PDF - Língua Brasil

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NÃO TROPECE NA LÍNGUA nº 164
3ª Edição
por Maria Tereza de Queiroz Piacentini *
FECHE A PORTA – PRONÚNCIA FECHADA DO E
--- Gostaria de ver publicada uma lista com os verbos cujas pronúncias são abertas ou fechadas,
como por exemplo aconsêlho ou aconsélho. Obrigada. Elaine da Silva Albinante, Rio de Janeiro/RJ
A leitora se refere aos verbos terminados em ejar, elhar, echar e exar.
Vejamos primeiro como funciona a regra, depois a exceção. Verbos da 1ª conjugação como levar,
errar, pescar, herdar, zelar, rezar, interessar, encrespar etc., que têm o “e” fechado na penúltima
sílaba, e outros como rogar, almoçar, torrar, empolgar, apostar, forçar, que têm o “o” da penúltima
sílaba também fechado, passam a ter tais vogais temáticas abertas nas formas rizotônicas (aquelas
em que a tonicidade recai na raiz da palavra). Exemplifiquemos:
. lévo, lévas, léva, lévam, léve, lévem...
. eu érro, ele érra, érram...
. pésco, péscam, pésque...
. eu almóço, rógo, tórro, me empólgo, apósto...
. fórço, fórças, fórça, fórçam, fórce, fórces, fórcem...
Constituem exceções os verbos terminados em ejar, elhar, echar e exar, menos invejar, que tem
som aberto sempre: invéjo, invéja, etc.: “Espero que você nunca nos inveje”.
Sendo assim, a recomendação para quem deseja conjugar eruditamente tais verbos é que emita
um som fechado no “e” da sílaba paroxítona:
. vicêjo, vicêja (e não vicéja), esbravêja, cacarêja...
. eu me ajoêlho, aconsêlho, espêlho (“E o teu futuro espêlha essa grandeza”, e não
... espélha), assemêlha-se, que a ele se assemêlhe...
. fêcho, fêchas, fêcha, eu desfêcho, eu bochêcho, ele bochêcha...
. vêxo, vêxas, vêxa, não vêxe fulano, ele não se avêxa...
Ocorre, no entanto, que essa pronúncia do “e” fechado não é tão simples para os habitantes do
Nordeste brasileiro e outras regiões em que o natural é o som aberto nas mais diversas
circunstâncias. Já no Sul é mais fácil e comum a pronúncia do “e” fechado em vista da influência
* Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros “Só Vírgula”, “Só Palavras Compostas”
e “Língua Brasil – Crase, Pronomes & Curiosidades” - www.linguabrasil.com.br
NÃO TROPECE NA LÍNGUA nº 164
3ª Edição
por Maria Tereza de Queiroz Piacentini *
dos vizinhos de língua castelhana. Que ninguém se “avéxe” por não falar “avêxe” – todos nós
dizemos “mexe e remexe”, e realmente não dá para lembrar, antes da fala, que mexe vem de
mexer (termina em ER, não tem nada a ver com esta regra ou exceção) e avexe vem de avexar
(verbo listado na exceção à regra que comentamos). A linguagem oral não funciona assim, e muito
menos por decreto.
A evidenciar isso está o verbo fechar, que também já está constituindo uma exceção da exceção, a
exemplo de invejar. Raramente se ouve a pronúncia erudita com “ê”: “fêche a porta”. A absoluta
maioria dos brasileiros emite o som aberto: “ele abre e fécha o cofre todos os dias; elas nunca
fécham a matraca; por favor féche a porta”.
Eis a lista dos verbos com e fechado:
EJAR
voltejar
almejar
alvejar
ELHAR
badalejar
aconselhar
bocejar
ajoelhar
bordejar
assemelhar
cacarejar
espelhar
corvejar
cravejar
ECHAR
doidejar
bochechar
esbravejar
desfechar
espanejar
fechar
estalejar
manquejar
EXAR
pelejar
avexar
pestanejar
vexar
rumorejar
sacolejar
velejar
verdejar
vicejar
* Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros “Só Vírgula”, “Só Palavras Compostas”
e “Língua Brasil – Crase, Pronomes & Curiosidades” - www.linguabrasil.com.br
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