SISTEMA IMUNOLÓGICO Figura 1 – Células do Sistema Imunológico Fonte: Microsoft CONTEÚDOS Glóbulos brancos (Leucócitos) A fagocitose A produção de anticorpos As vacinas AIDS 1 AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS O sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo, é formado pelo conjunto de glóbulos brancos ou leucócitos e pelos órgãos que produzem essas células. Os glóbulos brancos, ou leucócitos, são produzidos na medula óssea vermelha ou em órgãos linfáticos. Há vários tipos de leucócitos em nosso organismo e eles podem ser de cinco tipos básicos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Vamos conhecer cada um deles no quadro a seguir: Neutrófilos Os neutrófilos são capazes de sair da corrente sanguínea. Emitindo prolongamentos por meio de poros das paredes dos capilares e deslocando todo o conteúdo celular por esses prolongamentos. Uma vez fora do sangue, os neutrófilos deslocam-se pelos tecidos vizinhos e chegam em grande número ao lugar onde haja uma infecção, como um corte no Fonte: Wikipédia dedo, por exemplo. Esse processo de penetrar entre as células dos tecidos é conhecido como diapedese. Eosinófilos Quando devidamente estimulados, os eosinófilos liberam substâncias tóxicas para os organismos invasores. Nessa ação, eles aderem à superfície do micro-organismo liberando sobre eles, substâncias como íons de peróxido ou enzimas, que ajudam a destruí-los. Assim como os neutrófilos, os eosinófilos também são capazes de realizar a diapedese, porém sua Fonte: Wikipédia Basófilos capacidade de realizar a fagocitose é limitada. Os basófilos representam cerca de 0,5 a 1% dos leucócitos sanguíneos. Sua função ainda não é bem descrita, porém, sabe-se que essas células produzem histaminas. A histamina desempenha um papel importante nas reações alérgicas e inflamatórias. Ela também provoca maior permeabilidade dos capilares sanguíneos para facilitar a saída de anticorpos e neutrófilos para os locais onde possam estar presentes eventuais micro-organismos. A histamina também causa o Fonte: Wikipédia inchaço, o edema e a coceira, comuns em regiões de lesões. 2 Monócitos Os monócitos são células sanguíneas de maior tamanho e representam de 2% a 8% dos leucócitos do sangue humano. Os monócitos recém-produzidos pela medula óssea não apresentam função fagocitária1. Após produzidos eles migram para os tecidos, onde amadurecem e transformam-se em macrófagos, células muitos ativas na fagocitose de microorganismos invasores e células mortas. Fonte: Wikipédia Linfócitos Os linfócitos correspondem a maioria dos leucócitos presentes no sangue humano (20% a 30%). Essas células podem ser de dois tipos básicos: os linfócitos B ou células B; os linfócitos T ou células T. Cada um desses linfócitos exerce uma função específica no combate a infecções e também no combate ao câncer. Fonte: Wikipédia A fagocitose Os leucócitos têm a capacidade de fagocitar, digerir e destruir microrganismos invasores. Vale ressaltar que, por esse processo, os leucócitos emitem expansões que envolvem e englobam os organismos invasores. Então, os lisossomos liberam enzimas digestivas, que destroem o microrganismo englobado. Figura 2 – Fagocitose Fonte: Wikipédia Como exposto anteriormente, quando você corta um dedo, são principalmente os neutrófilos que se dirigem até o local do ferimento, fagocitando os micro-organismos. Porém, nesta ação, muitos neutrófilos morrem juntamente com as bactérias. 1 Função fagocitária: Englobamento de partículas sólidas realizado por alguns tipos celulares e microorganismos, tais como a ameba. 3 O conjunto dos glóbulos brancos e das bactérias mortas, além de células mortas do tecido lesado, formam o pus, comum nos ferimentos. Uma porção de pus é a amostra da ação entre as células de defesa do sistema imunológico e os agentes microbianos: células danificadas do tecido atingido, leucócitos mortos e organismos invasores destruídos. A reação contra uma infecção geralmente é localizada, consistindo em dor e inchaço na área afetada. Quando essa ação de defesa do organismo não é bem sucedida, surge uma resposta mais generalizada do corpo, tais como os sintomas de febre e o aumento do número de glóbulos brancos no sangue. A produção de anticorpos Os organismos invasores produzem proteínas estranhas ao nosso corpo. Tais substâncias são denominadas antígenos. O corpo humano produz por meio dos órgãos linfoides, um tipo de leucócito chamado de linfócitos. São os linfócitos que produzem proteínas especiais, capazes de neutralizar a ação tóxica dos antígenos. Essas proteínas são chamadas de anticorpos. Os linfócitos constituem cerca de 20 a 30% dos leucócitos do sangue humano. Eles se originam de células-tronco da medula óssea e podem ser de dois tipos principais: linfócitos T e linfócitos B. Os linfócitos B são especializados na produção de anticorpos, enquanto que os linfócitos T, apresentam funções bem diversificadas. Pode-se identificar três tipos de linfócitos T: linfócitos T – auxiliadores (células CD4); linfócitos T – citotóxicos (células CD8) e linfócitos T – reguladores. Vamos conhecer a função de cada uma dessas células nos próximos tópicos. Linfócitos T – auxiliadores Linfócitos T – citotóxicos (CD4) (células CD8) A principal função dos linfócitos A principal função dos linfócitos Os linfócitos T – reguladores T – CD8 é atuar matando células tratam-se proliferação e a maturação de portadoras moléculas recentemente descobertas pelas células linfócitos B e de células estranhas ao organismo, tais pesquisas em imunologia; são citotóxicos, como células infectadas por células que apresentam uma permitindo assim, a resposta vírus que expressam proteínas função moduladora na resposta imunológica mediada por essas virais em sua superfície. Elas imunológica, podendo influenciar células. liberam substâncias proteolíticas a linfócitos T – CD4, estimulam os (que auxiliadores ou citotóxicos. linfócitos B a produzir anticorpos estimulam a apoptose celular, T – CD4 linfócitos T é estimular – Desta forma, a os de destroem proteínas) Linfócitos T – reguladores e ação de dos células linfócitos T 4 e os linfócitos T – citotóxicos a isto atacar programada. As células que e destruir células é, a anormais, tais como cancerosas entram em ou aquelas infectadas por vírus. reconhecidas fagocitárias morte celular apoptose pelas (os são células macrófagos), que rapidamente as destroem. Aprofundando... O que são antígenos? Antígeno é qualquer substância que ao ser introduzida no organismo faz com que seu sistema imune produza anticorpos contra ele. A maior parte dos antígenos são proteínas e polissacarídeos, podendo ser moléculas presentes em bactérias, vírus, protozoários, helmintos, toxinas, toxoides, células de superfície, pólen, entre outros. Os lipídeos e ácidos nucleicos só apresentam antigenicidade se ligadas a proteínas e polissacarídeos. Os antígenos são chamados de imunógenos quando estimulam o sistema imune a produzir uma resposta de defesa contra ele, seja ela mediada por células T ou B. Os imunógenos também são chamados de antígenos completos devido a essa capacidade de gerar resposta. O que são alérgenos? São chamados de alérgenos os antígenos que causam reação alérgica através de ingestão, inalação, injeção ou contato com a pele. E são chamadas de hapteno as moléculas que são muito pequenas para serem imunogênicas sozinhas, mas quando acopladas a moléculas carreadoras se tornam imunogênicas. Os antígenos podem ter origem a partir de células e moléculas do corpo do próprio organismo (autoantígeno) ou a partir do ambiente externo (aloantígeno). Geralmente, o sistema imune não reage aos autoantígenos em condições homeostáticas normais. Quando isto acontece dá-se origem às doenças autoimunes. Disponível em: <http://www.infoescola.com/sistema-imunologico/antigeno/>. Acesso em: 09 nov. 2016. 10h54min. 5 Alguns linfócitos atuam como “células de memória”. Assim, mesmo depois que uma doença foi curada, essas células são capazes de voltar a produzir anticorpos, caso o organismo seja outra vez infectado. É como se os linfócitos se “lembrassem” dos organismos invasores que já atacaram. Por isso, se você já teve sarampo uma vez, não deverá ter nunca mais; o mesmo ocorre com outras doenças como caxumba, catapora etc. Quando uma pessoa é infectada pelo vírus da catapora, por exemplo, seu sistema imunológico entra em ação e produz anticorpos contra aquele vírus. A partir de então, a pessoa fica imune à catapora. Ou seja, toda vez que ela entrar em contato com o vírus (que passaram a ser antígenos), os anticorpos os destruirão, impedindo que provoquem a doença. Com o tempo, vamos adquirindo imunidade a um número cada vez maior de doenças. Pelo que vimos, você pode concluir que os leucócitos ou glóbulos brancos participam da defesa do nosso organismo, fagocitando microrganismos ou produzindo anticorpos que combatem os antígenos. Podemos nos defender de organismos invasores também com remédios (agentes químicos). Os antibióticos, por exemplo, são eficazes no combate a bactérias. Contudo, ao longo dos anos, bactérias naturalmente resistentes são cada vez mais selecionadas por esses agentes químicos. Ou seja, contra elas os antibióticos só devem ser tomados sob orientação médica, nas doses e nos períodos indicados. Caso contrário, podem não fazer efeito ou até prejudicar a saúde. Já os vírus não podem ser destruídos por antibióticos. O nosso corpo é que deve produzir anticorpos específicos para combatê-los. 58 As Vacinas As vacinas são medicamentos constituídos por microrganismos mortos ou atenuados ou, ainda, por toxinas inativas que esses microrganismos produzem. Assim, as vacinas contêm antígenos incapazes de provocar a doença, mas capazes de induzir o nosso organismo a produzir anticorpos. Dessa forma, quando o indivíduo entra em contato com esses microorganismos, o seu organismo já terá anticorpos suficientes para defendê-lo. Observe o mecanismo de ação das vacinas no infográfico a seguir: 6 Figura 3 – Ação das vacinas Fonte: Guia do Estudante Aprofundando... O que é imunidade passiva? Quando um organismo se torna protegido recebendo anticorpos contra uma doença, ocorre imunidade passiva, pois ele não produziu anticorpos, mas os recebeu prontos. A ação desses anticorpos inicia-se logo que eles entram no organismo receptor; entretanto, desaparecem depois de algumas semanas ou meses. A imunidade passiva pode ocorrer por via natural: através da placenta, anticorpos são transferidos para o feto, que nasce protegido contra uma série de doenças infecciosas, como a rubéola, o sarampo e a caxumba. Durante os primeiros meses de vida, a concentração de anticorpos recebidos da mãe diminui progressivamente, até desaparecem, quando as crianças então se tornam suscetíveis a essas doenças. O leite materno é outro agente protetor, pois contém anticorpos, células fagocitárias vivas e outros fatores antimicrobianos. Os anticorpos recebidos pelo leite revestem o tubo digestivo e dificultam a proliferação de bactérias patogênicas. 7 Amamentação Fonte: Microsoft Nos primeiros dias depois do parto, as fêmeas produzem o colostro, secreção que parece “aguada” porque tem menos gorduras, mas é riquíssima em anticorpos. A aquisição de anticorpos por via transplacentária e pelo leite materno são exemplos de imunidade passiva natural. AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Humana As informações a seguir, pretendem oferecer uma introdução sobre o que é vírus HIV, causador da AIDS, como a Aids se manifesta, como surgiu o programa nacional de prevenção de DSTs e da Aids e a situação atual da Aids no Brasil. Os vírus Os vírus são os únicos seres vivos não incluídos em nenhum dos reinos atuais. Eles não possuem organização celular e são constituídos, basicamente, por uma cápsula proteica que envolve o material genético (DNA ou RNA). Diferem, portanto, dos demais seres vivos, em que o DNA e o RNA coexistem. Não existe um padrão único de estrutura viral, veja a seguir, algumas estruturas virais mais comuns: 8 Figura 4 – Formatos de vírus Fonte: Wikipédia Em função da ausência de célula e metabolismo próprio, esses seres são incapazes de fabricar ou degradar substâncias, por isso, são sempre parasitas intracelulares, isto é, necessitam obrigatoriamente de uma célula hospedeira. Isso quer dizer que, esses seres não respiram, não se nutrem, não crescem, em síntese, não executam nenhuma das atividades relacionadas à sobrevivência e à deficiência dos seres vivos de forma independente. Os vírus são considerados parasitas obrigatórios porque necessitam invadir uma célula, seja ela animal, vegetal ou bactéria, e utilizar de suas organelas e substâncias para se reproduzir. Fora das células hospedeiras, os vírus permanecem inertes e sem atividade até encontrar uma célula hospedeira que lhe ofereça condições de reprodução. O vírus bacteriófago infecta bactérias. Para se reproduzir, o bacteriófago fixa-se na superfície da bactéria hospedeira através da cauda, perfura a membrana celular e injeta todo o material genético. Fora de uma célula viva, os vírus não têm nenhuma atividade. São inertes e podem até cristalizar-se, como os minerais. Uma das características mais marcantes dos vírus é sua grande capacidade de modificar seu material genético, ou seja, sofrer mutações genéticas, levando ao 9 surgimento de variedades (subtipos) de um mesmo vírus; daí parte a dificuldade de combater esses organismos em uma infecção viral. O vírus HIV e a AIDS A Aids é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo vírus da imunodeficiência humana, mais conhecido como HIV. Essa sigla é proveniente do inglês human immunodeficiency virus. Também do inglês deriva a sigla Aids, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que, em português, quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. A palavra “síndrome” significa um grupo de sinais e sintomas que, uma vez considerados em conjunto, caracterizam uma doença. A palavra “imunodeficiência” refere-se a inabilidade do sistema de defesa do organismo humano em se proteger contra microorganismos invasores, tais como vírus, bactérias, protozoários etc. E, a palavra “adquirida”, significa que ela não é uma doença congênita, como no caso de outras imunodeficiências. A Aids não é causada espontaneamente, mas por um fator externo, neste caso, pela infecção causada pelo vírus HIV. O vírus HIV destrói os linfócitos, células responsáveis pela defesa do nosso organismo, tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, que são chamadas assim por surgirem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido. Há alguns anos, receber o diagnóstico de Aids era quase uma sentença de morte. Atualmente, porém, já pode ser considerada uma doença crônica. Isso significa que uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vírus por longo período, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal. Isso tem sido possível graças aos avanços tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. Deve-se, também, à experiência obtida ao longo dos anos por profissionais de saúde. Todos esses fatores possibilitam aos portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade. Sintomas e fases da Aids Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV - tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias 10 após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebido. A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas que não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático. Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4 - glóbulos brancos do sistema imunológico - que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atingese o estágio mais avançado da doença, a aids. Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer. Tratamento da Aids A partir de 1996, com a distribuição universal dos medicamentos anti-retrovirais, ou seja, a distribuição gratuita para todos os indivíduos que necessitam do tratamento de Aids, houve um aumento na sobrevida e uma melhora na qualidade de vida dessas pessoas. Segundo dados de junho de 2005, cerca de 161 mil pessoas têm recebido tratamento de Aids fornecido pelo Ministério da Saúde e distribuído na rede pública. CURIOSIDADE Quais são os antirretrovirais? Os medicamentos antirretrovirais surgiram na década de 1980, para impedir a multiplicação do vírus no organismo. Eles não matam o HIV, vírus causador da AIDS, 11 mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida de quem tem AIDS. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam do tratamento. Segundo dados de 2015, 455 mil pessoas estavam em uso dos remédios para tratar a doença. Atualmente, existem 22 medicamentos divididos em cinco tipos. Para combater o HIV é necessário utilizar pelo menos três antirretrovirais combinados, sendo dois medicamentos de classes diferentes, que poderão ser combinados em um só comprimido. O tratamento é complexo, necessita de acompanhamento médico para avaliar as adaptações do organismo ao tratamento, seus efeitos colaterais e as possíveis dificuldades em seguir corretamente as recomendações médicas, ou seja, aderir ao tratamento. Por isso, é fundamental manter o diálogo com os profissionais de saúde, compreender todo o esquema de tratamento e nunca ficar com dúvidas. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/quais-sao-os-antirretrovirais>. Acesso em: 09 nov. 2016. 15h51min. A AIDS em gestantes A taxa de transmissão do HIV de mãe para filho durante a gravidez, sem qualquer tratamento, pode ser de 20%. Mas em situações em que a grávida segue todas as recomendações médicas, a possibilidade de infecção do bebê reduz para níveis menores que 1%. As recomendações médicas são: o uso de remédios antirretrovirais combinados na grávida e no recém-nascido, o parto cesariano e a não amamentação. O uso de medicamentos durante a gravidez é indicado para quem já está fazendo o tratamento e para a grávida que tem HIV, não apresenta sintomas e não está tomando remédios para aids. Nesse caso, o uso dos remédios antiaids pode ser suspenso ao final da gestação. Essa avaliação dependerá dos exames de laboratório (CD4 e a Carga Viral) e de seu estado clínico e será ser realizada, de preferência, nas primeiras duas semanas pósparto, em um serviço especializado (SAE). Diagnóstico durante o pré-natal A testagem para HIV é recomendada no 1º trimestre. Mas, quando a gestante não teve acesso ao pré-natal adequado, o diagnóstico pode ocorrer no 3º trimestre ou até na hora do parto. As gestantes que souberem da infecção durante o pré-natal têm indicação de 12 tratamento com os medicamentos para prevenir a transmissão para o feto. Recebem, também, o acompanhamento necessário durante a gestação, parto e amamentação. A mãe que tem o vírus não deve amamentar o bebê, porque há risco de transmissão do vírus da mãe para o filho. Gravidez depois do diagnóstico Além de ser um direito garantido por lei, as mulheres soropositivas podem ter uma gravidez tranquila, segura e com muito baixo risco de que seu bebê nasça infectado pelo HIV, caso faça o correto acompanhamento médico e siga todas as recomendações e medidas preventivas explicadas acima. A AIDS no Brasil e as populações de risco Desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, O Brasil tem 656.701 casos registrados de AIDS (condição em que a doença já se manifestou), de acordo com o último Boletim Epidemiológico. Em 2011, foram notificados 38.776 casos da doença e a taxa de incidência de AIDS no Brasil foi de 20,2 casos por 100 mil habitantes. Observando-se a epidemia por região em um período de 10 anos, 2001 a 2011, a taxa de incidência caiu no Sudeste de 22,9 para 21,0 casos por 100 mil habitantes. Nas outras regiões, cresceu: 27,1 para 30,9 no Sul; 9,1 para 20,8 no Norte; 14,3 para 17,5 no Centro-Oeste; e 7,5 para 13,9 no Nordeste. Vale lembrar que o maior número de casos acumulados está concentrado na região Sudeste (56%). Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de aids entre mulheres pode ser observado pela razão de sexos (número de casos em homens dividido pelo número de casos em mulheres). Em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2011, último dado disponível, chegou a 1,7 caso em homens para cada 1 em mulheres. A faixa etária em que a AIDS é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres. A inversão apresenta-se desde 1998. Em relação aos jovens, os dados apontam que, embora eles tenham elevado conhecimento sobre prevenção da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, há tendência de crescimento do HIV. Quanto à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece a sexual. Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se 13 deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical. Apesar de o número de casos no sexo masculino ainda ser maior entre heterossexuais, a epidemia no país é concentrada (em grupos populacionais com comportamentos que os expõem a um risco maior de infecção pelo HIV, como homossexuais, prostitutas e usuários de drogas). Em números absolutos, notamos a redução de casos de aids em menores de cinco anos: passou de 846 casos, em 2001, para 745, em 2011. O resultado confirma a eficácia da política de redução da transmissão vertical do HIV (da mãe para o bebê). Quando todas as medidas preventivas são adotadas, a chance de transmissão vertical cai para menos de 1%. Às gestantes, o Ministério da Saúde recomenda o uso de medicamentos antirretrovirais durante o período de gravidez e no trabalho de parto, além de realização de cesárea para as mulheres que têm carga viral elevada ou desconhecida. Para o recém-nascido, a determinação é de substituição do aleitamento materno por fórmula infantil (leite em pó) e uso de antirretrovirais. Atento a essa realidade, o governo brasileiro tem desenvolvido e fortalecido diversas ações para que a prevenção se torne um hábito na vida dos jovens. A distribuição de preservativos no país, por exemplo, cresceu mais de 45% entre 2010 para 2011 (de 333 milhões para 493 milhões de unidades). Os jovens são os que mais retiram preservativos no Sistema Único de Saúde (37%) e os que se previnem mais. Modelo matemático, calculado a partir dos dados da PCAP de 2008, mostra que quanto maior o acesso à camisinha no SUS, maior o uso do insumo. A PCAP é a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionada às DST e Aids da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade. Em relação à taxa de mortalidade, o Boletim também sinaliza queda. Em 2002, era 6,3 por 100 mil habitantes, passando para 5,6 em 2011 – queda de aproximadamente 12%. Na comparação regional, verifica-se que o Sudeste apresenta comportamento similar, enquanto que as regiões Norte, Nordeste e Sul apresentam tendência de aumento. O coeficiente da região Centro-Oeste encontra-se estável. Questões de vulnerabilidade O levantamento feito entre jovens, realizado com mais de 35 mil meninos de 17 a 20 anos de idade, indica que, em cinco anos, a prevalência do HIV nessa população passou de 0,09% para 0,12%. O estudo também revela que quanto menor a escolaridade, maior o percentual de infectados pelo vírus da aids (prevalência de 0,17% entre os meninos com ensino fundamental incompleto e 0,10% entre os que têm ensino fundamental completo). 14 O resultado positivo para o HIV está relacionado, principalmente, ao número de parcerias (quanto mais parceiros, maior a vulnerabilidade), à coinfecção com outras doenças sexualmente transmissíveis e às relações homossexuais. O estudo é representativo da população masculina brasileira nessa faixa etária e revela um retrato das novas infecções. LEITURA COMPLEMENTAR Novas infecções por HIV crescem 11% no Brasil e caem 27,6% no mundo Um relatório anual divulgado pela UNAIDS (Agência da ONU dedicada ao combate à AIDS), aponta que o Brasil enfrenta um aumento da epidemia da doença. Segundo o relatório, o país registrou aumento de 11% do número de infecções por HIV de 2005 a 2013, enquanto que no mundo, houve uma queda de 27,6% nesse mesmo período. Na América Latina, a tendência também é de diminuição, ainda que lenta - em cinco anos o número de novos casos caiu 3% na região. Segundo o Ministério da Saúde, a epidemia do país está concentrada em populações mais vulneráveis, como gays, prostitutas e usuários de drogas. Segundo Jarbas Barbosa, países de epidemia concentrada têm um desafio maior, porque o número de infectados não é grande, mas essas populações têm barreiras de acesso aos serviços de saúde. Hoje, estima-se que 0,4% da população brasileira tem HIV. A situação brasileira é semelhante a de países da Europa e dos Estados Unidos e diferentes da de locais com epidemia generalizada, como em alguns países da África, onde a maior diminuição foi registrada. Segundo especialistas, as políticas de saúde, como oferta de tratamento, surtem um efeito mais rápido nesses países que têm maior disseminação do vírus. O relatório da UNAIDS também aponta o aumento de circulação do vírus entre jovens do sexo masculino gays, e cita falha em políticas de prevenção em grupos de maior risco no país. Acompanhe no infográfico a seguir, informações da AIDS no mundo 15 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/07/1486721-novasinfeccoes-por-hiv-crescem-11-no-brasil-e-diminuem-38-no-mundo.shtml>. Acesso em: 09 nov. 2016. 16h35min. (Adaptado). 16 (Continuação) Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/07/1486721-novas-infeccoes-porhiv-crescem-11-no-brasil-e-diminuem-38-no-mundo.shtml>. Acesso em: 09 nov. 2016. 16h35min. (Adaptado). 17 ATIVIDADES 1. (ENEM – 2009) Estima-se que haja atualmente no mundo 40 milhões de pessoas infectadas pelo HIV (o vírus que causa a AIDS), sendo que as taxas de novas infecções continuam crescendo, principalmente na África, Ásia e Rússia. Nesse cenário de pandemia, uma vacina contra o HIV teria imenso impacto, pois salvaria milhões de vidas. Certamente seria um marco na história planetária e também uma esperança para as populações carentes de tratamento antiviral e de acompanhamento médico. TANURI, A.; FERREIRA JUNIOR, O. C. Vacina contra Aids: desafios e esperanças. Ciência Hoje (44) 26, 2009 (Adaptado). Uma vacina eficiente contra o HIV deveria a) induzir a imunidade, para proteger o organismo da contaminação viral. b) ser capaz de alterar o genoma do organismo portador, induzindo a síntese de enzimas protetoras. c) produzir antígenos capazes de se ligarem ao vírus, impedindo que este entre nas células do organismo humano. d) ser amplamente aplicada em animais, visto que esses são os principais transmissores do vírus para os seres humanos. e) estimular a imunidade, minimizando a transmissão do vírus por gotículas de saliva. 2. (ENEM 2010) A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é manifestação clínica da infecção pelo vírus HIV, que leva, em média, oito anos para se manifestar. No Brasil, desde a identificação do primeiro caso de AIDS em 1980 até junho de 2007, já foram identificados cerca de 474 mil casos da doença. O país acumulou, aproximadamente, 192 mil óbitos devidos à AIDS até junho de 2006, sendo as taxas de mortalidade crescente até meados da década de 1990 e estabilizando-se em cerca de 11 mil óbitos anuais desde 1998. [...] A partir do ano 2000, essa taxa se estabilizou em cerca de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes, sendo esta estabilização mais evidente em São Paulo e no Distrito Federal. Disponível em: http://www.aids.gov.br. Acesso em: 01 de maio 2009. (Adaptado). 18 A redução nas taxas de mortalidade devido à AIDS a partir da década de 1990 é decorrente a) do aumento do uso de preservativos nas relações sexuais, que torna o vírus HIV menos letal. b) da melhoria das condições alimentares dos soropositivos, a qual fortalece o sistema imunológico deles. c) do desenvolvimento de drogas que permitem diferentes formas de ação contra o vírus HIV. d) das melhorias sanitárias implementadas nos últimos 30 anos, principalmente nas grandes capitais. e) das campanhas que estimulam a vacinação contra o vírus e a busca pelos serviços de saúde. 3. O sistema imunológico humano apresenta como função primordial a defesa do organismo. Uma das formas de proteção é a produção de _______________ , proteínas que reagem de forma específica com agentes estranhos denominados genericamente de _______________. Marque a alternativa que completa adequadamente os espaços acima: a) anticorpos e leucócitos. b) leucócitos e anticorpos. c) anticorpos e antígenos. d) antígenos e anticorpos. e) leucócitos e antígenos. 4. (PUC-RJ-2007) Consideramos uma vacina um material que contém: a) anticorpos contra determinado patógeno, que estimulam a resposta imunológica do indivíduo. b) anticorpos contra determinado patógeno produzidos por outro animal e que fornecem proteção imunológica. c) soro de indivíduos previamente imunizados contra aquele patógeno. 19 d) células brancas produzidas por animais, que se multiplicam no corpo do indivíduo que recebe a vacina. e) um patógeno vivo enfraquecido ou partes dele para estimular a resposta imunológica, mas não causar a doença. 5. Nem todos os leucócitos são capazes de produzir anticorpos, atuando na defesa do nosso organismo de outras formas. Os leucócitos capazes de produzir anticorpos são os a) linfócitos T. b) neutrófilos. c) macrófagos. d) eosinófilos. e) linfócitos B. REFERÊNCIAS GUIA DO ESTUDANTE. Ação das vacinas. Disponível em: < http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidadesvestibular/files/2012/07/vacina_esquema_2.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 15h02min. WIKIPÉDIA. Basófilos. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Granul%C3%B3cito_bas%C3%B3filo#/media/File:PBBasop hil.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 12h04min. WIKIPÉDIA. Eosinófilos. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Granul%C3%B3cito_eosin%C3%B3filo.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 11h59min. WIKIPÉDIA. Fagocitose. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Fagocitose#/media/File:Fagocitose.png>. Acesso em: 09 nov. 2016. 15h14min. WIKIPÉDIA. Formatos de vírus. Disponível em: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e8/Headtail_phage.svg/225px-Head-tail_phage.svg.png>. Acesso em: 09 nov. 2016. 15h14min. WIKIPÉDIA. Linfócitos. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/89/SEM_Lymphocyte.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 14h38min. 20 WIKIPÉDIA. Monócitos. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Mon%C3%B3cito#/media/File:Monocytes,_a_type_of_white _blood_cell_(Giemsa_stained).jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 12h13min WIKIPÉDIA. Neutrófilos. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Granul%C3%B3cito_neutr%C3%B3filo#/media/File:Neutro phil.jpg>. Acesso em: 09 nov. 2016. 11h56min. GABARITO 1. Alternativa A. Vacinas são compostas de partes dos organismos ou até mesmo organismos debilitados. Essa prática leva ao nosso sistema de defesa a combater os antígenos desses organismos, em seguida fornece ao sistema inume pedaços que podem ser usados para sintetizar anticorpos para que uma futura infecção, tenha uma rápida resposta inume. Com isso uma vacina contra o HIV serviria para proteger o organismo da contaminação viral “real”. 2. Alternativa C. Os antirretrovirais surgiram na década de 1980, e o acesso gratuito no país iniciou-se a partir de 1996. Com a disponibilidade de tratamento, ocorreu a redução da mortalidade. 3. Alternativa C. Os antígenos são substâncias ou organismos estranhos que estimulam a produção de anticorpos pelo nosso corpo. Os anticorpos são proteínas de defesa que se ligam de maneira específica a cada antígeno. 4. Alternativa E. As vacinas são compostas por antígenos mortos ou atenuados incapazes de desencadear a doença, mas capazes de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos específicos. 5. Alternativa E. Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B maduros. 21