Nome: ______________________________________________________ Professor: Lupércio Disciplina: Sociologia Série: 3ª A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA DA SOCIEDADE Considerada uma ciência nova, desenvolveu-se em um momento de grandes transformações na sociedade europeia. E embora seu nascimento esteja datado no século XIX, devemos explicá-lo a partir de acontecimentos do século XV, cujas transformações foram de grande relevância. Você já deve ter estudado em História que a expansão das trocas comerciais entre os povos da Europa, Ásia, África e das Américas, promoveu um impacto na estrutura econômica e, consequentemente, social, na vida do povo europeu. A expansão marítima, o desenvolvimento das ciências e o florescimento de uma nova cultura a partir do Renascimento, contribuíram para a construção da ideia de um homem que serviu de modelo universal de razão e Interpretação de Leonardo da Vinci humanidade. A chamada primeira Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, promoveu a ascensão de um grupo social – a burguesia – que na qualidade de proprietário dos meios de produção, das terras, e das matérias-primas, acumularam o resultado das suas produções e construíram uma riqueza tal que os impulsionou à condição de grupo dominante. As transformações políticas foram inevitáveis e, aos poucos, os Feudos medievais foram desaparecendo e os Estados foram surgindo, impondo uma nova ordem. Um movimento intelectual surgido na Europa, no século XVIII, foi determinante para a formação das bases do que viria a ser a Sociologia. Defendendo o uso da razão como caminho para a liberdade e autonomia política e econômica, o Iluminismo mostrou-se veemente na crítica ao absolutismo, aos privilégios da classe dominante e ao poder da igreja. Defendiam ainda a criação de escolas para que o povo fosse educado, pois todos, aos seus olhos, tinham plenas condições que atingir o esclarecimento e, consequentemente, a liberdade e a felicidade. "O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! esse é o lema do iluminismo". (Immanuel Kant – 1724 – 1804). A França foi um grande centro Iluminista onde se destacaram vários pensadores como Denis Diderot, Jean Le Rond d’Alembert, Voltaire e Montesquieu. As leis escritas ou não, que governam os povos, não são fruto do capricho ou do arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidade social e da História concreta própria ao povo considerado. Não existem leis justas ou injustas. O que existe são leis mais ou menos adequadas a um determinado povo e a uma determinada circunstância de época ou lugar. O autor procura estabelecer a relação das leis com as sociedades, ou ainda, com o espírito dessas. (Montesquieu – 1689 – 1755). Inspirada no Iluminismo, a Revolução Francesa, sob o lema da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, declarou que os homens tinham direitos universais e que eram todos iguais diante da lei e lançando as bases do que viríamos a chamar de “cidadania”. A monarquia absolutista não demorou a entrar em colapso e a Primeira República Francesa foi proclamada em setembro de 1792. As monarquias europeias, temendo o avanço do movimento, deram início a um movimento contrário para a manutenção das casas reais, mas muitas das mudanças e transformações conquistadas pela revolução tornaram-se permanentes. A Liberdade guiando o povo – Eugène Delacroix – Louvre - Paris AS BASES FILOSÓFICAS Para o entendimento da construção da nova ciência, devemos considerar a contribuição de áreas tais como a filosofia, que ofereceu parâmetros, ou pensamentos que fundamentaram as bases da Sociologia. O Empirismo: para esta corrente de pensamento, apenas a experiência é capaz de gerar ideias e produzir conhecimento. As teorias científicas só podem ser formuladas e explicadas a partir da observação do mundo sensorial e da experimentação. John Locke é considerado o fundador do empirismo. “Poderia alguém pensar ou dizer que impossibilidade e identidade são ideias inatas? Seriam elas tais que todos os homens as teriam e trariam ao mundo consigo? Seriam elas as primeiras em crianças, antecedentes a todas as ideias adquiridas? Assim seria, fossem elas inatas. Mas teria uma criança ideias de impossibilidade e identidade antes de ter ideias de branco e preto, de doce e amargo? Seria partindo desses princípios que o bebê conclui que a chupeta molhada de absinto não tem o mesmo gosto a que estava acostumado? Seria o conhecimento efetivo de impossibile est idem esse, et non esse o que permite que a criança distinga sua mãe de um estranho, que goste daquela e não deste? Regularia a mente a si mesma e a seu assentimento, por ideias que nunca teve? Concluiria o entendimento a partir de princípios que não conhece e não entende? Mas os nomes impossibilidade e identidade representam duas ideias que, longe de serem inatas ou de terem nascido conosco, requerem, para se formarem corretamente em nosso entendimento, muito cuidado e atenção: não as trouxemos ao mundo conosco, não estão no pensamento de crianças e , como mostra o exame, faltam em muitos homens crescidos.” John Locke – Ensaio acerca do entendimento humano. O Racionalismo: postula que tudo o que existe é decorrente de uma causa. Nesta corrente de pensamento, destaca-se René Descartes, cujo método impulsionou a atitude científica na busca da certeza e da razão. Para ele, toda verdade deve passar pelo crivo da dúvida, em detrimento ao dogma e à tradição. “INEXISTE NO MUNDO coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. E é improvável que todos se enganem a esse respeito; mas isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; e, assim sendo, de que a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas. Pois é insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes, e os que só andam muito devagar podem avançar bem mais, se continuarem sempre pelo caminho reto, do que aqueles que correm e dele se afastam”. Descartes – Discurso do Método. O SURGIMENTO Surge como uma resposta intelectual às mudanças que ocorriam na Europa, no século XIX, pois os movimentos de transformações eram tão intensos que se fazia necessária a sistematização dos estudos sobre os fenômenos sociais e a busca de respostas às novas situações. Portanto, tratava-se de explicar cientificamente o mundo através das relações humanas nos grupos sociais e entre grupos sociais. Tradicionalmente se atribui a Auguste Comte, um pensador positivista o nome de fundador da sociologia. Afirmava que os fenômenos sociais podem e devem ser observados como outros fenômenos da natureza, ou seja, considerando-se as leis gerais. Entretanto, atualmente, três pensadores são considerados as grandes referências desse campo do conhecimento científico e que são fundamentais para seu estudo: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Nascido na Alemanha, teve como principal objeto de estudo a sociedade Karl Marx (1818 – 1883) capitalista de sua época. Entretanto Karl Marx não estava apenas proposto a pensar, analisar e desenvolver uma teoria, estava preocupado em desenvolver uma militância organizada e transformadora para a luta contra o que considerava injustiças do universo capitalista. Seus amplos conhecimentos em História e Economia permitiram uma análise profunda e contundente da sua realidade, dos indivíduos e da sociedade, levando-o a concluir que “a história da humanidade é a história da luta de classes”. Marx compreendia que todos os indivíduos se relacionam com outros indivíduos e com a natureza, portanto, observar como se relacionam e o processo de transformação da natureza através do trabalho, é o que permite a análise da realidade social. Nesse sentido, temos o trabalho como a essência da existência humana. Afirmava que “são os homens que constroem sua história e suas relações sociais, através da produção material de sua existência”. Nesse sentido, dizemos que Karl Marx era um materialista e é nesse campo, no materialismo, que se constroem as relações sociais de produção. É na análise da divisão de trabalho, pescador, agricultor, homem e mulher, trabalho manual e intelectual, que chegamos à divisão dos proprietários e não proprietários dos meios de produção, ou seja, à concepção de classe social. Sob a ótica marxista, as classes sociais são sempre antagônicas, pois diferem quanto aos seus interesses materiais. Assim, com base nesse conflito, faz-se a afirmação de que é “a luta de classes o que move a história”, com a classe proprietária dos meios de produção explorando economicamente e controlando politicamente a classe formada pelos trabalhadores. Cada indivíduo se posiciona na sociedade, conforme sua relação com os meios de produção. Karl Marx fez ainda uma análise dialética sobre o tema da mais-valia. Afirmou que o sistema capitalista representa a própria exploração do trabalhador por parte do dono dos meios de produção, na disputa desigual entre capital e proletário sempre o primeiro sai vencedor. Desse modo, o ordenado pago representa um pequeno percentual do resultado final do trabalho (mercadoria ou produto), então a disparidade configura concretamente a chamada mais-valia, dando origem a uma lucratividade maior para o capitalista. Portanto, Marx defendia a ideia de que era preciso uma revolução mais radical e profunda do que aquela protagonizada pela burguesia. Ele se referia à Revolução Socialista, onde a classe dos não proprietários, ou proletariados, tomaria o poder dos meios de produção e o poder político, do controle da burguesia. Considerado o pai da Sociologia acadêmica, sistematizou, definiu e aplicou a sociologia nos espaços acadêmicos da França, no final do século XIX. Os conflitos na França e Europa, as diversas revoluções, levaram Durkheim à preocupação com a estabilidade da ordem social. Por isso, queria entender os mecanismos de funcionamento da sociedade de sua época. Sua teoria afirma que as sociedades são regidas por uma consciência coletiva, expressa em fatos sociais. Ele quer nos dizer que sociedade é algo que está em nossas mentes, individualmente e em todos, ao mesmo tempo. Como se fôssemos habitados por Émile Durkheim (1858 – 1917) um ser social. Os “fatos sociais” consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção sobre este mesmo indivíduo. Significa dizer que os fatos sociais são comuns a todos os indivíduos de uma sociedade, uma característica chamada por ele de generalidade. Segundo Durkheim, quando uma pessoa nasce já encontra fatos sociais estabelecidos coletivamente, que a seguirão pela vida. O modo com tais fatos são representados na vida de cada um é o que define o que chamou de consciência coletiva. Esta, por sua vez, formada por ideias comuns a todos, constitui uma consciência de sociedade. A consciência coletiva, manifesta na cooperação entre os indivíduos, determina as regras sociais que precisarão ser obedecidas por cada um dos indivíduos. Durkheim define esta cooperação como divisão do trabalho social, que vem a ser o nível de especialização das funções entre os indivíduos. Uma definição que se relaciona com o conceito de solidariedade, que poderá ser mecânica ou orgânica. A solidariedade mecânica é típica das sociedades onde a divisão do trabalho é pouco diferenciado e solidariedade orgânica é típica das sociedades industriais, onde a divisão de trabalho é bem diversificada. Émile Durkheim informa que o indivíduo é socializado a partir do que já existe na consciência coletiva e, como ser social, tanto é dotado de uma personalidade própria, como traz em si a própria sociedade. Para demonstrar sua afirmação, desenvolveu uma pesquisa para entender o suicídio como fenômeno social, tentando demonstrar que a sociedade influencia, significativamente o pensamento e o comportamento dos indivíduos. Distinguiu três tipos de suicídio: o anômico, o egoísta e o autruísta. Anômico: próprio das circunstâncias de desregulamento ou quebra de harmonia; Egoísta: ocorre na medida em que aumenta o grau de individualismo em relação ao coletivo; Autruísta: neste caso, o indivíduo se anula ao submeter-se às regras que suplantam sua própria razão de viver. Para Max Weber, todo indivíduo é dotado de vontade e capacidade para assumir uma posição consciente no mundo. Em sua visão, a função do sociólogo é compreender o sentido das chamadas ações sociais, que significa encontrar os nexos causais que as determinam. Entende-se que ações imitativas, nas quais não se confere um sentido para o agir, não são ditas ações sociais. O conceito de “ação social” foi concebido por Weber como qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. O processo de comunicação estaria, portanto, intimamente ligado ao Max Weber - (1864 – 1920) conceito de ação social. A manifestação do sujeito que deseja uma resposta é feita em função dessa resposta. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como ação que parte da intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu interlocutor. Weber estipulou quatro tipos ideais de ações sociais: 1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim; 2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético; 3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc., e 4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados. (Observe que as duas últimas são irracionais). Percebe-se, portanto, que Weber afastou-se dos determinismos sócio-históricos de Karl Marx e do fatalismo da noção de um sistema externo e independente do indivíduo que Émile Durkheim propôs, elaborando, assim, a noção de um ser humano livre para agir, pensar e construir sua realidade. Para Weber, as estruturas sociais estavam em contato direto com o poder de ação dos indivíduos, o que significa que os sujeitos, seus valores e ideias possuem força de ação direta sobre essas estruturas. A tarefa da Sociologia seria, então, segundo o teórico, apreender os significados que norteiam essas ações. *** 01.A sociologia surge no século XIX. No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do: a) capitalismo b) socialismo c) comunismo d) presidencialismo. policiamento moral que as sociedades tradicionais possuíam diminuiu. A que momento da história esses fatos relatados por Durkheim pertencem? a) Revolução Gloriosa b) Renascimento c) Era medieval d) Revolução Industrial 02. O capitalismo vê a força de trabalho como mercadoria, mas é claro que não se trata de uma mercadoria qualquer. Ela é capaz de gerar valor. [...] O operário é o indivíduo que, nada possuindo, é obrigado a sobreviver da sua força de trabalho” . 04 . Max Weber alinhava-se à visão de Marx em relação ao tratamento do desenvolvimento do capitalismo no mundo moderno e às investigações sobre os sistemas anteriores de produção e as lógicas de relações sociais que se estabeleciam em volta deles. Entretanto, Weber discordava de Marx em alguns pontos cruciais. Quais são eles? a) Enquanto Marx acreditava que a religião era o ópio do povo, Weber era um religioso convicto. b) Enquanto Weber elaborou seus trabalhos sob a perspectiva do materialismo histórico, Marx foi lembrado por sua sociologia compreensiva. c) Enquanto Marx construiu sua teoria sob a perspectiva do materialismo histórico, Weber foi lembrado por sua sociologia compreensiva. d) Marx e Weber não discordaram em nenhum ponto de suas teorias (COSTA, 2005). Segundo Karl Marx, a força de trabalho é alugada ou comprada por meio: a) da Mais-valia. b) do Lucro. c) do Salário. d) da Alienação. e) das Relações políticas. 3. Durkheim argumentou que foi diante da grande explosão populacional e do consequente aumento da “densidade moral”, ou seja, o aumento do contato entre diferentes valores e costumes que existiam nos diferentes grupos quando fragmentados, que a força de