UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período : Agosto/ 2014 a Agosto/2015
( ) PARCIAL
(x) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa : Estudo de processos de modernização em Belém como subsídio para a
história urbana (1886-1961)
Nome do Orientador: Celma de Nazaré Chaves de Souza Pont Vidal
Titulação do Orientador: Doutor
Faculdade: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Instituto/Núcleo: Instituto de Tecnologia
Laboratório: Laboratório de Historiografia da Arquitetura e Cultura Arquitetônica - LAHCA
Título do Plano de Trabalho: Percursos da modernização em Belém: a Avenida Presidente Vargas e a
arquitetura do “Novo Centro”
Nome do Bolsista: Lana Caroline Avelar Miranda
Tipo de Bolsa :
( ) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC/CNPq – AF
( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador
( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA – AF
( ) PIBIC/ INTERIOR
( )PIBIC/PRODOUTOR
( ) PIBIC/PE-INTERDISCIPLINAR
( X ) PIBIC/FAPESPA
INTRODUÇÃO
A partir da década de 1940 nota-se na Avenida Presidente Vargas a construção dos primeiros
edifícios de grande porte de Belém. Foi inaugurado o edifício dos Correios e Telégrafos apresentando sua
arquitetura moderna que possivelmente impulsionou as obras de outros edifícios na avenida ainda em
construção. Além disso, foi criado o “Plano Urbanístico da Cidade”, elaborado por Jerônimo Cavalcanti,
na época prefeito de Belém, uma espécie de plano diretor com o objetivo de disciplinar o crescimento de
Belém e o adaptando “às modernas concepções de arquitetura”, sendo este o “plano” que nortearia o
crescimento da cidade por longo período. (CHAVES, 2011)
Elaborado por Jerônimo Cavalcanti, o projeto estabelecia um gabarito mínimo para as construções
na cidade, com critérios especiais para a Avenida 15 de Agosto (Presidente Vargas). Nota-se assim a
tentativa de forçar a verticalização na busca da afirmação de Belém enquanto metrópole, mas é necessário
comentar que não houve um cenário propício para o desenvolvimento deste plano, tanto do ponto de vista
político quanto econômico. (CHAVES, 2011)
Entretanto, a verticalização tão almejada se iniciou com a construção de edifícios que, aos poucos,
traziam inovações à avenida. Em 1940 é inaugurado o edifício Bern, que seria o primeiro edifício com
elevadores em Belém. Em 1949 é inaugurado o edifício dos comerciários, o primeiro edifício em Belém a
apresentar 10 andares. Neste mesmo ano, foi inaugurado o primeiro edifício exclusivamente residencial
da cidade, o edifício Piedade. A partir desta década, houve uma sucessão de construções importantes que
contribuíram para o status de “lócus da verticalização de Belém” da avenida. Essas construções sofreram
modificações como a mudança de tipo de uso, inserção de novos pavimentos, fachadas tomadas por
caixas de aparelho de ar condicionado e faixas de propaganda. Destacando ainda que alguns edifícios
também apresentam sinais de desgastes pelos anos de uso ou abandono.
O presente relatório objetiva analisar os principais edifícios que compõem o processo de
modernização arquitetônica e urbana na Avenida Presidente Vargas. Este plano de trabalho dá
continuidade ao estudo iniciado em 2013, no qual foram obtidas, padronizadas e analisadas as plantas dos
edifícios Piedade, Manoel Pinto da Silva, Importadora e Palácio do Rádio. As fachadas de 5 edifícios
foram redesenhadas: Sede dos Correios, Renascença, Piedade, Manoel Pinto da Silva, Importadora e
Palácio do Rádio. Além disso, foi feito um registro fotográfico da Avenida, que serviu de base para os
redesenhos das fachadas. Sendo assim, este plano de trabalho dá continuidade tanto aos levantamentos
arquitetônicos realizados no plano de trabalho anterior, como nos redesenhos e registros fotográficos das
edificações da referida avenida, e estuda o processo de transformação de usos desses edifícios.
1. JUSTIFICATIVA
O período histórico contemplado pela pesquisa ainda é pouco estudado, apresentando fontes
documentais ainda escassas sobre as transformações verificadas na avenida Presidente Vargas. Sendo
assim, este projeto visa colaborar com a análise da produção arquitetônica deste período em Belém, e
mais especificamente na Avenida Presidente Vargas, produzindo assim, material que possa contribuir
para conhecimento e difusão da história dessa importante avenida e sua influência no desenvolvimento
urbano da cidade.
2. OBJETIVOS:
2.1.GERAL:
Registro e estudo das edificações representativas do processo de modernização arquitetônica e
urbana em Belém na Avenida Presidente Vargas para a restituição dos perfis das fachadas e construção do
perfil (skyline) da avenida.
2.2. ESPECÍFICOS
- Mapear as tipologias existentes no percurso da Avenida Presidente Vargas e seu entorno
imediato.
- Realizar levantamento físico e estudo histórico dos exemplares mapeados.
- Estudar o processo de transformação nos usos e elementos físicos dessas edificações.
Na fase anterior da pesquisa foi realizado o mapeamento das tipologias existentes no percurso da
Avenida, assim como o levantamento dos seus usos originais e os atuais destas edificações. Houve
também o registro fotográfico da Presidente Vargas, enfatizando as construções que são objetos de estudo
da pesquisa. Este registro serviu de base para o redesenho das fachadas de alguns dos edifícios estudados.
Além disso, também foi complementado o levantamento histórico da referida avenida.
Nesta fase da pesquisa, foram realizados os redesenhos das fachadas de 10 edifícios construídos
no período estudado e mais 1 edifício de data desconhecida, todos localizados na Avenida Presidente
Vargas. Logo após, foi realizada a análise das transformações ocorridas nestas edificações e, por fim, foi
feita a restituição das fachadas dos edifícios da referida avenida. Ressalta-se que essa restituição é uma
representação em escala aproximada deste conjunto de edificações em seu gabarito e nas linhas de
coroamento, cujo objetivo é a visualização de um processo de transformação da ocupação e usos da
avenida ao longo do tempo.
3. MATERIAIS E MÉTODOS:
- Pesquisa bibliográfica e histórica (continuação)
Foram realizadas leituras (que estão presentes na bibliografia do relatório) sobre a Avenida
Presidente Vargas, desde a expansão da cidade de Belém para a Campina até os anos 60.
- Levantamento físico das obras identificadas e selecionadas para a pesquisa (continuação)
O levantamento físico consistiu em várias visitas à Avenida Presidente Vargas, onde foram
registradas diversas fotos dos edifícios estudados e da própria avenida, também foram anotadas
todas as transformações ocorridas nestas edificações além das próprias edificações também terem
sidas localizadas no mapa da avenida.
Na primeira fase do plano, os edifícios foram locados em um mapa e enumerados de acordo com a
data de sua construção. Feito isso, foi elaborada uma tabela, com os edifícios que foram
enumerados. Esta tabela, além de servir de legenda para o mapa, também fornecia informações
sobre estes: data de construção; uso original; uso atual e uma foto.
-
Redesenho em CAD (continuação)
Na segunda fase do plano de trabalho, foram selecionadas as melhores fotografias dentre as
que foram tiradas nas visitas feitas à avenida. As imagens mais ortogonais foram inseridas no
software Autocad, a fim de auxiliarem os redesenhos das fachadas das edificações estudadas
(fig. 1).
Figura 1 – Imagem do edifício Dias Paes inserida no software Autocad.
Posteriormente, foram tiradas as medidas aproximadas das fachadas dos edifícios no programa
Google Earth por meio da ferramenta “régua”. Sabendo as medidas aproximadas da fachada de
determinado edifício, a escala da imagem inserida no software é atualizada para a mais próxima possível.
Já com a imagem de referência tendo as medidas corretas, foram traçadas as linhas de desenho sobre a
imagem (fig.2).
Figura 2 – Traçam-se as linhas de desenho sobre a imagem.
Algumas imagens não mostram a fachada total do edifício, devido ao grande tamanho destes ou
porque, muitas vezes, os equipamentos urbanos ou as árvores impedem a visualização, sendo assim,
foram utilizadas outras imagens que mostram os detalhes destes, como exemplo, as letras presentes na
fachada do Central Hotel, que foram desenhadas separadamente e depois inseridas no desenho (fig. 3)
Figura 3 – Letreiro do Central Hotel desenhadas sobre a fotografia do detalhe de sua fachada.
Finalizados os desenhos no Autocad, estes foram também convertidos para o formato de pdf, e
arquivados no acervo do Laboratório de Historiografia da Arquitetura e Cultura Arquitetônica – LAHCA.
O Skyline da Avenida Presidente Vargas foi também elaborado no software Autocad, integrando
todos os desenhos das fachadas em um só arquivo e utilizando-se também do Google Maps e Google
Earth, o primeiro para a localização das ruas e edifícios em suas respectivas quadras, o segundo para a
medição aproximada do tamanho das quadras, como exemplo, a imagem da medição da quadra 3, onde
estão localizados os edifícios INAMPS e Dias Paes (fig.4)
Figura 4 – Medição do tamanho aproximado da quadra 3.
Após as medidas, as quadras são desenhadas e sinalizadas no Autocad, as vias são sinalizadas com
seus respectivos nomes e os edifícios são colocados em suas respectivas quadras (Fig. 5)
Figura 5 – Quadra 3 já nomeada, com as ruas sinalizadas e os seus edifícios fixados.
-
Identificação das transformações
Por fim, foram analisadas as transformações ocorridas nestes edifícios e seu estado atual.
4. RESULTADOS
Nesta fase da pesquisa foi realizado um novo levantamento fotográfico da Av. Presidente Vargas
para complementar o anterior; realizou-se também a atualização do mapeamento das edificações e
quadras; foram redesenhadas e analisadas as fachadas de 10 edificações encontradas na via que fazem
parte do período de abrangência da pesquisa (1930 - 1970), mais a fachada de um edifício de data
desconhecida, e por fim, foi elaborado o skyline da Avenida Presidente Vargas.
Durante o registro fotográfico feito na via, nota- se importância da Avenida Presidente Vargas
para a capital paraense. A avenida, localizada no centro da cidade de Belém é conectada com algumas das
vias mais importantes da capital, no inicio com a Avenida Marechal Hermes que leva ao Mercado do Vero-peso, e no final com a Avenida Almirante Tamandaré, Av. Serzedelo Correa e a conhecida Avenida
Nazaré. Assim, é notável o intenso fluxo na avenida, há uma grande quantidade de linhas de ônibus com
paradas localizadas na extensão da via que está sempre bastante movimentada pela passagem de veículos,
e há também a intensa presença de pedestres, sendo estes, na maioria, consumidores das lojas que lá se
localizam. Por se encontrar em um bairro de característica comercial, a maioria de suas construções segue
o mesmo esquema de uso: uso comercial no térreo e residencial nos demais andares.
As fotos originadas do registro fotográfico serviram de base ainda para o redesenho das fachadas
dos edifícios Bern, Avenida Hotel, Central Hotel, INAMPS, Manoel Pinto, Comerciários, Costa Leite,
Dias Paes, Manoel Pinto e Café Brasil, com o objetivo de construir a skyline do estado atual da Avenida.
4.1. REDESENHO E ANÁLISE DOS EDIFICIOS
Edifício Costa Leite
O edifício Costa Leite foi inaugurado em 1938, localizado no entorno da avenida 15 de Agosto
(Av. Presidente Vargas). O projeto é de autoria do engenheiro Judah Levy, figura importante no processo
de verticalização da avenida, com o arquiteto David Lopes. Seu uso original era comercial e, segundo
CHAVES (2008) a primeira construção a alcançar 4 pavimentos na época. Chaves comenta a constituição
do edifício em seu artigo:
O edifício “Costa Leite”, de função comercial, rompe com as formas familiares do
ecletismo e do neocolonial ainda vigentes na cidade. Constituiu-se em seu
momento, uma solução original, compondo-se da justaposição de três volumes
que formam o conjunto, do aproveitamento das três superfícies da fachada em um
terreno solto na esquina - embora de área reduzida - da articulação dos volumes,
onde se inclui uma fachada semicircular. (CHAVES, 2008, p.148).
Figura 6 – Edifício Costa leite em meados de 1940, ainda com 4 andares
Fonte: http://portalmatsunaga.xpg.uol.com.br/MeadosXX.html. Acesso em: 01/08/2015
Atualmente, o edifício é ocupado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação
Técnica e Tecnológica, tornando-se assim, um edifício público. O edifício Costa Leite hoje apresenta um
pavimento a mais do que sua construção original.
Atualmente, o edifício não apresenta mais suas esquadrias originais, substituídas por novas com
perfil de alumínio, sendo que duas destas estão danificadas e encobertas com plástico branco, além disso,
foram instaladas grades metálicas em suas esquadrias do térreo. Observam.se várias pichações na fachada
comprometendo a integridade do edifício.
Figura 7 – Fachada do edifício Costa Leite atualmente
Redesenho da fachada: Lana Miranda
Avenida Hotel
Expressando prática fundada sob uma evidente racionalidade, o Avenida Hotel, foi lançado em
1940 (CHAVES, 2008). Segundo Chaves (2011), sua construção se deu no período em que Belém passa
a ser incluída nos principais roteiros de viagens elaborados nos EUA, dentre eles o famoso guia de
viagens “The Nagel Travel Guide”.
Ainda segundo Chaves, o hotel se destacava pela presença do “Bar Avenida”, sendo este
inaugurado em 26 de agosto de 1949, que alardeava estar situado na principal avenida da cidade, em um
“ponto elegante para as famílias de nossa sociedade” (A Província do Pará, 21 de agosto de 1949, p.18),
onde destacava-se o palco para apresentações musicais e o diferencial de funcionar até às 24h.
Hoje o edifício divide seu uso de serviços com o de comércio, tendo duas farmácias, uma ótica
dentre outros comércios em seu térreo, assim como a também entrada do hotel. As placas destes
estabelecimento poluem a fachada do edifício, assim como as caixas de ar-condicionado. As esquadrias
que nele estão não são originais, exceto as do último andar, que são as mesmas de madeira de sua
inauguração, porém agora pintadas de azul.
Figura 8 – Fachada do edifício Avenida Hotel
Redesenho da Fachada: Lana Miranda
Central Hotel
As reformas que ocorreram no “Grande Hotel” na década de 40, apontam uma complexa relação
entre o antigo e tradicional da época da borracha, e mesmo havendo a tentativa de o modernizar, o hotel
não deixa de valorizar características e símbolos do início do século XX (CHAVES, 2011).
“Mesmo reconfigurado o “Grande Hotel” já não dominava sozinho o ramo hoteleiro de luxo,
principalmente com a construção dos modernos “Avenida Hotel” e “Central Hotel. ” (CHAVES, 2011,
pg. 89)
O Central Hotel é datado de 1938, e contava com elevador e modernos restaurantes, além disso, o
hotel apresentava um terraço, no ponto mais alto da edificação, com vista panorâmica para a avenida 15
de Agosto e para a baia de Guajará.
Nos dias atuais, o edifício abriga uma loja de departamento denominada C&A, aparentemente o
hotel ainda preserva suas esquadrias originais de madeira nos andares superiores, porém, as do térreo
foram substituídas por esquadrias de vidro para a melhor exposição das roupas da loja.
Figura 9 – Central Hotel
Redesenho da fachada: Lana Miranda
Edifício Booth Line
Em 1940 é inaugurado o edifício sede da “BoothLine”, uma empresa de navegação de capital
inglês, tendo assim sendo este de uso comercial. Projeto do arquiteto Oswald Massler, construído em
estrutura de concreto armado. No lado externo, o edifício da “BoothLine” mostrava robustez e a claridade
do déco, já no interno transmitia sobriedade com seus revestimentos de madeira nos detalhes das paredes,
escadas e parquetes do chão. Sendo Massler o mesmo arquiteto do edifício da “Associação comercial”, a
desorientação temporal destas construções é comentada por Chaves:
“As duas construções deste arquiteto mostram a ausência de uma orientação clara,
que oscilava ainda entre o passado e o futuro, dilema comum na maioria das obras
na cidade neste período” (CHAVES, 2008)
Figura 10 – Booth Line
Redesenho fachada: Lana Miranda
Atualmente, o edifício já não mais existe, foi demolido em data por ora indefinida. As fotos deste
edifício são escassas, portanto, para redesenhá-lo, foi utilizada a figura 15, fazendo o máximo possível
para se aproximar de sua fachada, porém, não foi possível desenhar a entrada frontal do edifício.
Edifício Bern
O edifício Bern, de uso residencial e comercial, também foi construído na década de 1940.
Possuindo 05 pavimentos e buscando uma linguagem arquitetônica mais arrojada, seria o primeiro
edifício da cidade a fazer uso de elevadores, como sinal claro da busca de novos símbolos de
modernidade (CHAVES, 2011). O elevador ficava próximo à entrada, um convite a sua utilização no
lugar das escadas.
O Edifício Bern hoje se encontra abandonado, com suas entradas do térreo, das sacadas e também
algumas janelas vedadas por paredes de tijolos. Suas paredes estão sujas, pichadas e com limo. Ainda
apresenta suas esquadrias originais, que se mostram, em sua maioria, em bom estado, considerando o
estado de abandono observado neste edifício. Ressalta-se que não foi possível desenhar algumas
esquadrias do edifício, por estarem vedadas com tijolos.
Figura 11 – Fachada do edifício Bern
Redesenho: Lana Miranda
Edifício Dias Paes
O edifício Dias Paes, inaugurado em 1945, apresentava uso comercial e residencial. De autoria do
engenheiro Antônio Braga, possui 07 pavimentos, e era um dos primeiros grandes edifícios construídos
na cidade. Apresenta formas curvilíneas e brises em suas fachadas (CHAVES, 2011).
Atualmente o edifício é propriedade do Banco do Estado do Pará, ainda apresentando bom estado.
Suas esquadrias aparentemente são originais, porém, foram acrescentadas esquadrias de vidro em seu
térreo e uma placa que circula seu andar térreo com a marca e cores do banco.
Figura 12 – Edifício Dias Paes
Redesenho fachada: Lana Miranda
Edifício dos Comerciários
Em 1949, outro grande edifício é inaugurado, o edifício dos Comerciários, apresentando 10
andares, obra de Hildegard Fortunato, era de uso misto.
O edifício ainda mantém o mesmo uso uma parte é ocupada pela URES – Unidade de Referencia
Especializada, do Governo do Estado do Pará, outra parte é ocupada por estabelecimentos comerciais e
por uso residencial. Em relação ao seu estado atual, sua fachada apresenta pichações, além de se ver
muito pouco de suas esquadrias originais e sua fachada estar tomada por caixas de aparelhos de arcondicionado.
Figura 13 – Fachada do edifício dos Comerciários
Redesenho da fachada: Lana Miranda
Edifício INAMPS
O Edifício do IAPI (hoje Edifício INAMPS), foi inaugurado em 1958, projetado por Agenor P. de
Carvalho, possuindo 12 pavimentos e localizado na esquina da Rua Senador Manoel Barata com a
Avenida Presidente Vargas. O edifício apresenta nas suas fachadas voltadas para as duas ruas elementos
tipo brise-soleils em nervura protegendo as esquadrias de madeira e vidro.
Analisando o edifício por meio das fotos, percebe-se uma possível ampliação do edifício no
sentido da rua Manoel Barata, pois em suas imagens antigas (Fig. 00), o prédio parece ser mais “fino”, já
nas fotos atuais (Fig. 00), aparenta ter uma profundidade maior. Quanto ao seu estado atual, o edifício
apresenta várias esquadrias danificadas, além de estar desgastado pelo tempo, indicando a falta de
cuidados e exibindo pichações. Sua entrada para a Presidente Vargas está sem uso e aparentemente só há
acesso ao edifício pela a rua Manoel Barata.
Figura 14 – Edifício INAMPS
Redesenho fachada: Lana Miranda
Edifício Manoel Pinto da Silva
O edifício “Manuel Pinto da Silva” lançado no início de 1949 como iniciativa de Manuel Pinto da
Silva, um rico comerciante português proprietário da “Automobilista”, e inaugurado, em sua primeira fase
em 1951. Obra de Feliciano Seixas, o edifício foi projetado inicialmente para possuir 12 andares, o
mínimo estabelecido pela prefeitura, mas o projeto foi alterado logo após sua inauguração integrando o
edifício com mais dois blocos construídos ao lado, possuindo, em 1959, os inéditos 26 andares e sendo na
época o 4º edifício mais alto do Brasil (MELLO, 2007, p. 72 apud CHAVES, 2011, pg 67).
Atualmente, o edifício conserva seu uso original, comercial e residencial. Destaca-se que
praticamente metade de suas esquadrias não são mais originais e os estabelecimentos comerciais do térreo
cobrem o 1º piso com placas de seus anúncios, o que polui a imagem do edifício.
Figura 15 – Fachada do Manoel Pinto
Redesenho: Lana Miranda
Hotel Grão Pará
O hotel, com 16 pavimentos, foi inaugurado em 1958 como projeto de Judah Levy. Nos dias
atuais, o edifício permanece com seu uso original e em sua fachada atualmente está tomada por várias
caixas de aparelhos de ar condicionado.
Figura 16 – Fachada do Hotel Grão Pará
Redesenho: Lana Miranda
5. RESTITUIÇÃO DO PERFIL DAS FACHADAS DA AVENIDA PRESIDENTE VARGAS
(SKYLINE)
O perfil das fachadas, também conhecido como “panorama urbano” é tido como a vista total
ou parcial da silhueta de uma cidade no horizonte, a linha de contorno da cidade. Segundo Duque
(2007), essa linha funciona como o bilhete de identidade ou o código gráfico de uma cidade.
“Por isso, é perfeitamente possível identificar a que cidade pertence determinada silhueta, por via
daquilo que conhecemos da morfologia dessa cidade e que se revela nessa linha.” (DUQUE, 2007,
pg. 6)
Através do perfil é possível identificar sinais cujo significado é sempre muito mais do que as
particularidades morfológicas que a linha revela do território, podendo, em alguns casos, ganhar
mesmo contornos de manifesto. Sendo assim, podemos dizer que o perfil da Presidente Vargas não só
nos mostra as silhuetas dos edifícios que a compõem, mas como também o início do processo de
verticalização da cidade de Belém, sendo a Avenida idealizada como o “Novo Centro” de Belém e o
anseio do governo em tornar Belém uma capital Moderna aos padrões internacionais.
É importante destacar que 11 edifícios foram redesenhados durante esse semestre: Costa
Leite, Central Hotel, Avenida Hotel, Bern, INAMPS, Booth Line, Manoel Pinto, Hotel Grão Pará,
Comerciários, Dias Paes e Café Brasil. Os outros edifícios presentes no perfil, que não pertenciam a
este plano de trabalho, foram resenhados por outras duas colaboradoras do LAHCA.
Para a melhor compreensão e construção do perfil da via, foram elaborados alguns esquemas,
como segue abaixo.
Figura 17 – Mapas com a locação dos edifícios do skyline e identificação das quadras onde se localizam os edifícios
estudados
Elaboração: Lana Miranda
E por fim, foi construído o skyline da via, onde encontram-se seus principais edifícios. O skyline,
além de nos mostrar as fachadas dos edifícios, aponta a localização destes, as ruas que os circundam e as
quadras onde estes estão localizados.
Figura 24 –Skyline da Avenida Presidente Vargas, 2015
Fonte: Lana Miranda
Figura 25 –Skyline da Avenida Presidente Vargas, 2015.
Fonte: Lana Miranda
LEGENDA:
1-Costa Leite
2 –Correios
3- Avenida Hotel
4- Central Hotel
5- Booth Line
6- Ed. Bern
7- Ed. Dias Paes
8- Ed. Piedade
9- Comerciários
10- Ed. INAMPS
11- Ed. Manoel Pinto da Silva
12- Ed. Renascença
13- Ed. Importadora
14- Ed. Palácio do Rádio
15- Hotel Grão Pará
16- Café Brasil
17- Ed. Assembleia Paraense
18- Cine Olímpia
19 – Conjunto de construções
6. CONCLUSÃO
A partir do estudo histórico e bibliográfico referente à Avenida Presidente Vargas, nota-se como e
porque ocorreu o processo de verticalização configurando esta avenida como o “locus” deste processo em
Belém. A verticalização era tida como sinônimo de modernização da cidade, de embelezamento,
crescimento e prosperidade, de abandonar os sinais decadentes de seu período de estagnação.
Ainda tendo esperança de recuperar a prosperidade da “Belle Époque”, A cidade absorve o
discurso modernizador do governo do Presidente Getúlio Vargas, usando assim, a arquitetura como forma
de mostrar Belém como uma cidade moderna, sendo que na época, seguindo o pensamento norteamericano, o arranha-céu era um símbolo do desenvolvimento.
Devido à crise econômica pela qual Belém sofria no período, o processo de modernização limitouse primeiramente na avenida estudada, formando o conhecido túnel de arranha-céus nesta, com uma
diversidade de edifícios que buscavam trazer inovações em suas construções.
Observa-se no estudo que, a partir da década de 1930 houve uma significativa substituição de
edifícios na avenida por outros cada vez mais altos e modernos, que além de apresentarem novidades
como elevadores, incineradores e novas tipologias de plantas, também traziam uma nova alternativa de
moradia. A inauguração do 2º bloco do edifício “Manuel Pinto da Silva” em 1959, segundo Chaves
(2011), marcava a explosão do processo de verticalização atrelada também à entrada dos grandes
financiamentos, a consolidação deste tipo de moradia e da própria especulação imobiliária, levando este
processo para outros bairros de Belém, em especial nos bairros de Nazaré e Batista Campos.
Ocorreram mudanças nos usos dos edifícios de praticamente metade dos edifícios estudados:
Costa Leite, Avenida Hotel, Central Hotel, Comerciários e Dias Paes. Outros dois estão sem uso: Edifício
INAMPS e Bern. E um foi demolido: Edifício Booth Line. Destaca-se ainda que, antes, frequentar os
estabelecimentos da avenida era um sinônimo de status social, hoje em dia, o comercio na avenida é
popular, atendendo pessoas de todas as classes.
O estudo realizado neste plano de trabalho mostra como esse processo, ocorrido na avenida, é
importante para o desenvolvimento da cidade. O skyline nos mostra a identidade da via ao mesmo tempo
que registra o que sobreviveu de um período pouco conhecido, mas bastante importante para a história da
cidade.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAVES, Túlio Augusto P. Vasconcellos. Isto não é para nós? Um estudo sobre a verticalização e
modernidade em Belém entre as décadas de 1940 e 1950. Dissertação (Mestrado em História Social da
Amazônia )- Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.
CRUZ, Ernesto. História de Belém 2º volume. Universidade Federal do Pará, 1973.
_____________. Ruas de Belém. Belém: Cejup, 1992.
DUQUE, Mário. Cidades atentas ao seu “Skyline”. Jornal Hoje Macau, Macau, 5 do 10 de 2007.
Opinião, pág. 6 e 7.
MARANHÃO, Haroldo. Pará, Capital: Belém. Belém: Supercores, 2000.
PARÁ, Governo do Estado (SECULT). Belém da Saudade: a memória de Belém do início do século
em cartões – postais. 2 ed. Belém: SECULT, 1998.
PENTEADO, Antônio Rocha. Belém: estudo de geografia urbana. Vol I. Belém: Universidade Federal
do Pará, 1968.
____________. Belém: estudo de geografia urbana. Vol II. Belém: Universidade Federal do Pará,
1968.
SARGES, Maria de Nazaré. Belém: Riquezas produzindo a Belle-Époque (1870-1912). Belém: Pakatatu, 2010.
VIDAL, Celma Chaves de Souza Pont. Arquitetura, modernidade e política entre 1930 e 1945 na
cidade
de
Belém.
2008.
Disponível
em
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.094/161. Acesso em: 27/12/2014.
____________. Modernização, inventividade e mimetismo na arquitetura residencial em Belém
entre as décadas de 1930 e 1960. Disponível em: <http://www.arquitetura.eesc.usp.br/revistarisco>.
Acesso em:28/07/2015
8. DIFICULDADES
As pesquisas in loco para realizar registros fotográficos dos edifícios mais altos da avenida, foram
dificultada pelos obstáculos visuais existentes. Em vários momentos foi necessário uma aproximação e
observar fotos de partes do edifício para assim redesenhá-lo. A negativa de moradores para o acesso às
unidades (apartamentos) dos edifícios para constatar mudanças de usos ou transformações no projeto
original também foi outro fator que dificultou a realização da pesquisa.
PARECER DO ORIENTADOR
A bolsista Lana Miranda realizou suas atividades de maneira responsável e comprometida. Em vários
momentos demonstrou seu empenho no desenvolvimento das tarefas que lhe foram delegadas. Está no
caminho para crescer como pesquisadora, ampliando seus conhecimentos, pois tem a curiosidade, a
humildade e a vontade de aprender e se desenvolver.
Ressalto que no presente relatório foi necessário suprimir a apresentação em fotos de alguns edifícios por
conta do limite estabelecido para envio de arquivo.
DATA : 10/08/2015
Profa. Celma Chaves Pont Vidal
ASSINATURA DO ORIENTADOR
Lana Avelar Miranda
ASSINATURA DO ALUNO
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