iências Humanas ES SUAS UA AS S TE EC CN NOLOGIAS OLLO OGIIAS AS Ficha de Estudo 120 Tema Natureza e Cultura: Contextos e Espaços Tópico de estudo Questões ambientais contemporâneas: mudança climática, ilhas de calor, efeito estufa, chuva ácida e destruição da camada de ozônio. Entendendo a competência Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço, em diferentes contextos históricos e geográficos. A competência 6 refere-se à capacidade de entender as relações dos seres humanos com o meio ambiente, auxiliando na compreensão da realidade socioambiental em que as pessoas se inserem. Para trabalhar essa competência selecionamos temas relativos à ocupação dos espaços físicos e à importância dos recursos naturais. Observe, no espaço em que você vive, indicadores de preservação e degradação do meio ambiente e procure relacioná-las com as outras habilidades relacionadas com essa competência e que são tratadas nas fichas 116 a 119. Desvendando a habilidade Habilidade 30 – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. Dominar a habilidade 30 significa ser capaz de analisar em escala local, regional e global a forma como o homem atua perante a natureza. O processo de transformação do espaço natural em espaço geográfico esteve ligado, historicamente à atividade industrial e, consequentemente, ao consumo. Observe como degradação e conservação do ambiente podem influenciar-se mutuamente. Isso implica a necessidade de compreender que, na relação com o meio ambiente, interferem desde as ações pessoais e locais até as ações econômicas e políticas, nacionais e internacionais. Situações-problema e conceitos básicos Pensar globalmente e agir localmente! Essa foi e ainda é uma das bandeiras do movimento ambientalista. No entanto será que é o suficiente? A ação local é importante, mas é a solução? Até que ponto a nossa ação local pode contribuir para uma mudança favorável ao meio ambiente? O discurso ambiental defende que atitudes simples somadas fazem a diferença, como andar de bicicleta ou caminhar, minimizando o uso de automóveis, poupando energia e a atmosfera. Defende também a reciclagem de produtos, a reutilização de recursos, a promoção da coleta seletiva de lixo etc. Ter um consumo orientado e consciente evitando consumir produtos de empresas que não tenham um compromisso ambiental e social sério é outra forma de ação que colabora, bem como atuar em projetos de reflorestamento sustentável. Todas essas ações são válidas e pertinentes, no entanto, a solução passa pelo LOCAL, mas não para aí. É necessária uma coordenação política em escala GLOBAL, uma mudança de consciência, uma transformação na forma de ver a natureza, uma mudança no modelo de sociedade. As iniciativas acabam ficando limitadas se não houver uma ação política em escala global que pressione as corporações, os governos e a própria sociedade a uma mudança. O objetivo aqui é o de analisarmos os impactos ambientais no clima em três escalas (global, regional e local) e discutir as ações que podem contribuir para redução desses impactos. Curso Pré-ENEM Ciências Humanas t Observe e registre um exemplo de ação local de preservação do ambiente que ocorra no seu local de residência. t Dê um exemplo de ação local que só será eficaz se fizer parte de uma política regional, nacional ou global. Justifique a escolha desse exemplo Meio ambiente e ação humana A Terra tem sua dinâmica própria, com flutuações e modificações ao longo do tempo, nas suas diversas escalas. A evolução da Terra ao longo de bilhões de anos propiciou condições para a existência de vida. Dela extraímos o que é necessário para nossa existência. É também nela que depositamos os resíduos de nossas civilizações. Há milhares de anos a humanidade explora os recursos naturais e modifica a Terra para atender às suas necessidades. Com o desenvolvimento das civilizações, o grau de intervenção humana na natureza cresceu, fazendo com que a humanidade seja hoje o maior modificador da superfície do planeta. O gráfico 1 mostra que o ritmo de crescimento da humanidade segue um padrão exponencial: há 10.000 anos havia apenas 5 milhões de habitantes, que chegaram a 250 milhões no início da era Cristã e a 1 bilhão no século XIX. Atualmente a população da Terra ultrapassou os 6 bilhões de pessoas. Fonte: Fundo de População das Nações Unidas *UNFPA/ONU) Figura 1 – Ritmo de Aumento da População Mundial Curso Pré-ENEM Ciências Humanas Além do crescente aumento demográfico, intensificaram-se também as transformações do meio natural pelo homem, de acordo com a evolução da técnica e as alterações do modo de vida ao longo da história. O avanço da industrialização, da urbanização e do uso de técnicas mais eficientes nas áreas rurais transformou cada vez mais áreas naturais em espaços antrópicos (aqueles modificados pela ação do homem). A balança do consumo entre ricos e pobres 10% da população mais rica Consumo (do total oferecido) 20% da população mais pobre Carne e peixe 45% menos de 5% Energia 58% menos de 4% Linhas telefônicas 74% 1,5% Papel 84% 1,1% Veículos 87% menos de 1% PNDU – Relatório do Desenvolvimemto Humano, 2003 Os impactos provocados pela expansão demográfica devem ser avaliados conforme a pressão que as sociedades fazem sobre os recursos naturais, segundo a sua capacidade de adquirir alimentos e bens de consumo. Apenas 20% da população mundial, ou cerca de 1,3 bilhão de pessoas, possuem renda suficiente para ter acesso a bens e serviços produzidos em toda a Terra. Cerca de 80% dos habitantes do planeta, ou cerca de 5 bilhões de pessoas, não têm acesso aos bens e serviços básicos, ou seja, àqueles que atendem às necessidades primárias do ser humano, como alimentação, água, vestimentas e habitação. A alteração dos ecossistemas terrestres pela contaminação da água, do ar e dos solos provoca problemas ambientais que extrapolam os limites territoriais dos países, tornando-se preocupantes para todas as nações. O desmatamento e as alterações ambientais provocam perdas irreversíveis da biodiversidade do planeta, levando várias espécies de seres vivos (animais, plantas e microrganismos) ao risco de extinção. Fonte: Teixeira, 2001 Figura 2 – Espécies extintas e crescimento da população mundial Essas informações provocam alguns debates: Até que ponto o crescimento demográfico é responsável pela degradação ambiental global? Há condições de melhorar os padrões de vida das populações mais pobres aproximando-os dos padrões do mundo desenvolvido? O modelo de desenvolvimento econômico adotado no mundo é sustentável ou nos levará a uma situação de colapso que impedirá a sobrevivência da humanidade no futuro? Problemas Ambientais A seguir, veremos algumas questões ambientais que vêm sendo apontadas como as mais contundentes no país e no mundo. Em alguns casos, apresentaremos o debate entre segmentos sociais e científicos opostos já que, em muitos casos, não há consenso quanto às soluções para os problemas ambientais. É desse modo que, com avanços e retrocessos, a questão ambiental vem-se consolidando como um dos temas mais discutidos atualmente. Curso Pré-ENEM Ciências Humanas t Escala Global: Mudanças Climáticas e Poluição Atmosférica O clima da Terra se caracteriza por ser dinâmico, sujeito a oscilações eventuais de grande intensidade em escala regional (anomalias climáticas) e por mudanças radicais em todo o planeta, ao longo da sua história geológica (glaciações e interglaciações). Devido às oscilações da atividade solar e da atividade vulcânica da Terra (entre outros fatores), há evidências de já tenham existido fases muito mais quentes e também muito mais frias que a atual, o que ocasionou mudanças nos níveis dos oceanos e na distribuição dos ecossistemas mundiais. O estudo dos paleoclimas e paleoambientes indica que, nas eras glaciais, o aumento das geleiras provocou a redução do nível geral dos oceanos, com aumento dos ecossistemas mais secos pela redução do volume de chuvas, em algumas áreas. Já nas eras interglaciais o nível do mar se elevou, cobrindo as bordas dos continentes, onde a expansão de ecossistemas mais úmidos ocorria devido ao aumento da evapotranspiração. No gráfico a seguir, é possível observar a variação do nível geral dos oceanos nos últimos milhares de anos. Assim constata-se que, mesmo nos últimos séculos, houve fases de esfriamento e de aquecimento global. (Fonte: Baptista Neto et al., 2004). Figura 3 – Elevação do nível do mar no Período Quaternário Assim, constata-se que já ocorreram alterações do clima no planeta sem a interferência do homem. O que se discute atualmente é se a ação antrópica interfere no ritmo das mudanças climáticas. A poluição do ar e a consequente perda da qualidade atmosférica é resultado do lançamento de enorme quantidade de gases e partículas no ar. Os principais responsáveis pela emissão de gases poluentes são os veículos, as indústrias e as usinas termelétricas, devido à queima de combustíveis fósseis. A visão defendida pelo IPCC/ONU (em português, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) atribui ao homem a maior responsabilidade quanto ao aquecimento Global. No entanto, um grupo cada vez maior de cientistas defende ideias que buscam relativizar o papel do homem e valorizar a própria dinâmica “natural” da atmosfera. Diversas evidências permitem afirmar que esteja havendo uma intensificação do aquecimento global: a retração das geleiras continentais, a morte de recifes de corais em mares tropicais, a morte de extensas áreas de taiga subpolar e a redução da calota polar. Desde 1988, o IPCC faz pesquisas sobre as causas e as consequências das mudanças climáticas, bem como busca soluções para reduzir seus impactos. Há grandes evidências de que a industrialização e o modelo energético mundial são responsáveis pelas emissões do principal gás de estufa – o dióxido de carbono. Quando analisamos a distribuição internacional da responsabilidade por esses impactos, constatamos que a participação dos países na emissão de CO2 é muito desigual. Nos últimos anos, a produção de CO2 na China, na Índia, no Leste Europeu e nos países do Sudeste Asiático vem crescendo muito devido ao seu forte avanço econômico. A perspectiva é de aumento significativo das emissões nos países periféricos como um todo, principalmente na proporção em que eles mesmos promovam medidas que levem à melhoria das condições de vida da população, ao maior consumo de alimentos e de energia. Curso Pré-ENEM Ciências Humanas Segundo dados do IPCC e de outros centros de estudos climáticos, a não ser que os níveis de emissão de gases de estufa sejam reduzidos drasticamente, os episódios de forte desequilíbrio climático devem tornar-se mais frequentes. A previsão é de um aquecimento médio de 1,0 °C a 3,5 °C até 2100. É necessário considerar, no entanto, que há certa controvérsia entre a relação de causa e consequência que envolve as emissões antrópicas de gases de estufa e o aquecimento planetário. Algumas divergências científicas refletem a complexidade dos mecanismos que regulam os climas globais e nos fazem refletir sobre a enorme diversidade de variáveis associadas às trocas de energia entre a atmosfera, os oceanos e os continentes. Mesmo assim, os defensores da teoria de aquecimento por fatores de origem antrópicas são parte majoritária na comunidade científica. t Escala Regional: Redução da Camada de Ozônio e Chuvas Ácidas A camada de ozônio, situada na estratosfera, entre 15 a 20 km de altitude, aproximadamente, protege a Terra contra o excesso de radiação solar ultravioleta. Desde os anos 1960, há evidências de que a camada vem-se tornando mais fina em algumas regiões do planeta (sobretudo na Antártica). Convencionou-se chamar esse fenômeno de “buraco” na camada de ozônio. Fenômenos naturais, como a emissão de cloro por parte do oceano, provocam a diminuição da camada de ozônio, mas a ação humana acelera esse processo, devido à emissão de clorofluorcarbonos (CFCs) utilizados em aerossóis, solventes, refrigeradores e condicionadores de ar. Sob a intensa radiação ultravioleta, esses gases têm suas moléculas decompostas, liberando grandes quantidades de cloro na estratosfera, o qual reage com o ozônio, destruindo-o. Nas porções da atmosfera em que isso ocorre, reduz-se a concentração de ozônio, o que facilita a penetração das radiações nocivas. Os efeitos da intensificação da radiação UV na Terra incluem desde problemas de saúde (distúrbios de visão, câncer de pele etc.), até redução de produtividade agropecuária e alteração de ecossistemas naturais. Em 1987 foi assinado o Protocolo de Montreal (Canadá), compromisso dos países, e principalmente dos grandes fabricantes de produtos químicos, de reduzir drasticamente a fabricação e o uso de substâncias químicas que destroem a camada de ozônio, o que vem sendo feito com sucesso. Graças ao uso de substâncias alternativas, a redução da produção de CFCs foi enorme. Cabe refletir, porém, que esses mesmos fabricantes de produtos químicos são os responsáveis pela confecção de gases alternativos menos nocivos, e que tais gases, devido à tecnologia envolvida, serão mais caros. Por sua vez, a chuva ácida é um fenômeno que tem início em áreas próximas a grandes centros urbano-industriais, onde a poluição atmosférica é muito grande. A reação entre a umidade atmosférica (H2O) e os gases poluentes (CO2, NO, SO2 etc.) produz ácidos (H2CO4, H2NO3, H2SO4), que alteram as condições naturais da chuva, mudando também seus efeitos na superfície. A chuva ácida atinge principalmente a vegetação, colaborando com o desfolhamento de florestas e comprometendo sua capacidade de fazer fotossíntese. A longo prazo, ela pode também contaminar a água potável e, em consequência, prejudicar a saúde humana. A acidez nas águas pluviais é responsável pela corrosão de árvores, alteração química de rios e lagos, e alterações nas dinâmicas de pesca. As chuvas ácidas não se restringem às áreas onde se formam as nuvens ácidas, pois a umidade atmosférica é deslocada pela dinâmica da circulação do ar, atingindo também pontos distantes. Muitas vezes, a umidade atmosférica se torna ácida, mesmo que não haja chuvas. Nesse caso, forma-se o nevoeiro ácido ou smog – reunião de smoke (fumaça), e fog, (neblina). Em geral, durante o inverno é mais comum que a acidez do smog piore devido ao fenômeno da inversão térmica. Isso aumenta a ocorrência de problemas respiratórios e alergias, chegando a provocar mortes, nas áreas muito poluídas. A solução para esse problema demanda políticas de gestão urbana, de diminuição da poluição industrial e da utilização de transportes coletivos. Em diversos países do mundo, o planejamento urbano exige que fábricas reduzam suas emissões de poluentes ou mesmo sejam removidas das áreas centrais das cidades. O estímulo ao uso do transporte coletivo, e à popularização de combustíveis e motores menos poluentes são exemplos de como o problema pode ser amenizado. Escala Local: O Microclima Urbano A urbanização é um fenômeno generalizado em todo o planeta. O adensamento de construções, o acúmulo de carros e a presença de superfícies asfaltadas e cimentadas se juntam às atividades fabris e colaboram para a alteração das características climáticas em escala local, dando origem aos microclimas urbanos ou ilhas de calor. Nas áreas centrais das metrópoles, a concentração de edifícios, a escassez de áreas verdes e presença de veículos lançando poluentes, provoca a elevação da temperatura em relação às periferias urbanas, que são áreas de ocupação menos adensada. A fim de diminuir o aquecimento nos centros metropolitanos, são tomadas algumas iniciativas, como o afastamento dos prédios para permitir circulação de ventos, a criação de áreas verdes e a implantação de transportes coletivos. Curso Pré-ENEM Ciências Humanas Concluindo a reflexão, podemos dizer que as ações locais são válidas e importantes, porém, a ação política e a mudança no modelo de sociedade são a chave para resolução desses problemas e de outros. Assim sendo, não basta uma ação local, faz-se necessária uma ação “de cima para baixo”. O ambiente não será alterado para melhor somente se passarmos a poluir e consumir menos. Há a necessidade de uma pressão da sociedade sobre a política para que o Estado, por sua vez, pressione as grandes empresas na busca de uma nova relação com a natureza. Curso Pré-ENEM Ciências Humanas