UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE MESTRADO EM BIOCIÊNCIAS E SAÚDE LILIAN TANIA AMORIM HIV/AIDS NO MEIO-OESTE DE SANTA CATARINA: COMORBIDADES, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Joaçaba 2015 LILIAN TANIA AMORIM HIV/AIDS NO MEIO-OESTE DE SANTA CATARINA: COMORBIDADES, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO. “Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Biociências e Saúde, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biociências e Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina.” Orientador: Prof. Dr. Bruno Schlemper Junior Joaçaba 2015 LILIAN TANIA AMORIM HIV/AIDS NO MEIO-OESTE DE SANTA CATARINA: COMORBIDADES, PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO. Esta dissertação foi julgada e aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biociências e Saúde no Programa de Mestrado em Biociências e Saúde da Universidade do Oeste de Santa Catarina Joaçaba, 12 de fevereiro de 2016. _______________________ Prof. Dr. Jovani Stefani Coordenador do Programa BANCA EXAMINADORA ___________________________ Prof. Dr. Bruno Schlemper Junior Orientador ___________________________ Prof. Dr. Elcio L. Bonamigo Examinador Interno ___________________________ Profa. Dra. Vilma Beltrame Examinadora Interna ___________________________ Prof. Me. Osvaldo Vitorino Oliveira Examinador Externo Dedico este trabalho aos pacientes que dividiram comigo suas angústias e temores, sem os quais este trabalho não seria possível. AGRADECIMENTOS À Maria Fernanda, Ana Carolina e Alice, meus maiores tesouros. Aos meus pais, a quem devo tudo. Às minhas irmãs, Dirce e Leila, pelo apoio e amizade incondicionais. Ao professor Bruno, por dividir comigo seus conhecimentos e tornar meu sonho uma realidade. Aos professores, por compartilharem suas experiências e nos mostrarem novos caminhos. Ao professor Jovani, por me fazer acreditar que seria possível. Aos colegas, pela alegria e companheirismo. Às funcionárias do Centro de Testagem de aconselhamento, pelo exemplo de trabalho competente e humanizado. À Secretária Marli, pela ajuda inestimável. “Nunca é tarde para iniciarmos uma nova jornada”. RESUMO O HIV/AIDS continua sendo um sério problema de saúde pública. No ano de 2012, ocorreram 2,3 milhões de novos casos em todo o mundo, e essa infecção foi responsável por 1,6 milhão de mortes. O estigma e a discriminação relacionados à doença são um aspecto importante a ser considerado, pois causam grande sofrimento psíquico e são responsáveis por atraso no diagnóstico com consequente piora no prognóstico. Este trabalho tem como objetivo avaliar os aspectos clínicos e epidemiológicos, as coinfecções e comorbidades mais prevalentes e o preconceito e a discriminação sofridos pelos pacientes soropositivos atendidos em um serviço público de referência no Meio-Oeste de Santa Catarina. Para os dois primeiros objetivos, foram analisados os prontuários clínicos dos 143 pacientes em acompanhamento efetivo no CTA do município de Joaçaba, SC, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015. Para avaliar os aspectos referentes ao preconceito/discriminação, foram entrevistados 92 desses pacientes e todos os profissionais médicos, enfermeiros e dentistas que trabalhavam nas Unidades Básicas de Saúde do referido município, no período em questão. Os resultados mostraram um predomínio de pacientes do sexo masculino, brancos, casados ou em união estável, com baixa escolaridade e com idade entre 31 e 50 anos. A forma de transmissão mais prevalente foi a heterossexual. Todos os pacientes em acompanhamento estavam em uso de terapia antirretroviral e 66,55% apresentaram carga viral indetectável no último exame realizado. Coinfecção com hepatite C ocorreu em 3,5% da amostra, hepatite B em 2,1%, sífilis em 4,2% e tuberculose em 4,9%. Infecções oportunistas ocorreram em 38,46% da amostra e as mais prevalentes foram Herpes Zoster, Diarreia e Emagrecimento, Moníliase oral e Esofagiana e Pneumonias. Entre os pacientes entrevistados, 19,57% foram discriminados por profissionais de saúde, 47,83% por colegas de trabalho, familiares e amigos e 91,30% declararam que o fato de ser soropositivo foi um determinante negativo para sua qualidade de vida. O medo da discriminação foi o principal motivo para esconder a doença. Médicos e técnicos de enfermagem foram os profissionais que mais discriminaram e o maior número de atitudes discriminatórias ocorreu nas Unidades Básicas de Saúde. Os profissionais de saúde entrevistados eram, em sua maioria, do sexo feminino, com idade entre 21 e 40 anos e com menos de 10 anos de atividade profissional; 33,33% deles admitiram sentir desconforto ao prestar atendimento aos pacientes soropositivos, 40,74% referiram usar medidas extras de biossegurança ao realizar procedimentos nesses pacientes e 7,41% se recusariam a prestar atendimento a eles, caso fosse possível. A análise dos dados mostrou que a doença é prevalente, ainda existe desconhecimento das formas de contágio e alguns profissionais de saúde não estão preparados para atender os pacientes soropositivos. Palavras-chave: HIV, AIDS, Comorbidade, Coinfecção, Preconceito, Discriminação. ABSTRACT HIV/AIDS still remains a health problem. In 2012 2.3 million new cases were diagnosed and 1.6 million persons died due to the disease. The prejudice related to it should be taken into account, because it is responsible for great psychological suffering and delay in the diagnoses leading to worst prognosis. This project aims to evaluate clinical and epidemiological aspects, the most prevalent coinfections and opportunistic diseases, and the prejudice suffered for seropositive patients treated at the reference service in the middle east of Santa Catarina. 143 clinical files were analyzed between December of 2014 and September of 2015 to collect clinical and epidemiological data. 92 patients were interviewed to evaluate prejudice related aspects. Results showed that most of the patients were men, white, married, low education level, and aging between 31 and 50 years. The most prevalent form of disease transmission was heterosexual. All patients were under antiretroviral therapy and 66.55% of them presented undetected viral load in the last test. Regarding the coninfections 4.9% were with hepatitis C, 2.1% with hepatitis B, 4.2% with syphilis and 4.9% with tuberculosis. 38.46% of the patients presented opportunistic diseases. 19.57% of the interviewed patients have suffered prejudice and 91.30% considered being HIV positive negative to their quality of life and a reason to not disclose their status. Physicians, nursing technicians and dentists showed the highest level of prejudice. The health professionals were mainly females, aging between 21 and 40 years and with less than 10 years of work. 33.33% of them confirmed some discomfort when dealing with HIV positive patients, 40.74% used extra security measures when treating these patients and 7.41% would refuse treatment to seropositive individuals. In conclusion the disease remains highly prevalent, the forms of transmission remain unknown and the health professionals are not prepared to deal with this patients. Keywords: HIV, AIDS, Comorbity, Coinfection, Prejudice, Discrimination. LISTA DE ABREVIATURAS AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sigla em Inglês) ART Anti Retroviral Therapy AZT Zidovudina CDC Centers for Disease Control and Prevention COAS Centros de Orientação e Apoio Sorológico CTA Centro de Testagem e Aconselhamento DSTs Doenças Sexualmente Transmissíveis FDA Food and Drug Administration GRI Gay-Related Immune Deficiency HAART Highly Active Antiretroviral Therapy HBV Hepatite B vírus HCV Hepatite C vírus HIV Human immunodeficiency virus HSH Homens que fazem Sexo com Homens LER Lesão por Esforço Repetitivo SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação SUS Sistema Único de Saúde TARVAE Terapia antirretroviral de alta eficácia UDI Usuários de Drogas Injetáveis UNAIDS United Nations Program on HIV/AIDS WHO World Health Organization LISTA DE TABELAS Tabela 1 Perfil epidemiológico dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, por sexo, idade, cor e estado civil.................................. Tabela 2 45 Perfil epidemiológico dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, por escolaridade e situação profissional........................ Tabela 3 46 Características clínicas dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, conforme o tempo de diagnóstico, uso de terapia anterretroviral, tempo de medicação e mecanismo de infecção.......................................................................................... 46 Tabela 4 Carga viral dos pacientes HIV/AIDS registrados nos prontuários de 143 pacientes atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, no momento do diagnóstico e na atualidade.......................................................... Tabela 5 47 Valores de CD4 dos pacientes atendidos no CTA/Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015 no momento do diagnóstico e na atualidade.................................... Tabela 6 47 Frequência absoluta e relativa de infecções oportunistas registradas nos prontuários de 143 pacientes com HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC no período de dezembro de 2015 a setembro de 2015.............................................................. Tabela 7 48 Frequência absoluta e relativa de coinfecções registradas nos prontuários de 143 pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015.............................................................................................. Tabela 8 49 Perfil sociodemográfico dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados, sobre preconceito/discriminação aos pacientes HIV/AIDS............ 53 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Prevalência de infecções oportunistas em relação à carga viral no momento do diagnóstico de 143 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015............. Gráfico 2 48 Prevalência de infecções oportunistas em relação à contagem de células CD4 no momento do diagnóstico de 143 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015................................................................................. Gráfico 3 49 Frequência relativa em 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam ter sofrido algum tipo de discriminação nos serviços de saúde.................................................................................... Gráfico 4 50 Frequência relativa dos serviços de saúde em que os 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC relatam terem sido discriminados...................... 51 Gráfico 5 Frequência relativa de 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam algum tipo de preconceito em outros setores da sociedade.. 51 Gráfico 6 Frequência relativa de 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam sofrer preconceito em seus locais de Trabalho................... Gráfico 7 52 Frequência relativa de 92 pacientes que consideram que “ser soro positivo” é um fator determinante negativo para a sua qualidade de vida............................................................ Gráfico 8 52 Frequência relativa de 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que admitiram sentir desconforto ao prestar atendimento a essas pessoas....................................................................... 54 Gráfico 9 Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que admitiram usar medidas extras de biossegurança durante o atendimento a essas pessoas............................... Gráfico 10 54 Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que já observaram alguma atitude discriminatória aos pacientes soropositivos por parte de membros das equipes de saúde................................................................................ Gráfico 11 55 Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e se revelariam seu diagnóstico para os colegas de trabalho caso fossem soropositivos para o vírus HIV ....................... Gráfico 12 55 Frequência relativa de 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e se concordam ou não que os soropositivos são discriminados nos serviços de saúde......................................................... Gráfico 13 56 Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e sua opinião sobre recusar ou não em atender pacientes soropositivos, se possível biossegurança durante o medidas extras atendimento a de essas pessoas................................................................................. 56 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................13 2 OBJETIVOS .............................................................................................17 2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................17 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................17 3 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................18 3.1 A DOENÇA ...............................................................................................18 3.2 INFECÇÕES OPORTUNISTAS ................................................................23 3.3 COINFECÇÕES .......................................................................................30 3.4 O ESTIGMA E A DISCRIMINAÇÃO .........................................................34 4 MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................42 4.1 ETAPAS DA PESQUISA ..........................................................................42 4.1.1 Pacientes com HIV/AIDS- Dados sociodemográficos e estudo clínico sobre infecções oportunistas ...................................................42 4.1.2 Estudo sobre preconceito/discriminação sofrido pelos pacientes ....43 4.1.3 Estudo sobre preconceito/discriminação entre os profissionais de saúde ..................................................................................................43 4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................43 5 RESULTADOS .........................................................................................45 5.1 RESULTADOS DA ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS CLÍNICOS ..............45 5.2 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS COM OS PACIENTES...................50 5.3 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE .....................................................................................................53 6 DISCUSSÃO ............................................................................................57 7 CONCLUSÕES ........................................................................................66 8 CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO À INTERDISCIPLINARIDADE ........68 REFERÊNCIAS ........................................................................................70 APÊNDICES .............................................................................................89 13 1 INTRODUÇÃO A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), um Lentivirus da família Retroviridae, que pode causar muitas doenças neurológicas e imunológicas; 85% dos casos diagnosticados em humanos são determinados pelos tipos HIV-1 e HIV-21. Até hoje a origem desses dois tipos de vírus permanece desconhecida, mas alguns autores acreditam que os dois entraram na população humana como uma zoonose2, 3, 4. Os primatas africanos são os grandes reservatórios naturais da doença com possibilidade de infectar outras espécies1. Os primeiros casos no Brasil foram diagnosticados na década de 1980 e a doença disseminou-se muito rapidamente causando uma epidemia, inicialmente entre homens homossexuais. Nos dias atuais, mesmo com a identificação do agente etiológico, das formas de transmissão e de todos os avanços relacionados à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento, a AIDS continua sendo um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, no ano de 2012, aproximadamente, 46 mil pessoas portadoras da doença foram atendidas pela primeira vez nos centros de atendimento especializado e 313 mil pacientes receberam medicamentos antirretrovirais pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A taxa de incidência em nível nacional no ano de 2011 foi de 20,2 por 100.000 habitantes. Neste mesmo ano, no estado de Santa Catarina, essa incidência foi de 36,4 por 100.000 habitantes 5. A AIDS é definida como uma epidemia complexa que se manifesta de formas diferentes de acordo com as características socioeconômicas dos países. O Brasil teria uma epidemia dita concentrada, que se caracteriza por ter uma prevalência maior que 5% em um ou mais dos chamados grupos de risco, mas com prevalência menor que 5% nas gestantes atendidas em clínicas de pré-natal. A epidemia sofreu grandes transformações ao longo do tempo. No início, tratava-se de uma doença que atingia homens com comportamento homossexual ou bissexual (71% dos casos em 1984), com maior poder econômico e restrita aos grandes centros urbanos. Hoje ocorre um aumento progressivo de casos em mulheres devido ao aumento da transmissão heterossexual. Ao mesmo tempo, observa-se a interiorização e 14 pauperização da epidemia com notificação crescente de casos em municípios de pequeno porte e entre a população de menor escolaridade6. O primeiro caso de AIDS notificado em Santa Catarina foi o de um paciente masculino na cidade de Chapecó no ano de 1984. Pelos dados do TabNet, o primeiro caso de paciente do sexo feminino ocorreu em 1987. No início, a razão era de cinco casos masculinos para um feminino; no entanto, com o aumento da transmissão heterossexual, essa relação passou a ser de um para um. A transmissão entre os usuários de drogas injetáveis diminuiu devido às campanhas de prevenção e a transmissão vertical diminuiu drasticamente com o aumento da cobertura das ações de prevenção durante o pré-natal. As taxas de incidência e de mortalidade no estado de Santa Catarina são maiores que as nacionais, o que pode ser explicado pelo diagnóstico tardio, baixa adesão ao tratamento e à profilaxia de doenças oportunistas e dificuldade de acesso ao acompanhamento especializado 7. Santa Catarina faz parte da rota do tráfico de drogas no sul do país; por isso, no início da epidemia, houve um número expressivo de casos entre usuários de drogas injetáveis. Isso ocorreu pela grande oferta de drogas que existe nos municípios do litoral que ficam próximos aos principais portos e aeroportos do estado por onde escoam as drogas comercializadas pelo crime organizado. Esses municípios litorâneos são os que apresentam as maiores taxas de incidência até os dias atuais. Nos anos subsequentes, com as medidas de prevenção e redução de danos, essa forma de contaminação teve uma redução drástica. A lei n. 11.063, de 28 de dezembro de 1998, autorizou a Secretaria Estadual de Saúde a comprar e distribuir seringas e agulhas descartáveis, o que foi decisivo para manter a disseminação entre os usuários de drogas injetáveis em níveis mais baixos 8. Em Santa Catarina, no período de 1984 a 2011, a principal categoria de exposição foi a heterossexual, responsável por 62% dos casos. O maior número de casos ocorreu na faixa etária de 20 a 49 anos de idade. A taxa de incidência apresentou crescimento até o ano de 2002, teve uma queda nos anos de 2003 a 2005 e voltou a subir em 2006. Atualmente a epidemia atinge quase a totalidade dos municípios do estado; até o ano de 2011, 86% dos municípios catarinenses tinham notificado pelo menos um caso da doença 9. Entre 1984 e 2014, foram detectados 37.747 casos de AIDS em Santa Catarina e a doença causou 10.710 mortes. No ano de 2014, a taxa de detecção foi de 39,4/100 mil habitantes, número ligeiramente maior que o registrado no ano 15 anterior (34,3/100 mil habitantes). Neste mesmo ano, foram notificados 2.649 novos casos e ocorreram 676 óbitos. Pelos dados do Ministério da Saúde (Tabnet), os primeiros dois casos de AIDS no município de Joaçaba foram notificados no ano de 1992. Desde então, já são 88 casos confirmados10. Desde o início da epidemia, a sociedade demonstrou reações negativas em relação às pessoas infectadas pelo HIV, que passaram a receber um tratamento hostil no momento em que mais necessitavam de suporte social. O estigma não está relacionado apenas ao fato de ser uma doença desconhecida, extremamente contagiosa e fatal, mas, sobretudo, por atingir grupos minoritários cujo comportamento é considerado inconveniente pela sociedade. Homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis foram os mais atingidos pela epidemia nos primeiros anos. A relação era tão estreita com homossexuais que o primeiro nome sugerido para essa síndrome foi Gay-Related Immune Deficiency (GRI)11. A AIDS trouxe ao mundo não apenas uma doença incurável que causa pânico na população, mas, também, um desafio que exige uma reavaliação de conceitos e comportamentos. Ela obrigou a sociedade brasileira a discutir sobre desigualdades, preconceitos, falência dos sistemas de saúde, injustiça e fragilidade das relações pessoais. Ela fez entender que tão importante como combater o vírus é combater o preconceito imposto pela sociedade ao paciente soropositivo que se mantém até hoje, quase trinta anos depois do início da epidemia12. Outro ponto a ser considerado na epidemia de AIDS é o atraso no diagnóstico e no início do tratamento, fato este que aumenta a incidência de doenças oportunistas. Uma revisão bibliográfica ampla sobre doenças oportunistas mostrou que, apesar de ter ocorrido uma diminuição drástica da incidência de pneumonia por P. jirovecii, toxoplasmose cerebral e doenças pelo complexo Mycobacterium avium após a introdução da terapia antirretroviral de alta atividade, elas continuam sendo a maior causa de internação entre os pacientes com AIDS. Isso ocorre devido ao atraso no diagnóstico e no início do cuidado e a não aderência ao tratamento, o que facilita o surgimento de resistência viral. Os autores referem ainda que os dados no Brasil sobre as comorbidades são escassos e que pesquisas nessa área são urgentemente necessárias para que se estabeleçam políticas públicas de saúde que visem diminuir as complicações nos pacientes soropositivos 13. 16 O primeiro produto para a testagem contra o HIV foi liberado pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos em 198514. Em 1986, o Estado de São Paulo aprovou a Lei 5/90 de 20/06/1986, que tornava obrigatória a triagem sorológica para o HIV em todos os bancos de sangue daquele estado. Somente dois anos mais tarde a triagem tornou-se obrigatória em todo o território brasileiro. Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) começaram a ser organizados no país a partir de 1987. No início eram conhecidos como Centros de Orientação e Apoio Sorológico (COAS). O primeiro a entrar em funcionamento foi o de Porto Alegre, RS, em 1989. A partir de 1994, o Ministério da Saúde firma convênio com o Banco Mundial para estimular a implantação de CTAs em todo o território nacional 15. O Centro de Testagem e Aconselhamento de Joaçaba foi criado por intermédio do convênio n. TC222/96, firmado entre o município e o Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde aprovado no dia 7 de novembro de 1996. Em 2003 o município foi habilitado para desenvolver atividades de prevenção e atendimento aos pacientes HIV/AIDS e portadores de hepatites virais como referência regional. Desde sua criação até 09/09/2014, o CTA realizou 10.587 testes sorológicos para o vírus. De todos os pacientes acompanhados neste serviço até setembro de 2014, foram a óbito 15 homens e 19 mulheres. Atualmente, estão em acompanhamento 143 pacientes de 19 municípios da região do Meio-Oeste de Santa Catarina. Em nossa experiência pessoal na prática médica diária em unidade de saúde no Meio-Oeste Catarinense, observa-se um aumento de casos de HIV/AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e blenorragia, fato que corrobora com a hipótese de que, apesar de todas as informações divulgadas pela mídia e pelos órgãos de saúde, a população não tem adotado as medidas preventivas necessárias contra as doenças sexualmente transmissíveis. 17 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Identificar o perfil clínico dos pacientes portadores de HIV/AIDS e as possíveis atitudes discriminatórias sofridas durante atendimentos nos serviços de saúde. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar as características sociodemográficas dos pacientes portadores do vírus HIV/AIDS estudados; identificar as principais comorbidades apresentadas pelos pacientes portadores do vírus HIV/ADS; determinar a prevalência de atitudes discriminatórias por parte dos profissionais de saúde durante o atendimento nos serviços de saúde aos pacientes portadores do vírus HIV/AIDS; conhecer e analisar a percepção dos profissionais de saúde entrevistados quanto à discriminação dos pacientes soropositivos em seus locais de trabalho. 18 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A DOENÇA Os primeiros casos de AIDS foram descritos em 1981, nos Estados Unidos, quando se observou um número crescente de casos de pneumonia por Pneumocystis jirovecii e sarcoma de Kaposi em pacientes homossexuais masculinos previamente hígidos. Essa doença, que ficou conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é causada pelo vírus Human immunodeficiency vírus (HIV), identificado em 1983. A disputa pela paternidade da descoberta entre pesquisadores franceses e americanos arrastou-se até 1991 quando ficou evidente que as cepas usadas pelos dois grupos eram idênticas e o crédito da descoberta foi dado ao grupo Francês16. Esse vírus é hoje conhecido como HIV-1 e é o responsável pela maioria de casos de infecção em todo o mundo. O HIV-2 é uma variante que tem uma diferença de até 50% na composição de seu genoma e foi isolado de amostras obtidas de dois pacientes africanos e enviadas ao instituto Pasteur por médicos portugueses; sua incidência é restrita a algumas regiões da parte oeste da África Central 1. Muitos autores admitem que o homem não seja o hospedeiro natural do vírus HIV e que a infecção nos humanos foi resultado de uma zoonose transmitida por primatas africanos – os maiores reservatórios de lentivirus com capacidade para infectar outras espécies. Estudos mostram que o genoma do vírus da imunodeficiência em símios tem alto grau de homogeneidade com os vírus HIV, sendo que a semelhança é maior com o HIV-12,3,4. Esses vírus apresentam grande capacidade de adaptação ao meio ambiente humano e, em sua replicação, sofrem inúmeros erros, o que determina uma série de mutações que podem ocorrer por substituições genéticas, deleções, recombinações, repetições ou inserções. Essa enorme variabilidade do vírus HIV tem grandes implicações tanto para o diagnóstico laboratorial quanto para o tratamento e ainda é a maior barreira para o desenvolvimento de uma vacina17,18. A infecção pelo HIV inicia com uma fase aguda, passa por uma fase de latência e, por fim, o paciente pode apresentar as chamadas doenças definidoras e evoluir para a morte. O tempo médio entre o contágio e o aparecimento dos 19 sintomas é de cerca de 10 anos. A fase aguda vai desde o contágio até o aparecimento dos anticorpos (soroconversão), o que geralmente ocorre na quarta semana após a contaminação. Nessa fase, a viremia é muito elevada e o indivíduo altamente infectante. Os sintomas são os mesmos de outras viroses, o que dificulta o diagnóstico. Na fase de latência, o exame físico costuma ser normal e o paciente não apresenta sintomas. Pode ocorrer linfadenopatia e algumas alterações laboratoriais, mas sem repercussão clínica. À medida que a infecção progride e o sistema imunológico vai se deteriorando, os sintomas constitucionais como febre, emagrecimento e diarreia tornam-se mais frequentes. Candidíase oral é um marcador precoce da imunodepressão. Nessa fase, a contagem de CD4 costuma estar entre 200 e 300 células/mm3 19. Em 2012, 35 milhões de pessoas estavam vivendo com o HIV no mundo, 67% na África Sub-Sahariana. Neste mesmo ano, 2,3 milhões de pessoas foram infectadas e ocorreu 1,6 milhões de mortes causadas pela AIDS20. Conforme dados do Ministério da Saúde, neste mesmo ano, foram notificados 46.000 mil novos casos de HIV no Brasil. Os casos acumulados no país entre 1980 e 2012 atingiram a cifra de 656.701. A taxa de incidência, de forma geral, vem caindo no país, mas com grandes diferenças entre as regiões. Enquanto no sudeste há uma importante tendência de queda, nas demais regiões o número de novos casos aumenta progressivamente. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os estados com maior número de casos novos no país, 41,4 e 33,5/100.000 habitantes, respectivamente. Em nível de Brasil, a taxa de incidência é de 20,2/100.000 habitantes5. Os esforços para o controle da epidemia em nosso país estão concentrados no diagnóstico precoce e no tratamento das pessoas vivendo com HIV/AIDS. A cobertura de testagem da população sexualmente ativa é de 36,5% (45,6% entre as mulheres e 27,2 entre os homens) semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos 21. Pelas estimativas, a taxa de prevalência da infecção é de 0,6% da população geral, sendo que 80% de todos os casos estão diagnosticados. O número de pessoas usando terapia antirretroviral mais do que dobrou entre 2002 e 2012, mas ainda existe um número considerável de pacientes com indicação de tratamento que não estão recebendo medicação. Dos pacientes em tratamento 76% apresentam carga viral indetectável (menor que 50 cópias/mL de sangue) 21. O surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida em 1981 foi um marco na história da humanidade pelas suas características e impacto na vida das 20 pessoas. Desde os primeiros anos se destacou pela alta taxa de transmissão, pelos danos causados na saúde e pelo grau de preconceito que desperta nas pessoas. Atualmente o que chama a atenção é a enorme mudança no perfil epidemiológico, pois deixou de ser uma doença predominantemente masculina, homossexual e restrita aos grandes centros urbanos; ela vem sofrendo uma crescente interiorização, feminização e pauperização. A feminização é consequência direta do aumento da transmissão heterossexual. Outra constatação importante é o aumento do número de casos entre pessoas de menor escolaridade e piores condições socioeconômicas6. Um estudo sobre as tendências da epidemia de AIDS no Brasil, no período de 1980 a 2004, mostrou que no início da epidemia os casos entre homossexuais ou bissexuais eram responsáveis por 63,6% das notificações. A incidência foi crescente nesse grupo até 1998 quando passou a apresentar um ligeiro declínio. A incidência entre as mulheres e os heterossexuais masculinos foi crescente durante todo o período analisado. Os casos de contaminação entre os usuários de drogas injetáveis tiveram seu pico máximo de incidência em 1995, mas, depois dessa data, esse tipo de contaminação teve um declínio muito acentuado. Este declínio ocorreu por dois motivos principais: a mudança no perfil de uso de drogas que migrou do uso de cocaína injetável para a forma aspirada (crack) e à politica de redução de danos adotada no Brasil22,23,24. Em Santa Catarina, a primeira notificação de AIDS ocorreu em 1984. Como em todo país, no início era uma doença predominantemente masculina com uma razão de 4,8 homens para uma mulher em 1987. Com o passar dos anos, essa razão foi progressivamente diminuindo e hoje a incidência é praticamente igual em ambos os sexos. Até 1994, a maioria dos casos ocorria entre pessoas de 20 a 29 anos. A partir de 2005, a maioria das notificações era de pessoas na faixa etária de 40 e 49 anos. No estado também se observa um crescimento de casos em pessoas com mais de 50 anos. Embora tenha ocorrido uma interiorização da epidemia, com registro de casos em praticamente todos os municípios, ainda hoje o maior número de casos notificados concentra-se nos municípios de Florianópolis, Joinville e Itajaí 9. Estudo realizado no município de São José em Santa Catarina mostrou uma incidência semelhante dos casos de AIDS em ambos os sexos, o que mostra o aumento da transmissão heterossexual. Houve um predomínio de casos nos pacientes com idade entre 41 e 50 anos, solteiros e com baixa escolaridade (50,6% 21 tinham cursado apenas o ensino fundamental). A maioria relatou a prática sexual com homens como forma de contágio; 58,8% dos pacientes entrevistados eram assintomáticos; 43,5% revelaram estar satisfeitos com sua saúde e 54,1% consideravam que sua qualidade de vida era boa 25 Uma pesquisa sobre os aspectos epidemiológicos da AIDS em Florianópolis, SC, comparando o período de 1986 a 1995 com 1996 a 2006 pelos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-AIDS) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), demonstrou que nesse período foram notificados 2.160 casos em homens e 1.049 em mulheres. No primeiro período analisado, houve um expressivo predomínio de pessoas do sexo masculino; no entanto, de 1996 em diante ocorreu um grande aumento de casos em mulheres. A maioria eram pessoas de cor branca, com idade entre 30 e 39 anos e com escolaridade fundamental. A via de transmissão predominante foi a heterossexual 26. Com o mesmo propósito, uma pesquisa realizada no município de Tubarão, SC, analisou 476 prontuários de indivíduos infectados pelo HIV. A análise dos resultados mostrou que 58,2% dos pacientes eram homens, a idade média foi de 39,9 anos e 40,7% eram assalariados. A principal via de transmissão foi a sexual. Do total de pacientes infectados 45,2% já tinham critérios clínicos para diagnóstico de AIDS, sendo que a caquexia foi o sinal mais prevalente. Dos pacientes com carga viral indetectável 64,3% estavam em uso de terapia antirretroviral. Os autores sugerem que estudos em municípios de pequeno e médio porte são importantes, pois os perfis epidemiológico e clínico dos pacientes nesses locais são desconhecidos. É preciso conhecer essas realidades para poder melhorar a assistência aos pacientes que residem fora dos grandes centros 27 . Uma análise sobre a ocupação e a posição socioeconômica das pessoas que vivem com HIV/AIDS em Florianópolis, SC, demonstrou que, com o decorrer da epidemia, houve um aumento de casos entre estudantes e aposentados e/ou pensionistas, naqueles com menor escolaridade e com profissões com menor remuneração. As mulheres soropositivas, em sua maioria, realizam atividades ligadas aos afazeres domésticos. Para evitar julgamentos e discriminação, elas procuram desenvolver atividades para geração de renda na informalidade; isso porque é mais fácil manter o sigilo sobre o diagnóstico 28. A epidemia de AIDS, em seu início no Brasil, ocorreu predominantemente na população jovem, mas a partir de 1989 observou-se um aumento da notificação de 22 casos em indivíduos com idade mais avançada. A incidência de AIDS em pessoas com mais de 60 anos foi avaliada pela análise das fichas de notificação compulsória do núcleo de vigilância epidemiológica do Hospital São José de Doenças Infecciosas no Ceará. No período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 2004, foram notificados 107 casos nessa faixa etária, sendo que 78,5% eram do sexo masculino. Houve um predomínio da transmissão sexual entre homens e mulheres, apesar da transmissão entre homens com prática homo-bissexual ser relevante. A grande maioria dos casos (77,5%) foi diagnosticada em pacientes com idade entre 60 e 69 anos de idade, mas 6,7% dos casos ocorreram em pacientes com mais de 80 anos. Desses pacientes 53,2% morreram em decorrência da AIDS 29. Em decorrência do envelhecimento populacional e da descoberta de um tratamento mais efetivo, existe hoje um número crescente de casos novos em pessoas com mais de 50 anos e, por outro lado, um número expressivo de pessoas com mais idade fazendo uso crônico de antirretrovirais, drogas que, por sua toxicidade, causam desordens metabólicas e têm grande impacto no sistema cardiovascular. Esses fatos fazem com que os esquemas terapêuticos frequentemente precisem ser modificados. Outro ponto a ser considerado é que a recuperação do sistema imunológico nos pacientes com mais idade é mais lento e o diagnóstico da doença é feito em estágios mais avançados, porque os profissionais não cogitam a possibilidade da infecção pelo HIV nos idosos. Por terem outras doenças crônicas, esses pacientes fazem uso de um número maior de medicações que interagem entre si e aumentam a toxicidade para o organismo. Todos esses aspectos fazem com que a AIDS nos idosos seja um desafio ainda maior aos serviços de saúde30. Com a finalidade de construir um modelo probabilístico, o estudo ATHENA, realizado na Alemanha, acompanhou 10.278 pacientes no período de 1996 a 2010. O objetivo do estudo foi avaliar a relação da incidência de doenças crônicas não transmissíveis nos pacientes que fazem uso de terapia antirretroviral. Segundo os dados desse modelo, em 2030 o número de pessoas com mais de 50 anos vivendo com o HIV vai chegar a 73% do total de infectados, 84% dessas pessoas terão ao menos uma doença crônica não transmissível, 78% terão uma doença cardiovascular, 17% serão diabéticos e 17% apresentarão algum tipo de câncer. Como consequência, esses doentes necessitarão de maior número de medicações e a interação entre as drogas vai ser um grande desafio. Pelas projeções do estudo, 23 devido a essa interação, 53% dos pacientes terão contraindicação para o tratamento antirretroviral de primeira linha 31. Um estudo realizado no Rio Grande do Sul, para avaliar os conhecimentos dos idosos sobre essa infecção, mostrou que os pacientes soropositivos com idade mais avançada têm pouco conhecimento sobre a doença e que um grande número não usa preservativos nas relações sexuais. Esses fatos associados à maior expectativa de vida, ao aumento da atividade sexual e à fragilidade da mucosa vaginal após a menopausa colaboram para o aumento da contaminação e disseminação da infecção nas pessoas dessa faixa etária32. As características da infecção pelo HIV diferem nas diferentes décadas da vida. Nos pacientes com idade superior a 50 anos, a transmissão homossexual (HSH-Homens que fazem sexo com homens) é menos prevalente. O número de comorbidades aumentou com a idade e as doenças mais prevalentes foram diabetes, dislipidemia, hipertensão, doenças cardiovasculares, disfunção erétil, disfunção renal e neoplasias. Nos pacientes com idade entre 50 e 59, a incidência de depressão foi maior que nas demais faixas etárias estudadas. Um fato interessante observado no estudo foi que a prevalência de tabagismo é muito menor entre os pacientes com idade superior a 60 anos; muitos deles eram tabagistas no passado e abandonaram o vício33. 3.2 INFECÇÕES OPORTUNISTAS Como o alvo do vírus HIV é o sistema imunológico, a consequência da infecção é uma grande depleção das células de defesa. O que caracteriza a AIDS é o aparecimento de inúmeras doenças oportunistas que podem ser infecciosas ou tumorais. Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, doença oportunista é aquela que não causaria problemas em pessoas saudáveis, mas afeta as pessoas com deficiência imunológica. Por esse conceito, a tuberculose não é considerada uma doença oportunista, pois, embora ocorra com maior frequência em pessoas com alterações do sistema imunológico, não é uma doença exclusiva de pacientes imunodeprimidos. Tais doenças complicam a evolução e o prognóstico dos pacientes soropositivos e sua frequência é influenciada por fatores ambientais e por fatores intrínsecos do paciente. No início da epidemia, a incidência dessas 24 doenças era alta devido ao desconhecimento do agente causador consequentemente, das medidas profiláticas e de um tratamento efetivo e, 34,35,36 . Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o manejo da infecção pelo HIV em adultos, são consideradas infecções oportunistas: criptococose, neurotoxoplasmose, pneumocistose, doença citomegálica, candidíase oral e esofágica e histoplasmose. Além dessas infecções, é importante ressaltar a infecção concomitante com as hepatites B e C, turberculose e sífilis, pois essa associação tem sérias implicações no prognóstico e no tratamento 37. Outro ponto a ser ressaltado são os critérios para a definição de um caso de AIDS, pois algumas doenças são consideradas como definidoras de caso, mesmo na ausência de positividade nos testes sorológicos. Os primeiros critérios foram elaborados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América em setembro de 1982. A definição de caso de AIDS em adultos no Brasil passou por sucessivas revisões que tiveram como objetivo principal a adequação dos critérios às condições diagnósticas laboratoriais e ao perfil de morbidade do país. Em 1992, foi elaborado um critério inédito, baseado na identificação clínica de sinais, sintomas e doenças, a partir de experiências acumuladas por alguns serviços de saúde no Rio de Janeiro, sendo descrito com o nome de Critério Rio de Janeiro/Caracas. Segundo esse critério, considera-se como caso: dois testes de triagem reagentes ou um teste confirmatório para detecção de anticorpos para o HIV; somatório de, pelo menos, 10 pontos de acordo com uma escala de sinais, sintomas ou doenças; menção de AIDS/SIDA ou termo equivalente em qualquer dos campos da declaração de óbitos 37. Os critérios para definição de caso de AIDS – Rio de Janeiro/Caracas são os seguintes: 25 Quadro 1 – Critérios para definição de caso de AIDS – Rio de Janeiro/Caracas Sinais/Sintomas/Doenças Sarcoma de Kaposi Tuberculose disseminada/extrapulmonar/pulmonar não cavitária Candidíase oral ou leucoplasia pilosa Tuberculose pulmonar cavitária ou não especificada Herpes Zoster em indivíduo com até 60 anos de idade Disfunção do sistema nervoso central Diarreia por um período igual ou superior a um mês Febre igual ou superior a 38ºC, por um período igual ou superior a um mês Caquexia ou perda de peso corporal superior a 10% Astenia por um período igual ou superior a um mês Dermatite persistente Anemia e/ou linfopenia e/ou trombocitopenia Tosse persistente ou qualquer pneumonia (exceto tuberculose) Linfadenopatia maior ou igual a 1cm, presente em pelo menos dois sítios extrainguinais e por um período igual ou superior a um mês. Pontos 10 10 5 5 5 5 2 2 2 2 2 2 2 2 Fonte: Ministério da Saúde (1992). As infecções oportunistas tanto infecciosas quanto neoplásicas surgem à medida que diminui a contagem dos linfócitos CD4 no sangue periférico e são as principais causas de morbidade e mortalidade nos doentes com AIDS. Elas surgem, geralmente, quando essa contagem cai para níveis inferiores a 200 células/mm3 16. Muitos estudos38,39,40 demonstraram que se pode correlacionar a contagem total de linfócitos com o número de CD4. Esse recurso é usado, principalmente, em locais nos quais a atenção à saúde é precária e onde é difícil quantificar o CD4. Geralmente um número total de linfócito inferior a 1400/mm 3 corresponde a um CD4 inferior a 200/mm3 16 . Existem pequenas variações geográficas na frequência das infecções oportunistas, mas, de modo geral, as mais comuns afetam o aparelho respiratório, o trato gastrointestinal e o sistema nervoso central. Essas doenças precisam ser diagnosticadas e tratadas precocemente, pois costumam ter uma evolução clínica rápida e fatal 16. Um grande impacto no controle e tratamento da epidemia foi a descoberta do AZT (Zidovudina) em 1987, primeira droga que se mostrou eficaz no combate à replicação viral. Desde então, as descobertas sobre o comportamento e replicação do vírus possibilitaram o surgimento de novas drogas que permitiram uma terapia antirretroviral combinada e mais efetiva conhecida como Highly Active Antiretroviral Therapy (HAART). Graças a essa terapia, que teve início em 1996, foi possível a supressão da replicação viral com consequente recuperação do sistema imunológico e diminuição da incidência de doenças oportunistas. Com isso, as taxas de 26 mortalidade caíram de forma expressiva e a AIDS passou a ser considerada uma doença crônica41,42,43. O surgimento de maior número de drogas antirretrovirais vem proporcionando uma redução da carga viral e a diminuição da ocorrência de infecções oportunistas, principalmente nos pacientes em que ocorre um aumento do número das células TCD4. Apesar disso, essas doenças ainda são a maior causa de hospitalizações e morte entre os pacientes com AIDS provavelmente devido ao diagnóstico tardio e consequente falência do sistema imunológico. Em razão da diversidade epidemiológica observada nas diferentes regiões do Brasil, estudos sobre a AIDS são importantes para a criação de políticas públicas direcionadas às necessidades de cada região44. As medidas de prevenção e controle da infecção pelo HIV associadas à terapia antirretroviral de alta eficácia (TARVAE) mudaram a história da AIDS em todo o mundo45. Segundo dados do Ministério da Saúde, 313.000 pacientes com AIDS estavam recebendo terapia antirretroviral no ano de 2012 e 76% deles apresentavam carga viral indetectável 46. O Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a garantir a distribuição gratuita da medicação por meio do Sistema Único de Saúde. Essa distribuição foi normatizada pela Lei 9313/96 aprovada em 13 de novembro de 1996 que, em seu parágrafo primeiro, declara: “Art. 1º Os portadoras do HIV (vírus da imunodeficiência humana) e doentes de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) receberão, gratuitamente, do Sistema Único de Saúde, toda a medicação necessária a seu tratamento.”47 As diretrizes para o tratamento do HIV no Brasil foram atualizadas em 2013; elas recomendam que o tratamento antirretroviral seja iniciado o mais precocemente possível, pois, embora baseadas apenas em estudos observacionais com muitas limitações, há evidências de que o tratamento precoce diminui a morbimortalidade e é uma ferramenta importante na redução da transmissão do HIV. O início da terapia, antes que ocorra a queda dos níveis das células CD4, permite a recuperação do sistema imunológico, o que evita o surgimento de doenças oportunistas 19. O National Institutes of Health publicou, em 27 de maio de 2015, uma nota enfatizando os benefícios do início precoce do tratamento baseado nos resultados preliminares do Strategic Timing of AntiRetroviral Treatement study (START), o primeiro e maior ensaio clínico randomizado para estabelecer os benefícios do tratamento precoce nos indivíduos infectados pelo HIV, que deverá ser concluído no 27 final de 2016. Segundo os dados coletados até o momento, quando se inicia o tratamento antirretroviral sem esperar que ocorra o declínio na contagem das células CD4, ocorre a prevenção tanto de eventos relacionadas ao HIV quanto de outros problemas não relacionados diretamente a essa doença, como doenças cardiovasculares, doença renal terminal, doenças hepáticas e alguns tipos de câncer48. Em uma revisão comparando a incidência de doenças oportunistas nos últimos 30 anos, foram analisados 25 estudos em países desenvolvidos e 12 em países em desenvolvimento, sendo quatro no Brasil. Todos mostraram que, após a introdução da terapia antirretroviral, houve redução significativa nas taxas de incidência de doenças oportunistas, mas essa redução foi menor nos países menos favorecidos economicamente. Os melhores resultados foram observados na Europa onde as taxas, que eram de 30,7/100 habitantes na era pré-ART (Anti Retroviral Therapy), caíram para 2,5/100 habitantes após a introdução dessa medicação. Observou-se que o número de estudos é muito maior nos países com melhores condições econômicas. Os estudos realizados no Brasil analisaram apenas a incidência global das doenças ao longo dos 30 anos da epidemia. Nenhum deles analisou a incidência anual 13. O uso da terapia antirretroviral diminuiu a incidência de complicações, reduziu a mortalidade e aumentou a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes soropositivos, mas os medicamentos exigem disciplina no uso e ainda causam muitos efeitos colaterais, o que determina a não aderência e o desenvolvimento de resistência ao vírus. Com o aumento da sobrevida, os pacientes têm maior chance de desenvolver infeções oportunistas que interferem no prognóstico. A dependência do álcool e de outras drogas e os pacientes que vivem em condições de grande exclusão social são os que têm pior adesão, pois não conseguem entender os benefícios da terapia e o uso correto da medicação. Esses e outros fatos fazem da AIDS uma epidemia única, pois, apesar de um agente etiológico comum, a doença evolui de modo diferente de acordo com as condições de cada indivíduo 49. O aumento da expectativa de vida consequente ao surgimento de drogas antirretrovirais mais potentes e efetivas é um desafio para os serviços de saúde. Nos próximos anos, haverá um grande número de pacientes com idade avançada vivendo com o vírus HIV e com outras doenças, como diabetes, hipertensão e problemas hepáticos. Como fazer o manejo desses casos e quais as consequências 28 das interações entre os medicamentos usados para o tratamento dessas doenças e os antirretrovirais são alguns dos questionamentos que terão de ser respondidos pelos profissionais de saúde50. Outro ponto importante abordado é que os pacientes soropositivos têm hoje uma expectativa de vida muito próxima àquela de pacientes não portadores do vírus HIV desde que usem os medicamentos de forma correta e adotem hábitos de vida saudável. A não aderência ao tratamento pode levar ao aparecimento de mutações e surgimento de cepas resistentes. Fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento o mais precocemente possível é crucial para evitar a falência do sistema imunológico e o surgimento das infecções relacionadas ao HIV/AIDS. O desafio que se impõe é fazer com que os pacientes usem corretamente uma medicação que deverá ser tomada durante toda a vida50. O surgimento das doenças oportunistas é determinado pelo nível de depleção do sistema imune causado pelo HIV, mas é influenciado pelo tipo de patógenos existentes no meio ambiente. As doenças oportunistas que incidem em países desenvolvidos são diferentes daquelas encontradas naqueles com piores condições econômicas e sanitárias. Algumas são comuns e de tratamento pouco dispendioso, como a candidíase oral, candidíase vaginal, herpes simples e herpes zoster. Outras são mais raras e exigem tratamentos mais caros e maior infraestrutura para o diagnóstico, como a meningite criptocócica e as micoses sistêmicas. Um grande desafio é conseguir diagnosticar, tratar e monitorar essas doenças oportunistas sem ultrapassar a capacidade técnica e financeira dos sistemas de saúde. Elas podem ser bacterianas, virais, fúngicas, neoplásicas ou serem causadas por protozoários 51. A análise de 4.339 pacientes portadores de HIV/AIDS atendidos na clínica de Rustenburg na África entre abril de 2004 e novembro de 2005 mostrou que, nos que apresentaram infecções oportunistas (21,2%), a letalidade foi 2,8 vezes maior. As doenças mais prevalentes foram a tuberculose, que ocorreu em 13,3% dos pacientes, e a candidíase esofágica, que foi diagnosticada em 3,9% deles. As doenças com maior letalidade foram a síndrome de desgaste (síndrome do desgaste significa a perda da massa corporal, principalmente perda de massa muscular), o sarcoma de Kaposi e a meningite criptococócica. Muitos casos eram sugestivos de toxoplasmose do sistema nervoso central, mas o diagnóstico não pôde ser confirmado, fato comum em locais com menor infraestrutura laboratorial 35. 29 Um estudo de coorte prospectivo, na região de Pune na Índia, acompanhou 457 pacientes soropositivos durante 15 meses com o objetivo de analisar a incidência de infecções oportunistas. Nesse período, 65 pacientes apresentaram 147 infecções oportunistas. A incidência foi mais elevada em pacientes do sexo masculino, com idade mais avançada, com baixos níveis de CD4 e que não faziam uso de terapia antirretroviral. A tuberculose foi a infecção mais comum seguida por hepes zoster e candidíase oral. Meningite criptocócica e outros tipos de meningite tiveram uma incidência pouco significativa52. Os prontuários médicos do Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital de Base na cidade de São José do Rio Preto, SP, foram analisados no período de janeiro de 1988 a dezembro de 2008. A análise revelou que as infecções oportunistas permanecem frequentes mesmo após a introdução da terapia antirretroviral e também entre os pacientes que têm acesso considerado razoável aos serviços de saúde. Os dados mostraram também que a chance de contrair pneumonia por Pneumocistys jerovecii, nerurotoxoplasmose, candidíase esofágica, tuberculose pulmonar disseminada e neurocriptococose é maior em pacientes com contagem de CD4 inferior a 200 células /mm 3. Outra constatação importante foi que as taxas de mortalidade são maiores em pacientes coinfectados com hepatite C e B53. Uma revisão dos registros de 390 pacientes que internaram no Hospital Universitário de Neiva na Colômbia, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012, mostrou que 76,5% desses pacientes já tinham diagnósticos prévios de HIV e que apenas 45,6% faziam uso de terapia antirretroviral. As causas mais comuns de internação foram toxoplasmose cerebral (52,4%), candidíase mucocutânea (35,3%) e tuberculose pulmonar (21,3%). Esses dados mostram que, apesar de todos os avanços terapêuticos, as infecções oportunistas continuam sendo a principal causa de internação54. Entre as causas de mortalidade nos pacientes com AIDS, destacam-se as doenças que atingem o sistema nervoso central. A mais comum delas é a toxoplasmose, mas os casos de criptococose, tuberculose, leucoencefalopatia multifocal progressiva, encefalopatia do virus HIV e a síndrome do desgaste são vistas em muitos pacientes em diferentes regiões. É importante ressaltar que, para muitas dessas doenças, não existe um tratamento específico e que os medicamentos usados podem, muitas vezes, ter uma interação desfavorável com as 30 drogas usadas para o combate ao vírus. Com a imunodepressão, elas costumam ter manifestações atípicas e um paciente pode ter doenças em outros locais além daquela no sistema nervoso central, o que atrasa o diagnóstico e piora o prognóstico55,35. As pneumopatias são diagnosticadas frequentemente nos portadores do vírus HIV. Essas doenças modificam as condições de saúde desses pacientes, influenciam de forma significante o prognóstico, sendo, muitas vezes, a causa do óbito. A análise dos prontuários dos pacientes soropositivos que foram internados no Hospital Nereu Ramos de Florianópolis com diagnóstico de pneumopatias no período de 2000 a 2003 mostrou que 78% eram do sexo masculino. A maioria tinha de 5 a 10 anos de diagnóstico. Os sintomas mais comuns foram febre, tosse produtiva, dispneia e dor torácica. Pneumocistose, tuberculose e pneumonia bacteriana foram responsáveis por 71,2% das internações. Dos pacientes que internaram nesse período, 33,9% foram a óbito, sendo que as pneumopatias foram responsáveis por 81,6% das mortes56. 3.3 COINFECÇÕES Diferentemente do que ocorre com as infecções oportunistas, tem-se observado um aumento da incidência de complicações crônicas decorrentes das hepatites virais entre os pacientes infectados pelo vírus HIV. A explicação para isso está no fato de que o aumento da sobrevida pelo uso da terapia antirretroviral propiciou tempo para que os vírus HBV (Hepatite B vírus) e HCV (Hepatite C vírus) desenvolvessem todo o seu potencial letal nos organismos dos pacientes coinfectados57. Estima-se que, atualmente, 160 milhões de pessoas estejam contaminadas pelo vírus HCV e 360 milhões pelo vírus HBV ao redor do mundo 58. Pelos dados da Organização Mundial da Saúde, 36,9 milhões de pessoas estão contaminadas pelo vírus HIV. Esses vírus possuem vias de transmissão semelhantes especialmente através do contato com sangue e seus derivados, compartilhamento de seringas entre os usuários de drogas e entre os indivíduos que praticam sexo sem proteção. A coinfecção pelo vírus da hepatite B é mais comum que aquela produzida pelo vírus HCV entre os pacientes com HIV/AIDS, mas esta última exige maior atenção 31 por causar uma doença hepática mais grave, acelerar a progressão para AIDS e aumentar as taxas de mortalidade59. As taxas de prevalência de coinfecção HIV-HCV no Brasil variam de 9,2 a 54,7% dependendo da distribuição geográfica e dos fatores de risco da população estudada. As maiores taxas encontram-se entre os usuários de drogas injetáveis. Em relação à associação HIV-HBV, as prevalências situam-se entre 5,3 a 24,3%57. Na Europa 40% dos pacientes com HIV estão coinfectados com HCV e 2/3 com o HBV60. Nos pacientes coinfectados, as lesões hepáticas progridem mais rapidamente e a reposta ao tratamento é muito mais pobre. A interação entre os medicamentos usados para o HIV e o HCV é potencialmente grave, pois muitos dos antirretrovirais são extremamente tóxicos para o tecido hepático. Por todos esses fatos, o tratamento das hepatites virais crônicas nos pacientes com HIV/AIDS é muito complexo e deve ser realizado em centros especializados 57. As hepatites B e C e a infecção pelo HIV estão entre as 10 maiores causas de mortes por doença infecciosa no mundo. Embora compartilhem as mesmas rotas de transmissão, diferem quanto à sua capacidade infectante e à taxa de prevalência nas diferentes regiões do mundo. São também muito variadas de acordo com a população estudada. A prevalência de Hepatite B é alta no sudoeste da Ásia e na África sub-Saharina e baixa nos Estados Unidos, na Austrália e no Oeste da Europa. A Hepatite C tem uma prevalência muito alta no norte da África, principalmente no Egito e muito baixa no norte da Europa e no Reino Unido. Com relação à infecção pelo HIV, a maior taxa de prevalência é observada na África sub-Sahariana, que responde por cerca de 65% de todos os casos ao redor do mundo 61. Numa revisão dos prontuários de pacientes soropositivos do Serviço de infectologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Porto Alegre, RS, foi realizada uma análise aleatória de 587 dos 5.870 prontuários existentes nos arquivos. Em 343 constava a pesquisa de marcadores sorológicos para hepatites B e C. A taxa de prevalência foi de 4,6% para Hepatite B e 38,2% para Hepatite C. Apenas 2,4% dos pacientes eram positivos para ambas as hepatites 62. Para conhecer a prevalência de HIV e hepatites B e C na região do Portal de Paranapanema no estado de São Paulo, foram testados sistematicamente para HIV, HBV e HCV 1.228 pacientes e encaminhados para a referência de Infectologia dessa parte do estado de São Paulo situada no Hospital Regional Universitário Dr. 32 Domingos Leonardo Cerávolo na cidade de Presidente Prudente. Deste total 249 (20,3%) eram monoinfectados pelo HIV, 173 (14%) pelo HCV e 73 (5,9%) pelo HBV, sendo que 49 pacientes (4%) tinham coinfecção HIV/HCV e 5 pacientes (0,4%) HIV/HBV63. Dados do Ministério da Saúde, no período de 1999 a 2010, foram analisados com a finalidade de estimar a prevalência de infecções pelos vírus HBV e HCV entre os casos de AIDS notificados no Brasil. Nesse período, foram notificados 370.672 casos de AIDS, sendo 50,7% registrados na região sudeste. Os dados mostraram que 3.724 (1%) apresentaram coinfecção com HBV e 5.932 (1,6%) com o HCV. A grande maioria dos casos ocorreu em homens e observou-se que a chance de infecção aumentou com a idade. Quando comparados com indivíduos com idade inferior a 24 anos, os pacientes mais velhos apresentaram três vezes mais chance de ter coinfecção com o HBV e 12 vezes mais chance de ter infecção associada com HCV. A maior parte dos casos de HIV ocorreu por transmissão sexual, mas a associação com as hepatites foi mais prevalente entre os usuários de drogas injetáveis64. No estado do Mato Grosso do Sul, no período de novembro de 2009 a julho de 2011, foram realizados testes sorológicos para hepatite B em 849 pacientes com sorologia positiva para HIV. O resultado dos testes mostrou uma prevalência de 2,5% de pacientes coinfectados. Os fatores de risco para essa coinfecção foram sexo masculino, idade mais avançada, história familiar de hepatite, uso de drogas ilícitas e atividade homossexual 65. Num estudo para determinar a prevalência de coinfecção com hepatites B e C em pacientes HIV positivos tratados em um serviço público de saúde na cidade de Goiânia, foi observada uma positividade de 3,8% para o vírus HBV e 9,7% para o vírus HCV. A infecção concomitante pelos dois vírus esteve presente em 4,4% dos pacientes. É importante ressaltar que 52,6% dos pacientes portadores de hepatite B e 54,2% daqueles positivos para hepatite C não tinham conhecimento desses diagnósticos. Metade deles referiu ter tido uma doença sexualmente transmissível no passado, sendo que as mais citadas foram gonorreia e sífilis66. Segundo dados do Ministério da Saúde, os grupos com maior risco para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são Homens que fazem Sexo com Homens (HSH), usuários de drogas injetáveis (UDI) e profissionais do sexo 5. Estudo realizado no estado de Santa Catarina, nas cidades de Tubarão, Laguna e 33 Imbituba, pesquisou 147 profissionais do sexo com a finalidade de determinar a prevalência de HIV, hepatites B e C e sífilis. Os resultados mostraram que 8,8% tinham HIV, 8,8% HCV, 23,1% HBV (ativa ou passada) e 19,7% foram positivos para sífilis. Dos 13 pacientes que foram positivos para o HIV, três estavam coinfectados pelo HCV, quatro tinham sífilis e cinco eram positivos também para o HBV 27. A prevalência da coinfecção HIV-sífilis foi analisada em um hospital universitário na cidade do Rio de Janeiro em 2005. Dos 830 pacientes acompanhados no ambulatório de HIV/AIDS, 22 (2,7%) tiveram sorologia positiva para sífilis. A relação entre homens e mulheres foi de aproximadamente 4:1, sendo que os homossexuais masculinos foram os mais acometidos. Do total dos pacientes com sífilis 73% já tinham tido a doença no passado, o que significa que, apesar de serem portadores do HIV, esses pacientes continuam tendo relações desprotegidas67. A tuberculose é o maior problema global de saúde, sendo a principal causa de morte no mundo quando associada ao HIV. A Organização Mundial de Saúde estima que ocorreram 9,6 milhões de novos casos dessa doença em 2014 e 12% deles acometeram pacientes infectados pelo HIV68. O Brasil é um dos 22 países priorizados pela OMS que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo com um coeficiente de incidência de 38/10mil habitantes. São Paulo é o estado com maior número de casos. Apesar de ser uma doença prevenível e curável, ainda é responsável por cerca de 4,5 mil mortes anuais no país 69. Estudo realizado no ambulatório de infectologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Vitória, ES, analisou os dados de todos os pacientes HIV positivos atendidos nesse serviço, no período de janeiro de 2010 a abril de 2011, para avaliar a prevalência de tuberculose. Foram 715 pacientes no total; destes, 80 tiveram diagnóstico de tuberculose, o que demostra uma prevalência elevada. Durante o estudo, dois pacientes foram a óbito em decorrência dessa infecção e os dados demonstraram que os pacientes com contagem de CD4 inferior a 200 células/mL são os mais suscetíveis70. Foram analisados retrospectivamente os casos de tuberculose ativa diagnosticados no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010 em pacientes com HIV/AIDS na cidade de São Paulo. Do total de 599 pacientes soropositivos acompanhados, 41 (6,8%) preencheram os critérios para definição de caso de tuberculose. Doença pulmonar foi encontrada em 30 deles e 11 tinham doença 34 extrapulmonar. Observou-se que, em geral, os pacientes com tuberculose são homens jovens e com carga viral elevada. Outro dado importante encontrado nesse estudo foi que a taxa de mortalidade foi maior entre os pacientes com tuberculose. A probabilidade de sobreviver até 10 anos após o diagnóstico do HIV é de 75% para os pacientes com tuberculose e de 96% para aqueles com outras doenças oportunistas71. 3.4 O ESTIGMA, O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO A Unaids, em nota publicada em 2014, define estigma como sentimentos e crenças negativas em relação às pessoas infectadas pelo HIV e discriminação como um tratamento injusto e desleal para com essas pessoas. Afirma, também, nesta nota, que o estigma e a discriminação são as maiores barreiras para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da infecção pelo HIV72. Pelo dicionário discriminação significa “[...] Tratamento pior ou injusto dado a alguém por causa de características pessoais; intolerância e preconceito” 73, enquanto preconceito é definido como “Opinião ou crença admitida sem ser discutida ou examinada, internalizada pelos indivíduos sem se darem conta disso e influenciando seu modo de agir e de considerar as coisas”74. No início da epidemia, a AIDS era uma doença característica de grupos marginalizados pela sociedade. Essa associação com prostituição, homossexualismo e uso de drogas injetáveis determinou o grande estigma associado a essa virose. Nos últimos 30 anos, com os conhecimentos adquiridos sobre o vírus e as formas de transmissão, houve uma drástica mudança no perfil epidemiológico. A AIDS deixou de ser uma doença de grupos de risco, mas o preconceito em relação aos pacientes continua o mesmo dos primeiros anos 75, 76. Não é possível fazer qualquer abordagem sobre o HIV/AIDS sem levar em conta o real significado das palavras estigma, preconceito e discriminação. Estigma é uma palavra que tem sempre um sentido negativo, pois se trata de um fator de diferenciação injustificado que determina a exclusão social de uma pessoa em decorrência de uma característica que ela possua: sexo, raça, cor, língua, religião, opinião, características físicas ou uma doença. O preconceito é o aspecto subjetivo da discriminação, pois se relaciona a um julgamento prévio e injustificado que se faz 35 sobre pessoas estigmatizadas e a discriminação é o ato de dar preferência a uns ou excluir outros sem uma causa que justifique tal comportamento 77. A AIDS como doença apresenta quatro características que se relacionam ao estigma. A primeira é ser contraída, na maioria dos casos, através de comportamentos de risco, ou seja, as pessoas consideram que o paciente adquiriu a doença por meio de um comportamento imoral que poderia ser evitado e, portanto, é culpado por estar infectado. Em segundo lugar, apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, ela continua sendo vista como uma doença incurável, ou seja, ligada à morte. O terceiro ponto que determina estigma é o fato de o HIV, apesar de todo conhecimento atual sobre as formas de contágio, ser considerada uma doença altamente contagiosa, e muitos ainda acreditam que o contágio pode ocorrer pelo simples convívio social. A última característica que determina a associação com o estigma é por ser uma doença que, nos estágios finais, causa uma dramática transformação na aparência dos pacientes78. O estigma é um fenômeno complexo e multifatorial, caracterizado por um atributo que rouba a identidade social do indivíduo tornando-o diferente daquilo que é esperado pela sociedade em que vive79. Transtornos mentais, drogadição, prostituição, homossexualismo, raça e HIV/AIDS são condições consideradas não normais pela maioria das sociedades e, por isso, geram preconceito e discriminação. A experiência pessoal do estigma é muito subjetiva e depende do meio em que a pessoa vive e do desvio da normalidade que ele apresenta80. Pode-se também entender o estigma como um processo social que ocorre quando pessoas são rotuladas por determinadas características e, em decorrência disso, são isoladas e perdem espaço na sociedade em que vivem. Ele é criado pelo desconhecimento sobre a doença, pelos mitos sobre as formas de transmissão, pelas dificuldades de acesso aos serviços de saúde e pela irresponsabilidade dos meios de comunicação81. Todas as formas de estigma têm grande impacto na saúde pública, pois os atos de discriminação associados a elas produzem iniquidade social. O estigma pode ser considerado ainda como uma forma de controle social que define normas e pune aqueles que não as seguem82,83. A atitude de rejeição, exclusão, culpa ou desvalorização direcionada a uma pessoa ou grupo é baseada em um julgamento social que é influenciado pelo contexto social e cultural. Quando o estigma está relacionado a um problema de saúde, o limite entre comportamento discriminatório e a medida sanitária de 36 precaução é, muitas vezes, difícil de ser estabelecido, pois vai depender do tipo de doença e do estágio em que ela se encontra. Isolar pacientes com tuberculose pulmonar, por exemplo, é uma medida totalmente justificada, pois impede a transmissão do bacilo, porém essa mesma atitude seria considerada discriminatória se fosse direcionada a um paciente com sorologia positiva para o HIV 84. Mesmo que necessárias para evitar a transmissão do bacilo, as medidas de isolamento causam grande sofrimento aos pacientes. Isso foi demonstrado em estudo que entrevistou 30 pacientes em tratamento por tuberculose nas cidades de El Passo no Texas e Ciudad Juarez no México. Esses pacientes referiram tristeza, depressão, dúvidas sobre a possibilidade de cura e medo de serem rejeitados pelos familiares e colegas de emprego. Alguns se sentiram agredidos por ter de dormir separadamente de seus familiares durante o período de doença e por não poder segurar, abraçar e beijar os filhos85. Conduta semelhante foi tomada em relação aos pacientes soropositivos em Cuba entre os anos de 1986 a 1989. Nesse período, todos os pacientes infectados pelo HIV eram confinados em sanatórios. Eram locais agradáveis e neles os pacientes recebiam todo o suporte para o tratamento, porém os pacientes perdiam sua liberdade e todo o contato com seus familiares. O primeiro caso de HIV/HIDS em Cuba foi diagnosticado em 1985, mas a decisão de se estabelecer o isolamento dos pacientes foi tomada com base em uma lei de 1982, que permitia o isolamento de todo indivíduo portador de uma doença que fosse uma ameaça à saúde pública 86. A tuberculose tem uma característica particular, pois teve significados distintos em diferentes momentos da história. No início do século XIX, era vista como uma doença relacionada à paixão que acometia pessoas ligadas às artes, principalmente os poetas, músicos e filósofos. Ter a doença significava ter um espírito privilegiado. A partir da segunda metade deste século, com a revolução industrial, as pessoas passaram a viver aglomeradas em lugares insalubres e a doença disseminou-se entre as classes menos favorecidas. Passou a ser estigmatizada por estar relacionada a uma desordem social e, principalmente, à pobreza. Ter algum familiar morto pela doença passou a ser motivo de vergonha e humilhação87. As doenças que mais determinam estigma são aquelas que causam desfiguração corporal, as altamente contagiosas, as incuráveis e progressivas e aquelas que causam dificuldades ou impossibilidade de realizar as tarefas da vida 37 diária. Muitas dessas características estão presentes na AIDS. Por medo de serem discriminados, os pacientes não procuram voluntariamente a testagem, o que atrasa o diagnóstico. Muitos deles não aderem ao tratamento, pois não querem que amigos e familiares descubram o diagnóstico através da medicação. Portanto, o estigma não afeta os pacientes soropositivos apenas no lado psicológico, mas, de modo indireto, interfere negativamente em sua evolução clínica 88. Embora o estigma relacionado à AIDS seja resultado da epidemia, a associação de estigma com doenças não é um fenômeno novo. Na história da humanidade, muitas epidemias geraram atitudes discriminatórias contra pessoas e grupos sociais afligidos por doenças contagiosas dificultando o tratamento e a prevenção e causando um sofrimento adicional aos pacientes e seus familiares89. A tuberculose e a hanseníase também são doenças infecciosas relacionadas com estigma e, muitas vezes, o impacto psicológico e social do estigma traz mais sofrimento aos pacientes do que os próprios sintomas da doença. A desqualificação social determinada pelo estigma é responsável por carga adicional de sofrimento e interfere no prognóstico da doença, porque pode levar a atraso na procura por atendimento e abandono do tratamento 84. Como citado, uma das doenças mais relacionadas à questão do estigma e à discriminação ao longo da história da humanidade foi a hanseníase, por ser causadora de morte e mutilação. Pelo medo da contaminação, até os primeiros anos do século XX, as pessoas acometidas eram isoladas em comunidades hospitalares em muitos locais do nosso país. Esse isolamento causava mudanças dramáticas na vida dos pacientes e um grande sofrimento psíquico 90. Estudo conduzido com pacientes institucionalizados em Santa Catarina mostrou que, devido a uma política autoritária e discriminatória no período de 1940 a 1960, os pacientes diagnosticados com hanseníase eram compulsoriamente internados perdendo suas relações familiares e sua identidade social 91. Atualmente, a hanseníase é uma doença curável; sabe-se que, após o início do tratamento, o paciente deixa de ser transmissor, mas, mesmo assim, o estigma permanece fazendo com que, por medo da segregação social, os pacientes escondam o diagnóstico até mesmo de seus familiares. Muitas vezes, a orientação para ocultar o diagnóstico é dada pelos próprios profissionais da saúde, o que confirma que o preconceito é mais resistente que a própria doença 92. 38 Em pesquisa realizada com 19 pacientes portadores de hanseníase atendidos em um centro de referência em Cuiabá, MT, em 2014, observou-se que o preconceito à doença era claramente percebido pelos pacientes; muitos deles relataram nas entrevistas que não revelavam seu diagnóstico aos colegas de trabalho por vergonha, por medo do isolamento e pelo medo de perder o emprego 93. Quanto ao HIV/AIDS, o preconceito não está relacionado apenas às características da doença, por exemplo, fácil transmissão, grande número de complicações e alta letalidade. Essa doença gera maior carga de atitudes discriminatória pelo fato de estar associada às minorias com comportamentos considerados não normais pela sociedade. Desde o início da epidemia, os pacientes sofreram rejeição e até mesmo agressões físicas. Atitudes discriminatórias e preconceituosas são também direcionadas para grupos considerados de risco mesmo que não infectados. Muitos pacientes foram demitidos de seus empregos e, até mesmo, expulsos do convívio familiar. A discriminação é maior nos setores de emprego, assistência médica, seguros e educação 89. Esse preconceito relacionado às minorias estigmatizadas pela sociedade foi comprovado em pesquisa realizada com estudantes matriculados no ano de 2014 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que analisou o preconceito em relação aos homossexuais. Os níveis mais altos de preconceito foram observados entre os estudantes de engenharia, agricultura e geologia. Os estudantes da área de saúde mostraram níveis moderados ou baixos. Níveis mínimos foram encontrados entre os alunos das áreas de ciências humanas, linguística e artes 94. Dados de pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstraram que experiências relacionadas ao estigma tiveram efeito negativo na aderência ao tratamento, dificultaram o equilíbrio psicológico e foram o principal motivo para os pacientes não revelarem seu status sorológico. Aqueles que vivenciaram maior número de experiências discriminatórias necessitaram de mais atendimentos psiquiátricos e foram os que tiveram maior número de faltas nas consultas agendadas no ano anterior à pesquisa. Os mecanismos que relacionam a baixa adesão ao tratamento com estigma ainda não estão bem esclarecidos, mas o medo de ter seu diagnóstico revelado pelo uso da medicação é uma das hipóteses mais prováveis95. Por mais paradoxal que possa parecer, existe preconceito por parte dos profissionais de saúde quanto aos pacientes soropositivos, o que faz com que, 39 muitas vezes, eles sejam discriminados nos serviços de saúde. As atitudes discriminatórias se manifestam pela recusa de atendimento, pelo uso de medidas profiláticas excessivas e diferenciadas, encaminhamentos desnecessários e até por aconselhamentos equivocados, como a indicação de realização de aborto. Profissionais da enfermagem e médicos são os que mais discriminam e a discriminação é mais observada nos serviços públicos de saúde 96. Pesquisa realizada na Índia mostrou que muitos pacientes soropositivos são discriminados por seus familiares, nos locais de trabalho, assim como nos serviços de saúde. Muitos hospitais se negam a prestar cuidados aos pacientes com diagnóstico de HIV/AIDS. Profissionais de saúde manifestam atitudes discriminatórias revelando o status sorológico aos familiares sem o consentimento dos pacientes, queimando as camas após a alta hospitalar e usando luvas durante qualquer interação97. No México, pouco se tem estudado sobre as percepções que os trabalhadores de saúde têm acerca dos grupos relacionados à infecção pelo vírus HIV e também sobre as atitudes desses profissionais durante os atendimentos a esses pacientes nos serviços de saúde. Em 2003 foram entrevistaram 373 profissionais de saúde, 285 deles trabalhavam em hospitais e 88 em unidades de medicina de família. Os dados coletados mostraram que os pacientes soropositivos sofreram discriminação desde o momento em que entraram nos serviços de saúde, principalmente nas emergências, pois ainda existe uma ligação entre HIV/AIDS com morte. Os pacientes infectados tinham uma tarja de identificação em suas fichas clínicas e eram vistos como não recuperáveis e, por esse motivo, negligenciados. Um dos cirurgiões entrevistados deu a seguinte resposta: “Eles vão morrer, por isso não há necessidade de nos expormos ao risco de infecção operando estes pacientes”98. Esse estudo mostrou, ainda, que existe uma grande falta de informação sobre a doença. Para 25% dos profissionais entrevistados, não existe diferença entre ser soropositivo e ter AIDS. Dentre estes, 11% eram médicos. Um número significativo (12%) acredita que o vírus não é transmitido através do leite materno. Para 14% os pacientes assintomáticos não transmitem o vírus e 70% admitiram ser necessário usar medidas extras de proteção durante procedimentos realizados em pessoas portadoras do vírus HIV. Mas o que mostra claramente o estigma e o preconceito sofrido por esses pacientes é que 38% dos profissionais acham que o diagnóstico 40 deve ser revelado aos chefes de serviço e administradores das empresas e que a testagem deveria ser obrigatória para profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas injetáveis 98. Os profissionais médicos graduados em 1984, ou antes, apresentam maior dificuldade para prestar atendimento aos pacientes HIV/AIDS, pois, como os primeiros casos foram registrados em 1981, esses profissionais não receberam informações sobre a doença em sua formação. Isso foi demonstrado em um estudo realizado em Barbados, onde foi constatado que os profissionais formados no período anterior à epidemia atenderam um menor número de pacientes durante suas carreiras, tinham menos conhecimentos sobre a clínica e o tratamento da doença, mais propensão a sentir desconforto durante o atendimento, sentiam-se menos habilitados para prestar aconselhamento pré-teste e eram favoráveis à testagem sem consentimento dos pacientes dos grupos de risco. Essa última constatação configura claramente uma atitude discriminatória99. Pesquisa realizada na cidade de São Paulo entrevistou 17 pacientes soropositivos masculinos e heterossexuais com o objetivo de analisar as implicações do HIV/AIDS nas relações de trabalho. Os dados obtidos mostraram que a doença tem impacto negativo na vida profissional, pois o tratamento exige idas constantes aos serviços de saúde, o que causa desconfiança e força a revelação do diagnóstico. Alguns desses pacientes não suportam a pressão e solicitam demissão, outros são demitidos. Nas entrevistas de trabalho, revelar que é soropositivo significa ser rotulado como homossexual ou promíscuo. Muitas vezes, a única saída para evitar o preconceito e a discriminação é a aposentadoria. Numa sociedade em que a identidade social masculina está associada ao papel de trabalhar e prover o sustento da família, a aposentadoria é um atestado de exclusão social aos pacientes heterossexuais100. A ilegalidade do preconceito e da discriminação tem grande embasamento jurídico em nosso país. A Constituição Federal do Brasil de 1988, no capítulo I, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, em seu artigo 5º, diz que todos os brasileiros são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza; em seu artigo 196, afirma que a saúde é um direito de todos e um dever do estado e que todos têm direito ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. A Lei 8080, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, em seu capítulo II, artigo IV, determina a obrigatoriedade da igualdade da 41 assistência à saúde sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Em junho de 2014, foi promulgada a Lei 12.984, que define como crime punível com reclusão de 1 a 4 anos e multa a discriminação dos pacientes HIV/AIDS 101,47,102 A Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos da UNESCO também se refere a este tema em seu artigo 11 que diz “Nenhum indivíduo ou grupo deve, em circunstância alguma, ser submetido, em violação da dignidade humana, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, a uma discriminação ou a uma estigmatização 103. A discriminação é proibida pela Constituição, mas as condições de saúde não são consideradas como fator discriminatório. Esse fato tem implicações importantes na prática, pois os profissionais acometidos por alguma doença são considerados menos capazes, menos produtivos e menos eficientes que os saudáveis. São constantemente estigmatizados e recebem tratamento constantemente diferenciado em suas relações de trabalho. Admitir ser portador de doenças como LER (Lesão por Esforço Repetitivo) ou HIV/AIDS tem como consequência menores oportunidades. Esses pacientes excluídos do mercado de trabalho tornam-se vítimas tanto da doença que padecem quanto do preconceito e da discriminação a eles direcionadas104. O estigma e a discriminação são desafios que precisam ser vencidos se quisermos chegar a uma resposta efetiva ao HIV e acabar com os níveis epidêmicos da AIDS até 2030. Essa foi uma das conclusões do painel de especialistas durante o 10º Congresso de HIV/AIDS realizado em João Pessoa, PA, no período de 17 a 20 de novembro de 2015. A Diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard enfatizou que “Precisamos começar a mensurar, de alguma forma, os atos relacionados ao estigma e à discriminação em relação ao HIV”. Para isso, é necessária a construção de um índice capaz de medir a percepção de estigma e discriminação no Brasil, a exemplo do que já existe para muitos países na América Latina. Esse indicador é um instrumento importante para subsidiar a construção de políticas públicas nessa área105. 42 4 MATERIAL E MÉTODOS Estudo qualitativo e quantitativo, exploratório, de corte transversal no serviço público de saúde no município de Joaçaba, no Meio-Oeste do estado de Santa Catarina, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015. A pesquisa teve como foco: a) pacientes com HIV/AIDS residentes no Meio-Oeste de Santa Catarina cadastrados no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) do município de Joaçaba, SC, e em acompanhamento efetivo, no período do estudo; b) prontuários de todos os pacientes portadores de HIV/AIDS atendidos nesse centro de referência, desde o início de sua atividade; c) profissionais médicos, enfermeiros e dentistas que trabalhavam nas equipes de saúde da família do referido município no período da pesquisa. O CTA de Joaçaba é uma unidade pública especializada no atendimento aos portadores do vírus HIV, mantido pela Secretaria de Saúde de Joaçaba e que atende, por livre demanda, pacientes de toda região do Meio-Oeste de Santa Catarina. O acesso livre ao serviço permite que os pacientes busquem atendimento fora de seu domicílio. Os municípios que compõem a região de abrangência deste estudo são considerados de pequeno e médio porte. 4.1 ETAPAS DA PESQUISA 4.1.1 Pacientes com HIV/AIDS- Dados sociodemográficos e estudo clínico sobre infecções oportunistas Para o levantamento dos dados sociodemográficos e clínicos, foram analisadas as informações contidas nos prontuários médicos de todos os pacientes cadastrados, em acompanhamento efetivo, mantidos no CTA do município de Joaçaba, SC. Para isso, foi obtida a autorização do Secretário Municipal de Saúde de Joaçaba e da coordenação do serviço. Levantamento prévio identificou que 143 pacientes estavam cadastrados e em acompanhamento, enquanto 80 prontuários estavam inativos por morte (35 óbitos), abandono ou transferência. 43 4.1.2 Estudo sobre preconceito/discriminação sofrido pelos pacientes Os dados sobre preconceito/discriminação sofridos pelos pacientes portadores do vírus HIV/AIDS foram obtidos por meio de uma entrevista individual realizada pela pesquisadora nos dias em que eles compareceram ao CTA para receber as orientações e medicações, utilizando-se um questionário previamente elaborado pela pesquisadora responsável (Apêndice A). Pelo cálculo de determinação do tamanho da amostra para população finita, sob a orientação do Professor Dr. Gerson Azulim Muller, foram selecionados 105 pacientes, 92 deles concordaram em participar da pesquisa. 4.1.3 Estudo sobre preconceito/discriminação entre os profissionais de saúde Para a pesquisa sobre preconceito/discriminação com os profissionais de saúde, foram entrevistados todos os médicos, dentistas e enfermeiros que trabalhavam nas equipes da Estratégia de Saúde da Família do município de Joaçaba no momento do estudo (9 médicos, 9 enfermeiros e 9 dentistas). Todos esses profissionais foram visitados em seus locais de trabalho e entrevistados pela pesquisadora, após concordarem em participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As entrevistas foram orientadas por um questionário elaborado pela pesquisadora responsável (Apêndice B). 4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados obtidos no presente estudo tiveram sua normalidade e homogeneidade determinadas pelo teste estatístico de Kolmogorov-Smirnov (Lilliefors) e Levene, respectivamente. Posteriormente, as distribuições com tendência normal foram analisadas por testes estatísticos paramétricos e as distribuições com outras tendências foram analisadas por testes estatísticos não 44 paramétricos. Assim, foram utilizados os testes estatísticos de Qui-quadrado (χ2), teste exato de Fisher, teste G e teste de correlação de Pearson (Zar, 1996). O nível de significância utilizado no emprego dos testes estatísticos foi de 95% (p<0,05) e o programa computacional utilizado foi o Excel do pacote Microsoft Office 2010 e o programa GraphPad Prism 2007. O Professor Dr. Gerson Azulim Muller foi o responsável pelas análises estatísticas referidas. 45 5 RESULTADOS 5.1 RESULTADOS DA ANÁLISE DOS PRONTUÁRIOS CLÍNICOS A maioria dos pacientes acompanhados no CTA de Joaçaba, SC, era do sexo masculino, com idade entre 31 e 50 anos, branca, casada ou em união estável (Tabela 1). A escolaridade mais encontrada foi de primeiro grau incompleto, seguida por primeiro grau completo. Apenas 15,58% dos pacientes tinham nível superior. Quanto à profissão, a maior parte dos pacientes trabalhava como profissional liberal ou autônomo e 67,13 % deles eram trabalhadores ativos (Tabela 2). Tabela 1 – Perfil epidemiológico dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, por sexo, idade, cor e estado civil Característica Sexo Masculino Feminino N % 80 63 55,94 44,06 Idade (anos) < 21 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 >60 1 16 46 46 28 6 0,70 11,19 32,17 32,17 19,58 4,19 Cor Branco Negro Pardo 110 9 24 76,92 6,29 16,79 Estado Civil Casado/União estável Separado Solteiro Viúvo 83 16 38 6 58,04 11,19 26,57 4,20 46 Tabela 2 – Perfil epidemiológico dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, por escolaridade, profissão e situação profissional Características Escolaridade Analfabeto 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior Situação profissional Aposentado Beneficiário Desempregado Trabalhador ativo N % 5 57 19 14 26 22 3,50 39,86 13,29 9,79 18,18 15,38 17 21 9 96 11,89 14,69 6,29 67,13 O tempo de diagnóstico foi, na maioria dos casos, entre 5 e 10 anos. Todos os pacientes estavam em uso de terapia antirretroviral e o contágio, na grande maioria dos casos, foi através de relação sexual. Um número considerável de pacientes (11,18%) já fazia uso de terapia há mais de 10 anos (Tabela 3). Tabela 3 – Características clínicas dos pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, conforme o tempo de diagnóstico, uso de terapia anterretroviral, tempo de medicação e mecanismo de infecção Características Tempo de diagnóstico (anos) <1 1–5 5,1 - 10 > 10 N % 9 67 45 22 6,29 46,85 31,47 15,39 Terapia antirretroviral Sim Não 143 0 100,00 0,00 Quanto tempo usa ou usou a medicação (anos) <1 1–5 5,1 - 10 > 10 26 76 25 16 18,18 53,15 17,48 11,19 Como se contaminou Desconhecida Drogas injetáveis Relação sexual (heterossexual) Relação sexual (homossexual) 9 2 118 13 6,29 1,40 82,52 9,09 47 Quando se compara a carga viral dos pacientes no momento do diagnóstico com a encontrada no último exame realizado, foi possível observar diferenças significativas (χ2= 127,3; g.l.= 3; p= 0,001), ou seja, a terapia antirretroviral determinou importante redução na carga viral dos pacientes. (Tabela 4). Tabela 4 – Carga viral dos pacientes HIV/AIDS registrados nos prontuários de 143 pacientes atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015, no momento do diagnóstico e na atualidade Carga Viral (cópias/mL) Diagnóstico N (%) Atual N (%) < 10.000 10.000 – 100.000 > 100.000 Indetectável Não informado/abandonou 43 (30,07) 65 (45,45) 27 (18,88) 6 (4,20) 2 (1,40) 38 (26,57) 7 (4,89) 9 (6,29) 88 (61,55) 1 (0,70) Em relação aos níveis de células CD4 apresentados pelos pacientes no momento do diagnóstico e no último exame realizado, foi possível observar diferenças significativas (χ2= 190,4; g.l.= 2; p= 0,001). Assim, na atualidade, após o tratamento, são observadas maiores quantidades de CD4 do que no momento do diagnóstico (Tabela 5). Tabela 5 – Valores de CD4 no CTA/Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015 no momento do diagnóstico e na atualidade Células CD4+ (células/mm3) ≤ 100 101 - 499 ≥ 500 Não informado/abandonou Diagnóstico N (%) Atual N (%) 14 (9,79) 103 (72,03) 24 (16,78) 2 (1,40) 0 (0,0) 3 (2,10) 140 (97,90) 0 (0,0) Obs.: indivíduos que não tiveram carga viral informada ou que abandonaram o tratamento foram excluídos dessa análise. Em relação à ocorrência de infecções oportunistas, 55 (38,46%) dos pacientes apresentavam alguma doença relacionada ao HIV/AIDS e 88 (61,54%) pacientes não. As infecções oportunistas que constavam nos prontuários clínicos estão listadas na Tabela 6. 48 Tabela 6 – Frequência absoluta e relativa de infecções oportunistas registradas nos prontuários de 143 pacientes com HIV/AIDS atendidos no CTA/Joaçaba/SC no período de dezembro de 2015 a setembro de 2015 Infecções Oportunistas Citomegalovírus Diarreia Emagrecimento Herpes genital Herpes Zoster Lesões de pele Linfoma de Hodgkin Linfoma Não Hodgkin Monilíase esofágica Monilíase oral Neurotoxoplasmose Pneumonia N 3 8 7 2 12 6 1 1 4 5 6 8 % 2,10 5,59 4,89 1,40 8,39 4,19 0,70 0,70 2,80 3,50 4,19 5,59 Obs.: Alguns pacientes apresentaram mais de uma infecção oportunista. Conforme o Gráfico 1, não houve diferença estatisticamente significante entre a carga viral no momento do diagnóstico e a incidência de infecções oportunistas (Teste exato de Fisher; p= 0,587). Gráfico 1 – Ocorrência de infecções oportunistas em relação à carga viral no momento do diagnóstico de 143 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015 No de indivíduos 100 Sim Não 80 60 40 20 0 10.000 > 10.000 Carga viral (cópias/mL) Quanto à ocorrência de infecções oportunistas em pacientes soropositivos, observou-se que indivíduos com contagem de CD4 inferior a 200 células/mm3 apresentaram uma incidência estatisticamente significante maior (Teste exato de Fisher; p= 0,001). 49 Gráfico 2 – Ocorrência de infecções oportunistas em relação à contagem de células CD4 no momento do diagnóstico de 143 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015 No de indivíduos 150 Sim Não 100 50 0 200 > 200 CD4+ No que se refere à ocorrência de coinfecção, quatro foram relatadas: Hepatite C, Hepatite B, Sífilis e Tuberculose; dos 143 pacientes analisados, apenas 21 (14,68%) apresentavam alguma delas. A Tabela 7 mostra a frequência relativa absoluta de cada uma delas Tabela 7 – Frequência absoluta e relativa de coinfecções registradas nos prontuários de 143 pacientes HIV/AIDS atendidos no CTA de Joaçaba/SC no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015 Coinfecção Hepatite B Hepatite C Sífilis Tuberculose Sem coinfecção Total N 3 5 6 7 122 143 % 2,10 3,50 4,19 4,89 85,32 100,00 Quando se compara a proporção de ocorrência de coinfecções em pacientes soropositivos com carga viral e contagem de CD4 no momento do diagnóstico, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes (Teste exato de Fisher; p= 0,656 e p= 0,788 respectivamente). Pelos dados dos prontuários, 13 pacientes (9,1%) faziam uso abusivo de álcool, 4 (4,35%) usavam drogas ilícitas. Entre estes pacientes 6 (35,29% dos usuários de álcool e drogas) tinham baixa adesão ao tratamento. 50 Depressão foi referida por 24 pacientes (26,08%).Nos prontuários de 8 destes pacientes constava baixa adesão ao tratamento. Isto significa que 33,33% dos pacientes depressivos não fazia uso correto da medicação antirretroviral. 5.2 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS COM OS PACIENTES Foram entrevistados 92 pacientes nos dias em que compareciam ao CTA para realizar os exames de acompanhamento ou para buscar medicação. O perfil epidemiológico em relação a sexo, idade, cor, estado civil, escolaridade, profissão e situação profissional foi o mesmo encontrado quando da análise dos prontuários. Quanto à terapia antirretroviral, 93,48% referiram fazer uso correto da medicação (dose e horário). Como demonstra o Gráfico 3, 18 dos pacientes entrevistados relataram algum tipo de discriminação durante o atendimento nos serviços de saúde e 74 deles não. Gráfico 3 – Frequência relativa em 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam ter sofrido algum tipo de discriminação nos serviços de saúde 19,57% 80,43% Não Sim No que diz respeito aos profissionais que tiveram algum tipo de atitude discriminatória, um dos pacientes relatou ter sido discriminado pelo dentista (5,26%), dois por enfermeiros (10,53%), cinco (26,32%) por técnicos em enfermagem, oito (42,10%) por médicos e três (15,79%) por outros profissionais envolvidos em seu atendimento nos serviços de saúde. É importante destacar que cada paciente 51 poderia indicar mais do que um profissional na sua resposta para esse questionamento. O maior número de atitudes discriminatórias ocorreu nas Unidades Básicas de Saúde, mas os pacientes também foram discriminados em Hospitais e/ou Emergências, Laboratório de Análises Clínicas e em Consultório médico (Gráfico 4). Gráfico 4 – Frequência relativa dos serviços de saúde em que os 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC relatam terem sido discriminados 11,11 % 5,56% l UBS 22,22% 61,11% Hospital/Emergência Laboratório Consultório Dos 92 pacientes entrevistados, 46,74% nunca sofreram preconceito em outros setores da sociedade e 53,26% responderam que sim (Gráfico 5). Gráfico 5 – Frequência relativa de 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam algum tipo de preconceito em outros setores da sociedade 53,26% 46,74% Não Sim 52 Quanto ao preconceito nos locais de trabalho, apenas 22,83% referiram ter sofrido algum tipo de discriminação por parte de colegas e empregadores (Gráfico 6) Gráfico 6 – Frequência relativa de 92 pacientes HIV/AIDS em acompanhamento no CTA de Joaçaba/SC e que relatam sofrer preconceito em seus locais de trabalho 22,83% 77,17% Não Sim . Também foi perguntado se ser soro positivo era um determinante negativo para a qualidade de vida do indivíduo pesquisado; seis responderam que não e 86 (91,30%) responderam que sim (Gráfico 7). Gráfico 7 – Frequência relativa de 92 pacientes que consideram que “ser soro positivo” é um fator determinante negativo para a sua qualidade de vida 8,70% 91,30% Não Sim 53 5.3 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Os profissionais que trabalham nas Unidades Básicas de Saúde do município de Joaçaba, SC, são, em sua maioria, mulheres jovens, com idade entre 21 e 40 anos e com menos de 10 anos de profissão (Tabela 8). Tabela 8 – Perfil sociodemográfico dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados, sobre preconceito/discriminação aos pacientes HIV/AIDS Característica Sexo Masculino Feminino Idade (anos) 21 – 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 Profissão Dentista Enfermeiro Médico Tempo de profissão (anos) <1 1a 5 6 - 10 > 10 N % 5 22 18,52 81,48 13 10 1 3 48,15 37,04 3,70 11,11 9 9 9 33,33 33,33 33,33 2 10 10 5 7,41 37,04 37,04 18,51 O Gráfico 8 evidencia que, dos 27 profissionais da saúde, 9 (33,33%) admitiram sentir algum desconforto ao atender um paciente HIV positivo e 18 (66,67%) relataram não ter problemas em relação a esses pacientes. 54 Gráfico 8 – Frequência relativa de 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que admitiram sentir desconforto ao prestar atendimento a essas pessoas 33,33% 66,67% Não Sim Sobre a adoção de medidas de biossegurança, 40,74% dos profissionais disseram que, quando atendem pacientes soropositivos, usam medidas que não usariam se o paciente não fosse portador do HIV (Gráfico 9). Gráfico 9 – Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que admitiram usar medidas extras de biossegurança durante o atendimento a essas pessoas 40,74% 59,26% Não Sim O Gráfico 10 mostra que 16 (59,26%) dos profissionais já observaram algum tipo de atitude discriminatória aos pacientes portadores do HIV por parte de algum dos membros da equipe de saúde. 55 Gráfico 10 – Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e que já observaram alguma atitude discriminatória aos pacientes soropositivos por parte de membros das equipes de saúde 59,26% 40,74% Não Sim O mesmo número de profissionais não revelaria para os colegas de equipe se houvesse um exame positivo para o HIV (Gráfico 11). Gráfico 11 – Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e se revelariam seu diagnóstico para os colegas de trabalho caso fossem soropositivos para o vírus HIV 40,74% 59,26% Não Sim Um grande número dos profissionais de saúde (77,88%) acredita que os pacientes ainda são muito discriminados nos serviços de saúde (Gráfico 12). 56 Gráfico 12 – Frequência relativa de 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e se concordam ou não que os soropositivos são discriminados nos serviços de saúde 22,22% Não 77,88% Sim O Gráfico 13 mostra que, dos 27 profissionais da saúde pesquisados, apenas 2 (7,41%) responderam que, se fosse possível, se recusariam a atender um paciente soropositivo e 25 (92,59%) responderam que não. Gráfico 13 – Frequência relativa dos 27 profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde de Joaçaba/SC entrevistados sobre preconceito/discriminação a pacientes HIV/AIDS e sua opinião sobre recusar ou não em atender pacientes soropositivos, se possível 7,41% Não 92,59% Sim 57 6 DISCUSSÃO Dos 143 pacientes com HIV/AIDS estudados nesta pesquisa, 55,94% eram do sexo masculino e 63 (44,06%) do sexo feminino (Tabela 1). Deve ser lembrado que, no início da epidemia, o predomínio absoluto era de homens homossexuais. O maior número de pacientes do sexo masculino também foi observado em outros estudos23,27. No entanto, os dados dos órgãos responsáveis pelo controle da AIDS no Brasil e no mundo mostram que o número de pacientes do sexo feminino tem aumentado desde 199626. A relação homem/mulher, que era de 24:1 em 1985, passou para 6:1 em 1990; desde 1997, permanece estabilizada em 2:16. Por sua vez, a idade dos pacientes acompanhados no serviço de referência pesquisado variou de 18 a 68 anos, com maior prevalência na faixa etária de 30 a 49 anos (66,4%) (Tabela 1). Essa é a faixa etária mais acometida no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde46 e é coerente com outros estudos que mostraram percentuais semelhantes nessa mesma faixa etária26,27,106. Ainda em relação às faixas etárias mais atingidas, em Santa Catarina, a partir de 2005, o maior número de diagnósticos ocorreu em pessoas com idade entre 40 e 49 anos9 enquanto outros estudos mostram um aumento de incidência em outras faixas etárias; por exemplo, em Florianópolis está ocorrendo um aumento de casos entre estudantes e aposentados ou pensionistas26. No estado do Ceará, o número de pacientes idosos com diagnóstico positivo para o HIV vem crescendo desde 1989 29. Nesta pesquisa, 32,9% dos pacientes têm idade igual ou superior a 50 anos e, em São Paulo, em estudo realizado no período de 1993 a 2001, a porcentagem nesta mesma faixa etária foi de 21,7%106, confirmando a mudança desse importante perfil epidemiológico. Sobre a raça (Tabela 1), o estudo mostrou que a maioria dos pacientes é da raça branca (75,5%) (Tabela 1), o que se justifica pela forte migração italiana e alemã no oeste catarinense. Esses resultados diferem dos dados registrados no país, pois, em 2012, 47,4% dos pacientes notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificações (SINAN) se autodeclararam brancos, 41,3% pardos e 10,4% negros46. Número semelhante ao encontrado em nossa pesquisa foi observado em estudo realizado no município de Divinópolis, MG, onde pacientes de raça branca representavam 71,57% da amostra 107; por um estudo realizado em um 58 centro de referência de Tubarão, SC, no ano de 2010, 87,4% dos pacientes portadores de HIV/AIDS eram da raça branca27. Quanto ao estado civil (Tabela 1), a pesquisa mostrou que a maioria (57,3%) dos pacientes acompanhados no CTA de Joaçaba se declarou casada ou vivendo em união estável, enquanto no município de São Paulo, no período de 1993 a 2001, 39,3% dos pacientes atendidos no ambulatório do Hospital São Paulo, Instituição de Ensino da Universidade Federal de São Paulo, eram casados ou viviam em união consensual106. Por sua vez, percentual intermediário foi detectado na cidade de São José, litoral de Santa Catarina, onde 44,7% dos pacientes tinham relação duradoura no período de julho de 2009 a junho de 2010 25. Um maior número de pacientes vivendo em união estável tem impacto na epidemia, pois casais soro discordantes e gestantes soropositivas demandam uma maior atenção das equipes de saúde no sentido de evitar a transmissão vertical e a contaminação dos parceiros. A análise dos prontuários em nosso estudo mostrou que o nível de escolaridade (Tabela 2) dos pacientes HIV/AIDS é baixo, pois 3,5% são analfabetos, 39,9% não concluíram o primeiro grau e apenas 15,4% têm curso superior completo. Esses dados ilustram a grande alteração do perfil epidemiológico da infecção viral, haja vista que, nos primeiros anos da epidemia no Brasil, 76% dos pacientes soropositivos tinham um bom nível de escolaridade, porém, a partir de 1985, pessoas com menor poder aquisitivo passaram a ser contaminadas com maior frequência e, no período de 1999 a 2000, 74% dos pacientes eram analfabetos ou tinham apenas o ensino fundamental 6. Resultados semelhantes foram registrados no município de São Paulo, numa análise dos casos de HIV/AIDS no período de 1993 a 2001: 47,8% dos homens e 50,8% das mulheres não tinham terminado o primeiro grau106. Essa mesma baixa escolaridade nos indivíduos infectados pelo HIV foi observada também no estudo realizado no município de São José, SC, no período de 2009 a 2010, uma vez que 50,6% dos pacientes tinham apenas o primeiro grau25. Pacientes com baixa escolaridade têm menor entendimento sobre a doença e sobre a medicação o que facilita a disseminação e prejudica a adesão ao tratamento. O presente estudo procurou identificar a situação laboral (Tabela 2) dos 143 pacientes no momento de seus registros no CTA/Joaçaba, e os resultados evidenciaram que a maioria (66,4%) se encontrava inserida no mercado de trabalho e que apenas 6,3% estão desempregados. Esses dados vêm ao encontro da 59 realidade da população economicamente ativa da região do Meio-Oeste do estado de Santa Catarina, uma vez que, segundo dados do IBGE, 55% da população dessa região está inserida no mercado de trabalho 108. Estudo realizado no Brasil, com pacientes em uso de terapia antirretroviral, em 2008, mostrou que 44,9% dos homens e 38,1% das mulheres estavam desempenhando normalmente eu suas funções e que 38,9% dos homens e 25,8% das mulheres encontravam-se aposentados em consequência da doença 42. Este número expressivo de pacientes inseridos no mercado de trabalho é uma demonstração inequívoca de que a AIDS deixou de ser uma doença aguda e incapacitante. Os pacientes de nossa pesquisa informaram ao CTA/Joaçaba que seu contágio foi majoritariamente por relação heterossexual (82,52%) (Tabela 3), enquanto 9,09% deles declararam ter sido por transmissão homossexual. Apenas em 1,40% a contaminação teria ocorrido pelo uso de drogas injetáveis. Inúmeros estudos demonstram que a transmissão sexual foi a principal forma de contágio 25,27. Na maioria dos municípios com população menor ou igual a 50.000 habitantes do Brasil, semelhante a do município de Joaçaba, a transmissão é, predominantemente, por contato heterossexual. Essa forma de transmissão heterossexual parece ter sido determinante para a redução da relação de incidência entre os sexos em pacientes HIV positivos que, no ano de 1995, era de 24:1, vindo, posteriormente, a sofrer uma redução expressiva para 2:1, em 1997, e se mantendo estável desde então6. No entanto, esses resultados devem ser considerados com cautela, pois interessante pesquisa conduzida no México revelou que a maioria dos pacientes masculinos (32/50) que haviam declarado, na notificação do caso, que haviam sido contaminados por relação heterossexual, modificou sua informação durante uma entrevista pessoal, confirmando serem homo ou bissexuais. Os autores concluíram que existem erros nesses registros com subnotificação da transmissão homo ou bissexual109. Importa ressaltar que todos os pacientes HIV/AIDS se encontram em uso de medicação antirretroviral disponibilizado pelo CTA em cumprimento ao Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, de 2013, do Ministério da Saúde, o qual preconiza que se ofereça o tratamento logo após o diagnóstico para preservar o sistema imunológico, diminuir a carga viral e, com isso, diminuir a possibilidade de o paciente ser fonte de infecção. Para o 60 Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), iniciar a terapia antirretroviral precocemente (sem esperar o declínio da contagem das células CD4) reduz significativamente a ocorrência tanto de doenças oportunistas quanto de outras complicações não relacionadas com a AIDS, como doenças cardiovasculares hepáticas e renais48. Na África, ante as enormes dificuldades de acesso à medicação para AIDS, ainda se preconiza iniciar o tratamento apenas quando a contagem do CD4 está abaixo de 200 células. Estudo nesse sentido, realizado na República de Camarões, mostrou que apenas 5,4% dos pacientes estão em uso efetivo da medicação38. Quanto aos exames complementares para acompanhamento da infecção, os dados levantados nos prontuários dos pacientes mostraram níveis de respostas diferentes aos medicamentos, a exemplo do já observado na literatura 46. Assim, em 66,55% deles, a resposta terapêutica foi muito boa, pois apresentaram carga viral indetectável e aumento na contagem das células CD4 no último exame realizado; em 36,4% houve uma diminuição acentuada da carga viral e melhora dos níveis de CD4; em 16,1%, houve falha no tratamento com aumento da carga viral e diminuição das células CD4. A supressão da carga viral foi inferior à observada em estudo realizado na China, no qual 95,4% dos pacientes em uso de terapia antirretroviral no período de 2004 a 2012 apresentaram supressão da carga viral 110. Por outro lado, os pacientes tratados no CTA/Joaçaba apresentaram resposta à terapêutica melhor que a média no Brasil, pois, enquanto 2/3 dos pacientes do Meio-Oeste catarinense tiveram carga viral indetectável, os dados no Ministério da Saúde, no ano de 2012, mostravam que apenas 1/3 (33%) dos pacientes em uso de terapia antirretroviral no país teve carga viral indetectável. As causas dessa falha terapêutica são de várias naturezas, sobretudo decorrentes da baixa adesão dos pacientes (quando os medicamentos são tomados nas doses e horários prescritos em menos de 80% das vezes), potência virológica insuficiente e resistência viral 46. Entre os pacientes que não apresentaram resposta ao tratamento, 34,8% eram alcoolistas, 30,4% depressivos e todos tinham baixa adesão. Desse total, 8,7% abandonaram o tratamento. Em 26,1% deles houve, provavelmente, resistência viral aos medicamentos havendo, porém, necessidade de realização da genotipagem. Pacientes com menor escolaridade, piores condições de emprego, pouco suporte familiar/comunitário e usuários de drogas ilícitas têm menor adesão aos medicamentos111. 61 Um estudo realizado com pacientes do Hospital de Base da cidade de São José do Rio Preto, SP53, e outro na região noroeste do estado do Paraná 49 também encontraram associação entre baixa escolaridade e baixa renda com a falta de adesão ao tratamento e concluíram que essas duas variáveis estão fortemente relacionadas com pouca informação sobre a doença. Para os autores de um estudo com 1.300 pacientes cadastrados em um serviço público de saúde no Distrito Federal, pessoas que abandonaram o tratamento por conta própria anteriormente têm grande chance de não serem aderentes em uma segunda tentativa 41. Conforme retratado na Tabela 3, o tempo de acompanhamento dos 143 pacientes cadastrados no presente estudo variou de 3 meses a 22 anos, devendo-se destacar que expressivo contingente de cerca de 80% está em acompanhamento há mais de dois anos. Cabe ressaltar que, nos últimos 10 anos, o Brasil apresentou um aumento de 67,8% nas taxas de detecção em pacientes jovens (15 a 24 anos) do sexo masculino e uma redução de 12,2% entre as mulheres nessa mesma faixa etária46. Em nossa casuística, 17 (11,2%) dos pacientes têm 30 anos ou menos de idade, sendo que não houve diferença significativa entre os sexos (9 masculinos e 8 femininos). Foram observados 55 registros de doenças oportunistas (38,46%) e alguns pacientes apresentaram mais de uma. Herpes Zoster, Monilíase (oral e esofágica), Pneumonia, Diarreia, Emagrecimento e Toxoplasmose Cerebral foram as mais prevalentes, como consta na Tabela 5. Os registros dos prontuários sobre essas doenças eram escassos, não tendo nenhuma referência aos exames e nem aos tratamentos instituídos. Por essa razão, foi conduzida pesquisa adicional nos arquivos do Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST), de Joaçaba, e identificados registros de três dos seis pacientes de neuroxoplasmose do presente estudo. Constatou-se que os diagnósticos foram confirmados por exames de imagem, sendo dois por tomografia computadorizada e um por ressonância magnética. A incidência dessas infeções varia de acordo com o país estudado, mas candidíase, pneumonias, infecções pelo vírus herpes e toxoplasmose são citadas em vários estudos como as mais prevalentes35,36,52,54,112. É importante ressaltar que, em países em desenvolvimento, o diagnóstico etiológico muitas vezes não pode ser confirmado por falta de ferramentas apropriadas 36. A análise de nosso estudo mostrou não haver diferença estatisticamente significativa entre a carga viral no início do tratamento e incidência de infecções 62 oportunistas. Independentemente de ter carga viral maior ou menor que 10.000 cópias, a incidência dessas infecções foi semelhante. Esse dado difere do observado em estudo realizado em São José do Rio Preto, SP, entre 1998 e 2008, que mostrou que a incidência de infecções oportunistas foi significantemente maior naqueles que tinham uma carga viral maior ou igual a 10.000 cópias no momento do diagnóstico53. Quanto à contagem das células CD4, a incidência de infecções oportunistas foi significantemente maior nos pacientes que tinham contagem de CD4 inferior a 200 células/mm3. Esse fato também foi observado no estudo realizado nos Estados Unidos, para avaliar as infecções oportunistas diagnosticadas entre 1994 e 2007113, e também no estudo brasileiro realizado na cidade de São José do Rio Preto, SP53. A introdução da terapia antirretroviral de alta eficácia a partir de 1997 diminuiu de forma significativa a incidência de doenças oportunistas por diminuir a carga viral e, com isso, permitir a recuperação do sistema imunológico dos pacientes 41,42,43,114. A análise dos prontuários clínicos no presente estudo mostrou uma diminuição significativa da carga viral quando comparados os últimos exames realizados pelos pacientes com aqueles feitos no momento do diagnóstico (Tabela 4). Houve também uma recuperação do sistema imunológico comprovada pelo aumento das células CD4 (Tabela 5). Esses dados podem justificar a baixa ocorrência dessas doenças oportunistas na casuística da presente pesquisa, levando, ainda, em consideração, a pronta disponibilidade no fornecimento dos medicamentos pelo CTA/Joaçaba e a elevada adesão ao tratamento. Dos pacientes acompanhados no CTA de Joaçaba que apresentaram coinfecções (Tabela 6), a Hepatite C foi observada em 3,5% e Hepatite B em 2,1%. Esses números diferem dos encontrados em um estudo realizado no Portal do Paranapanema, SP, onde as taxas foram de 4,0% e 0,4% respectivamente63 e também dos ocorridos entre os anos de 2008 a 2010 em um hospital de referência para tratamento de doenças infecciosas no estado do Ceará, onde a análise dos prontuário médicos mostrou que 5,7% dos pacientes estavam coinfectados pelo HCV e 3,7% pelo HBV115. Uma análise de todos os casos notificados no país no período de 1999 a 2010 mostrou que as taxas de coinfecção HIV/HCV e HIV/HBV foram de 1,6% e 1,0%, respectivamente64. Em relação às outras coinfecções (Tabela 7), a sífilis, em nossa casuística, acometeu 6 pacientes (4,2%), todos com sorologia positiva. Na cidade do Rio de 63 Janeiro, no ano de 2005, um estudo realizado em um hospital universitário mostrou que a prevalência dessa doença entre os pacientes soropositivos acompanhados no ambulatório para HIV/AIDS era de 2,7%. O fato importante daquele estudo foi que 73% dos pacientes já tinham sido tratados e voltaram a se infectar, o que demonstra que, mesmo sendo portadores do HIV, os pacientes continuam a manter relações sexuais desprotegidas67. O diagnóstico de tuberculose foi registrado nos prontuários de 7 pacientes, o que corresponde a uma taxa de 4,9%, valor muito inferior aos observados em outros estudos. Na cidade de Vitória, ES, em uma amostra de 715 pacientes, a prevalência de tuberculose foi de 11,8%70; na cidade de São Paulo, uma análise retrospectiva dos casos de tuberculose diagnosticados numa amostra de 599 pacientes acompanhados entre os anos de 1995 a 2010 mostrou que 41 pacientes apresentaram a doença, o que corresponde a uma taxa de 6,8%71. Na cidade de Porto Alegre, no período de 2007 a 2011, foram registrados 3.998 casos de tuberculose e a taxa de coinfecção com o HIV foi de 30% (chegou a ser de 67% em alguns bairros)116. O fato de existir poucos aglomerados populacionais na região com condições de moradia melhores que as da periferia de grandes centros urbanos poderia ser uma explicação para a baixa prevalência desta infecção. Joaçaba, o município polo desta região, está classificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como uma das 10 melhores cidades do país com menos de 50.000 habitantes e com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,827. A prevalência de transtornos depressivos em pacientes infectados pelo HIV varia de 12% a 66% e não é diagnosticada em 50% a 60% dos casos; esse quadro clínico pode se associar a respostas inadequadas ao tratamento antirretroviral 117. Em nossa pesquisa nos prontuários do CTA de Joaçaba, 24 (26,08%) dos pacientes tinham diagnóstico de depressão; destes, 9 (36% do total de depressivos) tinham baixa adesão ao tratamento. Sobre o uso de drogas pelos pacientes do corrente estudo, os prontuários clínicos mostraram que 13 (9,1%) faziam uso abusivo de álcool e 4 (4,35%) de drogas ilícitas. Uma revisão sistemática da literatura mostrou que, em 85,7% dos artigos analisados, houve uma associação significativa entre uso/abuso/dependência de álcool com baixa adesão ao tratamento, menor supressão da carga viral e pior desfecho clínico118. 64 A AIDS, por ter acometido no início da epidemia, preferencialmente, homossexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e levar, inexoravelmente os pacientes à morte, constitui uma doença que ainda hoje gera preconceito e discriminação. Mesmo tendo ocorrido mudança no perfil epidemiológico, o preconceito e a discriminação permanecem75,76. Na Índia, os profissionais de saúde dos hospitais chegavam a queimar as camas usadas pelos pacientes soropositivos e revelavam o diagnóstico para os familiares, mesmo sem a autorização deles97. Em Cuba, a testagem era obrigatória e, no início da epidemia, os pacientes eram confinados em sanatórios86. Na entrevista conduzida com 92 pacientes do CTA/Joaçaba, como parte do presente estudo, cerca de 20% deles referiram ter sofrido algum tipo de discriminação por parte dos profissionais de saúde. Constatou-se que 61,11% dos casos ocorreram nas Unidades Básicas de Saúde, o que pode ser um viés, tendo em vista que esse é o serviço de saúde mais frequentado pelos pacientes. Por sua vez, conforme informado pelos próprios pacientes, os Médicos e Técnicos de Enfermagem foram os que mais discriminaram, 42% e 26,32%, respectivamente. Números um pouco diferentes foram observados em estudo realizado nos municípios de Araçatuba, SP, Birigui, SP, Uberlândia, MG, e Dourados, MS, no qual 32,4% das atitudes discriminatórias foram praticadas por profissionais da enfermagem, 34,2% por médicos e 31,6% por dentistas 119. Em Três Lagoas, MS, 49,3% dos pacientes com HIV sofreram algum tipo de discriminação por parte de profissionais de saúde, 41,2% das vezes por parte de profissionais da enfermagem e 35,3% por parte dos médicos, dos quais 85% dos casos ocorreram nos serviços públicos de saúde7. Os estudos mostram que o preconceito se manifesta pelo uso de medidas excessivas de biossegurança, por negativa de atendimento 7 ou pela revelação não consentida do diagnóstico97. No México, um estudo mostrou que 66% dos prestadores de serviço de saúde acham que a testagem deveria ser obrigatória para todos os homens que fazem sexo com homens 98. Em parte, isso foi comprovado em nossa pesquisa, pois 66,67% dos profissionais revelaram que se sentem desconfortáveis quando atendem pacientes soropositivos, 40,74% deles tomam precauções extras durante esses atendimentos, e o que é mais relevante: dois médicos se recusariam a prestar o atendimento, se fosse possível. 65 O fato de usar medidas extras de biossegurança mostra falta de conhecimento em relação às formas de transmissão. Estudo realizado no México mostrou que os profissionais de saúde ainda têm pouco conhecimento sobre a doença, pois 23% dos que trabalham nos serviços de urgência acreditam que o HIV não é transmitido pelo leite materno e 12% dos profissionais da enfermagem responderam que, se o paciente soropositivo for assintomático, não transmite o vírus98. Os indivíduos portadores de HIV/AIDS sofrem preconceito em outros setores da sociedade; por esse motivo, um grande número deles não revela o diagnóstico nem para os familiares e amigos11,75. Na Rússia, 71% dos pacientes soropositivos referiram não revelar seu diagnóstico mesmo quando questionados; 21% revelam apenas aos companheiros e amigos muito próximos. Disseram agir desse modo por medo de sofrer algum tipo de agressão e rejeição 120. Dentre os 92 pacientes entrevistados nesta pesquisa, 68,47% não revelaram seu diagnóstico aos colegas e amigos e 33,69% não revelaram nem para os profissionais de saúde. Provavelmente, essa é a explicação para o fato de que apenas 22,83% deles referiram algum tipo de discriminação no trabalho. Pela associação da doença com grupos de comportamento considerado incorreto, os pacientes soropositivos sofrem discriminação em diversos segmentos da sociedade, principalmente por parte dos familiares e no trabalho 89. Na Índia, estudo realizado com 400 pacientes soropositivos no ano de 2009 mostrou que 27% deles tinham sofrido severas formas de preconceito, como rejeição social e perda de emprego121. Embora já tenham decorrido mais de 30 anos desde o início da epidemia, o preconceito continua e os dados de nossa pesquisa confirmam isso, pois 8,69% dos pacientes declararam que já foram discriminados por seus familiares e 16,3% pelos amigos. Os profissionais que terminaram sua formação anteriormente ao ano de 1984 têm maior preconceito em relação ao paciente HIV/AIDS e menor conhecimento sobre a doença; além disso, ao longo de sua atuação profissional, atenderam um menor número de pacientes com esse diagnóstico99. Em nossa pesquisa, um dos dois profissionais que respondeu que, se possível, recusaria realizar um procedimento em um paciente soropositivo tinha mais de 30 anos de profissão, podendo sugerir uma relação como acima referido. 66 7 CONCLUSÕES O presente trabalho mostrou que, seguindo a tendência nacional, a infecção pelo HIV no Meio-Oeste de Santa Catarina é mais comum entre pacientes do sexo masculino, brancos, casados e/ou em união estável e com baixa escolaridade. Foi observado que os pacientes HIV/AIDS têm um baixo conhecimento sobre a doença e sobre os meios de evitar a contaminação, pois a forma mais comum de transmissão foi a heterossexual, o que significa que a população mantém atividade sexual desprotegida. Esse fato é corroborado pela prevalência de sífilis e hepatites na amostra, doenças que são também de transmissão sexual. O número de pacientes coinfectados com tuberculose foi muito menor que o encontrado em outros estudos. Por este motivo é importante que se realizem mais pesquisas com a finalidade de determinar se a menor prevalência desta infecção é determinada por melhores condições sanitárias ou porque está ocorrendo uma subnotificação dos casos. Os resultados do estudo mostram que parte significativa dos pacientes soropositivos sofreu discriminação nos serviços de saúde e metade deles foi discriminada no trabalho ou em outros setores da sociedade. Um grande número esconde o diagnóstico, não só dos familiares e amigos, mas, também, dos profissionais de saúde por medo do preconceito. Ainda, constatou-se que a grande maioria refere que ser soropositivo é um determinante negativo na qualidade de vida. O fato de muitos profissionais de saúde sentirem desconforto ao atender um paciente soropositivo e, mais ainda, usar medidas extras de proteção durante esses atendimentos, demonstra falta de conhecimento e de preparo em relação às formas de contágio do HIV. Pelo exposto, parece que as campanhas de prevenção não estão sendo efetivas, pois a população continua se expondo ao risco de contaminação através de relações desprotegidas. Como a epidemia está ocorrendo mais intensamente em camadas sociais menos favorecidas é preciso estabelecer novas formas de abordagem que consigam ser entendidas pelas pessoas com menor nível de escolaridade. 67 Por fim, é necessário melhorar a formação profissional daqueles que trabalham nos serviços de saúde, para que consigam prestar um atendimento de melhor qualidade e mais humanizado aos pacientes HIV/AIDS. Não é aceitável que depois de mais de 30 anos do início da epidemia, esses profissionais ainda não tenham entendido que as medidas de prevenção devem ser usadas no atendimento de qualquer paciente e que, se isso for feito, as possibilidades de contaminação são, praticamente, nulas. Os resultados obtidos sugerem a realização de novas pesquisas sobre HIV/AIDS em municípios de menor porte com o objetivo de avaliar as características da epidemia e analisar a relação dos pacientes com os serviços de saúde onde a manutenção do sigilo é mais difícil. Os dados destes estudos poderiam embasar a elaboração de políticas públicas de saúde voltadas à realidade da região com economia de recursos e melhora da qualidade de vida da população infectada pelo HIV. 68 8 CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO À INTERDISCIPLINARIDADE O modelo reducionista da ciência moderna fragmentou o conhecimento e, com isso, as grandes conquistas tecnológicas geradas pelo desenvolvimento das várias áreas do saber não se traduziram em melhoria da qualidade de vida para uma grande parcela da população. Diante dos limites desse paradigma reducionista do saber, a interdisciplinaridade passou a ser desenvolvida na tentativa de interrelacionar os vários campos do saber na busca de solução para os problemas mais complexos da realidade122. A complexidade dos problemas enfrentados pelas pessoas vivendo com HIV/AIDS requer atenção integral e interdisciplinar por parte das equipes de saúde123. Na saúde, a interdisciplinaridade faz com que a integração dos saberes e práticas dos diferentes profissionais se integrem de forma horizontalizada para a solução de problemas mais complexos. Essa integração valoriza e potencializa o conhecimento das diferentes áreas124. A atenção à saúde dos pacientes com HIV/AIDS é um bom modelo para se analisar ações de integralidade em saúde pela complexidade da infecção viral por suas repercussões clínicas, epidemiológicas, sociais e psicológicas e pela estrutura diversificada envolvida nas diferentes etapas do atendimento, tanto na prevenção quanto nas diferentes abordagens posteriores. Nesta pesquisa, a preocupação com o trabalho interdisciplinar esteve presente na observação pessoal sobre o fluxo de atendimento, nas entrevistas com os diferentes profissionais envolvidos e nas informações dos pacientes, o que permitiu perceber que há um esforço pessoal na promoção da saúde dos pacientes, mas, ao mesmo tempo, ausência de um trabalho integrado nos diferentes setores públicos. A complexidade da atenção à saúde dos indivíduos com HIV/AIDS precisa de uma integralidade nas ações, o que exige a participação de equipes multiprofissionais na construção de uma prática interdisciplinar. Ou seja, é inquestionável a importância de um trabalho interdisciplinar para evitar a fragmentação do trabalho em equipe, lembrando que a integralidade do cuidado não se realiza em um único serviço, mas é uma responsabilidade da rede de serviços, a qual tem múltiplas entradas e múltiplos fluxos. A busca das articulações e a 69 definição de papéis e limites de atuação das equipes de saúde são desafios diários e exigem o empenho constante de todos para que ocorra a necessária transformação. Assim, é imprescindível a adoção de uma postura inovadora, que propicie a conexão entre os diferentes protagonistas do cuidado e que permita a construção, pela equipe, de um projeto assistencial comum. Pode-se concluir que o modelo de estudo desta pesquisa sobre atenção ao paciente HIV/AIDS, além de revelar importantes aspectos epidemiológicos e clínicos da virose e sobre as condutas dos pacientes, possibilitou a observação de ausência de práticas interdisciplinares, o que sugere a necessidade de educar os profissionais e gestores para que compreendam essa importância da integração dos diversos setores envolvidos. É importante que a troca de informações entre os membros das equipes não se atenha apenas ao compartilhamento de dados coletados pelos diferentes profissionais, o que caracterizaria apenas um trabalho multidisciplinar. A interdisciplinaridade ocorre quando os diferentes saberes se unem de maneira horizontal em busca da melhor solução para os problemas mais complexos apresentados pelos pacientes. 70 REFERÊNCIAS 1. Requejo, HIZ. Worldwide molecular epidemiology of HIV. [internet]. Rev. Saúde Pública. 2006 Apr; 40(2). [citado em 19 mar 2015]. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003489102006000200023&lng=en&nrm=iso. 2. Badea CL, Ramos A, Pieniazek D, Pascu R, Tanuri A, Schochetman G, et al. Epidemiologic and evolutionary relationships between romanian and brazilian HIV-1 subtype F strains. [internet]. Emerg Infect Dis. 1995; 1(3):91-3. [citado em 19 mar 2015]. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2626880/pdf/8903171.pdf. 3. 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A pesquisa se justifica, pois com os dados coletados será possível conhecer as manifestações clínicas dos pacientes portadores de HIV/AIDS e as possíveis atitudes discriminatórias que possam ter sofrido durante atendimentos nos serviços de saúde, visando ampliar o conhecimento sobre a doença na região do Meio-Oeste de Santa Catarina, divulgando aos profissionais envolvidos os resultados encontrados de modo a proporcionar um atendimento mais adequado nas unidades especializadas. METODOLOGIA A SER USADA: As informações sobre eventuais atitudes discriminatórias serão coletadas por meio de uma entrevista individual, orientada por um questionário, previamente agendada e que será realizada pela pesquisadora responsável no Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) de Joaçaba com os 58 (cinquenta e oito) primeiros pacientes que forem atendidos a partir da aprovação deste estudo. A entrevista terá caráter sigiloso e tem uma duração prevista de cerca de 30 (trinta) minutos. O estudo clínico será realizado no seu prontuário existente no CTA, de modo a serem obtidos os dados pessoais e da forma clínica de sua doença (comorbidades). Para tanto, solicita-se sua autorização para que a pesquisadora responsável possa acessar seu prontuário, cujos dados serão mantidos em sigilo e usados exclusivamente, na presente pesquisa. DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A participação neste estudo não deverá causar riscos físicos à sua saúde, pois você não vai ser submetido a nenhum tipo de procedimento ou de coleta de material. Poderá existir apenas um mínimo risco de caráter psicológico, caso você sinta algum constrangimento em conversar sobre sua doença ao ser entrevistado(a). Espera-se que os resultados divulgados possam contribuir para a melhoria da atenção à saúde nas unidades especializadas de Joaçaba, podendo, assim, trazer benefícios futuros a você e a outros portadores do vírus HIV. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você poderá solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer etapa do estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação na pesquisa a qualquer momento, seja por motivo de constrangimento e ou outros motivos. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade e os dados de seu prontuário com padrões 90 profissionais de sigilo. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e assinado em duas vias, uma cópia será fornecida a você e a outra ficará com a pesquisadora responsável. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A participação no estudo, não acarretará custos para você e não será disponibilizada nenhuma compensação financeira, pois sua entrevista será realizada quando você for ao CTA dentro da rotina de atendimento. Se você tiver algum constrangimento ou dano psicológico poderá entrar em contato com a pesquisadora que prestará apoio e fará os encaminhamentos que se fizerem necessários, sem custo para você. Eu,_______________________________________________________________fui informado(a) dos objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e ou retirar meu consentimento. Os responsáveis pela pesquisa certificaram-me de que todos os meus dados serão confidenciais. Estou ciente que autorizei a pesquisadora responsável a acessar meu prontuário existente no CTA e que as informações obidas manterão minha identidade em sigilo. Em caso de dúvidas poderei chamar a pesquisadora responsável, Lilian Tania Amorim pelo telefone (49) 9127-6266 ou entrar em contato no seu endereço na rua Pará número 97, Bairro Santa Tereza, no município de Joaçaba/SC ou, ainda, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Unoesc e Hust, Rua Getúlio Vargas, nº 2125, Bairro Flôr da Serra, 89600-000- Joaçaba – SC, Fone: 49-35512012. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Assinatura: ___________________________________________________________________ Nome legível: ___________________________________________________________________ Lilian Tania Amorim Pesquisadora Joaçaba,______/______/______ 91 APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Profissionais Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: “HIV/AIDS NO MEIO OESTE DE SANTA CATARINA: Preconceito e Comorbidades” O motivo que nos leva a propor este estudo é o estigma, o preconceito e a discriminação que podem ser gerados pelo diagnóstico desta infecção, bem como pelo fato de que o atraso no diagnóstico e a consequente destruição das células do sistema imunológico pelo vírus HIV favorece o aparecimento de doenças oportunistas que são a principal causa de óbito nestes pacientes. A pesquisa se justifica, pois com os dados coletados poderemos conhecer as manifestações clínicas dos pacientes portadores de HIV/AIDS e as possíveis atitudes discriminatórias que possam ter sofrido durante atendimentos nos serviços de saúde, visando ampliar o conhecimento sobre a doença na região do Meio-Oeste de Santa Catarina, divulgando aos profissionais envolvidos os resultados encontrados de modo a proporcionar um atendimento mais resolutivo e humanizado nas unidades especializadas. METODOLOGIA A SER USADA: Sua avaliação sobre eventuais atitudes discriminatórias de sua parte serão obtidas por meio de uma entrevista individual, orientada por um questionário, previamente agendada e que será realizada no seu local de trabalho, incluindo-se os profissionais enfermeiros, médicos e dentistas que trabalham nas equipes de saúde do município de Joaçaba. Sua identidade será preservada e o sigilo mantido de forma absoluta. DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A participação neste estudo não deverá causar riscos físicos à sua saúde, pois você não vai ser submetido a nenhum tipo de procedimento ou de coleta de material. Poderá existir apenas um mínimo risco de caráter psicológico, caso você sinta algum constrangimento em responder as questões sobre atitudes discriminatória do questionário. Espera-se que os resultados divulgados possam contribuir para a melhoria da atenção à saúde nas unidades especializadas de Joaçaba, podendo, assim, trazer benefícios ao seu desempenho profissional e à saúde dos portadores do vírus HIV. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você poderá solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer etapa do estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação na pesquisa a qualquer momento, seja por motivo de constrangimento e ou outros motivos. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e assinado em duas vias, uma cópia será fornecida a você e a outra ficará com a pesquisadora responsável. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A participação no estudo, não acarretará custos para você e não será disponibilizada 92 nenhuma compensação financeira. Se você tiver algum constrangimento ou dano psicológico poderá entrar em contato com a pesquisadora que prestará apoio e fará os encaminhamentos que se fizerem necessários, sem custo para você. Eu,_______________________________________________________________fui informado(a) dos objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e ou retirar meu consentimento. Os responsáveis pela pesquisa certificaram-me de que todos os meus dados serão confidenciais. Em caso de dúvidas poderei chamar a pesquisadora responsável, Lilian Tania Amorim pelo telefone (49) 9127-6266 ou entrar em contato no seu endereço na rua Pará número 97, Bairro Santa Tereza, no município de Joaçaba/SC ou, ainda, entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Unoesc e Hust, Rua Getúlio Vargas, nº 2125, Bairro Flôr da Serra, 89600-000- Joaçaba – SC, Fone: 49-3551-2012. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Assinatura: ___________________________________________________________________ Nome legível: ___________________________________________________________________ __________________________ Lilian Tania Amorim Pesquisadora Joaçaba,______/______/______ 93 APÊNDICE C - Questionário Pacientes 1. Número: ________ 2. Idade: ________ 3. Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino 4. Estado civil ( ) Solteiro ( ) União Estável ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado/separado 5. Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Primeiro grau incompleto ( ) Primeiro grau completo ( ) Segundo grau incompleto ( ) Segundo grau completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo 6. Situação Profissional: ( ) Trabalhando ( ) Recebendo benefício ( ) Aposentado ( ) Desempregado 7. Profissão: _________________________________________________ 8. Renda: _______________________________ 94 9. Tempo de diagnóstico:________________________________________ 10. Usa TARV ( ) Sim ( ) Não 11. Usa corretamente e regularmente a medicação? ( ) Sim ( ) Não 12. Há quanto tempo faz uso da medicação: _________________________ 13. Alguma vez você se sentiu discriminado durante um atendimento nos serviços de saúde de Joaçaba ( ) Sim ( ) Não 14. a) Caso a resposta para a pergunta anterior seja sim, em que local você se sentiu discriminado ( ) Unidade básica de saúde ( ) Centro de testagem e aconselhamento ( ) Hospital/Emergência ( ) Clínica odontológica ( ) Outro 14. b) Você poderia descrever em palavras como foi essa discriminação? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 14. Por parte de qual tipo de profissional você foi discriminado? ( ) Médico ( ) Enfermeiro ( ) Dentista ( ) Técnicos de enfermagem ( ) Pessoal da administração 95 ( ) Recepcionistas ( ) Outros 15. Você já sentiu preconceito em outros setores da sociedade? ( ) Sim ( ) Não 16. Você já teve problemas no trabalho por ser soropositivo? _________________________________________________ 17. Você acha que o fato de ser soro positivo é um determinante negativo em suas condições de vida? ( ) Sim ( )Não 96 APÊNDICE D – Questionário Profissionais de Saúde 1. Número: ________ 2. Idade: ________ 3. Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino 4. Profissão: ___________________________________________________ 5. Você se sente desconfortável ao atender um paciente com diagnóstico positivo para HIV? ( ) Sim ( ) Não 6. Você toma precauções extras de biossegurança quando atende um paciente soropositivo? ( ) Sim ( ) Não 7. Você já observou algum tipo de preconceito por parte de um membro de sua equipe de trabalho em relação aos pacientes soropositivos? ( ) Sim ( ) Não 8. Você revelaria aos seus colegas caso fosse soropositivo? ( ) Sim ( ) Não 9. Você acha que os pacientes soropositivos são discriminados nos serviços de saúde em geral? ( )Sim ( )Não 10. Se fosse possível você se recusaria a prestar atendimento eletivo para um paciente soropositivo? ( )Sim ( )Não Por quê? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________