XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Paulo, 2009, pp. 1-18 MEMÓRIA VISUAL DO CICLO DO CAFÉ: ETNOCÍDIO E DESTERRITORIALIZAÇÃO INDÍGENA NO SUL E SUDESTE DO BRASIL VISUAL MEMORY IN COFFEE PLANTATION BELTS: INDIAN EXTERMINATION IN SOUTHERN AND SOUTHEASTERN BRAZIL José Antônio Souza de Deus Instituto de Geociências (UFMG) [email protected] Henrique Moreira de Castro Rede Municipal de Ensino- Betim (MG) [email protected] Resumo: Esse trabalho discute uma experiência didática recentemente desenvolvida em duas unidades acadêmicas da UFMG (Instituto e Geociências e Faculdade de Educação)- que teve como objetivo a investigação das interações e interfaces entre diferentes campos do Conhecimento, propiciando/ viabilizando a elucidação e reelaboração de idéias construídas em torno de um período sugestivo e emblemático de nossa história: o Ciclo do Café. Optamos por uma abordagem que privilegiasse as categorias conceituais de análise e os paradigmas de interpretação da Geografia Agrária, da Geografia Cultural e da Percepção Ambiental. A proposta fundamentou-se ainda numa postura de respeito às diferenças de estilo e habilidades de aprendizagem dos graduandos, e no estímulo às suas potencialidades criativas, afetivas e sociointerativas. Palavras-Chave: Cafeicultura, Avanço da Fronteira Agrícola, Desterritorialização Indígena, Memória Visual Abstract: This paper examines a college teaching experience once developed in Minas Gerais Federal University (UFMG). The main goal of the research was the exploration of links between scientific knowledge (Geography and History) and Arts (at first, Photography), in order to explain and to rewrite ideas and issues concerning a suggestive and emblematic period of Brazil’s history: Coffee Cycle. Agricultural expansion, plantation system and coffee belts were themes introduced, in retrospect, in this investigation. It was chosen a particular approach that has given distinction to 2 XIX ENGA, São Paulo, 2009 DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. agrarian geography, ethnogeography and environmental perception concepts and paradigms. The proposal has tried to respect students’ different learning styles and skills and has been able to stimulate their affective, creative and interactive sociability potentialities. Key-words: Coffee Plantation, Agricultural Expansion, Brazilian Indians’ History; Visual Memory. Introdução Esse trabalho propõe uma abordagem conceitual e metodológica centrada no cotidiano escolar e materializada numa proposta de ensino transdisciplinar direcionada para a investigação das conexões entre a Geografia, a História e a Arte (no caso, a Fotografia). O postulado básico dessa intervenção em sala de aula consistiu em que os estudantes pudessem adquirir a capacidade de utilizar diferentes linguagens (incluindose aí, a cultura e a memória visuais). Os alunos que participaram dessa experiência foram graduandos de cursos de duas unidades acadêmicas da Universidade Federal de Minas Gerais- em Belo Horizonte: Instituto de Geociências (cursos de Geografia1Licenciatura e Bacharelado e Turismo2- ambos vinculados ao Departamento de Geografia- IGC/ UFMG) e Faculdade de Educação (Formação Intercultural de Educadores Indígenas3), matriculados nos últimos semestres letivos em disciplinas optativas, na área de Geografia Cultural/ Etnogeografia - cujas linhas interpretativas mais recentes têm sido discutidas/ explicitadas por diferentes autores- a exemplo de Deus (2005) e Amorim Filho (2006). Metodologia Os passos metodológicos utilizados para a operacionalização da prática educativa foram: pesquisa bibliográfica, cartográfica e documental; problematização sobre as categorias teórico-conceituais envolvidas; formação de grupos orientados 1 Tópicos em Geografia Humana e Tópicos Especiais em Geografia I: Geografia Cultural do Brasil/ Etnogeografia Tópicos em Planejamento do Turismo: Geografia Cultural, Indigenismo e Etno-Sustentabolodade. 3 O curso FIEI/ FaE é direcionado aos professores indígenas mineiros das etnias Maxakalí, Krenak, Xakriabá, Pataxó, Caxixó, Xukuru-Kariri e Pankararu, propondo-se à construção de um diálogo intercultural e desdobrando-se em três eixos de atuação intitulados: “A Escola e Seus Sujeitos”, “Múltiplas Linguagens” e “Conhecimento da Realidade Socioambiental”. 2 Memória visual do ciclo do café: etnocídio e desterritorialização indígena no sul e sudeste do BRASIL, pp. 1-18 3 para a investigação dos conceitos e temas em pauta; e sistematização das informações. Os estudos se processaram através da visualização pelos alunos, de fotografias que retratam o período da expansão da Cafeicultura no Brasil. A idéia fundamental dessa intervenção não foi a de ensinar uma técnica aos estudantes, mas sim a de desenvolver neles a capacidade criativa no exercício da pesquisa, pois cada pessoa se apropria das imagens de uma maneira peculiar, as absorvendo e reinterpretando. Tivemos também como meta que os alunos conhecessem e se apropriassem da linguagem fotográfica de forma crítica e contextualizada, na perspectiva da construção de uma abordagem multidimensional da realidade. Referencial Teórico O Café, produto nobre do agribusiness e da pauta de exportações do Brasil, ocupa um lugar de destaque na história do desenvolvimento do país (ENCARNAÇÃO, LIMA, 2003), pois, como se sabe, constituiu a grande riqueza do Brasil no início do período republicano (LORENZETTI, 2000; MIRANDA, EZAJKOWSKI, 2004; PRADO Jr., 1997, WAIBEL, 1979). A “Primeira República” (1889/ 1930) de fato correspondeu a um período da nossa história em que vários políticos paulistas (fazendeiros de café) e mineiros (produtores de leite) ocuparam consecutivamente a presidência do Brasil. Por isso mesmo essa época ficou conhecida como a República do Café com Leite4. Principal produto de exportação do país5, o café já era cultivado no período imperial em fazendas na região do Vale do Paraíba, na província do Rio de Janeiro. Paulatinamente o cultivo do grão se expandiria para São Paulo no final do século XIX, envolvendo o influxo de considerável contingente de migrantes nas regiões onde a cultura se implantava (ARGOLLO FERRÃO, 2004; FURTADO, 2004; SODRÉ, 2004). Nesses novos domínios “o sistema de plantation foi adaptado ao emprego de mão de obra livre e desenvolveram-se inovações tecnológicas na secagem e no descascamento do café” (ECCARDI, SANDALI, 2003, p. 7). “A partir de 1870 a produção paulista de café 4 Talvez impropriamente porque a política na “República Velha” era, na verdade, muito mais rica e complexa, não podendo ser reduzida/ simplificada a uma “aliança” entre São Paulo e Minas Gerais, como sinaliza Viscardi (2005). 5 “Os elementos que influenciam a qualidade do café são: altitude, tipo de solo, condições climáticas, genética do grão, cultivo das plantas e manutenção dos cafezais. Mas para a obtenção de uma boa bebida ainda se faz necessário um processamento primoroso que vai da colheita à secagem, terminando na armazenagem, torrefação e moagem” (PASCOAL, 2006, p. 33). 4 XIX ENGA, São Paulo, 2009 DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. ultrapassaria a do Rio de Janeiro” (CATELLI Jr., 2004, p. 41), e no início do século XX, o oeste de São Paulo se transformaria na principal área produtora. Durante a Primeira República, os fazendeiros de café constituíam o segmento que mais obteve lucros com ações do governo. Nesse período eram constantes as variações de preço do produto no mercado externo, o que afetava a produtividade nacional. Toda a estrutura gerada pelo cultivo do café criou, como se sabe, condições para o surto industrial do país, sobretudo no estado de São Paulo6 (ANDRADE, 1986; SANTOS, SILVEIRA, 2005). O Avanço da “Fronteira” Agrícola, a Degradação Ambiental e a Desterritorialização Indígena no Ciclo do Café Funcionando à base da derrubada de matas virgens (COSTA, 2007), a marcha do café se tornou uma fronteira em contínua expansão que depois de desalojar os últimos grupos de índios Puri-Coroado7, no vale do Paraíba (RIBEIRO, Darcy, 1996), alcançou as florestas situadas entre o vale do Tietê e o Paranapanema e depois, o Paraná. No oeste de São Paulo essa “frente pioneira” entraria em conflito com os “bugres”- como eram denominados os índios Kaingáng8-, primitivos habitantes desses 6 A partir do final do século XX- vale ressaltar- o café altera suas rotas de expansão geográfica, redirecionando-se para o sul de Minas Gerais (hoje, um pólo cafeeiro tradicional- TUBALDINI, 1999), para o Espírito Santo, para as áreas de Cerrado da Bahia e Goiás; e para a “última fronteira” na Amazônia (em Rondônia), enfrentando aí expressivas alterações nas relações de trabalho (BROGGIO, DROULERS, GRANDJEAN, 1999; ROSS, 1999), e desencadeando significativos impactos para as sociedades autóctones e comunidades tradicionais historicamente domiciliadas nessa região (DEUS, 2006, 2007). Vale ressaltar que o café produzido no sul de Minas foi “destaque no ranking da Coffee Review, depois de ter seu aroma, acidez, corpo, sabor e aftertaste avaliados”... (MORT, 2002, p. 99). Já no Vale do Jequitinhonha como acentuam Horta e Dias (2002), a implantação e desenvolvimento da cafeicultura moderna produziram a partir dos anos 70 (século XX), modificações significativas na estrutura produtiva e relevantes alterações nos espaços rural e urbano regionais. E em Rondônia, “a produção de café já nasce altamente mecanizada, associando-se ao sul do Pará que produz o café do tipo conillon, próprio para a fabricação do café solúvel” (FREDERICO, CASTILLO, 2004, p.237). 7 O tronco Macro-Jê corresponde a um dos dois grandes troncos em que se classificam os povos indígenas brasileiros. Além de sua principal família (jê) e outras (bororo, karajá) concentradas no Brasil central e meridional, esse tronco inclui várias famílias etnolinguísticas sediadas no nordeste e leste do país como os Kariri, Kamakã, Baenã, Maxakalí, Pataxó, Botocudo ou “Borun” (dos quais os atuais Krenak e Aranã são remanescentes) e PuriCoroado. Estes últimos encontram–se hoje totalmente extintos. Estiveram outrora domiciliados na Zona da Mata mineira e regiões adjacentes. Em 1813, Eschwege (2002, p. 98), contabilizou a existência de “150 aldeias dos Coroados, cada uma com uma ou duas famílias, formando uma população de 1900 pessoas ou mais”, disseminada pela região dos tributários do Rio Pomba (MG). São povos macro-jê também os Rikbátsa (“Canoeiros”) do oeste de Mato Grosso, os Guató do Pantanal, os Ofayé do Mato Grosso do Sul e os Fulni-Ô do sertão de Pernambuco. 8 A família jê (“tapuias”) compreende principalmente povos do Brasil Central como os aguerridos Xavante de Mato Grosso- e seus parentes Xerente do Tocantins-; os Timbira dos cerrados do Maranhão e Tocantins (subdivididos em vários grupos como os Apinayé, Krahô, Krikati e Gavião do Pará); os Suyá e Tapayúna do Alto Xingu; os Panará (ou Krenakarôre) e Kayapó (também subdivididos em vários segmentos como os Gorotire, Mekragnotire, Mentuktire ou Txukahamãe, Xikrin...), e concentrados sobretudo no sudeste do Pará e norte de Mato Grosso. Os povos dessa família são caracterizados na literatura etnológica e etnográfica como “sociedades dialéticas” que constituiriam notáveis exemplos de resistência sociocultural (GONÇALVES, 1982). Os Kaingáng correspondam ao segmento mais meridional dos jês, sendo presumivelmente descendentes dos antigos Guayaná do planalto de São Memória visual do ciclo do café: etnocídio e desterritorialização indígena no sul e sudeste do BRASIL, pp. 1-18 5 sertões longínquos até então indevassados (CARDOSO, 2007; GAGLIARDI, 1989). Darcy Ribeiro inclusive assinala que para os colonizadores, o índio constituía “o grande obstáculo ao prosseguimento da construção e à abertura das fazendas” (RIBEIRO, Darcy, 1996, p. 123), pois os Kaingáng “sentiam fechar-se o cerco em torno deles”... e resistiam de forma aguerrida à progressiva violação de seus territórios (RIBEIRO, Darcy, 1996, p. 124). Pois como destaca Pinheiro (2004, p. 358): “ao longo desse período a expansão do sistema da plantation do café e da pecuária sobre essas áreas enfraqueceu as formas tradicionais indígenas de relacionamento com a terra e com o trabalho. Cercados pelos brasileiros, os grupos indígenas foram dizimados e os seus remanescentes alojados em aldeias, Postos Indígenas (PI) controlados pelo governo”. Berta Ribeiro resgata os tristes episódios que caracterizaram esse período ao registrar que: “com o avanço das culturas de café do Vale do Paraíba para São Paulo e a abertura da estrada de ferro Noroeste do Brasil, que ligava Santos a Corumbá, as aldeias dos Kaingáng foram alcançadas. Os índios atacavam as turmas de trabalhadores da estrada, sendo revidados por chacinas que provocavam novos ataques. A empresa armou o seu pessoal que ficava de sentinela noite e dia, criando um ambiente de terror de ambos os lados. Disso se aproveitaram os grileiros para adquirir terras fertilíssimas a baixo preço. Na verdade os trabalhadores morriam mais de epidemias de malária, febre silvestre e úlcera de Bauru que grassavam na região. Mas as mortes eram atribuídas aos índios, dando motivo a novas represálias. Batidas eram financiadas pela administração da estrada. Surgem assim especialistas em massacres de índios, os tristemente célebres ‘bugreiros’, que queimavam as aldeias, devastavam as roças e matavam indiscriminadamente homens, mulheres e crianças. Os maiores morticínios ocorreram de 1908 a 1910” (RIBEIRO, Berta, 1987, p. 76). Paulo. Foram também designados como “coroados” ou “botocudos”. “Eram senhores das terras interiores do planalto” na região sul do país (SANTOS, 1997, p. 15). Incluem os Xocleng, de Santa Catarina, caçados como feras pelos imigrantes (contingentes populacionais constituídos por indivíduos de origem germânica, italiana ou eslava e que ingressaram no país para trabalhar como parceiros e colonos, num Brasil então fortemente alicerçado no latifúndio- MORISAWA, 2001). Os Kaingang constituem uma das sociedades jês remanescentes de população mais numerosa. 6 XIX ENGA, São Paulo, 2009 DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. Possas (2001) também demarca que foi a presença das ferrovias que alicerçou a expansão cafeeira. E Pierre Monbeig (1998), numa clássica análise sobre os pioneiros e fazendeiros em São Paulo se reporta aos “precursores da marcha pioneira” nos planaltos ocidentais do estado (no final do século XIX e início do século XX) - ou seja, os índios Kaiwá (Caiuá), Tupinikín9 (Tupiniquim), Kaingáng (Caingangue), Cayapó do Sul10 e Oti-Xavante11. “Na marcha para o oeste, desbravando terras virgens, a cultura do café entrou no Paraná no início do século XX a partir da divisa com São Paulo” (POZZOBÓN, 2006, p. 160). “Em um quarto de século surgiram na região 110 núcleos urbanos” (STECA, FLORES, 2002, p. 141). E com a movimentação desta “frente pioneira” plantadora de café para o noroeste do Paraná a partir dos anos 30 (século XX), o território indígena de um pacífico grupo guarani12 então autônomo (SILVA, 2000), denominado Xetá, foi “alcançado e pulverizado” (SANTOS, 1978, p. 64). Os Xetá passaram a sofrer “campanha violenta e rápida de extermínio” (SANTOS, 1978, p. 63). “A aproximação submissa dos sobreviventes indígenas não evitou o seu aniquilamento físico. O contágio de doenças próprias da civilização, aliado a mudanças drásticas na dieta alimentar aniquilou os selvagens” (SANTOS, 1978, p. 33). Postulamos que são pertinentes e relevantes a análise e investigação dos registros iconográficos desse turbulento período, com ênfase na interpretação dos processos e etnocídio e desterritorialização indígena - tal como são hoje definidos nas abordagens da Geografia Política e da Etnogeografia (HAESBAERT, 2002, 2004 a/ b). Vale ressaltar que tais processos ocorreram simultânea e paralelamente à destruição de um importante bioma (configurando um verdadeiro topocídio13): a 9 Uma das subdivisões dos Tupinambá. Povo jê que resistiu tenazmente às investidas dos bandeirantes e faiscadores no período colonial, nas regiões de antiga mineração como Minas Gerais e Goiás. Presumivelmente antepassados dos atuais Panará da Amazônia meridional. 11 Povo indígena de língua isolada dos Campos Novos do Paranapanema, hoje extinto. 12 O trono Tupi (ou Macro-Tupi), de distribuição subcontinental é o mais importante tronco dos índios brasileiros. Sua principal família é a tupi-guarani que congregava originalmente sociedades indígenas demograficamente muito vigorosas, com organização social sofisticada e complexa, como os antigos Tupi da costa (Tupinambá) e os Omágua do Amazonas (Alto Solimões). Também integram a família tupi-guarani vários grupos indígenas contemporâneos distribuídos principalmente pelas bacias do Tapajós/ Madeira (Parintintin ou Tupi-Kawaíb, Uru-Eu-Wau-Wau, Apiaká...), Tocantins/ Xingu (Parakanã, Asurini, Araweté, Suruí Aikewar, Tapirapé...), Alto Xingu (Kamayurá, Kayabi) e Maranhão (Guajajara Tenetehara, Guajá, Urubu-Kaapor) e até na área norte-amazônica (Oyampí ou Waiãpi do Amapá, Zo’é ou Tupi do Cuminapanema do norte do Pará), etc. Os Guarani correspondem ao ramo meridional da família, antigamente distribuído por toda a bacia do Prata, no Brasil e países limítrofes (Argentina, Paraguai, Bolívia). São remanescentes dos guarani atualmente, os Kaiwá (Kayová) do Mato Grosso do Sul, os Mbyá e Nhandeva (Avá-Guarani) do sul e sudeste do Brasil. Além dos tupi-guarani há ainda outras famílias integrantes do tronco tupi: juruna, tupimondé (que inclui os Cinta Larga, Suruí Paiter, Zoró e Gavião de Rondônia), tupari, arikém, ramarama (e outros povos como os mawé, awetí e puruborá). 13 O fenômeno do topocídio tal como é concebido na percepção ambiental corresponderia à aniquilação deliberada de lugares (AMORIM FILHO, 1999). 10 Memória visual do ciclo do café: etnocídio e desterritorialização indígena no sul e sudeste do BRASIL, pp. 1-18 7 exuberante Mata Atlântica, e terminaram concentrando as populações indígenas remanescentes em territórios de confinamento exíguos, ambientalmente degradados, como destacaram historiadores e antropólogos. Pinheiro (2004, p. 381/ 382), por exemplo, em sua abordagem sobre a ocupação do oeste paulista e o processo de extermínio a que foram submetidas as comunidades kaingáng da região), registra que: “no processo de colonização, enquanto houve terra fértil, propícia para o plantio do café, a colonização caracterizou-se por um tipo de ‘exploração nômade’ da natureza, provocando a devastação das florestas e o abandono da terra exaurida,. As terras conquistadas aos índios, no ocidente paulista, não foram objeto de preservação”. Borelli (1984, p. 51) complementa que “a trajetória Kaingang está marcada por um percurso permanente de violências que se expressa pela perda dos territórios tradicionais de caça e coleta, pela constante depopulação e pelo posterior confinamento em espaços restritos das reservas onde a ação do Estado se expressa de modo deficiente”. E Dean (1996, p. 206) por sua vez, numa abordagem sobre a história ambiental do sudeste brasileiro demarca: “a queimada da floresta para plantar cafezais foi a principal causa, mas, não a única, de desflorestamento no século XIX. O comércio do café induziu o crescimento demográfico, a urbanização, a industrialização e a implantação de ferrovias. Conseqüências indiretas da prosperidade febril baseada numa única mercadoria de exportação, exerceram pressões sobre uma área mais ampla da Mata Atlântica, dando início ao que agora pode ser considerado como danos irreversíveis a paisagens antropormofizadas”. O Uso da Fotografia Como Registro Iconográfico e Como Instrumental de Trabalho Para as Abordagens Científicas Sob a forma de desenhos, esculturas, pinturas ou fotografias- ou seja, através de imagens, pode se representar com precisão vários acontecimentos e idéias. Custódio (1999, p. 130) inclusive postula que: “não há conhecimento, reconhecimento 8 XIX ENGA, São Paulo, 2009 DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. ou memória sem imagem”. Os registros iconográficos têm a potencialidade de criar o retrato de uma época, documentando as formas pelas quais as pessoas se relacionavam umas com as outras (AZEVEDO, 2004; CASTRO, DEUS, 2007; PINAKOTHEKE CULTURAL, 2002). Num primeiro momento, a pintura e o desenho se colocaram como meios tradicionais de comunicação e propaganda das artes visuais, e até meados do século XIX, era somente através da pintura ou do desenho que as pessoas imortalizavam imagens. Mas com o desenvolvimento da fotografia14, especialmente a partir de 186015, a produção de retratos deixou de ser uma função exclusiva dos pintores e a fotografia entrou definitivamente em cena. Percebeu-se nesse momento, que este dispositivo podia realizar o trabalho de forma primorosa e a baixo custo. De acordo com Chiavari (2005, p. 34), no momento de sua descoberta, a fotografia foi apresentada como importante invenção capaz de reproduzir mecanicamente a realidade. E a valorização de sua suposta objetividade em relação às outras artes inclusive levou ao seu uso freqüente como documentação de fatos e pessoas. Frehse (2005, p. 185) destaca que “a fotografia constitui, além de relevante instrumento de pesquisa, documento e veículo de representações privilegiado para a compreensão da vida social. Como imagem que é, vale para a fotografia o que vale para a imagem de maneira geral: ela fornece indicações sobre a realidade que retrata e sobre o olhar daquele que a produziu”. Alimonda e Ferguson (1990, p. 170), destacam por sua vez que “o interesse pelo emprego de fontes iconográficas (além do mero uso ilustrativo) é relativamente recente”, A fotografia é, aliás, entendida por esses pesquisadores como fonte historiográfica, portadora de informações multidisciplinares. Já o pesquisador Paulo Miguel (1999, p. 228) enfatiza que “ao analisarmos fotografias antigas devemos ter a consciência de estarmos analisando documentos históricos que nos revelam o próprio passado da comunidade”... E a originalidade da fotografia redescoberta na atualidade em diferentes abordagens que a discutem da escala local à escala global- a exemplo de ensaios/ estudos como os de Dubois (2007), Kossoy (2006), Michaud (2008), Susan Sontag 14 “Todas as linguagens da imagem produzidas através de máquinas (fotografia, cinema, televisão...), são signos híbridos: trata-se de hipoícones (imagens) e de índices. Não é necessário explicar porque são imagens porque isso é evidente. São, contudo, também índices porque essas máquinas são capazes de registrar o objeto do signo por conexão física“ (SANTAELLA, 2003, p. 69-70). 15 “A vista da Cachoeira de Paulo Afonso realizada por Augusta Stahl em 1850- cuja única tiragem original conhecida pertence à Biblioteca Nacional-, é considerada hoje a principal imagem dos primórdios da fotografia sobre papel no Brasil” (LAGO, 2004, p. 22). Memória visual do ciclo do café: etnocídio e desterritorialização indígena no sul e sudeste do BRASIL, pp. 1-18 9 (2004), Teixeira (2005), entre outros. Chiavari (2005) destaca que todas as imagens acionam na mente do observador a capacidade de ver além do que está registrado. Segundo a autora, a fotografia possibilita duas vertentes de análise: a primeira dizendo respeito ao que se vê, isto é, ao registro visual de uma cena congelada; e a segunda se referindo ao que já se tornou documento e, como tal, permite novas interpretações ou significados não explícitos nas imagens. Podemos afirmar que tanto as imagens produzidas por dispositivos técnicos quanto as pictóricas, definiram novas possibilidades de se visualizar o passado. Dessa maneira podemos dizer que os circuitos sociais das imagens foram integrados à análise histórica ampliando suas possibilidades de pesquisa (MAUAD, 2008, p. 98). Para essa autora, hoje é possível inclusive se propor uma história visual, sem que isso soe como heresia- embora não possamos perder de vista a conexão entre a História e os movimentos sociais, reconhecendo que essa história é reelaborada pela experiência social de homens e mulheres ao longo do tempo (Mauad, 2008). Segundo Paiva (2006, p. 18), a iconografia é entendida atualmente como: “um registro histórico realizado por meio de ícones, de imagens pintadas, desenhadas impressas ou imaginadas e, ainda esculpidas, modeladas, gravadas em material fotográfico e cinematográfico”. Para o autor, a iconografia é, certamente, uma fonte histórica das mais ricas, que traz embutidas em si as escolhas do produtor e todo o contexto no qual ela foi concebida, idealizada, forjada ou inventada. Muaze (2008, p. 81) destaca que desde que foi inventada, a fotografia passou a construir uma nova história, em que imagens e aparências passaram a informar mais que as palavras. Surge a partir daí, na verdade, uma cultura da imagem, criando uma relação entre o real e o imaginário. A autora assinala que entre os costumes adquiridos pela elite imperial na segunda metade do século XIX no Rio de Janeiro, se destacava o hábito de tirar fotografias (MUAZE, 2008, p. 82). Nesse período, dois tipos de fotografia se difundiriam: as imagens de paisagens, e os retratos. As primeiras eram muitas vezes enviadas para exposições no velho continente (FERREZ, 2000, TURAZZI, 2003), como uma forma de documentação e representação do ambiente físico e social do Brasil, enquanto os retratos circulavam num ambiente mais intimista, intercambiados entre parentes e amigos próximos (MUAZE, 2008, p. 82). A imprensa foi inventada no século XV, porém só foi oficializada no Brasil em 1808, Já a fotografia não precisou nem de uma década após a sua invenção para registrar as primeiras imagens do país. O próprio imperador foi o precursor da 10 XIX ENGA, São Paulo, 2009 DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. fotografia no país. A partir da segunda metade do século XIX, diversos fotógrafos estrangeiros, muitos deles patrocinados por D. Pedro II, instalaram-se no Brasil. Negros livres e alforriados por sua vez buscavam à época, os estúdios fotográficos, “para compor sua nova imagem social” de acordo com Koutsoukos (2008, p. 85). Geografia Agrária e Memória Visual: A Iconografia do Ciclo do Café Povos indígenas do Vale do Paraíba como os Puri-Coroado (MG), foram extensamente documentados pelos cronistas que percorreram nossos sertões, sobretudo ao longo do século XIX– a exemplo do barão Von Eschwege (1996, 2002), Debret (1993), D’Orbigny (1976), Rugendas (1998, 2000), Saint Hilaire (2000), Spix e Martius (1981) e outros. Nessas missões científicas, a credibilidade do relato era “reforçada pelo trabalho do desenhista, que tudo registra pormenorizadamente” (ALEGRE, 1998, p. 65). Em seus relatos e pinturas, esses antigos viajantes refletiram o contexto sociocultural, histórico, ideológico e o imaginário da sua época (BELLUZZO, 1998), se colocando quase que invariavelmente “como seres civilizados frente a uma cultura exótica” (MENEZES, 2004, p. 98). Já outros povos indígenas do Brasil Meridional como os Xetá (contactados durante o Ciclo do Café, no norte do Paraná, e aos quais já nos reportamos) e os Xocleng (SC), seriam representados através do novo instrumental “emergente” da fotografia. Santos (1997, p. 9) assinala em relação aos Xocleng, habitantes das florestas entre o litoral e o planalto da região sul que: relatórios oficiais, correspondências, notícias de jornais, debates acadêmicos e fotografias “registraram as práticas genocidas contra esse povo indígena. Um caso raro, pois os indígenas do país foram, em maioria, dizimados sem deixar informações sobre sua existência”. Em uma abordagem sobre o multiculturalismo e os direitos coletivos, Souza Filho (2003, p. 80)16 por sua vez descreve a experiência histórica do contato dos índios Xetá como a “cronologia de um genocídio”, enfatizando que: “o povo xetá não sobreviveu. Hoje são cerca de dez indivíduos, vivendo separados, alguns de empréstimo em aldeias de kaingangues, outros em cidades da região. Mas antes de serem exterminados pelo avanço impiedoso da fronteira agrícola, os Xetá dominavam a selva da Serra de Dourados, onde a chegada da Companhia de Colonização Suemitsu Miyamura & Cia. Ltda., 16 Investigação integrante de um projeto de pesquisa intitulado “Reinventar a Emancipação Social: Para Novos Manifestos” e dirigido por Boaventura de Souza Santos, que envolveu 69 pesquisadores de seis países. Memória visual do ciclo do café: etnocídio e desterritorialização indígena no sul e sudeste do BRASIL, pp. 1-18 11 se deu com a queimada das matas, porque não havia interesse na madeira, mas tão somente na abertura de lotes para serem vendidos aos novos ocupantes”. Na região de Londrina por outro lado, outra empresa, a Companhia de Terras Norte do Paraná (subsidiária da corporação britânica Paraná Plantation Ltd.), criou “um corpo policial que se encarregou de expulsar os índios e os posseiros que se recusassem a negociar suas terras” (STECA, FLORES, 2002, p. 140)17. Em relação aos Xetá18, Souza Filho (2004, p. 81) complementa que: “em 1955, a Universidade Federal do Paraná e o órgão nacional indigenista organizaram uma expedição que localizou aldeias e objetos que hoje se encontram no Museu Paranaense, mas nenhum índio... No ano seguinte a expedição foi mais longe e localizou dois grupos pacíficos que se deixaram fotografar e filmar, brincaram, riram, mas não acompanharam a expedição que queria arranchá-los em uma fazenda próxima. Ficaram no mato. Poucos meses depois, um dos grupos foi massacrado, em um crime nunca perfeitamente explicado e jamais diretamente julgado”. Nesse caso, a fotografia documental assumiu uma nova função de instrumento de sensibilização pública e denúncia, inaugurando um novo singular capitulo na história do indigenísmo brasileiro, e similar ao trabalho fotográfico executado hoje por Sebastião Salgado (1997, 2000). Discussão dos Resultados Obtivemos como resultados, o aprimoramento da capacidade cognitiva dos estudantes, a socialização das informações, a vivência coletiva de experiências e a construção de uma visão transdisciplinar do Conhecimento, tendo como meta a conexão entre Ciência e Arte (ou a possibilidade de desenvolvimento de uma leitura científica da realidade, focada na Arte da Fotografia). Obtivemos também como resultado do processo, uma sensibilização dos estudantes quanto aos temas em foco abrindo trincheiras de discussão sobre um período histórico (o Ciclo do Café), um processo socioeconômico e geopolítico (a expansão da fronteira) e um fenômeno 17 18 Tratar-se-ia, nessa região, de agrupamentos de índios “coroados” (Kaingáng) Ao etnocídio xetá, somar-se-ia, décadas depois, na mesma região, um topocídio: o das Sete Quedas. 12 XIX ENGA, São Paulo, 2009 etnohistórico (a desterritorialização DEUS, J. A. S. e CASTRO, H. M. indígena). Foi viabilizada também a operacionalização de ferramentas de trabalho conceituais do planejamento territorial (topofilia, topofobia, topocódio, topo-reabilitação), através da participação ativa em práticas de leitura e interpretação de textos, palestras temáticas e participação em espaços de diálogo intra e extraclasse. Ocorreu elevado grau de aproximação/ integração pessoal e intelectual entre educadores e educandos ao longo do processo. A avaliação da prática teve um caráter processual e contínuo, respeitando a diversidade sociocultural dos universitários. A culminância do trabalho se deu com a realização de um seminário onde os discentes apresentaram trabalhos vinculados aos recortes temáticos selecionados. Referências Bibliográficas ALEGRE, Maria Sylvia Porto - Imagem e Representação do Índio no Século XIX. In: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. Índios no Brasil. São Paulo: Global Editora, 1998, p, 59-72. ALIMONDA, Héctor, FERGUSON, Juan – Travessia de Imagem (Um Projeto de Documentação Sobre o Mundo Rural). In: COSTA, Luiz Flávio de Carvalho, MOREIRA, Roberto José; BRUNO, Regina. Mundo Rural e Tempo Presente. Rio de Janeiro: Mauad,1999, p. 99-114. AMORIM FILHO, Oswaldo Bueno - A Pluralidade da Geografia e a Necessidade das Abordagens Culturais. Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 16, n. 26, p. 35-58, 1º. sem. 2006. ____________________________ - Topofilia, Topofobia e Topocídio em Minas Gerais. 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