Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília - SP FABIANA OLIVEIRA KOGA SCREENING DE HABILIDADES MUSICAIS: mapeamento da Precocidade musical e do Comportamento dotado para música MARÍLIA 2016 Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília - SP FABIANA OLIVEIRA KOGA SCREENING DE HABILIDADES MUSICAIS: mapeamento da Precocidade musical e do Comportamento dotado para música Projeto de doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP, Campus de Marília –SP. Linha de pesquisa: Educação Especial no Brasil. Área de concentração: Precocidade e superdotação musical. MARÍLIA 2016 RESUMO O objetivo deste estudo é construir um instrumento de mensuração capaz de mapear o potencial musical de estudantes, a fim de identificar aqueles que apresentam precocidade e comportamento dotado para música. Para alcançar os objetivos, geral e específicos, pretende-se dividir o instrumento em duas partes, a primeira voltada para a identificação de habilidades musicais gerais e a segunda habilidades musicais específicas. Este instrumento será desenvolvido na interface da psicométria e considerará padrão populacional e nota de corte no processo de mensuração. O instrumento fará uma varredura denominada screening com vista ao mapeamento musical da sala de aula culminando na identificação da precocidade e do comportamento dotado para música. Ademais, vislumbra-se que o instrumento seja acessível aos professores de Educação Musical e, que estes, em trabalho colaborativo com os demais profissionais da Educação, possam socializar os resultados, de modo a contribuir para o planejamento pedagógico, didático e enriquecimento curricular de todos os estudantes, em específico, daqueles que apresentarem precocidade e comportamento dotado para música. Palavras-chave: Educação Especial. Educação Musical. Screening. Precocidade. Dotação. 1 INTRODUÇÃO A música está presente na vida e na historicidade humana, desde os povos primitivos aos atuais. Em cada época, estes povos atribuíram diversos valores à música, dentre estes, estão as concepções filosóficas, religiosas, estéticas e também, as científicas. Desde a Antiguidade Clássica, a música começou a ser vista a partir de uma ótica educativa, preocupação esta, que foi mantida até os dias atuais, embora seja repleta de contradições. Atualmente há uma Lei Nº 11.769 que garante o ensino obrigatório de música para todos os estudantes brasileiros do ensino básico, mas que ainda não foi implementada por todas as escolas do país (BRASIL, 2008). Diante desta conjuntura nacional em construção, no âmbito da Educação Musical, destaca-se a preocupação, com aqueles estudantes com potencial musical, em virtude, da música não ser ainda uma disciplina reconhecida junto ao currículo da escola regular no país permitindo o acesso de crianças e jovens ao estudo musical formal. A criança precoce e com comportamento dotado1 para música, em âmbito criativoprodutivo (RENZULLI, 2014), necessita de meios que deem vazão para que o processo criativo se concretize. Nesta direção, as artes de modo geral, específicamente a música, seria um terreno fértil e potencial para que esta criança canalize sua necessidade imaginativa e criadora (LOUIS, 2004). Vygotsky (2009), em seus estudos anteriormente a outros autores, havia declarado a importância da arte para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, além da contribuição dela para o processo de humanização do homem. Para ele, conhecer os mecanismos psicológicos da imaginação e da atividade criadora é extremamente importante. Ao criar ou imaginar algo estaria, esta criança, acessando e controlando as 1 Destaca-se que, neste texto, a tradução para os termos Gifted behaviors e Giftedness adotada será: Comportamento Dotado e Dotação. A base para tal posicionamento concentra-se no estudo das concepções teóricas e textos originais de François Gagné e Joseph S. Renzulli. suas funções mais elevadas de pensamento, inclusive estaria até possibilitando novos rumos para o meio cultural coletivo a partir de sua criação, fruto da dialética entre o meio e sua individualidade. Nesta perspectiva da importância de uma Educação Musical para todas as crianças e, ainda, da necessidade de atender, na medida de suas necessidades educacionais, aquelas com precocidade e com comportamento dotado para música, é que este estudo, por meio da psicometria trouxe, para este projeto, bases teóricas que permitiram pensar a construção de um protocolo Screening capaz de encontrar e analisar empiricamente as variáveis componentes da precocidade musical e do comportamento dotado para música. O uso de instrumentos da psicometria e a criação de testes padronizados para mensurar a inteligência e habilidades não é algo recente, ocorre desde Francis Galton, Alfred Binet, James M. Catell e outros estudiosos, inclusive nos dias atuais (PASQUALI, 2013). Lev S. Vigotski, não se deteve específicamente ao estudo da precocidade e do comportamento dotado, no entanto, em seus estudos, o autor dedica-se ao fenômeno, em momentos pontuais, juntamente com Alexander R. Lúria, e até volta-se para a discussão referente a genialidade. Segundo ele, a genialidade seria um nível superior de talento que se manifesta a partir de ações maximizadas de produção criadora, cujo impacto ocorre de maneira historicamente importante para a vida social culminando no reconhecimento da sociedade para a qual, volta-se as ações de produção criadora. Em outra obra, Vigotski e Lúria (1996) afirma que uma criança bem-dotada demonstra capacidade de usar ativamente sua experiência anterior, ela coloca em uso vários métodos que aperfeiçoam seus processos psicológicos naturais. Na perspectiva, a humanidade e seus atributos diferenciais são apenas “ponto de partida”, isso porque será o desenvolvimento cultural o responsável pela não semelhança entre os sujeitos na perspectiva do desenvolvimento. Assim, para ele, uma criança bem-dotada ou talentosa seria aquela que possui a capacidade de controlar seus próprios recursos naturais, significando, criando e controlando os melhores dispositivos no uso destes recursos, além de apresentar uma capacidade criadora capaz de impactar o meio social a partir das relações sociais e da sua produção. Renzulli (1985; 2014), ao fundamentar o comportamento dotado criativoprodutivo, desenvolveu procedimentos de identificação, avaliação e de intervenção capazes de contemplar dimensões do sujeito para além da área acadêmica, e evidenciou fortemente a importância de se identificar o indivíduo dotado criativo-produtivo para além de um único ângulo, mas olhar para o seu modus operandi (RENZULLI, 2014). O autor define o comportamento dotado como um fenômeno resultante da intersecção, entre personalidade e fatores ambientais, de Três Anéis (Habilidade acima da média, Envolvimento com a tarefa e Criatividade) e propõe o Modelo de Enriquecimento para toda a escola (SEM) por meio dos Tipos I, II e III (RENZULLI; REIS, 1985). Freitas e Pérez (2012) adicionou a estes o Enriquecimento Tipo IV. Joseph S. Renzulli e colaboradores construíram a “Scales for Rating the Behavioural Characteristics of Superior Students”, publicada na obra de Alonso, J. A.; Benito, Y.; Guerra, S. (2001). Renzulli e Reis (1985) construíram portfólios, recursos e variados instrumentos disponibilizados na obra “The schoolwide enrichment model: a comprehensive plan for education execellence”. Para estes autores, a dotação, multifacetada como é, precisa ser vista distintamente em duas faces: a dotação acadêmica, na qual o estudante pode apresentar pontuações altas em testes de QI, alto rendimento acadêmico em uma ou mais áreas, e a dotação criativo-produtiva, que pode não se revelar por meio dos testes de QI, mas outras possibilidades de testagens que podem tanto ser qualitativas quanto quantitativas. Por conta disto, Benito (2003), recomenda e apresenta procedimentos de mensuração da dotação e do talento. Para a autora, as etapas de identificação e análise do fenômeno em questão podem se dividir em: screening, nomeação, diagnóstico e/ou avaliação. De acordo com ela, o screening é uma varredura que permite rastrear 10% da população com possível indicador de precocidade e comportamento dotado. Além disso, sua natureza psicométrica permite um olhar inicial amplo, fazendo com que passem pelo crivo vários sujeitos com indicadores, até mesmo aqueles que aparentam ser precoces e dotados, mas não são, porém, o que não pode ocorrer é que sejam excluídos, nesta varredura, aqueles que de fato são precoces e dotados. Por esta razão, anteriormente a construção do screening, será preciso conhecer a concepção dos autores sobre a precocidade e o comportamento dotado na área da música. Para Robinson (2015) a precocidade é a combinação de fatores potenciais, funcionamento acelerado na internalização de elementos culturais e seus significados e aspectos motivacionais que mobilizam a criança de tenra idade. A autora enfatiza a importância de prover para esta criança acesso ao que ela necessita para saciar sua curiosidade e a necessidade de exploração do ambiente atreladas a uma motivação incomum se comparada aos seus pares. Kirnarskaya (2004) define a habilidade musical por mecanismos psicológicos compostos por aspectos perceptivos que compõe o chamado ouvido expressivo, são eles: timbre, dinâmicas, articulação e acentuação. Para a autora, a dotação, define-se como uma habilidade produtivo–musical que produz e controla níveis hierárquicos de elementos musicais, o que permite que o sujeito seja capaz de combiná-los e manipulá-los por meio de um ouvido arquitetônico e senso estético. Além disso, a autora ainda considera em suas análises: o senso rítmico, o ouvido expressivo e analítico, o senso estético e a habilidade de produção musical. Willems (2001) colabora ao propor quais aspectos gerais compõe o índice de musicalidade de um sujeito. O autor enfatiza como centro da musicalidade as percepções auditivas de ordem fisiológicas, afetiva e mentais, que para ele, culminaria no: senso melódico, rítmico e timbrístico. Haroutounian (2002) também destaca outras habilidades, dentre elas: imaginação, memória musical, senso intelectual analítico, percepção, reprodução de melodias, participação assídua em atividades musicais, desejo de dominar um instrumento, sensibilidade rítmica, capacidade de identificação da textura musical e habilidade para improvisar. A autora em sua obra propõe o uso de testes psicométricos para avaliação musical do sujeito como: os testes de Edwin Gordon, os testes de criatividade Torrance, além de testes próprios divulgados na obra “Arts Talent ID: a framework for the Identification of talented students in arts” (HAROUTOUNIAN, 2014). Para Winner (1998), as crianças precoces e dotadas em música apresentam tecnicamente memória musical, habilidade para improvisar e fascínio pela teoria musical (tipos de notações e técnicas), podem apresentar também habilidade precisa para cantar, compor e executar um instrumento (performers) e outras características aqui arroladas por outros autores. Alencar e Fleith (2001), mencionam que as habilidades musicais são: percepção (habilidade de distinguir entre sons musicais); memória (habilidade de resgatar ritmos e sons ouvidos); reprodução (habilidade de recriar); gosto (habilidade individual de escolha por meio do senso de estética musical) e aptidão artística (habilidade de expressão emocional e criativa na música realizada pelo próprio indivíduo). Gainza (1988) destaca as seguintes habilidades musicais manifestas: sensorial, afetiva, motriz, estrutural, estética, imitativa, interpretativa, autodidatismo, resiliência, adaptação e verbalização de processos, além de senso e discernimento rítmico, melódico e timbrístico. Partindo das considerações feitas pelos teóricos aqui mencionados, realizou-se a seleção prévia das habilidades gerais e específicas (ANEXO 1) para comporem o Screening como temas e, a partir destes, criar os itens que responderão a eles. Este protocolo será construído com a finalidade de que seja aplicável na realidade brasileira por educadores musicais2 interessados no potencial musical dos estudantes com a finalidade de analisar o desenvolvimento musical deles, ou seja, identificar o índice de musicalidade. Além disso, esses profissionais deverão passar por formação para a aplicação deste instrumento com o intuito de utilizá-lo da melhor maneira possível. Diante da exigência do educador musical e da disciplina denominada Educação Musical, garantida pela lei 11. 769/98, faz-se necessária a formação de um profissional capaz de cumprir essa função, o que evidencia a necessidade de instrumentos da área da música que contribuam para o mapeamento do potencial musical e a necessária formação para assumir o trabalho da educação musical dos estudantes brasileiros. Embora este instrumento tenha por objetivo mensurar as habilidades musicais, ele também possibilitará observar e avaliar habilidades imprescindíveis para o desenvolvimento de atividades distintas da musicalidade, como, por exemplo: a percepção, a coordenação motora, a memória, a atenção, a capacidade visomotora, audiovisual e outras, que servem de base, ainda, para outros aprendizados. Assim sendo, pode-se contribuir para que o professor da sala regular, com a colaboração do educador musical, tenha em mãos mais uma possibilidade geradora de informações básicas, sobre o desenvolvimento de cada criança na perspectiva da música, o que poderá ajudá-lo na 2 Estamos considerando educadores musicais todo profissional com licenciatura plena e formação básica técnica em música. elaboração ou no desenvolvimento de estratégias pedagógicas e didáticas, culminando, assim, no desenvolvimento cultural de toda a escola. 2 JUSTIFICATIVA A opção pela construção de um instrumento padronizado screening se deu, primeiramente, por se tratar de uma técnica simples de aplicação e eficaz. Em segundo, pela busca de um instrumento de mapeamento de natureza dinâmica, conforme aconselha Renzulli (2014). Em terceiro, com base em Benito (2003) e Melo e Almeida (2008), pensou-se no screening, por conta de haver nele uma base empírica para a identificação em tenra idade, além de ser econômico a ponto de viabilizar a identificação em um maior número de sujeitos em virtude de seus pontos de cortes. Outro ponto considerável nesta escolha se deu com base nas afirmações de Barbosa (2014). De acordo com o autor, há uma parcela grande de trabalhos que utilizam instrumentos cuja validade e padronização são de origem duvidosa e que, por falta de rigor metodológico, impossibilitam o isolamento das variáveis de um determinado fenômeno. Desta maneira, o entendimento, para uma possível intervenção na realidade, fica comprometido em virtude da imprecisão em torno do fenômeno estudado. Por todas estas razões, se fez necessário realizar uma Revisão Sistemática da Literatura para mapear e analisar os trabalhos que utilizaram instrumentos padronizados, psicométricos, com parâmetros populacionais, e aqueles com enfoque na avaliação, identificação e observação da precocidade musical, da dotação e do talento em música, oriundos das áreas da Educação, Psicologia e da Educação Musical. Esta revisão analisou os últimos dez anos de produção em âmbito nacional e internacional. Com base nas recomendações do estudo de Medrado, Gomes e Nunes Sobrinho (2014), foi possível identificar as seguintes bases de dados: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e Institute of Education Sciences (ERIC). Ainda se considerou as Teses e Dissertações disponíveis na página dos programas de pósgraduação com nota igual ou maior que 5 no qualis da CAPES. Os unitermos utilizados foram: precocidade, testes psicométricos para avaliação de desempenho, testes para avaliação de nível de desenvolvimento cognitivo, testes para avaliação do desenvolvimento cognitivo na música, superdotação, dotação, talento, superdotação musical, dotação musical, talento musical, testes psicométricos e talento, testes psicométricos e superdotação, testes psicométricos e dotação, identificação da superdotação, identificação da dotação, identificação do talento, identificação das altas habilidades, avaliação das altas habilidades, avaliação do talento, avaliação da superdotação, avaliação da dotação, teste de avaliação musical, testes de identificação musical e testes de aptidão musical, testes psicométricos e superdotação musical, identificação da precocidade e da Superdotação musical, avaliação da precocidade e da superdotação na música. Após analisar o universo da produção científica de 61 Programas de Pósgraduação foram encontrados 70 trabalhos defendidos, dos quais nove utilizaram instrumentos padronizados e psicométricos, sendo que apenas um enfocou a avaliação musical. No banco de dados da CAPES encontrou-se 26 trabalhos, destes, 13 utilizaram instrumentos padronizados e psicométricos, sendo que cinco enfocam a avaliação musical. No banco de dados ERIC encontrou-se 80 trabalhos, destes, 20 fizeram uso de instrumentos padronizados e psicométricos, sendo que somente três enfocaram a avaliação musical. No banco de dados BDTD encontrou-se 459 trabalhos, destes, 13 faziam uso de instrumentos padronizados e psicométricos, mas nenhum com enfoque na avaliação musical. A seguir uma breve apresentação dos trabalhos relevantes para este estudo. QUADRO 1 – Resultado das teses, dissertações e periódicos encontrados AUTOR E FONTE Ribeiro, Santos (2010) CAPES Nunes, Loureiro, Loureiro e Haase (2010) CAPES Escalda, Lemos, França (2010) CAPES Lee (2010) ERIC Pessotto, Cunha, Primi, Carvalho, Miguel (2012) CAPES Peixoto, Martins, Teixeira, Alves, Bastos, Ribeiro (2012) CAPES Yokus e Yokus (2015) ERIC USO DE INSTRUMENTOS PADRONIZADOS Teste de Repetição de Pseudopalavras para crianças brasileiras; Avaliação Automatizada da Memória Operacional; Montreal Battery of Evaluation of Amusia – MBEA; RESULTADOS O treino musical parece ter contribuído para o desenvolvimento da memória operacional em crianças veteranas no programa de treino musical. Os itens originais do teste foram mantidos; eles foram compreensíveis para a população-alvo, por serem compostos dentro do sistema tonal ocidental. Avaliação Fonológica da Criança (AFC); Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo (ASPA); Teste de Consciência Fonológica (TCF); Primary Measures of Music Audiation (PMMA); Test of Early Audiation Achievement (TEAA); A experiência musical promove o aprimoramento de habilidades auditivas e metalinguísticas de crianças de 5 anos. Teste de Processamento Auditivo com Estímulos Musicais (RAu); Os resultados indicam evidências positivas de precisão e validade para o RAu. Montreal Evaluation of Battery of amusia Com os ajustes na avaliação acreditamos que o estudo do processamento auditivo central, nos permitirá compreender algumas lesões, limitações congênitas e adquiriras da percepção auditiva. Polyrhythmic Tapping Test; O estudo perceptivo em tenra idade contribui para o desenvolvimento musical das crianças; O aprendizado utilizando sequencias tonais e rítmicas são benéficos; Os resultados confirmaram que a organização de estruturas rítmicas através de síntese é uma maneira eficaz de aprender a executar estruturas rítmicas e polirrítmicas. Jaap e Patrick (2015) ERIC Small-scale A capacidade musical precisa ser desenvolvida com todas as crianças enriquecendo-as. Koga (2015) Página do programa Primary Measures of Audiation (PMMA); Intermediate Measures of Audiation (IMMA); Ficha Orientadora para a Observação da Conduta Musical; Encontrou-se, em um N de 51 participantes, 3 com indicadores de precocidade e comportamento de superdotação musical; sugeriu-se, o Enriquecimento segundo Renzulli (2003) associado aos métodos ativos de música. Fonte: Elaborado pela autora A análise das produções permitiu constatar que os trabalhos se apresentam voltados para questões bastante específicas, como é o caso dos estudos que focaram a percepção ou deram ênfase ao processamento auditivo. Outros, por sua vez, se voltaram para a memória, aspectos rítmicos ou conduta musical. No entanto, entende-se que é preciso ampliar o escopo da avaliação, focando outros fatores componentes da precocidade e do comportamento dotado na área da música, que são considerados como um fenômeno multifacetado por Renzulli e Reis (1985). Para Benito (2003), um crivo muito específico corre o risco de não identificar todos aqueles que de fato são precoces quanto ao comportamento dotado, especificamente em áreas como a da música considerada criativo-produtiva. 3 OBJETIVOS 3.1 GERAL Construir um instrumento psicométrico screening, a partir da mensuração de habilidades musicais gerais e específicas, capaz de mapear o potencial musical precoce e o comportamento dotado para música. 3.2 Objetivos específicos 1 – Identificar na literatura quais habilidades musicais gerais e específicas necessariamente precisam ser avaliadas; 2 – Submeter as habilidades identificadas à análise de juízes especialistas da área da música (Educadores e Performances). 3 – Criar itens capazes de contemplar os diferentes estímulos musicais nacionais, para cada habilidade musical validada pelos juízes. 4 – Submeter os exercícios à análise de item. 5 – Verificar, a partir da amostra testada, a familiaridade dos participantes com os estímulos musicais contemplados pela bateria de itens do teste. 6 – Aplicar empiricamente os itens que correspondem a cada tema para selecionar o que de fato mensuram. 7 – Criar a primeira versão do teste screening. 8 – Investigar por meio de um projeto piloto a capacidade de mensuração e de resposta aos temas propostos nos itens, além de observar a exequibilidade. 9 – Verificar a estabilidade do teste e sua consistência interna por meio do alfa de Cronbach. 10 – Testar o teste de screening para alcançar o coeficiente de fidedignidade. 11 – Realizar padronização do teste. 12 – Confeccionar a versão final. 4 MATERIAL E MÉTODO 4.1 Construção do instrumento O presente instrumento será constituído de duas partes, estudo 1 e 2. A primeira enfocará o mapeamento do estudante mediante habilidades musicais mais gerais. A segunda parte, enfocará habilidades musicais específicas que derivarão de cada uma das habilidades gerais. Pretende-se desenvolver neste instrumento o comando de execução e as tarefas, bem como as instruções de maneira padronizada mediante manual instrucional. O comando será dado para a criança e esta, responderá sinalizando sua resposta. Os exercícios possuirão ilustrações lúdicas, sequencias, como, por exemplo, de sons e batidas, timbres diversificados, e outros. Além disso, o instrumento solicitará da criança o discernimento, a capacidade criativa, memória, imitação e escolha ou decisão frente as situações propostas. 4.2 Universo da pesquisa A construção do Protocolo screening contará com projeto piloto para testar a capacidade de mensuração do teste. Para isto, serão necessárias crianças nas faixas etárias de Educação Infantil (a partir dos 5 anos) e Ensino Fundamental I (de seis a 11 anos). Estas faixas etárias foram definidas por entender que nestas fases a criança terá melhores condições de responder às exigências propostas pelo teste, além de ser o período indicado por Benito (2003) para o acautelamento da identificação e observação da manifestação da precocidade e do comportamento dotado. 5 FORMAS DE ANÁLISE DOS RESULTADOS Com base nas indicações de Pasquali (2013) e Bruni (2011), pretende-se, após elencar as habilidades musicais gerais e específicas, realizar a análise de item para aferir o grau de validade alcançado. Posteriormente, testar a fidedignidade e verificar se há estabilidade interna para então, verificar a otimização do teste e analisar se os comandos estão adequados para a aplicação. Por fim, a padronização para a versão final. 6 PLANO DE TRABALHO 1 – Mapear as habilidades musicais gerais e específicas por meio de busca na literatura da música. 2 – Definir os juízes e convidá-los para as duas etapas de avaliação do processo de elaboração do teste. 3 – Criar os itens (exercícios musicais). 4 – Projeto Piloto para testar a mensuração dos itens. 5 – Elaboração do instrumento. 6 – Testagem piloto. 7 – Adequações e ajustes do instrumento. 8 – Versão final 7 ATIVIDADES E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ATIVIDADES Solicitação da autorização junto ao Comitê de Ética Revisão Sistemática da Literatura Participação no seminário de pesquisa Participação em disciplinas Participação em eventos e elaboração de artigos Redação da Tese Elaboração do instrumento – Seleção dos temas (Habilidades musicais) Seleção das atividades que responderão aos Itens (Habilidades musicais) Projeto Piloto: aplicação primária do instrumento Refinamento do Instrumento e modificações prévias Coleta de dados: aplicação do instrumento para refinamento final Análise dos dados e elaboração da versão final Exame de Qualificação Defesa da Tese 2016 2017 2018 2019 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X REFERÊNCIAS ALENCAR, E. M. L. S. de; FLEITH, D. de S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2. ed. São Paulo: EPU, 2001. BARBOSA, A. J. G. O método das pesquisas sobre Talento: Análise a partir de artigos indexados na base de dados Scielo. In: OMOTE, S.; OLIVEIRA, A. A. S.; CHACON, M. C. M. São Carlos: Marquezine & Manzini: ABPEE, 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Ensino de música será obrigatório. Brasília, 18 ago. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2008/lei/l11769.htm>. Acesso em: 14/12/2015. BENITO, Y. La identificación: procedimiento e instrumentos. In: ALONSO, J. A.; RENZULLI, J. S.; BENITO, Y. (Org.). Manual Internacional de Superdotados. Madrid: EOS, 2003. BRUNI, A. L. PASW aplicado à pesquisa acadêmica. São Paulo: Atlas, 2011. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Disponível em: <http://www.capes.gov.br>. Acesso em: 07 fev. 2015. DESENREDO. Passo Fundo: UFP, 1967-. Disponível em: <http://www.upf.br/seer/index.php/rd;>. Acesso em: 15 mar. 2015. FREITAS, S. N.; PEREZ, S. G. P. B. Altas habilidades/superdotação: atendimento especializado. 2. ed. Marília: ABPEE, 2012. GAINZA, V. H. Estudos de psicopedagogia musical. Trad. de Beatriz A. Cannabrava. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988. HAROUTOUNIAN, J. Arts Talent ID: a framework for the identification of talented students in the arts. New York: Royal Fireworks Press, 2014. ______. Kindling the spark: recognizing and developing musical talent. New York: Oxford University Press, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em: <http://bdtd.ibict.br>. Acesso em: 07 mar. 2015. KIRNARSKAYA, D. The natural musician: on abilities, giftedness and talent. Trad. do russo por Mark H Teeter. New York: Oxford, 2004. LOUIS, J. M. Los niños precoces: su integración social, familiar y escolar. Madrid: Narcea, S. A. de Ediciones, 2004. MELO, A. S; ALMEIDA, L. S. A identificação precoce da sobredotação: alguns problemas e propostas. Braga: Sobredotação, 2008. p. 23-43. MEDRADO, C.; GOMES, V. M.; NUNES SOBRINHO, F.; P. Atributos teóricometodológicos da Revisão Sistemática das Pesquisas Empíricas em Educação Especial: Evidências Científicas na Tomada de Decisão sobre as Melhores Práticas Inclusivas. São Carlos: Marquezine & Manzini: ABPEE, 2014. PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2013. RENZULLI, J. S. Scale for the rating behavioural characteristics students superiors. Traduzido e adaptado: ALONSO, J.A; BENITO, S.; GUERRA, C. Salamanca: Amarú, 2001. ______. O que é essa coisa chamada superdotação e como a desenvolvemos?: uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação, Porto Alegre, v. 52, n. 1. p. 75-131, jan./abr. 2004. ______; REIS, S. M. The schoolwide enrichment model: a comprehensive plan for education excellence. In: COLANGELO, N.; DAVIS, G. A. (Org). Handbook of gifted education. Boston: Pearson Education, 2003. p. 184-203. ______.; ______. The schoolwide enrichment model: a comprehensive plan for education excellence. Connecticut: Creative Learning Press, 1985. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Trad. José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins fontes, 1991. ______. A imaginação e a arte na infância. Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D´ Água Editores, 2009. WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artmed, 1998. WILLEMS, E. El oido musical. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 2001. ANEXO I – Habilidades musicais gerais e específicas selecionadas até o momento. HABILIDADES PERCEPTIVAS/SENSORIAIS 1 – Tímbre (diferentes qualidades de som) 2 – Alturas (Grave/grosso; Agudo/fino) 3 – Intensidade (forte/fraco) 4 – Notas Isoladas 5 – Melodia (notas agrupadas em um contexto, com subidas e descidas, uma curva ou onda) 8 – Harmonia (mais de dois sons simultâneos) 9 – Polifonia (2 ou mais melodias não simultâneas) HABILIDADES RÍTMICAS 10 – Percepção da Pulsação 11 – Agógica (rápido/lento/curto/longo/acelerando/diminuindo) 12 – Duração (curto/longo) HABILIDADES DE CRIAÇÃO 13 – Improvisação 14 – Composição 15 – Imaginação HABILIDADE MEMÓRIA 16 – Memória musical HABILIDADE MOTORA 17 – Visiomotora 18 – Bimanual 19 – Audiomotora 20 – Lateralidade 21 – Motora Fina 22 – Global ENVOLVIMENTO COM A TAREFA 23 – Motivação Intrínseca 24 – Motivação Extrínseca 25 – Perseverança 26 – Necessidade compulsiva por aprender 27 – Fúria por dominar 28 – Motivação