livro de resumos

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SEMINÁRIO
Poluentes emergentes e
seus impactos em águas e
solos. Um desafio do
presente.
8 de abril de 2013
Instituto Superior de
Engenharia do Porto
LIVRO DE RESUMOS
ORGANIZAÇÃO
POLUENTES EMERGENTES E SEUS IMPACTOS EM ÁGUAS E SOLOS.
UM DESAFIO DO PRESENTE.
Objetivos
Os poluentes emergentes são compostos maioritariamente não regulados por legislação
internacional ou nacional, cujos efeitos podem representar uma potencial ameaça para os
ecossistemas e para a saúde humana.
A falta de informação, a não obrigatoriedade da sua monitorização, a ausência de
metodologias de controlo e de tecnologias de eliminação e tratamento são alguns dos
fatores que contribuem para que os poluentes emergentes tenham merecido uma
crescente atenção nos últimos anos. Este seminário tem como objetivo discutir estas
problemáticas e procurar caminhos para a resolução de alguns dos problemas descritos.
Destinatários
Alunos de instituições de ensino superior, docentes, investigadores e profissionais do
sector do ambiente.
Comissão Organizadora
Cristina Delerue Matos - REQUIMTE-ISEP
Hendrikus Nouws - REQUIMTE-ISEP
Lúcia Santos - REQUIMTE
Simone Barreira Morais - REQUIMTE-ISEP
Sónia Figueiredo - REQUIMTE-ISEP
Susana Sousa - REQUIMTE-ISEP
Valentina Domingues - REQUIMTE-ISEP
Tomás Albergaria - REQUIMTE-ISEP
Inscrições
www.isep.ipp.pt/polemer
Custo da inscrição
Estudantes: € 20
Outros: € 50
Informações
Tomás Albergaria – [email protected]
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
8 de abril de 2013
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Programa
9:45 Sessão de abertura
10:00
Engº Vitorino José (Agência Portuguesa do Ambiente, I.P./ARH do Norte)
Poluentes Emergentes – uma perspetiva institucional
10:30
Dr. Pedro Antunes (Agência Portuguesa do Ambiente, I.P./Laboratório de Referência do Ambiente)
Águas residuais domésticas – uma fonte importante na disseminação de poluentes orgânicos emergentes
11:00
Engº Rui Berkemeier (Quercus-ANCN)
Responsabilização pela descontaminação de solos
11:30 - 12:00 Intervalo para café
12:00
Dr. João Vilaça (Águas de Douro e Paiva)
Os poluentes emergentes nas águas do rio Douro, qual o nível de emergência?
12:30
Engº Jaime Gabriel Silva (SIMLIS, SA)
Micropoluentes no ciclo urbano da água, e agora? Contributos para uma gestão integrada
13:00 - 14:30 Intervalo para almoço
14:30
Engº Carlos Freire de Oliveira (Fundador e CEO da VentilAQUA)
WATERPLASMA
15:00
Engª Catarina Sequeira (Consultora Ambiente)
A consideração de poluentes emergentes em estudos de risco de contaminação
15:30
Doutora Celeste Jorge (Laboratório Nacional de Engenharia Civil)
Formas de minimizar a problemática de solos contaminados em práticas agrícolas continuadas
16:00 - 16:30 Intervalo para café
16:30
Doutora Lúcia Santos (REQUIMTE)
Presença de fármacos nas águas residuais e seu impacto no ambiente aquático: identificação de fármacos
ecologicamente relevantes
17:00
Doutora Célia Manaia (Centro de Biotecnologia e Química Fina, Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica
Portuguesa)
A resistência a antibióticos como uma forma emergente de poluição
17:30
Doutora Laura Guimarães (CIIMAR/CIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade
do Porto)
Avaliação ecotoxicológica e biomonitorização de compostos prioritários e emergentes
18:00
Doutor Tomás Albergaria (REQUIMTE-ISEP)
Nanotecnologia "verde" usada na remediação de solos
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
8 de abril de 2013
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Resumos das Comunicações
POLUENTES EMERGENTES – UMA PERSPETIVA INSTITUCIONAL .................................................................................... 2
Vitorino José e Silva Dias Ferreira
ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS – UMA FONTE IMPORTANTE NA DISSEMINAÇÃO DE POLUENTES
ORGÂNICOS EMERGENTES ............................................................................................................................................................. 4
Pedro Manuel da Fonseca Antunes
RESPONSABILIZAÇÃO PELA DESCONTAMINAÇÃO DE SOLOS ............................................................................................ 6
Rui Berkemeier
OS POLUENTES EMERGENTES NAS ÁGUAS DO RIO DOURO, QUAL O NÍVEL DE EMERGÊNCIA? ............................ 8
João Sabino Vilaça
MICROPOLUENTES NO CICLO URBANO DA ÁGUA, E AGORA? CONTRIBUTOS PARA UMA GESTÃO
INTEGRADA .......................................................................................................................................................................................10
Jaime Gabriel Silva
WATERPLASMA ................................................................................................................................................................................12
Carlos Freire de Oliveira
A CONSIDERAÇÃO DE POLUENTES EMERGENTES EM ESTUDOS DE RISCO DE CONTAMINAÇÃO .......................14
Catarina Sequeira; Sara Lemos
FORMAS DE MINIMIZAR A PROBLEMÁTICA DE SOLOS CONTAMINADOS EM PRÁTICAS AGRÍCOLAS
CONTINUADAS ..................................................................................................................................................................................16
Celeste Jorge
PRESENÇA DE FÁRMACOS NAS ÁGUAS RESIDUAIS E SEU IMPACTO NO AMBIENTE AQUÁTICO:
IDENTIFICAÇÃO DE FÁRMACOS ECOLOGICAMENTE RELEVANTES ...............................................................................18
Lúcia H.M.L.M. Santos
A RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS COMO UMA FORMA EMERGENTE DE POLUIÇÃO ................................................20
Célia Manaia
AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA E BIOMONITORIZAÇÃO DE COMPOSTOS PRIORITÁRIOS E EMERGENTES .22
Laura Guimarães
NANOTECNOLOGIA "VERDE" USADA NA REMEDIAÇÃO DE SOLOS ................................................................................24
Tomás Albergaria
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Instituto Superior de Engenharia do Porto
Vitorino José
Licenciado em Engenharia Química, pela Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, tendo terminado o curso em 2005. Em 2008
começou a trabalhar na Administração da Região Hidrográfica do
Norte, como técnico do laboratório de águas e monitorização, tendo
assumido funções de coordenador do sector de ensaios físicoquímicos do mesmo laboratório.
POLUENTES EMERGENTES – UMA PERSPETIVA INSTITUCIONAL
Vitorino José e Silva Dias Ferreira
Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. – Administração da Região Hidrográfica do Norte
Rua Formosa, 254 – 4049-030 Porto
[email protected]
Resumo
A Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, (Lei da Água), complementada pelo Decreto-Lei n.º 77/2006, de
30 de Março, transpõe para o direito interno a Diretiva n.º 2000/60/CE (Diretiva Quadro da Água), do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro. A DQA introduz uma nova abordagem
relativamente aos objetivos de qualidade das águas, baseada não nos objetivos humanos de uso de
água, mas na proteção dos ecossistemas aquáticos. De acordo com esta diretiva o estado das águas de
superfície compreende, não só o estado químico, como também o estado ecológico, o qual reflete a
qualidade estrutural e funcional dos ecossistemas aquáticos com base no desvio relativamente às
condições de uma massa de água do mesmo tipo, em condições de referência.
Por definição, o estado químico de uma massa de água é avaliado mediante a pesquisa de substâncias
prioritárias (Decreto-Lei n.º 103/2010, de 24 de Setembro que transpõe para direito nacional a Directiva
2008/105/CE, de 16 de Dezembro) e de outras substâncias perigosas para as quais tenham sido
estabelecidas nacional ou internacionalmente normas de qualidade ambiental (NQA).
Os poluentes emergentes são compostos sintéticos, presentes na maioria dos bens de consumo actuais
e que podem representar um risco efetivo para o bom funcionamento dos ecossistemas, tendo em conta
a sua diversidade e a falta de conhecimento quanto às suas fontes, comportamento, distribuição, níveis
e efeitos ambientais.
De uma perspetiva puramente química, os poluentes emergentes podem ser incluídos numa das
seguintes famílias: fármacos, toxinas das algas, biocidas, detergentes, subprodutos da desinfeção da
água, retardantes do fogo, fragrâncias, plasticizantes, produtos de higiene pessoal, entre outros, sendo
que as principais fontes de poluição são os esgotos domésticos, águas residuais dos hospitais,
explorações pecuárias, aquacultura e a indústria.
Embora, atualmente, alguns destes compostos já integrem ou venham a integrar a lista de substâncias
prioritárias, a maioria permanece ainda sem quaisquer NQA definidas. Desta forma, apesar de não ser,
para já, possível avaliar a real magnitude do grau de contaminação actual, a crescente utilização destes
compostos representa um potencial risco ambiental concreto, principalmente devido à elevada taxa de
síntese industrial de novos compostos e à possibilidade de reações em misturas complexas.
Esta situação levanta novos desafios, sendo necessário novos paradigmas na monitorização, bem como
nos processos de tratamento de águas residuais.
Referências
[1] http://www.dre.pt/pdf1sdip/2005/12/249A00/72807310.PDF
[2] http://dre.pt/pdf1sdip/2006/03/064A00/23312354.pdf
[3] http://dre.pt/pdf1sdip/2010/09/18700/0428904296.pdf
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
8 de abril de 2013
Instituto Superior de Engenharia do Porto
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Pedro Manuel da Fonseca Antunes
Licenciado em Química Tecnológica pela Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa (1993-1998). Iniciou a carreira na vertente
ambiental no ano 2000, na então denominada Direção-Geral do
Ambiente, exercendo as funções de Técnico Superior no Núcleo
Operacional de Química Orgânica. Em 2011, integrou o quadro de
pessoal da Inspeção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território,
onde exerceu as funções de Inspetor. Regressou em 2012, à Agência
Portuguesa do Ambiente I.P., tendo sido convidado para Coordenar
do Setor da Química Orgânica, onde atualmente se encontra a
concluir o Doutoramento.
ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS – UMA FONTE IMPORTANTE NA
DISSEMINAÇÃO DE POLUENTES ORGÂNICOS EMERGENTES
Pedro Manuel da Fonseca Antunes
Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.
Rua da Murgueira, 9/9A – Zambujal, Ap. 7585 - 2610-124 Amadora
[email protected]
Resumo
A contaminação ambiental por Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) tem tido considerável enfoque
nas últimas décadas. Desde os primeiros estudos, efetuados durante a década de 1960, que este tipo
de substâncias tem sido alvo de amplo escrutínio ambiental. Neste contexto, e tendo como objetivo
minimizar o seu impacto, bem como controlar os níveis de concentração dos POP nos diferentes
sistemas ambientais, a União Europeia (UE) aprovou toda uma série de normas de regulação. Verificase contudo, que embora o nível dos tradicionais POP esteja a diminuir, assiste-se hoje ao surgimento de
uma nova classe de poluentes cujos níveis de concentração no ambiente têm vindo a aumentar [1,2,3].
Esta nova classe de substâncias é designada por Poluentes Orgânicos Emergentes (POE) e engloba
diversas famílias de compostos, designadamente:
1. Compostos de origem farmacêutica (antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, medicamentos e
outros)
2. Hormonas, pílulas contracetivas e esteroides;
3. Produtos de higiene pessoal (fragâncias, protetores solares, anti-sépticos e outros);
4. Detergentes, surfactantes e subprodutos da desinfeção de água;
5. Retardantes de chama e aditivos industriais.
Atualmente sabe-se, que as principais fontes dos POE são as águas residuais
domésticas/industriais/hospitalares, as explorações pecuárias, a aquacultura e a indústria em geral. Por
outro lado, o uso intensivo pelo ser humano de produtos que contém estes compostos na sua
composição contribuiu ativamente para a dispersão do POE nos diversos ecossistemas, sendo que hoje
eles já se tornaram ubíquos no ambiente. Assim, embora os POE exibam baixa toxicidade aguda,
verifica-se que eles possuem a capacidade de provocar toxicidade crónica com efeitos na reprodução,
fisiologia e crescimento dos seres vivos (por exemplo, a desregulação endócrina) [4,5]. A União
Europeia tentando precaver o futuro, propôs durante o ano de 2012, a revisão das Diretivas 2000/60/CE
e 2008/105/EC, relativas às substâncias prioritárias no domínio da política da água, recomendando a
inclusão nas normas regulatórias de novos poluentes, tais como, os compostos farmacêuticos [6]. Foi
neste âmbito que surgiu o projeto LIFE08 (ENV/P/000237-WW4ENVIRONMENT) – “Integrated
Approach to Energy and Climate Changes: Changing the Paradigm of Wastewater Treatment
Management”, ou seja, tentar avaliar e compreender os níveis de POE descarregados no meio aquático
pelas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
Agradecimentos
O autor agradece a todos os colaboradores que participaram no Projeto LIFE08 (ENV/P/000237WW4ENVIRONMET), em particular à Dr.ª Ana Gama, à Dr.ª Margarida Pereira, à Dr. Sandra André e à Sr.ª
Teresa Pinto.
Referências
[1] Silvia, D-C. e Barceló, D. (2008). Trace organic chemicals contamination in ground water recharge, Chemosphere, 72, 333–
342;
[2] Terzića, S., Senta, I., Ahel, M., Gros, M., Petrović, M., Barceló, D., Müller, J., Knepper, T., Martí, I., Ventura, F., Jovančić, P. e
Jabučar, D. (2008). Occurrence and fate of emerging wastewater contaminants in Western Balkan Region, Science of the Total.
Environment,. 399, 66–77;
[3] Silva, B., Jeli, A., López-Serna R., Mozeto, A., Petrovic M. e Barceló, D. (2011). Occurrence and distribution of
pharmaceuticals in surface water, suspended solids and sediments of the Ebro river basin, Spain, Chemosphere, 85, 1331–1339;
[4] Rosal, R., Rodea-Palomares, I., Boltes, K., Fernández-Piñas, F., Leganés, F. e Petre, A. (2010). Ecotoxicological assessment
of surfactants in the aquatic environment: Combined toxicity of docusate sodium with chlorinated pollutants, Chemosphere, 81,
288–293;
[5] Roos, V., Gunnarsson, L., Fick, J., Larsson, D. e Rudén, C. (2012). Prioritising pharmaceuticals for environmental risk
assessment: Towards adequate and feasible first-tier selection, Science of the Total Environment, 421-422, 102–110
[6] http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2011:0876:FIN:PT:PDF
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Rui Berkemeier
Licenciatura em Engenharia do Ambiente pela Faculdade de Ciências
e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
Coordenador do Centro de Informação de Resíduos da Quercus (19952013): Acompanhamento da gestão de resíduos a nível nacional, com
intervenção técnica nas áreas de resíduos urbanos, industriais,
hospitalares, agrícolas e fluxos prioritários, numa óptica de
apresentação de soluções visando promover a prevenção e a
reciclagem. Formação de professores sobre resíduos.
Chefe do Sector de Ambiente e Salubridade Pública da Câmara
Municipal da Ilhas em Macau (1992-1995): Gestão dos resíduos
urbanos, educação ambiental e fiscalização da legislação ambiental.
Técnico Superior da Direção-Geral dos Recursos Naturais em Évora
(1988-1992): Controle das fontes de poluição hídrica e da extração de
inertes em meio hídrico.
RESPONSABILIZAÇÃO PELA DESCONTAMINAÇÃO DE SOLOS
Rui Berkemeier
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Centro Associativo do Calhau, Bairro do Calhau, Parque Florestal de Monsanto, 1500-045 LISBOA
resí[email protected]
Resumo
Nesta comunicação é feito um retrato da situação portuguesa em termos de principais fontes de
poluição do solo e do grau de responsabilização dos agentes poluidores pela descontaminação dos
solos.
É traçado um panorama sobre o tratamento de solos contaminados nos Centros Integrados de
Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER).
É finalmente referido o ponto da situação da legislação comunitária em termos de solos
contaminados e apresentada uma proposta de legislação para responsabilização dos donos dos
terrenos contaminados pela sua descontaminação antes da sua venda a terceiros, sendo divulgado
o trabalho da Quercus visando a publicação dessa legislação.
Referências
Proposta de Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Setembro de 2006
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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João Vilaça
João Vilaça possui um MBA Executivo em Gestão de Empresas pela
EGP-UPBS e uma licenciatura em Microbiologia pela Escola Superior
de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.
A sua experiência profissional centrou-se na conceção e gestão de
sistemas de tratamento de água e em menor grau de efluentes
domésticos, fruto da sua atividade na Águas do Douro e Paiva, em
empresas privadas prestadoras de serviços e em universidades.
É atualmente o Diretor de Operação da AdDP, gerindo o tratamento e
o abastecimento de água à região do Grande Porto. Apresentou
diversas comunicações em congressos científicos e seminários
técnicos.
OS POLUENTES EMERGENTES NAS ÁGUAS DO RIO DOURO, QUAL O
NÍVEL DE EMERGÊNCIA?
João Sabino Vilaça
Águas do Douro e Paiva, S.A.
Rua de Vilar, 235, 5º, Apartado 55145, 4050-626 Porto
[email protected]
Resumo
A Águas do Douro e Paiva, S.A. (AdDP) é a empresa responsável pela captação, tratamento e
adução de água para consumo humano a uma região constituída por 21 municípios das áreas do
Grande Porto, Vale do Sousa e Baixo Tâmega. A população servida é de cerca de 1,5 milhões de
pessoas, às quais se entrega um produto de elevada qualidade com níveis de conformidade do
controlo de qualidade final consistentemente superiores a 99,9%.
A principal captação de água da AdDP situa-se na margem esquerda do rio Douro, na localidade
de Lever, origem de cerca de 95% do total da água vendida pela empresa.
O controlo da qualidade da água captada no rio Douro segue um rigoroso programa analítico,
ultrapassando a legislação correspondente. A AdDP procedeu a estudos de deteção e
quantificação de algumas classes de poluentes emergentes, nomeadamente, antibióticos e
subprodutos da desinfeção da água, não se evidenciando até ao momento situações preocupantes.
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Jaime Gabriel Silva
Presidente da Simlis e Administrador da Águas do Mondego,
empresas do grupo AdP cujas Administrações integra desde 2009. É
Gestor da UNAPD - Unidade de Negócios Água, Produção e
Depuração, da AdP, desde maio 2012.
É quadro da Águas do Douro e Paiva, desde 1998, onde foi Diretor de
Engenharia. Antes, trabalhou na FASE, no Laboratório do CICCOPN, na
IBM Portuguesa e na CCR/N. Desde 1990, é docente no ISEP, como
Equiparado Prof. Adjunto (DEC).
Efetuou comunicações em conferências, nacionais e internacionais, e
publicou artigos nas áreas da análise de decisão, saneamento básico,
e gestão de empreendimentos.
MICROPOLUENTES NO CICLO URBANO DA ÁGUA, E AGORA?
CONTRIBUTOS PARA UMA GESTÃO INTEGRADA
Jaime Gabriel Silva
SIMLIS, SA
Rua Anzebino da Cruz Saraiva, 318 – 1º G, 2400-098 Leiria
[email protected] | [email protected]
Resumo
Micropoluentes começam a ser um tema importante não só na comunidade científica e vêm
ganhando visibilidade, na comunicação social e opinião pública. Diferentes organizações têm
relevado os riscos da presença, no meio ambiente e em quantidades crescentes, de compostos
orgânicos emergentes, com as mais variadas origens, como resíduos de produtos farmacêuticos,
produtos de higiene pessoal, aditivos industriais, pesticidas, e outras. Algumas entidades
governamentais definiram listas de substâncias a monitorizar e a controlar e critérios para limitar a
sua acumulação, nomeadamente no meio aquático, pela sua importância imediata para a saúde
pública (água de abastecimento, vida aquática fonte de alimentação, atividades balneares), mas
também no ar e nos solos. As regras e limites adotados, contudo, bem como as abordagens
preconizadas revelam-se muito díspares, entre diferentes regiões do globo.
Por outro lado, parece significativa a tendência de alguns intervenientes verem no aumento das
capacidades de tratamento das ETAR a saída indicada para este complexo problema, em
detrimento de atuações integradas, defendidas por outros.
Nesta apresentação, referem-se as abordagens de alguns países, nesta matéria, bem como alguns
valores adotados no contexto da monitorização ou mesmo da redução dos microconstituintes
emergentes em causa. Relevam-se algumas tecnologias de tratamento estudadas com vista à
remoção desses poluentes e apresentam-se dados da monitorização efetuada em ETAR do grupo
AdP, abrangidas pelo PRTR Europeu, bem como informação associada a custos de tratamento.
Agradecimentos: Pedro Póvoa (AdP), Sandra Jorge (Simlis), Fátima Coimbra (AdM)
Referências
[1] Reeves, S., Littlehat, P. (2010) Microconstituents: What to expect in your permit, I Proceedings of the WEFTEC 2010, New Orleans
[2] Cleary, J. et al. (2007) Effects of Wastewater Treatment on Microconstituents, WEF - Water Environment Federation
[3] Ruel, S., Choubert, J., Esperanza, M., Budzinski, H., Miège, C., Lagarrigue, C. Coquery, M. (2010) Limiting the emissions of micropollutants: what efficiency can we expect from WWTP?, IWA-3392
[4] Regulam. CE nº 66/2006 PRTR-E Pollutant Release and Transfer Register – Europe, UE
[5] Daughton. C. (2011) Pharmaceuticals and Sustainability, prepared for Drugs in the environment: ecopharmacovigilance for better
health – The Royal Society of Medicine, London
[6] AdP (2008) PRTR – Plano de monitorização a realizar nos sistemas multimunicipais da UNAPD – Águas de Portugal
[7] http://scholar.google.com/ (2013) - pesquisa sobre artigos na área dos micropoluentes
[8] Bragança. I., Plácido, A., Paíga, P., Domingues, V., Delerue-Matos, C. (2012) QuEChERS: a new sample preparation approach for
the determination of ibuprofen and its metabolites in soils, Science of the Total Environment, 433
[9] Gerschenfeld, A. – Pitada de ansiolíticos torna as percas anti-sociais, destemidas e gulosas, notícia sobre trabalhos de alguns
investigadores (incl. Calisto, V. e Fick, J.), Público, 18/02/2013
[10] Vieira, J., Caseiro, J., Silva, J. Gabriel (2011) Uso de métodos estocásticos na estimativa de custos de tratamento em ETAR, ENEG
- Encontro Nacional de Entidades Gestoras 2011
[11] Cardoso, V., Benoliel, M.J., Penetra, A., Rodrigues, A., Ferreira, E. (2010) Águas para consumo humano: compostos orgânicos
emergentes e riscos para a saúde, EPAL
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Carlos Freire de Oliveira
Licenciatura em Engenharia Química pela FCTUC em 1994. Estágios
profissionais no Centre de Recherches de Vitry-sur-Seine da RhônePoulenc Rorer, em Paris e na New Brunswick, New Jersey, EUA, da
Bristol Meyers Squibb Inc. (1995).
Diretor da Qualidade na Ventil Lda. (1996). Sócio fundador, Gerente e
Diretor Geral (CEO) da VentilAQUA (1997), onde permanece à data de
hoje. Fundador e Diretor Geral da COSME PORTUGAL (1999). Gestor e
Coordenador comercial da FRIESS PORTUGAL, área de negócio
integrada na estrutura da VENTIL AQUA.
Representante em Portugal da firma alemã FRIESS GmbH,
Coordenação de projetos I&D na área de tratamento de águas
residuais industriais. Orador convidado em Seminários e Conferências.
WATERPLASMA
Carlos Freire de Oliveira
CONSORCIO EUROPEU, COORDENADO PELA VentilAQUA, EM PARCERIA COM :
INSTITUTO FRAUNHOFFER (Alemanha), CRIC e CSIC (Espanha), PLASMA CLEAN (UK), BIOTHENOS
(Romenia), LEBSA (Espanha), financiado no âmbito do 7º Programa Quadro da Comissão Europeia (FP7)
www.waterplasma.eu | www.ventilaqua.com
[email protected]
Resumo
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Instituto Superior de Engenharia do Porto
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Catarina Sequeira
Licenciada em Engenharia do Ambiente e com frequência da parte
escolar do Mestrado e Engenharia Sanitária, é presentemente
consultora independente de ambiente tendo desenvolvido a sua
actividade profissional fundamentalmente na DHV SA ao longo de 19
anos na Unidade de Estudos, Projectos e Consultoria da DHV.
Da sua actividade profissional consta uma vasta experiência na
elaboração e coordenação de diversos Estudos de Impacte Ambiental,
Estudos de Avaliação da Contaminação de Solos e Águas
Subterrâneas, Estudos de Risco Ambiental, Auditorias Ambientais,
Due Dilligences Ambientais e Monitorizações Ambientais.
A CONSIDERAÇÃO DE POLUENTES EMERGENTES EM ESTUDOS DE
RISCO DE CONTAMINAÇÃO
Catarina Sequeira; Sara Lemos
[email protected] | [email protected]
Resumo
Os poluentes emergentes respeitam a compostos orgânicos introduzidos no ambiente,
maioritariamente sem limiares de qualidade estabelecidos, susceptíveis de causarem efeitos
adversos no ambiente e na saúde humana e que são pouco dominados.
Estes poluentes têm vindo a merecer uma atenção crescente por parte da comunidade técnica e
científica, tendo sido objecto de diversos estudos, nomeadamente a nível europeu, que procuram
estabelecer os efeitos e os riscos destas substâncias no ambiente.
Apesar de alguns dos estudos mais abrangentes serem desenvolvidos com várias simplificações e
algumas limitações, permitem destacar os poluentes e as situações mais relevantes, priorizando os
eventuais problemas associados à utilização e libertação no ambiente dos poluentes emergentes.
As metodologias para o desenvolvimento dos estudos de risco destes poluentes são similares às
adoptadas para os demais poluentes, existindo neste particular referenciais técnicos a nível
europeu para o desenvolvimento dos mesmos.
Destacam-se no domínio dos poluentes emergentes um grande grupo que inclui os fármacos e
seus metabolitos associados ao consumo no âmbito da medicina e veterinária.
Em 2009, de dezoito países do espaço europeu, Portugal situava-se na oitava posição em termos
de consumo total anual de medicamentos, o que reforça a importância de avaliar os impactes e
riscos destes poluentes, entre outros, no meio ambiente.
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Instituto Superior de Engenharia do Porto
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Celeste Jorge
Doutorada em Ciências de Engenharia pela Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto, em 2002, com uma dissertação no tema:
“Contaminação/Descontaminação de Solos com Gasolina – Influência
das Características dos Solos”, é Investigadora no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC), onde trabalha desde 1988.
É responsável no LNEC, desde 1996, pela implementação e
desenvolvimento da área científica de estudo e reabilitação de locais
degradados e contaminados.
FORMAS DE MINIMIZAR A PROBLEMÁTICA DE SOLOS
CONTAMINADOS EM PRÁTICAS AGRÍCOLAS CONTINUADAS
Celeste Jorge
Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Av. do Brasil, 101 1700-066 LISBOA
[email protected]
Resumo
Os contaminantes emergentes podem ser um problema de saúde pública, no geral, e, em
particular, na atividade agrícola continuada, especialmente se forem utilizadas grandes quantidades
de lamas de depuração, sem tratamento, como produto de fertilização dos solos. Estas lamas
contêm químicos sintéticos que não se encontram regulamentados e dos quais não se conhecem
os impactes negativos nos ecossistemas e no Homem.
Os elementos nocivos que fazem parte destas lamas e que constam da legislação portuguesa são
os metais pesados, alguns compostos orgânicos e as dioxinas [1]. Porém, os elementos nocivos na
prática agrícola provêm, igualmente, da aplicação nos solos, de forma exagerada e cumulativa, de
produtos fitossanitários para controlo de pragas, assim como de produtos aceleradores do
crescimento sintetizados - fertilizantes comerciais. Os elementos comuns a todas estas aplicações
de compostos são os metais pesados.
Ao contrário do que passa com os contaminantes emergentes, em que pode existir dificuldade, no
conhecimento atual, em estabelecer formas de tratamento simples para evitar a sua
biodisponibilidade e transporte, para os metais pesados diversas soluções podem ser realizadas de
forma fazível para evitar que eles se tornem uma ameaça para o Homem por acumulação nos
ecossistemas e subsequentemente através da cadeia alimentar. No entanto, vários cuidados
intrínsecos às soluções apresentadas para os metais pesados poderão ser, de diversas formas,
uma maneira de minimizar a disponibilidade e o transporte de muitas substâncias emergentes.
Agradecimentos
Ao LNEC por financiar a investigação que tem decorrido no âmbito de diversos estudos.
Referências
[1] DR (2006) Decreto-Lei n.º 118/06 de 21 de Junho – Estabelece o regime a que obedece a utilização de
lamas de depuração em solos agrícolas, Diário da República – I Série A – n.º 118, 21 de Junho de 2006.
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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Lúcia Helena Moreira Lírio Matias dos Santos
Licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto (2005) e doutorada em Ciências Farmacêuticas
– Área de Especialização: Química Analítica pela Universidade do
Porto (2013), tendo desenvolvido o seu projeto de doutoramento no
âmbito da contaminação ambiental por fármacos.
Atualmente os seus interesses de investigação incidem na química
analítica ambiental, desenvolvimento de métodos cromatográficos
(HPLC e UHPLC) e extrativos, estudo da presença de fármacos no
ambiente e avaliação do risco ambiental para os organismos
aquáticos devido à exposição a fármacos.
PRESENÇA DE FÁRMACOS NAS ÁGUAS RESIDUAIS E SEU IMPACTO
NO AMBIENTE AQUÁTICO: IDENTIFICAÇÃO DE FÁRMACOS
ECOLOGICAMENTE RELEVANTES
Lúcia H.M.L.M. Santos
REQUIMTE, Instituto Superior de Engenharia do Porto
Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200-072 Porto, Portugal
[email protected]
Os fármacos são um grupo muito heterogéneo de compostos, desenvolvidos para terem uma
atividade biológica específica e resistirem à biodegradação. Não necessitam de persistir no
ambiente para afetarem negativamente os ecossistemas, uma vez que eles estão a ser
continuamente introduzidos no ambiente [1].
As águas residuais são uma das principais vias de entrada de fármacos no ambiente, uma vez que
os processos de tratamento utilizados pelas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs)
não são eficazes na sua completa remoção, fazendo com que os fármacos atinjam as águas de
superfície através dos seus efluentes.
Tal como acontece um pouco por todo o mundo, também em Portugal têm sido detetados
fármacos, seus metabolitos e produtos de degradação tanto nas águas residuais [2] como nas
águas de superfície [3], em concentrações que variam entre alguns ng L-1 até algumas centenas de
μg L-1. Tendo em conta, as concentrações detetadas em águas residuais, antibióticos pertencentes
ao grupo das fluoroquinolonas, macrólidos e sulfonamidas, bem como o anti-inflamatório não
esteroide ibuprofeno foram identificados como potencialmente perigosos para os organismos
aquáticos.
Referências
[1] Santos, L.H.M.L.M.; Araújo, A.N.; Fachini, A.; Pena, A.; Delerue-Matos, C.; Montenegro, M.C.B.S.M.
(2010) Ecotoxicological aspects related to the presence of pharmaceuticals in the aquatic environment. J.
Hazard. Mat. 175, 45-95.
[2] Santos, L.H.M.L.M.; Gros, M.; Rodriguez-Mozaz, S.; Delerue-Matos, C.; Pena A.; Barceló, D.; Montenegro,
M.C.B.S.M. (2013) Contribution of hospital effluents to the load of pharmaceuticals in urban wastewaters:
identification of ecologically relevant pharmaceuticals. Sci. Total. Environ. submitted.
[3] Paíga, P.; Santos, L.H.M.L.M.; Amorim, C.G.; Araújo, A.N.; Montenegro, M.C.B.S.M.; Pena, A.; DelerueMatos, C. (2013) Pilot monitoring study of ibuprofen in surface waters of north of Portugal. Environ. Sci. Pollut.
Res. 20, 2410-2420.
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Célia Manaia
Célia Manaia é doutorada em Microbiologia pela Faculdade de
Ciências Tecnologia da Universidade de Coimbra e é docente e
investigadora da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade
Católica.
Os seus trabalhos de investigação incidem principalmente na
diversidade e ecologia bacteriana em ambientes sujeitos à acção
humana. Em particular tem focado os seus interesses na dispersão de
resistência a antibióticos em ambientes aquáticos.
A RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS COMO UMA FORMA EMERGENTE DE
POLUIÇÃO
Célia Manaia
CBQF - Centro de Biotecnologia e Química Fina – Laboratório Associado, Escola Superior de Biotecnologia,
Universidade Católica Portuguesa, Porto
Rua Dr. António Bernardino Almeida, 4200-072 Porto, Portugal
[email protected]
Resumo
Muitos dos antibióticos utilizados hoje em dia tiveram origem em substâncias naturais produzidas
por microrganismos. Na natureza existia um equilíbrio entre as bactérias resistentes e as
susceptíveis aos antibióticos. Porém, o uso intensivo de antibióticos ao longo dos últimos 70 anos
contribuiu para inverter tal equilíbrio. Algumas bactérias estão entre os seres vivos com maior
capacidade para reagir a um ambiente em mudança ou que as ameace. A resistência a antibióticos
é disso um excelente exemplo. Esta propriedade pode ser adquirida por mutação ou por
transferência horizontal de genes. Simultaneamente, pode ser transmitida ao longo de várias
gerações bacterianas e/ou ser propagada nas comunidade microbianas. Como muitas bactérias
são ubiquistas, a propagação da resistência pode não ter fronteiras de qualquer tipo.
Os níveis elevados e diversificados de resistência a antibióticos que hoje encontramos em muitas
regiões do mundo estão associados à acção humana e aos seus estilos de vida. Por este motivo, a
resistência a antibióticos merece, segundo muitos autores, a designação de poluição emergente.
Processos pensados em tempos para tornar o ambiente mais saudável e seguro, como sejam o
tratamento de efluentes domésticos, podem estar afinal desajustados para fazer face a este
problema. Apesar da intensa investigação que tem sido feita a nível mundial nesta área ao longo da
última década, muitas são as dúvidas sobre os factores que promovem o rápido aumento de
resistência a antibióticos e como pode ser controlada. Diversos estudos recentes mostram que esta
é uma questão verdadeiramente complexa em que a solução passa por abordagens
interdisciplinares que vão desde a medicina à engenharia, passando pela microbiologia e pela
genética.
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Laura Guimarães
Laura Guimarães é Licenciada em Biologia e Doutorada em Ciências
Biomédicas pela Universidade do Porto (UP). Doutorou-se com
trabalho desenvolvido no CNRS (França) e no ICBAS (UP). É
Investigadora Auxiliar do Centro Interdisciplinar de Investigação
Marinha e Ambiental (CIIMAR, UP). A sua investigação incide sobre a
avaliação de efeitos ecotoxicológicos de contaminantes prioritários e
emergentes e seu impacto em ecossistemas aquáticos, efeitos de
stressores naturais e fatores de alterações globais, e compreensão de
mecanismos genéticos envolvidos nas respostas dos organismos à
poluição. Tem mais de 45 trabalhos publicados em livros ou revistas
científicas internacionais. É membro da Direção do Colégio do
Ambiente da Ordem dos Biólogos.
AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA E BIOMONITORIZAÇÃO DE
COMPOSTOS PRIORITÁRIOS E EMERGENTES
Laura Guimarães
CIIMAR/CIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental
Universidade do Porto
Rua dos Bragas 289, P 4050-123 Porto, Portugal
[email protected]
Apesar do crescente esforço de proteção (e.g., Convenção OSPAR, Diretiva-Quadro da Água,
Diretiva-Quadro Estratégia Marinha), descargas não controladas para o ambiente e a libertação de
efluentes de estações de tratamento de águas residuais, ainda em muitos casos sujeitos a
tratamentos tecnologicamente pouco eficazes, continuam a constituir importantes vias de entrada
de contaminantes para o meio aquático. Nas últimas décadas um elevado número de compostos
prioritários e emergentes tem sido detetado nestes ecossistemas, ameaçando a sua integridade
ecológica e os serviços que fornecem (i.e., recursos pesqueiros, áreas para aquacultura, zonas de
turismo e lazer). Entre estes encontram-se por exemplo vários metais pesados, hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, detergentes, biocidas, anticorrosivos, drogas de abuso e fármacos. Em
particular,
a
evolução
tecnológica
dos
métodos
químicos,
que
tem
permitido
baixar
substancialmente os limiares de deteção, tem revelado a presença de vários grupos de fármacos
em sistemas dulçaquícolas e estuarinos. Este contexto vem reforçar a necessidade de desenvolver
parâmetros de avaliação de efeitos ecotoxicológicos em organismos não alvo e estabelecer
programas de biomonitorização destas substâncias nos sistemas aquáticos. A utilização de
biomarcadores tem sido amplamente proposta como ferramenta útil para detetar efeitos precoces
dos contaminantes nos organismos e avaliar a saúde dos ecossistemas, de modo a promover a
intervenção e mitigação atempadas. Recentemente, foram reconhecidos como podendo fornecer
contributo valioso para determinar o ‘bom estado ecológico’ consagrado nas diretivas quadro
europeias. Neste trabalho apresentam-se resultados de estudos efetuados com objetivo de
desenvolver biomarcadores específicos e avaliar efeitos de três grupos de fármacos (antibiótico de
uso veterinário, contracetivo, inibidor seletivo da reabsorção de serotonina) em organismos
aquáticos, e desenvolver abordagens integradas de monitorização químico-biológica de compostos
prioritários.
Este trabalho foi apoiado por fundos FEDER, através do programa COMPETE, e fundos nacionais, através
da FCT no âmbito dos projetos Pest-C/MAR/LA0015/2011 e CRABTHEMES (FCOMP-01-0124-FEDER007383).
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Tomás Albergaria
Licenciado em Engenharia Química pelo ISEP. Mestre em Engenharia
do Ambiente pela FEUP, Doutorado em Engenharia do Ambiente pela
FEUP.
Membro do REQUIMTE/GRAQ desde 2000 onde desenvolve
investigação na área da remediação de solos.
NANOTECNOLOGIA "VERDE" USADA NA REMEDIAÇÃO DE SOLOS
Tomás Albergaria
REQUIMTE, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Instituto Politécnico do Porto
Rua Dr. António Bernardino de Almeida 431, 4200-072 Porto, Portugal
[email protected]
Resumo
A utilização intensiva de produtos farmacêuticos em seres humanos e em animais levou a que
estes produtos, através de vários meios, atingissem os meios hídricos e nos solos. De entre as
origens destas contaminações, podemos destacar os efluentes hospitalares e os resíduos
provenientes dos locais de criação animal, que em alguns casos são utilizados como fonte de
nutrientes para os solos. O impacto da presença destes compostos na saúde humana não está
totalmente estudado mas é aconselhável o máximo cuidado perante situações de contaminação.
Perante este cenário é urgente e indispensável o desenvolvimento de tecnologias de remediação
que invertam a situação, eliminado quer das águas quer dos solos, aqueles contaminantes.
Os métodos químicos, nomeadamente através de reações de oxidação e redução, são muito
utilizados em solos. Os reagentes mais usados são o permanganato de potássio e o reagente de
Fenton (como oxidantes) e o ferro zero valente, FZV, (como redutor). O FZV tem sido utilizado nas
últimas décadas em barreiras reativas permeáveis para tratamento de águas subterrâneas
contendo compostos clorados, metais entre outros contaminantes.
Nos últimos anos têm sido desenvolvidos métodos para a produção de partículas de FZV de
menores dimensões (às escalas micro e nanométrica) e deste modo aumentar a sua reatividade e
a sua mobilidade no solo. No entanto os métodos tradicionais apresentam desvantagens como o
preço ou o facto de utilizarem reagentes tóxicos, o que potencia o aparecimento de métodos
alternativos.
Este trabalho apresenta um método alternativo de produção verde de nanopartículas de FZV que
utiliza extratos de produtos naturais (folhas de árvores) com elevado poder antioxidante. Foi
também avaliada a eficiência destas nanopartículas para a remediação de águas e solos
contaminados com produtos farmacêuticos.
Agradecimentos
Este trabalho é suportado financeiramente pela “Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)”
através dos projetos PEst-C/EQB/LA0006/2011 e PTDC/ECM/103141/2008.
Poluentes emergentes e seus impactos em águas e solos. Um desafio do presente.
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REQUIMTE – INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO
Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431
4200-072 Porto, Portugal
www.requimte.pt | www.graq.isep.ipp.pt
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