conjuntivite e ulcera de cornea em babuino sagrado - TCC On-line

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
SAMYA DUARTE NOSSABEIN
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR E RELATO DE
CASO-CONJUNTIVITE E ÚLCERA DE CÓRNEA EM
BABUÍNO-SAGRADO
CURITIBA
2015
SAMYA DUARTE NOSSABEIN
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR E RELATO DE
CASO-CONJUNTIVITE E ÚLCERA DE CÓRNEA EM
BABUÍNO-SAGRADO
Trabalho de conclusão de curso apresentado
Curso de Medicina Veterinária da Faculdade
Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti
Paraná, como requisito parcial para a obtenção
Grau de Medica Veterinária.
ao
de
do
do
Orientador (a) Acadêmico (a): M.V. Prof. Lucyenne
Giselle Popp Brasil Queiroz.
CURITIBA
2015
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
REITOR
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Carlos Eduardo Rangel Santos
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva
DIRETOR DE GRADUAÇÃO
Prof. Dr. João Henrique Faryniuk
COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Prof. Dr. Welington Hartmann
COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR
Prof. Dr. Welington Hartmann
CAMPUS BARIGUI
Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio
CEP 82.010-330 – Curitiba - PR
FONE: (41) 3331-7700
TERMO DE APROVAÇÃO
SAMYA DUARTE NOSSABEIN
CONJUNTIVITE E ÚLCERA DE CÓRNE A EM BABUÍNO-S AGRADO
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do
título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Comissão Examinadora:
Presidente:
Prof. Lucyenne Giselle Popp Brasil Queiroz
Prof. Diogo da Motta Ferreira
Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns
Curitiba, 02 de Dezembro de 2015
De d ico e st e r e la t ór io aos me us p a is qu e
fi ze r a m de t u d o pa ra ver esse mo m en t o
che g ar. A os m e us c o mp a nh e ir os fe l inos
S uky e B il ly .
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me proporcionou a oportunidade de
realizar o meu maior sonho. A Ele todo o agradecimento, pelas
oportunidades e ensinamentos durante todos os anos de minha vida.
A meus pais que mesmo diante de todas as dificuldades
conseguiram forças para continuar realizando o meu sonho mesmo que
isso signifique sacrificar os deles. Graças a eles cheguei até aqui e no
que depender continuarei subindo cada vez mais os degraus da vida.
Agradeço eternamente tudo que me proporcionaram durante toda a
minha vida, amo vocês.
Ao meu noivo Anderson que sempre esteve ao meu lado me
apoiando e torcendo sempre pelo meu crescimento, obrigada por ser
esse companheiro maravilhoso. Aos meus amigos felinos Suky e Billy
pelos três anos de companheirismo.
Aos amigos que estiveram sempre comigo. Em especial a Karla,
que me apoiou e me ajudou muito no desenvolvimento do meu trabalho,
uma alma tão especial e fundamental para minha vida. A minha amiga
Thaissa por ser uma pessoa tão pura e especial, nunca vi ninguém
assim na minha vida, obrigada por tudo. Agradeço a minha mais nova
amiga Ana, por ter se dedicado muito em me ajudar, pelas longas
conversas e desabafos. A Grazielle por ter me escutado muito e me
apoiado nos momentos dif íceis e proporcionado muitas risadas. A
Izabelle parceira de anos de sofrimento, brigas, risadas, principalmente
vitórias e amadurecimento.
Agradeço também a equipe do Zoológico de Curitiba que me
receberam muito bem, me proporcionaram grandes ensinamentos,
risadas e momentos inesquecíveis, obrigada por me tornarem mais uma
amante de animais selvagens.
Agradeço a minha orientadora Lu Popp por ter tido paciência com
as minhas indecisões e ataques de desespero, agradeço pelos puxões
de orelha e estimulado o desenvolver desse trabalho.
Ao professor Eros por ter me ajudado a conseguir os exames que
precisei para concluir meu trabalho com toda boa vontade do mundo.
RESUMO
A
conjuntivite
é
uma
afecção
que
afeta
a
conjuntiva
ocular
caracterizado por uma inflamação inespecífica da mucosa. A úlcera de
córnea
é
uma
enfermidade
responsável
pela
descontinuidade
da
espessura total ou parcial do epitélio corneal, e são consideradas as
enfermidades mais frequentes na oftalmologia veterinária. O presente
trabalho tem como objetivo geral descrever as atividades do estágio
curricular e um relato de caso sobre conjuntivite e manifestação
secundária de úlcera de córnea superficial em um babuíno-sagrado (Papio
hammadryas). O caso ocorreu durante o estágio, recorreu-se a uma
especialista em oftalmologia veterinária, que instituiu o tratamento
baseado em clinica medica de pequenos animais, obtendo-se um
resultado favorável.
Palavras chaves: babuíno sagrado, conjuntivite, úlcera de córnea.
ABSTRACT
Conjunctivitis is an infection that affects the conjunctiva characterized
by nonspecific inflammation of the mucosa. A corneal ulcer is a disease
responsible for the discontinuation of the total thickness or partial
corneal epithelium,and considered the most frequent diseases in
veterinary ophthalmology. The currently work has as general objective
describe the curriculum stage activities and a report of a case about
conjunctivitis and manifestation of secundary superficial corneal ulcer
in a baboon-sacred (Papio hammadryas). The case occurred during the
stage, we resort to a specialist in veterinary ophthalmology,
establishing treatment based on medical clinic for small animals,
obtaining a favorable result.
Keywords: baboon-sacred, conjunctivitis, corneal ulcer.
LISTA DE ABREVIATURAS
AINE- Antiinflamatório não esteroide
mg/kg- Miligramas por quilo
ml- Mililitros
PR- Paraná
VO- Via oral
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Casuística nos casos acompanhados no Zoológico Municipal de
Curitiba-PR, 2015. ..................................................................................................... 28
TABELA 2- Casuística nos casos acompanhados no Passeio Público de Curitiba-PR,
2015. ......................................................................................................................... 29
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- Porcentagem de quantos animais por espécies foram atendidos no
Zoológico Municipal de Curitiba, no período de 10 de agosto de 2015 a 28 de
outubro de 2015. ....................................................................................................... 29
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fachada da Entrada do Passeio Público .................................................... 17
Figura 2 Vista externa da administração do Passeio Público de Curitiba- PR, 2015.
.................................................................................................................................. 18
Figura 3 Ambulatório do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. .............................. 18
Figura 4 Sala de Hospedagem 1 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. ............ 19
Figura 5 Sala de Hospedagem 2 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. ............ 19
Figura 6 Sala de Hospedagem 3 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. ............ 20
Figura 7 Laboratório do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. ............................... 20
Figura 8 Sala de criação de ratos, animais de reprodução, do Passeio Público de
Curitiba-PR, 2015. ..................................................................................................... 21
Figura 9 Sala de criação de ratos, animais para consumo, do Passeio Público de
Curitiba-PR, 2015. ..................................................................................................... 22
Figura 10 Cozinha do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015. .................................. 22
Figura 11 Fachada da Entrada do Zoológico de Curitiba. ......................................... 23
Figura 12 Ambulatório do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015. ...................... 24
Figura 13 Sala de necropsia do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015. ............. 24
Figura 14 Oficina do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015. .............................. 25
Figura 15 Cozinha do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015. ............................ 25
Figura 16 Setor de reprodução de animais em extinção do Zoológico Municipal de
Curitiba-PR, 2015. ..................................................................................................... 26
Figura 17 Características da face do babuíno-sagrado (Papio hammadryas). ......... 32
Figura 18 Características dos membros pélvicos e disposição dos dígitos do
babuíno-sagrado (Papio hammadryas). .................................................................... 33
Figura 19 Anatomia da conjuntiva ocular .................................................................. 35
Figura 20 Disposição dos músculos extraoculares ................................................... 36
Figura 21 As camadas da córnea.............................................................................. 36
Figura 22 Administração de meloxicam via retrobulbar em babuíno sagrado no
Zoológico de Curitiba-PR, 2015. ............................................................................... 42
Figura 23 Abcesso presente na região infraorbitária em babuíno sagrado (papio
hammadryas) no zoológico de Curitiba- PR, 2015. ................................................... 43
Figura 24 Resultado da cultura e antibiograma realizados em babuíno sagrado
(Papio hammadryas) no Zoológico de Curitiba-PR, 2015. ........................................ 44
Figura 25 Resultado dos exames de hemograma e bioquímicos realizados em
babuíno sagrado (Papio hammadryas) no Zoológico de Curitiba-PR, 2015. ............ 44
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 16
2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO .................................. 17
2.1 PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA .................................................................... 17
2.2 ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE CURITIBA........................................................... 23
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................... 26
4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA DURANTE O ESTÁGIO .................................... 28
4.1 CASUISTICA NO ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE CURITIBA .............................. 28
4.2 CASUÍSTICA NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA ....................................... 29
5 RELATO DE CASO ............................................................................................... 31
5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 31
6. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 32
6.1 GENERO PAPIO ................................................................................................. 32
6.2 ANATOMIA OCULAR .......................................................................................... 34
6.3 CONJUNTIVITE .................................................................................................. 37
6.4 ÚLCERA DE CORNEA........................................................................................ 39
7 DESCRIÇÃO DE CASO CLÍNICO ......................................................................... 41
8 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 45
9 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
16
1 APRESENTAÇÃO
O estágio supervisionado é necessário para que o aluno coloque em prática
os aprendizados e complemente os conhecimentos que adquiriu durante a
graduação, assim aperfeiçoar e aprender cada vez mais. O estágio também visa o
contato do aluno com o mercado de trabalho, colocando o estagiário de frente a
realidade profissional e ajudando o mesmo a escolher a área em que deseja atuar.
O presente trabalho de conclusão de curso expõe o período de estágio curricular
supervisionado realizado no Zoológico Municipal de Curitiba e Passeio Público de
Curitiba, sob a orientação profissional e supervisão do M.V. Manoel Lucas
Javorouski e orientação acadêmica da M.V. Prof. Lucyenne Giselle Popp Brasil
Queiroz.
No estágio em questão, foram acompanhadas as áreas de clinica médica,
cirúrgica, terapêutica e nutrição de animais selvagens. Outros procedimentos
também foram acompanhados, como: contenção, manejo, necropsias, confecções
de dardos e tratamento geral. O estágio foi realizado de segunda à sexta-feira,
totalizando 8 horas diárias, com uma somatória final de 440 horas.
O objetivo deste relatório é descrever a infraestrutura da unidade concedente
do estágio, as atividades desenvolvidas, e abordar a casuística presenciada,
apresentando em forma de gráfico e tabelas os casos atendidos. Além disso, será
realizado um relato de caso sobre conjuntivite e úlcera de córnea em Papio
hammadryas, e uma revisão de literatura sobre o mesmo.
17
2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁG IO
2.1 PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA
O Passeio Público localiza-se no Centro de Curitiba entre as ruas Carlos
Cavalcanti, Avenida João Gualberto e Presidente Faria.
Figura 1 Fachada da Entrada do Passeio Público
Fonte:
Em:
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/zoologico-e-p-publico-zoologico-e-
passeio-publico-smma/331. Acesso em: 29 de agosto de 2015.
O Passeio Público foi inaugurado em 1886 e foi o primeiro zoológico da
cidade de Curitiba, ocupa uma área de 69.285m2, e abriga atualmente animais de
pequeno porte (Em: http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/zoologico-e-p-publico-
zoologico-e-passeio-publico-smma/331. Acesso em: 29 de agosto de 2015), como
aves, primatas e répteis. Possui um setor técnico com ambulátorio, salas de
hospedagem dos animais, laboratório, criação
administração.
de ratos, cozinha e uma
18
Figura 2 Vista externa da administração do Passeio Público de Curitiba – PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
No ambulatório, localizado no setor técnico, são realizados os atendimentos
clínicos de animais residentes ou de vida livre, quando levados ao Passeio Público
por pessoas que encontram esses animais na rua.
Figura 3 Ambulatório do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
19
Nas salas de internamento (figuras 4, 5 e 6) onde se encontram os animais
excedentes e/ou em tratamento.
Figura 4 Sala de tratamento 1 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
Figura 5 Sala de tratamento 2 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
20
Figura 6 Sala de tratamento 3 do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
No laboratório (figura 7) são realizados alguns exames, principalmente
coproparasitológicos e esterilização dos materiais utilizados em procedimentos
cirúrgicos e de rotina.
Figura 7 Laboratório do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
21
Na sala de criação de ratos (figuras 8 e 9) é realizado reprodução de mini
mouse, camundongos e ratazanas para a alimentação dos animais residentes do
Passeio Público e Zoológico, o manejo é realizado duas vezes por semana, consiste
na troca da cama (cepilho), de caixas (abrigos) e na separação dos animais que irão
para o consumo ou para reprodução.
A atividade de criação é relativamente recente, antes os animais de consumo
eram doados por outras instituições que tinham excedente de produção, isso
causava alguns problemas, pois, em alguns momentos, não ocorria uma produção
excedente, faltando alimento para os animais do acervo. Assim, se desenvolveu a
atividade de criação de ratos, garantindo a quantidade necessária todos os dias do
ano.
2015.
Figura 8 Sala de criação de ratos, animais de reprodução, do Passeio Público de Curitiba-PR,
FONTE: Acervo pessoal.
22
2015.
Figura 9 Sala de criação de ratos, animais para consumo, do Passeio Público de Curitiba-PR,
FONTE: Acervo pessoal.
A cozinha (figura 10) é responsável pela alimentação de todos os animais do
Passeio Público. Diariamente, são separados os alimentos de acordo com as
particularidades de cada espécie incluindo frutas, carnes, verduras, entre outros, que
podem ser fornecidas inteiras, picadas ou cozidas, depende da necessidade do
animal.
Figura 10 Cozinha do Passeio Público de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
23
2.2 ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE CURITIBA
O Zoológico Municipal de Curitiba localiza-se na Rua João Miqueletto, s/n, no
bairro Alto do Boqueirão, no município de Curitiba, estado do Paraná.
Figura 11 Fachada da Entrada do Zoológico de Curitiba.
Fonte:
Em:
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/zoologico-e-p-publico-zoologico-e-
passeio-publico-smma/331. Acesso em: 29 de agosto de 2015.
O Zoológico Municipal de Curitiba, inaugurado em 1982, ocupa uma área de
589.000m2
(Em:
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/zoologico-e-p-publico-
zoologico-e-passeio-publico-smma/331. Acesso em: 29 de agosto de 2015).
Os
objetivos do Zoológico são a conservação de espécies em extinção, o
desenvolvimento de pesquisa para ampliar o conhecimento a respeito da natureza,
educação ambiental realizada através do contato com os animais do acervo, lazer e
bem estar-animal (JAVOROUSKI; BISCAIA, 2007). O zoológico possui ambulatório,
sala de necropsia, oficina e cozinha.
No ambulatório do Zoológico (figura 12), semelhante ao Passeio Público,
realiza atendimentos clínicos apenas dos animais residentes e aqueles de vida livre
levados por visitantes.
24
Figura 12 Ambulatório do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
Na sala de necropsia (figura13), são realizados exames pos mortem dos
animais do acervo e esta também possui um freezer para conservação dos corpos.
Figura 13 Sala de necropsia do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
O Zoológico possui uma oficina (figura 14) onde são realizados serviços de
concertos e produção de materiais necessários para os recintos.
25
Figura 14 Oficina do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
Na cozinha do Zoológico (figura 15), é realizado o cálculo da quantidade de
alimento que cada animal irá receber, qual a alimentação ideal e a forma como este
será oferecido aos animais, de acordo com cada espécie.
Figura 15 Cozinha do Zoológico Municipal de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
26
O Zoológico de Curitiba tem um programa de reprodução de psitacídeos
nativos com risco de extinção (figura 16), com objetivo de possíveis solturas,
programas de reintrodução e transferência para outros zoológicos.
Figura 16 Setor de reprodução de animais em extinção do Zoológico Municipal de CuritibaPR, 2015.
FONTE: Acervo pessoal.
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O estágio curricular obrigatório foi realizado no Passeio Público de Curitiba e
no Zoológico Municipal de Curitiba, durante o período de 10 de agosto de 2015 a 28
de outubro de 2015, das 8h00min às 12h00min e das 13h00min às 17h00min,
totalizando 440 horas, sob a supervisão profissional do M.V. Manoel Lucas
Javorouski e orientação acadêmica da M.V. Prof. Lucyenne Giselle Popp Brasil
Queiroz.
O estagiário acompanha todos os procedimentos clínicos possíveis,
realizados pelos Médicos Veterinários, desde contenção a administração de
medicamentos, ajuda no preenchimento das fichas clínicas e anestésicas, e
acompanha os procedimentos de necropsia.
Tanto no Passeio Público como no Zoológico são realizadas diariamente, por
27
Médicos Veterinários acompanhados pelos estagiários, vistorias de todos os
recintos, com objetivo de identificar problemas, desde à saúde dos animais até
problemas estruturais nos recintos.
Participar da rotina da cozinha também faz parte do papel do estagiário dentro
do Zoológico e do Passeio Público, que auxilia no preparo dos alimentos e aprende
qual é a alimentação ideal para cada espécie, a quantidade e a forma como esta
pode ser fornecida. Em seguida é feito o acompanhamento da rotina dos tratadores
na distribuição dos alimentos.
O enriquecimento ambiental é uma atividade realizada com os animais e tem
como objetivos estimular o comportamento natural da espécie e interação com o
meio em que vive, propiciar aumento do bem-estar e diminuição do estresse gerado
em animais de cativeiro. Durante o período de estágio foi possível acompanhar
diversas atividades de enriquecimento ambiental realizada diariamente pelos
técnicos responsáveis. Cada semana é aplicada um tipo diferente de enriquecimento
ambiental, que pode ser do tipo social, alimentar, físico, sensorial e ocupacional, e
cada dia é realizado com uma espécie diferente.
No Passeio Público há produção de ratos, na qual o estagiário auxilia o
responsável técnico na limpeza, com a troca das camas (cepilho), e separação de
animais prontos para o consumo e na troca de reprodutores.
Ocasionalmente é necessário encaminhar algum animal para realização de
exames como tomografia, raio-x, ultrassom ou cirurgias. Nestes casos, o mesmo é
encaminhado para uma instituição parceira pra proceder com os exames, e o
estagiário pode acompanhar tais procedimentos junto ao Médico Veterinário
responsável.
Sempre que possível há uma discussão de caso entre os Médicos
Veterinários e os estagiários.
28
4 CASUÍSTICA ACOMPANHADA DURANTE O ESTÁGIO
4.1 CASUISTICA NO ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE CURITIBA
Apresentado em forma de tabela (tabela 1) à casuística dos casos
acompanhados no Zoológico Municipal de Curitiba durante o período de estágio
curricular de 10 de agosto de 2015 a 28 de outubro de 2015, divididos por tipo dos
atendimentos acompanhados.
PR, 2015.
TABELA 1- Casuística nos casos acompanhados no Zoológico Municipal de Curitiba-
Procedimentos
Número
Porcentagem
Óbitos
17
11%
11
7%
Desverminados
Nascimentos
Microchipagem
Trauma
Necrópsia
Outros
Animais entregues pelo
público
75
15
9
49%
10%
6%
9
6%
4
3%
6
4%
Úlcera de córnea
2
1%
Procedimento odontológico
1
1%
Miíase
Doença renal crônica
TOTAL
2
1
152
1%
1%
100%
Dentro das espécies atendidas (gráfico 1), totalizaram 115 animais, sendo
44 aves (38%), 71 mamíferos (62%).
29
GRÁFICO 1- Porcentagem de quantos animais foram atendidos no Zoológico Municipal de Curitiba,
no período de 10 de agosto de 2015 a 28 de outubro de 2015.
Espécies atendidas
Aves
Mamíferos
n= 115
0%
38%
62%
4.2 CASUÍSTICA NO PASSEIO PÚBLICO DE CURITIBA
Apresentado em forma de tabela à casuística dos casos acompanhados no
Passeio Público de Curitiba durante o período de estágio curricular de 10 de agosto
de 2015 a 28 de outubro de 2015, divididos por tipo dos atendimentos
acompanhados.
2015.
TABELA 2- Casuística nos casos acompanhados no Passeio Público de Curitiba-PR,
Procedimentos
Número
Porcentagem
Trauma
5
29%
Necrópsia
2
Animais entregue pelo
público
Óbito
Arrancamento de pena
TOTAL
6
35%
3
18%
1
6%
17
12%
100%
30
No Passeio Publico o acervo de aves é muito maior do que os mamíferos,
répteis e peixes, e como não houve problemas com os demais grupos, a casuística
se resumiu as aves (17 casos).
31
5 RELATO DE CASO
5.1 INTRODUÇÃO
Os primatas não humanos são muito importantes tanto na biodiversidade no
reino animal como no mundo cientifico devido a sua grande semelhança com os
seres humanos, sendo essas comportamentais e anatômicas.
Mostraram-se de grande interesse em estudos oftalmológicos como modelos
experimentais de algumas espécies exóticas de primatas não humanos. Assim,
podem ser utilizados para compreender melhor o funcionamento da visão e doenças
que possam acometer o olho humano (MONTIANI-FERREIRA, 2007).
A grande expansão do mercado da fauna exótica e os cuidados dos Médicos
Veterinários voltados aos animais ameaçados de extinção, nos zoológicos, e
animais selvagens voltados para o mercado pet, demonstram a necessidade dos
profissionais da Medicina Veterinária ampliarem habilidade de diagnosticar e tratar
especificamente os olhos dos animais selvagens (MONTIANI-FERREIRA, 2007). A
pesquisa oftalmológica nesses animais tem grande interesse para poder adquirir
conhecimentos úteis para o entendimento de processos evolutivos (LANGE, 2012).
É muito escassa a literatura cientifica que diz respeito aos animais selvagens,
o que o torna responsável pela grande dificuldade que há nos avanços clínicos e
cirúrgicos na área devido a informações insuficientes para ter um padrão de valores
de referência (LANGE, 2012).
Ao procurar estudos e artigos que fale sobre conjuntivite e úlcera de córnea
em primatas não humanos, nota-se escassez de literatura, ficando patente a
necessidade de se ampliar o estudo sobre o tema.
32
6. REVISÃO DE LITERATURA
6.1 GENERO PAPIO
Os primatas da Família CERCOPHITECIDAE, possuem nariz e palato
estreitos, voltados para frente e bolsas nas bochechas para armazenamento de
comida (NUNES & CATÃO-DIAS, 2006).
Figura 17 Características da face do babuíno-sagrado (Papio hammadryas).
FONTE: Google imagens, 2015.
Possuem membros pélvicos maiores do que os torácicos, não possuem
cauda preênsil e dispõem de cinco dígitos nas mãos e nos pés, seus polegares são
adaptados para agarrar (NUNES & CATÃO-DIAS, 2006).
33
Figura 18 Características dos membros pélvicos e disposição dos dígitos do babuíno-sagrado
(Papio hammadryas).
FONTE: Google imagens,2015.
O gênero Papio possui cinco espécies sendo eles o Papio hamadryas, Papio
anubis, Papio papio, Papio cynocephalus e Papio ursinus (ANDRADE et al., 2010).
Primatas do velho mundo são animais de vida longa, a longevidade do
gênero Papio é de 40 anos. Costumam ser animais de hábitos diurnos e terrestres, e
se alimentam principalmente de frutas, plantas, sementes, verduras, insetos e flores
(NUNES & CATÃO-DIAS, 2006).
Possui sistema digestório simples, que apresenta variações em sua forma e
extensão que provem da sua dieta: grande quantidade de folhas pode resultar em
intestino grosso maior para facilitar a ingestão de celulose e fibras (NUNES &
CATÃO-DIAS, 2006).
São animais que formam haréns e possuem uma cria por ano. O macho
entra na puberdade com 73 meses e a fêmea com 51 meses, o período de gestação
é de 175 dias, e o desmame ocorre com 17 meses (NUNES & CATÃO-DIAS, 2006).
34
Procedimentos e tratamentos da medicina humana também são aplicados
em primatas não humanos, considerando que os princípios da farmacologia e as
enfermidades se assemelham entre as espécies (NUNES & CATÃO-DIAS, 2006).
6.2 ANATOMIA OCULAR
Os olhos são órgãos sensitivos, protegidos por estrutura óssea, muscular e
cutânea (CUNHA, 2008).
A órbita é a fossa óssea que separa o olho da cavidade craniana (TUNER,
2010) e formada pelos ossos frontal, lacrimal, esfenoide, zigomático, palatino e
maxilar (CUNHA, 2008). A função da órbita é de circundar e proteger o bulbo do olho
e fornecer rotas para os vasos e nervos terem acesso ao olho (TUNER, 2010). A
parede dorsolateral da órbita é constituída pelo ligamento orbitário (CUNHA, 2008).
Em humanos, os ossos que compõem a orbita são completos, o que
proporciona excelente proteção ao bulbo do olho em todas as direções. Já nos
carnívoros há áreas onde nenhum osso circunda o olho, apenas tecido mole, são
áreas localizadas normalmente ventrais ao olho (TUNER, 2010).
Já as pálpebras, superior e inferior, e no caso de cães e gatos há também a
terceira pálpebra, são projeções móveis e delgadas da pele que cobrem os olhos
com função de proteção (CUNHA, 2008), supressão vascular e nervosa, devido há
quantidade de músculos lisos e estriados, e propulsão das lágrimas (TUNER, 2010).
A conjuntiva palpebral e bulbar (figura 19) é uma membrana mucosa que
envolve as porções internas das pálpebras, nos dois lados da terceira pálpebra e a
porção anterior do bulbo (CUNHA, 2008). A conjuntiva palpebral é a região que
reveste a superfície posterior da pálpebra, já a conjuntiva bulbar é a parte fixada a
superfície do bulbo até a córnea periférica no limbo (ZACHARY & MCGAVIN 2013).
A mucosa conjuntival é altamente vascularizada o que proporciona movimentos que
funcionam como barreira física e imunológica (CUNHA, 2008), previne o
ressecamento corneal (TUNER, 2010), protege a conjuntiva de lesões, funciona
como tecido de sustentação e proteção mecânica passiva (ZACHARY & MCGAVIN,
35
2013; LAUS, 2009). É uma estrutura similar a outras membranas mucosas, portanto
tem predisposição as mesmas lesões físicas e químicas que as afetam.
Na conjuntiva há um mecanismo de defesa bem desenvolvido para que haja
uma rápida resposta a estímulos lesivos. Feridas na conjuntiva que são simples e
descomplicadas tem uma cicatrização rápida, a cicatrização clínica ocorre em 24 a
48 horas (SLATTER, 2005).
Figura 19 Anatomia da conjuntiva ocular
FONTE: Google imagens,2015.
A função do aparelho lacrimal é de produzir e remover as lágrimas. As
maiores responsáveis pela produção de lágrimas são as glândulas lacrimais
(CUNHA, 2008).
Há seis músculos extraoculares (figura 20), compreendidos por quatro
músculos retos divididos em
medial, lateral, inferior e superior, que tracionam o
olho em suas respectivas direções, e dois músculos oblíquos, sendo o obliquo dorsal
responsável por tracionar o olho no sentido dorsolateral, e o ventral, que traciona o
olho no sentido mediodorsal (TUNER, 2010).
36
Figura 20 Disposição dos músculos extraoculares
FONTE: Google imagens,2015.
O bulbo é formado por três camadas, a externa composta pela córnea e a
esclera, a média que é a túnica vascular e a interna que é a túnica nervosa (CUNHA,
2008).
A córnea é a estrutura transparente no revestimento fibroso do olho e,
possui cinco camadas, membrana de Bowman, o epitélio, o estroma, a membrana
de Descemet e o endotélio (figura 21). A esclera é a continuação posterior do
revestimento externo fibroso do bulbo. Como função a córnea tem o papel na
refração e transmissão da luz (CUNHA, 2008).
Figura 21 As camadas da córnea.
FONTE: Google imagens,2015.
As características da córnea que garantem sua transparência são a
ausência de vasos sanguíneos e pigmentos, a superfície óptica lisa e a disposição
37
das fibrilas de colágeno (CUNHA, 2008). A transparência da córnea é essencial para
o seu funcionamento normal (TUNER, 2010).
A íris é formada por vasos sanguíneos, tecido conjuntivo, fibras musculares
e nervos. Tem o epitélio pigmentado com melanina e possui musculatura lisa que é
responsável pela dilatação da pupila, o que controla a passagem de luz. Já a pupila
que se encontra localizada na região central da íris é responsável pela passagem de
luz (CUNHA, 2008).
A retina é composta por 10 camadas, na qual nove formam a retina
neurosensorial, e a décima, a mais externa, é o epitélio pigmentado da retina
(TUNER, 2010).
A lente é uma estrutura biconvexa, transparente e refrativa, localizada atrás
da íris, durante seu desenvolvimento é nutrida por uma rede de vasos sanguíneo
localizado anterior e posterior à lente, no adulto não possui suplemento vascular e,
sua nutrição é realizada pelo humor aquoso. É uma das responsáveis pela
propagação da luz (TUNER, 2010).
6.3 CONJUNTIVITE
A conjuntivite diz respeito a uma inflamação inespecífica da mucosa ocular e
é a causa mais comum de “olho vermelho” em animais (MOORE, 2008). São as
afecções mais comuns na oftalmologia veterinária (LAUS, 2009).
Há varias causas de conjuntivite como: infecciosas, deficiência do filme
lacrimal, corpos estranhos, traumatismo, iatrogênico, imunomediada e outras
doenças oculares (MOORE, 2008).
Costuma ser uma afecção bilateral, quando é unilateral, normalmente é por
causa traumática (LAUS, 2009).
Os sinais clínicos são hiperemia, secreção ocular, quemose, dor,
proliferação tecidual, epífora, secreção purulenta, blefaroespasmo, fotofobia e, por
vezes, petéquias e hematomas (MOORE, 2008; LAUS, 2009).
38
De acordo com SLATTER (2005) a conjuntiva atende por surtos agudos que
é caracterizada por hiperemia, exsudatos celulares e quemose, no caso de insultos
crônicos responde com hiperemia, pigmentação, formação folicular e exsudação.
As conjuntivites traumáticas podem ter como causa, anomalias de
conformação, ou causas externas como poeira, agentes irritantes ou brigas. É
comum nesse tipo de enfermidade a ocorrência de petéquias e hematomas
conjuntivais. Quando a ferida é pequena não há necessidade de sutura devido à
rápida reparação da conjuntiva. Os anti-inflamatórios não esteroides são indicados
para o tratamento (LAUS, 2009).
A grande maioria das conjuntivites bacterianas são secundárias ao trauma,
olho seco, alergia e corpo estranho, sendo as bactérias Gram-positivas as mais
comuns (LAUS, 2009).
De acordo com MONTIANI-FERREIRA e colaboradores. (2008), a flora
bacteriana da conjuntiva tem sido estudada em varias espécies de mamíferos
silvestres, na maioria desses estudos as bactérias Gram-positivas foram os isolados
mais frequentes.
O diagnóstico pode ser feito através do histórico, como doenças sistêmicas,
ambiente, hábitos, exposição a microrganismos e produtos químicos, trauma,
doenças oculares e uso de medicamentos. Realizar o exame físico, cultura
bacteriana e antibiograma são indicados para definir diagnóstico e tratamento
(MOORE, 2008).
De acordo com SLATTER (2005), o diagnóstico é realizado através dos sinais
clínicos e, na realização de exames como a cultura bacteriana, raspados
conjuntivais e biópsia conjuntival.
Deve ser realizada uma avaliação da conjuntiva quanto à congestão capilar,
quemose, trauma, hemorragias, secreções, presença de corpos estranhos e
alteração folicular. Quando houver secreção ou massas, deve ser solicitado exames
complementares como cultura e antibiograma, citologia e biopsia conjuntival
(CUNHA, 2008).
39
De acordo com LAUS (2009), o tratamento para qualquer conjuntivite consiste
em primeiro lugar realizar a limpeza do olho, indicado realizar essa limpeza com chá
de camomila, que possui propriedades anti-inflamatórias para a conjuntiva,
administrar antibiótico de amplo espectro e colírios antibióticos são indicados.
O tratamento para conjuntivite consiste em aplicação de antibióticos de amplo
espectro, remoção de crostas e exsudatos, antibioticoterapia sistêmica em casos
graves e crônicos, preservação contra automutilação, solução de lágrima artificial se
houver queda na produção lacrimal pela conjuntivite crônica (SLATTER, 2005).
6.4 ÚLCERA DE CORNEA
A úlcera de córnea é quando ocorre uma perda de espessura total ou parcial
do epitélio da córnea (COURTNEY, 2013). A córnea não apresenta vascularização,
quando presente é uma resposta à injúria (LAUS; et al, 1999).
É uma enfermidade considerada urgência oftalmológica, pois podem progredir
para descemetocele ou até uma perfuração de córnea o que pode necessitar de
intervenção cirúrgica, na pior das hipóteses o animal pode vir a perder a visão
14(LAUS, 2009).
A córnea apresenta grande capacidade de regeneração. Após a lesão, a área
afetada é recoberta em 4 a 7 dias ou ate menos, isso ocorre por deslizamento de
células circunjacentes cobrindo a área da ulcera (SLATTER, 2005).
Há uma grande variedade de causas, mas a traumática é considerada a mais
comum, principalmente em cães e gatos (LAUS, 1999). Independente da origem da
úlcera, todas tem progressão potencial para endoftalmite, caso não seja tratada
(SLATTER, 2005).
De acordo com COURTNEY (2013), em primatas as causas mais comuns
para essa enfermidade são os traumas, como briga entre os animais do recinto,
resquícios de sabão ou outros produtos químicos nos recintos, manejo e infecciosos,
já que são animais com poucos hábitos de higiene.
40
Úlceras corneais superficiais têm como característica lesões com perda
epitelial corneal, com ou sem envolvimento do estroma anterior. Causam grande
desconforto, fotofobia intensa e blefaroespasmo. Quando a lesão é crônica, estas
são menos dolorosas (LAUS, 2009).
Nas úlceras profundas há o envolvimento de mais da metade da córnea, que
pode ser decorrente de traumas ou por evolução de úlceras superficiais (LAUS,
2009).
Os sinais clínicos são blefarosespasmos, eritema periorbital, epifora,
hiperemia conjuntival, aparenta estar com o olho dolorido, é observado o animal
esfregando o olho e olhos vermelhos (COURTNEY, 2013).
Para o diagnóstico é necessário à utilização do corante de fluoresceína e em
seguida avaliar a córnea com uma luz azul cobalto, o local onde a fluoresceína
manchar indicará o tamanho e a localização da úlcera, deve-se nesse momento,
avaliar se há objetos estranhos na área da úlcera de córnea (COURTNEY, 2013).
Para o tratamento de úlceras indolentes é indicado o debridamento ou a
ceratotomia em grade e aplicação anestésica de proparacaína gotas (COURTNEY,
2013).
No caso de animais que esfregam muito o olho, indica-se a realização da
tarsorrafia temporária para proteger a córnea durante a cicatrização (COURTNEY,
2013).
A aplicação de antibiótico com apresentação de pomada oftálmica a cada 6
horas. A atropina 1% a cada 6 ou 12 horas, dose única pode ser o suficiente
(COURTNEY, 2013).
Aplicação subconjuntival de atropina e antibiótico são indicados quando o
tratamento tópico é difícil de ser realizado. Anti-inflamatório sistêmico é indicado
como terapia adjuvante para controle de inflamação. Verificar o olho afetado a cada
3 ou 5 dias. Úlceras superficiais devem ser curadas dentro de poucos dias, já as
úlceras profundas podem exigir cirurgia (COURTNEY, 2013). Swabs e raspados
conjuntivais devem ser realizados para identificação de possíveis contaminantes
(LAUS, et al., 1999).
41
7 DESCRIÇÃO DE CASO CLÍNICO
Um babuíno-sagrado (Papio hammadryas), macho, com quatro anos de
idade, contactante de mais três animais da própria espécie, sendo duas fêmeas e
um macho.
No dia 29 de setembro de 2015, foi observado pelo tratador responsável pelo
setor dos babuínos, uma alteração no olho esquerdo do macho jovem.
Os veterinários foram ao recinto avaliar, e foi realizado o exame à distância,
sem uso de contenção.
Os sinais clínicos apresentados foram edema e eritema na pálpebra superior,
o animal também aparentava sentir dor, manteve o olho fechado todo o tempo, e
fazia movimentos de esfregar o olho.
No dia 30 de setembro de 2015 não foi observada nenhuma melhora,
administrou-se, então, através de dardo, amoxicilina na dose de 1 ml por via
intramuscular.
Dia 02 de outubro de 2015 observou que não teve nenhuma alteração dos
sinais clínicos.
Realizada a anestesia com tiletamina + zolazepam, foi levado para o
ambulatório do Zoológico e lá pode ser realizado o exame clínico.
Foi observada a presença de secreção purulenta intensa, indicando uma
infecção. Foi realizada a limpeza com solução fisiológica, facilitando a visualização,
e pode ser constatada uma quemose acentuada.
O paciente foi medicado com tramadol 1 ml intramuscular, associação
antibiótica de benzipenicilina benzatina + benzilpenicilina procaína + benzilpenicilina
potássica
+
diidroestreptomicina
base
+
estreptomicina
base
um
frasco
intramuscular, e meloxicam 0,2% 0,5 ml via retrobulbar (figura 22). Com o auxilio de
swab, foi coletado material da conjuntiva para realização de cultura bacteriana e
antibiograma e coleta de sangue para hemograma e bioquímicos.
42
Logo após os procedimentos, o paciente foi colocado em uma caixa de
transporte e observado o retorno anestésico. O animal foi mantido isolado dos
demais do bando para facilitar o manejo.
Foi prescrito administração de azitromicina 10mg/kg VO, por seis dias.
Figura 22 Administração de meloxicam via retrobulbar em babuíno sagrado no Zoológico de
Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Ana Flávia Figueiredo Basto, 2015.
No dia 06 de outubro de 2015 foi convidada até o Zoológico uma Médica
Veterinária oftalmologista para realizar uma avaliação mais especifica.
Observou no recinto que o animal estava com o olho semicerrado, após a
realização da anestesia feita com tiletamina + zolazepam e anestesia local com
proparacaína gotas. Foi realizada uma avaliação oftalmológica, limpeza do olho com
solução fisiológica e confirmado conjuntivite severa. A seguir foi feito o teste de
fluoresceína, que confirmou uma úlcera superficial, havia persistência da infecção,
com formação de um abcesso localizado na região infraorbitária (figura 23).
43
Figura 23 Abcesso presente na região infraorbitária em babuíno sagrado (Papio hammadryas)
no zoológico de Curitiba- PR, 2015.
FONTE: Ana Flávia Figueiredo Basto, 2015.
O tratamento foi feito com associação antibiótica de vancomicina e
ceftazidima via subconjuntival, dose única, e o abcesso foi drenado.
Em três dias houve melhora, não havia mais prurido, olho completamente
aberto e diminuição do eritema e recuperação total do quadro clinico em poucos
dias.
No dia 15 de outubro de 2015 saiu o resultado da cultura e antibiograma, que
deu positivo para Streptococcus sp. e resistência bacteriana a quase todos os
antibióticos (figura 24).
44
Figura 24 Resultado da cultura e antibiograma realizados em babuíno sagrado (Papio
hammadryas) no Zoológico de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Eros Luís de Sousa, 2015.
O resultado do hemograma e exames bioquímico não apresentaram
alterações (figura 25).
Figura 25 Resultado dos exames de hemograma e bioquímicos realizados em babuíno
sagrado (Papio hammadryas) no Zoológico de Curitiba-PR, 2015.
FONTE: Eros Luís de Sousa, 2015.
45
8 DISCUSSÃO
De acordo com COURTNEY (2013) pode ser realizado na úlcera de córnea a
tarsorrafia temporária para proteger a córnea de animais que tendem a esfregar os
olhos, no caso apresentado, o babuíno apresentava prurido no olho e, mesmo sem a
realização da tarsorrafia, o animal se recuperou sem complicações.
Segundo COURTNEY (2013) a verificação do olho afetado durante o
tratamento deve ser realizado a cada três ou cinco dias. No caso relatado a melhora
veio dentro de três dias, o que não dispensa a verificação diária da situação em que
o animal se encontra pra ter certeza que não houve recidiva do quadro clínico.
O animal em questão foi tratado com associação antibiótica não relatada na
literatura encontrada, para tal enfermidade, porém surtiu o efeito desejado, já que a
vancomicina é usada contra microrganismos gram-positivos, e a ceftazidima, é uma
cefalosporina de terceira geração, usada na suspeita de Pseudomonas e eficientes
para bactérias gram-negativas, assim essa associação de antibióticos tem uma
chance maior de atingir o objetivo (VERAS et al., [20--])
De acordo com a cultura bacteriana realizada no babuíno-sagrado citado no
caso clínico, o resultado foi positivo para Streptococcus sp., como relatado por LAUS
(2007), e MONTIANI-FERREIRA, e colaboradores, (2008), as bactérias mais
comuns são gram-positivas, como é o caso do Streptococcus sp.
Os sinais clínicos apresentados pelo babuíno-sagrado foram os mesmos
descritos em todas as literaturas citadas anteriormente.
A indicação de atropina 1% induz a dilatação da pupila para realizar avaliação
do fundo de olho e da lente, e cicloplegia para redução da dor causada pelo
espasmo ciliar associado à uveíte e ceratite ulcerativa, possui como efeito colateral a
redução da produção de lágrima (LAUS, 2009) o autor COURTNEY (2013),
recomenda o uso de atropina 1% no caso de úlceras, no caso clínico relatado, o
mesmo não foi utilizado, uma vez que usado o meloxicam, que é um AINE, também
tem efeito analgésico.
46
Segundo
SLATTER,
(2005)
e
LAUS,
(2009),
a
administração
de
medicamentos por via retrobulbar é indicado para enfermidades do segmento
posterior do bulbo ocular. Permite que o fármaco se propague rapidamente pela
órbita.
Administração de antibiótico por via subconjuntival mostrou eficiência
no
segmento anterior do olho. Comparado à via tópica, esse mostrou que pode atingir
alta concentração do medicamento na córnea de até oito horas, esse nível
terapêutico se assemelha a aplicação tópica de hora em hora (LAUS, 2009). No
caso descrito foi usada aplicação subconjuntival de associação antibiótica.
O tratamento com antibióticos de amplo espectro foi eficiente, não houve
tratamento para a úlcera de córnea superficial, já que a córnea tem alta capacidade
de regeneração quando não tem infecção.
47
9 CONCLUSÃO
A conjuntivite traumática e a úlcera de córnea são afecções comuns em
primatas não humanos, contudo a literatura sobre o assunto é escasso em animais
silvestres, ficando assim patente a necessidade de se ampliar sobre o assunto. O
prognóstico normalmente é favorável para conjuntivite traumática e para úlcera de
córnea superficial desde que o diagnóstico seja precoce.
O diagnóstico é simples e não invasivo, sendo apenas visual e avaliação do
histórico no caso da conjuntivite. No caso da úlcera de córnea o diagnóstico é um
pouco mais complexo, pois o profissional necessita de conhecimento da anatomia
do olho e das afecções que o afetam.
O tratamento tem uma resposta rápida devido à capacidade de regeneração
da córnea e conjuntiva, em torno de três a sete dias ou até menos. O tratamento em
animais selvagens exige uma boa contenção, geralmente química para poder
realizar uma avaliação adequada. Posteriormente se faz necessário à utilização de
medicamentos de longa duração e amplo espectro para manipular esses animais o
mínimo possível.
48
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