Teoria Funcionalista - CONTATO SOCIOLÓGICO

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CONTATO SOCIOLÓGICO ­ Prof. Antonio Mateus de Carvalho Soares: Teoria Funcionalista
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CONTATO SOCIOLÓGICO ­ Prof. Antonio
Mateus de Carvalho Soares
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TE RÇ A ­FE I RA , 1 D E JU LH O D E 2 008
Teoria Funcionalista
EM QUE CONSISTE O MÉTODO? Toda teoria pressupõe um conjunto de regras práticas que identificam o
modo de selecionar as premissas teóricas e o modo de apresentar o
arcabouço teórico. Vale dizer, a teorização implica em um método de
aquisição de conhecimento e em um método de apresentação sistematizada
desse conhecimento adquirido. Um conceito geral possível de método é o
conjunto de processos e procedimentos, ordenados e coerentes entre si,
tendentes a um fim. Esta definição mínima de método é suficiente para
explicitar os três elementos básicos: conjunto de processos e
procedimentos, ordenação e coerência interna e finalidade. Auguste Comte
foi o teórico do positivismo, e fez deste um referencial metodológico, assim
como Karl Marx fez o método de análise marxista e o Emille Durkheim fez
o funcionalismo, ou O Método Teórico Funcionalista que estudaremos
nesta unidade. Na sociologia para se compreender os problemas e as
questões sociais é preciso ter método, o método se constitui através de
questionamentos e sinalizações teóricas que busquem responder estes
questionamentos:
A sociedade como um conjunto de elementos dinâmicos e diferenciados, é
movida por questões e problemas. Os teóricos da sociologia e seu campo
científico insurgiram para tentar compreender tais problemas que se
manifestam na sociedade.
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O MÉTODO DA FUNCIONALISTA SOCIOLOGIA
A sociologia funcionalista é hoje uma das mais difundidas nas sociedades
capitalistas, em primeiro lugar nos Estados Unidos. O pensamento de
Émile Durkheim foi retomado e desenvolvido especialmente por dois
sociólogos americanos, Robert K. Merton e Talcott Parsons, sem dúvida os
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maiores responsáveis pelo desenvolvimento do funcionalismo moderno.
O funcionalismo, ao analisar qualquer elemento de um sistema social,
procura saber de que maneira este elemento se relaciona com os outros
elementos do mesmo sistema social e com o sistema social como um todo,
para daí tirar as conseqüências que interferem no sistema, provocando sua
disfunção, ou, por outro lado, contribuem para a sua manutenção, sendo,
portanto, funcionais.
Estes conceitos foram desenvolvidos a partir do pensamento de Durkheim,
que se esforçou para mostrar a existência própria e independente dos fatos
sociais em relação aos indivíduos particulares. Durkheim chamou de
consciência coletiva as formas padronizadas de conduta e de pensamento
que se observa no interior de um grupo social: "Sem dúvida, é evidente que
nada existe na vida social que não esteja nas consciências individuais;
mas, quase tudo que se encontra nestas últimas vem da sociedade. A maior
parte de nossos estados de consciência não seriam produzidos pelos
indivíduos isolados, mas seriam produzidos pelos indivíduos agrupados de
outra maneira. Eles derivam, portanto, não da natureza psicológica do
homem em geral, mas da maneira segundo a qual os homens, uma vez
associados, interagem mutuamente, dependendo de serem mais ou menos
numerosos, de estarem mais ou menos próximos. Sendo produtos da vida
em grupo, somente a natureza do grupo pode explicá­los"[1][27].
Citando ainda uma vez Peter Berger: "Segundo a perspectiva durkheimiana,
viver em sociedade significa existir sob a dominação da lógica da
sociedade. Com muita freqüência, as pessoas agem segundo essa lógica
sem o perceber. Portanto, para descobrir essa dinâmica interna da
sociedade, o método sociológico terá muitas vezes de desprezar as respostas
que os próprios atores sociais dariam a suas perguntas e procurar as
explicações de que eles próprios não se dão conta. Esta atitude
essencialmente durkheimiana foi levada à abordagem teórica hoje
chamada de funcionalismo. Na análise funcional, a sociedade é analisada
em termos de seus próprios mecanismos como sistema, e que muitas vezes
se apresentam obscuros ou opacos àqueles que atuam dentro do sistema"[2]
[28].
Segundo o pensamento de Durkheim, a função da sociologia “seria a de
detectar e buscar soluções para os ‘problemas sociais’, restaurando a
‘normalidade social’ e se convertendo dessa forma numa técnica de
controle social e de manutenção do poder vigente”, explica C. B.
MARTINS[3][29].
Com efeito, no início do segundo capítulo de seu livro As regras do método
sociológico, E. Durkheim define seu princípio metodológico fundamental:
"A primeira regra e a mais fundamental é a de considerar os fatos sociais
como coisas". Para acrescentar mais adiante, neste mesmo capítulo: "De
fato, Comte proclamou que os fenômenos sociais são fatos naturais,
submetidos a leis naturais. Reconheceu, assim, o seu caráter de coisas,
visto que na natureza só há coisas"[4][30].
Michel Löwy observa que esta abordagem de Durkheim é perfeitamente
homóloga à desenvolvida pela economia política burguesa e explica: "É
aqui que provavelmente se encontram as raízes do naturalismo positivista
enquanto discurso ideológico típico da nova ordem industrial (burguesa)".
E, citando Durkheim, no texto La science et l'action, Paris, PUF, 1970, pp.
80­81, Michel Löwy acrescenta que "o próprio Durkheim apresenta a
economia política como precursora da démarche positivista nas ciências
sociais: 'Os economistas foram os primeiros a proclamar que as leis sociais
são tão necessárias como as leis físicas. Segundo eles, é tão impossível a
concorrência não nivelar pouco a pouco os preços... como os corpos não
caírem de forma vertical.... Estenda este princípio a todos os fatos sociais e
a sociologia estará fundada' "[5][31].
Ainda citando Durkheim, M. Löwy mostra que "desde os seus primeiros
escritos em 1867, o pensamento de Durkheim exprime com precisão,
clareza, coerência e rigor exemplares esta nova função social: 'É ainda ao
professor de filosofia que cabe despertar nos espíritos que lhe são confiados
a idéia do que é uma lei; de lhes fazer compreender que os fenômenos
físicos e sociais são fatos como os outros, submetidos a leis que a vontade
humana não pode interromper à sua vontade, e que, por conseqüência, as
revoluções no sentido próprio do termo são coisas tão impossíveis como os
milagres' "[6][32].
Finalmente, diz Löwy: "Entre as leis naturais da sociedade que seria vão,
utópico, ilusório ­ em uma palavra: anticientífico ­ querer 'interromper' ou
transformar, Durkheim situa com destaque a desigualdade social"[7][33].
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Os argumentos estão na obra Da divisão do trabalho social, de 1893: as
sociedades "são constituídas, não por uma repetição de segmentos
semelhantes e homogêneos, mas por um sistema de órgãos diferentes, onde
cada um tem um papel particular, sendo eles mesmos formados de partes
diferenciadas". Isto é absolutamente normal, pois se encontra em qualquer
organismo, como, por exemplo, "nos animais, [onde] a predominância do
sistema nervoso sobre os outros sistemas se reduz ao direito, se se pode
falar assim, de receber um alimento mais seleto e de receber sua parte antes
dos outros"[8][34]. E ainda: "Pois, se nada entrava ou nada favorece
injustamente os concorrentes que disputam entre as tarefas, é inevitável
que apenas os que são os mais aptos a cada gênero de atividade a
alcancem"[9][35].
O próprio Durkheim não faz segredo do conservadorismo do seu método
positivista: "O nosso método não tem, portanto, nada de revolucionário. É
até, num certo sentido, essencialmente conservador, uma vez que considera
os fatos sociais como coisas cuja natureza, por mais elástica e maleável que
seja, não é, no entanto, modificável à nossa vontade"[10][36].
Lendo esta afirmação, Michel Löwy chega, finalmente, ao âmago do
problema quando diz que é inútil ficar discutindo, como o fazem alguns
sociólogos hoje, quais são os elementos formais e doutrinários do
conservadorismo de Durkheim: o seu problema está "na sua própria
concepção do método. É seu método positivista que permite legitimar
constantemente, através de argumentos científico­naturais, a ordem
(burguesa) estabelecida". Isto lhe possibilita passar "sem hesitação das leis
da seleção natural às 'leis naturais' da sociedade, e dos organismos vivos
aos 'organismos sociais'". O apoio para este enfoque? "A homogeneidade
epistemológica dos diferentes domínios e, por conseqüência, das ciências
que os tomam como objeto"[11][37].
Raymond Aron, escrevendo em 1966, olha com desgosto para a sociologia
funcionalista americana, herdeira deste pensamento, e classifica­a como
essencialmente analítica e empírica. Multiplicando questionários para
saber como vivem os homens em sociedade, transformando­se, deste modo,
em mera sociografia, caricatura de uma autêntica ciência social, ela deixa
de ser crítica, no sentido marxista do termo, não questionando a ordem
social nos seus traços fundamentais e admitindo implicitamente a visão de
mundo da sociedade norte­americana [38].
[1][27]. DURKHEIM, E., De la division de travail social, Paris, PUF, 1960,
p. 342 ou em http://gallica.bnf.fr/Fonds_Frantext/T0088267.htm, p. 342.
[2][28]. BERGER, P., Perspectivas sociológicas. Uma visão humanista, pp.
50­51.
[3][29]. MARTINS, C. B., O que é sociologia, p. 50.
[4][30]. DURKHEIM, E., As regras do método sociológico, pp. 94 e 96.
[5][31]. LÖWY, M., As aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchhausen, p. 26.
[6][32]. Idem, ibidem, p. 27. Löwy cita o texto de DURKHEIM, E., La
philosophie dans les Universités Allemandes, 1866­67, em Textes 3,
Fonctions sociales et institutions, Paris, Ed. de Minuit 1975, p. 485. Esta é
também a perspectiva funcionalista de Peter Berger, em Perspectivas
sociológicas. Uma visão humanista, p. 58, quando diz que "a percepção
sociológica é refratária a ideologias revolucionárias, não porque traga
consigo alguma espécie de preconceito conservador, e sim porque ela
enxerga não só através das ilusões do status quo atual como também
através das expectativas ilusórias concernentes a possíveis futuros, sendo
tais expectativas o costumeiro alimento espiritual dos revolucionários. Em
nossa opinião, essa sobriedade não­revolucionária e moderadora da
sociologia é altamente valiosa".
[7][33]. LÖWY, M., As aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchhausen, p. 27.
[8][34]. DURKHEIM, E., De la division de travail social, pp. 157­158.
[9][35]. Idem, ibidem, pp. 369­370.
[10][36]. DURKHEIM, E., As regras do método sociológico, em o. c., p. 74.
[11][37]. LÖWY, M., As aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchhausen, p. 29. O sublinhado no texto é de Michel Löwy.
Postado por Antonio Mateus Soares às 19:12 http://sociologiaisba.blogspot.com.br/2008/07/teoria­funcionalista.html
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3 comentários:
~~>*LiN*<~~ disse...
Rio de janeiro, 04/04/2009
Percebi q no texto Durkhein e Marx sao totalmente diferentes,
com a percepcao d q Durkhein nao gosta mt de Marx pela sua
teoria revolucionaria...Li e reli o texto e tive pouco
entendimento sobre a teoria de Durkhein, eh conservadora pq
ela "conserva" o seu pensamento,(pq ele acha q uma blusa eh
verde ela eh verde e ponto final)?? Por que a a teoria de Durkhein eh considerada conservadora ??
Se possivel,evie a explicacao para meu e­mail
beth­filosofa­do­[email protected]
Se nao tudo bem,obrigada!
4 de abril de 2009 12:51
luciano fr. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
15 de abril de 2016 09:36
luciano fr. disse...
pelo que entendi ela é conservadora porque não propõe um
rompimento na ordem estabelecida, muito pelo contrário, a
ideia é de manter uma ordem social.
15 de abril de 2016 09:37
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