VACINA CONTRA O HPV E A PREVENÇÃO DO CÂNCER DO

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VACINA CONTRA O HPV E A PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO
DO ÚTERO: UMA NECESSIDADE DE AVANÇO NA PRÁTICA
COTIDIANA DA CIÊNCIA DA SAÚDE
KRABBE, Elisete Cristina1; PADILHA, Aline dos Santos2; HENN, Aline3; MOLIN, Diovana
Brondani Dal4; TEIXEIRA, Karen Jaqueline5; JÚNIOR, Paulo Sérgio de Abreu6;SANTOS,
Tassia Gomes dos7; CARVALHO, Themis Goretti Moreira Leal8.
Resumo: O Papilomavirus Humano (HPV) é a principal causa de câncer de colo do útero. O
objetivo deste trabalho foi identificar quantas discentes realizaram a vacinação contra o HPV
e avaliar o nível de conhecimento das estudantes do Instituto Estadual de Ensino Professor
Annes Dias. A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário individual e
sem identificação. Percebemos que mesmo com a campanha de vacinação do Ministério da
Saúde, muitas jovens ainda desconhecem o HPV, bem como a eficácia e a importância da
imunização, ficando evidente que ainda devemos intervir na escola, juntamente com corpo
docente para ampliar os conhecimentos e promover a prevenção do escolar contra o HPV.
Palavras-chave: HPV. Vacinação. Câncer do Colo do Útero.
Abstract: The Human Papillomavirus (HPV) is the main cause of cervical cancer. The
objective of this study was to identify how many students performed the HPV vaccination and
assess the level of knowledge of students of the State Institute of Education Teacher Annes
Dias. The survey was conducted by applying an individual questionnaire and without
identification. We realized that even with the vaccination campaign of the Ministry of Health,
many young people are still unaware of HPV, and the effectiveness and the importance of
immunization, getting clear that we should still intervene in the school, along with faculty to
increase knowledge and promote preventing school against HPV.
Keywords: HPV. Vaccination. Cervical Cancer of the Uterus.
INTRODUÇÃO
Aproximadamente 100 tipos de HPVs foram identificados e tiveram seu genoma
mapeado. Sendo que 40 tipos podem infectar o trato genital inferior, 12 a 18 tipos são
1
Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ, integrante do Núcleo de
Pesquisa em Saúde Coletiva da UNICRUZ. Bolsista PIBEX/UNICRUZ. E-mail: [email protected]
2 34567
Acadêmicos do Curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ.
8
Profª Adjunta do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Cruz Alta- UNICRUZ. Graduada em
Fisioterapia (UFSM); Mestre em Educação (UFSM). Líder do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva da
UNICRUZ, técnica científica do Centro de Atendimento ao Educando – CAE/Tupanciretã-RS, Delegada
Regional do CREFITO 5 e proprietária da Clínica de Fisioterapia Tupanciretã Ltda. – orientadora da pesquisa.
E-mail: [email protected]
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considerados oncogênicos ao colo de útero (IARC, 2007). Os tipos 16 e 18 estão presentes em
cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero, sendo considerados os de maior risco
oncogênico (SMITH et al., 2007).
Segundo o Ministério da Saúde (2013), o HPV é o principal responsável pelo câncer
de colo de útero. A cada ano que passa cinco mil mulheres morrem devido à infecção pelo
vírus no Brasil. A vacina é a principal forma de prevenção.
Na maioria das vezes, a infecção cervical causada pelo HPV regride
espontaneamente entre seis meses e dois anos após o contágio (IARC, 2007).
No mundo, o número chega a aproximadamente 530 mil novos casos de câncer de
colo de útero a cada ano. É responsável por 274 mil óbitos ao ano de mulheres contaminadas
(WHO, 2008).
A infecção pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com
lesões inaparentes, visíveis somente com aplicação de reagentes. As lesões clínicas podem ser
únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável. Podem ser conhecidas também
como crista de galo, condiloma acuminado ou verruga genital. As localizações mais
frequentes são a vulva, o períneo, a região perianal, a vagina e o colo do útero. Podem estar
presentes também na mucosa nasal, oral e laríngea, porém menos frequentes (BRASIL 2013).
O câncer do colo do útero é um problema de saúde pública, principalmente nos
países mais pobres e associa-se a outras DST’s. As taxas no Brasil apresentam valores
intermediários quando comparado aos países em desenvolvimento, porém são elevadas
quando comparadas com países desenvolvidos. Uma das mais importantes descobertas nos
últimos anos em relação ao câncer de colo de útero é a relação entre o HPV e o câncer de colo
de útero (BRASIL, 2013).
As lesões do câncer do colo de útero são assintomáticas, podendo ser detectadas
através do exame citopatológico e confirmadas pela coloscopia e exame histopatológico. No
estágio invasor da doença os principais sintomas são sangramento vaginal, leucorreia e dor
pélvica. Ao exame especular pode ser evidenciado sangramento, tumoração, ulceração e
necrose no colo do útero (BRASIL, 2013).
O HPV é ainda desconhecido por grande parte da população em geral, sendo assim
proposto um projeto para ampliar o conhecimento populacional e sanar dúvidas sobre o
assunto em demanda. O governo tem trabalhado bastante, dede o ano passado, em campanhas
para a vacinação contra o HPV, vacinando meninas dos 11 aos 13 anos de idade em 2014.
Neste ano a campanha passou a ser realizada com meninas entre nove e 11 anos de idade.
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Nesta pesquisa procuramos identificar quantas discentes do Instituto Estadual de
Ensino Professor Annes Dias, já foram vacinadas contra o HPV, buscando verificar o
conhecimento das mesmas sobre o assunto, já que hoje milhões de pessoas são afetadas sendo
na maioria mulheres, tornando o HPV um desafio para saúde pública.
METODOLOGIA
A pesquisa caracteriza-se com um estudo exploratório e descritivo. Foi desenvolvido
com os alunos do IEE Professor Annes Dias, na cidade de Cruz Alta, Rio Grande do Sul.
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário, para o
gênero feminino, que foi elaborado pelos discentes do curso de Biomedicina da Universidade
de Cruz Alta, com a finalidade de avaliar o conhecimento que o público alvo tem sobre a
vacina do HPV. Os dados foram analisados quantitativamente e qualitativamente.
O projeto tem a aprovação do CEP da Unicruz - CAAE 0014.0.417.000-10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra constou 182 sujeitos, do gênero feminino, com a faixa etária de idade
entre os 14 anos e 22 anos.
Figura 1. Aplicação do questionário.
De 182 discentes, 49 (27%) foram vacinadas; 95 (52%) não foram vacinadas; 39
(21%) não souberam responder. É um número muito baixo de discentes vacinadas, porém
sabemos que elas não foram contempladas na campanha do Ministério da Saúde, iniciada no
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ano passado. Entende-se que a falta de conhecimento sobre a importância da vacinação contra
o HPV juntamente com o valor expressivo da vacina em rede particular, acaba influenciando
no número de jovens vacinadas. As condições necessárias para que as meninas consigam
realizar a vacinação nem sempre está ao alcance de todas.
Gráfico 1: Porcentagem de pessoas do gênero feminino que são vacinadas e que as que não são.
Vacinadas
Não vacinadas
não souberam
responder
60%
50%
40%
30%
52%
20%
27%
21%
10%
0%
Aproximadamente 90% das meninas não tomaram a vacina por falta de
oportunidade. Como já foi relatada, em muitos casos a falta de condições financeiras acabam
não oportunizando as adolescentes para realizar as três doses. Outras 10% relataram que não
possuem idade adequada.
A idade sugerida para vacinação é aos 11 e 12 anos, podendo ter início a partir dos
nove anos. São aplicadas três doses intramusculares com intervalos de dois e seis meses após
a primeira (MARKOWITZ et. al., 2007).
Mulheres de 13 a 26 anos de idade que não tenham sido vacinas anteriormente
também podem ser imunizadas, mulheres mais velhas que ainda não tenham experiências
sexuais podem ser vacinadas. Não há estudos conclusivos sobre a sua eficácia em maiores de
26 anos. Todavia, a vacina bivalente mostrou-se eficaz em mulheres com até 45 anos
(SKINNER et. al. 2008).
Das 49 jovens e adultas jovens que tomaram a vacina, apenas 11 souberam responder
o é que HPV, suas formas de transmissão e o público alvo na campanha de vacinação. Quatro
mulheres participantes do estudo nunca ouviram falar sobre o HPV e 34 já ouviram falar, mas
desconhecem maiores detalhes da doença.
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As adolescentes sexualmente ativas, a partir de dois a três anos do início da atividade
sexual, são as que apresentam maior taxa de infecção pelo vírus, chegando a variar de 50 a
80% (ROTELI et.al., 2007).
Segundo Nada (2008), a vacinação é muito eficaz quando administradas na
adolescência ou na pré-adolescência, pois os jovens são sexualmente e imaturos e adquirem
boa resposta imune.
Segundo Borsatto (2011), há importantes lacunas do conhecimento sobre a vacina
que ainda necessitam ser esclarecidas. A campanha de vacinação contra o HPV trouxe o vírus
novamente às rodas de discussões. Todos têm falado muito sobre a vacinação e seus
benefícios, mas, no entanto, muitas pessoas ainda desconhecem o próprio vírus e a eficácia da
vacina.
Atualmente há duas vacinas aprovadas e comercialmente disponíveis no Brasil: a
bivalente, que protege contra os tipos oncogênicos 16 e 18, e a quadrivalente, que protege
contra os tipos não oncogênicos 6 e 11 e os tipos oncogênicos 16 e 18. Além disso, a adoção
da vacina anti-HPV não oferecem proteção para 30% dos casos de câncer de colo de útero
causados por outros tipos de vírus oncogênicos (BRASIL, 2013).
A vacina é mais eficaz antes das mulheres iniciarem a vida sexual, após isso o
Ministério da Saúde orienta que seja feito o exame preventivo – Papanicolau –
periodicamente (uma vez ao ano ou semestralmente, de acordo com a indicação do
ginecologista). A vacina não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do
preservativo nas relações sexuais, mas é de extrema importância na quantificação da
prevenção.
Gráfico 2: Conhecimento do HPV pelas meninas que tomaram a vacina
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
69%
8,2%
22,4
Já ouviram Nunca ouviram Sabem o que é
falar, mas não
falar
sabem o que é
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Das 95 jovens e adultas jovens que não foram vacinadas, 33 delas conheciam o
significado do HPV; 59 já ouviram falar, mas não sabem o que é; e 11 nunca ouviram falar.
As 39 meninas e mulheres que não sabiam se eram vacinadas ou não contra o HPV,
sete delas conheciam esse vírus; 25 já ouviram falar, mas não sabiam o que era; e sete nunca
ouviram falar.
Sabemos que o HPV é um problema de saúde pública, que afeta milhares de pessoas a
todo ano. Quanto mais informações forem repassadas a comunidade escolar, menores serão os
índices de contaminação pelo vírus. Com as intervenções, no ambiente escolar, os jovens se
conscientizarão da importância da prevenção e a escola será o ambiente transformador de
conceitos.
Após a aplicação do questionário e análise dos resultados, elaborou-se um plano de
educação em saúde, com a participação efetiva de todos os atores, fazendo parte de todo o
planejamento das atividades, sentindo-se protagonistas e sendo um multiplicador no ambiente
escolar. Foi desenvolvida uma intervenção na escola para sanar dúvidas, alertar sobre riscos,
formas de prevenção e a importância da vacinação. Foram distribuídos folders educativos
alertando sobre o risco e a forma de contaminação.
Acreditando que a problemática do estudo precisa de investimentos de longo prazo e
do engajamento sustentado no conceito ampliado de saúde, na integralidade e na produção de
cidadania e autonomia, em um trabalho de educação e saúde entre pares (Ministério da Saúde,
2010) o projeto foi executado pelos acadêmicos do Curso de Fisioterapia e da Biomedicina da
Unicruz.
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Figura 2. Folder educativo distribuído na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho realizado, foi percebido que as jovens discentes, em sua grande
maioria não sabiam o que é o HPV ou nunca ouviram falar.
Fica evidente a importância da intervenção construída em sala de aula junto com o
corpo docente da escola. As informações levadas até os alunos são formas de orientar,
divulgar a campanha, mostrar a importância e a eficácia da vacina alertando sobe o perigo das
DST’s e das consequências relacionadas a esse vírus, como o câncer de colo de útero e
conscientizar que preservativo é sinônimo de sexo seguro.
Sabemos que a intervenção amplia, fortalece o acesso as informações e traz
importantes contribuições à ciência da saúde e da educação. Desta forma, conseguimos
quebrar alguns mitos e tabus e orientar que a busca por informações seguras deve ser com
pessoas qualificadas para que suas dúvidas sejam sanadas de forma correta. Mostramos que a
prevenção e a promoção da saúde é o caminho mais seguro para conseguirmos levar uma vida
saudável, longe de DST’s e outras doenças.
Para melhoria destes dados é necessário fomentar a participação juvenil para que
adolescentes e jovens possam atuar como transformadores da realidade, vinculando suas
práticas ao exercício da cidadania da comunidade escolar propondo o desenvolvimento de
sujeitos críticos, autônomos, solidários, capazes de atuar, pensar, crescer e transformar a
realidade em que estão inseridos.
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