para lembrarem que as coisas boas duram pouco. Os objetos accessíveis a binóculos na constelação são: R Lep - no mapa indicada por R(c), no oeste da constelação, é uma estrela variável de longo período, com uma cor vermelha viva. A magnitude varia entre 5.5 e 11.7 em 432 dias. O espectro indica que ela é uma estrela extremamente rara de carbono (gigantes vermelhas com carbono no espectro). M79 (NGC 1904) - aglomerado globular que aparece como um objeto difuso. Ele só pode ser resolvido em estrelas com telescópios maiores que 15cm de abertura. NGC 2017 - Pequeno aglomerado que os binóculos revelam apenas 4 estrelas de magnitudes entre 6 e 9 e com cores de amarelo e laranja até o azul. Essas estrelas pertencem à estrela múltipla h 3780. γ Lep - uma estrela dupla esplêndida com uma primária de magnitude 3 amarela e uma secundária de magnitude 6 que aparece como um ponto laranja. Separadas por bonitas duplas do céu. D - Constelação de Gêmeos: 9600 , elas formam uma das mais 10 Gêmeos é caracterizada pelas estrelas Castor (α Gem, m=1.6) e Pollux (β Gem, m=1.2), muito brilhantes e que representam as cabeças dos gêmeos de mesmo nome. embora Pollux seja mais brilhante, ela não é a α, É interessante notar que, como é costume nomear as estrelas. A mitologia nos conta que Castor e Polydeuces (Pollux, no Latin) eram lhos de Leda, esposa de Tyndareus, rei de Esparta. Entretanto, enquanto Pollux era lho de Zeus e, portanto, imortal , Pollux era lho de Tyndareus e, portanto, mortal. Eles eram gêmeos porque Zeus visitou Leda sob a forma de um cisne (representado no céu pela constelação do mesmo nome) e, na mesma noite, ela teve relação com Tyndareus. Leda mais tarde deu a luz a quatro lhos: Polydeuces e Helena (a de Troia), lhos de Zeus, e a Castor e Clytemnestra, lhos de Tyndareus. Castor e Pollux eram muito parecidos, se vestiam iguais e eram inseparáveis. Castor era um cavaleiro e guerreiro, e Pollux, um grande lutador de box. Ambos participaram da expedição dos Argonautas. Uma versão da história dos dois irmãos nos conta que eles brigaram com outros dois gêmeos, Idas e Lynceus, pela posse de Phoebe (noiva de Idas) e Hilaria (noiva de Lynceus). Castor e Pollux raptaram as duas e foram perseguidos pelos outros gêmeos. Houve luta e Lynceus matou Castor. Pollux em represália atacou e matou Lynceus, sendo atacado por Idas, que foi repelido por um raio enviado por Zeus. Pollux cou muito abalado com a morte de Castor e pediu a Zeus que os dois pudessem compartilhar a imortalidade, desejo que Zeus satisfez, colocando-os no céu abraçados, formando a constelação de gêmeos. Castor (ao norte) e Pollux, cabeças dos gêmeos, cabem dentro do campo de um binóculo 7x50, formando um belo contraste de cor; Pollux (distente de 35 anos luz) é uma estrela alaranjada do tipo espectral KIII enquanto que Castor (a 45 anos luz de distância) é branco-azulada, de tipo espectral A. Castor é uma binária visual cujas componentes têm magnitudes 2.0 e 2.9. Cada uma delas, por sua vez, é uma binária espectroscópica. Castor tem uma outra companheira, distante de 7300 do par que, por sua vez, é uma binária espectroscópica. Isso torna Castor uma estrela sextupla. Um contraste de cor interessante é o produzio pelas estrelas η, µ e gamma nos pés dos gêmeos. As duas primeiras são do tipo espectral MIII e, portanto, avermelhadas, enquanto que a últma é uma estrela A0IV branco-azulada. η está a 200 anos luz de nós, µ a190, e gamma a 57 anos luz. Outros objetos interessantes em Gêmeos são: M45 (NGC 2168) - Localizado no pé de Castor e a 2800 anos luz do Sol, é um aglomerado aberto dos mais bonitos do céu, podendo ser visto a olho nu em noites limpas. Em pequeno aumento, a meia dúzia de estrelas mais brilhantes se sobrepõem a um fundo brilhante formado pelas cerca de 200 outras estrelas do aglomerado. 11 NGC 2302 - Também conhecida como a Nebulosa do Esquimó é uma das nebulosas planetárias mais brilhantes do céu de verão. Com sua magnitude 8 e diâmetro aparente de 1300 , é fácil de ser vista com binóculo. Em pequeno aumento ela parece a companheira ao sul de uma binária de magnitude 9 muito próxima dela. O que a distingue de uma binária é o seu disco pequeno e azulado, muito mais colorido que as estrelas em volta dela. Em binóculos com aumento maior revela-se sua estrela central de magnitude 10. O nome de esquimó decorre do fato da nebulosa possuir dois anéis de nebulosidade separados por uma zona escura que lembram um esquimó com seu capuz. A constelação é rica em estrelas variáveis, muitas delas podendo ser observadas com binóculos ao longo de seu ciclo.