Medo de quê?

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Diário
de uma mulher aos 25
Por Paula Salgado
Diário de uma mulher aos 25
Dedicatória
Foram muitos os homens que cruzaram o meu caminho um dia. Seja
como amigos ou parceiros, deixaram marcas. Uns marcaram-me
muito, outros nem deixaram memória… Aos que me marcaram,
fazendo-me rir ou chorar, que quiseram curtir ou chegaram a amar,
mas, acima de tudo, principalmente aos que me fizeram sofrer:
dedico-vos este livro, pois foi graças a vocês que me tornei a mulher
que sou hoje. Amei, chorei, ri, sofri… mas cresci!
Obrigada a todas as pessoas que passaram na minha vida “literária” e
que me incentivaram a não deixar de escrever os meus “rabiscos”.
Não vou nomear… vocês sabem quem são.
1
Diário de uma mulher aos 25
Palavras e Sentimentos
Escrevo, aquilo a que chamam, poesias…
Nelas, coloco meus sentimentos…
Sejam eles certos ou errados,
Sejam falsos ou verdadeiros,
Puros ou subjugados,
Sejam apenas queixas ou desabafos…
Palavras sentidas…
Raramente pensadas…
Com elas, falo do sentir, do interagir…
Muitas vezes sem pensar nas consequências…
Palavras soltas… palavras perdidas…
Momentos reais… palavras vividas…
No escrever, ficciono a minha vida,
Escrevo minha óptica,
Toco na ferida…
Ferida aberta… que ironicamente,
Por muita dor que me cause,
Me inspira… que ironia…
Por vezes injusta, por vezes bruta,
Assim me vê quem faz dos meus textos leitura…
Por vezes inocente,
Por vezes doce,
Assim me vê quem comigo sente
As palavras que escondem meus sentimentos…
Palavras esquecidas… palavras…
Palavras que não cheguei a dizer…
Que apenas consegui escrever…
Encontrei na escrita
Uma forma de me exprimir,
Uma forma que facilita
Exteriorizar o meu sentir…
Demasiado sonhadora… demasiado intuitiva…
Demasiado coração aberto…
De coração na boca,
Na ponta do lápis com que escrevo…
2
Diário de uma mulher aos 25
Por vezes certa e errada…
Esta sou eu…
Sou a Paula,
Que hoje se sente revelada…
A mulher de palavras e sentimentos…
08.03.2010
3
Diário de uma mulher aos 25
Em 2010, a caminho dos 25 anos, parecia que a vida de Luana ainda
não tinha rumo certo no que dizia respeito ao amor: o namorado, o
amor dos 19 que regressara depois de um fim nada normal e um ou
dois “amores” na Internet…
Parecia uma novela e novela se tornou.
Num primeiro momento, o namorado, o primeiro amor e um amor
platónico e impossível na Internet invadiam-na com sentimentos
contraditórios… Nenhum vingou.
Num segundo momento um outro amor platónico surge e parece que
clareou e apagou tudo anteriormente vivido… mas revelou-se mais
uma desilusão…
Luana sempre teve o sonho de ser escritora, mas faltava sempre a
coragem e o dinheiro para seguir o seu sonho. Então, decidida a
seguir o seu sonho, mesmo que sozinha, decide escrever, escondida,
as vivências daqueles últimos meses como se de um diário se
tratasse.
4
Diário de uma mulher aos 25
I
5
Diário de uma mulher aos 25
A janela do meu ser...
Olho através da janela…
Lá fora, tu vagueias…
Procuras algo… não sei o quê…
Mas procuras, procuras… e nada!...
E eu te olhando através da janela…
É uma janela sem portas que a encerrem,
Uma janela transparente…
Essa janela, são meus olhos
E lá dentro, a imensidão de minha alma…
Lá dentro, o caminho aberto para o meu coração…
Olho através da janela…
Agora sou eu quem se perde…
Procuro-te e não te encontro…
Mas ainda há pouco te vi!
Onde estás? Onde estás?
Ah… na minha alma…
Esqueci-me que para te encontrar
Não é lá fora que tenho de procurar…
Não te vejo, não te oiço…
Mas sinto-te…
Nesse universo de desejos,
Nessa penumbra de receios e medos,
Nessa confusão de sentimentos
Que tu causaste em mim…
Que tu…sim tu!...
Que tu encerraste para sempre dentro deste ser inacabado.
O único lugar onde eu sei,
Possivelmente, te encontrarei…
Do outro lado,
O revés da minha alma…
05.02.2010
6
Diário de uma mulher aos 25
Alma quebrada
Como um espelho partido e esquecido no chão…
Foi assim que me deixaste no dia em que transformaste
Meu coração em mil pedaços…
Fiquei vazia…
Vazia de sentimentos…
Vazia de alma…
Vazia de ti…
Não quebraste apenas o meu coração.
Quebraste também o meu corpo.
Esse corpo…
Esse corpo que tantas vezes usaste,
O corpo com o qual tanto saciaste
Esse teu desejo unicamente carnal…
O corpo que muitas vezes deixaste esquecido debaixo do lençol…
Deixaste-me só…
Levaste o meu amor próprio,
Levaste o meu chão…
Deixaste uma mulher triste,
Amargurada e nua…
Mas não um nu físico…
Deixaste-me nua de esperança,
Nua de espírito…
Com medo de me partir,
Pois levaste também a minha vontade de amar de novo…
Agora, esta alma vazia e fria
Não tem sonhos, não tem anseios…
Só receios…
Esta alma que desprezaste … desapareceu…
Resta uma montanha de estilhaços
De tão grande que era a alma
Que, um dia, tu quebraste…
Restou… Restou uma alma quebrada…
05.02.2010
7
Diário de uma mulher aos 25
Quando o amor me encontrou...
Como algo arrebatador,
Como um calafrio suave…
Assim tu entraste em mim…
Contornaste minhas defesas,
Escancaraste as portas do meu coração…
E como a noite vem, pouco a pouco,
Cobrindo o manto azul do mar,
Assim tu te apoderaste de mim,
Alojando-te em meu corpo,
Como se de uma neblina se tratasse…
Percorreste cada ponto do meu corpo
Como sangue ardente…
Tão ardente… como o desejo que me envolveu,
Que tomou conta de mim…
Tornaste meu corpo fraco,
Desfalecendo a cada movimento teu
E a cada investida tua, a verdade,
Nua e crua,
É que meu corpo era mais teu…
Então, em êxtase, meu corpo desfaleceu calmamente.
Calmamente…
Reviraste minha alma,
Quando desfaleceste em mim…
Ah… quando desfaleceste em mim…
Foi o momento!
Reviraste a minha alma…
06.02.2010
8
Diário de uma mulher aos 25
Coração ou Razão?...
Meu coração diz-me que te ame…
Meu coração diz-me que deixe o sol iluminar
As trevas que se abateram sobre ele…
A escuridão…
As sombras da mulher que fui um dia…
Profundamente,
Num lago imenso de sentimentos esquecidos,
Jazem meus sonhos…
Sonhos por ti assassinados…
Mas meu coração diz-me que te ame…
Um vulcão extinto,
Uma cascata sem fundo,
Sem jangada que a atravesse…
Assim estou por dentro…
Perdida…
Uma luta constante
Entre a razão e o coração,
Entre o certo e o errado.
Mas meu coração diz-me que te ame…
Deixo entrar o sol?
Permanecem as trevas?
O que faço!?
Que se imponha a razão…
Mas meu coração implora que te ame…
Para que se liberte,
Para que volte a ver a luz…
Agora a escolha…
Seguir o coração ou a razão?...
08.02.2010
9
Diário de uma mulher aos 25
Alguém especial
Alguém diferente...
Olhas nos meus olhos e vês o meu coração...
Não entendes apenas minhas lágrimas,
Entendes também o momento de me confortar…
Não sorris por sorrir… E fazes-me sorrir….
Não o sabes...
Mas fico feliz quando vens...
Olho-te na expectativa de um sorriso…
Espero-te…
Assim como o sol espera pelo amanhecer…
Espero-te…
Assim como a Lua espera pela noite,
Certa de que virás…
Não me importa se vens através de telas...
O que importa, é que vens…
Escolhi-te como amigo...
As tuas palavras são firmes...
Consegues fazer-me acreditar.
Talvez não saibas, mas quando me falas...
Quando brincas comigo…
Quando me escutas...
Assim...
Cativas-me...
Oiço o teu sorriso, através dos sons do teclado.
Oiço o teu coração através do meu coração,
Sinto tua alegria através da minha alegria...
Nunca deixes de vir...
Só conhecemos a importância dos verdadeiros amigos,
Quando começamos a perceber a sua ausência,
Quando chamamos por todos,
E somente um vem...
Somente o especial…
09.02.2010
10
Diário de uma mulher aos 25
Medo... de quê?
Medo de mim?
Medo do amor?
Medo dessas chamas que te queimam,
Que te consomem por dentro
E que nem a brisa gelada,
Nem essa chuva revoltada
Vão conseguir apagar?
De voltar a desejar e ser desejado?
De amar e ser amado?
De deixar acordar seu coração adormecido,
De deixar reviver,
De deixar voltar essa dor dilacerante?
Sim, dor… amar, também dói…
Mas medo… medo pra quê?
Medo de quê?...
De voltar a sonhar?
De abrir teus olhos, tristes,
E reencontrar a luz do meu olhar que…
Do meu olhar que te busca incansavelmente?
Deixar de ser livre?
Mas será que o és?...
Será que o foste um dia?
De seres tu novamente e
De renascer para a vida?
A vida que tu deixaste passar por ti…
Ou foste obrigado a deixar passar…
Mas medo… medo pra quê?
Medo de quê?
Medo de me sentir,
De sentires meu corpo…
Ardendo por ti…
Um vulcão prestes a eclodir…
Medo de quê?
Medo de viver…
10.02.2010
11
Diário de uma mulher aos 25
O Túnel do Tempo
Quis voltar no Tempo…
Mas perdi-me nas épocas e
Foi então que o Tempo me aprisionou…
Era de novo uma adolescente…
Tu, o meu primeiro amor…
Beijava-te pela primeira vez…
Ah… como fui feliz…
Felicidade inocente e pura…
Nova investida no Tempo,
A visita a uma nova era…
O branco, brilhante e resplandecente,
Cobria o meu corpo…
A meu lado estavas tu…
Como sempre …tu…
Não me lembro de ouvir os sinos tocarem…
Lembro-me apenas…
Novamente em queda livre,
Acordei numa nova vida…
Mas… mas não eras tu quem me recebia…
Ah… tudo novo, tudo estranho…
Novos sentimentos, um novo eu,
Um novo tu… mas novamente feliz…
Mais uma peça movida,
Mais uma imagem descoberta!
Aterrei…
Vi-te de novo, vi o velho eu…
O primeiro beijo repetido
E a felicidade… a tal felicidade!
Já não era inocente e pura!...
Lembro-me perfeitamente…
Os sinos não tocaram!
O branco foi rasgado,
A amarra foi devolvida!
E a adolescente… a adolescente foi esquecida!
Encontro-me aqui , agora…
Perdida e presa…
Perdida e presa ao Túnel do Tempo
12
Diário de uma mulher aos 25
Em que se transformaram as minhas memórias…
No Túnel do Tempo por vezes perdemo-nos,
Por vezes encontramo-nos…
Por vezes enganamo-nos,
Por vezes revivemos momentos felizes…
Mas…
De que vale poder voltar no Tempo,
Se nada pode ser alterado?...
15.02.2010
13
Diário de uma mulher aos 25
Que importa?
Apenas nós aqui dentro…
Nosso desejo vence…
Vence tudo o que vai lá fora…
Tudo o que nos rodeia…
E é isso que importa agora!...
Nossas carícias, mesmo que banais,
São ao mesmo tempo carnais e ferozes,
Mas vencidas pela emoção
Que apenas existe num amor puro e verdadeiro…
Lá fora um mundo que corre…
Mas parou aqui!...
Uma imensa natureza,
Cheia de luz e vida…
Mas que morreu aqui!...
Aqui entre nós…
Está o que importa…
Deixemos falar nossos corpos
Numa linguagem serena e universal…
Deixemos fluir nossos sentimentos
Mesmo que num momento quente e imoral…
Se a vida não vive mais,
Se a noite virou dia,
Se a alegria virou tristeza,
Se o brilho escureceu!…
Que importa?!
Que importa tudo isso,
Se, olhando nos teus olhos,
Tu dizes que me amas?...
Teus olhos não mentem
E reflectem o que se lê nos meus…
Que importa o que vai lá fora,
Se o teu amor me basta?…
15.02.2010
14
Diário de uma mulher aos 25
Desabafo
Alguma vez te disse o que sentia?
Eu disse-te que,
Cá dentro, meu coração bate por ti…
Disse-te que,
Ao fechar os olhos, te vejo em sonhos…
Mesmo que acordada…
Disse-te que,
Quando estou só,
És a minha única companhia…
Mas alguma vez te disse o que sentia?
Muitas vezes, aqui deste lado,
Conspirei encontrar-te…
Tornar visível o invisível…
Tu… que estas sempre aqui,
Embora não consiga ver-te…
Baixei minhas defesas,
Os canhões não mais dispararam
E tu ficaste em mim para sempre…
Como um raio de sol,
Através da noite escura,
Tu chegaste…
Para não mais partir…
Mas alguma vez te disse o que sinto?
Não, não disse…
Faltaram as palavras certas…
Faltou a coragem…
Venceu a angústia de um amor não correspondido…
Venceu o medo de amar sozinha…
Alguma vez te disse que te amo?...
16.02.2010
15
Diário de uma mulher aos 25
Fugindo de sentir...
Estou aqui, mas afasto-me...
Por tudo o que disseste e não disseste,
Pelo que eu dei e tu aceitaste,
Por tudo o que quis e consegui!
Estou aqui, mas afasto-me...
Pelo medo de te perder,
Pela coragem de te querer
Mesmo quando me dizem que não o faça.
Estou aqui, mas afasto-te…
Por desejar ter-te aqui, comigo,
Como amor, amante ou amigo,
Como companheiro nesta aventura que é a vida…
Estou aqui, mas afasto-me...
Pela alegria que me deste,
Pela tristeza que dissolveste em mim
Ao devolver meu amor…meu coração…
Estou aqui, mas afasto-te...
Por te fazer sofrer,
Por ME fazer sofrer!
Por … por não te esquecer…
Estou aqui, mas afasto-me...
Por sonhar uma realidade impossível,
Por viver o que não podia ser vivido,
Por dizer o que não deveria ser dito…
Estou aqui, mas afasto-te...
Por nos encontrarmos em sonhos,
Nos amarmos em consciência,
Por nos desejarmos em palavras
E nos entregarmos em pensamentos…
Estou aqui, mas afasto-me!!!
Por te amar,
Eu te afasto… eu me afasto e…
Me aproximo cada vez mais…
22.02.2010
16
Diário de uma mulher aos 25
Tuas defesas
Tu te proteges…
Porquê?
O que aconteceu para fechares o teu coração?
Ao seu redor, armaste uma enorme muralha
Que não consigo transpor,
Que não me deixa aproximar de ti…
Fala-me de ti com saudade,
Mas com atitude!
Diz-me o que sentes…
Deixa-me entrar no teu mundo…
Baixa tuas defesas comigo,
Como já o fizeste antes…
Mas te fechaste de novo!
Porquê!?
Tu te proteges…
De mim… do meu carinho…
Te proteges da mulher em que me transformaste.
Uma mulher aberta ao amor…
Uma mulher disponível para acalmar teu coração
E torná-lo compatível com o meu.
Mudaste-me… sim…
Mudamos juntos…
Mas tu te proteges…
Porquê?
Contigo aprendi uma nova forma de amar…
Menos egoísta… mais dada.
Escrevo o que sinto… por ti…
A minha poesia é simples e única no escrever…
Tal como o meu carinho…
Esse carinho que escrevo todos os dias no teu coração…
Tu te proteges…
Não precisas… não de mim…
23.02.2010
17
Diário de uma mulher aos 25
Começo
Tu foste o amigo…
Aquele amigo com quem sempre pude contar.
Não houve momento em que não estivesses lá…
Fosse alegre…fosse triste…
Estavas lá quando precisei,
Quando supliquei um ombro para chorar…
Foram muitos os desgostos
Que ajudaste a adoçar…
Tantas as lágrimas que ajudaste a secar…
Tantas as que não deixaste correr…
E muitas alegrias partilhadas…
Mas um dia… um dia tudo mudou.
De repente… não eras mais o meu ombro amigo,
O meu companheiro, o meu irmão…
Eras o meu amor… e dono do meu coração…
Numa tarde de chuva,
O céu baptizava nosso amor…
A chuva caía e eu…eu caía em teus braços.
Nos tornámos amantes.
Passámos de escondidos a assumidos,
De melhores amigos a namorados…
Assim começou um grande amor…
24.02.2010
18
Diário de uma mulher aos 25
Sonho
Noite após noite penso em teus olhos…
Vejo teu rosto esculpido na lua…
Quero te ver, te ter… aqui…
Mas não posso!
Estou deprimida… choro…
Mas um choro de felicidade,
Pois apesar de não te ter aqui,
Meu coração está sereno… por ti…
Relembro tua boca
Me dedicando doces sentimentos…
Relembro teus olhos
Me trespassando com olhares sinceros…
Relembro teu beijo
Que nunca senti… mas tanto idealizei…
Ah… tuas mãos…
Relembro como elas me tomaram,
Transferindo para mim teu desejo.
Desejo teu corpo… quente… desnudado…
Vigoroso… suado…
Por mim beijado e acariciado…
Por mim tomado de prazer!
Desejo-o assim, aqui, junto de mim…
Tua nudez fez corar meu coração,
Tornou minha respiração ofegante,
O meu sangue veloz e quente…
Nossos corpos, exaustos, se tornaram um só…
Dia após dia, ao acordar,
Relembro nossas noites loucas,
Escaldantes… dois loucos, insaciáveis…
Noites intermináveis,
Mesmo que só vividas em sonhos…
24.02.2010
19
Diário de uma mulher aos 25
Aqui... sempre...
Dizem que tudo tem uma razão de ser…
Então, por algum motivo entraste na minha vida…
Te recebi de braços abertos…
Sem perguntas… sem julgamentos…
Apenas te ouvi.
Me esqueci de mim, por ti…
Abri meu coração… deixei entrar tua tristeza…
E tua alegria… contagiante.
Me tornei tua amiga,
Ouvinte nas horas boas e más…
Te esperei… sempre com uma palavra de conforto,
Uma palavra de esperança…
Nem sempre vieste,
Nem sempre me procuraste…
Mas eu estou aqui…
Meu amigo, sabes que podes contar sempre comigo.
O acaso nos uniu,
Como tu mesmo um dia disseste…
Mas nós fizemos questão de o contrariar…
E nos afastamos…
Dizem que a distância física provoca a distância da alma…
Verdade? Mentira?...
Não sei… mas…
Será isso mesmo que aconteceu com a gente?
Será?
Eu te sinto longe… o tal longe de alma…
Respeito teu espaço, teus sentimentos…
Meu amigo… sim… meu amigo…
Obrigada.
Te devolvo o espaço que um dia invadi,
Mas saiba que… quando precisar de uma palavra amiga,
Um ombro para desabafar, uma crítica
Ou de um puxão de orelhas
Estarei aqui… te esperando…
Amigos são para isso também…
Para dar um simples sorriso
Para acalmar um coração angustiado…
Aqui… sempre…
01.03.2010
20
Diário de uma mulher aos 25
Ciúme
Sinto frio… um tremor…
Levada por este frio, te acuso…
Te acuso injustamente
Neste dilúvio de emoções,
De sentimentos negativos,
Possessivos!...
Na minha mente, más memórias trazem receios…
De enxurrada, coisas horríveis
São arrastadas pela corrente…
Sei que não existem,
Mas me fazem sofrer…
Dor… angústia…
Esses sentimentos dilacerantes
Deixam meu coração sangrando
De tanto sofrimento…
Como podem falar em prova de amor?
Nunca!...
Quem ama não faz sofrer…
Objecto de dor? Sim…
Uma doença que nos deixará sós…
Ah, Maldito Ciúme!...
Abandona meu coração!...
Leva contigo este sofrimento,
Esta angústia… esta insegurança…
03.03.2010
21
Diário de uma mulher aos 25
Beija meus olhos tristes...
Subi os degraus da vida…
Lá em cima, vi o fim…
Nessa altura andei…
Andei sem rumo, sem objectivo…
Cansada e morta…
Bati na tua porta
Sem que ela se abrisse para mim…
Beija meus olhos tristes…
Não te vás assim…
Não me destruas…
É que, apesar de saber que não sou tua,
Eu não quero… não quero prender-me a mais ninguém…
És tão meu…
Estás em mim… eternamente…
Eu sou tua… tão tua…
De corpo, alma e coração…
Te amo… te amo fora do controle da razão, pois…
Ela me impede de cumprir minha pena…
Fui condenada a amar-te…
Beija meus olhos tristes…
Se algum dia surgir outra mulher,
Irás sentir para sempre, contigo,
O calor… o meu calor!
A presença desta mulher que não quiseste,
Que não desiste…
Que desdenhas, mas sabes
Que ainda te quer…
Beija meus olhos tristes…
Enquanto não caio no pesadelo.
Deixa-me viver este sonho!
Beija meus olhos tristes, meu amor…
Oh… meu triste amor…
05.03.2010
22
Diário de uma mulher aos 25
Caiu a Máscara
Chegaste com palavras bonitas,
Com galanteios…
Me convenceste a assistir à tua peça…
Nela, eras o actor principal…
E na plateia, apenas eu…
As cenas eram perfeitas,
O guião era de mestre…
Falavas de sentimentos,
De medos e anseios…
Da plateia eu te aplaudia…
De lá, não consegui vislumbrar teu rosto
E, então, fui me aproximando…
A peça continuava…
Lá de cima, no palco, me observavas…
Tuas palavras eram flechas,
Disparadas directamente ao meu coração…
Eu me aproximava mais e mais…
Teu diálogo, estudado,
Me enchia de esperança,
De sonhos inconscientemente realizados…
Era um texto de mestre…
E a peça continuava…
A cada passo meu em tua direcção,
Tu recuavas, para a escuridão…
Sim. O palco estava escuro,
Envolvido na penumbra…
Espectáculo triste…
Quanto mais me aproximava do palco,
Mais tu recuavas… e recuavas…
Te escondeste!
Mas eu te segui!
Quando cheguei a ti,
No palco, tu fugiste!
Te calaste! Me ignoraste!
Me desprezaste!
Nem me dei conta,
Mas estava assistindo a uma Farsa!...
Podes aparecer!
A peça terminou!
O pano desceu e tua máscara caiu…
05.03.2010
23
Diário de uma mulher aos 25
Acabou...
Tentámos, mas não deu…
A vontade de ter-te aqui findou…
O encanto terminou
E meu coração não é mais teu…
Tentámos… mas…
Mas foram tentativas fracassadas.
Foste o príncipe encantado
Que descobri no meu conto de fadas…
Mas… acabou…
Meu coração ganhou asas…
E voou… voou para bem longe… de ti.
Um lugar para ficar ele encontrou…
Um lugar onde quebrou as asas,
Para não mais voar
E lá ficou para não mais voltar…
Por isso… acabou…
Teu sofrimento é grande,
Eu sei… mas passa… com certeza passa…
O que eu não podia era permitir…
ME permitir continuar a fingir,
Omitir que não era mais tua…
Porque… acabou…
Acabou o desejo… o companheirismo…
Acabou o amor e…
Tudo se abateu sob esse sismo,
O tremor que abriu esse abismo,
Que acabou com esse enlace
E não permitiu que meu coração aqui ficasse…
Para quê complicar?…
Para quê insistir… e insistir…
Forçar algo que estava condenado a não resultar?
Porque, se até um dia a vida tem um fim,
Também nós teríamos um fim um dia… nessa vida.
Depois de tantos meses juntos,
Meu coração não é mais teu… nem meu…
Desculpa… mas acabou…
08.03.2010
24
Diário de uma mulher aos 25
Menina Mulher
Desejo te sentir junto de mim,
Sentir o teu corpo colado ao meu.
Assim… juntos… até ao fim…
Quando penso em ti,
Idealizo como seria perfeito,
Nós dois, em pleno leito,
Entregues ao prazer… ao amor…
No meu ouvido, sussurras palavras lindas…
Sussurras que me amas,
Que em teu corpo avivo as chamas…
As chamas há muito retraídas…
Dizes que sou a única que queres…
Hoje… amanhã… para toda a vida…
A única pela qual sentes paixão…
Já sentida… mas esquecida…
Percorres meu corpo com carícias
E todo ele estremece… de te ouvir…
De… de te tocar…
E de te sentir…
Esta sensação de ser amada…
Beijada… tocada e acariciada…
Possuída!... como se fosse a primeira vez…
Sinto-me feliz.
Por favor… torna este momento ideal,
Impossível de esquecer…
Realiza meu sonho…
Faz, do carinho, bem querer…
Mata meu desejo…
Faz, da menina, uma mulher…
13.03.2010
25
Diário de uma mulher aos 25
Esperar não basta...
Obstáculos surgem…
Mas não há caminho que não tenha saída…
Não há tempo que não cure ferida…
Os caminhos se repetem… se repetem…
Até se aprender a contorná-los…
Por enorme que seja a tristeza
E confusa que seja a sua existência,
Não devemos sucumbir à sua frieza.
Pois, a ajuda, mesmo que tardia,
Vem mesmo sem ser pedida…
A solidão, amiga das horas más,
Se combate com amizade,
Que reconstrói seres quebrados,
Por dentro… na mente… no coração…
Cura as cicatrizes… ameniza os estragos…
E relembra que nada… mesmo nada foi em vão…
Por vezes nos trancamos por dentro… em nós,
Não permitindo que, do lado de fora,
A vida nos segure em seu semblante
E nos embale ao som da sua voz…
Por vezes desafinada, mas… aberta à mudança…
Por muito que nos encontremos perdidos,
Há sempre alguém para nos encontrar
E… entre caminhos divididos, por vezes esquecidos,
Nos aponta o caminho a seguir…
Mas… não podemos apenas esperar…
Nos fechar e o sofrimento calar,
Pois, para que esse alguém chegue
E nos salve, devemos aprender a nos dar…
Só existe um caminho sem saída,
Sem retorno e imposto pela vida…
É a morte… mas…
Até essa pode ser combatida!
Resta ir à luta, pois…
Na guerra do Destino, quem luta, vence!...
15.03.2010
26
Diário de uma mulher aos 25
Nós...
EU:
Estamos num ponto sem retorno.
Podemos viajar até ao passado, mas… mas nada mudará.
Fui eu quem escolheu este caminho…
Eu não posso controlar se continuo ou se me afundo…
VOCÊ:
Apesar de minhas fraquezas,
Ainda tenho forças para acreditar
Que se pode escolher entre estar certo ou errado.
EU:
Mesmo se o amor desaparecer
Eu inventarei suas cores…
E... e se ele tardar em voltar,
Eu inventarei as horas…
Não há outra maneira...
Estás mudado…
E algumas coisas simplesmente nunca serão minhas...
Desta vez não estás apaixonado…
VOCÊ:
Eu queria ter te oferecido o melhor do meu ser
Ao invés de ter partido…
Fazer renascer tudo entre nós
Ao invés de mentir…
Falar das nossas diferenças
Ao invés de fugir…
EU:
Não faz diferença quem está certo ou errado,
Mas eu mereço muito mais que isso…
Só há uma coisa que eu quero
E… se não foste feito para isso,
Então não és tu quem eu procuro…
Tu querias, mas não pudeste dar-me mais…
VOCÊ:
E se eu fosse? Se fosse o que procuras?
Eu saberia me entregar?
Mesmo que fosse preciso aprender tudo… aprender tudo de novo?
27
Diário de uma mulher aos 25
EU:
Qual a tua definição de único?
VOCÊ:
Como definir o amor sem ti?
Perante todo este sacrifício,
Eu recuso esse amor…
Gostaria de te ter oferecido o melhor do meu ser…
EU:
Mas estas são as águas que escolheste…
VOCÊ:
São as águas das quais tu me podes salvar…
Das quais eu quero ser salvo… por ti.
EU:
Então vem… estou aqui.
17.03.2010
28
Diário de uma mulher aos 25
Porque me faltas tu...
Porque será este aperto no peito?
Os dias sem fim,
As noites desperta…
Que te levam para longe de mim…
Meu rosto de fingida alegria
Esconde uma alma vazia…
Meus fingidos bons momentos
Escondem minha angústia…
Porque será?
Os dias quentes se tornaram frios.
Neste momento, na música,
Suas letras se tornaram desatinos,
Sons de desencanto da, outrora, nossa melodia…
Os poetas perderam seu dom.
Se tornou mau, o que antes era bom…
Porque será?
Os rios…
Esses já não correm para o mar…
As ondas…
Essas não tocam mais meus pés,
Mas levam recados para ti…
Neles nem sempre me consigo exprimir,
Pois, como que a ordem do coração,
As palavras preferem se calar.
Porque será?
Porque não te tenho…
Porque me faltas tu…
20.03.2010
29
Diário de uma mulher aos 25
Destino
A lua me vestiu de branco….
Esta noite ocupo o seu lugar
E te protejo com meu encanto,
Te cubro com meu manto de luz…
Mas este meu novo ser,
Me mantém longe de ti…
O céu me fez chuva…
Neste triste dia sou a tempestade,
Sou os raios, os ventos, a chuva
Que esconde tuas lágrimas de saudade…
Mas, mesmo caindo sobre ti,
Não paro e cumpro meu destino…
O mar me fez espuma…
A espuma do quebrar das ondas,
Que na praia, brincando,
Se deleita a teus pés…
Esse beijo tão solene, tão puro,
Tão curto, mas tão intemporal…
A natureza me fez rosa…
Nasci aqui, sem contar,
Neste mundo de ervas daninhas.
Uma rosa vermelho ardente,
Como aquele amor que me tinhas…
Me arrancaste daqui… me salvaste
Deste mundo de mentiras…
Agora, sou a luz…
Sou o único rei sem rainha,
Pois, de noite, ela reina
E de dia, por ela, ele suspira…
Como o sol e a lua…
Dois amantes destinados a viver separados…
Corri toda a natureza…
Muitas vezes te encontrei,
Mas em nenhuma delas realmente me encontrei…
Apenas segui o curso do destino…
24.03.2010
30
Diário de uma mulher aos 25
Lua e Sol (Amor Proibido)
LUA: Meu rei, vivo de noite sonhando com o dia…
SOL: De dia, sonho em te fazer minha rainha…
LUA: Me prolongo em noites curtas na esperança de alcançar o dia
para te encontrar… mas em vão…
SOL: Não! Nada é em vão!... Minha rainha, bem sei que és lua,
mas tens coração…
LUA: Sim, coração eu possuo… e, neste impossível amor, ele bate por
ti…
SOL: Oh, pobre de ti… pobre de mim… lutamos contra o tempo…
LUA: Lutamos contra a Mãe Natureza, contra o Seu Criador…
SOL: Lua, um dia… um dia serás minha… serei teu senhor!
LUA: Quando isso acontecer, nada mais eu vou temer…
SOL: Seremos um só… o Mundo terá de se render a este amor…
LUA: Sim! Te quero, meu senhor… Mas, até lá… até lá nos
encontramos na melhor de minhas fases…
SOL: Quando eu me deito…
LUA: Quando eu renasço para ti…
SOL E LUA: Para esse amor proibido…
27.03.2010
31
Diário de uma mulher aos 25
Confesso…
Estou com medo daquilo que sinto…
Amor… ciúme…
Pensamentos ruins passam pela minha cabeça…
Te querer e ter medo de perder…
Te desejar e ter medo de ter…
Preciso mais do que me podes dar…
Isto ultrapassou todos os limites… fui longe demais.
Não podes imaginar a incerteza,
O turbilhão de sentimentos que há dentro de mim…
Não podes imaginar como me sinto, o que penso…
Não duvido de ti, como disseste com frieza.
Se duvidasse, não teria feito o que fiz.
Desculpa se te ofendi…não era a intenção…
A dúvida é só uma…
O que sinto, eu sei bem.
Mas e tu? O que sentes?
A brincadeira virou desejo…
Virou paixão… mas…
Agora virou muito mais…
Eu não deveria tê-lo permitido…
Desculpa como falei contigo.
Pedi-te aquilo por medo…
Medo do que sinto e medo do que não sentes…
Medo de ter despertado em ti, além da amizade e do carinho,
Apenas desejo, loucura…
Quando neste momento queria muito mais…
Tolice, não?
E por raiva… não de ti.
Raiva de mim…
Por ter permitido que tudo isto fosse longe demais.
Por me ter permitido sentir o que não devia… ou devia?
Raiva de ter a certeza (ou incerteza?) de que não sentes o mesmo.
Raiva por não ter parado antes de te amar.
Parece impossível, não é?
Delírio?
Não.
Quem dera que compreendesses… que sentisses…
32
Diário de uma mulher aos 25
Isto não é mais uma poesia…
É o meu coração aberto para ti…
Agora… eu confesso… te amo…
Desculpa.
30.03.2010
33
Diário de uma mulher aos 25
Amor
Amor...
Sentimento que todos querem…
Sentimento que nem todos têm...
Amor…
Esse poema feito a dois
Que mora dentro do nosso ser…
Amor… poema…
Poema de versos simples,
Que depois rimam e nos ajudam a viver…
Amar na presença…amar na ausência…
Rir juntos nos bons momentos,
Não deixar a lágrima do outro cair
Mesmo que nos esteja a ferir…
Amor é tudo o que escrevemos
Repartindo sentimentos iguais…
Depois… lidos a dois…
Transformados naquilo que dissemos,
Em momentos que julgamos ideais…
Amor…
“… é fogo que arde sem se ver”
Já dizia o poeta…
Tão grande contradição,
Não poderia ser mais certa…
Este sentimento arde por dentro…
No coração… na alma…
Amor… o combustível da vida humana…
31.03.2010
34
Diário de uma mulher aos 25
Ainda te Espero
Partiste…
Fiquei só… sem coragem…
Tua partida foi um sinal para mim…
Desististe de nós…
Sei que não era livre… mas…
Porque não me esperaste?
Precisava da tua mão… da tua força
…da tua esperança em nós…
Precisava de ti para tomar uma decisão…
E... apesar de teres desistido,
Eu a tomei…
Me decidi por ti… por ser tua…
Desisti da estabilidade,
Me decidi pela loucura…
Te esperei…
Em vão… minha espera…
Mas não minha escolha,
Pois nunca me arrependi.
Sempre discordei de ti… tu de mim…
Isso nos afastou muitas vezes… muitas vezes nos uniu…
Saudável discordar…
E… se fosses igual a mim,
Qual o valor deste amor?
Sim… este amor…
Depois de tantos anos passados
Ainda te amo…
Será que ainda há tempo?
Nossas divergências continuam…
Mas me fiz livre para ti.
É chegada a hora…
A hora de colocar de lado nossas diferenças…
Hora de nossa segunda oportunidade…
Pois… ainda te espero…
05.04.2010
35
Diário de uma mulher aos 25
Desisto...
Por ti me fiz livre.
Não o querias… não o pediste…
Mas eu precisei…
Precisei de me fazer livre,
Pois meu coração já não o era…
A ti pertencia…
Eu disse ter desistido.
Mentira…
Menti para ti… para mim…
Menti para o meu coração…
Mas ele não acreditou…
E voltei… voltei a acreditar nele…
Te recebi… em mim…
Não posso te devolver ao mundo.
Te quis aqui… te desejei…
É tarde demais…
Te dei tudo de mim…
Conseguiste muito de mim…
Tanto que mais ninguém conseguiu…
Te dei meu coração… minha alma…
Te dei meu corpo… meu ser…
Nada mais me resta para te dar.
Minha dedicação… minha amizade.
Nem sempre a cultivaste… mas dei…
Te entreguei meu amor.
Nem sempre o mereceste… mas eu me entreguei…
Mas…
Mas é Impossível!
Não posso!… não quero!…
Desisto…
Não de ti… não de mim…
Apenas desisto de nós…
09.04.2010
36
Diário de uma mulher aos 25
Estrela e Lua (Os meus porquês)
EU: Lua… tu que estás aí tão alta e que tudo vês… consegues me dar
resposta a todos os meus porquês?...
LUA: Eu estou aqui… te velo até quando não me vês…
Diz-me então, quais são os teus porquês?
EU: Porque é que o amor nos faz sofrer?
LUA: O amor não faz sofrer… as tuas atitudes… as atitudes dos
humanos perante o amor é que fazem tal acontecer…
EU: Porque é que um amor custa tanto a esquecer?
LUA: Aquilo que fica gravado no coração nunca se esquece… apenas
se desvanece… não desaparece…
EU: Porque é que um novo amor tarda em aparecer e para, quem
sabe, um antigo fazer esquecer?
LUA: Erro humano… tentar o impossível… amor antigo não se
substitui… no novo será reflectido… cada amor tem o seu lugar
cativo… quantos amaste?... quantos esqueceste?... Tentar esquecer
um amor, é recordá-lo para sempre…
EU: Poucos amei… mas nenhum esqueci… mas, minha conselheira,
porque é que esse novo amor não apareceu primeiro? Evitava um
desgosto de amor… evitava sofrimento…
LUA: Os teus porquês, por vezes difíceis de responder, têm o seu
motivo de ser…
Mas… para tantos porquês, uma resposta:
Abre o teu coração ao perdão…
Faz da vida um jogo e tudo nele aposta…
Corrige o amigo, perdoa o inimigo….
Há sempre uma nova porta… verás que serás mais feliz…
Sim… mais feliz… já o és e não sabes…
EU: Estrela… tu que estás aí tão alta e traças os destinos, mostra-me
o meu rumo… mostra-me o meu caminho…
ESTRELA: Eu mostro o caminho a quem está perdido.
Mas tu… tu não estás perdida…
Apesar de tantos porquês, em ti, tens ideia bem definida…
Acalma teu coração…
Teu rumo… teu destino… por ti será ditado…
És alma solta.
37
Diário de uma mulher aos 25
Teu fado não será por mim traçado...
Em vão esse teu desatino,
Pois és senhora do teu destino.
EU: Nesta noite fresca e escura, sobre um manto de breu,
Brilhas tu, Estrela linda,
E a Lua, escondida, lá no céu…
Como duas irmãs ciganas,
Juntas, vocês ditam nossa sina.
Imponentes, lá no alto,
O que sabem?...
Ninguém adivinha…
10.04.2010
38
Diário de uma mulher aos 25
Não saber amar...
Sedução…
Bom… quando é um jogo a dois…
Seduzir por amar?
Óptimo… comigo podes contar…
Consigo te acompanhar…
Mas… seduzir por seduzir?
Não…
Para quê?
Muito bem. Começaste um novo jogo…
…de enganos.
Um jogo de sentimentos fingidos,
De sensações forçadas…
Ou tudo sentido e escondido?
Será?
Nem todo jogo se ganha…
Mas jogaste para ganhar!
E daí?
Brincar com sentimentos?
Jogar com momentos? Para quê?
Para preencheres mais um lugar na tua estante?
Hoje aqui… amanhã ali…
Teu coração não tem lugar certo.
E para quê?
Pelo prazer da conquista?
Ego?...
Tanto trabalho para alimentar o teu Ego.
Mas… de que serve essa conquista?
Conseguiste mais um coração…
Óptimo! E depois?
E o teu? É mais feliz por isso?
Não!...
Satisfazes o Ego, mas não o coração.
Conquista sem amor… acaba.
Não passará disso porque…
O coração que partiste ao descobrir tuas conquistas
Partirá…
E o teu? Vazio…
Ficaste com mais um troféu,
Mais um para exibires…
Mas… ficaste sozinho…
E, no final, percebeste que… afinal…
Afinal foste tu o conquistado,
Foste tu o abandonado!
Como já havias sido no passado…
Foste tu quem perdeu.
Pois… o verdadeiro troféu,
39
Diário de uma mulher aos 25
Esse continua sem ser conquistado.
Sim… passou-te ao lado.
A felicidade de amar… e ser amado…
Regressa ao passado…
Porque, para mim,
Começou uma nova era…
De que vale conquistar tantas mulheres,
Mas não saber amar?
Acaba sempre por perder, quem muitas quer enganar…
12.04.2010
40
Diário de uma mulher aos 25
Virar a Página
Como foi amar-te?
Foi abrir para ti A Janela do Meu Ser e permitir…
Permitir que esta Alma Quebrada
Voltasse, de novo, a sentir o amor… a sentir…
Quando o Amor me Encontrou…
Ah… foi quando tudo começou…
Não sabia o que seguir…
O Coração ou a Razão?
Segui mal…
Segui o coração,
Escolhi amar Alguém Especial.
Tive medo.
Medo de Quê?...
Medo de viver tudo de novo,
Pois no meu Túnel do Tempo
Permanecia tudo ainda intacto…
Te amei… mas agora… Que Importa?
Depois de tal Desabafo que aconteceu?
Fiquei do lado de fora da porta…
Da porta do teu coração…
Continuei Fugindo de Sentir
Perante Tuas Defesas, tua insistência
Em… não me querer desiludir…
Do que adiantou?
Foi um Começo que rápido terminou…
Estive Aqui… Sempre…
E tu? Não é preciso responder…
Te fiz um poema…
Um não… Vários!
Beija Meus Olhos Tristes eu escrevi…
Para quê?!
Eles estavam tristes por ti…
Magoados pela pessoa que eras e não vi…
Cegos pelo cego Ciúme que senti…
Foi sofrimento em vão
Porque Caiu a Máscara e eu não vi.
Não quis ver… devia ter visto.
No meio de tantas Palavras e Sentimentos,
Tu ocupavas meus pensamentos…
Mas… Acabou.
Esta Menina Mulher aprendeu…
Aprendeu que Esperar não Basta,
Que o conceito de Nós era errado…
Só existia eu.
41
Diário de uma mulher aos 25
Já não sofro Porque me Faltas Tu…
O Destino se encarregou de…
De te revelar e por tudo a nu…
Ingénua? Talvez…
Era um amor de Lua e Sol,
Um Amor Proibido… um Amor…
Mas me curei.
Já não te Quero.
Ainda te Espero?
Pedi Desculpa… não peço mais…
Confesso que não te espero mais.
Não desisto? Nem pensar!
Desisti de tudo o que criei,
Desisto de te amar.
Estrela e Lua responderam aos Meus Porquês
E descobri que o problema não era eu…
Eras tu… foste sempre tu…
Tinhas razão.
Teu problema é Não Saber Amar…
Então…
Este é o fim de um desengano,
De um amor já esquecido.
É o começo de uma nova etapa,
É o Virar a Página…
Mais uma deste meu livro de vida…
28.04.2010
42
Diário de uma mulher aos 25
II
43
Diário de uma mulher aos 25
Estava escrito
Encontrámo-nos por acaso,
Nada foi premeditado.
Aconteceu…
Porque estava escrito no céu…
Vivemos presos em mundos distantes.
Eu, um corpo de luz,
Um anjo no céu…
Tu, um ser imponente,
Um rei dos mares e dos seus…
Mas…
São dois mundos que se podem juntar,
Bem longe, naquele último lugar,
Que o olhar do ser humano,
Dificilmente, consegue alcançar…
Lá, na linha do Horizonte,
Onde os nossos mundos, por fim,
Se podem tocar e abraçar
E nós… nós podemos, enfim,
Nossos corações acalmar…
É impossível um anjo adorar
Este especial ser do mar,
Mas Deus criou o Horizonte
Para que se possam amar…
Tu e Eu…
Estava escrito no mar,
Estava escrito nas estrelas
Que um dia nos íamos encontrar…
11.05.2010
44
Diário de uma mulher aos 25
Corrida contra o tempo...
Me acostumei com o teu carinho…
Todas as noites, sem hora marcada,
Tu surges, assim, de mansinho,
Quando até já nem te esperava…
Prendes-me à tua presença…
Como eu queria que ficasses…
Não tomes como uma ofensa,
Mas também o parecias querer…
Um beijo e uma flor,
Quando chegas… quando partes…
Esteja triste ou haja dor,
Tu consegues findar seu dissabor…
Este carinho chegou num momento
Em que estava a sofrer,
Não foi substituído com o tempo,
Mas sim, ajudaste a esquecer…
Quando penso que é por pouco tempo,
Não sei… não sei como vai ser…
Habituaste-me a te ter presente,
Sinto saudades quando não apareces
E mil coisas passam pela minha mente,
Mas… eu sei que não me esqueces…
Não penses mais nessa ausência,
Que em breve terei de suportar,
Pois a saudade se aguenta
Se o coração se tentar enganar…
Sim… tentar… mas e conseguir?
Encontraremos solução.
Tudo se resolve…
Nos habituamos mal? Sim…
Mas… sabíamos desde o início
Que não seria sempre assim.
Vai ser enorme, o sacrifício…
Nossos encontros serão mais raros,
Então, aproveitemos o tempo que temos,
Esta noite, fiquemos acordados…
O resto... mais tarde resolveremos…
45
Diário de uma mulher aos 25
Não penses mais nisso, hoje.
Os anjos podem esperar…
Fica comigo esta noite
Até à hora em que havemos de nos separar…
Quero fazer contigo esta corrida contra o tempo…
13.05.2010
46
Diário de uma mulher aos 25
Dor que dói sem doer...
Dor que dói sem doer
É a dor de amar
Alguém que não se pode ter
E, por isso, o coração calar.
É quando se abafa no coração
Um sentimento, sem responder
Ao que ordena a razão.
Dor que dói sem doer
É amar e não poder ter,
É querer e não conseguir
Gritar o que se está a sentir.
Dor que dói sem doer
É sentir-se num labirinto,
Ter de fazer escolhas e escolher
Sem poder assumir o que sinto.
É um amor proibido,
Não poder vivê-lo plenamente
E ter de senti-lo escondido…
06.06.2010
47
Diário de uma mulher aos 25
Diário de uma mulher
aos 25 é o primeiro livro de Paula Salgado. Este livro fala sobre uma
mulher de 25 anos que resolve fazer um diário onde ela relata uns
meses atribulados de amor, amores não correspondidos, desilusões,
sexo...
Quer conhecer esta nova autora? Para tal, basta ler o livro e
descobri-la em cada entrelinha que conseguir desvendar.
Paula Salgado vive actualmente em Cascais, Portugal.
48
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