27/10/2016 Pequenas e médias já reagem à crise ­ DCI Especial 0 05/10/2016 ­ 05h00 | Atualizado em 05/10/2016 ­ 08h43 Pequenas e médias já reagem à crise Mortalidade despenca e saldo entre contratações e demissões já é positivo; aumento do número de negócios está mais relacionado à necessidade Rio de Janeiro ­ Os pequenos negócios estão puxando a recuperação da atividade econômica do País. Alguns indicadores mostram que as micro e pequenas empresas dão sinais de que a economia pode enfim estar saindo da recessão. Estudo mostra que ter o próprio negócio continua figurando entre os principais sonhos dos brasileiros, com 34% das respostas Foto: dreamstime A taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas despencou de 581.473 companhias em 2015 para 157.047 até o último dia 30 de setembro. Em agosto passado, as MPEs voltaram a contratar mais do que demitir, registrando saldo positivo de 623 vagas. No mesmo mês, as médias e grandes companhias ainda apresentavam saldo negativo, de 34 mil postos de trabalho. As micro e pequenas empresas ampliam a sua importância para a atividade econômica, já representando 93% do mercado empresarial do País. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), até o último dia 30 de setembro o número de empresas ativas no Brasil somava 17.521.010, sendo 88,6% micro e pequenas. O cenário de reativação dos pequenos negócios confirma a trajetória de alta do empreendedorismo no Brasil. Segundo a última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a taxa total de empreendedorismo para o Brasil em 2015 foi de 39,3%, o maior índice dos últimos 14 anos e quase o dobro do registrado em 2002, quando atingiu 20,9%. Mas, segundo a pesquisa, feita no Brasil pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), a criação de novos negócios ou a expansão dos já estabelecidos está sendo motivada mais pela necessidade ­ principalmente como alternativa ao desemprego ­ do que por oportunidade. De acordo com a pesquisa GEM, a alta da taxa de empreendedorismo no Brasil de 2014 para 2015, que passou de 34,4% para 39,3%, foi determinada pelo aumento significativo na taxa de empreendedores iniciais, que era de 17,2% em 2014 e atingiu 21% em 2015. Por sua vez, essa alta foi motivada pelo crescimento da taxa de empreendedores nascentes, que de um ano para outro passou de 3,7% para 6,7%. Sonho de empreender http://www.dci.com.br/especial/pequenas­e­medias­ja­reagem­a­crise­id578810.html 1/3 27/10/2016 Pequenas e médias já reagem à crise ­ DCI Além da necessidade de renda provocada pelo desemprego, o aumento dos novos negócios no Brasil reflete mudanças na mentalidade empreendedora do brasileiro. A pesquisa GEM constatou que, em geral, os brasileiros são favoráveis à atividade empreendedora e têm uma visão positiva a respeito das pessoas que abrem um negócio próprio. Segundo a pesquisa, 70% a 80% dos brasileiros concordam que abrir um negócio é uma opção desejável de carreira, valorizam o sucesso dos empreendedores e acompanham na mídia histórias de empreendedores bem­sucedidos. "Ter o próprio negócio continua figurando entre os principais sonhos dos brasileiros, sendo a proporção observada em 2015 (34%) superior à de 2014 (31%)", constatou o estudo. Outro indicador positivo em relação ao aumento do empreendedorismo no Brasil é a maior longevidade das micro e pequenas empresas. Segundo a pesquisa "Perfil do Jovem Empreendedor Brasileiro", realizada pela Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) no ano passado, as empresas dos empreendedores jovens estão se tornando mais estáveis e duradouras, já que 49% dos entrevistados possuem cinco anos ou mais de atividade no negócio. Isso é atribuído à melhor qualificação. Feita com mais de 5 mil jovens empresários do País, com idade entre 18 e 39 anos, a pesquisa da Conaje constatou que a maioria dos entrevistados citou a elevada carga tributária (58%), burocracia (23%) e legislação (8%) como principais desafios externos à atividade. Pacto de incentivo A importância estratégica dos pequenos empreendimentos, que se mostram como os primeiros negócios a dar resposta aos sinais positivos da economia, levou o governo federal a se mobilizar em uma articulação com o setor privado e parlamentares para lançar o Pacto pelo Desenvolvimento da Micro e Pequena Empresa. A meta é adotar uma agenda de mudanças efetivas para o incentivo ao empreendedorismo e o desenvolvimento de pequenos negócios no País. As mudanças passam por antigas pautas, como desburocratização, redução da carga tributária e facilitação do crédito, mas também inserem o estímulo à formação de empreendedores e à inovação. A articulação envolve a Secretaria Especial de Micro e Pequena Empresa (SMPE), pasta ligada à Presidência da República, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Sebrae, a Frente Parlamentar Mista de Apoio à Micro e Pequena Empresa, além de organizações promotoras do empreendedorismo como a Endeavor e a Confederação Nacional dos Jovens Empresários. Segundo o secretário de Micro e Pequena Empresa, José Ricardo Veiga, um eixo prioritário de ação é a redução da burocracia para se empreender no País. Ele defende que é preciso uniformizar e informatizar os processos de abertura e fechamento de empresas nas juntas comerciais em todo o País. A desburocratização é uma das principais bandeiras da Endeavor, a maior organização de apoio ao empreendedorismo no mundo, que aproveitou as eleições municipais do País para lançar um desafio aos futuros prefeitos de compromisso com a geração de empregos dos novos negócios. A mobilização +Empreendedores+Empregos propõe construir cidades mais empreendedoras, que adotem uma ação transformadora e assumam três compromissos básicos, mas relevantes. O primeiro deles, seria ouvir as demandas do segmento. O segundo, reduzir a burocracia. E, por último, incentivar programas de inovação. Tributos Outra pauta relevante para as pequenas e médias empresas, segundo o Sebrae, é a questão tributária. O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, está empenhado em sensibilizar os deputados a aprovarem o projeto Crescer Sem Medo, que altera o Simples. Segundo ele, a medida vai evitar que cerca de 700 mil empresas sejam desenquadradas do regime tributário do Simples Nacional em 2017. "A exclusão dessas empresas do Simples pode resultar na morte desses negócios", prevê o presidente do Sebrae. A necessidade de modernização da legislação trabalhista para manutenção da geração de emprego das micro e pequenas empresas é outra proposta defendida. Segundo o presidente do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Amaro Sales de Araújo, é injusto que uma empresa http://www.dci.com.br/especial/pequenas­e­medias­ja­reagem­a­crise­id578810.html 2/3 27/10/2016 Pequenas e médias já reagem à crise ­ DCI com apenas um empregado tenha as mesmas responsabilidades de outra com mil empregados. "É um tratamento muito desigual e para a micro e pequena empresa precisa ser diferenciado", defende o empresário. Ele, no entanto, só acredita em mudanças na legislação em 2017. Eliane Velloso http://www.dci.com.br/especial/pequenas­e­medias­ja­reagem­a­crise­id578810.html 3/3