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ALTERAÇÕES HIDROTERMAIS ASSOCIADAS COM TEORES
ANÔMALOS DE OURO, MINA CANELERIA, LAVRAS DO SUL, RS(1)
Gabriel Henrique Coelho Ferreira(2), Renê Souto Coutinho(3), Aharon Israel Barreiro
Saldanha(3), Bruno Nunes Machado(3), Delia del Pilar Montecinos de Almeida(4), Tiago
Rafael Gregory(4)
(1)
Trabalho executado com recursos do CNPq Edital do 405806/2013-2;
Estudante bolsista CNPq; Universidade Federal do Pampa; Caçapava do Sul, RS; [email protected];
(3)
Renê Souto Coutinho, Aharon Israel Barreiro Saldanha, Bruno Nunes Machado.
(4)
Delia del Pilar Montecinos de Almeida; Universidade Federal do Pampa;
(2)
Palavras-Chave: Mina Caneleira, Alterações hidrotermais, Mineralização aurífera.
INTRODUÇÃO
Os eventos hidrotermais são processos complexos de mudanças físico-químicas das rochas préexistentes a partir da interação com fluidos aquecidos. Os fluidos associados à alteração hidrotermal são
sabidamente um dos processos geológicos mais importantes na concentração e deposição de elementos
metálicos, dentre eles o ouro (Au), a prata (Ag), o cobre (Cu), o chumbo (Pb) e o zinco (Zn) (BIONDI, 2003).
Este estudo busca resultados na mina inativa Caneleira, localizada no distrito mineiro de Lavras do
Sul, no estado do Rio Grande do Sul. As rochas que ocorrem na Mina Caneleira possuem idade ígnea ediacariana (U-Pb SHRIMP em zircão) de 594 ± 5 Ma (REMUS et al., 2000) e são portadoras de mineralizações
de Au±Cu±Ag (NARDI; LIMA, 1988). As mineralizações são ou do tipo filoniana ou encontram-se nos halos
de alteração hidrotermal.
O objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento da geologia da área de estudo, procurando caracterizar os tipos de alterações hidrotermais associados com teores anômalos de ouro.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho consistiu na revisão bibliográfica e na compilação de dados publicados para reunir um
conjunto de informações sobre a área de estudo e o tema do trabalho. Foi realizada a descrição
macroscópica de 3 testemunhos de sondagem, disponibilizados pela empresa Amarillo Gold, alinhados em
uma mesma direção e espaçados entre 150 e 200 metros. Esta etapa de descrição teve como objetivo a
descrição macroscópica das estruturas, das texturas, das alterações hidrotermais e da mineralogia das
rochas em profundidade, as quais geralmente encontram-se menos alteradas por processos de
intemperismo.
A partir de dados de geoquímica de rocha total dos furos descritos, também cedidos pela empresa
Amarillo Gold, foram confeccionados gráficos geoquímicos comparativos dos diferentes tipos de alterações
hidrotermais presentes nos testemunhos de sondagem estudados. Para auxiliar na confecção e na
®
comparação de gráficos geoquímicos foi utilizado o software SGeMS . Esta análise auxiliou na identificação
dos teores anômalos de ouro e seus respectivos intervalos de profundidade nos testemunhos de sondagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os três furos de sondagem estudados apresentaram teores anômalos de ouro em diferentes
profundidades. A rocha está fortemente alterada por processos hidrotermais nos locais próximos das zonas
portadoras de mineralização aurífera. Pode-se identificar uma mudança gradual da rocha sem alteração
para a rocha com alteração hidrotermal e mineralizada. A rocha sã apresenta cor rosa a vermelho, com
estrutura maciça e textura inequigranular seriada, composta por quartzo fumê globular, feldspato alcalino
euédrico pertítico, plagioclásio anédrico a euédrico, anfibólio e biotita subédricos a anédricos. Observa-se
que gradualmente a mineralogia primária da rocha foi substituída por sílica, sericita, epidoto, sulfetos e
carbonatos. Os intervalos portadores de mineralização aurífera podem ser caracterizados como uma brecha
hidrotermal silicificada, com forte sericitização e presença de carbonatos, contendo sulfetos disseminados
como aglomerados submilimétricos a milimétricos e ouro.
Não foi visualizado ouro da forma nativa nos locais mineralizados. A presença de cavidades com
cristais bem formados de quartzo em alguns intervalos mineralizados sugere uma textura de preenchimento,
ou seja, a abertura na rocha onde o fluido passou e preencheu. Esse tipo de ocorrência de minério está
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
presente nos três furos analisados. A sericita e a arsenopirita são minerais fortemente associados com
locais mineralizados com ouro.
CONCLUSÕES
Os intervalos de profundidade com teores anômalos de ouro se encontram fortemente
hidrotermalizados. A rocha portadora de ouro pode ser caracterizada como uma brecha hidrotermal
associada com veios stockworks, constituída de quartzo, sericita, epidoto, clorita, carbonato, sulfetos e ouro.
A forte sericitização e a presença de arsenopirita são associadas a zonas portadoras de ouro. Este tipo de
alteração é semelhante à alteração fílica encontrada em depósitos do tipo cobre pórfiro, composta pela
assembleia mineral de quartzo, sericita e pirita. Em geral, as pesquisas prospectivas para ouro podem ser
baseadas nas zonas de alteração hidrotermal com presença ou não de texturas de preenchimento e pela
correlação positiva com arsênio e prata, conforme já sugerido por Nardi (1984). Cabe mencionar que após
os estudos de microscopia ótica convencional e de Difratometria de Raio X que estão sendo realizados, a
integração dos resultados permitirá provavelmente uma melhor caraterização das zonas hidrotermalizadas e
assim contribuir para o conhecimento desta região.
REFERÊNCIAS
BIONDI, J. C. Processos metalogenéticos e os depósitos minerais brasileiros. São Paulo: Oficina de
Textos, 2003.
NARDI, L. V. S. Geochemistry and Petrology of the Lavras Granite Complex, RS, Brazil. PhD Thesis,
University of London, London, 1984. 268 p.
NARDI, L. V. S. & LIMA, E. F. Hidrotermalismo no Complexo Granítico Lavras e vulcânicas associadas.
Revista Brasileira de Geociências, 18:269-375, 1988.
REMUS M. V. D. et al. Distal magmatic-hydrothermal origin for the Camaquã Cu(Au-Ag) and Santa Maria
Pb, Zn (Cu-Ag) deposits, southern Brazil. Gondwana Research, 3(2):155-174, 2000.
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