Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Engenharia Eletrônica Automação de uma Bancada para Ensaios e Testes De Frenagem Autor: João Victor Avancini Guimarães Orientador: Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira Brasília, DF 2016 João Victor Avancini Guimarães Automação de uma Bancada para Ensaios e Testes De Frenagem Monografia submetida ao curso de graduação em (Engenharia Eletrônica) da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em (Engenharia Eletrônica). Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Orientador: Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira Brasília, DF 2016 João Victor Avancini Guimarães Automação de uma Bancada para Ensaios e Testes De Frenagem/ João Victor Avancini Guimarães. – Brasília, DF, 201661 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA , 2016. 1. Palavra-chave01. 2. Palavra-chave02. I. Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira. II. Universidade de Brasília. III. Faculdade UnB Gama. IV. Automação de uma Bancada para Ensaios e Testes De Frenagem CDU 02:141:005.6 João Victor Avancini Guimarães Automação de uma Bancada para Ensaios e Testes De Frenagem Monografia submetida ao curso de graduação em (Engenharia Eletrônica) da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em (Engenharia Eletrônica). Trabalho aprovado. Brasília, DF, 20 de novembro de 2016: Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira Orientador Prof. Dr. Wellington Avelino do Amaral Convidado 1 Prof. Dr. Marcelino Monteiro de Andrade Convidado 2 Brasília, DF 2016 Este trabalho é dedicado à todos os alunos do curso de gradução em Engenharia Eletrônica da Universidade de Brasília. Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço a meus pais Rita de Cássia e Carlos e aos meus irmãos Frederico, Pedro e Ana por todo esforço, dedicação e apoio ao longo dos anos. Aos meus tios Maria Aparecida e Luís Henrique pelo acolhimento e suporte durante minha graduação. Ao meu orientador Prof. Dr. Evandro Leonardo Silva Teixeira por sua paciência, apoio e ensinamentos dados ao longo da minha permanência na Universidade de Brasília. Aos meus amigos Mairon, Phelippe e Joel pelo companheirismo ao longo do curso. Aos professores Julia Peterle, Casé Marques, Patrícia Lovatti, Aline Demuner, Graciela Ramos, Genildo Ronchi, Carmen Santos, Ricardo Fragelli, Adson Rocha, Eneida Valdes, Renato Lopes, Gerardo Pizo, Cristiano Miosso, Gilmar Beserra, André Penna, Fabiano Soarez, Gustavo Cueva, Richard Pearl, Josh Reynolds, Eleanor Baldwin, Steve Hegarty, Wellington Amaral, Marcelino Andrade, Sebastién Rondineau e demais professores que tive o privilégio de conhecer ao longo dos anos. "Ciência, meu jovem, é feita de erros, mas esses são erros que são úteis de serem feitos, porque levam pouco a pouco a verdade" — Júlio Verne Resumo Esse trabalho tem como objetivo realizar a automação de uma bancada para ensaios e testes de frenagem. Já existem normas consolidadas para ensaios de frenagem, esse projeto de pesquisa está focado no que diz respeito a SAE J2522 que aborda sobre ensaios de frenagem em veículos de passeio. O foco maior do projeto está em garantir uma solução resiliente para a bancada afim de tornar possível a aquisição de todas as informações físicas relevantes assim como automatizar a execução do ensaio. Palavras-chaves: Instrumentação Eletrônica. Ensaio de Frenagem. Simulação de Sistemas Automotivos. Abstract This paper aims to design the automation of a testbench for brake tests. There are already consolidated standards rules for brake system testing, this research project is focused with respect to SAE J2522 regulation that addresses on brakes tests on passenger vehicles. The major focus of the project is to ensure a resilient solution for the testbench in order to make possible the acquisition of all relevant physical information and to automate the tests. Key-words: Electronic Instrumentation. Brake Test. Automotive Systems Simulation. Lista de ilustrações Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10 – 11 – 12 – 13 – 14 – 15 – 16 – 17 – 18 – 19 – 20 – 21 – Tensão de saída de Termopares (DESCONHECIDO, 2016b) . . . . . . Medição Termopar (ECIL, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Distensão (INSTRUMENTS, 2016a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ponte de Wheatstone (INSTRUMENTS, 2016b) . . . . . . . . . . . . . Crankshaft Position Sensor (REMAN, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . Sinal Sensor Magnético (DESCONHECIDO, 2016c) . . . . . . . . . . . Acelerômetro Piezoelétrico (UK, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . Esquemático Relê (TESCHLER, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . ATmega238p (COORPORATION, 2011) . . . . . . . . . . . . . . . . . Modelo Projeto de Sensoriamento e Atuação . . . . . . . . . . . . . . . Esquema elétrico AD595 (DEVICES, 1997) . . . . . . . . . . . . . . . Circuito Condicionador Termopar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Amplificador Diferencial por Junta Comum (DESCONHECIDO, 2016e) Esquemático INA125 (INSTRUMENTS, 1998) . . . . . . . . . . . . . . Circuito Condicionador para Célula de Carga . . . . . . . . . . . . . . Circuito Condicionador Sinal Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . Circuito de Condicionamento para Sinal de Vibração . . . . . . . . . . Circuito de Interface para Entradas Digitais . . . . . . . . . . . . . . . Curva característica transistor bipolar (DESCONHECIDO, 2016a) . . Circuito de Interface para Acionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . Transistor NPN (DESCONHECIDO, 2016d) . . . . . . . . . . . . . . . 33 34 34 35 35 36 37 37 38 45 46 48 49 49 50 51 52 53 54 54 55 Lista de tabelas Tabela Tabela Tabela Tabela Tabela 1 2 3 4 5 – – – – – Parâmetros de Pressão Teste Secção de Polimento Valores de Temperatura Inicial para teste de Fade Termopares e suas faixas de operação . . . . . . . Saída AD595 (DEVICES, 1997) . . . . . . . . . Cronograma de Atividades Futuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 31 34 47 58 Lista de abreviaturas e siglas INMETRO CONTRAM Instituto Nacional de Meteorologia, Qualidade e Tecnologia. Conselho Nacional de Trânsito NBR Norma Brasileira SAE Society of Automotive Engineers CI Circuito Integrado GND Ground LED Light Emitting Diode CKP Crankshat Position Sensor TCC Trabalho de Conclusão de Curso RPM Rotações por Minuto EEPROM Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory SRAM Static Random Access Memory 𝐼2 𝐶 Inter-Integrated Circuit Lista de símbolos Ω Ohms, unidade de resistência kph Quilômetros por hora km/h Quilômetros por hora Pa Pascal, unidade de pressão M 106 k 103 g 9.8m/s ms 10− 6 segundos V Volts Vcc Voltage Supply Vo Tensão de Saída cv Cavalos L Comprimento D Comprimento Δ𝐿 Variação do Comprimento kB Quilo Bytes Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.1 Objetivos 1.2 Estrutura do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.1 A Necessidade da realização do ensaio de frenagem . . . . . . . . . 27 2.2 Ensaio de Frenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.1 Definições e Especificações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.2 Ensaio de Características de Fricção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.3 Ensaio de Secção de Polimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.4 Ensaio de Valor Característico 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.2.5 Ensaio de Sensibilidade à Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.2.6 Ensaio de Valor Característico 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2.7 Ensaio de Frenagem Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2.8 Ensaio de Aplicações para Vias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2.9 Ensaio de Valor Característico 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2.10 Ensaio de Fade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.2.11 Ensaio de Recovery 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.12 Ensaio de Sensibilidade à Temperatura/Pressão 1 . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.13 Ensaio de Temperatura Crescente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.14 Ensaio de Sensibilidade à Temperatura/Pressão 2 . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.15 Ensaio de Recovery 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.16 Ensaio de Fade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.17 Ensaio de Recovery 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.3 Parâmetros a serem Monitorados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.4 Estudo de Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.4.1 Termopares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.4.2 Células de Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.4.3 Sensor de Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.4.4 Acelerômetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.4.5 Relês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.4.6 Microcontrolador ATmega328p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3 METODOLOGIA 3.1 Etapas do Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.1.1 Etapa 1 - Revisão Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.1.2 3.1.3 Etapa 2 - Definição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Etapa 3 – Projeto do Sistmema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4 4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 PROJETO DO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO Requisitos Funcionais da Bancada . . . . . . . Requisitos de Software . . . . . . . . . . . . . . Componentes da Bancada de Frenagem . . . Sensoriamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Demais componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 41 41 42 42 43 43 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 DETALHAMENTO DO PROJETO DE SENSORIAMENTO E ATUAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Canal de Aquisição do Sinal de Temperatura . . . . . . . . . . . . . . Canal de Aquisição do Sinal de Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . Canal de Aquisição do Sinal de Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . Canal de Aquisição do Sinal de Vibração . . . . . . . . . . . . . . . . Canais de Entradas Digitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Canais de Acionamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 45 48 50 51 52 53 6 6.1 6.2 6.2.1 6.2.2 6.3 CONSIDERAÇÕES E TRABALHOS FUTUROS Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . Hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Prováveis Etapas Futuras do Projeto . . . . . . 57 57 57 57 57 58 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 25 1 Introdução Com o avanço da tecnologia os carros estão saindo de fábrica cada vez com mais potência por preços mais acessíveis. Em 1995 o carro mais vendido (Volkswagen Gol Plus 1.0) possuía 49,8cv de potencia e acelerava de 0 a 100km/h em 22,4 segundos (CNW, 2016b) enquanto o carro mais vendido de 2015 (Chevrolet Onix LS 1.0) possui 80cv de potencia e acelera de 0 a 100km/h em 13,3 segundos (CNW, 2016a). Essas melhorias no desempenho acarretam obviamente em um aumento na velocidade dos mesmos, o que exige cada vez sistemas de freio mais eficientes. Testes de freio com veículos reais são obviamente muito custosos e inviabilizam testes em pequenas escalas e aumentam significantemente o tempo requerido para cada teste. Com o uso de ambientes simulados pode-se reduzir o tempo de desenvolvimento e a quantidade necessária de provas práticas em projetos reais. A economia gerada pela utilização de uma bancada de testes e simulação, poderia, por exemplo, ajudar a adoção em massa de sistemas de freio mais eficiêntes (GARDINALLI, 2005). Isso de certa forma já demonstra a utilidade e importância de uma bancada de ensaios. Os ensaios de frenagem já são realizados há anos e são regulamentados há certo tempo. Esse projeto será focado na regulamentação SAE J2522, que descreve como ensaios de frenagem para veículos de passeio devem ser realizados. Essa norma é mundialmente usada por diversos fabricantes de veículos e de componentes específicos para o sistema de freio como discos, pastilhas, pistão, pinça entre outros. 1.1 Objetivos O objetivo desse trabalho é o desenvolvimento de um sistema de instrumentação eletrônica microcontrolado para o monitoramento e controle de uma bancada de ensaios de frenagem de acordo com a norma SAE J2522. 1.2 Estrutura do Texto Esse trabalho está organizado em seis capítulos, uma breve descrição dos mesmos se encontra a seguir. Capítulo 2: Faz uma revisão dos estudos necessários para desenvolvimento e comprensão desse trabalho, desde informações sobre os ensaios quanto a sistemas eletrônicos e elementos sensoriais a serem utilizados. Possúi um foco no ensaio de frenagem em si, como o mesmo é realizado, parâmetros necessários para sua realização, critérios de avaliação, 26 Capítulo 1. Introdução detalhes de cada ensaio. Capítulo 3: Traz uma breve descrição da metodologia adotada para a execução desse trabalho. Capítulo 4: Analisa o projeto como um todo, avaliando cada requisito e especificação do projeto individualmente. Tem como foco levantar tudo o que é relevante para o escopo do projeto. Capítulo 5: Faz uma avaliação individual dos canais de aquisição de grandezas físicas, dos canais de atuação e propõe soluções para os mesmos. Capítulo 6: Consideraçoes finais do estudo, sugestões para trabalhos futuros e um breve cronograma de atividades. 27 2 Revisão Bibliografica 2.1 A Necessidade da realização do ensaio de frenagem Evidentemente o sistema de freio é parte fundamental de um automóvel, pois graças a ele é possível o uso do mesmo em condições seguras tanto em vias rurais e urbanas. Existem alguns requisitos gerais que um sistema de freio deve cumprir (KAWAGUCHI, 2005): ∙ Reduzir a velocidade do veículo em movimento, aumentando a taxa de desaceleração do mesmo. ∙ Parar o veículo completamente. ∙ Manter a velocidade do veículo, impedindo a aceleração não desejada durante o seu trajeto em um declive. ∙ Manter o veículo estacionado quando este está completamente parado. É importante ressaltar que essas condições são de certa forma ideias visto que em condições extremas, de risco ou de falta o sistema pode não operar de maneira que irá respeitar esses requisitos básicos. Visto a importância dos sistemas de freio é elementar que os mesmos tenham qualidade mínima de capacidade de frenagem para que os veículos possam ser desacelerados com maior eficiência. O sistema deve possuir qualidade suficiente para garantir um menino de segurança, confiabilidade e boa operação. Em contrapartida, sistemas mais eficientes acarretam em maiores custos para os fabricantes e consequentemente para os consumidores e também para evitar que esses parâmetros claramente subjetivos sejam interpretados erroneamente no projeto existem normas regulamentadoras para esses sistemas para garantir um padrão mínimo de funcionamento. No Brasil quem estabelece essas normas é o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e o Instituto Nacional de Meteorologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) juntamente com as normas técnicas NBR-10966 (Norma NB-1253), NBR-10967 (Método MB-3160), NBR-10968 (Método MB-3161), NBR-10969 (Norma NB-1254) e NBR-10970 (Norma NB-1255) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que são baseadas em parte na regulamentação europeia ECE-13/05. (INMETRO, 2013) Visto o grande número de normas regulamentadoras é visível a necessidade de diversos ensaios para garantir que o sistema em questão esteja de acordo com os parâmetros objetivos estabelecidos pelas normas e que consequentemente isso proporcione maior 28 Capítulo 2. Revisão Bibliografica segurança no trânsito. Muitas vezes um sistema pode aparentemente ser confiável e estar de acordo com as normas, mas quando submetido a uma certa condição de risco pode começar a apresentar faltas, e por isso é importante que seja realizado um ensaio onde o sistema é exposto as mais diversas e extremas condições. 2.2 Ensaio de Frenagem 2.2.1 Definições e Especificações Os ensaios de frenagem e todos os requisitos dos sistemas de frenagem são regidos por um conjunto de normas estipuladas pelo CONTRAN e pelo INMETRO. Para ensaios de frenagem com uso de pastilhas destinados a teste de equipamentos de passeio a norma que geralmente é usada pelos fabricantes de veículos para determinar a eficiência de mecanismos de frenagem é a SAE J2522. A SAE (Society of Automotive Engineers) é uma corporação que atualmente desenvolve padrões de organização e produção para diferentes áreas da engenharia (SAE, 2016). A SAE J2522 tem como título: "Dynamometer Global Brake Effectiveness" (Eficácia Global de Dinamômetros dos Freios), e visa criar um ponto comum para o desenvolvimento, seleção e qualidade para sistemas de fricção e frenagem. Essa norma define um Teste de Inercia por Dinamômetro que gera resultados relevantes do comportamento eficaz de um material de de fricção no que diz respeito à temperatura, pressão e velocidade. Abaixo está descrito o procedimento experimental ditado pela SAE J2522 para sistemas com freios a discos, o objetivo principal desses testes é determinar a eficácia do sistema de freio baseado na fricção. Fricção é basicamente uma perda de energia cinética e momento linear entre dois corpos, também pode ser definida como a razão de torque de saída por torque de entrada de um disco de freio. 2.2.2 Ensaio de Características de Fricção Quando rotor chega a 80kph é aplicada uma frenagem com pressão de 3MPa até que o sistema chegue a 30kph. Esse ensaio tem apenas um ciclo com trinta iterações. Na primeira iteração os freios devem estar com temperatura inferior a 100𝑜 𝐶. Esse ensaio é realizado diversas vezes ao final de outros ensaios geralmente variando a quantidade de iterações, o mesmo é uma espécie de referência de funcionamento para o sistema. 2.2.3 Ensaio de Secção de Polimento Semelhante ao ensaio anterior porém com seis ciclos de 32 iterações com pressão variando. O valor de pressão para cada iteração é descrita pela Tabela 1, onde "It"é a iteração e "P"é a pressão aplicada em MPa. 2.2. Ensaio de Frenagem 29 Tabela 1 – Parâmetros de Pressão Teste Secção de Polimento It 1 2 3 4 5 6 7 P 1.5 3.0 1.5 1.8 2.2 3.8 1.5 It 8 9 10 11 12 13 14 P 2.6 1.8 3.4 1.5 2.6 1.5 2.2 It 15 16 17 18 19 20 21 P 3.0 4.6 2.6 5.1 2.2 1.8 4.2 It 22 23 24 25 26 27 28 P 1.5 1.8 4.6 2.6 1.5 3.4 2.2 It 29 30 31 32 P 1.8 3.0 1.8 3.8 Esse ensaio é muito importante para analisar como a temperatura e eficiência do sistema varia de acordo com diferentes pressões de frenagem. 2.2.4 Ensaio de Valor Característico 1 É realizado um ensaio de Características de Fricção novamente somente que desta vez com apenas um ciclo de seis iterações, com a intenção de verificar a variação das características físicas e de operação do sistema. 2.2.5 Ensaio de Sensibilidade à Pressão Semelhante ao ensaio de Características de Fricção, porém além da pressão de freio variar os intervalos de velocidade também variam. São ao todo cinco ciclos cada um com um intervalo de velocidade no qual o sistema é inicialmente submetido a um limite superior de velocidade e a frenagem é aplicada até que o sistema atinja um limite inferior de velocidade para o sistema ser acelerado novamente posteriormente. Os intervalos de velocidade são os seguintes: ∙ 40kph até 5kph ∙ 80kph até 40kph ∙ 120kph até 80kph ∙ 160kph até 130kph ∙ 200kph até 170kph Cada intervalo de velocidade é testado em um ciclo com oito iterações onde cada iteração possui respectivamente as seguintes pressões de frenagem: 1Mpa, 2Mpa, 3Mpa, 4Mpa, 5Mpa, 6Mpa, 7Mpa e por ultimo 8MPa. Entre cada ciclo (intervalo de velocidade) é necessário esperar até que o sistema esteja à um temperatura de no máximo 100𝑜 𝐶. Esse ensaio é realizado com o intuito de avaliar como o sistema se comporta ao longo de 30 Capítulo 2. Revisão Bibliografica todo espectro de velocidade em que um veículo é geralmente submetido, e assim garantir qualidade em várias situações de aplicação. Assim como mesurar como essa variação de velocidade de pressão de frenagem acarretam no desempenho e variação de temperatura do sistema. 2.2.6 Ensaio de Valor Característico 2 É realizado um ensaio de Características de Fricção novamente somente que desta vez com apenas um ciclo de seis iterações, com a intenção de verificar a variação das características físicas do sistema. 2.2.7 Ensaio de Frenagem Fria Sistema é acelerado até 40kph e posteriormente uma frenagem com pressão de 3MPa é aplicada até que essa velocidade seja menor que 5kph. Neste teste o sistema deve estar inicialmente a uma temperatura menor que 40𝑜 𝐶. Como o próprio nome já diz é usado para verificar o funcionamento do sistema quando o mesmo se encontra em baixa temperatura. 2.2.8 Ensaio de Aplicações para Vias Com o sistema a uma temperatura inferior a 50𝑜 𝐶 o mesmo é acelerado até 100kph e posteriormente uma frenagem que proporciona uma desaceleração de 0.6g deve ser aplicada até que o sistema chegue a uma velocidade inferior a 5kph. O sistema é então acelerado até 90% da velocidade máxima (de acordo com os requisitos do projeto até 180kph) e frenado com desaceleração de 0.6g até a velocidade chegue a 50% da velocidade máxima (de acordo com os requisitos do projeto até 100kph). O objetivo da realização deste ensaio é avaliar como o sistema reage em uma situação mais fiéis a o que um veículo pode ser submetido em situação real em uma rodovia. 2.2.9 Ensaio de Valor Característico 3 É realizado um ensaio de Características de Fricção novamente somente que desta vez com apenas um ciclo de 18 iterações, com a intenção de verificar a variação das características físicas do sistema. 2.2.10 Ensaio de Fade 1 Nesse ensaio é realizado um ciclo com 15 iterações onde em cada uma dessas o sistema é acelerado até 100kph e depois frenado até 5kph com desaceleração de 0.4g e temperatura sendo variada em cada uma dessas iterações. A pressão máxima de frenagem 2.2. Ensaio de Frenagem 31 Tabela 2 – Valores de Temperatura Inicial para teste de Fade It 1 2 3 4 5 T 100 215 283 330 367 It 6 7 8 9 10 T 398 423 446 465 483 It 11 12 13 14 15 T 498 513 526 539 550 para esse ensaio é de 16MPa. A Tabela 2 mostra quanto deve ser a temperatura inicial em cada uma dessas iterações. "It"é o número da iteração e "T"é a temperatura inicial de cada temperatura em 𝑜 𝐶. O ensaio de fade é utilizado para determinar a fricção mínima que o sistema de freio pode exercer em situações extremas. 2.2.11 Ensaio de Recovery 1 É realizado um ensaio de Características de Fricção novamente somente que desta vez com apenas um ciclo de 18 iterações, com a intenção de fazer o sistema recuperar as suas características padrões de ensaio. 2.2.12 Ensaio de Sensibilidade à Temperatura/Pressão 1 Muito semelhante ao ensaio de Secção de Polimento porém apenas com oito iterações onde em cada iteração é respectivamente aplicada as seguintes pressões de frenagem: 1Mpa, 2Mpa, 3Mpa, 4Mpa, 5Mpa, 6Mpa, 7Mpa e por ultimo 8MPa. Para esse ensaio a temperatura inicial não deve ultrapassar os 100𝑜 𝐶. Ensaio utilizado para determinar a sensibilidade da temperatura no sistema a partir da variação de pressão. 2.2.13 Ensaio de Temperatura Crescente Nove iterações onde em cada uma o sistema é submetido a uma velocidade de 80kph de depois frenado até uma velocidade de 30kph com pressão constante de 3MPa onde as temperaturas iniciais de cada iteração são respectivamente as seguintes: 100𝑜 𝐶, 150𝑜 𝐶, 200𝑜 𝐶, 250𝑜 𝐶, 300𝑜 𝐶, 350𝑜 𝐶, 400𝑜 𝐶, 450𝑜 𝐶 e 500𝑜 𝐶. 2.2.14 Ensaio de Sensibilidade à Temperatura/Pressão 2 Um Ensaio de Sensibilidade à Temperatura/Pressão é realizado com temperatura inicial maior que 500𝑜 𝐶. 32 Capítulo 2. Revisão Bibliografica 2.2.15 Ensaio de Recovery 2 É realizado um segundo ensaio de recovery exatamente igual ao primeiro. 2.2.16 Ensaio de Fade 2 Um segundo Ensaio de Fade é realizado exatamente da mesma forma que o anterior. 2.2.17 Ensaio de Recovery 3 É realizado um terceiro ensaio de recovery exatamente igual aos dois anteriores. 2.3 Parâmetros a serem Monitorados Segundo a norma SAE J2522 é obrigatório avaliar os parâmetros de temperatura, pressão e velocidade durante todo o ensaio. O parâmetro de vibração também será adcionado como um parâmetro extra para gerar informações adcionais ao usuário. ∙ Temperatura da pastilha de freio: É importante durante todo o ensaio ter total conhecimento da temperatura do sistema de freio, primeiramente pelo fator de segurança (existe uma temperatura máxima de operação para o sistema), também pelo desgaste do sistema que está atrelado a temperatura no mesmo. Por último porém não menos importante está o fato de que conhecendo a temperatura é possível realizar ensaios baseados na mesma, sendo possível conduzir ensaios em faixas de temperatura conhecidas. ∙ Pressão: A pressão a ser medida é a pressão que o freio está exercendo no sistema ao longo do tempo, conhecer a magnitude dessa força significa ter controle sobre o quanto a temperatura aumenta de acordo com a frenagem e o quanto a velocidade do rotor diminui em função da frenagem. ∙ Velocidade de Rotação: Sem conhecimento da velocidade do rotor seria impossível determina determinar se o freio está sendo eficaz ou o quão eficaz ele é. O monitoramento de velocidade é o parâmetro mais crítico para o funcionamento do sistema, sem o mesmo não existe utilidade ao resto do equipamento. ∙ Vibração: Outro fator interessante a ser medido no sistema é a vibração que é gerada quando o freio entra em ação no sistema, não é fundamental para o ensaio mais também é de natureza relevante. Vale lembrar que a vibração é sempre medida em função da aceleração. Através desse parâmetro é possível avaliar a qualidade 2.4. Estudo de Componentes 33 da montagem/construção do sistema, verificar o deslocamento da pastilha e até detectar faltas que podem ocasionar possíveis falhas no futuro. 2.4 Estudo de Componentes Para a realização desse projeto foi necessário o estudo de alguns tipos de componentes específicos. 2.4.1 Termopares Desde o seculo XIX já se sabe que a junção de dois metais diferentes excitados por uma certa temperatura geram uma tensão elétrica, em teoria pode-se construir um termopar com a junção de quais queres metais diferentes, existem combinações normalizadas em função de possuírem uma saída de tensão previsível e por suportarem grandes faixas de temperatura. (POLLOCK, 1991)Existe uma relação entre a temperatura na junção dos dois materiais e a tensão elétrica gerada porem a mesma não é linear, como pode ser visto na Figura 1, onde E,J,K,T,R,S e B são diferentes tipos de termopares formados por diferentes combinações de materiais. Figura 1 – Tensão de saída de Termopares (DESCONHECIDO, 2016b) Como foi dito previamente, a junção de dois metais submetidos a uma temperatura ira produzir uma tensão elétrica proporcional a essa temperatura. Embora isso pareca ser muito pratico existe um problema, a tensão gerada é na verdade proporcional a diferença entre a temperatura na junção dos metais (normalmente chamada de junta quente) e na junta de referencia (também chamada de junta fria), isto é, se a junta quente for submetida 34 Capítulo 2. Revisão Bibliografica a uma temperatura de 100o C e a junta fria estiver submetida a uma temperatura ambiente de 25o C o termopar irá produzir uma tensão de saída proporcional a diferença entre as juntas que no caso seria de 75o C. A tensão gerada só ira representar a real temperatura na junta quente se a junta de referencia estiver em 0o C (KINZIE; RUBIN, 1973). Figura 2 – Medição Termopar (ECIL, 2016) Existem vários tipos comerciais de termopares, eles diferem nos metais que são combinados na produção dos mesmos. Foi determinado que para esse projeto seriam usados termopares do tipo K (formados pela junção de duas ligas metálicas, Alumel e Cromel). Isso porque os termopares tipo K possuem uma ampla faixa de operação (-200o C 1250o C), ou seja de acordo com os requisitos não estarão trabalhando perto do limite em momento algum, e porque assim como os termopares do tipo J são mais fáceis de serem encontrados no mercado e possuem um custo menos elevado que outros tipos. A Tabela ?? mostra os tipos mais comuns de termopares e suas respectivas faixas de temperaturas. Tabela 3 – Termopares e suas faixas de operação Tipo do Termopar J K E T Faixa de Operação (o C) 0 a 750 -200 a 1250 -200 a 900 -250 a 350 2.4.2 Células de Carga A célula de carga é um transdutor formado por strain gauges. Strain gauges são dispositivos cuja resistência elétrica varia proporcionalmente a sua distensão. Distensão é a quantificação da deformação adimensional de um corpo, também pode ser definida como a mudança fracional do comprimento de um corpo. Distensão pode ser negativa (compressão) ou positiva (tração). Geralmente, a variação de comprimento em um strain gauge é muito pequena e isso os torna muito susceptivos a erros de medição. Em função disso é muito comum o 2.4. Estudo de Componentes 35 Figura 3 – Distensão (INSTRUMENTS, 2016a) uso de uma ponte de Wheatstone, a mesma é formada por quatro braços resistivos e uma tensão de excitação aplicada na ponte (WINDOW; HOLISTER et al., 1982). Figura 4 – Ponte de Wheatstone (INSTRUMENTS, 2016b) A tensão de saída 𝑉𝑂 pode ser obtida através da Equação 2.1 abaixo: 𝑉𝑂 = 𝑅3 𝑅2 − 𝑅3 + 𝑅4 𝑅1 + 𝑅2 (2.1) 2.4.3 Sensor de Velocidade O elemento sensorial escolhido foi um sensor do tipo "Crankshaft Position Sensor" (Sensor de Posição da Arvore de Manivela), mostrado na Figura 16. Figura 5 – Crankshaft Position Sensor (REMAN, 2016) Esse sensor é amplamente usado na industria automotiva para determinar a velocidade (RPM) de manivelas e engrenagens no motor. Existem vários tipos de sensores de 36 Capítulo 2. Revisão Bibliografica CKP, os mais comuns são os do tipo de relutância variável pois possuem baixo custo e boa precisão (SCHROEDER, 2002). Os sensores de relutância variável, popularmente conhecidos como sensores magnéticos, são sensores passivos, isto é, não necessitam de alimentação para seu funcionamento. A medida com que a engrenagem em questão gira cada dente da engrenagem se alinha com o sensor, dessa forma um fluxo magnético na bobina do sensor muda pois o espaçamento de ar entre o sensor e a engrenagem muda. Essa mudança no campo magnético gera induz um pulso de tensão na saída do sensor. Esse tipo de sensores possuem uma saída de tensão analógica onde amplitude e frequência variam proporcionalmente a velocidade de rotação de uma engrenagem. Com esse tipo de sensor se torna possível extrair dados de velocidade linear, velocidade angular e posição angular. Todavia somente o dado de velocidade angular (frequência) tem importância para esse projeto. Figura 6 – Sinal Sensor Magnético (DESCONHECIDO, 2016c) 2.4.4 Acelerômetros Um corpo é dito em vibração quando ele descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto de referência (FERNANDES, 2000). Para a medição de vibração em máquinas é mais comum a medição da aceleração em função de g (9.8𝑚/𝑠2 ). A mesma é medida em função de g em função do Princípio da Equivalência de Einstein, onde a aceleração de um dado referencial não se distingui da ação gravitacional no mesmo. (JR, 1968) Acelerômetros são sensores que medem aceleração própria, isto é, a aceleração que o próprio sensor é submetido. Acelerômetros ão muito usados na indústria automotiva, inicialmente apenas no sistema de Air Bag e atualmente até para o controle de estabilidade veícular. Atualmente os acelerômetros mais comuns são os baseados no efeito piezoelétricos, esse efeito discreve a variação de força eletrostática ou de tensão elétrica em um material 2.4. Estudo de Componentes 37 quando submetido à uma força. Figura 7 – Acelerômetro Piezoelétrico (UK, 2016) Medindo essa variação de força eletrostático ou tensão elétrica é possível determinar a aceleração que o sensor foi submetido. Na Figura 7 podemos observar que existe uma massa no sob o material piezoelétrico, dessa forma quando o sensor for submetido a algum movimento, baseado no princípio da inércia a massa irá exercer uma força de tração ou compressão o que irá gerar uma varição de tensão na saída do sensor (PATRICK, 2007). 2.4.5 Relês Um relê é um dispositivo que atua como um interruptor eletromecânico, o mesmo é composto por três partes básicas: uma bobina, um conjunto de contatos e uma mola de rearme como mostra a Figura 8. Quando uma corrente elétrica flui pela bobina, isso cria um fluxo magnético que muda o estado do conjunto de contatos mudando assim a posição da chave. Quando a bobina é desernegizada a mola de rearme volta a chave para o seu estado natural. Os relês são usados para diversas aplicações na industria automotiva, pois um relê permite que dois circuitos possam interagir sem existir transferência de corrente elétrica entre eles, dessa forma circuitos de menor potência podem controlar circuitos de maior corrente e vice-versa (KELLER, 1962). 2.4.6 Microcontrolador ATmega328p O ATmega328p é um microncontrolador desenvolvido pela Atmel Corporation com 32kB de memória flash, 1kB de EEPROM, 32kB de SRAM e clock de 16MHz. Esse microcontrolador é um dos mais usados em ambientes acadêmicos, principalmente após o projeto Arduino onde a programação e utilização do mesmo se tornou mais didática e fácil para alunos de nível médio e superior (ARDUINO, 2016). O ATmega328p possui seis portas de entrada para tensão analógica com resolução de 10 bits e mais 14 portas digitais 38 Capítulo 2. Revisão Bibliografica Figura 8 – Esquemático Relê (TESCHLER, 2016) I/O. A tensão de operação de microcontrolador é de 1.8V até 5.5V (COORPORATION, 2011). O ATmega328p possui interface serial e interface 𝐼2 C fazendo com que o mesmo seja muito versátil para diversos projetos. A Figura 9 mostra a pinagem desse dispositivo em seu encapsulamento mais comum. Figura 9 – ATmega238p (COORPORATION, 2011) 39 3 Metodologia 3.1 Etapas do Estudo Para a realização desse projeto os trabalhos foram divididos em três etapas de estudo para melhor desenvolvimento do mesmo. 3.1.1 Etapa 1 - Revisão Bibliográfica Esta etapa pode ser considerada a mais importante de todo o trabalho, pois foram revisados intensamente todos os conceitos fundamentais para iniciar a análise do problema em questão. A etapa 1 percorreu todo o estudo, uma vez que mesmo nas etapas mais avançadas recorreu-se a materiais de apoio para sustentá-la. Na etapa de revisão bibliográfica buscou-se os conceitos necessários para fundamentar o projeto, tais como, componentes a serer utilizados para o projeto e estudos científicos para melhor compreenção do mesmo. 3.1.2 Etapa 2 - Definição do Problema Esta etapa consistiu basicamente no delineamento do problema a ser estudado, ou seja, quais os requisitos necessários para execução do projeto e quais questões relevantes deveriam ser exploradas. 3.1.3 Etapa 3 – Projeto do Sistmema Esta etapa consistiu na concepção, projeto e análise do sistema. O sistema teve revisão individual dos seus módulos e propostas de soluções que mais adequadas para atender todos os requisitos propostos na etapa anterior. Todas as soluções foram definidas de acordo com necessidade e funcionabilidade visto que o objetivo desse projeto não é a criação embrionária de cada módulo, apenas a junção de módulos que possam atender os requisitos. 41 4 Projeto do Sistema de Automação 4.1 Requisitos Funcionais da Bancada De acordo com especificações da norma SAE J2522 e segundo parâmetros considerados importantes foram definidos os seguintes requisitos funcionais para a bancada. 1. Medir uma pressão de frenagem de 1 até 16 MPa. 2. Exercer uma variação mínima de pressão de frenagem de no mínimo 300 kPa. 3. Medir uma temperatura de até 600𝑜 𝐶. 4. Medir termperatura com resolução de 7.5𝑜 𝐶. 5. Promover uma velocidade de 5kph a 200kph no rotor. 6. Medir a velocidade do rotor com resolução de 5kph, com valores variando entre 5kph até 200kph. 7. O sistema deve ter um sampling rate de 50 ms. 8. O hardware do sistema deve ser capaz de trabalhar sob uma temperatura de até 40𝑜 𝐶. 9. O sistema deve ter dois canais de aquisição de temperatura. 10. O sistema deve ter dois canais de aquisição de pressão. 11. O sistema deve ter um canal de aquisição de velocidade. 12. O sistema deve ter um canal de aquisição de vibração. 13. O sistema precisa de pelo menos duas saídas digitais para controle de relês. 14. O sistema deverá microntrolado. 4.2 Requisitos de Software Apesar de o foco principal dessa primeira parte do projeto estar no projeto de soluções de hardware, foram previamente definidos alguns requisitos para o software do sistema para evitar contradições e conflitos com o projeto de hardware. 1. O sistema deve ter uma taxa de amostragem de 50 ms. 42 Capítulo 4. Projeto do Sistema de Automação 2. O deve ser capaz monitorar cinco canais de aquisição analógica. 3. O sistema deve ser capaz de controlar o freio hidráulico e o motor trifásico simultaneamente. 4. O sistema não irá amostrar os resultados dos ensaios em tempo real. 5. O sistema precisa apenas mostrar em tempo real qual ensaio está realizando e informações relevântes como tempo de execução, tempo restante e possíveis faltas que ocorreram durante ensaio. 6. O sistema deverá ser capaz de gerar um relatório de dados ao final do ensaio de acordo com a norma SAE J2522. 7. O sistema deve ser capaz de armazenar os resultados do ensaio. 8. O sistema deve ser multiplataforma, isto é, ser executável em diversos sistemas. 9. O software precisa ter interface simples e fácil de operar visto que é um sistema para fim acadêmico. 4.3 Componentes da Bancada de Frenagem A bancada irá possuir diversas funções, as mesmas serão dividias de acordo com suas funções. 4.3.1 Sensoriamento ∙ Temperatura: A bancada precisa de ser capaz de medir a temperatura em dois pontos do sistema e para isso será necessário dois sensores de temperatura e consequentemente a bancada irá precisar de dois circuitos condicionadores para o sinal desses sensores. Segundo a SAE J2522 um dos pontos deve ser no disco de freio e o outro na pastilha. ∙ Velocidade de Rotação: Para monitorar a velocidade de rotação do sistema será necessário um sensor de rotação e um circuito condicionador de sinais desse sensor ∙ Vibração: Será necessário um sensor de vibração e um circuito condicionador de sinal de aceleração oriundo do sensor. ∙ Pressão: Também será preciso que a bancada seja capaz de medir a pressão exercida em dois pontos do sistema e para isso será necessário dois sensores de pressão e consequentemente a bancada irá precisar de dois circuitos condicionadores para o sinal desses sensores. 4.3. Componentes da Bancada de Frenagem 43 ∙ Entradas digitais: Não são críticas para o funcionamento do sistema porém ampliam a gama de funcionamento do mesmo. As entradas irão possuir circuitos de condicionamento para que sejam ativadas por diferentes nível de tensão constante na entrada mas que as tensões absolutas na saída desses circuitos sejam coerentes com as entradas digitais do microcontrolador. Incialmente foi definido que o sistema deverá ter quatro entradas digitais. 4.3.2 Atuadores Relês: A bancada precisa de ser capaz de controlar dispositivos externos alimentados por corrente alternada e para isso serão necessário relês. Consequentemente para esses relês serão necessários circuitos de ativação para acioná-los. É considerado crítico para o sistema possuir uma dupla de relês com circuitos de ativação, mas para ampliar a funcionalidade do mesmo foram definidos que serão implementados seis relês na bancada. 4.3.3 Demais componentes ∙ Microcontrolador: Coração do sistema, será usado para a aquisição de dados dos sensores, acionar os atuadores e transmitir as informações para a camada superior do sistema (software). ∙ Fonte: O sistema irá possuir uma fonte integrada para alimentar todos os circuitos, sensores(caso necessário) e o microcontrolador. Será o último componente do sistema a ser projetado visto que somente no final do projeto será possível determinar a potência consumida por todo o sistema eletrônico. 45 5 Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação Baseado nas questões abordadas no capítulo anterior foi definido o modelo da Figura 10 como uma solução para a arquitetura do projeto de sensoriamento de atuação. Figura 10 – Modelo Projeto de Sensoriamento e Atuação O microcontrolador usado no projeto será o ATmega328p (COORPORATION, 2011), suas vantagens e atributos já foram explicados no capítulo dois. 5.1 Canal de Aquisição do Sinal de Temperatura Um dos parâmetros a serem monitorados é a temperatura do sistema e diferentes pontos. A faixa de variação de temperatura descrita nos requisitos é de 0-600o C, existem varias maneiras de medir/monitorar temperatura, em função do sistema possuir uma faixa tão larga de temperatura o tipo de sensor mais adequado para esse monitoramento são os termopares (POLLOCK, 1991). O sinal gerado por um termopar necessita ser tratado de três formas: 46 Capítulo 5. Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação ∙ Amplificação: O sinal tem uma amplitude muito baixa para os canais de aquisição do microcontrolador e por isso necessita ser amplificado. ∙ Compensação junta fria: É necessário fazer uma compensação de junta fria, para solucionar esse problema é necessário um segundo elemento sensorial para medir a temperatura na junta fria e assim somar a tensão correspondente a essa temperatura com a tensão do termopar, dessa forma a saída sera a temperatura real na junta quente e não a diferença entre ambas as juntas. ∙ Linearização: como indicado na Figura 1, a tensão de saída do termopar não é linear, com isso se torna necessário linearizar a saída para que a tensão de saida possa ser convertida em uma temperatura em Celsius de maneira mais precisa. Existem no mercado soluções encapsuladas para realizar o condicionamento do sinal de um termopar, foi escolhido o CI AD595 da Analog Devices (DEVICES, 1997). O mesmo é um amplificador de instrumentação completo com compensador de junta fria, dentro do circuito integrado existe um sensor de temperatura que mede a temperatura na junta fria e já realiza a compensação com a temperatura da junta quente. Além dessas funções para facilitar a captura de dados o circuito integrado também realiza a linearização da saida do termopar (ZHANG et al., 2006). Figura 11 – Esquema elétrico AD595 (DEVICES, 1997) A Tabela 4 mostra a tensão de saída do circuito integrado em função da temperatura que a junta quente de um termopar do tipo K é submetida. Um problema que pode ser observado é que quando a temperatura medida é maior que 500 o sinal de saída do AD595 sera maior que 5V (limite do microcontrolador escolhido) e para isso sera necessário acionar um circuito divisor de tensão para inserir um ganho menor que unitário para reduzir proporcionalmente a tensão de saída. Foi utilizado 5.1. Canal de Aquisição do Sinal de Temperatura 47 Tabela 4 – Saída AD595 (DEVICES, 1997) Temperatura (o C) 0 10 20 25 30 60 100 160 220 300 400 500 600 700 Tensão no Termopar (mV) 0 0.397 0.798 1.000 1.203 2.436 4.095 6.539 8.938 12.207 16.395 20.640 24.902 29.128 Tensão na saída do AD595 (mV) 2.7 101 200 250 300 605 1015 1620 2213 3022 4057 5107 6161 7206 um divisor de tensão com dois resistores de 100𝐾Ω para aplicar um ganho de 0.5 na tensão de saída do AD595. Para obter maior confiabilidade do circuito foram usados resistores de precisão. Uma outra função interessante do AD595 é o seu circuito de alarme, quando o termopar não esta conectado ou é desconectado o circuito ira permitir a passagem de corrente entre as portas 12 e 13 do circuito integrado. Isso sera usado nesse projeto ligando um o Vcc na porta 12 usando um LED e um resistor em serie, para complementar a porta 12 sera conectada a uma das entradas digitais do microcontrolador e a porta do CI conectada no GND. Dessa forma quando o termopar não estiver conectado o LED sera ligado e o controlador sera notificado que o sensor não esta conectado. Outros quatro elementos elementos foram acionados ao circuito final de condicionamento para melhorar o seu funcionamento: ∙ Um resistor de pull-down conectando o terminal negativo do termopar no terra do circuito: isso ajuda a reduzir o ruido elétrico capturado pelo termopar. ∙ Um capacitor entre o 𝑉𝐶𝐶 e o terra do CI: isso foi acionado apenas para melhorar a estabilidade da alimentação do mesmo ∙ Um capacitor entre a saída do CI e o terra: esse capacitor atua como um filtro passabaixas e tem como função atenuar ruídos da saída e consequentemente melhorar a precisão da medição de temperatura. A Figura 12 mostra o circuito equivalente já com o CI AD595. 48 Capítulo 5. Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação Figura 12 – Circuito Condicionador Termopar 5.2 Canal de Aquisição do Sinal de Pressão Um parâmetro muito influente em um sistema de frenagem é a pressão que o freio exerce sobre o rotor. Pressão é uma grandeza medida em Pascal e pode ser expressada pela razão da força pela área. Existem alguns sensores baseados no efeito piezoelétrico, mas a maneira mais precisa de se aferir força é usando células de carga. Em geral as células de carga apresentam níveis de saída muito baixos, da ordem de 2m/V, e por isso uma amplificação é fundamental. Não é necessário conhecer a natureza dos strain gauges quando se está calibrando uma célula de carga pois geralmente os fabricantes fornecem uma curva de calibração baseada nos sinais 𝑉𝑂 e 𝑉𝐸𝑋 da Figura 4, vale ressaltar que esses sinais não podem possuir a mesma referencia, caso contrario não será possível excitar a ponte de wheatstone corretamente. O circuito de amplificação mais usado na engenharia de instrumentação é o amplificador diferencial por junta comum, o mesmo (Figura 13) é muito estável e reduz significativamente o ruído do sinal de saída (WAIT; HUELSMAN; KORN, 1975). Apesar de ser uma configuração muito usada, montar esse amplificador usando três amplificadores operacionais diferentes e sete resistências como na Figura 13 pode torná-lo impreciso devido a imperfeições de fabricação dos componentes. Outro fator que influencia muito o sinal de saída de uma célula de carga é a tensão de excitação de sua ponte de wheatstone, caso a mesma varie demasiadamente a saída ira variar bastante também, o que irá prejudicar sua calibração. Para solucionar esses dois problemas existe uma solução muito usada no mercado que é o INA125 da Texas Instruments (FIALHO et al., ), esse CI além realizar a amplificação do sinal também fornece uma fonte de excitação muito precisa para a ponte de wheatstone, o único componente necessário a ser acoplado 5.2. Canal de Aquisição do Sinal de Pressão 49 Figura 13 – Amplificador Diferencial por Junta Comum (DESCONHECIDO, 2016e) é um resistor 𝑅𝐺 , como mostra a Figura 14. Esse resistor irá determinar o ganho para a amplificação de acordo com as Equações 5.1 e 5.2: Figura 14 – Esquemático INA125 (INSTRUMENTS, 1998) + − 𝑉𝑂 = (𝑉𝐼𝑁 − 𝑉𝐼𝑁 )·𝐺 (5.1) 50 Capítulo 5. Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação 𝐺=4+ 60𝑘Ω 𝑅𝐺 (5.2) Levando em consideração a sensibilidade de 2mV/V, isso significa que se a célula for excitada com 10V, sua saída irá varia de 0 a 20mV. Como a entrada analógica do microcontrolador escolhido (Atmega328) é de 0 a 5V, precisamos amplicar o sinal de saída da célula com um fator de 250. Usando a Equação 5.2, para obter um ganho de amplificação de 250 o valor de 𝑅𝐺 ideal seria de 243Ω, um resistor com esse valor não é encontrado comercialmente, os mais próximos seriam de 240Ω e de 270Ω. O primeiro iria fazer provocar um ganho maior que 250 e consequentemente uma tensão de saída do CI maior que 5V quando a célula estivesse com tensão de saída de 20mV. O resistor 270Ω irá gerar um ganho de 226 e fazer com que a saída do CI varie entre aproxima 0V e 4.52V, usando 90.4% da resolução da entrada do microcontrolador. A Figura 15 mostra o esquemático do circuito de condicionamento da célula de carga com o CI INA125 da Texas Instruments. Figura 15 – Circuito Condicionador para Célula de Carga 5.3 Canal de Aquisição do Sinal de Rotação Para ensaios de frenagem, a necessidade de um eixo girando se torna fundamental, e consequentemente conhecer e monitorar a velocidade de rotação do mesmo é fundamental. 5.4. Canal de Aquisição do Sinal de Vibração 51 A entrada do microcontrolador só aceita valores de tensão entre 0 e 5V, como só existe interesse para capturar a frequência do sinal de saída do sensor a amplitude pode ser modificada de qualquer maneira desde que a frequência não seja alterada. O circuito de condicionamento possuirá dois diodos, o primeiro um diodo convencional para ser polarizado diretamente e assim rejeitar a parte negativa do sinal. O segundo sera um diodo zener e estará em polarização reversa. o diodo zener sera do modelo 1N4732A, o mesmo possui uma tensão de polarização reversa de 4.7V (PEÑA, 2012). Dessa maneira o segundo diodo ira rejeitar qualquer tensão maior que 4.7V e assim o sinal de saída sempre sera mantido no intervalo de 0 a 4.7V. Os resistores tem apenas a função de limitar a corrente do circuito enquanto o capacitor esta ligado como um filtro passa baixas onde tem a função de reduzir o ruido do sinal de saída. Por fim foi adcionado um resistor de 100𝑘Ω para regular a corrente do circuito. A Figura 16 mostra o circuito de condicionamento. Figura 16 – Circuito Condicionador Sinal Rotação Uma vantagem nesse canal de aquisição será que poderá ser usada uma entrada digital do microncontrolador para esse circuito. Visto que só temos interesse na frequência, podemos ligar isso direto em uma entrada digital e analisar essa frequência de acordo com o que o circuito oscila entre nível lógico alto e baixo. 5.4 Canal de Aquisição do Sinal de Vibração Apesar de não ser necessário para os ensaios de frenagem de acordo com a norma SAE J2522, a aquisição do sinal de vibração tem utilidade para outras análises do teste de frenagem. Em função da sua grande game de utilização já existem várias soluções para a aquisição de sinais de aceleração, uma delas é o CI ADXL335 da Analog Devices. O mesmo possúi três acelerômetros com sinal já amplificado e por isso se torna muito útil para o projeto. Como quatro dos cinco canais analógicos do microcontrolador já estão sendo utiliados para captura dos sinais de temperatura e pressão e o ADXL335 possúi sinal de aceleração triaxial é necessário um multiplexador para alternar entre os sinais de 52 Capítulo 5. Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação acordo com a preferência do usuário. (DEVICES, 2010). A Figura 17 mostra o circuito completo para a aquisição do sinal de aceleração. Figura 17 – Circuito de Condicionamento para Sinal de Vibração Na Figura 17 temos o ADXL335 já conectado ao multiplexador com saída para o microncontrolador, também existem saídas do microcontrolador para selecionar qual acelerômetro o mesmo quer ler o sinal. Todos os capacitores do circuito tem a mesma função, a de reduzir o ruído do sinal tem uso recomendado pelo datasheet do ADXL335. Os resistores R1,R2 e R3 são todos resistores de pull-down para garantir que a 5.5 Canais de Entradas Digitais Inicialmente foi definido que o sistema não precisa de entradas digitais mas para ampliar a gama de aplicação e operação do mesmo foram previstas quatro entradas digitais. O microcontrolador ATMEGA328p tem um padrão de nível lógico alto de 5V (COORPORATION, 2011), porém muitas aplicações de alta tensão requerem maior nível de tensão e por isso é necessário um circuito que permita que essa entrada digital permita níveis de tensão maiores. O circuito da Figura 18 foi projetado para ampliar a gama de níveis de tensão aceitos na entrada. Esse circuito considera tem o papel de converter qualquer tensão maior entre 5 e 24V como nível lógico alto e abaixo de 5V como nível lógico baixo. Quando o nível de tensão de entrada é maior que a tensão de threshold (próxima de 0.7V) o transistor Q1 saí da região de corte e passa a conduzir corrente, como mostra a Figura 19. O diodo 5.6. Canais de Acionamentos 53 Figura 18 – Circuito de Interface para Entradas Digitais zener D1 tem papel fundamental no circuito, o mesmo atua como um regulador de tensão, sendo responsável por garantir que a tensão que polariza o transistor Q2 não será maior que 5.1V e também limitan a saída do circuito nesse valor. Quando a tensão de entrada é próxima de 0V ambos os transistores entram na região de corte e a tensão de saída vai para 0V graças ao resistor de pull-down R3. Os resistores R1 e R2 tem apenas papel de limitadores de corrente (NEUDECK, 1989). Esse circuito é muito versátil pois pode funcionar com tensão de alimentação acima 5V. O circuito tem funcionamento seguro com tensões de entrada de até 24V, tensões maiores poderiam induzir uma corrente muito alta no circuito. Os transistores podem ser praticamente qualquer tipo de transistor NPN, foram escolhidos transistores do modelo BC548 por serem muito comuns no mercado. 5.6 Canais de Acionamentos Para o projeto são fundamentais pelo menos dois canais para acionamento de componentes externos. O circuito para ambos canais de acionamento é o mesmo visto que a única função desses circuitos é na verdade controlar o acionamento de um relê. O relê não pode ser ligado diretamente no microcontrolador pois o microcontrolador é incapaz de fornecer corrente suficiênte para polarizar a bobina do relê, em função disso será necessário que o circuito tenha uma fonte externa de corrente controlada por uma 54 Capítulo 5. Detalhamento do Projeto de Sensoriamento e Atuação Figura 19 – Curva característica transistor bipolar (DESCONHECIDO, 2016a) saída digital do microcontrolador, para isso será usado um transistor NPN como mostra a Figura 20. Quando o microcontrolador manda uma tensão de nível lógico alto de 5V para o circuito, o transistor saí da região de corte e passa a conduzir corrente, e consequentemente uma corrente induzida pela fonte de tensão de 12V passa pela bobina do relê polarizandoa e mudando o estado da chave do mesmo. Quando o microcontrolador passa a manda nível lógico baixo de 0V o transistor vai para a região de corte e para de conduzir corrente. Esse efeito do transistor pode ser melhor observado na Figura 19 da página 54. Figura 20 – Circuito de Interface para Acionamentos No circuito da Figura 20 o resistor R2 serve para limitar a corrente que entra na base do transistor para impedir que muita corrente seja drenada no microcontrolador. 5.6. Canais de Acionamentos 55 O resistor R1 serve como um resistor de pull-down, isto é, quando não existir tensão produzida pelo microcontrolador este resistor irá garantir que a tensão de entrada do circuito seja igual a zero. O diodo D1 serve para garantir que nenhuma corrente reversa remanecente na bobina circule na direção contrária a ideal. No transistor NPN, a corrente no emissor é uma soma das correntes que entram na base e no coletor. Entretanto, a porção da corrente da base que vai pro emissor é mínima e quase insiguinificante em relação a corrente que entra no emissor. Dessa forma é necessária uma corrente muito pequena do micrcontrolador para polarizar o transistor equanto a maior parte da corrente vem do coletor onde a mesma é oriunda de uma fonte externa (NEUDECK, 1989). A Figura 21 motra os terminais de um transistor NPN. Figura 21 – Transistor NPN (DESCONHECIDO, 2016d) 57 6 Considerações e Trabalhos Futuros 6.1 Considerações O ensaio de frenagem é um elemento fundamental para a indústria automotiva, graças ao mesmo é possível testar e avaliar a reação de um sistema de freio e até avaliar o desgaste de alguns componentes. A existência de normas, como principalmente a SAE J2522, facilita esse processo pois as mesmas unificam os testes e criam um padrão confiável para os fabricantes de um paradigma de qualidade e bom funcionamento para um sistema desse tipo. Após um estudo sobre os principais componentes do hardware ficou evidente que as medições necessárias a serem feitas não são apenas possíveis como também podem ser feitas com excelente precisão, foram necessárias as combinações de diversas soluções para tornar o sistema resiliente e preciso. Esse estudo verifica a viabilidade do projeto de instrumentação eletrônica da bancada de ensaios de frenagem visto que é possível realizar as medições necessárias e o controle dos sistemas respeitando todos os requisitos. 6.2 Trabalhos Futuros 6.2.1 Hardware Será necessário primeiramente revisar todos os circuitos já propostos e realizar testes de acordo com critérios mais rigorosos. Todos as soluções devem ser testadas simultaneamente afim de avaliar o funcionamento conjunto e dimensionar a fonte necessária para alimentar todo o conjunto. Ao fim de todo o projeto e teste de todos os circuitos iniciará o processo de confecção de uma placa de circuito impresso juntamente com uma interface mecânica para alojar a placa de circuito impresso e todos os demais componentes relevântes. 6.2.2 Software O Software poderá ser dividido em três partes que devem ser realizadas em sequência: 1. Aquisição de Dados: Essa camada corresponde a operação de garantir que os dados de todos os sensores estão sendo lidos todos simultaneamente de forma correta. 58 Capítulo 6. Considerações e Trabalhos Futuros 2. Simulação de Testes: Camada que corresponde a programar o sistema para realizar todos os testes de frenagem de acordo com a norma SAE J2522, e habilitar operações para o usuário realizar alguns outros testes pré-programados, e ou realizar algum teste em específico de acordo com a necessidade. 3. Geração dos Relatórios de Ensaio: Consiste em desenvolver uma ferramenta de software que a partir dos dados coletados pelos sensores é capaz de desenvolver um relatório dos ensaios de acordo com a norma SAE J2522 em formato gráfico que o usuário do sistema possa usar para avaliar os resultados provenientes dos ensaios. 6.3 Prováveis Etapas Futuras do Projeto Foi criado um breve cronograma de etapas e tarefas para a continuação desse projeto mostrado na Tabela 5. Como o foco dessa primeira parte foi mais focado na interface bancada-hardware é natural que a continuação do projeto esteja mais ligada a camada de software como já era previsto no início do trabalho. Tabela 5 – Cronograma de Atividades Futuras Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tarefa Desenvolvimento da Interface de Aquisição de Dados Teste Soluções Individuais de Aquisição Desenvolvimento de Plataforma para Gerenciamento dos Ensaios Integração Plataforma de Aquisição e de Gerenciamento dos Ensaios Teste Solução Conjunta Dimensionamento de Fonte e Demais Componentes de Hardware Fabricação de Hardware Completo do Projeto Criação de Plataforma de Geração de Relatórios de Acordo com norma SAE J2522 Estudo de Caso Pré-Requisito 1 2e3 4 2e3 6 2 5,7 e 8 59 Referências ARDUINO. Arduino. 2016. Disponível em: <https://www.arduino.cc/>. Citado na página 38. CNW. Chevrolet Onix LS 1.0 Ficha Técnica. 2016. Disponível em: <http: //www.carrosnaweb.com.br/fichadetalhe.asp?codigo=3396>. Citado na página 25. CNW. Volkswagen Gol Plus 1.0 Ficha Técnica. 2016. Disponível em: <http: //www.carrosnaweb.com.br/fichadetalhe.asp?codigo=431>. Citado na página 25. COORPORATION, A. Atmel ATmega328P Datasheet. 2011. 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