Jornal Maio 2011 Mudança da feição praial na enseada do Cabo Branco Áreas de atuação: ∗ Desastres Ambientais ∗ Circulação ∗ Erosão A mudança do relevo praial geralmente resulta de uma longa interação entre as correntes, a ação eólica e o nível de maré. Observa-se a intervenção do homem nesse local, embora a intervenção tenha sido feita a alguns quilômetros ao sul da enseada, o lugar sofre as conseqüências. Tudo isso possivelmente devido à construção da barragem do Rio Gramame Mamuaba, que retém os sedimentos impedindo que os mesmos tenham o seu transporte normal efetuado, ocorrendo um déficit, pois a ação natural da maré retira os sedimentos e a “ação artificial” os detém. Pag. 4 ∗ Formação de pessoal em técnicas Ambientais ∗ Disseminação da Informação geográfica Nesta edição: Percepção e Desastre: os fantasmas gerados por um terremoto No dia 11 de maio de 2011, em torno das 17:00h espanhola ocorreu um terremoto na cidade de Lorca, província e comunidade autônoma de Múrcia, que está localizada no sudeste do país. Pag.3 Editoração e 5 Arte Evolução e Detalhamento na Leitura da Fitogeografia Brasileira A riqueza do Brasil se encontra de diversas formas na natureza e uma delas se refere a fitodiversidade, tanto que os caçadores dessas riquezas não pouparam esforços em buscá-las. No início das representações sistêmicas, quando os pesquisadores Spix e Martius estiveram por aqui e puderam desenhar alguns possíveis conjuntos fitogeográficos, na realidade a situação era uma projeção, haja vista que a demonstração foi fruto de trabalhos intensos de pesquisa documental, pois já havia muita coisa escrita e desenhada, porém nessa época foi fundamental a coleta de dados em campo.. Pag. 2 Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected] Jornal Geografia Aplicada Página 2 Evolução e Detalhamento na Leitura da Fitogeografia Brasileira Por Paulo Rosa MariaBarros em campo. Durante três anos, de 1817 a 1820, esses pesquisadores viajaram do litoral Rio de Janeiro até o Amazonas, o que significa aproximadamente 10 mil Km (Fig. 01), anunciando o que viram, aquilo que estava ao alcance dos olhos por onde passavam. O que chama a nossa atenção nessa expedição, é que eles conseguiram sistematizar os componentes do cenário, cenário apesar da América do Sul já estar desenhada, assim como o Brasil. Desse momento em diante inicia-se de maneira estimada a exposição como representação dos componentes enquanto conjunto fitogeográfico. Seguindo o que está posto no site do Ambiente Brasil sobre a classificação da vegetação brasil e i r a ( h t t p : / / a m b i e n tes.ambientebrasil.com.br/ n a t u r a l / vegetacao_brasileira/ c l a s s i f i c a c o es_brasileiras.html) temos assim distribuído em termos de tempo histórico: Classificação de Martius – 1825; A partir de uma aula de Biogeografia, ministrada por mim e pela Profª Maria Barros, para o curso de Geografia da UFPB, o tema Evolução e detalhamento na leitura da fitogeografia brasileira foi cogitado em sala, e para mais esclarecimentos sobre o assunto passamos a discuti-lo a partir da visão de descritores do século XVIII até o presente momento. A riqueza do Brasil se encontra de diversas formas na natureza e uma delas se refere a fitodiversidade, tanto que os caçadores dessas riquezas não pouparam esforços em buscá-las. No início das representações sistêmicas, quando os pesquisadores Spix e Martius estiveram por aqui e puderam desenhar alguns possíveis conjuntos fitogeográficos, na realidade a situação era uma projeção, projeção haja vista que a demonstração foi fruto de trabalhos intensos de pesquisa documental, pois já havia muita coisa escrita e desenhada, porém nessa época foi fundamental a coleta de dados Classificação de Gonzaga de Campos Campo 1926; Classificação de Alberto J. Sampaio, Sampaio 1940; Classificação de Lindalvo Bezerra dos Santos, 1943 Classificação de Aroldo de Azevedo, 1950 Classificação de Edgar Kuhlmamn, hlmamn 1960; Classificação de Rizzini, 1963; Classificação de AndradeAndradeLima, 1966; Classificação Veloso, 1966; Classificação do Projeto RADAM, década de 1970 e Classificação de George Eiten, 1983 Distribuídas numa linha de tempo as leituras e representações feitas no Brasil, principalmente no que toca a questão da fitogeografia, tem-se o seguinte: Classificação fitogeográfica de Martius Fig. 01 - Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Carl_Friedrich_Philipp_von_Martius O documento disponibilizado pelo IBGE em 1992 apresenta um detalhamento mais especializado que o apresentado pelo Projeto RADAM em 1970, no entanto pode-se ver com clareza que a representação fitogeográfica ainda se apresenta em construção. Á medida que se caminha pelos campos geográficos notam–se novas fisionomias que ajudam a ampliar o conhecimento dos lugares. Não resta dúvida que essas representações ocultam de forma grosseira o crescimento exponencial da ocupação humanoeconômica sobre a superfície do solo, acarretando uma nova fisionomia sobre o lugar. Atualmente há lugares em que a presença da agricultura ocupa muito espaço que outrora era natural, mexendo assim com a configuração fito fisionômica do espaço. Numa análise sobre a escala temporal, sobressaem algumas conjecturas interessantes. Tomemos que o Brasil já estava bem mapeado por época em que Martius e Spix por aqui passaram, porém o que podemos ver é que naquela época a maior parte, talvez mais de 90% da população brasileira era composta de analfabetos, o que dependia da leitura de outras pessoas externas à Pátria para que se pudessem fazer as representações com mais credibilidade, por isso foi necessária essa expedição tendo como resultado as representações sobre os elementos e cenários que Martius avistou e registrou. A população brasileira começa a ficar mais letrada após o início do século XX, porém somente a partir de 1926 é que se iniciam trabalhos mais significativos no âmbito fitogeográfico. Jornal Geografia Aplicada Página 3 Nessa época é que as sociedades geográficas passam a ter mais força dentro de Institutos Históricos e Geográficos Lembrando ainda que em 1922 houve o VII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAPHIA, época em que subia ao poder da Presidência da República o paraibano Epitácio Pessoa. Época marcante pelo início dos con- Classificação de Aroldo de Azegressos que discutiam a vedo, 1950 questão da forma em que estava constituída a ocupação natural e social do Estado brasileiro. Apesar e toda essa situação, as representações eram importantes para que se tivesse mais conhecimento sobre as diversas paisagens nos diversos lugares Classificação de Alberto J. Classificação de Andrade-Lima, 1966 Classificação de Rizzini, 1963 Classificação do Projeto RADAM, década de 1970 do Brasil: clima; hidrografia; topografia e vida natural e a social. Nesse ínterim, assume importância vital a constituição do CNG (Conselho Nacional de Geografia) que fazia as publicações sobre a Geografia do Brasil já com diversas fontes de representação. Percepção e Desastre: os fantasmas gerados por um terremoto Por Liése Carneiro Ult im am ent e a questão da percepção do indivíduo ante a um evento de desastre vem sendo um tema de bastante interesse para o GEMA. Por isso, conto-lhes um pequeno causo que aconteceu aqui comigo na Espanha. No dia 11 de maio de 2011, em torno das 17:00h espanhola ocorreu um terremoto na cidade de Lorca, província e comunidade autônoma de Múrcia, que está localizada no sudeste do país. O terremoto que atingiu a Lorca teve a magnitude de 5.1, provocando feridos e contabilizando quase 10 mortes. Tremores foram sentidos em várias partes do país em diferentes proporções, chegando a ser sentido sensivelmente em Ciudad Real, que é onde eu vivo. É aqui onde começo a contar meu causo. No momento em que ocorria o evento eu estava em casa trabalhando na mesa da sala, onde estava com meu computador, alguns livros e uma garrafa de água de 1,5l. Estava sozinha em casa. De repente eu sinto uma tremida na cadeira e na mesa e vejo que a água da garrafa estava em movimento, como que tentando estabilizar depois de uma agitação. Em nenhum momento me passou pela cabeça que podia ser conseqüência da dissipação de um tremor de terra. Como que em fração de segundos depois, eu dou um grito: “valha-me Deus, que espíritos estão rondando essa casa!!”. Moro no 5º andar, mas acho que o vizi nho do primeiro andar do bloco ao lado pode ter escutado. Como moro de frente para uma catedral, fui para a varanda, como que em uma intenção de reza e proteção. Nesse momento já não era mais a terra que tremia, e sim minhas pernas. Depois de um tempo, quando já estava mais tranqüila tentei voltar a trabalhar. Sem muita concentração, começo a olhar trivialidades na internet para descontrair e acabo entrando no facebook. Na primeira página vejo que nas ultimas atualizações algumas pessoas comentavam o terremoto que havia atingido Espanha a pouco tempo, e inclusive leio uma postagem de uma colega, que está morando aqui também em Ciudad Real, que dizia “Joder, habeis sentido el terremoto, hace 5 mn...pero no me he asustado nada!!! jejeje La tierra está tremblando!!”. Pessoal, usando uma expressão que se usa na Paraíba (não sei se na Paraíba ou em Santa Rita) eu fiquei com cara de lolô. Tenho certeza que um japonês jamais pensaria isso. Ficaria alerta para tomar uma decisão rápida. De todas formas essa pequena experiência serviu para dizer mais uma vez o importante que é saber como as pessoas reagem a um estímulo que pode indicar um desastre. Porque imagino que seria um tanto problemático ter uma parcela de uma população que pense que um tremor de mesa e cadeira, ainda que pequeno, indique a chegada de uma tropa do além. Jornal Geografia Aplicada Página 4 Mudança da Feição Praial na Enseada do Cabo Branco Por Francicléa Avelino A mudança do relevo praial geralmente resulta de uma longa interação entre as correntes, a ação eólica e o nível de maré. É possível observar na área da enseada do Cabo Branco a diferença da granulometria, ou seja, encontramos areia grossa, areia fina, silte e argila, sinal do transporte do sedimento que vem dos rios até ser depositado na costa e ser transportado pelos fatores descritos acima. Na enseada do Cabo Branco estão sendo feitos perfis topográficos (explicados na edição anterior) para observarmos a dinâmica da feição do lugar e identificarmos a causa da perda dos sedimentos locais. Observa-se a intervenção do homem nesse local, embora a intervenção tenha sido feita a alguns quilômetros ao sul da enseada, o lugar sofre as conseqüências. Tudo isso possivelmente devido à construção da barragem do Rio Gramame Mamuaba, que retém os sedimentos impedindo que os mesmos tenham o seu transporte normal efetuado, ocorrendo um déficit, pois a ação natural da maré retira os sedimentos e a “ação artificial” os detém. Os perfis estão sendo feitos em três pontos da enseada; próximo ao Hotel Green Sunset, onde o pós-praia encontra-se estreito em relação ao segundo ponto próximo ao Hotel Íbis, o terceiro ponto é no Busto de Tamandaré que possui um pós- praia maior do que as demais localidades. Devemos levar em consideração o depósito de sedimentos, pois esse geralmente origina a berma que se move para cima quando existe o declive da praia, sinal que está havendo depósito sedimentar, mas diminui em tamanho e eventualmente desaparece quando há erosão. Sendo assim, uma praia que sofre erosão tenderá a ficar plana, enquanto uma praia que recebe um acréscimo de sedimento irá ficar mais íngreme. Fazendo uma comparação do perfil feito próximo ao Hotel Íbis e próximo ao Hotel Green Sunset no dia 19/ 03/ 2011, percebemos que está havendo perda de sedimentos que são depositados no próximo ponto com a presença de uma berma. Retornando ao local e efetuando outro perfil no dia 03/04/ 2011 observamos a perca de sedimentos em ambos locais e fica evidente a ausência da berma na fig. 4 e vemos que há pouco recebimento de material sedimentar e grande retirada do mesmo. O acompanhamento desses perfis está sendo feito sistematicamente em um intervalo quinzenal. Fig.1- Perfil dia 19/ 03/ 2011 próximo ao Hotel Green Sunset Fig.2- Perfil dia 19/03/ 2011 próximo ao Hotel Ibis Fig. 3- Perfil próximo ao Hotel Green Sunset , em 03/04/2011 Fig. 4- Perfil próximo ao Hotel Íbis, em 03/04/2011 . Jornal Geografia Aplicada Página 5 Jornal Geografia Aplicada Responsável: Paulo Rosa Edição e Editoração: Ivo Lacerda e Diandra Soares GEMA—Grupo de Estudos de Metodologia e Aplicação Universidade Federal da Paraíba Cidade Universitária—Centro de Ciências Exatas e da Natureza— Departamento de Geociências João Pessoa - PB - CEP - 58059-900 O conteúdo deste JORNAL é regido pelos termos de licença do: O jornal Geografia Aplicada é um periódico que visa a interação e a divulgação de atividades desenvolvidas dentro da Geografia caracterizadas pela execução das habilitações dos geógrafos dentro de âmbito com característica profissional. Os artigos e notas aqui impressos são as representações de experiências vividas por profissionais ou por pessoas com interesses afins, ou seja, dentro do universo das habilidades pessoais de cada um a partir do reconhecimento dos mais diversos aspectos inerentes ao desempenho da profissão. 'CreativeCommons CreativeCommons'. 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