UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Estudo de complexos de ferro e de cobre com a base de Shiff 3-Meosalen e ligantes de relevância biológica Anallicy Santos de Paiva _______________________________________ Dissertação de Mestrado Natal/RN, janeiro de 2015 1 ANALLICY SANTOS DE PAIVA ESTUDO DE COMPLEXOS DE FERRO E DE COBRE COM A BASE DE SCHIFF 3-MEOSALEN E LIGANTES DE RELEVÂNCIA BIOLÓGICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, como um dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Química, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Profa. Dra. Ana Cristina Facundo de Brito Pontes Co-orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Pontes NATAL, RN 2015 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN Biblioteca Setorial do Instituto de Química Paiva, Anallicy Santos de. Estudo de complexos de ferro e de cobre com a base de Shiff 3-Meosalen e ligantes de relevância biológica / Anallicy Santos de Paiva. - Natal, RN, 2015. 139 p.: il. Orientador: Ana Cristina Facundo de Brito Pontes Co-orientador: Daniel de Lima Pontes Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. 1. Complexo de Ferro - Dissertação. 2. Base de Schiff-Dissertação. 3. NitroDissertação. 4. Dietilditiocarbamato - Dissertação. 5. Nitrosil - Dissertação. I. Pontes, Ana Cristina Facundo de Brito. II. Pontes, Daniel de Lima. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UFRN/BSE- IQ CDU 546 (043.3) 3 AGRADECIMENTOS Nesses dois anos de mestrado foram momentos de muitos esforços, empenhos, aprendizados e estudo em busca de uma concretização de um sonho e um melhor almejo profissional. Gostaria de agradecer a algumas pessoas especiais que me acompanharam e contribuíram para a finalização desta pesquisa. Primeiramente, agradeço a Deus por essa força maior que me ilumina, rege a minha vida e me faz superar cada desafio e obstáculo ao decorrer dessa caminhada. Obrigada meu Deus por tudo que sou e tenho. Aos meus queridos pais, Maria Goretti Santos de Paiva e Arlindo Nascimento de Paiva pelo amor, carinho, motivação incondicional, repreensões e profundo apoio. E também por estar presente quando preciso, por ter confiança nas minhas escolhas e desejarem sempre o melhor pra mim. A minha linda irmã, Amanda Santos de Paiva, por está sempre disposta a me ajudar, ter paciência comigo e estímulos para superar os desafios. A todos meus bichinhos de estimação que sempre me deram momentos de alegria e descontração. A toda minha família que sempre torcem pelas minhas conquistas e me incentivam para lutar pelos meus sonhos. A minha vó, Maria da Dores que nos deixou a quase dois anos que tem olhado por mim e contribuiu totalmente para as realizações da minha vida. Ao Prof. Dr. Daniel de Lima Pontes que me abriu as portas e me deu a oportunidade de participar do grupo de pesquisa LQCPol, mesmo sem me conhecer direito. Só tenho que agradecer pelos ensinamentos, dedicação, paciência e está sempre disposto a tirar as dúvidas e as inquietações da pesquisa e por compartilhar o seu conhecimento e experiência. Todo crescimento pessoal e profissional adquirido por mim e este trabalho não seria possível sem sua presença. Muito obrigada!!!! A Profa. Dra. Ana Cristina pelo seu carinho, atenção e suas contribuições e alterações mais que necessárias para a melhoria do meu trabalho. Ao Prof. Dr. Francisco Ordelei pelos esclarecimentos sobre as minhas dúvidas acerca do óxido nítrico. Ao Prof. Dr. Ótom Anselmo de Oliveira pela sua disposição em me ajudar no que eu precisar e pelas sugestões e modificações no meu trabalho. A todos meus amigos do Laboratório de Química de Coordenação e Polímero (LQCPol): Aimée, Alexsandro, Ana Carolina, Dayanna, Francimar, Giulia, Luciana, Mayara, Nayara, Thuanny, Verônica e Wendy. A todos igualmente, cada um tem uma contribuição especial e diferenciada, me auxiliaram muito no início com as minhas dificuldades até a 4 minha adaptação no laboratório, aprendi demais com nossas convivências diárias e com as trocas de experiências. A todos meus amigos, principalmente as minhas amigas Isabel, Janiele e Luana Márcia pelos incentivos que tudo daria certo durante as incertezas percorridas pelo caminho e pela amizade adquirida e fortalecida durante esses anos. A profa. Dra. Grazielle Malcher e prof. Luiz Seixas pelos incentivos e pelos conselhos desde os meus primeiros passos na vida acadêmica. À central analítica, na pessoa do técnico Joadir e a todos do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que contribuíram para a realização deste trabalho. Ao programa de Pós-Graduação em Química da UFRN e ao CNPq pela ajuda financeira, com a concessão de bolsa de estudo. 5 RESUMO O objetivo estabelecido para este trabalho foi sintetizar e caracterizar novos complexos de ferro e de cobre com a base de Schiff 3-MeOsalen e ligantes de relevância biológica, cujas fórmulas são [Fe(3-MeOsalen)NO2], [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], [Fe(3-MeOsalen)NO] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]. Os compostos foram caracterizados através da espectroscopia vibracional na região do infravermelho (IV) e da espectroscopia eletrônica na região do ultravioleta e visível (Uv-Vis). A partir das análises dos espectros de infravermelho, comprovou-se a formação dos complexos precursores, evidenciada pelas alterações nas frequências de vibração ν(C=N) e ν(C-O) e pelo surgimento de modos vibracionais metal-oxigênio e metal-nitrogênio. Para os nitro complexos de ferro e cobre observaram-se ν(NO2)ass em torno de 1300 cm-1 e ν(NO2)sim em 1271 cm-1, indicando que a coordenação se faz via átomo de nitrogênio. O espectro do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] exibiu duas bandas, o ν(C-NR2) em 1508 cm-1 e ν(C-S) em 997 cm-1, pertinentes a modos vibracionais de coordenação do ligante na forma bidentada. Para o complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] foi observado uma nova banda intensa em 1670 cm-1 referente ao ν(NO). Com os espectros eletrônicos, a formação dos complexos foi evidenciada pelos deslocamentos das bandas de transições intraligantes e pelo surgimento de novas bandas, como a LMCT (p Cl- d* Fe3+) no [Fe(3-MeOsalen)Cl] e a d-d no [Cu(3-MeOsalen)H2O]. Já para o [Fe(3-MeOsalen)NO2], destacou-se a ausência da banda LMCT presente no complexo precursor enquanto para o Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] constatou-se o deslocamento hipsocrômico da banda d-d em 28 nm. O espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] apresentou deslocamentos da banda LMCT e alterações nas transições intraligantes. No que se refere ao [Fe(3-MeOsalen)NO], evidenciou-se transições intraligantes em regiões mais energéticas, proveniente do forte caráter π receptor do NO e uma banda MLCT, da transição dπFe(II)π*(NO). Palavras Chave: Complexos. Base de Schiff. Nitro. Dietilditiocarbamato. Nitrosil. 6 ABSTRACT The goal set for this work was to synthesize and to characterize new iron and copper complexes with the Schiff base 3-MeOsalen and ligands of biological relevance, whose formulas are [Fe(3-MeOsalen)NO2], [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], [Fe(3-MeOsalen)NO] and Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]. The compounds were characterized by vibrational spectroscopy in the infrared region (IV) and Electronic spectroscopy in the ultraviolet and visible region (Uv-Vis). From the analysis of infrared spectra, they proved to formation of precursor complexes, as evidenced by changes in the vibrationals frequencies ν(C=N) e ν(C-O) and the emergence of vibrationals modes metal-oxygen and metal-nitrogen. For nitro complexes of iron and copper were observed ν(NO2)ass around 1300 cm-1 e ν(NO2)sim in 1271 cm-1, indicating that the coordination is done via the nitrogen atom. The complex spectrum [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] exhibited two bands, the ν(C-NR2) in 1508 cm-1 e ν(C-S) in 997 cm-1, the relevant vibrational modes of coordinating ligand in the bidentate form. For the complex [Fe(3-MeOsalen)NO] was observed a new intense band in 1670 cm-1 related to the ν(NO). With the electronic spectra, the formation of complexes was evidenced by shifts of bands intraligands transitions and the emergence of new bands such as LMCT (p Cl- d* Fe3+) in [Fe(3-MeOsalen)Cl] and the d-d in [Cu(3-MeOsalen)H2O]. As for the [Fe(3-MeOsalen)NO2] has highlighted the absence of LMCT band present in the precursor complex as for the [Cu(3-MeOsalen)NO2] found that the displacement of the band hipsocrômico d-d on 28 nm. The electronic spectrum of [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] presented LMCT band shifts and changes in intraligantes transitions. With regard to [Fe(3-MeOsalen)NO], revealed a more energetic transitions intraligands regions from the strong character π receiver NO and MLCT band of transition dπFe(II)π*(NO). Keywords: Complex. Schiff base. Nitro. Diethyldithiocarbamate. Nitrosyl. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Reação representativa da obtenção de uma base de Schiff...................... 25 Figura 2 - Bases de Schiff: (a) natural, (b) semi-sintética e (c) sintética.................. 26 Figura 3 - Estrutura Química do (E)-4-cloro-2-((4-fluorobenzilimino)-metil)fenol. 26 Figura 4 - Estrutura química do ligante salen........................................................... 27 Figura 5 - Ligantes salen e derivados tetrahidrosalen............................................... 27 Figura 6 - Derivados do ligante salen....................................................................... 28 Figura 7 - Estrutura química do 3-MeOsalen............................................................ 29 Figura 8 - Base de Schiff derivados da Orto-vanilina............................................... 29 Figura 9 - Estrutura química da (a) o-vanilina e (b) vanilina.................................... 30 Figura 10 - Dados cristalográficos para a orto-vanilina com comprimentos de ligação expressos em Å............................................................................ Figura 11 - 31 Figura 11 - Série de complexos de Pt(II) com etilienodiamina com 1,2-bis(piridil)etano com subunidades como (a) naftataleno, (b) antraceno ou (c) fenazina......................................................................... 32 Figura 12 - Estrutura química [Cd(C7H4N2O2)(C8H6O2)2]·2H2O............................... 33 Figura 13 - Estrutura química do íon complexo [Cr(salen)(H2O)2]+.......................... 33 Figura 14 - Estrutura química dos compostos (a) 3-MeOsalen (b) [Ni(3-MeOsalen)] e (c) [Ni(3-MeOsalen)Sm(NO3)3].............................. Figura 15 - Representação da (a) hemoglobina e (b) grupo heme......................................................................................................... Figura 16 - 34 35 Estrutura química dos complexos: (a) [Fe(salen)Cl], (b) [Fe(salen)Cl] 2 e (c) [(μ-O){Fe(salen)}2]......................................................................... 36 Figura 17 - Estrutura química do [Fe(5-PPh3ClMesalen)Cl]...................................... 37 Figura 18 - Estrutura química dos (a)[Fe(salen)], (b)[Fe(3-OHsalen)], (c)[Fe(4-OHsalen)] e (d)[Fe(5-OHsalen)]................................................ 38 Figura 19 - Estrutura química dos derivados do [Fe(salen)Cl] com diferentes diaminas.................................................................................................... 38 Figura 20 - Estrutura química dos ligantes nitrogenados............................................ 39 Figura 21 - Estrutura química do íon complexo [Cu(phen)2]2+................................... 41 Figura 22 - Estrutura química do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O].......................... 42 Figura 23 - Síntese do complexo de [Cusalen] modificado........................................ Figura 24 - Diferentes modos de coordenação do íon nitrito...................................... 44 42 8 Figura 25 - Modos de coordenação nitro e nitrito do complexo [Ni(en)2(NO2)2]........................................................................................ Figura 26 - 44 Estrutura química dos complexos (a) [Ni(diMeen)2(NO2)2] e o (b) [Ni(adiMeen)2(ONO)2] ............................................................................ 45 Figura 27 - Sistema reacional do complexo [Ru(salen)(PPh3)(NO2)]........................ Figura 28 - Estrutura química simplificada do íon ditiocarbamato............................. 46 Figura 29 - Reação geral de síntese do íon ditiocarbamato........................................ Figura 30 - Estruturas de ressonância para o ânion ditiocarbamato............................ 47 Figura 31 - Modos de coordenação do ligante ditiocarbamato ao centro metálico.................................................................................................... Figura 32 - 46 46 47 Estrutura química dos complexos de Sn (IV), onde R= -CH3, -C2H5 e CH2=CH2.................................................................................................. 48 Figura 33 - Estrutura química generalizada do [Fe(R2-dtc)3]..................................... 48 Figura 34 - Síntese representativa do óxido nítrico.................................................... 49 Figura 35 - Diagrama de orbital molecular do NO..................................................... 50 Figura 36 - Representação dos orbitais moleculares entre a ligação metal e NO envolvendo as interações (a) dσ-3σ (b) dπ-2π*........................................ Figura 37 - 51 Modos de coordenação do NO a centros metálicos: (a) linear; (b) angular e (c) ponte.................................................................................... 51 Figura 38 - Estrutura química do Íon nitroprussiato................................................... 52 Figura 39 - Reação fotoquímica da solução aquosa do trans-[Ru(NH3)4LNO]3+...... 52 Figura 40 - Estrutura química do íon complexo [Ru(terpy)(bdq)NO]3+..................... 53 Figura 41 - Estruturas químicas de complexos nitrosilos pentacoordenados de ferro (II) com ligantes macrocíclicos................................................................ 53 Figura 42 - Reação de síntese do ligante 3-MeOsalen................................................ 55 Figura 43 - Rota sintética para os complexos sintetizados......................................... Figura 44 - Estrutura proposta do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl]............. 57 Figura 45 - Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2].......................... 57 Figura 46 - Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]................. 58 Figura 47 - Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO]........................... 59 Figura 48 - Estrutura proposta do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O]......................... 59 Figura 49 - Estrutura proposta do íon complexo [Cu(3-MeOsalen)NO2]-.................. 60 Figura 50 - Aparato montado na capela para liberação de óxido nítrico.................... 56 61 9 Figura 51 - Espectro de infravermelho da orto-vanilina na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr............................................................................................ Figura 52 - Espectro de infravermelho da orto-vanilina na região de 1800 a 400 cm-1 em KBr...................................................................................... Figura 53 - 63 65 Espectro de infravermelho do 3-MeOsalen na região de 4000 a 400 cm1 em KBr................................................................................................... 66 Figura 54 - Ligação de hidrogênio intramolecular da base de Schiff 3-MeOsalen..... 67 Figura 55 - Espectro de infravermelho do 3-MeOsalen na região de 1700 a 600 cm1 Figura 56 - em KBr................................................................................................... 68 Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr...................................................................................... Figura 57 - Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 1700 a 900 cm-1 em KBr...................................................................................... Figura 58 - 72 Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO2] na região de 1700 a 700 cm-1 em KBr................................................................................... Figura 61 - 71 Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO2] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr................................................................................... Figura 60 - 70 Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 900 a 400 cm-1 em KBr...................................................................................... Figura 59 - 69 73 Sobreposição dos espectros de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO2], em preto e vermelho, respectivamente, (a) na região de 1380 1 Figura 62 - 1170 cm-1 (b) na região de 900 - 700 cm- ................................................................................................................. 74 Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr.......................................................................... Figura 63 - Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na região de 1700 a 700 cm-1 em KBr.......................................................................... Figura 64 - 75 Sobreposição de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] 76 e [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], em preto e vermelho, respectivamente, (a) na região de 1700 - 1350 cm-1 (b) na região de 1035 - 920 cm-1.................................................................................................... 77 Figura 65 - Modo de coordenação ao metal na forma bidentado simétrico................ 77 10 Figura 66 - Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr................................................................................... Figura 67 - 78 Sobreposição dos espectros de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO], em preto e vermelho, respectivamente na região de 1750 a 1120 cm-1................................................................................. Figura 68 - Representação dos orbitais moleculares para complexos [FeNO] com ligação angular......................................................................................... Figura 69 - 86 Espectro de infravermelho do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr.......................................................................... Figura 72 - 85 Espectro de infravermelho do [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 1700 a 400 cm-1 em KBr.......................................................................... Figura 71 - 81 Espectro de infravermelho do [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr.......................................................................... Figura 70 - 79 87 Espectro de infravermelho do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] na região de 1400 a 1000 cm-1 em KBr........................................................................ 88 Figura 73 - Espectro eletrônico em metanol da orto-vanilina..................................... 90 Figura 74 - Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina em diferentes solventes. O espectro em DMF foi mostrado a partir de 256 nm devido a absorção eletrônica do solvente em comprimentos de onda inferiores a 256nm.................................................................................................... Figura 75 - Sobreposição dos espectros eletrônicos em meio aquoso da ortovanilina com a variação do pH no intervalo de 2,36 a 10,07 no comprimento de onda de 200 a 500 nm................................................... Figura 76 - 92 93 Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina (preto) no pH 2,36 e do íon orto-vanilínico (vermelho), no pH 10................................. 94 Figura 77 - Estrutura das espécies envolvidas na equação de equilíbrio ácido-base da orto-vanilina......................................................................................... 94 Figura 78 - Gráficos do pH em função da absorbância correspondente ao comprimento de onda. (a) Acompanhamento em = 216nm, (b) Acompanhamento em = 235nm e (c) Acompanhamento em = 389 nm............................................................................................................. 95 Figura 79 - Espectro eletrônico em metanol do 3-MeOsalen..................................... 97 11 Figura 80 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen em solventes diferentes.................................................................................................. Figura 81 - 99 Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina e 3-MeOsalen obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente........................................................................................ 100 Figura 82 - Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)Cl]........................ 101 Figura 83 - Sobreposição dos espectros eletrônicos em metanol do 3-MeOsalen e do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em preto e vermelho, respectivamente.............. Figura 84 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em solventes diferentes.................................................................................. Figura 85 - 102 103 Acompanhamento da redução do [Fe(3-MeOsalen)Cl] com amálgama de zinco em metanol................................................................................. 104 Figura 86 - Tabela de caracteres do grupo Cs............................................................. Figura 87 - Desdobramentos dos orbitais para o campo para complexos piramidal 105 quadrada com configuração d5 de spin alto.............................................. 105 Figura 88 - Estrutura da geometria piramidal quadrada.............................................. 106 Figura 89 - Sobreposição dos espectros eletrônicos em meio aquoso do [Fe(3-MeOsalen)Cl] com a variação do pH no intervalo de 2,24 a 8,4 no comprimento de onda de 200 a 800 nm.............................................. Figura 90 - 107 Gráfico do pH em função da absorbância correspondente ao comprimento de onda do acompanhamento em = 398 nm.................... 108 Figura 91 - Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)NO2]..................... 108 Figura 92 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO2] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente....................................................................... Figura 93 - 109 Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes.................................................................................. 110 Figura 94 - Espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol............. 111 Figura 95 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl], etil2dtc e [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] obtidos em metanol representados em preto, vermelho e verde, respectivamente................................................ Figura 96 - 112 Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em solventes diferentes............................................................................ 113 12 Figura 97 - Acompanhamento da redução do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol com amálgama de zinco.......... Figura 98 - Sobreposição dos espetros eletrônicos do 114 complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] antes e depois da redução em metanol com amálgama de zinco, nas cores preta e vermelha respectivamente............ 115 Figura 99 - Diagrama de Tanabe-Sugano para configuração d5................................. 116 Figura 100 - Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)NO]...................... 116 Figura 101 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen, do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO] obtidos em metanol representados em preto, vermelho e verde, respectivamente................... Figura 102 - 118 Espectro eletrônico em metanol do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol a 2,5.10-5 molL-1 e a expansão em 8.10-4 molL-1...................................... 119 Figura 103 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen e do [Cu(3-MeOsalen)H2O] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente....................................................................... Figura 104 - Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em solventes diferentes.................................................................................. Figura 105 - 122 Espectro eletrônico em metanol do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] a 3.10-5 molL-1 e a expansão em 8.10-4 molL-1..................................................... Figura 107 - 121 Desdobramentos dos orbitais para o campo para complexos piramidal quadrada com configuração d9................................................................. Figura 106 - 120 123 Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Cu(3-MeOsalen)H2O] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente.................................................................... Figura 108 - 124 Sobreposição dos espectros eletrônicos do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes............................................................................ 125 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Valores de IC50 para os derivados de [Fe(salen)Cl] para células MCF7.... Tabela 2 - Reagentes e solventes utilizados no procedimento experimental............... 54 Tabela 3 - Atribuições das principais bandas presentes no espectro de infravermelho da orto-vanilina................................................................... Tabela 4 - 40 65 Dados comparativos entre as frequências de estiramento N-O e spin.............................................................................................................. 81 Tabela 5 - Atribuições dos modos vibracionais presentes no espectro de infravermelho do 3-MeOsalen e [Fe(3-MeOsalen)L1], onde L1= Cl-, NO2-, etil2-dtc- e NO................................................................................... 82 Tabela 6 - Atribuições das frequências de ν(C=N) dos complexos sintetizados......... 83 Tabela 7 - Atribuições das infravermelho principais do bandas ligante presentes 3-MeOsalen no e espectro de complexos [Cu(3-MeOsalen)H2O] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2].................................. Tabela 8 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico da orto-vanilina em metanol....................................................................................................... Tabela 9 - 89 91 Comparativo entre as bandas de absorção da orto-vanilina em solventes diferentes..................................................................................................... 92 Tabela 10 - Valores de pka obtidos para a orto-vanilina com acompanhamento em diferentes comprimentos de onda............................................................... Tabela 11 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do 3-MeOsalen em metanol....................................................................................................... Tabela 12 - 96 97 Comparativo entre as bandas de absorção do 3-MeOsalen em solventes diferentes..................................................................................................... 99 Tabela 13 - Comparativo entre as bandas de absorção da orto-vanilina e 3-MeOsalen em metanol.................................................................................................. 100 Tabela 14 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] em metanol................................................................ 101 Tabela 15 - Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em solventes diferentes..................................................................................... 103 14 Tabela 16 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] em metanol............................................................ Tabela 17 - 109 Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes..................................................................................... 110 Tabela 18 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol................................................. Tabela 19 - Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e o [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]........................................................................ Tabela 20 - 111 113 Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em solventes diferentes............................................................................... 114 Tabela 21 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] em metanol.............................................................. 117 Tabela 22 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol............................................................ 119 Tabela 23 - Comparativo entre as bandas de absorção do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em solventes diferentes..................................................................................... 121 Tabela 24 - Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em metanol....................................................... Tabela 25 - 123 Comparativo entre as bandas de absorção do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes............................................................................... 125 15 LISTA DE ABREVIAÇÕES 3-MeOsalen N,N’-etilenobis(3-Metoxisalicilidenoimina) 3-MeOsalnaphen N,N’naftalenobis(3-Metoxisalicilidenoimina) 3-MeOsalphen N,N’fenilenobis(3-Metoxisalicilidenoimina) 3-OHsalen N,N’-etilenobis(3-Hidroxisalicilidenoimina) 3-OHsalnaphen N,N’naftalenobis(3-Hidroxisalicilidenoimina) 3-OHsalphen N,N’fenilenobis(3-hidroxisalicilidenoimina) 4-MeOsalen N,N’-etilenobis(4-Metoxisalicilidenoimina) 4-MeOsalnaphen N,N’naftalenobis(4-Metoxisalicilidenoimina) 4-MeOsalphen N,N’fenilenobis(4-Metoxisalicilidenoimina) 4-OHsalen N,N’-etilenobis(4-Hidroxisalicilidenoimina) 4-OHsalnaphen N,N’naftalenobis(4-Hidroxisalicilidenoimina) 4-OHsalphen N,N’fenilenobis(4-hidroxisalicilidenoimina) 5-MeOsalen N,N’-etilenobis(5-Metoxisalicilidenoimina) 5-MeOsalnaphen N,N’naftalenobis(5-Metoxisalicilidenoimina) 5-MeOsalphen N,N’fenilenobis(5-Metoxisalicilidenoimina) 5-OHsalen N,N’-etilenobis(5-Hidroxisalicilidenoimina) 5-OHsalnaphen N,N’naftalenobis(5-Hidroxisalicilidenoimina) 5-OHsalphen N,N’fenilenobis(5-hidroxisalicilidenoimina) 5-PPh3ClMesalen N,N’-etilenobis(5-(triphenyl phosphoniummethylsalicilidenoimina) Ar Aromático diMeen N,N dimetiletilenodiamina DMF Dimetilformamida DMSO Dimetilsulfóxido dppe Bis(difenilfosfino)etano en Etilenodiamina etil2-dtc Dietilditiocarbamato Hatz 1H-tetrazol-5-amina Hbimz 1H-benzimidazol Hbtriz 1H-benzotriazol Himz 1H-imidazol Hmtz 5-methyl-1H-tetrazol Htriz 1H-1,2,4-triazol 16 im Imina IV Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho OEP Octaetilporfirina phen 1,10-Fenantrolina PPh3 Trifenilfosfina PPNNO2 Nitrito de bis(trifenilfosfina)iminio salen N,N’etilenobis(salicilidenoimina) Salnaphen N,N’naftalenobis(salicilidenoimina) salphen N,N’fenilenobis(salicilidenoimina) Tch Tiocarboidrazida Terp Terpiridina, 2,6-bis(2-piridil)piridina TPP 5,10,15,20-Tetrafenilporfirina Uv-Vis Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível 17 LISTA DE SIGLAS hCA Isoformo humano da enzima de anidrase carbônica IC50 Concentração Inibitória para 50% das células IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada LMCT Transferência de Carga do Ligante para o Metal MCF10A Mama humano não-tumogênica MCF7 Adenocarcinoma de mama humano MDA MB 231 Câncer de mama metastático humano MGTase Transcrição da metilação O-metil-guanina-DNA metiltransferase MLCT Transferência de Carga do Metal para o Ligante MNU N-metil-N-nitrosoureia MTT Brometo de 3-(4,5- dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio NOS Enzima de óxido nítrico sintetase 18 LISTA DE SÍMBOLOS Comprimento de onda E Identidade σh Plano de reflexão horizontal ν Estiramento δ Deformação angular no plano γ Deformação angular fora do plano ρ Deformação angular assimétrica no plano τ Deformação angular assimétrica fora do plano ῡ Número de onda 19 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 22 2 OBJETIVOS.................................................................................................. 24 2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 24 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 24 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 25 3.1 BASES DE SCHIFF........................................................................................ 25 3.2 PRECURSORES DA BASE DE SCHIFF 3-MEOSALEN............................ 3.2.1 Orto-vanilina.................................................................................................. 30 3.2.2 Etilenodiamina............................................................................................... 3.3 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO COM BASE DE SCHIFF................. 32 3.4 ALGUNS ASPECTOS SOBRE O ELEMENTO QUÍMICO FERRO........... 34 3.4.1 Complexos de ferro com bases de Schiff..................................................... 35 3.5 ALGUNS ASPECTOS SOBRE O ELEMENTO QUÍMICO COBRE........... 41 3.5.1 Complexos de cobre com base de Schiff...................................................... 3.6 ASPECTOS GERAIS DA QÚIMCA DE COORDENAÇÃO DO ÍON NITRITO. ....................................................................................................... 3.7 30 31 41 43 ASPECTOS GERAIS DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DO ÍON DITIOCARBAMATO..................................................................................... 46 3.8 ASPECTOS GERAIS DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO......................................................................................................... 49 4 PARTE EXPERIMENTAL.......................................................................... 54 4.1 REAGENTES UTILIZADOS......................................................................... 54 4.2 PROCEDIMENTO DE SÍNTESE DO LIGANTE 3-MEOSALEN............... 55 4.2.1 Síntese do ligante 3-MeOsalen...................................................................... 55 4.3 ROTA SINTÉTICA DOS COMPLEXOS DE BASE DE SCHIFF 3-MEOSALEN................................................................................................ 55 4.4 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES DOS COMPLEXOS DE FERRO........ 56 4.4.1 Síntese do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl].................................. 56 4.4.2 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2]................................................ 57 4.4.3 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]....................................... 58 4.4.4 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO]................................................. 58 20 4.5 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES DOS COMPLEXOS DE COBRE....... 59 4.5.1 Síntese do complexo precursor [Cu(3-MeOsalen)H2O]............................. 59 4.5.2 Síntese do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2].......................................... 60 4.6 SISTEMA DE BORBULHAMENTO DE NO(g)............................................ 60 4.7 PREPARAÇÃO DA AMÁLGAMA DE ZINCO........................................... 61 4.8 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO.......................................................... 61 4.8.1 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho........................... 61 4.8.2 Espectroscopia eletrônica na região do ultravioleta e visível (UV-Vis).... 62 4.8.2.1 Procedimento utilizado na obtenção dos espectros por espectroscopia eletrônica......................................................................................................... 4.8.2.1.1 Monitoramento da variação do pH da orto-vanilina e [Fe(3-MeOsalen)Cl] via espectroscopia eletrônica..................................... 4.8.2.1.2 62 62 Monitoramento da redução de compostos em estudo via espectroscopia eletrônica........................................................................................................ 62 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 63 5.1 ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO....................................................................................... 63 5.1.1 Espectro de infravermelho da orto-vanilina............................................... 63 5.1.2 Espectro de infravermelho do ligante 3-MeOsalen.................................... 66 5.1.3 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl].................. 69 5.1.4 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2]............... 72 5.1.5 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]...... 75 5.1.6 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO]................ 78 5.1.7 Comparações dos espectros vibracionais para os complexos de [Fe(3-MeOsalen)L1], L1=Cl-, NO2-, NO e etil2-dtc-.................................... 83 5.1.8 Espectro de infravermelho do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O]............. 85 5.1.9 Espectro de infravermelho do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]......... 87 5.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA E VISÍVEL (UV-VIS)..................................................... 90 5.2.1 Espectro eletrônico da orto-vanilina............................................................ 90 5.2.1.1 Estudo do pKa da orto-vanilina....................................................................... 5.2.2 Espectro eletrônico do ligante 3-MeOsalen................................................. 96 5.2.3 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl].............................. 92 101 21 5.2.3.1 Estudo do pka do Complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl].......................................... 106 5.2.4 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2]........................... 108 5.2.5 Espectro eletrônico do Complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]................. 111 5.2.6 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO]............................ 116 5.2.7 Espectro eletrônico do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O].......................... 118 5.2.8 Espectro eletrônico do complexo Na[Cu(3-MeOsale)(NO2)]..................... 122 6 CONCLUSÃO................................................................................................ 126 REFERÊNCIA.............................................................................................. 129 22 1 INTRODUÇÃO Muitos compostos de coordenação são utilizados ou são classificados como substâncias com elevado potencial terapêutico, fato que pode ser evidenciado pelo desenvolvimento e identificação de novas metalodrogas bioativas e pela elucidação do seu envolvimento em reações catalíticas biomiméticas (BOERNER; ZALESKI, 2005; ZHANG; LIPPARD, 2003). Dentre os compostos de coordenação de grande destaque na química bioinorgânica podem ser citados a cisplatina (cis-[Pt(NH3)2Cl2]), que promove a morte de células cancerígenas a partir de sua interação com o DNA (BOERNER; ZALESKI, 2005) e o nitroprussiato de sódio (Na2[Fe(CN)5NO]), utilizado no tratamento de doenças cardiovasculares (BONAVENTURA et al., 2008). Desta forma, a interação de centros metálicos e ligantes tem se mostrado uma importante área de estudo, em que tanto as características químicas do metal quanto a dos ligantes podem ser modulados de forma a se obter compostos que apresentem as propriedades de interesse. Entre os ligantes constituintes dos compostos de coordenação, as bases de Schiff têm aplicações bastante amplas e de grande importância, por originar complexos estáveis com diversos metais em estados de oxidação variados (COZZI, 2004). Os complexos da base de Schiff salen e derivados são amplamente estudados devido às suas importantes aplicações como catalisadores em reações de oxidação, redução e polimerização (GHAFFARI et al., 2014; SALOMÃO et al., 2007), estudos também relatam atividades biológicas relacionadas à morte celular em tumores malignos (WOLDEMARIAM; MANDAL, 2008; LEE et al., 2011; ANSARI et al., 2009), bem como a clivagem e interações com DNA (ROUTIER et al., 1999; DEHKORDI; LINCOLN, 2013). Buscando desenvolver compostos de coordenação que possam apresentar atividades biológicas relevantes, neste trabalho foram sintetizados e caracterizados complexos de ferro e de cobre, tendo a base de Schiff 3-MeOsalen como ligante principal, possuindo ainda na esfera de coordenação do metal as espécies bioativas nitrito, dietilditiocarbamato ou óxido nítrico como ligantes auxiliares. O íon nitrito é encontrado naturalmente em organismos vivos, e foi observado que compostos de coordenação com este ligante podem atuar na liberação de NO em meio biológico. Tal efeito foi relatado por Ankers e Fanning (2001) que identificaram complexos 23 com íon nitrito e base de Schiff que produzem NO quando na presença de reagentes tais como PPNNO2, NaNO2 e AgNO2 em acetonitrila. Em várias pesquisas da área medicinal tem sido observado que ditiocarbamatos atuam como agentes antitumorais e bactericidas. Güzel; Salman (2006) relataram estudos com os ésteres de ditiocarbamato que apresentaram atividade in vitro contra bactérias do gênero Mycobacterium da tuberculose. Em estudos realizados por Siddiqi et al. (2007) verificaram-se que complexos de metais de transição com grupos ditiocarbamatos, tais como Sn(tch)2{M2(etil2-dtc)4}, tch= tiocarboidrazida, etil2-dtc= dietilditiocarbamato e M= Mn (II), Fe(II), Co (II), Ni(II) e Cu (II), apresentam eficácia farmacológica contra bactérias do tipo Escherichia coli e Salmonella typhi. Já em relação ao ligante óxido nítrico, a molécula atua como um mensageiro biológico no organismo, tendo participação no controle da pressão arterial (IGNARRO, 1989), no sistema neurotransmissor (GARTHWAITE, 1991), nas respostas imunológicas (HIBBS Jr. et al., 1988) e nas ações antioxidantes (WINK; MITCHELL, 2003). Os compostos nitrosilos com metais de transição são bastante úteis como agentes liberadores de óxido nítrico podendo ser usados visando à eliminação de problemas fisiológicos no corpo humano. Desta maneira, há o interesse de que a liberação desta molécula ocorra de forma controlada, condição que pode ser avaliada por meio de ensaios fotoquímicos e térmicos (TFOUNI et al., 2003). 24 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O presente trabalho tem como objetivo sintetizar e estudar as características espectroscópicas de novos complexos metálicos de ferro e de cobre tendo como ligante principal a base de Schiff N,N’etilenobis(3-Metoxisalicilidenoimina), identificada como 3-MeOsalen, e ainda a coordenação de ligantes em posições axiais como o íon nitrito, dietilditiocarbamato e óxido nítrico. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Sintetizar a base de Schiff 3-MeOsalen, a partir da orto-vanilina e etilenodiamina. • Sintetizar complexos mononucleares de Fe (III) e de Cu (II) com a base de Schiff 3-MeOsalen. • Sintetizar novos complexos mononucleares de ferro com a base de Schiff 3-MeOsalen coordenados a íon nitrito, dietilditiocarbamato ou óxido nítrico. • Sintetizar novos complexos mononucleares de cobre com a base de Schiff 3-MeOsalen coordenados a íon nitrito. • Caracterizar os compostos sintetizados através da Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho (IV) e Espectroscopia Eletrônica na Região do Ultravioleta e Visível (Uv-Vis). 25 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 BASES DE SCHIFF As bases de Schiff, moléculas contendo o grupo imina ou azometina (C=N), foram descritas inicialmente por Hugo Schiff em 1864. Estes compostos são obtidos a partir da condensação de uma amina primária (R1-NH2) com uma carbonila, proveniente de cetona ou aldeído (R2R3C=O), sendo o produto caracterizado pela formação do grupo C=N e a eliminação de água, conforme reação apresentada na figura 1. Os substituintes R1, R2 e R3 podem ser grupos alquil, aril, heteroaril, hidrogênio, entre outros. Figura 1- Reação representativa da obtenção de uma base de Schiff OH R3 O R2 + H2N R1 R3 R2 NH R1 R3 R2 N R1 + H2O Fonte: Autora (2015) Compostos possuindo grupos iminas podem ser obtidos a partir de fontes naturais, por exemplo, em plantas, ou por vias sintéticas ou ainda através de vias semi-sintéticas (Figura 2). Dentre as bases de Schiff de origem vegetal pode ser citado o Ancistrocladidino (Figura 2, a), metabólito secundário do extrato de plantas das famílias Ancistrocladaceae e Dioncophyllaceae, que é utilizado no tratamento da malária (BUNGARD; MORRIS, 2002; SILVA et al., 2011). Um dos exemplos de base de Schiff de origem semi-sintética (Figura 2, b) é o composto formado da reação entre aminas primárias presentes na quitosana com o salicilaldeído, originando uma base de Schiff que apresenta propriedades antifúngicas contra Botrytis cinérea Pers. e Colletotrichum lagenarium (GUO et al., 2007). Como exemplo de base de Schiff de origem sintética pode ser citado o composto N-(Salicilidene)-2-hidroxianilina (Figura 2, c), originada a partir da reação de salicilaldeído com 2-hidroxianilina. Este composto apresenta atividade contra Mycobacterium tuberculosis H37Rv (SOUZA et al., 2007; QIN et al., 2013). 26 Figura 2 - Bases de Schiff: (a) natural, (b) semi-sintética e (c) sintética (a) (b) (c) Fonte: QIN et al. (2013, p. 12275) A base de Schiff (E)-4-cloro-2-((4-fluorobenzilimino)-metil)fenol (Figura 3), sintetizada a partir da condensação do 5-cloro-salicilaldeído com 4-fluor-benzilamina, apresenta atividades antibactericidas relevantes, observadas em ensaios realizados com Bacillus subtilis, Escherichia coli, Pseudomonas fluorescence e Staphylococcus aureus, apresentando ainda atividade antifúngica para Aspergillus niger. Frente ao elevado número de bases de Schiff conhecidas e estudadas, foi possível se estabelecer uma relação entre estrutura e atividade biológica, verificando-se que o aumento da atividade antimicrobiana tem relação direta com a hidrofilicidade e aromaticidade. Além disso, já foi observado que a presença de grupos no anel aromático pode influenciar na atividade biológica destes compostos (SHI et al., 2007). Figura 3- Estrutura Química do (E)-4-cloro-2-((4-fluorobenzilimino)-metil)fenol Fonte: MUSA et al. (2010, p. 166) O principal ligante polidentado pertencente à classe das bases de Schiff é o N,N’etilenobis(salicilidenoimina), usualmente denominado de salen, o qual resulta da condensação de salicilaldeído (2-hidroxibenzaldeído) com etilenodiamina, na proporção 2 para 1, formando um ligante tetradentado, conforme ilustrado na figura 4, o qual se coordena à metais através de dois átomos de oxigênio e dois átomos de nitrogênio. 27 Figura 4 – Reação de condensação do ligante salen Fonte: Autora (2015) Derivados do salen, cujas estruturas são apresentadas na figura 5, exibem atividades biológicas relevantes, como por exemplo, atuando na inibição da enzima anidrase carbônica, associada a tumores do tipo hCA XII. Sabe-se que a multiplicação das células malignas acontece em meio alcalino. No entanto, a partir da proliferação celular ocorre a produção do ácido lático devido ao intenso metabolismo anaeróbico, dificultando assim a divisão celular ocasionado pela acidez do meio. Desta forma, essas células intensificam o uso da enzima anidrase carbônica, responsável pela reação catalítica de conversão de gás carbônico e água a ácido carbônico, dissociados como H+ e HCO3-. A partir da troca iônica, há a liberação de excesso de íons H+, permitindo a alcalinização do meio e contribuindo para uma maior replicação celular. Por esse motivo, destacou-se a pertinência da busca por compostos que venham atuar sobre a enzima anidrase carbônica, inibindo assim o desenvolvimento tumoral (CARRADORI et al., 2013). Figura 5 - Ligantes salen e derivados tetrahidrosalen Fonte: CARRADORI et al. (2013, p. 6760) 28 Na figura 6 é apresentada a estrutura base do ligante salen e as suas diferentes possibilidades de modificações estruturais, destacando a viabilidade de alterações nos substituintes no anel benzênico e alterações ou substituições na cadeia do composto diamínico. Figura 6- Derivados do ligante salen H H N N N N OH HO OH HO H N N OH HO H N N OH HO tBu N N OH HO tBu Ar Ar N N OH tBu tBu HO Ph Ph Fonte: Autora (2015) A base de Schiff utilizada neste trabalho é o N,N’-etilenobis(3-Metoxisalicilidenoimina), normalmente identificado como 3-MeOsalen, cuja estrutura é apresentada na figura 7. Esta base de Schiff é oriunda da reação entre dois equivalentes de orto-vanilina e um equivalente de etilenodiamina. 29 Figura 7- Estrutura química do 3-MeOsalen N N OH HO O O H3 C CH3 Fonte: Autora (2015) Na figura 8 são mostradas rotas sintéticas para a obtenção de diferentes bases de Schiff, derivadas da orto-vanilina, com alterações somente nas diaminas utilizadas no procedimento de síntese, salientando as diversas possibilidades de modificações estruturais. Figura 8- Base de Schiff derivados da orto-vanilina N N HO N OH N N N OCH 3 OH H 3CO N N OCH 3 HO OH O O H O H 3C CH 3 OH NH N N N H 3CO OCH 3 CH3 N OH O H3C N N HO OH H3C CH3 N N OH O HO HO O CH3 O H3C Fonte: Autora (2015) O CH3 30 3.2 PRECURSORES DA BASE DE SCHIFF 3-MEOSALEN 3.2.1 Orto-vanilina A orto-vanilina, C8H8O3, é um composto orgânico encontrado em extratos e óleos essenciais de diversas plantas (SAM et al., 2012), cuja nomenclatura da IUPAC dessa substância é 2-hidroxi-3-metoxibenzaldeído. Sua estrutura consiste de um anel benzênico substituído com o grupo aldeído na posição 1, o grupo hidroxila, -OH na posição 2 e o grupo metóxi, -OCH3 na posição 3. Esta substância difere do seu isômero vanilina (Figura 9, b) devido à presença da hidroxila na posição para em relação ao grupo aldeído enquanto que na orto-vanilina (Figura 9, a), a hidroxila está na posição orto. Figura 9- Estrutura química da (a) o-vanilina e (b) vanilina O O H H OH Fonte:Autora. O (a) CH3 O CH3 OH (b) Fonte: Autora (2015) A orto-vanilina foi isolada pela primeira vez pelo químico alemão Ferdinand Tiemann em 1876, porém apenas em 1910 Francis Noelting desenvolveu uma metodologia para sua purificação. Estudos cristalográficos mostram que a orto-vanilina apresenta uma estrutura planar e a presença do grupo hidroxila na posição orto ao aldeído possibilita ainda uma forte ligação de hidrogênio intramolecular entre o hidrogênio do grupo hidroxila e a carbonila proveniente do aldeído, proporcionando, portanto, uma estabilidade adicional em relação à vanilina (IWASAKI et al., 1976). Na figura 10 são apresentados os dados cristalográficos obtidos para a orto-vanilina. 31 Figura 10- Dados cristalográficos para a orto-vanilina com comprimentos de ligação expressos em Å Fonte: CCDC Conquest (2015) A orto-vanilina tem sido bastante investigada em razão das suas propriedades antimutagênicas. Os agentes mutagênicos estão relacionados ao desenvolvimento de doenças causadas por mudança na sequência de nucleotídeos ou arranjo do DNA, mutações cromossômicas e mutações gênicas. Assim, buscam-se por compostos antimutagênicos para inibir um ou mais estágios no processo de mutação (SANTOS et al., 2008). Estudos apontaram a orto-vanilina como inibidor da capacidade de promover a transcrição da metilação O-metil-guanina-DNA metiltransferase (MGTase) do agente mutagênico N-metil-N-nitrosoureia (MNU). O MNU é um agente alquilante e exibe sua toxicidade transferindo o grupo metil para nucleobases em ácido nucleícos, provocando mutações (TAKAHASHI et al., 1989, WATANABE et al., 1989; TAKAHASHI et al., 1990). 3.2.2 Etilenodiamina A etilenodiamina é um líquido incolor com cheiro similar ao da amônia e com fórmula molecular C2H4(NH2)2. Esta substância é um importante ligante na química de coordenação, podendo se coordenar de forma bidentada a diferentes átomos metálicos. Duskova et al. (2012) relata estudos sobre uma série de complexos de Pt (II) com etilenodiamina e derivados do 1,2-bis(piridil)etano (Figura 11), este último contendo subunidades como naftataleno (Figura 11, a), antraceno (Figura 11, b) ou fenazina (Figura 11, c), tendo verificado que estes compostos apresentam potencial para intercalação com DNA. Nesses estudos foi observado que os complexos contendo antraceno como grupo arila são 32 mais eficazes na intercalação do DNA, devido ao seu tamanho da superfície do plano aromático ser superior do que o naftaleno. Em relação à fenazina, a diferença se deve a substituição do átomo de carbono pelo átomo de nitrogênio na posição 9, 10 que provoca uma diminuição na seletividade na intercalação do DNA. Figura 11- Série de complexos de Pt (II) com etilienodiamina com 1,2-bis(piridil)etano com subunidades como (a) naftataleno, (b) antraceno ou (c) fenazina (a) (b) (c) Fonte: DUSKOVA et al. (2012, p. 7113) 3.3 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO COM BASE DE SCHIFF Na química de coordenação, os ligantes de bases de Schiff são considerados “ligantes privilegiados”, devido sua capacidade de formar complexos bastante estáveis, podendo se coordenar a diferentes metais de transição e com estes em vários estados de oxidação (COZZI, 2004). Estudos sobre complexos metálicos, tendo bases de Schiff como ligante, mostraram resultados que indicam a potencialidade desses complexos no tratamento de câncer ou como agente bactericida e antiviral. Esta classe de complexos apresenta ainda outras aplicações tais como adsorção e transporte de oxigênio, como pesticidas e em catálise homogênea e heterogênea ocasionando a oxidação e polimerização de compostos orgânicos (ARANHA et al., 2007). O complexo de Cd (II) com a base de Schiff gerada a partir da condensação do ácido 3,5-diaminobenzóico e orto-vanilina, ilustrado na figura 12, apresentou uma relevante capacidade de inibição da atividade proteassoma celular e consequente indução da apoptose (morte celular programada ou auto-destruição celular de forma ordenada) das células do 33 câncer de mama. O complexo em questão inibiu a proliferação do câncer de mama MDA MB 231 enquanto as células não tumogênicas MCF10A foram menos sensíveis a ação do complexo (ZHANG et al., 2013). A atividade proteassoma regula uma série de processos celulares importantes, incluindo a proliferação celular e a morte através da degradação de proteínas específicas. Assim, estudos sobre novos inibidores de proteassoma são de grande relevância, principalmente, devido a sua potencial utilização na quimioterapia para diversos tipos de tumores. Figura 12- Estrutura química [Cd(C7H4N2O2)(C8H6O2)2]·2H2O HO O N N Cd O O O O H3C CH3 Fonte: Autora (2015) Uma das aplicações de complexos com o ligante salen é relatado por Aranha et al. (2007), a partir de testes realizados com ratos diabéticos. Nesses testes, eles verificaram que o cloreto de N,N’-etilenobis(salicilideno-iminato)diaquocromo(III), [Cr(salen)(H2O)2]Cl (Figura 13) potencializa a ação da insulina, reduzindo sintomas como hiperglicemia e colesterol. Partindo dessas observações, eles concluiram que este complexo pode ser usado como modelo de subtâncias com potencial para aplicações no tratamento dessa disfunção orgânica. Figura 13- Estrutura química do íon complexo [Cr(salen)(H2O)2]+ + OH 2 N N Cr O O OH 2 Fonte: Autora (2015) 34 O ligante 3-MeOsalen apresenta o grupo metoxila na posição 3, o que possibilita a obtenção de complexos binucleares, devido à viabilidade de coordenação de um segundo metal através do grupo metoxila, conforme ilustrado na figura 14. Xiao e colaboradores (2011) mostraram que o Samário (Sm), por exemplo, pode se coordenar aos oxigênios dos grupos metóxidos do ligante 3-MeOsalen já coordenados a um complexo de níquel. Uma das potenciais aplicações observadas para este composto binuclear está relacionada à sua atividade catalítica na polimerização do ácido lático. Figura 14 - Estrutura química dos compostos (a) 3-MeOsalen (b) [Ni(3-MeOsalen)] e (c) [Ni(3-MeOsalen)Sm(NO3)3] N N Ni Ni O O HO OH N N N N O O Sm O O O O H3C CH3 H3C O H3C CH3 O O CH3 N O (a) O (b) 3 (c) Fonte: Autora (2015) 3.4 ALGUNS ASPECTOS SOBRE O ELEMENTO QUÍMICO FERRO O ferro é o elemento químico de número atômico 26 e massa atômica 55,845 gmol-1, sendo classificado como pertecente ao grupo 8 da tabela periódica. A configuração dos orbitais mais externos deste metal são 3d6, 4s2, apresentando como principais estados de oxidação +2 e +3. Diferentemente do ouro, o ferro é muito abundante na natureza, e apresenta potencial de redução baixo, razão pela qual raramente ocorre na natureza na sua forma pura. Este metal é normalmente encontrado em um de seus estados oxidados em compostos como hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4), siderita (FeCO3), limonita (Fe2O3.H2O) e pirita (FeS2) (MEDEIROS, 2010) e pelas suas propriedades e abundância, assume papel de grande relevância nos meios econômicos e industriais, além de se constituir em elemento de fundamental importância em vários processos biológicos. O ferro está presente em várias moléculas de sistemas biológicos, tais como os grupos hemes, cujo são encontrados na hemoglobina, miglobina e nos citocromos, grupos estes 35 formados mediante interações de íon ferro (II) com biomoléculas, principalmente as porfirinas (TOMA, 1984). Estes sistemas apresentam algumas funções biológicas importantes, como o transporte de oxigênio, a transferência de elétrons e certos processos de catálise enzimática. A hemoglobina atua no transporte do oxigênio dos pulmões para os tecidos celulares nos mamíferos. Neste processo, o (O2) se liga ao Fe2+ da hemoglobina nos pulmões, e a medida que esta circula pelo organismo vai liberando o O2 para os tecidos celulares e se ligando ao dióxido de carbono, voltando aos pulmões, onde este gás é substituído pelo oxigênio, iniciando um novo ciclo. Portanto, a hemoglobina conduz o oxigênio para o organismo e retira o CO2 resultante do metabolismo celular, eliminando-o através dos pulmões. Na figura 15 são ilustrados a hemoglobina e o grupo heme. Figura 15- Representação da (a) hemoglobina e (b) grupo heme (a) (b) Fonte: http://misodor.com/HEMOGLOBINA.php 3.4.1 Complexos de ferro com bases de Schiff Os complexos de ferro III formados com ligantes tetradentados como o salen ou seus derivados, normalmente apresentam configuração alto spin (S = 5/2). Outra característica importante observada nos complexos de [Fe(salen)Cl] (Figura 16, a) é que a partir deste composto pode-se obter uma diversidade de possibilidades estruturais como os complexos binucleares de [Fe(salen)Cl] nas formas diméricas ou em ponte com oxigênio, dependendo dos procedimentos experimentais nas sínteses. 36 A obtenção do composto dimérico [{Fe(salen)Cl}2] (Figura 16, b) pode ser realizada através da recristalização do [Fe(salen)Cl] em acetona, tendo-se como resultado a formação do dímero assegurada por interações intermoleculares entre o par de oxigênios fenólicos da base de Schiff e os átomos de ferro (GULOTTI et al., 1977). O complexo em ponte [μ-O{Fe(salen)}2] (Figura 16, c) é obtido a partir da reação de Fe(OH)3 com a base de Schiff ou através da hidrólise do complexo monomérico [Fe(salen)Cl] com NaOH ou KOH (HOBDAY; SMITH, 1972; JANA et al., 2012). Figura 16 - Estrutura química dos complexos: (a) [Fe(salen)Cl], (b) [Fe(salen)Cl]2 e (c) [(μ-O){Fe(salen)}2] (b) (a) (c) Fonte: Adaptado HOBDAY; SMITH (1972, p. 317) A coordenação de ligantes biologicamente ativos a centros metálicos podem fazer com que sua atividade seja intensificada. Desse modo, complexos com base de Schiff apresentam relevância científica e social por estarem envolvidos em pesquisas sobre intervenções terapêuticas como no tratamento de câncer, nas atividades antibacterianas e intercalações com o DNA. Particularmente, o complexo [Fe(salen)Cl] mostrou-se como uma importante nuclease sintética, induzindo a fragmentação do DNA de células humanas em estudos in vitro quando na presença do agente redutor ditiotreitol. As espécies reativas de oxigênio geradas a partir da redução do centro metálico causam danos às células, levando-as a morte por apoptose. Para a compreensão do percurso para a ocorrência da apoptose, realizou-se estudo de imunocoloração com anticorpo anti-citocromo c. Estudos complementares detectaram que a presença do complexo promove uma maior difusão do citocromo c da mitocôndria para o citosol. Tal processo é uma via importante de 37 indução da morte celular por apoptose, indicando assim que a atuação deste complexo pode estar também relacionada à atividade da mitocôndria (WOLDEMARIAM; MANDAL, 2008). Os complexos de ferro com ligantes derivados do salen, como por exemplo, o composto [Fe(5-PPh3ClMesalen)Cl], ilustrado na figura 17, também demonstraram forte capacidade de interação com DNA. Através do acompanhamento espectrofotométrico (Uv-Vis) da reação entre o complexo e DNA foram detectadas alterações consideráveis do perfil do espectro eletrônico do complexo. Estas alterações foram caracterizadas principalmente pelo efeito hipercrômico nas absorções acima de 300 nm, indicando a ocorrência de interações eletrostáticas do complexo com as bases do DNA. O efeito hipocrômico foi observado em bandas com comprimento de onda menores que 300 nm, representando a interação hidrofóbica resultante da interação entre o DNA com os anéis fenílicos do grupo fosfino (DEHKORDI; LINCOLN, 2013). Figura 17- Estrutura química do [Fe(5-PPh3ClMesalen)Cl] Fonte: DEHKORDI et al. (2013, p. 814) Estudos realizados com os compostos [Fe(II)(salen)] e [Fe(II)(bishidroxisalen)], figura 18, também indicaram uma elevada afinidade entre esses complexos e o DNA. Adicionalmente, foi possível constatar que a posição dos grupos hidroxi na base de Schiff salen tem efeito sobre as propriedades biológicas dos respectivos complexos. Foi observado para este sistema que o complexo com grupos hidroxi na posição para apresenta maior afinidade pelo DNA do que os isômeros com grupos -OH nas posições orto e meta (ROUTIER et al., 1999). Tal condição pode ser atribuída ao efeito cooperativo do ligante, que no isômero para se assemelha à hidroquinona e assim facilita processos redox do ferro promovendo a formação de radicais livres que são responsáveis pela clivagem ao DNA (ROUTIER et al., 1999). 38 Figura 18- Estrutura química dos (a) [Fe(salen)], (b) [Fe(3-OHsalen)], (c) [Fe(4-OHsalen)] e (d) [Fe(5-OHsalen)] N N O Fe O O (a) Fe O HO O (c) HO HO N N Fe O O (b) OH N N N N Fe O OH (d) OH Fonte: Autora (2015) Ansari e seus colaboradores (2009) avaliaram a citotoxicidade do [Fe(salen)Cl] e de derivados desses complexos via MTT (Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5- difeniltetrazólio) na célula de câncer de mama MCF7. Os derivados estudados apresentaram as seguintes diaminas para formação da base de Schiff: a etilenodiamina, o-fenilenodiamina ou o 2,3 diaminonaftaleno (Figura 19) e também alteraram os substituintes dos anéis aromáticos pelo grupo -OH ou pelo grupo –OCH3 na posição 3, 4 e 5. Figura 19- Estrutura química dos derivados do [Fe(salen)Cl] com diferentes diaminas N N Fe O Cl N N N O O N Fe Fe O Cl O Cl O Fonte: Autora (2015) A variedade de compostos estudados por Ansari e seus colaboradores (2009) teve como finalidade encontrar alguma associação entre as estruturas e atividades biológicas, tendo sido observado que a citotoxicidade dos compostos está relacionada com o modo de interação, o transporte, o potencial de captação celular, a estrutura e a reatividade desses compostos. Efetuou-se um estudo comparativo da citotoxicidade via MTT para todos os derivados de [Fe(salen)Cl] e notou que a atividade se mostrou dependente da estrutura da diamina e dos substituintes dos anéis benzênicos. 39 Os compostos [Fe(salen)Cl], [Fe(salphen)Cl] e [Fe(salnaphen)Cl] apresentaram os seguintes valores de IC50: 22,0; 1,3 e 0,5 μM, respectivamente. Estes resultados indicam que o aumento do número de anéis aromáticos na diamina intensifica a citotoxicidade do material. Analisando-se os resultados obtidos para os compostos com substituições do grupo hidroxila e metoxila, verificou-se que o grupo metoxila é mais bioquimicamente ativo, por apresentar maior carácter hidrofóbico, o que faz aumentar a permeabilidade celular e a eficiência desses compostos. Por tais observações, concluiu-se que tanto o anel aromático quanto as posições dos substituintes interferem na citotoxicidade dos complexos (ANSARI et al., 2009 ANSARI et al., 2011). Estudos realizados por Herchel e colaboradores (2009) abordaram sobre a determinação da citotoxicidade de complexos ferro-salen com ligantes nitrogenados nas posições axiais, tais como 1H-imidazol (Himz), 1H-tetrazol-5-amina (Hatz), 5-metil-1Htetrazol (Hmtz), 1H-benzimidazol (Hbimz), 1H-1,2,4-triazol (Htriz), 1H-benzotriazol (Hbtriz), visualizado na figura 20. Através de ensaios de citotoxicidade nas células de câncer de mama MCF7, constatou-se que a substituição do íon cloreto pelo ligante nitrogenado potencializa a ação da apoptose das células cancerígenas em alguns complexos, acarretando numa diminuição nos valores de IC50 comparado com [Fe(salen)Cl)]. Figura 20- Estrutura química dos ligantes nitrogenados Fonte: HERCHEL et al. (2009, p.9871) 40 Na tabela 1 são relatados os valores de IC50 para os derivados de [Fe(salen)Cl] para células MCF7. Tabela 1- Valores de IC50 para os derivados de [Fe(salen)Cl] para células MCF7. COMPOSTO IC50 (μM) –MCF7 Referências [Fe(salen)Cl] 22 ANSARI et al., 2009 [Fe(3-OHsalen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(4-OHsalen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(5-OHsalen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(3-MeOsalen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(4-MeOsalen)Cl] 12 ANSARI et al., 2011 [Fe(5-MeOsalen)Cl] 4,5 ANSARI et al., 2011 [Fe(salphen)Cl] 1,3 ANSARI et al., 2009 [Fe(3-OHsalphen)Cl] 0,3 ANSARI et al., 2011 [Fe(4-OHsalphen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(5-OHsalphen)Cl] >60 ANSARI et al., 2011 [Fe(3-MeOsalphen)Cl] 4,1 ANSARI et al., 2011 [Fe(4-MeOsalphen)Cl] 0,7 ANSARI et al., 2011 [Fe(5-MeOsalphen)Cl] 3,1 ANSARI et al., 2011 [Fe(salnaphen)Cl] 0,5 ANSARI et al., 2009 [Fe(3-OHsalnaphen)Cl] 0,2 ANSARI et al., 2009 [Fe(4-OHsalnaphen)Cl] >100 ANSARI et al., 2009 [Fe(5-OHsalnaphen)Cl] >100 ANSARI et al., 2009 [Fe(3-MeOsalnaphen)Cl] 1,5 ANSARI et al., 2009 [Fe(4-MeOsalnaphen)Cl] 0,5 ANSARI et al., 2009 [Fe(5-MeOsalnaphen)Cl] 1,3 ANSARI et al., 2009 [Fe(salen)(Himz)]n 23,7 HERCHEL et al., 2009 [Fe(salen)(Hatz)]n 13,1 HERCHEL et al., 2009 [Fe(salen)(Hmtz)]n 20,6 HERCHEL et al., 2009 [Fe(salen)(Hbimz)]n >1 HERCHEL et al., 2009 [Fe(salen)(Htriz)]n 18,3 HERCHEL et al., 2009 [Fe(salen)(btriz)]n 16,9 HERCHEL et al., 2009 Fonte: Autora (2015) 41 3.5 ALGUNS ASPECTOS SOBRE O ELEMENTO QUÍMICO COBRE O cobre é o elemento químico de número atômico 29 e massa atômica 63,546 gmol-1. A configuração eletrônica dos orbitais mais externos para este metal é 3d10, 4s1, podendo ser encontrado principalmente nos estados de oxidação +1 e +2. O cobre exerce funções essenciais no meio biológico, atuando no transporte de elétrons, no metabolismo do oxigênio, na oxidação de catecóis e fenóis e nas atividades metabólicas no fígado e nos rins (RODRIGUEZ et al., 2012). Um dos compostos de coordenação com destaque na área biológica é o complexo formado pelo Cu (II) e a 1,10-fenantrolina (phen), [Cu(phen)2]2+, representado na figura 21. Esse composto é reduzido in situ, originando a espécie [Cu(phen)2]+, o qual se liga ao sulco menor do DNA, reduzindo o oxigênio molecular, gerando espécies oxidantes, como por exemplo, radicais livres como o superóxido e o radical hidroxilo que causam a quebra da fita do DNA (DEY et al., 2008). Devido a essa habilidade do Cu (II) - fenantrolina em gerar espécies radicalares, muitos complexos com esse sistema têm sido testados como potenciais fármacos anticancerígenos. Figura 21- Estrutura química do íon complexo [Cu(phen)2]2+ 2+ N N Cu N N Fonte: Autora (2015) 3.5.1 Complexos de cobre com base de Schiff Odabaşoğlu e colaboradores (2007) descreveram uma síntese diferenciada para o N,N’etilenobis(3-Metoxisalicilidenoiminato)aquacobre(II), conforme ilustrado na figura 22, com geometria piramidal de base quadrada, número de coordenação cinco e que apresenta em sua estrutura o ligante 3-MeOsalen. A síntese deste complexo foi realizada a partir do 42 cis-aquabis(o-vanilinato)cobre(II) e em seguida adicionado etilenodiamina para a obtenção do complexo proposto. Figura 22- Estrutura química do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] H H O N N Cu O O H3C O O CH3 Fonte: Autora (2015) A síntese de um novo complexo derivado do cobre e salen, ilustrado na figura 23, teve como objetivo investigar a interação deste composto com o DNA. Este complexo induziu a clivagem do DNA na presença de um agente redutor. Com isso, a cadeia lateral do butilamino teve como finalidade facilitar o transporte celular e o reconhecimento do DNA (ROUTIER et al., 1996). Figura 23- Síntese do complexo de [Cusalen] modificado Fonte: ROUTIER et al. (1996, p. 2327) 43 3.6 ASPECTOS GERAIS DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DO ÍON NITRITO O íon nitrito (NO2-) é um oxiânion de nitrogênio com estrutura simples que ocorre na natureza, podendo ser gerado pela oxidação da amônia presente no solo através das bactérias dos gêneros Nitrossomonas e Nitrossococcus, numa das etapas do ciclo do nitrogênio (MEURER, 2004). Com a evolução do conhecimento químico a respeito do nitrito, sua função e atividade em sistemas biológicos tem se mostrado bastante controverso, do lado positivo pelo seu uso, como conservante de alimentos (principalmente carnes e peixes), e do lado negativo, pela sua ação como causador de certos tipos de câncer, devido à formação de nitrosamina a partir da reação do nitrito com aminas em certas condições de acidez. Mais recentemente, seu uso está associado a uma pró-droga para liberação de óxido nítrico, importante agente de proteção celular e vasodilatador. Por essa última razão, o íon nitrito é atualmente considerado uma importante fonte de óxido nítrico a partir de sua conversão biológica a NO em certas condições bioquímicas (ZAHRAN et al., 2008). Neste contexto, compostos de coordenação com íon nitrito podem atuar como pró-droga para liberação de NO em meio biológico (BRYAN, 2006). Nos compostos de coordenação, os íons nitritos podem se coordenar ao metal de diversas maneiras, como visualizado na figura 24, podendo atuar como ligante monodentado ou bidentado. Quando monodentado, a coordenação pode ocorrer através do átomo de nitrogênio (Figura 24, a), originando os nitro complexos ou através do átomo de oxigênio dando origem aos nitrito complexos (Figura 24, b). A forma de coordenação bidentada ocorre através da ligação ao metal através dos dois átomos de oxigênio simultaneamente (Figura 24, c). Enquanto nos complexos em que o íon nitrito atua como ligante em ponte ocorre à coordenação simultânea do ligante a dois metais, permitindo assim três possibilidades de coordenação, através dos átomos de oxigênio e nitrogênio (Figura 24, d), somente pelos átomos de oxigênio (Figura 24, e), ou os dois átomos de oxigênio (Figura 24, f) (NAKAMOTO, 1997). 44 Figura 24- Diferentes modos de coordenação do íon nitrito (a) Nitro complexos (d) (b) Nitrito complexos (c) Complexos quelato (e) Complexos - ponte (f) Fonte: NAKAMOTO (1997, p.48) Nos nitro complexos, os elétrons π do íon nitrito estão deslocalizados entre as duas ligações de N-O, assim favorecendo a recepção de eletrons π. Enquanto na forma nitrito, os eletrons π estão localizados sobre uma ligação N-O, desta forma o oxigênio apresenta uma leve característica de σ doador. Na figura 25 são exibidos as estruturas do complexo [Ni(en)2(NO2)2] nas duas formas de isomeria em que se observa a deslocalização eletrônica do íon nitrito. Como o ligante nitro é mais forte tem maior tendência para aceitar elétrons π, tornando a ligação metal-ligante mais estável, justificando a predominância de complexos com esse ligante na isomeria nitro. Figura 25- Modos de coordenação nitro e nitrito do complexo [Ni(en)2(NO2)2] Fonte: FABBRIZZI; POGGI (2013, p.1696) 45 Através de modificações estruturais na etilenodiamina no complexo [Ni(en)2(NO2)2], adicionando substituintes no átomo de carbono ou nitrogênio da diamina, pode-se observar que a isomeria nitro apresenta um maior impedimento estérico entre os substituintes da etilenodiamina e o íon nitrito. Desta forma, o nitrito complexo é preferível, pois apresenta menor repulsão entre os grupos envolvidos. Como relatado por FABBRIZZI; POGGI (2013), no caso de complexos com duas diaminas isoméricas diMeen e adiMeen, a coordenação do íon nitrito ao [Ni(diMeen)2(NO2)2] (Figura 26, a) a ocorre na forma nitro. Já o [Ni(adiMeen)2(ONO)2] (Figura 26, b), a coordenação se faz na forma nitrito, devido ao forte efeito repulsivo que os dois grupos metil ligados a um mesmo átomo de nitrogênio da amina exerceriam sobre o NO2- na presença da isomeria nitro. Figura 26 – Estrutura química dos complexos (a) [Ni(diMeen)2(NO2)2] e o (b) [Ni(adiMeen)2(ONO)2] (a) (b) Fonte: FABBRIZZI; POGGI (2013, p.1696) O composto [Ru(salen)(PPh3)(NO2)], figura 27, foi estudado e analisado perante o interesse do íon nitrito ser capaz de apresentar um armazenamento intravascular de óxido nítrico, assim enfatizando o potencial biológico de nitros complexos (BIRKMANN et al., 2009). 46 Figura 27 - Sistema reacional do complexo [Ru(salen)(PPh3)(NO2)] Fonte: BIRKMANN et al. (2009, p. 239) 3.7 ASPECTOS GERAIS DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DO ÍON DITIOCARBAMATO O íon ditiocarbamato é um ligante aniônico com dois átomos de enxofre doadores de densidade eletrônica cuja fórmula molecular simplificada é R2NCS2-, onde o R pode representar grupos alquila ou o hidrogênio. A estrutura geral para esta classe de compostos é apresentada na figura 28. Figura 28- Estrutura química simplificada do íon ditiocarbamato R S N R S Fonte: Autora (2015) Estes compostos podem ser preparados a partir da reação de uma amina, primária ou secundária, com o dissulfeto de carbono na presença de uma base, conforme mostrado na Figura 29. Figura 29- Reação geral de síntese do íon ditiocarbamato R HN R + R S C S + S N NaOH R Fonte: Autora (2015) + S Na + + H2O 47 A estrutura dos íons ditiocarbamatos torna possível a deslocalização eletrônica da carga negativa sobre o íon, conforme pode ser observado nas estruturas de ressonância apresentadas na figura 30. Tal característica favorece a estabilidade dos complexos originados a partir deste ligante. Essa deslocalização é ocasionada devido à presença de dois átomos de enxofre doadores de elétrons π. Figura 30- Estruturas de ressonância para o ânion ditiocarbamato . R S R R N N R S S R R S N S R S + N S R S Fonte: Autora (2015) Os complexos com íon ditiocarbamato têm aplicações em diversas áreas, tais como na ciência de materiais, indústria, agricultura e medicina. Os ditiocarbamatos são ligantes altamente versáteis e podem formar complexos estáveis com metais em diversos estados de oxidação, número de coordenação e geometrias diferentes, além de proporcionar mudanças nas propriedades dos complexos como resultado de pequenas modificações na estrutura do ligante. Os compostos de coordenação com o íon ditiocarbamato exibem três possibilidades de modos de coordenação, na forma isobidentado (Figura 31, a), de maneira simétrica, anisobidentado (Figura 31, b), de maneira assimétrica e monodentado (Figura 31, c). Esses modos de coordenação podem ser identificados por espectroscopia de infravermelho, analisando-se as frequências de estiramentos C-S do ligante que ocorrem na região de 1000 cm-1 (NAKAMOTO, 1997). Figura 31 - Modos de coordenação do ligante ditiocarbamato ao centro metálico (a) (b) (c) Fonte: CHAUHAN; SHAIK (2005, p. 539) 48 Uma das aplicações dos complexos com ligantes ditiocarbamatos na forma monodentada foi descrita por Chauhan; Shaik (2005) que relataram a síntese de novos complexos de Sn(IV) com ditiocarbamatos, cujas estruturas são mostradas na figura 32. Além de descrever a síntese desses compostos, eles avaliaram suas potencialidades como agentes antibacterianos e antifúngicos, verificando que os mesmos apresentam melhores atividades bactericidas do que alguns antibióticos investigados como unasyn, septina e ampicilina. Figura 32- Estrutura química dos complexos de Sn(IV), onde R= -CH3, -C2H5 e CH2=CH2 Fonte: CHAUHAN; SHAIK (2005, p. 539) Estudos sobre complexos mononucleares e polinucleares que tenham enxofre como átomo doador e ferro como centro metálico são relevantes pela semelhança desses compostos com metaloproteínas que tenham ligações Fe-S, como é o caso da ferrodoxina que é responsável pela transferência de elétrons na fotossíntese. Um dos exemplos de compostos de coordenação com ligações Fe-S em que o átomo de enxofre seja proveniente do ditiocarbamato é o tris(dietilditiocarbamato)3ferro(III) [Fe(etil2-dtc)3], o qual, por ativação fotoquímica na presença do bis(difenilfosfino)etano (dppe) forma o [Fe(etil2-dtc)2(dppe)] e o (etil2-dtc)2. Neste processo ocorre enfraquecimento da ligação Fe-S, favorecendo a coordenação do dppe, e formando o dímero da eliminação do dietilditiocarbamato (KUNKELY; VOGLER, 2002). Na figura 33 é exibida a estrutura química generalizada do [Fe(R2-dtc)3]. Figura 33- Estrutura química generalizada do [Fe(R2-dtc)3] Fonte: KUNKELY et al. (2002, p. 730) 49 3.8 ASPECTOS GERAIS DA QUÍMICA DE COORDENAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO O óxido nítrico é biossintetizado em várias células no organismo, podendo ocorrer no endotélio vascular, no sistema nervoso periférico ou no sistema imunológico. A síntese do NO acontece durante a transformação do aminoácido L-arginina em L-citrulina e óxido nítrico, mediada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS) (MARLETTA et al., 1988). Nesta reação química, ocorre à formação de um intermediário N-hidroxi-L-arginina e na presença de nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fostato-hidrogênio (NADPH), Ca2+ e O2, há a produção de NO, como observado na figura 34. Figura 34- Síntese representativa do óxido nítrico H 2N NH H 2N C O2 NH Ca NOS H 2C CH2 2+ NH H 2C CH2 H 2C O - H 2C NADPH CH C NHOH C O NH2 - CH C O NH2 O H 2N L-arginina O C NH H 2C N-hidroxi-L-arginina O2 NADPH CH2 H 2C NH3 O - NO CH C NH3 + Óxido Nítrico O L-citrulina Fonte: Autora (2015) O óxido nítrico, NO, é um gás incolor e paramagnético, devido a presença de um elétron desemparelhado no orbital 2π* que confere a molécula um caráter radicalar e ordem de ligação 2,5. Na figura 35 é apresentado o diagrama de orbital molecular do NO. 50 Figura 35- Diagrama de orbital molecular do NO 4σ* 2π* 3σ 1π 2σ* Orbitais Atômicos do N 1σ Orbitais Atômicos do O Orbitais moleculares do NO Fonte: Autora (2015) A remoção de um elétron forma o cátion nitrosônio, tornando o monóxido de nitrogênio mais estável energeticamente devido a retirada de um elétron do orbital antiligante 2π*, fortalecendo portanto a ligação N-O. Consequentemente, a ordem de ligação é aumentada de 2,5 para 3 com diminuição do comprimento de ligação. A adição de um elétron no orbital 2π* gera o ânion nitroxil, diminuindo a ordem de ligação para 2, aumentando o comprimento. As diferenças nos comprimentos da ligação, contribuem para a determinação do estado de oxidação do grupo nitrosil em compostos de coordenação. O NO pode apresentar três estados de oxidação: NO+ (cátion nitrosônio), NO0 (óxido nítrico) e NO- (ânion nitroxil). A representação dos orbitais moleculares da ligação entre o metal e o óxido nítrico é ilustrada na figura 36 em que se observa uma doação da densidade eletrônica dos orbitais do tipo σ do NO para o metal, uma vez que o ligante NO apresenta orbitais π* disponíveis e o processo de retrodoação é favorecido, conforme a permissibilidade do centro metálico. Na figura 36 (a) é representada a ligação σ metal-ligante que ocorre a partir da sobreposição do orbital 3σ do NO e do orbital dσ do metal, com doação de densidade eletrônica do ligante para o metal. Enquanto na figura 36 (b) é apresentada a retrodoação de densidade eletrônica do orbital dπ do metal ao orbital 2π* do ligante NO, originando uma ligação π do tipo dπ- π*. 51 Figura 36- Representação dos orbitais moleculares entre a ligação metal e NO envolvendo as interações (a) dσ-3σ e (b) dπ-2π* + - - + + - M - - NO M + NO - - + + + (b) (a) Fonte: Autora (2015) Os compostos nitrosilos apresentam três modos de coordenação, exibindo diferenças nas frequências de estiramentos e nos ângulos de ligação causados pelos modos de coordenação e pelos estados de oxidação do óxido nítrico (NAKAMOTO, 1997). Os três modos de coordenação do NO a centros metálicos são linear (Figura 37, a); angular (Figura 37, b) e em ponte (Figura 37, c). Figura 37- Modos de coordenação do NO a centros metálicos: (a) linear; (b) angular e (c) ponte M N O: M .. N :O: (a) :O: (b) N M M (c) Fonte: Autora (2015) O óxido nítrico está presente em vários processos fisiológicos e patológicos, tais como regulação da pressão sanguínea, prevenção de agregação de plaquetas e leucócitos, morte de células tumorais, nos sistemas neurotransmissores e processos inflamatórios. Por razões como estas, intensificaram-se estudos sobre complexos de nitrosilos que possam atuar como agentes liberadores ou sequestrantes de NO para a prevenção e para o tratamento de diversas doenças como câncer e doenças cardiovasculares. O nitroprussiato de sódio, Na2[Fe(CN)5NO], figura 38, é um complexo metálico de uso clínico para o tratamento da hipertensão em condições de emergências e também é 52 utilizada terapeuticamente como uma droga vasodilatadora em transplantes cardíacos. É um agente relaxante no endotélio, tecido que reveste os vasos e esse efeito é atribuído à sua ação direta sobre o músculo vascular, através da liberação de agentes vasoativos, como o NO0. No entanto, o uso deste complexo como medicamento ocasiona o aumento da concentração do cianeto no sangue que dependendo da dosagem pode acarretar taquicardia, coma e até a morte. Porém, esta situação pode ser contornada através do uso de hidroxocobalamina ou tiossulfato de sódio (BONAVENTURA et al., 2008; HUITEMA et al., 2006). Figura 38 - Estrutura química do íon nitroprussiato 2NO CN NC Fe CN NC CN Fonte: Autora (2015) Uma das formas de detecção do óxido nítrico é por ensaios fotoquímicos como descrito por Carlos e colaboradores (2004) para o composto trans-[Ru(NH3)4LNO]3+. A liberação de NO pode ser identificada através da irradiação da luz na mesma energia da banda de transferência de carga do metal para o ligante NO deste complexo em solução aquosa, o que ocasiona a oxidação do centro metálico e a redução do ligante nitrosil, do que resulta a obtenção do composto trans-[Ru(NH3)4LH2O]3+ e a liberação do NO0. Na figura 39 é apresentada a reação fotoquímica da solução aquosa do trans-[Ru(NH3)4LNO]3+. Figura 39- Reação fotoquímica da solução aquosa do trans-[Ru(NH3)4LNO]3+ H3N 3+ 3+ NO OH 2 NH 3 H2O Ru H3N L H3N NH 3 Ru NH 3 hν H3N L + NO 0 NH 3 L= imidazol, L-histidina, 4-picoline, piridina, nicotinamida, pirazina, 4-acetilpiridina ou trietilfosfita Fonte: Autora (2015) O complexo de rutênio [Ru(terpy)(bdq)NO]3+, ilustrado na figura 40, foi avaliado em em termos do seu potencial terapêutico no controle da hipotensão e do relaxamento vascular em ratos naturalmente hipertensos por MUNHOZ et al. (2012). Os resultados obtidos 53 indicaram que a ação de liberação de NO0 do complexo ocorre de forma lenta e com longa duração, que é bastante satisfatório, pois não ocasiona efeito colateral como a taquicardia, originado da rápida hipotensão, geralmente observado em complexos dadores de NO. Figura 40- Estrutura química do íon complexo [Ru(terpy)(bdq)NO]3+ Fonte: MUNHOZ et al. (2012, p.112) Muitas das funções biológicas importantes de NO, incluindo a biossíntese, detecção, transporte e degradação, são modulados por proteínas heme, presentes na enzima óxido nítrico sintetase. Assim, é importante compreender as propriedades espectroscópicas e estruturais de complexos similares a sistemas heme com o objetivo de facilitar a compreensão da ligação NO ao ferro. Sulok e colaboradores (2012) propuseram a síntese de compostos semelhantes aos grupos heme contendo íons metalicos de ferro (II) com ligantes macrociclicos tetradentados de bases de Schiff coordenados ao óxido nítrico, conforme informados na figura 41 (a, b, c) que foram comparadas ao complexo o [Fe(TPP)NO], figura 41 (d). Estes complexos pentacoordenados apresentaram ν(ΝO) entre 1630 a 1697 cm-1 e ν(Fe-NO) em 520 a 595 cm-1. Na figura 41 são visualizadas as estruturas químicas de complexos nitrosilos pentacoordenados de ferro (II) com ligantes macrocíclicos. Figura 41- Estruturas químicas de complexos nitrosilos pentacoordenados de ferro (II) com ligantes macrocíclicos (a) (b) (c) Fonte: SULOK et al. (2012, p. 149) (d) 54 4 PARTE EXPERIMENTAL 4.1 REAGENTES UTILIZADOS Todos os reagentes e os solventes utilizados para a obtenção dos compostos foram utilizados da forma que o produto foi adquirido, sem processos de purificações ou tratamentos adicionais. Na tabela 2 são listados todos os reagentes e os solventes usados. Tabela 2 - Reagentes e solventes utilizados no procedimento experimental. Reagentes Fórmula Pureza Fabricante Molecular Acetonitrila P.A. CH3CN 99,5% NEON Comercial LTDA Ácido clorídrico P.A. HCl 37,0% Proquímios Ácido sulfúrico H2SO4 99% Vetec Química Fina Álcool metílico P.A. CH4O 99,8 % Vetec Química Fina Brometo de Potássio P.A. KBr 99% Vetec Química Fina Cloreto de cobre dihidratado P.A. CuCl2.2H2O 99,0% Vetec Química Fina Cloreto de ferro (III) FeCl3.6H2O ---- NEON Comercial LTDA Diclorometano P.A. ACS CH2Cl2 99,5% Vetec Química Fina Dimetilsulfóxido P.A. ACS C2H6OS 99,0% Vetec Química Fina Etilenodiamina C2H2N2 99,0% ISOFAR Mercúrio metálico P.A. Hg 99,9 % Vetec Química Fina Hidróxido de sódio NaOH 99,0% Impex N’N-Dimetilformamida P.A. HCON(CH3)2 99,8% Dinâmica Nitrito de sódio NaNO2 99,0% Vetec Química Fina Orto-vanilina C8H8O3 99,0% Sigma –Aldrich Solução tampão pH= 4,0 ---- ---- Química Especializada hexahidratado P.A. Erich LTDA Solução tampão pH= 7,0 ----- ----- Química Especializada Erich LTDA Zinco granulado P.A Zn Fonte: Autora (2015) 99,8% Vetec Química Fina 55 4.2 PROCEDIMENTO DE SÍNTESE DO 3-MEOSALEN 4.2.1 Síntese do ligante 3-MeOsalen A síntese do ligante 3-MeOsalen foi realizada de acordo com o procedimento descrito na literatura por Aranha et al., 2007. A obtenção deste composto aconteceu a partir da reação de 0,6 g (4 mmol) de orto-vanilina e 132 μL (2 mmol) de etilenodiamina em metanol, conforme é ilustrado na figura 42. Dissolveu-se a orto-vanilina em menor volume de metanol, em seguida, adicionou-se lentamente a etilenodiamina, ocorrendo imediatamente à formação de um precipitado amarelo e o sistema reagente foi mantido sob agitação e refluxo durante 2 horas na temperatura de 500C. Em seguida, após resfriamento, o sólido amarelo produzido foi separado por filtração, lavado com metanol gelado e mantido em dessecador. O rendimento obtido na reação foi de 93%. Figura 42- Reação de síntese do ligante 3-MeOsalen O 2 N H OH + H2N NH2 OH OCH3 N HO O H3C O CH3 Fonte: Autora (2015) 4.3 ROTA SINTÉTICA DOS COMPLEXOS DE BASE DE SCHIFF 3-MEOSALEN Na figura 43 é representada a rota de síntese dos compostos de coordenação da base de Schiff 3-MeOsalen com íons metálicos de ferro e de cobre, formando os complexos mononucleares [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Cu(3-MeOsalen)H2O]. A partir dos precursores, foram produzidos os nitros complexos [Fe(3-MeOsalen)NO2] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]. Além disso, o [Fe(3-MeOsalen)Cl] foi posto para reagir com ligantes dietilditiocarbamato de sódio e óxido nítrico, formando os complexos [Fe(3-MeOsalen)etil2-dtc] e [Fe(3-MeOsalen)NO]. 56 Figura 43- Rota sintética para os complexos sintetizados NO CH3 N N CH3 Fe N O O O O S S H 3C CH3 H3C CH3 O O O Fe O [Fe(3-MeOsalen)NO] N Borbulhamento de NO H2O [Fe(3-MeOsalen)etil 2-dtc] etil 2-dtc CH 3OH Refluxo Cl N N NO 2 CH 3OH Refluxo Fe O Fe O O NaNO 2 O CH3 H3C O O CH3 H3C [Fe(3-MeOsalen)Cl] [Fe(3-MeOsalen)NO2] FeCl 3.6H2O N CH 3OH OH N N O O N N O Refluxo CH 3OH N N CH3 3-MeOsalen NO 2 O O H3C H H HO CuCl 2.4H2O O O Cu H3 C O O O CH3 NaNO 2 [Cu(3-MeOsalen)H2O] N N Cu O H3C O O CH3 Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] Fonte: Autora (2015) 4.4 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES DOS COMPLEXOS DE FERRO 4.4.1 Síntese do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl] O complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] foi sintetizado de acordo com o procedimento experimental descrito por Salomão et al., 2006 para o complexo de ferro (III) com o ligante salen, obtendo-se o composto [Fe(salen)Cl]. A síntese foi realizada através da reação de 0,167 g (0,5 mmol) de FeCl3.6H2O e 0,137 g (0,5 mmol) do ligante 3-MeOsalen em metanol. Fez-se uma suspensão do ligante 3-MeOsalen neste solvente e adicionou-se lentamente o FeCl3.6H2O solubilizado. Durante essa operação, a coloração da solução mudou de amarelo para preto imediatamente. Mas mesmo com essa mudança, o sistema reacional foi submetido à agitação e refluxo durante 2 horas na temperatura de 500C. Logo após, a solução foi mantida sob refrigeração durante 24 horas para a completa precipitação. Em seguida, o sólido preto foi separado por filtração, lavado com metanol gelado e colocado em dessecador, tendo sido obtido um rendimento de 65%. Na figura 44 é apresentada a estrutura proposta do complexo. 57 Figura 44- Estrutura proposta do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl] Cl N N Fe O O O O CH3 H3C Fonte: Autora (2015) 4.4.2 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] Para a preparação do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2], dissolveu-se 0,1 g (0,2 mmol) do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl] em metanol e adicionou-se 0,0411 g (0,6 mmol) de nitrito de sódio previamente solubilizado no mesmo solvente. Ao acrescentar o nitrito de sódio na solução de [Fe(3-MeOsalen)Cl], o material em suspensão foi dissolvido e no decorrer da reação, a coloração mudou de preto para marrom. Nesta reação a solução ficou sob agitação e refluxo por 2 horas na temperatura de 500C. Em seguida, o sistema foi resfriado e, com a adição de éter, formou-se um precipitado marrom que foi separado por filtração e armazenado sob vácuo, tendo sido alcançado um rendimento de 55% para a formação do complexo. Para este, [Fe(3-MeOsalen)NO2], a estrutura proposta é visualizada na figura 45. Figura 45- Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] NO 2 N N Fe O O O O CH3 H3C Fonte: Autora (2015) 58 4.4.3 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] Inicialmente, dissolveu-se 0,125 g (0,3 mmol) do [Fe(3-MeOsalen)Cl] de forma parcial em metanol e acrescentou-se uma solução metanólica de 0,068 g (0,3 mmol) de dietilditiocarbamato de sódio. O sistema reacional permaneceu sob agitação e refluxo por 2 horas na temperatura de 500C. O precipitado obtido foi filtrado, lavado com água e mantido no dessecador. O rendimento da síntese foi de 57% e a estrutura proposta para o composto formado é mostrada na figura 46. Figura 46- Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] CH3 CH3 N S S H3C CH3 O O O Fe N O N Fonte: Autora (2015) 4.4.4 Síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] A síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] foi feita pela reação de 50 mg (0,12 mmol) do [Fe(3-MeOsalen)Cl] solubilizado parcialmente em água com NO(g). Para isso, colocou-se a solução sob borbulhamento contínuo de NO(g) por 2 horas, e durante esse processo de reação, a coloração da solução do complexo mudou de preto para marrom. Após este período, o precipitado obtido foi filtrado e mantido em dessecador. O rendimento da síntese do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] foi de 40%. A estrutura proposta é visualizada na figura 47. 59 Figura 47- Estrutura proposta do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] NO N N Fe O O O O CH3 H3C Fonte: Autora (2015) 4.5 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESES DOS COMPLEXOS DE COBRE 4.5.1 Síntese do complexo precursor [Cu(3-MeOsalen)H2O] A síntese do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] foi feita de maneira similar aos dados da literatura descrito por Odabaşoğlu et al., 2007. Utilizando-se 0,088 g (0,5 mmol) de CuCl2.2H2O e 0.163 g (0,5 mmol) do 3-MeOsalen em metanol. Para isso, fez-se uma suspensão do ligante neste solvente e adicionou-se lentamente o CuCl2.2H2O dissolvido em metanol, ocorrendo mudança de coloração de amarelo para verde escuro imediatamente. A solução ficou sob agitação e refluxo durante 2 horas na temperatura de 500C. Em seguida, o sistema reacional foi conservado sob refrigeração por 24 horas para a formação do precipitado. Por fim, o sólido verde obtido foi separado por filtração, lavado com metanol gelado e guardado em dessecador. O rendimento da síntese foi de 45% e a estrutura proposta para o composto formado é ilustrada na figura 48. Figura 48- Estrutura proposta do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] H H O N N Cu O O O O H3 C Fonte: Autora (2015) CH3 60 4.5.2 Síntese do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] O Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] foi preparado pela reação de 0,04 g (0,1 mmol) do [Cu(3-MeOsalen)H2O] com 0,0173 g (0,25 mmol) de nitrito de sódio, ambos dissolvidos em metanol. Ao adicionar a solução de nitrito de sódio à solução do complexo precursor ocorreu mudança da coloração do sistema reagente, passando de verde para vinho, com o sistema sendo mantido em agitação por 2 horas. O sólido foi obtido por meio da redução de 50% do volume da solução por aquecimento, posteriormente, o precipitado marrom foi formado, filtrado e guardado em dessecador. O rendimento obtido foi de 52%. Na figura 49 é representado a estrutura proposta do complexo. Figura 49- Estrutura proposta do íon complexo [Cu(3-MeOsalen)NO2]NO2 N N Cu O O O O CH3 H3C Fonte: Autora (2015) 4.6 SISTEMA DE BORBULHAMENTO DE NO O sistema utilizado para o borbulhamento de NO consiste inicialmente pela reação entre o ácido sulfúrico concentrado e nitrito de sódio, fornecendo íons NO+ e NO0. Durante este processo, uma parte do NO reagiu com O2 presente no meio, assim observa-se a cor castanha referente ao gás NO2. Os gases gerados são conduzidos para um lavador que apresenta uma solução de NaOH a 4 molL-1 para neutralizar alguns traços ácidos e espécies indesejadas. Posteriormente, o íon nitrosil foi transportado para outra conexão que entra em contato com a solução, portanto borbulhando o gás. Na figura 50 é ilustrado o aparato elaborado na capela para formação do gás NO(g). 61 Figura 50- Aparato montado na capela para liberação de óxido nítrico Fonte: Autora (2015) 4.7 PREPARAÇÃO DA AMÁLGAMA DE ZINCO Os grânulos de zinco foram lavados com ácido clorídrico 2,5 molL-1 com o objetivo de eliminar a camada de óxido de zinco presente no material. Em seguida, os grânulos foram secos com papel e mergulhados em mercúrio metálico. As amálgamas preparadas foram retiradas do mercúrio e lavadas com água destilada, para serem por fim utilizadas. 4.8 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO 4.8.1 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho Os espectros de infravermelho foram realizados na Central Analítica do Instituto de Química da UFRN, utilizando-se espectrofotômetro Shimadzu, modelo FTIR-8400S, série IRAFFINITY-1, software IRSOLUTION, versão 1.60, com número de varredura igual a 30 e resolução 4. Todas as amostras foram preparadas em estado sólido em pastilhas de brometo de potássio (KBr) e registradas em transmitância, na faixa do espectro de 4000 a 400 cm-1. 62 4.8.2 Espectroscopia eletrônica na região do ultravioleta e visível (UV-Vis) Os espectros eletrônicos foram obtidos através do espectrofotômetro Agilent 8453 UV-visible Spectroscopy System do Laboratório de Química de Coordenação e Polímeros da UFRN. Os solventes utilizados foram água e solventes orgânicos como metanol, acetonitrila, diclorometano, DMSO e DMF. Os compostos foram submetidos à varredura de 190 a 1000 nm, usando uma cubeta de quartzo de 1 cm de caminho óptico. A partir dos máximos de absorção obtidos nos espectros foram determinados os coeficientes de absortividades molares. 4.8.2.1 Procedimento utilizado na obtenção dos espectros por espectroscopia eletrônica 4.8.2.1.1 Monitoramento da variação do pH da orto-vanilina e [Fe(3-MeOsalen)Cl] via espectroscopia eletrônica O acompanhamento do comportamento da orto-vanilina ou [Fe(3-MeOsalen)Cl] com a variação do pH foi realizado a partir da solução aquosa do composto de interesse no volume de 500 ml. Para isso, foram preparadas soluções de ácido clorídrico 2,5 molL-1 e hidróxido de sódio 2,5 molL-1 que, adicionadas à solução, promoviam mudanças no pH. Nesse procedimento, pequenas porções (alguns μL) das soluções ácida ou básica eram adicionadas à solução de orto-vanilina ou de [Fe(3-MeOsalen)Cl], com as variações de pH sendo monitoradas com o uso de um pHmetro de bancada (modelo EEQ-9025). Esse monitoramento foi feito na faixa de pH de 2 até 10, e após cada ajuste de pH foram obtidos espectros de UvVis das soluções produzidas. 4.8.2.1.2 Monitoramento da redução de compostos em estudo via espectroscopia eletrônica Com o intuito de averiguar as alterações de certas bandas no espectro eletrônico dos complexos a partir do monitoramento da redução do metal, utilizando-se amálgama de zinco como agente redutor. Nessa operação, colocou-se a solução de interesse e a amálgama na cubeta utilizada no experimento, fazendo-se leituras no espectrofotômetro em intervalos de tempo de 2 minutos. 63 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO A espectroscopia vibracional na região do infravermelho (IV) é uma importante técnica de caracterização estrutural de compostos orgânicos e inorgânicos. Nesta técnica se utiliza radiação eletromagnética para averiguar o comportamento vibracional de moléculas, identificando grupos químicos, interações intermoleculares e os modos de coordenação com associações ao movimento vibracional (SILVERSTEIN et al., 2007). Assim, foram estudados os espectros de infravermelho do ligante 3-MeOsalen e seu precursor orto-vanilina, bem como dos complexos sintetizados [Fe(3-MeOsalen)L1], onde L1= Cl-, NO2-, etil2-dtc- e NO e [Cu(3-MeOsalen)L2], onde L2= H2O e NO2-. 5.1.1 Espectro de infravermelho da orto-vanilina A orto-vanilina apresenta uma estrutura planar e contém como elemento de simetria apenas a identidade (E) e um plano de reflexão horizontal σh, pertencendo, portanto, ao grupo pontual Cs. Assim, considerando à sua baixa simetria, o espectro de infravermelho da orto-vanilina deve apresentar vários modos vibracionais ativos. Tal característica pode ser confirmada observando-se o espectro obtido na região de 4000 a 400 cm-1, mostrado na figura 51. Figura 51- Espectro de infravermelho da orto-vanilina na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 90 % Transmitância 80 70 60 O H 50 OH 40 30 O CH3 20 10 4000 3500 3000 2500 2000 1500 -1 Número de onda (cm ) Fonte: Autora (2015) 1000 500 64 Conforme encontrado na literatura, bandas presentes no espectro de infravermelho na região de 3200 a 2800 cm-1 são características de modos vibracionais envolvendo o átomo de hidrogênio (X-H). Assim, esta região é particularmente complexa para a orto-vanilina tendo em vista a presença de diferentes grupos X-H na molécula, sendo observados de 3200 a 2800 cm-1, bandas referentes aos ν(O-H), os ν(C-H) dos carbonos sp2 do anel aromático, ν(C-H) dos carbonos sp3 do grupo OCH3 e ν(C-H) proveniente do grupo aldeído. Os modos vibracionais referentes ao estiramento O-H de fenol são encontrados principalmente na região de 3600 a 3200 cm-1 (PAVIA et al., 2010). Entretanto, a banda referente ao estiramento O-H do grupo fenol da orto-vanilina está presente no espectro em 3014 cm-1 (GONZÁLEZ-BARÓ et al., 2010), portanto, deslocada para região com menor energia. Tal efeito é devido a formação de uma ligação de hidrogênio intramolecular entre o hidrogênio do grupo fenol e o oxigênio da carbonila do aldeído (GONZÁLEZ-BARÓ et al., 2010). As vibrações de estiramento de C-H do anel aromático são identificadas entre 3100 a 3000 cm-1 e as frequências de ν(C-H) do carbono sp3 são apresentadas na região de 3000 a 2840 cm-1 (SILVERSTEIN et al., 2007). Logo, no espectro de IV da orto-vanilina observa-se os ν(C-H) de carbono sp2 do anel aromático em 3085, 3068 e 3030 cm-1 enquanto que o ν(CH) do carbono sp3 aparece em 2971 cm-1. A absorção C-H do grupo aldeído pode ser encontrada na região de 2840 a 2695 cm-1 (SILVERSTEIN et al., 2007), destacando que na orto-vanilina esse estiramento é observado em 2834 cm-1. O grupo C=O da orto-vanilina apresenta o efeito de conjugação com as ligações C=C do anel aromático, deslocalizando os elétrons π presentes no anel e na carbonila que aumentam o caráter de ligação simples do C=O, com isso este modo vibracional é detectado em menores energias, na região entre 1700 e 1600 cm-1 (PAVIA et al., 2010). Além desse motivo, a estrutura da orto-vanilina permite a formação da ligação de hidrogênio intramolecular o que também influencia no deslocamento para menores número de onda da banda da carbonila. Por esses fatores, o modo vibracional do grupo carbonila da orto-vanilina encontra-se em 1639 cm-1. Analisando a região entre 1800 a 400 cm-1, destacam-se vários outros modos vibracionais principais como as do ν(C=C) do anel aromático em 1588 e 1507 cm-1, as do grupo metoxila, o νass(C-O-C) e νsim(C-O-C) em 1257 e 1069 cm-1 e o ν(C-O) do fenol em 1325 cm-1, conforme representado na figura 52. 65 Figura 52- Espectro de infravermelho da orto-vanilina na região de 1800 a 500 cm-1 em KBr 100 534 762 719 947 1069 1217 1388 1325 1257 20 838 1507 40 1471 1455 1588 60 1639 % Transmitância 642 80 0 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 -1 Número de onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Na tabela 3 são apresentadas em detalhes as principais frequências de estiramentos e suas devidas atribuições na região de 4000 a 400 cm-1 da orto-vanilina. Tabela 3 – Atribuições das principais bandas presentes no espectro de infravermelho da orto-vanilina. Atribuições Número de onda (cm-1) GONZÁLEZ-BARÓ et al., 2010 ν(C-H)ar 3085, 3068, 3039 - ν(O-H) 3014 3014 ν(C-H)ass; -CH3 2971 - ν(C-H), -CHO 2839 - ν(C=O) 1639 1645 ν(C=C)ar 1588, 1507 1591 δ(C-H)ass; -CH3 1471 1460 δ(C-H)sim; -CH3 1455 - δ(O-H) 1388 1388 ν(C-O)fenol + ν(C-H)ar + CHO 1325 1327 ν ass(C-O-C) 1273, 1257 1273, 1257 ν(C-C)CHO + δ(C-H)CHO 1217 1217 ρ(C-H); -CH3 + δ(C-H)ar 1182 1184 66 ρ(C-H); -CH3 1163, 1151, 1124 1163 νsim(C-O-C) 1069 1070 δ(C-C)ar 947 947 γ(O-H) 838 838 γ(C-H)ar +CHO 762 763 γ(C-H)ar 736 737 δ(C-C)ar + δ(C-H)CHO 719 717 δ(C-C)ar 642 642 δ(C-H) 534 534 ν = estiramento; δ= deformação angular simétrica no plano; γ= deformação angular simétrica fora do plano, ρ= deformação angular assimétrica no plano, ar= aromático; im= imina. Fonte: Autora (2015) 5.1.2 Espectro de infravermelho do ligante 3-MeOsalen A molécula 3-MeOsalen pertence ao grupo pontual C2v, caracterizado pela presença dos elementos de simetria identidade (E), eixo de rotação principal C2 e o plano de reflexão (σv). Na figura 53 é ilustrado o espectro de absorção na região do infravermelho do ligante 3-MeOsalen na faixa de 4000 a 400 cm-1. Figura 53- Espectro de infravermelho do 3-MeOsalen na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 90 80 N N 70 ‘ HO OH O 60 4000 O H3C 3500 CH3 3000 2500 2000 1500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) 1000 500 67 A caracterização do ligante 3-MeOsalen pela técnica de IV foi realizada de maneira comparativa com dados publicados para moléculas semelhantes a esta base de Schiff. A frequência de estiramento da ligação OH do ligante livre é esperada na região entre 3600 a 3200 cm-1 (PAVIA et al., 2010). Apesar disso, o 3-MeOsalen, por conter ligações de hidrogênios intramoleculares, como visualizadas na figura 54, faz com que a absorção deste modo vibracional seja observada em menores números de onda, no caso em 2584 cm-1. A intensidade desta banda é tão fraca que em algumas bases de Schiff a visualização não fica evidente (FANIRAN; PATEL, 1974). Figura 54- Ligação de hidrogênio intramolecular da base de Schiff 3-MeOsalen N N H O H O O O H3C CH3 Fonte: Autora (2015) Os modos vibracionais pertinentes aos ν(C-H) do anel aromático são observados em 3086 cm-1. Já, em 2995 cm-1 detecta-se o ν(C-H) da imina (DZIEMBOWSKA et al., 2005). Os estiramentos assimétricos e simétricos C-H do grupo CH3 da metoxila geram absorções em 2951 e 2897 cm-1 e do grupo CH2 em 2931, 2847 e 2834 cm-1, respectivamente (FANIRAN; PATEL, 1974). Na região de 1700 a 600 cm-1 constata-se a existência de várias bandas determinantes para evidenciar a formação da base de Schiff, conforme ilustrado na figura 55. 68 Figura 55- Espectro de infravermelho do 3-MeOsalen na região de 1700 a 600 cm-1 em KBr 881 836 963 792 741 1438 1408 80 1249 1471 60 1081 70 1633 % Transmitância 90 1189 1170 1131 1054 1010 1350 1295 1325 100 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) De acordo com Zolezzi e seus colaboradores (1999), os estiramentos referentes às ligações C=N das bases de Schiff de derivados de salen aparecem na região de 1640 a 1620 cm-1. Para o 3-MeOsalen, essa banda aparece em 1633 cm-1, ficando dentro da faixa observada para compostos similares. A vibração correspondente a ligação Csp3-N é verificado em 1408 cm-1, valor este compatível com valores observados em espectros de ligantes semelhantes, na faixa de 1410 a 1350 cm-1. A partir de análises comparativas com outras bases de Schiff, destacam-se na região de 1700 a 600 cm-1, as vibrações para as deformações angulares assimétricas e simétricas do C-H do grupo CH3 em 1471 e 1350 cm-1, respectivamente, a deformação angular do C-H do grupo CH2 em 1438 cm-1 e a absorção de deformação angular fora do plano OH em 1325 cm-1. Além dessas, evidencia-se o modo vibracional pertinente ao ν(C-O) fenólico que apresenta baixa intensidade em 1295 cm-1, em conformidade com a faixa prevista para compostos semelhantes, na região entre 1290 a 1340 cm-1 (SIGNORINI; DOCKAL, 1995) e também os estiramentos assimétricos e simétricos C-O-C do grupo metoxila que são visualizadas em 1249 e 1081 cm-1, respectivamente. Através da comparação dos espectros do precursor da base de Schiff, a orto-vanilina e do ligante 3-MeOsalen, verifica-se o desaparecimento dos modos vibracionais ν(C-H), em 69 2834 cm-1, e ν(C=O), em 1639 cm-1, que são específicos do aldeído. Além disso, as frequências de ν(C=C) do anel aromático em 1588 e 1507 cm-1 não são mais visualizadas no espectro de infravermelho do 3-MeOsalen. Por outro lado, há o surgimento de novos modos vibracionais pertinentes aos grupos que constituem a base de Schiff como o ν(C=N) em 1633 cm-1, o ν(C-N) em 1408 cm-1 e o ν(O-H) relacionado à ligação intramolecular entre o hidrogênio fenólico e do nitrogênio imínico em 2584 cm-1, numa região menos energética do que o ν(O-H) da orto-vanilina. Estes resultados confirmam, portanto, a formação da base de Schiff 3-MeOsalen. 5.1.3 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] O [Fe(3-MeOsalen)Cl] apresenta inúmeras bandas ativas no infravermelho, ocasionadas pela baixa simetria da molécula. O composto tem somente os elementos de simetria a identidade (E) e um plano de reflexão (σh), pertencendo, portanto ao grupo pontual o Cs. Na figura 56 é observado o espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr. Figura 56- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 90 80 70 Cl 60 N N Fe O O 50 O O CH3 H3C 40 4000 3500 3000 2500 2000 1500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) 1000 500 70 Na região de 4000 a 2000 cm-1 destacam-se os estiramentos referentes da ligação C-H que apresentam deslocamentos para maiores números de onda do que o ligante livre, especificamente os modos vibracionais C-H do hidrogênio imínico em 3003 cm-1 e os estiramentos assimétricos e simétricos C-H dos grupos CH3 em 2971 e 2905 cm-1 e dos grupos CH2 em 2940 e 2839 cm-1. Na região espectral de 1700 a 900 cm-1, conforme ilustrado na figura 57, observam-se um elevado número de modos vibracionais ativos relacionados aos estiramentos das ligações constituintes do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl]. Figura 57- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 1700 a 900 cm-1 em KBr 1040 960 1103 1175 1333 1408 1395 40 1700 1082 1223 1243 1286 1445 60 1599 1471 1552 80 1630 % Transmitância 100 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Para a constatação da formação do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl], observa-se o desaparecimento de certas bandas que estão associadas a desprotonação do grupo fenólico no ligante e também alterações nos números de onda em toda a região espectral, mas principalmente nos sítios de coordenação como nos modos vibracionais C=N e C-O. Desta maneira, os indícios da formação do complexo são evidenciadas através da ausência das absorções de ν(OH...N) em 2584 cm-1, da δ(O-H) em 1325 cm-1 e do γ(O-H) em 836 cm-1. A inexistência destas bandas no complexo indica a desprotonação do hidrogênio do grupo hidroxila no ligante 3-MeOsalen e a coordenação via átomo de oxigênio (ZOLEZZI et al., 1999). 71 Outro fator que confirma a coordenação do metal a base de Schiff, é o desdobramento do ν(C=N), que no ligante livre encontra-se em 1633 cm-1 e no complexo em 1630 e 1599 cm-1. Este comportamento pode ser atribuído à retirada de densidade eletrônica sobre o átomo de nitrogênio devido à ação da coordenação ao metal (ZOLEZZI et al., 1999). O ν(C=N) foi desdobrado em dois modos vibracionais, os quais são atribuídos ao estiramento assimétrico em 1630 cm-1, uma banda intensa, e a outra, de menor intensidade, ao estiramento simétrico em 1599 cm-1 (NOUR et al., 1988). O modo vibracional da ligação C-O fenólico apresenta um deslocamento para menores frequências ao coordenar ao metal. No ligante é identificada esta absorção em 1295 cm-1 de baixa intensidade. Porém, em consequência do processo de coordenação, esta banda aumenta de intensidade e altera o número de onda para menores energias, sendo visualizada em 1286 cm-1. Como relatado por Faniran e Patel (1974), na região de 600 a 400 cm-1 são observadas novas bandas de estiramentos referentes à ligação metal e oxigênio ou nitrogênio da base de Schiff 3-MeOsalen. Estas bandas ν(Fe-N) e ν(Fe-O) são identificadas em 568 cm-1 e 442 cm-1, respectivamente. Na figura 58 é mostrado o espectro de infravermelho [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 900 a 400 cm-1. Figura 58- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] na região de 900 a 400 cm-1 em KBr 100 568 598 637 785 80 442 855 70 741 % Transmitância 90 60 900 800 700 600 500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) 400 do 72 Os derivados de [Fe(salen)Cl] podem se apresentar nas formas de organização estrutural monomérica e dimérica. A distinção destes complexos pode ser verificada pela espectroscopia de infravermelho, sendo verificado que a região sensível para determinação de cada composto se encontra especificamente entre 900 a 800 cm-1. Nos complexos monoméricos aparece somente uma banda em torno de 865 cm-1 e nos complexos diméricos são visualizados três modos vibracionais em torno de 890, 865 e 855 cm-1 (GULOTT et al., 1977). Assim, como no espectro vibracional do [Fe(salen)Cl] aparece somente uma banda em 855 cm-1, pode-se concluir que o complexo produzido neste trabalho é monomérico. 5.1.4 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] O composto [Fe(3-MeOsalen)NO2] também pertence ao grupo pontual Cs, sendo uma substância bastante assimétrica, o que propicia a existência de vários modos vibracionais ativos. Na figura 59 é ilustrado o espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO2] na região de 4000 a 400 cm-1. Figura 59- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO2] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 80 60 NO 2 N N Fe 40 O O O O 20 4000 CH3 H3C 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) No espectro de IV do complexo constatou-se alterações significativas nos modos vibracionais em relação ao complexo de partida. O efeito da coordenação do íon nitrito 73 proporciona deslocamentos nas frequências de estiramentos, destacando as bandas pertinentes aos ν(C=N) e ν(C-O). A substituição do ligante cloreto pelo nitro proporciona deslocamentos dos ν(C=N), ocorrendo um decréscimo na frequência de estiramento da banda de maior intensidade de 1630 cm-1 para 1617 cm-1 e o ombro referente a este modo vibracional é visualizada em 1601 cm-1. A coordenação via o átomo de oxigênio da ligação C-O fenólico possibilita o aumento da frequência de estiramento de 1286 cm-1 para 1303 cm-1. Os deslocamentos e o surgimento de novas bandas no infravermelho são provocados pelo caráter π receptor do ligante, o que se reflete na distribuição dos elétrons no sistema e promove as alterações das frequências de estiramentos. Na figura 60 é observado o espectro vibracional na região do infravermelho para o complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] na faixa de 1700 a 700 cm-1. Figura 60- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO2] na região de 1700 a 700 cm-1 em KBr 100 0 1700 1303 1448 20 1600 1500 1400 1300 741 833 1078 1271 1548 40 1247 1317 1392 983 60 1617 % Transmitância 80 1200 1100 1000 900 800 700 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Pela técnica de espetroscopia vibracional de infravermelho, é possível determinar a forma de coordenação do íon nitrito ao metal. A caracterização minuciosa destes complexos permite atribuir o modo de coordenação do íon nitrito como monodentado, pelo átomo de nitrogênio ou pelo átomo de oxigênio, ou bidentado pelos dois átomos de oxigênio ou em 74 ponte. Cada tipo de coordenação apresenta modos vibracionais ativos em regiões diferenciadas no infravermelho. De acordo com Nakamoto (1997), os nitro complexos apresentam o estiramento assimétrico do NO2- em 1470 a 1370 cm-1; estiramento simétrico do NO2- em 1340 a 1320 cm-1; deformação angular simétrica no plano ONO- em 830 cm-1 e deformação angular assimétrica do NO2- no plano em 620 cm-1. Nos nitrito complexos são detectadas as frequências de estiramentos assimétrica do NO2- em 1485 a 1400 cm-1; deformação axial simétrica do NO2- em 1100 a 1050 cm-1; deformação angular simétrica ONO- no plano em 830 cm-1 e não se observa a banda de deformação angular assimétrica no plano. O aspecto principal para identificação desses dois modos de coordenação, segundo a literatura é a diferença entre frequência dos estiramentos simétricos e assimétricos. Nos nitro complexos, essas diferenças são menores que 100 cm-1 e nos nitrito complexos são maiores do que 300 cm-1 (NAKAMOTO, 1997). Para o complexo em estudo, o [Fe(3-MeOsalen)NO2], observa-se ν(NO2)ass em 1317 cm-1, ν(NO2)sim em 1271 cm-1, a δONO- em 833 cm-1 e a ρNO2- em 621 cm-1, com a diferença entre ν(NO2)ass e ν(NO2)sim igual a 46 cm-1, de onde se conclui que a coordenação do íon nitrito ao metal neste composto deve ocorrer através do átomo de nitrogênio e de forma monodentada. Na figura 61 é apresentada a sobreposição dos espectros de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e do [Fe(3-MeOsalen)NO2] entre as regiões de 1380 a 1170 cm-1 e de 900 a 700 cm-1. Figura 61- Sobreposição dos espectros de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO2], em preto e vermelho, respectivamente, (a) na região de 1380 - 1170 cm-1 (b) na região de 900 - 700 cm-1 100 100 1271 70 80 833 % Transmitância 80 1317 % Transmitância 90 60 1380 1350 1320 1290 1260 1230 1200 1170 -1 900 850 800 750 -1 Número de Onda (cm ) Número de onda (cm ) (a) (b) Fonte: Autora (2015) 700 75 5.1.5 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] O espectro do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] apresenta evidências da presença da base de Schiff 3-MeOsalen e dietilditiocarbamato na sua estrutura, mostrando alterações nos seus modos vibracionais quando comparados aos observados nos ligantes livres, 3-MeOsalen e etil2-dtc. O grupo pontual deste complexo é Cs, desta forma exibindo várias bandas no infravermelho devido à baixa simetria. Na figura 62 é apresentado o espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na região de 4000 a 400 cm-1. Figura 62- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 90 80 CH3 70 60 N S S H3C CH3 O O O Fe N 50 40 4000 CH3 3500 O N 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Na região de 1700 a 700 cm-1, conforme ilustrado na figura 63, são observadas os modos vibracionais ν(C=N), ν(C-O), ν(C-O-C) relacionados ao 3-MeOsalen e as absorções do ν(C-NR2) e ν(C-S) do ligante dietilditiocarbamato. 76 Figura 63- Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na região de 1700 a 700 cm-1 em KBr 90 557 997 917 100 30 1081 1220 1300 433 748 850 40 1242 1433 50 1508 60 1597 70 1620 % Transmitância 80 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015). Em decorrência da coordenação do íon dietilditiocarbamato, os ν(C=N) deslocam-se para uma região de menor frequência, aparecendo em 1620 e 1597 cm-1 e o estiramento da ligação C-O aparece numa região de maior frequência em 1300 cm-1. Os modos vibracionais específicos para os complexos com íons ditiocarbamatos são os ν(C-NR2) que apresentam números de onda em torno de 1500 cm-1 e o do ν(C-S) em torno de 980 cm-1. Analisando-se a região do modo vibracional da ligação C-S é possível determinar se o ligante está coordenado na forma monodentada ou bidentada simétrica ou assimétrica. As formas de coordenação monodentada e bidentada assimétrica exibem mais de uma banda referente ao ν(C-S), enquanto que a coordenação bidentada simétrica possui uma única banda do ν(C-S) (HEARD, 2005). Assim, com o objetivo de identificar de que forma o ligante etil2-dtc está coordenado, foram sobrepostos os espectros vibracionais na região do infravermelho para o complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] na faixa de observação dos modos vibracionais ν(C-NR2) e ν(C-S), como ilustrado na figura 64. 77 Figura 64- Sobreposição de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], em preto e vermelho, respectivamente, (a) na região de 1700 - 1350 cm-1 (b) na região de 1035 - 920 cm-1 100 100 % Transmitância % Transmitância 90 80 70 60 50 90 40 30 1700 80 1650 1600 1550 1500 1450 1400 1020 1350 1000 980 960 940 920 -1 -1 Número de Onda (cm ) Número de Onda (cm ) (a) (b) Fonte: Autora (2015) O etil2-dtc apresenta o ν(C-NR2) em 1476 cm-1, e como efeito da coordenação, esta banda se deslocou para 1508 cm-1, ocasionado pela deslocalização de elétrons não ligantes do átomo de nitrogênio para os átomos de enxofre por meio de um sistema de orbital π. A partir da mudança na energia do ν(C-NR2), conclui-se que houve aumento da ordem de ligação, passando a ter caráter duplo, o que é evidenciado pela absorção em maiores números de onda. A coordenação no modo bidentado de forma simétrica do ligante etil2-dtc apresenta somente uma banda em torno de 1000 cm-1 (NAKAMOTO, 1997). Porém, na região de 1012 a 945 cm-1 aparecem alguns modos vibracionais referentes à deformação angular C-H imínico, o que dificulta a visualização da banda C-S e, consequentemente, a dedução sobre as posições de coordenação do ligante ao metal. Desta forma foi necessária uma ampliação nesta região e uma verificação detalhada para destacar o surgimento de uma nova banda em 997 cm-1, caracterizando a coordenação do ligante etil2-dtc como sendo bidentado. Na figura 65 é representado o efeito da conjugação mediante a deslocalização dos elétrons não ligantes do átomo de nitrogênio devido à coordenação ao metal na forma bidentado simétrico. Figura 65- Modo de coordenação ao metal na forma bidentado simétrico R R .. N R S N M S S + R Fonte: Autora (2015) M S 78 5.1.6 Espectro de infravermelho do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] Um dos métodos bastante eficazes para a identificação dos complexos nitrosilos é pela espectroscopia de infravermelho através da determinação de uma banda de forte absorção na região de vibração de N-O. A região da banda de estiramento do óxido nítrico é muito ampla, estendendo-se na faixa de 1950 a 1300 cm-1 (MCCLEVERTY, 2004). O óxido nítrico livre é observado em 1875 cm-1 e quando coordenado a um metal pode diminuir ou aumentar a energia de estiramento dependendo da natureza dos ligantes no complexo, da configuração eletrônica do metal e do estado de oxidação do óxido nítrico (MCCLEVERTY, 2004). O óxido nítrico se dispõe em três modos de coordenação que podem ser evidenciados por espectroscopia de infravermelho. Na forma linear, com estiramentos entre 1950 a 1450 cm-1; angular na região entre 1720 a 1400 cm-1; e o em ponte, se coordenando a mais de um metal, com estiramentos entre 1650 a 1300 cm-1 (MCCLEVERTY, 2004 e HAYMORE; IBERS, 1975). Por esses valores, não se pode correlacionar o modo de coordenação com os números de onda dos estiramentos, porque as faixas de valores dos estiramentos se sobrepõem, tornando essas correlações difíceis. O [Fe(3-MeOsalen)NO] pertence ao grupo pontual C1, tendo baixa simetria e possibilitando o aparecimento de várias bandas ativas no infravermelho, como pode ser observado na figura 66. Este espectro de IV foi analisado em comparativo para compostos similares como [Fe(salen)NO], [Fe(salphen)NO] e [Fe(TPP)NO]. Figura 66 - Espectro de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)NO] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 80 60 NO 40 N N Fe 20 O O O O CH3 H3C 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2010) 1000 500 79 Como pode ser observado na figura 66, o grande número de bandas no infravermelho dificulta a visualização de modos vibracionais importantes, portanto opta por mostrar através da figura 67, a região de 1750 a 1120 cm-1 com a sobreposição do espectro de IV [Fe(3-MeOsalen)Cl] e o [Fe(3-MeOsalen)NO] em que verificou-se modificações relevantes com a coordenação do óxido nítrico como o surgimento de novas bandas referentes aos modos vibracionais da ligação NO e do ν(Fe-NO) e deslocamentos de bandas. Figura 67- Sobreposição dos espectros de infravermelho do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO], em preto e vermelho, respectivamente na região de 1800 a 1000 cm-1 100 % Transmitância 80 60 40 20 0 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Analisando-se os espectros do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e do [Fe(3-MeOsalen)NO] sobrepostos, verifica-se que o composto nitrosil apresenta uma banda de forte absorção em 1670 cm-1 atribuída ao ν(NO), enquanto os ν(C=N) aparecem como bandas de menores intensidades em região de menor energia, visualizadas em 1621 cm-1 e 1583 cm-1. O ν(C-O) do grupo fenólico deslocou-se para uma região mais energética, aparecendo em 1300 cm-1. Outros modos vibracionais relevantes são os estiramentos simétricos e assimétricos do grupo metoxila que deslocam-se para uma região de maior energia, sendo encontrados em 1269 cm-1 e 1094 cm-1. Na região de 500 a 400 cm-1, específica para visualização do ν(Fe-NO), foi verificada a existência de uma banda em 511 cm-1, o que se constitui em evidência dessa ligação no composto estudado. 80 Durante o processo reacional, apresentou-se uma transferência de elétrons em que ocasionou a redução do centro metálico no complexo [Fe(3-MeOsalen)NO]. Tendo como base os dados publicados na literatura, os complexos com ligantes similares, [Fe(salen)NO], [Fe(salphen)NO] e [Fe(TPP)NO], apresentam a coordenação do NO0 e o centro metálico com estado de oxidação 2+. Além do mais, os estiramentos NO + em complexos são verificadas em regiões maiores de 1750 cm-1 (MCCLEVERTY, 2004). Desta forma, pode-se concluir que o composto em estudo apresentou uma banda em 1670 cm-1, atribuída a complexos com coordenação do NO0 e Fe2+. A maioria dos complexos nitrosilos são de baixo spin devido ao caráter π receptor do ligante nitrosil. No entanto, os complexos com ligantes derivados de salen e NO apresentam o fenômeno spincrossover. Portanto, em certas condições de temperatura e pressão, os complexos possibilitaram uma alteração no momento magnético que ocasionaram a conversão de spin e do campo, assim passando de baixo para alto spin ou vice-versa. A partir dos dados cristalográficos do composto [Fe(salen)NO] para os dois estados de spin, detectou uma relação de spin e geometria. O complexo apresenta uma geometria piramidal de base quadrada com o ligante salen na posição do orbital d x2-y2 e o óxido nítrico na posição axial no orbital dz2. A diferenciação se encontra no ângulo da ligação Fe-NO, para o complexo [Fe(salen)NO] de spin 3/2 foi determinado o ângulo de 1470 enquanto no spin 1/2 foi de 1270. Com base nesses dados foi possível confirmar que o modo de coordenação do complexo foi angular (BERTO et al., 2013). Segundo Haller e seus colaboradores (1979), o complexo [Fe(salen)NO] apresenta dois modos vibracionais diferenciados aos dois estados de spin 3/2 e 1/2. Por meio do momento magnético, detectou-se que em temperatura ambiente a 230C, o spin verificado era de 3/2 e associado a alto spin, com ν(NO) em 1710 cm-1. Já, ao variar a temperatura para 950C constatou-se que o momento magnético modificava e havia a conversão do spin para 1/2 relacionado ao baixo spin, evidenciando o ν(NO) em 1610 cm-1. Na figura 68 é demonstrada a representação dos orbitais moleculares para complexos [FeNO] com ligação angular para os dois estados de spin. 81 Figura 68- Representação dos orbitais moleculares para complexos [FeNO] com ligação angular Fonte: WELLS et al., (1981, p. 2311) Levando-se em consideração os fatos mencionados, as novas bandas observadas em 1670 e 511 cm-1 são atribuídas ao ν(NO) e ν(Fe-NO), respectivamente. Tais bandas estão de acordo com os valores obtidos para complexos similares citados (SULOK et al., 2012), predominando a coordenação do óxido nítrico com o spin 3/2 associado ao campo fraco e modo de coordenação angular. Na tabela 4 são apresentados os estiramentos ν(NO) e o estado do spin dos complexos [Fe(salen)NO], [Fe(salphen)NO], [Fe(TPP)NO] e [Fe(OEP)NO]. Ressaltando que estes compostos apresentam o estado de oxidação do metal 2+ e coordenados ao NO0 (LEEUWENKAMP; PLUG, 1987). Tabela 4- Dados comparativos entre as frequências de estiramento N-O e spin. Composto νN-O Spin Referências [Fe(3-MeOsalen)NO] 1670 3/2 Presente trabalho [Fe(salen)NO] 1710 3/2 HALLER et al., 1979. [Fe(salen)NO] 1610 ½ HALLER et al., 1979. [Fe(salphen)NO] 1724 3/2 LEEUWENKAMP; PLUG, 1987. [Fe(salphen)NO] 1643 ½ LEEUWENKAMP; PLUG, 1987. [Fe(TPP)NO] 1670 ½ SCHEIDT; FRISSE, 1974. [Fe(OEP)NO] 1666 - SCHEIDT; ELLINSON, 1998. Fonte: Autora (2015) 82 A diminuição da frequência de estiramento da ligação NO em relação ao [Fe(salen)NO], em 1710 cm-1, é ocasionada pela presença da metoxila na posição 3 da base de Schiff. O grupo deixa o metal mais rico eletronicamente, portanto a retrodoação para o NO será intensificada, com consequente enfraquecimento da ligação NO, já que essa densidade eletrônica proveniente do metal é adicionada aos orbitais 2π*. Na tabela 5 são apresentados os modos vibracionais e as respectivas atribuições observados nos espectros de infravermelho do 3-MeOsalen e dos complexos de ferro [Fe(3-MeOsalen)L1], onde L1= Cl-, NO2-, etil2-dtc- e NO. Tabela 5 – Atribuições dos modos vibracionais presentes no espectro de infravermelho do 3-MeOsalen e [Fe(3-MeOsalen)L1], onde L1= Cl-, NO2-, etil2-dtc- e NO. Atribuição ν(O-H); H2O ν(C-H)ar ν(C-H)im; HC=N ν(C-H)ass; CH3 ν(C-H)ass; CH2 ν(C-H)sim; CH3 ν(C-H)sim; CH2 ν(OH...N) ν(NO) νass(C=N) νsim(C=N) ν(C=C) ν(C-NR2) δ(C-H)ass; CH3 δ(C-H)sim; CH2 ν(C-N) δ(C-H)sim; CH3 δ(O-H) ν(NO2)ass ν(C-O) ν(NO2)sim νass(C-O-C) ν(C-C) 3-MeOsalen - L1= Cl3409 NO2- etil2-dtc- NO 3420 3086 2995 3060 3003 3057 3000 3060 2994 3091 2985 2951 2971 - 2956 - 2931 2940 2940 2933 2946 2897 2905 2909 2901 - 2847, 2834 2839 2834 2830 2876 2584 1633 1471 1630 1599 1552 1471, 1445 1617 1601 1548 1472, 1448 1620 1597 1546 1508 1467,1433 1670 1621 1583 1526 1481,1445 1438 1408 - 1394 1408 1408 1350 1395 1333 1392 1332 1374 1328, 1315 1393 1343 1325 1295 1249 1189 1286 1243 1223 1300 1242 1220 1300 1269 1199 ν(C-O) 1170 1175 1317 1303 1271 1247 1222 1195 1169 1163 1181 83 ν(C-N) νsim(C-O-C) δ(C-H)ar ν(C-S) δ(C-H)ar + δ(CH2) γ(C-H)im ν(C=S) δ(CH2) γ(O-H) δ(ONO) δ(CH2) γ(C-H)ar δ(C-C) γ(NO2) ν(Fe-N) γ(C-C) ν(Fe-NO) ν(Fe-O) τ (C-C) 1131 1081 1054, 1047 1010 1103 1082 1040 - 1103 1078 1038 - 1101 1081 1038 997 - 1100 1094 1045 - 987, 963 881, 849 836 792, 781 741, 731 621, 564 520 424 983, 970, 960 855 785 741 637, 598 565 535 442 416 983,968 856 833 788 741 636,590 621 564 530 434 417 987,978, 966 917 850 787 748, 736 638, 585 557 537 433 416 954, 936, 917 883 766 742,723 579 561 511 493 - ν = estiramento; δ= deformação angular no plano; γ= deformação angular fora do plano, τ = deformação angular assimétrica fora do plano, ar= aromático; im= imina. Fonte: Autora (2015) 5.1.7 Comparações dos espectros vibracionais para os complexos de [Fe(3-MeOsalen)L1], L1=Cl-, NO2-, NO e etil2-dtc- Com base nos espectros de infravermelho, estabeleceu-se relação entre as frequências de estiramento da ligação C=N no 3-MeOsalen e nos complexos de ferro em estudo, associando as características e a natureza do ligante na posição axial com os deslocamentos do ν(C=N). Na tabela 6 são encontrados os modos vibracionais da ligação C=N do ligante livre e dos complexos propostos. Tabela 6 – Atribuições das frequências de ν(C=N) dos complexos sintetizados. Ligante ν(C=N) 3-MeOsalen 1633 Complexos νass(C=N) νsim(C=N) [Fe(3-MeOsalen)Cl] 1630 1599 [Fe(3-MeOsalen)NO2] 1617 1601 [Fe(3-MeOsalen)NO] 1621 1583 [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] 1620 1597 Fonte: Autora (2015) 84 Para o ligante livre 3-MeOsalen, a frequência de estiramento da ligação C=N aparece em 1633 cm-1, mas em todos os complexos sintetizados neste trabalho, por efeito da coordenação ao íon ferro verifica-se que essa banda é deslocada para menores energias, acompanhada pelo desdobramento deste modo vibracional em estiramentos assimétrico e simétrico. As substituições em posições axiais do íon cloreto por íons nitrito, dietilditiocarbamato e óxido nítrico provocaram alterações nos números de onda da ligação C=N. Por isso, buscouse estabelecer correlações entre o estiramento assimétrico do C=N com a natureza dos ligantes. Então, de acordo com os valores obtidos para os modos vibracionais assimétricos da ligação C=N destes complexos, determinou-se a seguinte ordem crescente: o ligante nitro< dietilditiocarbamato = óxido nítrico < cloreto. No complexo com íon cloreto ocorre a maior frequência de estiramento para a ligação C=N. Isto acontece porque o ligante cloreto é π doador forte, e torna o metal que tem estado de oxidação 3+ mais rico eletronicamente. Logo, a deslocalização da densidade eletrônica do ligante 3-MeOsalen torna-se menos efetiva, o que foi confirmado pela pequena variação da frequência de estiramento da ligação C=N em comparação a base de Schiff. O espectro do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] revela a menor frequência de estiramento da ligação C=N em função da característica receptora de elétrons π do íon nitrito. Consequentemente, este ligante auxiliar deixa o metal mais deficiente e para a estabilização do sistema, retira a densidade eletrônica da base de Schiff. Desta forma, ocorre o enfraquecimento da ligação C=N e este modo vibracional passa ser visualizado em região menos energética, no caso em 1617 cm-1. O ligante dietilditiocarbamato apresenta como característica ser π doador. Porém, como no composto em estudo, o estiramento C=N é observado em 1620 cm-1, conclui-se que seu caráter π doador é mais fraco do que o do cloreto. Por isto, mesmo fornecendo densidade eletrônica ao metal, não é o suficiente para a estabilização do complexo. Assim, retira-se densidade do ligante 3-MeOsalen, o que é evidenciado pela maior variação do deslocamento do estiramento da ligação C=N, para uma região menos energética. O nitrosil é o ligante π receptor mais forte dentre os ligantes utilizados, entretanto, é detectado que o modo vibracional da ligação ν(C=N) aparece em 1621 cm-1, numa maior frequência de estiramento do que o do dietilditiocarbamato e o nitro. Este resultado não era esperado a não ser pelo fato do ferro está no estado de oxidação +2 no complexo nitrosil, diferentemente do que ocorre nos outros compostos estudados. Por esse motivo, quando o óxido nítrico retira densidade eletrônica do centro metálico, este não 85 fica tão deficiente, e assim deslocaliza menos a densidade da ligação C=N. Desta maneira, o valor obtido aproxima-se ao modo vibracional do C=N no complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2dtc)]. Tendo em vista que o íon dietilditiocarbamato possui orbitais d (do enxofre) vazios para acomodar elétrons, o que lhe proporciona um caráter π receptor, explicando a similaridade com o estiramento do nitrosil. 5.1.8 Espectro de infravermelho do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] O espectro de infravermelho do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 4000 a 400 cm-1 é visualizado na figura 69. Figura 69- Espectro de infravermelho do [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 80 60 H H O 40 N N Cu 20 O O O O CH3 H3 C 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Os modos vibracionais principais presentes nesse espectro são atribuídos tendo como referência dados da literatura reportado por Odabaşoğlu et al., 2007 e Saha et al., 2006. A banda de estiramento OH do ligante água é observada na região entre 3642 a 3112 cm-1. Para o complexo é verificado no número de onda 3449 cm-1. Na figura 70 é apresentado o espectro vibracional na região do infravermelho para o complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 1700 a 400 cm-1, para melhor visualização dos vários modos vibracionais presentes nesta faixa. 86 Figura 70- Espectro de infravermelho do [Cu(3-MeOsalen)H2O] na região de 1700 a 400 cm-1 em KBr 100 0 450 570 849 1440 964 740 1083 1605 20 1304 1242 1221 40 1392 1546 60 1636 % Transmitância 80 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) As bandas em 1636 e 1605 cm-1 relativas ao estiramento assimétrico e simétrico do C=N aparecem deslocadas para maiores números de onda do que no ligante livre. Esta alteração indica a interação do ν(C=N) com o íon metálico Cu2+ no complexo formado. Para a maioria dos compostos tendo base de Schiff como ligante, o efeito da coordenação desloca o ν(C=N) para menores frequências de estiramento, porém neste complexo desloca-se para maiores absorções em decorrência do metal complexante e da água coordenada. A banda referente ao estiramento C-O fenólico é evidenciada em 1304 cm-1, havendo deslocamento para maior número de onda e com o aumento da intensidade em comparação ao ligante livre. Além destas bandas, são verificadas outras nessa região, também importantes, como a do estiramento ν(C-N) em 1392 cm-1, e os estiramentos assimétrico e simétrico da metoxila ν(C-O-C) em 1242 e 1083 cm-1, respectivamente, e duas bandas de deformações angulares fora do plano do grupo imínico em 980 e 964 cm-1. Na região do espectro entre 500 a 400 cm-1 são verificados os estiramentos atribuídos à interação entre metal e ligante, sendo visualizados os modos vibracionais do ν(Cu-N) e ν(Cu-O) em 570 e 450 cm-1, respectivamente. 87 5.1.9 Espectro de infravermelho do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] No espectro de IV do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] observam-se deslocamentos das bandas referentes aos estiramentos presentes no precursor e o surgimento dos modos vibracionais característicos da coordenação do íon nitrito na forma nitro. O espectro de na região de 4000 a 400 cm-1 é infravermelho do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] ilustrado na figura 71. Figura 71- Espectro de infravermelho do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] na região de 4000 a 400 cm-1 em KBr 100 % Transmitância 90 80 NO2 70 N N Cu 60 O O O O 50 40 4000 CH3 H3C 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Em consequência da coordenação do íon nitrito ao centro metálico, observam-se deslocamentos das bandas referentes à ligação C=N para uma região de menor energia no espectro em 1626 e 1599 cm-1. O estiramento da ligação C-O fenólico altera-se para maior número de onda, em 1316 cm-1. Portanto, a característica receptora do ligante auxiliar nitrito proporcionaram alterações nestes modos vibracionais, ocasionada pela deslocalização da densidade eletrônica. As atribuições das bandas em 1249 e 1089 cm-1 são relacionadas aos estiramentos assimétricos e simétricos das metoxilas ν(C-O-C), respectivamente. Além destas bandas, devem ser destacadas as bandas que aparecem em 1222 cm-1 referente ao ν(C-C), em 1069 cm-1, atribuída ao ν(C-O) e em 1104 cm-1, ao ν(C-N). 88 Na figura 72 é visualizado a expansão do espectro de infravermelho do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] na faixa de 1400 a 1000 cm-1. O aparecimento de novas bandas na região de 1400 a 1000 cm-1 indicam a coordenação do íon nitrito na forma nitro, justificado pelo aparecimento do estiramento assimétrico do NO2 em 1334 cm-1 e o simétrico do NO2 em 1271 cm-1 com diferença menor que 100 cm-1. Figura 72- Espectro de infravermelho do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] na região de 1400 a 1000 cm-1 em KBr 1104 100 1069 1080 80 1334 50 1400 1350 1241 60 1300 1250 1222 1271 70 1316 % Trasmitância 90 1200 1150 1100 1050 1000 -1 Número de Onda (cm ) Fonte: Autora (2015) Analisando os espectros de IV dos complexos de cobre, elaborou-se a tabela 7, nela constando os modos vibracionais e as atribuições referentes ao 3-MeOsalen e aos complexos de [Cu(3-MeOsalen)H2O] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]. 89 Tabela 7 – Atribuições das principais bandas presentes no espectro de infravermelho do ligante 3-MeOsalen e complexos [Cu(3-MeOsalen)H2O] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2]. Atribuição ν(O-H); H2O ν(C-H)ar ν(C-H)im; HC=N ν(C-H)ass; -CH3 ν(C-H)ass; -CH2 ν(C-H)sim; -CH3 ν(C-H)sim; -CH2 ν(OH...N) νass(C=N) νsim(C=N) ν(C=C) δ(C-H)ass; -CH3 δ(C-H)sim; -CH2 ν(C-N) δ(C-H)sim; -CH3 δ(O-H) ν(NO2)ass ν(C-O) ν(NO2)sim νass(C-O-C) ν(C-C) ν(C-O) ν(C-N) νsim(C-O-C) δ(C-H)ar δ(C-H)ar + δ(CH2) γ(C-H)im δ(CH2) γ(O-H) δ(CH2) γ(C-H)ar δ(C-C) ν(Cu-N) γ(C-C) ν(Cu-O) τ (C-C) 3-MeOsalen 3086 2995 2951 2931 2897 2847, 2834 2584 1633 1471 1438 1408 1350 1325 1295 1249 1189 1170 1131 1081 1054, 1047 1010 987, 963 881, 849 836 792, 781 741, 731 621, 564 520 424 L= H2O 3449 3051 3019 2981 2921 2842 1636 1605 1546, 1531 1469, 1440 1392 1331 1304 1242 1221 1172 1104 1083 1044 983, 980, 964 849 782 740 641, 602 570 535 450 420 NO23424 3056 3015 2966 2939 2908 2838 1626 1599 1543 1475, 1446 1396 1334 1316 1271 1241 1222 1169 1104 1080 1051 986, 964 856 787 744 647, 609 568 535 458 428 ν = estiramento; δ= deformação angular no plano; γ= deformação angular fora do plano, τ = deformação angular assimétrica fora do plano, ar= aromático; im= imina. Fonte: Autora (2015) 90 5.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO ULTRAVIOLETA E VISÍVEL (UV-VIS) A espectroscopia de absorção na região do ultravioleta e visível é uma técnica instrumental de análise utilizada em estudo sobre transições eletrônicas decorrentes de absorções de radiações eletromagnéticas pela matéria. Com esta técnica é possível se obter informações relevantes sobre aspectos estruturais e termodinâmicos de substâncias nas quais essas transições ocorrem com energias dessa faixa do espectro eletromagnético. Neste trabalho, a espectroscopia de absorção na região do Uv-Vis foi empregada para a caracterização dos ligantes e dos complexos dos sistemas [Fe(3-MeOsalen)L1], em que L1= Cl-, NO2-, etil2-dtc- ou NO e [Cu(3-MeOsalen)L2], com L2= H2O ou NO2-. Adicionalmente, também avaliou-se as características espectroscópicas da orto-vanilina por se tratar do reagente precursor na síntese do ligante 3-MeOsalen. 5.2.1 Espectro eletrônico da orto-vanilina O espectro eletrônico em metanol da orto-vanilina, obtido na concentração de 6.10-5 molL-1, apresenta três bandas com máximos de absorção em 221, 264 e 340 nm, conforme ilustrado na figura 73. Estas bandas são atribuídas às transições ππ* do anel aromático e do grupo aldeído (GONZÁLEZ-BARÓ et al., 2010). Figura 73- Espectro eletrônico em metanol da orto-vanilina 1,0 0,8 Absorbância O H 0,6 OH 0,4 O CH3 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 91 Na tabela 8 são informadas as atribuições das bandas, bem como seus respectivos coeficientes de absortividade molar. Tabela 8- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico da orto-vanilina em metanol. Comprimento de Onda (nm) 221 264 340 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (CHO) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 1,7.104 1,0.104 3,0.103 Fonte: Autora (2015) Com o propósito de verificar a influência do solvente sobre as transições eletrônicas da orto-vanilina, foram obtidos espectros eletrônicos desta substância em outros três solventes: água, DMF e diclorometano, como explicitado na figura 74. Nas transições eletrônicas ππ* ocorreram pequenas variações de comprimento de onda com a alteração da natureza do solvente, conforme ilustrado na Tabela 9. Dentre as três transições eletrônicas observadas no espectro, as bandas localizadas em maior e menor energia apresentaram deslocamentos mais significativos com a natureza do solvente. As maiores alterações nos comprimentos de onda foram vistas nos espectros obtidos em meio aquoso e em diclorometano. Tomando como referência o espectro em água, na transição mais energética ocorreu um deslocamento batocrômico de 15 nm, enquanto para a transição menos energética o deslocamento batocrômico foi igual a 7 nm em relação ao diclorometano. 92 Figura 74- Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina em diferentes solventes. O espectro em DMF foi mostrado a partir de 256 nm devido a absorção eletrônica do solvente em comprimentos de onda inferiores a 256 nm 1,0 Absorbância 0,8 Água Metanol DMF Diclorometano 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 9 - Comparativo entre as bandas de absorção da orto-vanilina em solventes diferentes. Solvente Comprimento de onda (nm) Atribuição ππ* ππ* ππ* Água 216 264 342 Metanol 221 264 340 DMF - 269 339 Diclorometano 231 266 349 Fonte: Autora (2015) 5.2.1.1 Estudo do pKa da orto-vanilina O acompanhamento das alterações espectroscópicas da orto-vanilina com a variação do pH foi realizado com o intuito de se verificar o efeito da desprotonação do hidrogênio fenólico sobre o espectro eletrônico, pois a coordenação à centros metálicos é associada a este fato. Assim, devido à presença do mesmo hidrogênio fenólico pode-se correlacionar os resultados obtidos para a orto-vanilina aos esperados para o ligante 3-MeOsalen. Na figura 75 são apresentados os espectros eletrônicos obtidos para soluções aquosas de orto-vanilina com concentração 1.10-5molL-1 com valores de pH variando de 2,36 a 10,07. 93 Figura 75 – Sobreposição dos espectros eletrônicos em meio aquoso da orto-vanilina com a variação do pH no intervalo de 2,36 a 10,07 no comprimento de onda de 200 a 500 nm pH 2,36 pH 2,79 pH 3,12 pH 3,48 pH 4,25 pH 4,63 pH 5 pH 5,87 pH 6,15 pH 6,73 pH 7,2 pH 7,71 pH 8,11 pH 8,53 pH 9,04 pH 9,41 pH 9,55 pH 9,95 pH 10,07 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Durante o acompanhamento, verificou-se a mudança da coloração da solução de incolor, em meio ácido, para amarela em meio básico. Essas alterações foram identificadas nitidamente no perfil dos espectros eletrônicos. Em meio ácido, pH 2,36, apresentaram-se as absorções máximas em 216, 263 e 342 nm, característico da orto-vanilina na forma protonada. Por outro lado, no meio básico, pH 10, encontraram-se as absorções máximas em 235, 281 e 389 nm, característico da orto-vanilina desprotonada, ou seja, o íon orto-vanilato. Na figura 76 são visualizadas as alterações do perfil dos espectros eletrônicos. 94 Figura 76 – Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina (preto) no pH 2,36 e do íon orto-vanilato (vermelho) no pH 10 0,8 Absorbância 0,6 0,4 0,2 0,0 300 400 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) As bandas em 216, 263 e 342 nm exibiram diminuição na intensidade e deslocamentos batocrômicos respectivamente para 235, 281 e 389 nm à medida que o meio se torna mais básico. O deslocamento batocrômico observado pode ser atribuído ao fato da desprotonação do grupo fenol aumentar a densidade eletrônica na molécula, ocasionando uma maior deslocalização eletrônica e consequente aproximação energética dos orbitais π e π*. Assim, radiações eletromagnéticas de menor energia podem promover a excitação eletrônica. A presença de cinco pontos isosbésticos em 226, 248, 277, 304 e 351 nm indica que o equilíbrio ácido–base da solução com a variação do pH envolve apenas duas espécies, a ortovanilina (ácido) e do íon orto-vanilato (base conjugada), conforme apresentado na figura 77. Figura 77- Estrutura das espécies envolvidas na equação de equilíbrio ácido-base da orto-vanilina H H O OH O + OH - O O - + H2O O H3C H3C Fonte: Autora (2015) A determinação da constante de acidez para orto-vanilina foi realizada através do monitoramento da absorbância em um determinado comprimento de onda. Em seguida, 95 anotou os valores das absorções respectivas para cada pH no comprimento de onda de 216, 235 e 389 nm. As constantes de pKa foram determinadas algebricamente a partir dos valores conhecidos do pH e das absorbâncias nos comprimentos de onda 216, 235 e 389 nm. Na figura 78 são representados gráficos da absorbância em função do pH. Figura 78- Gráficos do pH em função da absorbância correspondente ao comprimento de onda. (a) Acompanhamento em = 216nm, (b) Acompanhamento em = 235nm e (c) Acompanhamento em = 389 nm (a) (b) (c) Fonte: Autora (2015) 96 Na tabela 10 são mostrados os valores de pKa obtidos para a desprotonação do grupo fenólico. Tabela 10- Valores de pKa obtidos para a orto-vanilina com acompanhamento em diferentes comprimentos de onda. Comprimento de Onda (nm) PKa 216 7,80 235 7,70 389 7,70 pKa Médio 7,73 Fonte: Autora (2015) Com base nos valores de pKa obtidos foi possível determinar o valor de pKa médio para a orto-vanilina como sendo igual a 7,73. Esses resultados estão próximos do pKa observado na literatura para orto-vanilina de 7,91 (ROBINSON; KIANG, 1955). 5.2.2 Espectro eletrônico do ligante 3-MeOsalen O espectro eletrônico do ligante, o 3-MeOsalen, foi obtido em metanol na concentração de 1.10-5 molL-1 e observam-se cinco bandas com comprimentos de onda máximos em 221, 263, 294, 324 e 421 nm como apresentado na figura 79. As bandas são atribuídas às transições eletrônicas π-π*, dos grupos cromóforos C=C, C=N e a transição n- π*, pertinente aos pares de elétrons não ligantes. 97 Figura 79 - Espectro eletrônico em metanol do 3-MeOsalen 0,7 0,6 N N Absorbância 0,5 HO OH 0,4 O 0,3 O H3C CH3 0,2 0,1 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Na tabela 11 são informadas as atribuições das transições eletrônicas encontradas no espectro, bem como os respectivos coeficientes de absortividade molar. Tabela 11- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do 3-MeOsalen em metanol. Comprimento de Onda (nm) 221 263 294 324 421 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=N) nπ* (C=N) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 7,4.104 3,6.104 1,6.104 8,2.103 5,2.103 Fonte: Autora (2015) O espectro eletrônico do benzeno possui três bandas relativas a transições eletrônicas π-π*, observadas em 184, 202 e 255 nm. A inclusão de grupos substituintes no anel benzênico acarreta deslocamento batocrômico ou hipercrômico destas bandas (PAVIA et al., 2010). O ligante 3-MeOsalen apresenta dois anéis benzênicos com os substituintes hidroxila (-OH), o grupo metoxila (-OCH3) e o grupo imino (C=N). Estes substituintes promovem o deslocamento das transições ππ* para maiores comprimentos de onda em relação aos anéis benzênicos isolados, sendo observados agora em 221, 263 e 294 nm. Os grupos hidroxila e metoxila são substituintes doadores de densidade eletrônica para o sistema π do anel benzênico, deixando-o mais rico eletronicamente. Dessa forma, facilita-se 98 a excitação eletrônica devido à diminuição da diferença energética entre os orbitais que originam a transição. No grupo imino (C=N) identificam-se transições eletrônicas entre os níveis de energia π - π* e n - π*. A banda π - π* do grupo imino foi verificada em 330 nm, incluso na região entre 317 e 370 nm descrita por Zamian; Dockal (1996). A banda n-π* é causada por transições de elétrons livres (n, não ligantes) do átomo de nitrogênio ou do átomo de oxigênio aos orbitais π*. Para os derivados de salen, a banda n-π* aparece na região entre 385 e 420 nm (BOSNICH, 1967) e na orto-vanilina é observada em 421 nm, próxima do valor previsto. Portanto, para o ligante 3-MeOsalen foram apontadas transições eletrônicas do tipo π-π* referentes aos grupos C=C em 221, 263 e 294 nm. Bem como as absorções das transições eletrônicas π-π* do cromóforo C=N em 330 nm e a n-π* em 421 nm. Os valores estão de acordo com os dados da literatura para ligantes similares. Na figura 80 são apresentados os espectros do ligante 3-MeOsalen em metanol, acetonitrila, DMF, diclorometano e DMSO. Isto foi feito para se verificar o efeito dos solventes sobre o ligante, destacando-se que em DMSO e DMF os espectros foram registrados a partir de 252 e 263 nm, respectivamente. Comparando a absorção mais energética do espectro eletrônico do 3-MeOsalen em diclorometano, a banda em 230 nm apresentou um deslocamento batocrômico de 13 nm em acetonitrila. Enquanto que as absorções, 263 e 324 nm em metanol, não exibiram interferências significativas com o solvente. A transição π-π* em 294 nm em metanol não foi identificado nos outros solventes, talvez por estar sobreposta às outras bandas. Já, a transição n-π* nos solventes de acetonitrila, DMF e diclorometano não foram detectados como uma banda simétrica, porém como ombros que sofreram alteração com solventes, conforme ilustrado na tabela 12. 99 Figura 80- Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen obtidos em solventes diferentes 1,0 Absorbância 0,8 Metanol Acetonitrila DMF Diclorometano DMSO 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 12 – Comparativo entre as bandas de absorção do 3-MeOsalen em solventes diferentes. Solventes Comprimento de onda (nm) Atribuição ππ* ππ* ππ* ππ* nπ* Metanol 221 263 294 324 421 Acetonitrila 217 262 - 330 415 DMF - 267 - 331 426 Diclorometano 230 264 - 331 426 DMSO - 264 - 331 421 Fonte: Autora (2015) O ligante 3-MeOsalen foi sintetizado a partir da reação do grupo aldeído da orto-vanilina e das aminas da etilenodiamina, formando a base de Schiff. Na figura 81 é apresentada a sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina e 3-MeOsalen em metanol. Na comparação dos dois espectros eletrônicos, aparecem três bandas adicionais no composto 3-MeOsalen em 294, 324 e 421 nm, as quais os dois últimos comprimentos de onda são atribuídas ao cromóforo C=N, pertinente a base de Schiff, das transições do ππ* e nπ*. 100 Outro ponto observado foi à ausência da banda ππ* (CHO) em 340 nm no 3-MeOsalen, o que confirma a substituição do aldeído pelo grupo imino. As duas primeiras transições da orto-vanilina e 3-MeOsalen exibem absorções máximas similares, devido ao fato destas bandas relacionarem com as mesmas transições ππ* do anel aromático. Figura 81- Sobreposição dos espectros eletrônicos da orto-vanilina e 3-MeOsalen obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Na tabela 13 são demonstrados os valores das bandas de absorção da orto-vanilina e do 3-MeOsalen em metanol. Tabela 13- Comparativo entre as bandas de absorção da orto-vanilina e 3-MeOsalen em metanol. Atribuição Orto-vanilina 3-MeOsalen ππ* (C=C) 221 221 ππ* (C=C) 264 263 ππ* (C=C) - 294 ππ* (CHO) 340 - ππ* (C=N) - 324 nπ* (C=N) - 421 Fonte: Autora (2015) 101 5.2.3 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] O espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)Cl] foi obtido em metanol com concentração igual a 4.10-5 molL-1 e são observadas seis bandas com comprimento de onda de 230, 273, 302, 342, 434 e 533 nm, como ilustrado na figura 82. As cinco primeiras absorções são atribuídas às transições intraligantes que se deslocam para maiores valores de comprimentos de onda se comparadas às transições do ligante livre. A banda adicional em 533 nm refere-se à transição de transferência de carga LMCT, do ligante cloreto (pπCl-) para o metal (dπFe3+). Na tabela 14 são informadas a atribuição e os coeficientes de absortividade molar das devidas transições eletrônicas. Figura 82- Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)Cl] 1,2 1,0 Absorbância 0,8 Cl N N 0,6 Fe O O 0,4 O O CH3 H3C 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 14- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 230 273 302 342 434 533 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=N) nπ* (C=N) LMCT ( p Cl- d* Fe3+) Fonte: Autora (2015) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 2,9.104 1,6.104 7,4.103 5,7.103 2,5.103 2,0.103 102 Na sobreposição dos espectros eletrônicos do ligante livre 3-MeOsalen e do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl], representado na figura 83, observa-se que houve deslocamento das bandas intraligantes para maiores comprimentos de onda, indicando que a coordenação ao metal, tornou as transições eletrônicas menos energéticas. Além disso, verifica-se o surgimento de uma nova banda em 533 nm, referente à transferência de carga do ligante ao metal. Figura 83- Sobreposição dos espectros eletrônicos em metanol do 3-MeOsalen e do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em preto e vermelho, respectivamente 1,2 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) A banda de transferência de carga LMCT em 533 nm envolve os orbitais do ligante cloreto e do metal ferro. O cloreto é um ligante π doador, portanto apresenta o orbital p preenchido e com simetria π ao longo do eixo metal-ligante. Então, acontece uma doação da densidade eletrônica do orbital do ligante para o orbital d do centro metálico que está deficiente eletronicamente, devido ao estado de oxidação 3+. Com isso, o ferro está receptível a receber os elétrons, ocorrendo a transição p Cl- d* Fe3+ (MATSUSHITA, 1983). Ao comparar os espectros eletrônicos obtidos em vários solventes, observaram-se modificações significativas na banda de transferência de carga. As variações determinadas para esta transição foi de 56 nm em relação à água e DMF e de 26 nm entre metanol e acetonitrila. Estas absorções são sensíveis à natureza do solvente o que justifica as alterações 103 verificadas, o que se deve ao fato dos orbitais envolvidos nas transições serem os mais externos, portanto mais expostos à ação dos solventes. Na figura 84 são apresentados os espectros eletrônicos do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] em solventes como água, metanol, acetonitrila, DMSO, diclorometano e DMF e os valores dos comprimentos de onda estão relacionados na tabela 15. Figura 84- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em solventes diferentes Água Metanol Acetonitrila DMSO Diclorometano DMF 1,0 0,8 0,6 Absorbância Absorbância 0,2 0,4 0,1 0,0 0,2 400 600 800 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 15- Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em solventes diferentes. Solventes Comprimento de Onda Atribuição π-π* π-π* π-π* π-π* n-π* LMCT Água 223 266 309 334 445 534 Metanol 230 273 302 342 423 533 Acetonitrila 229 273 313 - 444 507 DMSO - 271 312 344 442 532 Diclorometano 233 279 - 357 444 479 DMF - 273 301 - 437 478 Fonte: Autora (2015) Com a finalidade de verificar o comportamento da banda de transferência de carga, visto que estas transições são sensíveis ao estado de oxidação do metal, realizou-se o 104 acompanhamento da redução do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] com amálgama de zinco em metanol, ilustrado na figura 85. Segundo a sobreposição dos espectros eletrônicos observouse a diminuição da intensidade da absorção em 533 nm atribuída banda LMCT e a formação de um ponto isosbéstico em 467 nm. Como consequência da redução do centro metálico, a doação de densidade eletrônica do ligante cloreto para os orbitais d do metal torna-se menor, portanto diminuindo a intensidade da banda de transferência de carga LMCT. As transições intraligantes no complexo aumentam de intensidade ao serem reduzida pela amálgama de zinco, presumindo assim que estas bandas tornem-se mais permitidas. A banda MLCT não foi visualizada, como esperado, já que o metal estava rico eletronicamente, ocasionando uma doação da densidade eletrônica para a base de Shiff. Portanto, uma das possibilidades para ausência desta banda seja que esta absorção esteja sobreposta às outras bandas intraligantes. Figura 85- Acompanhamento da redução do [Fe(3-MeOsalen)Cl] com amálgama de zinco em metanol 2,0 1,8 Absorbância 1,4 1,2 Absorbância 1,6 1,0 0,8 600 Comprimento de Onda 0,6 0,4 0,2 0,0 400 600 800 Comprimento de Onda Fonte: Autora (2015) O composto [Fe(3-MeOsalen)Cl] apresenta a geometria piramidal quadrada e campo magnético de alto spin (GULOTTI et al., 1977). O complexo pertence ao grupo pontual Cs, em razão desta molécula só conter os elementos de simetria identidade (E), plano de reflexão horizontal (σh), não se verificando a existência de eixos de rotação. Pela tabela de caracteres, 105 visualizado na figura 86, sabe-se que os compostos de grupo pontual Cs têm cinco desdobramentos de energia. Figura 86- Tabela de caracteres do grupo Cs Cs E σh A’ 1 1 x, y, Rz x2, y2, z2, xy A’’ 1 -1 z, Rx’, Ry yz, xz Fonte: Autora (2015) Devido a baixa simetria do composto e de acordo com a teoria do campo cristalino, os orbitais d exibem os seguintes desdobramentos em energias dyz < dxz< dxy< dz2 < dx2-y2. Os orbitais dx2-y2 e o dz2 sofrem maior repulsão elétron-elétron, pois os ligantes interagem fortemente pelos eixos, assim estes orbitais desdobram-se em dois conjuntos para o nível de maior energia. Devido à possibilidade de interação com o orbital dz2, assim apresentando menor repulsão. Enquanto que os orbitais dxy, dxz e dyz desdobram-se em três conjuntos para o nível de menor energia por causa da não interação do ligante entre os eixos. No que se refere às propriedades magnéticas, o complexo em estudo é paramagnético, alto spin, S = 5/2, com os cinco elétrons (configuração eletrônica 3d5) desemparelhados. Ao fazer a distribuição eletrônica do complexo, os elétrons ficam desemparelhados, como observado na figura 87. Figura 87- Desdobramentos dos orbitais para o campo para complexos piramidal quadrada com configuração d5 de spin alto 2 2 -y dx dz dxy dxz dyz 2 2 -y dx dz 2 2 dxy dxz dyz Fonte: Autora (2015) 106 Na figura 88 é ilustrada a representação da geometria do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] como sendo piramidal de base quadrada. Figura 88- Estrutura da geometria piramidal quadrada z Cl x N N Fe O O y Fonte: Autora (2015) No espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] não se visualiza bandas pertinentes a d-d, característica de transições eletrônicas internas referentes ao metal. Então, a partir da regra de seleção pode-se justificar a ausência destas bandas. As permissibilidades das transições eletrônicas d-d são regidas pela regra de Seleção, pela regra de Spin e a de Laporte. Pela regra de Spin, a transição eletrônica para ser efetuada, não pode haver mudança de multiplicidade de spin. Já, a regra de Laporte estabelece que transições permitidas são aquelas acompanhadas por uma mudança de paridade (SHRIVER; ATKINS, 2008). Em razão da distribuição eletrônica do complexo apresentar 5 elétrons desemparelhados, a radiação incidente não possibilita a inversão dos spins dos elétrons. De acordo com Zamian e Dockal (1996), as excitações nos orbitais d são proibidas por Laporte, devido não apresentar transições com mudanças de paridades. 5.2.3.1 Estudo do pka do Complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] Na figura 89 estão representados os espectros da região do ultravioleta e visível de uma solução aquosa do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] a concentração 1.10-6 molL-1 no intervalo de pH 2,24 a 8,49. 107 Ao analisar o acompanhamento em diferentes pH, não se observou deslocamentos batocrômicos ou hipsocrômicos das bandas presentes nos complexos em virtude da estrutura não apresentar mais prótons disponíveis para serem desprotonados. Entretanto, ao basificar o meio, aconteceu uma diminuição significativa da intensidade de absorção das bandas intraligantes nos comprimentos de onda em 225 e 268 nm e da LMCT em 534 nm e um aumento da intensidade em 302 e 398 nm. Além disso, a partir do pH 8 verificou-se uma elevação da linha de base, ocasionado pela insolubilidade do material nestas circunstâncias. Figura 89- Sobreposição dos espectros eletrônicos em meio aquoso do [Fe(3-MeOsalen)Cl] com a variação do pH no intervalo de 2,24 a 8,4 no comprimento de onda de 200 a 800 nm 0,8 pH= 2,24 pH= 2,56 pH= 3,03 pH= 3,51 pH= 4,17 pH= 4,78 pH= 5,57 pH= 6,02 pH= 6,34 pH= 6,63 pH= 7,23 pH= 7,69 pH= 8,40 Absorbância 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) A realização do estudo do pKa em complexos possibilita que se compreenda o comportamento dos compostos em condições ácidas e básicas e realizou-se o acompanhamento do complexo no sentido inverso, do meio básico para o ácido, sendo observado uma reversibilidade do [Fe(3-MeOsalen)Cl]. Determinou-se o valor de pKa do complexo a partir do gráfico do pH em função da absorbância para a banda em 398 nm no intervalo de pH de 2,24 a 10,02. O valor obtido do pKa foi de 7,7. Na figura 90 é representada o gráfico para determinação da constante de acidez. 108 Figura 90- Gráfico do pH em função da absorbância correspondente ao comprimento de onda do acompanhamento em = 398 nm Fonte: Autora (2015). Fonte: Autora (2015) 5.2.4 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] O espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] foi obtido em metanol a 2,2.10-5 mol.L-1, ilustrado na figura 91. São evidenciadas cinco bandas com comprimentos de onda em 230, 271, 306, 352 e 428 nm referentes às bandas intraligantes ππ* e as nπ*. Os coeficientes de absortividade molar destas transições são informados na Tabela 16. Figura 91- Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)NO2] 1,0 NO 2 N N 0,8 Fe O O 0,6 O O CH3 H3C 0,10 Absorbância Absorbância 0,15 0,4 0,05 0,2 0,00 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 109 Tabela 16- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 230 271 306 352 428 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=N) nπ* (C=N) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 4,4.104 2,3.104 1,2.104 7,7.103 4,2.103 Fonte: Autora (2015) A banda LMCT presente no espectro do [Fe(3-MeOsalen)Cl] em 533 nm não é mais observada no espectro do [Fe(3-MeOsalen)NO2], indicando assim a substituição do íon cloreto da esfera de coordenação pelo ligante nitro, como visualizado na figura 92. Pelo fato do íon nitrito ser um ligante π receptor, esperava-se observar uma banda MLCT, porém como o ferro está deficiente, essa transição não foi verificada. Seguindo o mesmo raciocínio do complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl], as bandas d-d não foram visualizadas por suas transições serem proibidas por Spin e por Laporte. Figura 92- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO2] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente 1,2 1,0 0,12 Absorbância Absorbância 0,8 0,6 0,08 0,04 0,4 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 110 Com o propósito de compreender o efeito do solvente sobre as transições eletrônicas do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] foram realizados espectros eletrônicos em metanol, acetonitrila, diclorometano e DMSO, ilustrados na figura 93. Na sobreposição dos espectros do complexo não foi perceptível alterações significativas com a modificação do solvente para as quatro bandas mais energéticas. As diferenças entre estas bandas intraligantes variaram em torno de 6 nm, no máximo, comparando-se cada transição em cada solvente. Entretanto, a absorção n- π* pertinente à transição dos pares de elétrons livres aos orbitais π* apresentou variação de 23 nm entre metanol e DMSO. Na tabela 17 são demonstrados os valores dos comprimentos de onda das transições para os solventes. Figura 93- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes 1,0 Absorbância 0,8 Metanol Acetonitrila Diclorometano DMSO 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 17 – Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes. Solventes Comprimentos de Onda Atribuição ππ* ππ* ππ* ππ* nπ* Metanol 230 271 306 352 428 Acetonitrila 230 274 302 352 406 Diclorometano 234 277 305 354 408 DMSO - 271 305 349 405 Fonte: Autora (2015) 111 5.2.5 Espectro eletrônico do Complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] O espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] foi obtido em metanol a concentração de 6,5.10-5 mol.L-1. No espectro do complexo observam-se cinco bandas em 233, 272, 300, 344 e 508 nm, como ilustrados na figura 94. Estas absorções são atribuídas às transições intraligantes ππ* da base de Schiff e LMCT do etil2-dtc. Em seguida, são informados os comprimentos de onda com suas devidas transições eletrônicas e absortividades molares na tabela 18. Figura 94- Espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol 1,2 1,0 CH3 N 0,8 Absorbância CH3 S S H3C 0,6 CH3 O O O 0,4 Fe N O N 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 18- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 233 272 300 344 508 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) LMCT((pπdπ*Fe3+) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 1,6.104 9,5.103 4,4.103 3,3.103 1,1.103 Fonte: Autora (2015) Na figura 95 é representada a sobreposição dos espetros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl], etil2-dtc e [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] e logo após, um comparativo com as atribuições das transições dos complexos [Fe(3-MeOsalen)Cl] [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], e suas bandas mais importantes estão relacionadas na tabela 19. e 112 No espectro eletrônico [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] constatou-se deslocamentos das bandas intraligantes e da banda de transferência de carga ao comparar com o complexo de partida [Fe(3-MeOsalen)Cl]. A banda mais energética em 230 nm e a absorção em 342 nm do complexo precursor [Fe(3-MeOsalen)Cl] apresentam deslocamentos batocrômicos, enquanto que as transições eletrônicas em 273 nm e 302 nm ocorrem deslocamentos hipsocrômicos. Portanto, o efeito da coordenação do íon etil2-dtc- provoca alterações nos comprimentos de onda das bandas intraligantes. No espectro eletrônico do dietilditiocarbamato de sódio em metanol são observados três bandas de absorções, a mais energética em 256 nm pertinente a uma transição ππ* do grupo N-C=S e a próxima absorção máxima em 289 nm que se refere a uma transição ππ* de outro grupo S-C=S e a última transição eletrônica em 329 nm contata-se como uma banda de baixa intensidade que envolve a excitação de um par eletrônico não ligante do átomo de enxofre ao orbital π*, assim sendo uma transição nπ* (CHAUHAN; SHAIK, 2005). Em razão das bandas intraligantes do 3-MeOsalen apresentarem absortividades molares maiores do que o ligante etil2-dtc-, estas transições ficam sobrepostas às da base de Schiff. No composto, o íon etil2-dtc- é evidenciado pela banda LMCT presente no espectro. Este ligante π doador apresenta elétrons disponíveis para serem doados ao metal deficiente Fe3+. Assim, visualiza-se uma banda de transferência de carga do ligante para o metal, porém com comprimento de onda menor do que o do cloreto. Figura 95- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)Cl], etil2-dtc e [Fe(3-MeOsalen)(etil2dtc)] obtidos em metanol representados em preto, vermelho e verde, respectivamente 1,2 0,10 0,8 Absorbância Absorbância 1,0 0,6 0,05 0,00 0,4 400 500 600 700 Comprimento de Onda (nm) 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 113 Tabela 19- Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e o [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]. Compostos Comprimentos de Onda ππ* ππ* ππ* ππ* nπ* LMCT [Fe(3-MeOsalen)Cl] 230 273 302 342 423 533 (pπCl-) [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] 233 272 300 344 - Atribuição 508(pπetil2-dtc -) Fonte: Autora (2015) Foram obtidos espectros eletrônicos do complexo em metanol, acetonitrila, diclorometano e DMF com o intuito de observar uma dependência das transições eletrônicas com a natureza dos solventes, mostrados na figura 96. Todas as transições sofreram deslocamentos, constatando certa influência a alteração do solvente. A banda referente à transição nπ* não foi vista em metanol, porém nos outros solventes foi presenciada, proveniente da transição do par de elétrons livres não ligantes do enxofre, oxigênio ou nitrogênio. Como já discutido previamente, as bandas de transferência de carga são influenciadas pelos solventes, devido aos orbitais envolvidos serem os mais externos. Por este motivo, esta banda LMCT sofreu modificações significativas, a maior variação desta banda referiu-se a do solvente DMF e o diclorometano de 71 nm. Os valores dos comprimentos de onda para cada solvente são encontrados na tabela 20. Figura 96- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em solventes diferentes 1,0 Metanol Acetonitrila Diclorometano DMF 0,6 0,10 Absorbância Absorbância 0,8 0,4 0,2 0,05 0,00 400 500 600 700 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 114 Tabela 20 – Comparativo entre as bandas de absorção do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em solventes diferentes. Solventes Comprimentos de onda (nm) Atribuição ππ* ππ* ππ* ππ* nπ* LMCT Metanol 233 265 300 344 - 508 Acetonitrila 237 268 330 444 560 DMF - 271 296 344 460 497 Diclorometano 239 271 349 344 453 568 Fonte: Autora (2015) Como foi abordado anteriormente, um dos métodos usados para analisar uma banda de transferência de carga foi através da redução do complexo pela amálgama de zinco, conforme visualizado na figura 97 para o [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)]. Este acompanhamento fornece subsídio para determinar a presença de uma banda de transferência de carga LMCT. Por este procedimento, a doação de densidade eletrônica ao metal dificulta ou impede a ocorrência desse tipo de transição. Ao realizar esse acompanhamento, a banda LMCT do ligante etil2-dtc para o Fe3+ em 508 nm ausentou-se completamente e as bandas em 233, 265, 300 e 344 nm aumentaram de intensidade. Como o metal está rico em elétrons, foi detectada uma nova banda no comprimento de onda em 428 nm, referente à transição MLCT, do metal para o ligante etil2-dtc. Figura 97- Acompanhamento da redução do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] em metanol com amálgama 1,4 de zinco 1,2 Absorbância Absorbância 1,0 0,8 0,1 0,6 0,0 400 0,4 450 500 550 600 650 700 Comprimento de Onda (nm) 0,2 250 300 350 400 450 500 550 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 600 650 700 115 Na figura 98 é informado a sobreposição dos espectros eletrônicos do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] antes e depois da redução. A partir desta comparação, verificou-se claramente a inexistência da banda LMCT em 508 nm e o surgimento de uma banda referente à MLCT em 428 nm. Figura 98- Sobreposição dos espetros eletrônicos do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] antes e depois da redução em metanol com amálgama de zinco, nas cores preta e vermelha respectivamente 1,2 Absorbância 1,0 0,8 0,6 0,4 MLCT LMCT 0,2 0,0 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Considerando que a coordenação do etil2-dtc ao ferro seja na forma bidentada, a geometria do [Fe(3-MeOsalen)etil2-dtc] deve ser octaédrica, e esta hipótese é confirmada pelo fato de não aparecerem bandas pertinentes à transições d-d no espectro do complexo. Essa, na realidade, é uma característica frequente em espectros de compostos ferro-salen, em razão da configuração eletrônica do ferro ser d5 e desses complexos serem de spin alto. Explicação para a inexistência dessas bandas pode ser percebida no diagrama de Tanabe-Sugano para compostos octaédricos de configuração d5, mostrado na figura 99. Nesse diagrama, o estado espectroscópico fundamental para o campo fraco é 6A1g e não apresenta nenhuma transição entre este estado para outro estado excitado sem mudança na multiplicidade de spin, desta forma sendo proibida por spin. Além disso, por serem transições d-d ocorreriam sem mudanças de paridades, consequentemente sendo proibido por Laporte. Estes fatores justificam as ausências das bandas d-d. 116 Figura 99- Diagrama de Tanabe-Sugano para configuração d5 Fonte: http://chemistry.bd.psu.edu/jircitano/TSdiagram.pdf 5.2.6 Espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] O espectro de UV-Vis para o [Fe(3-MeOsalen)NO] em metanol a 3,1.10-4 molL-1 apresenta cinco transições eletrônicas nos comprimentos de onda em 204, 250, 344, 409 e 512 nm, como informado na figura 100. As bandas em 204, 250 e 344 nm são atribuídas as transições intraligantes do tipo ππ*, referentes aos grupos C=C da base de Schiff. O ombro na região em 409 nm refere-se a transição nπ*. A banda de baixa absortividade molar em 512 nm relaciona-se a uma transição dπFe(II)π*(NO0), MLCT. Na tabela 21 são verificados os valores dos comprimentos de onda com suas atribuições e absortividades molares. Figura 100- Espectro eletrônico em metanol do [Fe(3-MeOsalen)NO] NO 1,0 N N Fe 0,4 O O O O 0,6 Absorbância Absorbância 0,8 0,4 CH3 H3C 0,2 512 0,0 500 0,2 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) 900 1000 117 Tabela 21- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Fe(3-MeOsalen)NO] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 204 250 344 409 512 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=N) nπ* dπFe(II)π*(NO) (MLCT) Absortividade molar (L.mol.cm-1) 3,7.104 2,6.104 1,4.104 6,3.103 56 Fonte: Autora (2015) Na figura 101 é apresentada a sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen e dos complexos [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO] em metanol. As transições intraligantes ππ* (C=C) do complexo nitrosil são encontradas em regiões de menores comprimentos de onda, constatando um deslocamento hipsocrômico. Isto decorre pelo forte caráter π receptor do NO, que retirou densidade eletrônica do ferro. Desta forma, o metal para suprir a deficiência, puxou a densidade eletrônica do 3-MeOsalen, assim estas transições precisaram de uma maior energia para a excitação eletrônica, com isso deslocando estas bandas para uma região mais energética. Notou-se que ao substituir o ligante cloreto pelo ligante nitrosil não se observa mais a banda de transferência de carga LMCT na região do visível. A banda em 344 nm apresenta-se alargada, como se fosse um somatório de várias transições com absorbâncias mais elevadas. A banda em 409 nm é atribuída à transição nπ* dos pares de elétrons livres. Logo, devido a capacidade do composto [Fe(3-MeOsalen)NO] de doar densidade eletrônica, pois o metal ferro se encontra rico eletronicamente, o estado de oxidação é 2+, com isso atribui-se a banda em 512 nm à transferência de carga metal para ligante (MLCT), assim sendo uma transição dπFe(II)π*(NO). 118 Figura 101- Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen, do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Fe(3-MeOsalen)NO] obtidos em metanol representados em preto, vermelho e verde, respectivamente 1,2 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) A configuração eletrônica do metal Fe2+ é 3d6 e de acordo com os dados de literatura para compostos similares como [Fe(salen)NO] e [Fe(salophen)NO] em condições de temperatura e pressão ambiente apresentam como caraterística ser de alto spin, com isso mesmo que o ligante nitrosil seja um π receptor forte não ocasiona o emparelhamento dos elétrons (HALLER et al., 1979 e BERTO et al., 2013). Assim, permitindo a visualização da banda d-d, pois essas transições são permitidas por Spin e proibidas por Laporte. As transições d-d não foram observadas nos espectros, devido à possibilidade de estarem sobrepostas a outras bandas do complexo ou em regiões não cabíveis de detecção, superiores a 1000 nm. 5.2.7 Espectro eletrônico do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] O espectro eletrônico de [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol à concentração de 2,5.10-5 molL-1 apresenta quatro bandas nos comprimentos de onda de 232, 278, 362 e 572 nm, como mostrado na figura 102. As três primeiras absorções são referentes às transições ππ* do C=C e do C=N e a banda em 572 nm à transição d-d (ODABAŞOĞLU et al., 2007). A tabela 22 é apresentada os valores dos comprimentos de onda e as devidas caracterizações das transições e suas absortividades molares. 119 Figura 102- Espectro eletrônico em metanol do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol a 2,5.10-5 molL-1 e a expansão em 8.10-4 molL-1 H H 1,0 O 0,8 N N O O 0,6 O O 0,4 0,2 CH3 H3 C 0,18 Absorbância Absorbância Cu 0,09 600 Comprimento de Onda (nm) 0,0 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 22- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 232 278 362 572 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) d–d Absortividade molar (L.mol.cm-1) 3,5.104 2,1.104 5,7.103 260 Fonte: Autora (2015) Na sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen e do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol, observaram-se alterações nos comprimentos de onda máximo, como verificados na figura 103. Com o efeito da coordenação do metal, as bandas referentes às transições intraligantes ππ* apresentaram deslocamento batocrômico. A absorção nπ* não foi visualizada no espectro do complexo, isso devido ao par de elétrons livres presentes no átomo de nitrogênio estarem participando na coordenação ao metal e também pelo fato da não possibilidade de visualização da nπ* dos átomos de oxigênios. Além disso, verificou-se o surgimento de uma banda típica dos complexos em 572 nm, pertinente à transição d-d. 120 Figura 103- Sobreposição dos espectros eletrônicos do 3-MeOsalen e do [Cu(3-MeOsalen)H2O] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente 1,0 Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Os espectros eletrônicos do complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] em metanol, acetonitrila, DMF e DMSO são ilustrados na figura 104 com intuito de averiguar o efeito do solvente nas transições eletrônicas. Como na tabela 23, as três bandas intraligantes ππ* sofreram modificações nos comprimentos de onda, variando no máximo em 6 nm. Já, a banda nπ* só foi observada em acetonitrila. As absorções d-d apresentaram mudanças com a natureza do solvente, e a maior diferença é 14 nm entre metanol e DMSO. As bandas d-d tratam-se de transições nos orbitais mais internos, então sofrem pouco efeito a natureza do solvente. Entretanto, esses deslocamentos das bandas d-d são ocasionados devido ao orbital dz2 disponível no complexo de geometria piramidal quadrada que interage com o solvente. 121 Figura 104- Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em solventes diferentes 1,0 Metanol Acetonitrila DMF DMSO 0,8 Absorbância Absorbância 0,20 0,6 0,4 0,15 0,10 0,05 500 0,2 550 600 650 700 750 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 23 – Comparativo entre as bandas de absorção do [Cu(3-MeOsalen)H2O] em solventes diferentes. Solventes Comprimentos de Onda Atribuição ππ* ππ* ππ* nπ* dd Metanol 232 278 362 - 572 Acetonitrila 230 277 362 459 572 DMF - 282 374 - 577 DMSO - 283 374 - 586 Fonte: Autora (2015) O complexo [Cu(3-MeOsalen)H2O] possui configuração eletrônica d9 e não tem alterações na distribuição eletrônica entre campo fraco e forte. O íon cobre tem somente um elétron desemparelhado no orbital menos estável o dz2, como informado na figura 105. Assim, podem ocorrer pelo menos quatro transições eletrônicas d-d dos níveis de energia mais estáveis para o orbital desocupado, sendo transições permitidas por spin, ou seja, sem alteração da multiplicidade. No espectro eletrônico do [Cu(3-MeOsalen)H2O] foi observado apenas uma banda d-d em 572 nm. As outras absorções d-d possíveis não foram visualizadas, possivelmente por estas bandas estarem sobrepostas a outras transições presentes nos espectros ou estarem em regiões fora da faixa de trabalho do espectrofotômetro. 122 Figura 105- Desdobramentos dos orbitais para o campo para complexos piramidal quadrada com configuração d9 2 2 -y dx dz dxy dxz dyz 2 2 -y dx dz 2 2 dxy dxz dyz Fonte: Autora (2015) 5.2.8 Espectro eletrônico do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] O espectro eletrônico do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em metanol na concentração de 3.10-5 molL-1 apresenta quatro bandas nos comprimentos de onda de 233, 278, 368 e 544 nm, como está ilustrado na figura 106. As três primeiras absorções são referentes às transições intraligantes da base de Schiff dos cromóforos C=C e C=N e a última relaciona-se a transição d-d. Na tabela 24 são observados os valores das absorções com as respectivas atribuições e absortividades molares. 123 Figura 106 - Espectro eletrônico em metanol do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] a 3.10-5 molL-1 e a expansão em 8.10-4 molL-1 1,2 NO2 1,0 N N Cu O O 0,8 O 0,6 Absorbância Absorbância O 0,4 CH3 H3C 0,15 0,10 0,05 600 0,2 800 Comprimento de Onda (nm) 0,0 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 24- Atribuição das transições eletrônicas e absortividades molares das bandas presentes no espectro eletrônico do complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em metanol. Comprimento de Onda (nm) 233 278 368 544 Atribuição das transições eletrônicas ππ* (C=C) ππ* (C=C) ππ* (C=C) d-d Absortividade molar (L.mol.cm-1) 3,9x104 1,7x104 5,9x103 191 Fonte: Autora (2015) A formação do nitro complexo Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] foi perceptível em virtude do deslocamento da banda d-d de 28 nm para menores comprimentos de onda, como visualizado na figura 107. A diferença encontrada na banda d-d indica que o ligante nitro impediu a facilidade na excitação eletrônica d-d, assim observando esta transição em maiores energias. 124 Figura 107 – Sobreposição dos espectros eletrônicos do [Cu(3-MeOsalen)H2O] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] obtidos em metanol representados em preto e vermelho, respectivamente 1,2 1,0 0,18 Absorbância Absorbância 0,8 0,6 0,4 0,12 0,06 500 600 700 Comprimento de Onda (nm) 0,2 0,0 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Para analisar o efeito dos solventes sobre o complexo, realizou-se o estudo comparativo dos espectros do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em metanol, acetonitrila, DMF e DMSO, os quais estão expostos na figura 108. Foram observadas pequenas variações nas bandas intraligantes, sendo a maior delas igual 7 nm para a segunda absorção entre acetonitrila e DMSO. Em relação à transição d-d, as mudanças foram bastante significativas, apresentando uma diferença de 41 nm entre acetonitrila e DMSO. Como as bandas d-d são as transições mais internas, então deveriam sofrer poucas alterações com o solvente. Porém, o complexo tem geometria piramidal quadrada, e isso possibilita a interação entre o solvente e o orbital dz2, o que esclarece as alterações da banda d-d. Os valores das absorções dos solventes são apresentados na tabela 25. 125 Figura 108- Sobreposição dos espectros eletrônicos do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes 1,0 Metanol Acetonitrila DMF DMSO 0,2 0,6 Absorbância Absorbância 0,8 0,4 0,1 0,0 0,2 500 600 700 800 Comprimento de Onda (nm) 0,0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) Fonte: Autora (2015) Tabela 25 – Comparativo entre as bandas de absorção do Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] em solventes diferentes. Comprimento de onda (nm) Solventes Atribuição ππ* ππ* ππ* dd Metanol 233 278 368 544 Acetonitrila 233 276 366 532 DMF - 282 373 553 DMSO - 283 373 573 Fonte: Autora (2015) 126 6 CONCLUSÃO Analisando os resultados dos espectros de infravermelho e de Uv-Vis dos complexos precursores [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Cu(3-MeOsalen)H2O] e dos novos complexos [Fe(3-MeOsalen)NO2], [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], [Fe(3-MeOsalen)NO] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] pode-se concluir que de fato ocorreu a formação dos compostos aqui formulados. Pela espectroscopia de infravermelho, essa conclusão se baseia nas alterações ocorridas nas frequências de estiramentos de ligações de certos grupos atômicos e no aparecimento de bandas não existentes nos ligantes ou nos complexos precursores. Pela espectroscopia de Uv-Vis, a base para esta conclusão são as modificações das transições intraligantes e d-d, e o aparecimento de bandas de transferência de carga MLCT e LMCT. Desta forma, pode-se considerar os procedimentos de sínteses e as técnicas de caracterização satisfatórios para se alcançar os objetivos estabelecidos no planejamento deste trabalho. Especificamente, na interpretação dos espectros vibracionais de IV, observaram-se deslocamentos das frequências de estiramentos em vários grupos atômicos, principalmente nos ν(C=N) e ν(C-O), além do surgimento de novas bandas características do íon nitrito, etil2-dtc e nitrosil em determinadas regiões que fornecem informações sobre os modos de coordenação dos ligantes. Os espectros de IV dos complexos precursores de ferro e cobre com a base de Schiff apresentam alterações nos números de onda referentes ao 3-MeOsalen livre, principalmente na ligação C=N e C-O, que envolvem átomos doadores atuantes na coordenação do centro metálico. Para o ligante 3-MeOsalen visualiza-se o ν(C=N) em 1633 cm-1 e ν(C-O) em 1295 cm-1. Já, para os complexos precursores [Fe(3-MeOsalen)Cl] e [Cu(3-MeOsalen)H2O] são observados o ν(C=N) em 1630, 1599 cm-1 e 1636, 1605 cm-1 e o ν(C-O) em 1286 e 1304 cm-1, respectivamente. As alterações dos números de bandas do ν(C=N) e os deslocamentos do ν(C-O) indicam a coordenação do ligante ao centro metálico. As substituições dos ligantes axiais por moléculas de relevância biológica como nitrito, dietilditiocarbamato e nitrosil, também provocam modificações nos estiramentos da ligação C=N e C-O. Assim, com os resultados pode-se estabelecer uma correlação entre as propriedades dos ligantes e os modos vibracionais. Deste modo, os complexos obtidos de ferro verificaram a seguinte ordem crescente de energia da ligação C=N: NO2- < etil2-dtc- = NO< Cl-. 127 Nos nitro complexos [Fe(3-MeOsalen)NO2] e Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] apresentam dois estiramentos específicos de nitrito na região de 1400 a 1100 cm-1, os ν(NO2)ass em 1317 e 1334 e o ν(NO2)sim em 1271 cm-1, respectivamente. No espectro do composto de ferro ainda é evidenciada a deformação angular do nitrito em 833 cm-1. Por causa da variação dos estiramentos assimétricos e simétricos serem inferior a 100 cm-1, a coordenação foi via o átomo de nitrogênio. O espectro do complexo [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)] mostra somente uma banda na região próximo de 1000 cm-1 referente ao ν(C-S) que sugere uma coordenação bidentada simétrica do ligante. Bem como o aparecimento de uma banda nova pertinente ao ν(C-NR2) em 1508 cm-1, comprovando a coordenação do ligante etil2-dtc ao sistema ferro-3-MeOsalen. Já o espectro do [Fe(3-MeOsalen)NO] exibi uma banda característica dos ν(NO) em 1670 cm-1 e tendo como base os complexos similares [Fe(salen)NO], [Fe(salphen)NO], [Fe(TPP)NO], concluiu-se que esse modo vibracional está na mesma região de frequência de estiramento encontrada para esses compostos semelhantes, associados ao NO0, com o spin 3/2, campo fraco e modo de coordenação angular. Considerando os espetros eletrônicos obtidos, tanto os do [Fe(3-MeOsalen)Cl] e do [Cu(3-MeOsalen)H2O] como os dos novos complexos sintetizados neste trabalho apresentaram transições intraligantes ππ* do anel aromático e do grupo imino, comprovando a presença da base de Schiff na esfera de coordenação. Para o complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] evidencia-se uma banda de transferência de carga LMCT, correspondente a p Cl- d* Fe3+ em 533 nm em metanol, não sendo detectadas transições d-d por serem proibidas por Spin e por Laporte. Em relação ao composto [Cu(3-MeOsalen)H2O], o espectro de Uv-Vis apresenta uma transição de baixa absortividade em 572 nm, pertinente a banda d-d que sofre influência com a alteração do solvente, devido a possibilidade de interação do solvente com orbital dz2 do metal. No espectro eletrônico do nitro complexo [Fe(3-MeOsalen)NO2] não se visualiza banda LMCT, ocasionado pela substituição do ligante cloreto pelo íon nitrito e no Na[Cu(3-MeOsalen)NO2] verifica-se deslocamento hipsocrômico de 28 nm da banda d-d. Quanto ao espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)(etil2-dtc)], demonstraram alterações nos comprimentos de onda da transição LMCT, devido a substituição do ligante cloreto pelo etil2-dtc, esta absorção foi para uma região mais energética. No que se refere ao espectro eletrônico do [Fe(3-MeOsalen)NO], as bandas intraligantes deslocam-se para uma região mais energética devido ao caráter π receptor do NO 128 e também ao surgimento de uma absorção de baixa absortividade referente a MLCT da transição dπFe(II)π*(NO). Como perspectivas para futuras investigações, os estudos sobre atividades biológicas dos ligantes e do complexo ferro-salen e derivados realizados por vários pesquisadores, alguns dos quais citados neste trabalho, permitem supor que as novas modificações realizadas neste trabalho para o complexo [Fe(3-MeOsalen)Cl] podem apresentar aplicações promissoras na área biomédica. Como evidência para isso podem citados testes feitos no tratamento de células cancerígenas, onde se obteve melhores resultados e diminuição de citotoxidade para vários tipos de linhagem celular tumoral. Desta forma, há um indicativo que estes compostos tenham um emprego futuro na terapia de várias doenças. 129 REFERÊNCIA ANKERS, Dale L.; FANNING, James C. The production of NO from the reaction of Fe (III) Schiff base complexes and nitrite ions in acetonitrile. Polyhedron, v. 20, p. 623–625, 2001. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277538700006628. Acesso em: 7 ago. 2014. 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