1 A BELEZA CONTRA O CÂNCER DE MAMA 1 2 3 4 Bruna Matheus Ferreira , Franciele Elis Bruch , Graziele Cardoso de Melo , Danielle de Cassia . 1 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 3 Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 4 Esp. Prof.ª Danielle de Cassia Adjunta do Curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Bruna Matheus Ferreira, [email protected] , Franciele Elis Bruch, [email protected], Graziele Cardoso de Melo, [email protected] RESUMO: O câncer de mama é uma das doenças mais temidas pelas mulheres, devido a sua incidência e seu impacto em relação a autoestima e beleza das mulheres, pois os efeito do tratamento acarreta várias modificações no corpo da mulher. O Objetivo desse estudo foi analisar através de um estudo quantitativo o uso da maquiagem para melhora da auto confiança das mulheres frente ao tratamento. Foi realizado na prática maquiagens em mulheres voluntárias que tiveram ou estavam em tratamento do câncer de mama. Todas assinaram o termo de consentimento livre e responderam as questões propostas para análise dos resultados. Os resultados foram satisfatórios, visto que todas as mulheres voluntárias gostaram da maquiagem e relataram sertir-se mais belas e confiantes. Palavras-chave: Câncer de mama, maquiagem, beleza. ________________________________________________________________________ 2 INTRODUÇÃO O câncer de mama é uma das doenças responsáveis por um grande número de óbitos no Brasil e no mundo. Seu tratamento evoluiu muito nos últimos anos, proporcionando melhora da qualidade de vida e da sobrevida dos doentes (BORGES, 2010). O câncer de mama é uma das doenças mais temidas pelas mulheres, devido à alta incidência e, sobretudo, aos seus efeitos biopsicossociais, que afetam, entre outros aspectos, a sexualidade e a imagem pessoal da mulher que o vivencia (FABBRO; WESTIN, 2009). O diagnóstico de câncer de mama causa na mulher um impacto tanto físico quanto emocional, talvez por ser cultural e a mulher precisar ter mamas saudáveis e qualquer anormalidade tornar-se para ela um fator de discriminação e desvalorização. Assim, a perda da mama decorrente da mastectomia pode levar ao sentimento de mutilação ou até mesmo de castração, significando a perda da feminilidade; é como se as mulheres estivessem perdendo um ente querido (FABBRO; WESTIN, 2009). Nos dias de hoje a maquiagem esta vinculada a beleza estética e a maquiagem cosmética, quando aplicada corretamente faz com que o usuário apresente esse aspecto harmonioso, ou seja, a maquiagem combina com o rosto que combina com a roupa que consequentemente esse todo transmite a harmonia entre pessoa e personalidade (ONEDA; PERIN; THIVES, 2008). O objetivo desse artigo é mostrar o lado da beleza da mulher em tratamento de câncer de mama mostrando que a maquiagem pode transformar o olhar e a expressão facial. Câncer de mama Na atualidade, o câncer de mama é considerado como o segundo tipo de câncer mais comum no mundo, sendo o mais frequente entre as mulheres. Recentemente, este tipo de câncer vem se transformando em um importante problema de saúde pública na América Latina, tendo sido observado, nesta região, um aumento consiste nas taxas de mortalidade por câncer de mama nos últimos quarenta anos (GUERRA, 2005). O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve na mama como consequência de alterações genéticas em algum conjunto de células, 3 que passam a se dividir descontroladamente. Os principais fatores que predispõe o câncer de mama são: histórico familiar, idade, menstruação precoce, menopausa tardia, obesidade, ausência de gravidez e reposição hormonal. Por isso é importante fazer os exames preventivos na idade adequada, antes do aparecimento de qualquer sintoma do câncer de mama, e ficar atento a todos os sinais, alguns como: vermelhidão na pele, alterações no formato dos mamilos e das mamas, nódulos nas axilas, secreção escura saindo pelo mamilo, pele enrugada como casca de laranja e em estágios avançados a mama pode abrir uma ferida. A maioria dos tumores da mama, quando iniciais, não apresenta sintomas (MARCICANO, 2014). No caso da mulher mastectomizada, o valor que ela designa a mama perdida, provavelmente influirá na forma como ela valoriza seu aspecto corporal. Se ela está menos preocupada com sua aparência corporal, provavelmente ira considerar a perda de uma mama menos ameaçante (VALENZUELA, 2007 apud WOODS, 1975). A pessoa que sente que não é atraente visualmente ou tem alterada sua autoimagem, provavelmente evitará o relacionamento social e poderá sentir-se inadequada numa relação sexual. Consciente ou inconscientemente pode levar ao isolamento daqueles que potencialmente possam mostrar-se impressionado ou manifestar repugnância pelo seu aspecto (VALENZUELA, 2007 apud WOODS, 1975). Os efeitos colaterais advindos da quimioterapia e radioterapia também interferem negativamente no cotidiano, na elaboração da imagem corporal da mulher. As principais consequências desses tratamentos são náuseas, vômitos, fadiga, disfunção cognitiva, alopecia, ganho de peso, palidez, menopausa induzida, etc (SANTOS; VIEIRA, 2011). Beleza e maquiagem A preocupação com a beleza é alvo das atenções de toda a humanidade, e esse cuidado pela estética tem expandido a cada dia. O homem julga o padrão de beleza fundamentado na cultura adquirida e nos hábitos do local onde vive e os meios de comunicação também influenciam enormemente essa questão visto que para se comparar é preciso ter um modelo e esse é justamente o imposto como parâmetro pela mídia. Ser bela é ser bela por 4 inteiro – no continente e no conteúdo – e ser sábio é valorizar o todo. Pois a beleza física é fonte de atração para os que procuram uma companhia eventual e herdada, mas a beleza interior é conseguida com o passar do tempo (VEIGA, 2006). Indícios achados por arqueólogos constam que a maquiagem surgiu no Egito Antigo. Considerada por estes, como uma forma de arte, ela embelezava os homens e mulheres da época. A cada dia que passa torna-se mais popular, necessária e inovadora, tomando um lugar muito importante na contemporaneidade (ALMEIDA; RIBEIRO; SILVA 2013). Nos dias de hoje se bem aplicada e com produtos confiáveis a maquiagem não há contra indicações. Os ativos tóxicos, o qual as pessoas que utilizavam este tipo de maquiagem não tinham conhecimento dessas toxidades e com o decorrer do tempo danificavam a sua pele. Com os avanços o mercado disponibiliza produtos altamente seguros e eficazes, com fatores de proteção solar, agentes antirrugas ou hidratantes. Atualmente a maquiagem significa pele bonita e bem cuidada (MOLINOS, 2005). A maquiagem cosmética tem como função, marcar os detalhes mais harmoniosos da face, corrigir imperfeições, valorizando a imagem pessoal, consequentemente aumentando a auto estima do consumidor fazendo com que se sinta mais bonita e valorizada (ONEDA; PERIN; THIVES, 2008). De acordo com BIFULCO (2014) a automaquiagem melhora a autoestima e as relações interpessoais dessas mulheres, que "passam por uma troca de experiência muito grande". Segundo ela, é neste momento que a paciente "se sente ativa e percebe que enquanto há vaidade, há vida”. MATERIAIS E METODOS A presente pesquisa adota como metodologia recursos de revisão bibliográfica através de banco de dados computadorizados. Foram feitos levantamento bibliográficos nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, utilizando as palavras chaves: câncer de mama, maquiagem, beleza. Como complementos foram utilizados livros relacionados ao tema e o ano das publicações entre os anos de 2005 e 2016. O trabalho foi dividido em duas etapas; primeiramente a pesquisa bibliográfica sobre câncer de mama, beleza e maquiagem. Na segunda etapa 5 foi realizada a prática em mulheres em tratamento de câncer de mama da Associação Amigas da Mama. Os materiais utilizados na prática foram os seguintes: Base, corretivo, pó, blush, rímel, lápis para olhos, cílios, delineador, batons, sombras, pincéis, maquina fotográfica, cotonete, demaquilante, primer. O questionário para avaliarmos a autoconfiança e autoestima de cada voluntaria em relação sua beleza na luta contra o câncer de mama: 1. Qual sua idade? 2. Há quanto tempo descobriu o câncer de mama? 3. Antes da descoberta do câncer, você usava maquiagem? ( )Sim ( )Não 4. Em relação a autoestima, após o câncer. Como você se sentiu? ( )Muito baixo ( )Baixo ( )Normal. 5. Você se preocupa com sua aparência? ( )Sim ( )Não ( )Depende a ocasião. 6. Em relação a beleza. Você usa maquiagem: ( )Nunca ( )Todos os dias ( )Depende da ocasião. 7. Você gostaria de ter aulas de automaquiagem: ( )Sim ( )Não ( )Talvez. 8. Em relação a maquiagem realizada, como se sente: ( )Não gostou ( )Sente-se mais confiante. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do quadro abaixo, podemos analisar a idade das voluntárias que esta entre 45 e 65 anos. O tempo de descoberta do câncer de mama das mulheres entrevistadas é entre 10 meses atrás e 18 anos atrás. Quando descobriram o câncer 4 (quatro) relataram que ficaram com a autoestima baixa e 2 (duas) ficaram normal em relação a autoestima. Das 6 (seis) voluntárias, 5 (cinco) disseram que se preocupam com a aparência e 1 (uma) apenas não se preocupa. Todas acham interessante ter consultoria de imagem pessoal. E em relação à maquiagem realizada pelas autoras nas voluntárias, todas gostaram e disseram se sentir mais confiantes. 6 Quadro 1: Mulheres voluntárias da instituição: Amigas da Mama IDADES TEMPO AUTOESTIMA PREOCUPA USA IMPORTANTE MAQUIAGEM DESCOBERTA QUANDO COM A MAQUIAGEM CONSULTORIA REALIZA DO CÂNCER DESCOBRIU O APARÊNCIA DE IMAGEM PELAS CÂNCER – PESSOAL DE 10 MESES BAIXA 45 E 65 A VOLUNTÁRIAS VOLUNTÁRIAS NORMAL – 2 NÃO VOLUNTÁRIAS VOLUNTÁRIA 18 ATRAS ANOS 4 SIM – ENTRE – 5 1 TODOS DIAS OS – 3 SIM – AUTORAS 6 VOLUNTÁRIAS – VOLUNTÁRIAS NÃO DEPENDE VOLUNTÁRIA 0 GOSTARAM E SETIRAM MAIS CONFIANTES OCASIAO – 2 – VOLUNTÁRIAS VOLUNTÁRIAS Fonte: pesquisa das autoras Todas as 6 (seis) voluntárias responderam ao questionário e assinaram o termo de consentimento livre para ser divulgada as imagens delas maquiadas, conforme as imagem 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Em relatos das voluntárias com as autoras disseram que o uso da maquiagem é importante para enfrentar a doença, para não mostrar sua fragilidade frente ao tratamento do câncer de mama. Uma das voluntárias que é diretora da instituição deixou o seguinte relato: “Em complemento a pergunta do questionário se eu me maquio somente em ocasiões especiais, como é o meu caso. Eu não faço maquiagem diariamente. As ocasiões especiais não são somente festas, e então enxergar a maquiagem como uma forma de comunicação. E essa comunicação eu faço quando eu vou, por exemplo, visitar uma paciente no hospital ou em casa... ela em um tratamento pesado, quando ta muito debilitada, eu vou bonita, eu me maquio para que ela possa se espelhar em mim para superar aquele momento de dificuldade, mostrar que eu também superei essa fase. E como ela vai se espelhar?...ela vai me enxergar através da maquiagem. Então a maquiagem é uma forma de comunição.” Esse relato mostrou que a maquiagem ajuda a valorizar a beleza das mulheres, independente de qual fase de tratamento está. 6 7 Imagem 1: voluntária Imagem 2: voluntária Fonte: (as autoras) Fonte: (as autoras) Imagem 3 – voluntária Imagem 4: voluntária Fonte: (as autoras) Fonte: (as autoras) Imagem 5: voluntária Imagem 6: voluntária Fonte: (as autoras) Fonte: (as autoras) 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se a importância do tecnólogo em estética para auxiliar essas pacientes a melhorar a sua imagem pessoal, sugerindo maquiagens e produtos adequados a cada tipo de pele. Concluímos então que a maquiagem tem uma grande influência na autoestima de mulheres que sofrem contra o câncer de mama, podemos assim realçar a beleza de cada uma durante o seu tratamento contra a doença, ajudando a valorizar a beleza das mulheres, independente de qual fase está do seu tratamento. 9 REFERÊNCIAS ALMEIDA, P.A; RIBEIRO.P.P.M.L; SILVA, T.M. A maquiagem na composição da produção de moda. Sociedade Dom Bosco de Educação e Cultura S/C. Faculdade de Arte e Design. Divinópolis, Minas Gerais, 2013. BIFULCO, V. Globo – Bem Estar. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/04/aula-de-maquiagem-ajudamelhorar-autoestima-de-mulheres-com-cancer.html> Acesso em 23 Jun 2016. BORGES, F.S. Dermato-Funcional Modalidades Terapêutica nas Disfunções Estéticas. 2ªEdição – Revisada e ampliada, São Paulo, 2010 – Capitulo 18, pág 409. FABBRO, M. R. C. Histórias de vida e cancer de mama: revendo a vida. Rio Claro, São Paulo, 2009. GLOBO BEM ESTAR. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/04/aula-de-maquiagem-ajudamelhorar-autoestima-de-mulheres-com-cancer.html> Acesso em 23 Jun 2016. GUERRA, M.R; GALLO, C.V.M; MENDOÇA, A.S. Risco de câncer no Brasil: tendências e estudo epidemiológicos mais recentes. Revisão de literatura. Revista Brasileira de Cancerologia 2005. MARSICANO, A.P; SOARES, C.C; PEMPER, K.C.O; SILVA, J.S. Câncer de mama. IV Jornada Cientifica de Enfermagem 2014. Faculdade Santa Cruz. MOLINOS, D. Maquiagem. 5 ed. São Paulo. Senac, 2005. ONEDA, L.L; PERIN, M; THIVES, F. A influência da maquiagem na imagem pessoal. Universidade do Vale do Itajaí. Balneário Camboriú, Santa Catarina, 2008. 10 SANTOS, D.B. Imagem corporal de mulheres com câncer de mama: uma visão sistemática da literatura. Article in Ciencia e saúde coletiva, Maio, 2011. VALENZUELA, M.L.R. Autoimagem, autoestima e relacionamento conjugal como dimensões da qualidade de vida de um grupo de mulheres mexicanas mastectomizadas: uma visão sociocultural. Tese (Doutorado), Escola de Enfermagem Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil, 2007. VEIGA, A.P. A institucionalização da beleza no universo feminino. Rio de Janeiro. Agosto, 2006.