Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) MAIS VERDE NAS ESCOLAS: O PROJETO DE JARDINS E HORTAS NO AMBIENTE ESCOLAR Vanderson Guimarães Fiochi; Jéssika Oliveira Pires; Letícia de Azevedo Teixeira (Discentes do curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Rua José Lourenço Kelmer, S/n - Martelos, Juiz de Fora - MG, 36036-330, [email protected]) RESUMO O maior desafio dos educadores no século XXI é se adequar a maneira como as crianças e adolescentes pensam para que o conteúdo seja absorvido de maneira satisfatória. Uma boa estratégia é trazer a prática para a aula. Deste modo, a teoria passada em sala ganha exemplos reais e deixa de ser abstrata. A educação ambiental é um dos tópicos mais importantes a serem absorvidos pelas crianças, explorar sua relação com a natureza e os impactos que suas ações podem causar no sentido ecológico. É aí que o projeto de jardins e hortas no ambiente escolar se insere, ele aproxima os estudantes da realidade, fazendo com que as crianças criem hábitos sustentáveis e ecologicamente corretos. Palavras-chave: Educação ambiental; impactos; ecológico; sustentáveis. INTRODUÇÃO O jardim e a horta servem como objeto de estudo interdisciplinar. Os estudantes discutem temas como alimentação, nutrição e ecologia que aliados ao trato com a terra e plantas, geram situações de aprendizagem reais e diversificadas. Assim, os educadores devem dar o máximo de responsabilidades às crianças, inserindo-os nas discussões sobre o rumo do projeto e cuidados com as plantas. Entre os benefícios alcançados com o projeto a ser desenvolvido na escola, se destacam a produção e consumo de alimentos naturais pelos alunos, atividades ligadas à culinária na escola, troca de conhecimentos, inserção de assuntos como a economia doméstica, a influência nas escolhas alimentares das crianças, além de apresentar na prática as consequências que ações do homem têm em relação ao meio ambiente. O contato com a terra no preparo dos canteiros e a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem e convivem, o encanto com as sementes que brotam como mágica, a prática diária do cuidado – regar, transplantar, tirar matinhos, espantar formigas é um exercício de paciência e perseverança até que a natureza nos brindes com a transformação de pequenas sementes em flores, frutos, verduras e legumes viçosos e coloridos. O homem tira da terra o seu sustento, isso faz com que aprenda a mexer nela, a prepará-la para o cultivo, a ter uma relação homem-natureza, pois ele depende dela para a sua sobrevivência. No entanto para muitos seres humanos, esta relação esta perdida, para muitos, o “solo” de onde o seu alimento é tirado é apenas “terra”, pois atualmente na sua rotina não há mais tempo para tal relação. Hoje as crianças e adolescentes no ambiente externo a escola, normalmente estão em frente à televisão e vídeo games, não tendo mais o contato com o meio ambiente. Assim, se faz necessário que se resgate esse contato, permitindo este relacionamento, é desta forma que as hortas nas escolas possuem um papel importantíssimo. Além de permitir a discussão sobre a importância de uma alimentação saudável. As hortas e os jardins escolares são instrumentos que, dependendo do encaminhamento dado pelo educador, podem abordar diferentes conteúdos curriculares de forma significativa e contextualizada e promover vivencias que resgatam valores. O projeto tem como objetivo conscientizar os alunos, funcionários e familiares quanto à necessidade de práticas alimentares mais saudáveis gerando mudanças na cultura da comunidade no que se refere à alimentação, nutrição, saúde e a qualidade de vida de todos e transformar uma área propicia em um jardim como espaço de lazer e conhecimento através da utilização de técnicas de paisagismo e jardinagem. 475 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) Em termos mais específicos, podemos elencar alguns outros objetivos a aplicação do projeto, tais como: • Promover estudos, pesquisas, debates e atividades sobre as questões ambientais, alimentar e nutricional; • Oportunizar trabalhos escolares dinâmicos, participativos e prazerosos; • Oportunizar a participação da comunidade escolar (alunos, funcionários e familiares) nas atividades da escola. • Reeducar e estimular a alimentação saudável; • Ensinar os alunos a cultivar um jardim e uma horta, tornando-os multiplicadores e incentivando seus familiares a desenvolver essas práticas. • Ensinar o valor nutricional e funcional dos vegetais na alimentação, mudando assim, os hábitos alimentares. • Ensinar o ciclo de vida das plantas e as condições ambientais mais propícias para seu o desenvolvimento; • Valorizar a produção agrícola e o trabalhador rural. Ao longo dos séculos, a humanidade desvendou, conheceu, dominou e modificou a natureza para melhor aproveitá-la. Estabeleceu outras formas de vida, e, por conseguinte, novas necessidades foram surgindo e os homens foram criando novas técnicas para suprirem essas necessidades, muitas delas decorrentes do consumo e da produção (Santos & Faria 2004). A educação ambiental pode ser entendida como toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Dessa forma, sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas deve permear este para facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia. Uma das alternativas para a inclusão da temática ambiental no meio escolar é "a aprendizagem em forma de projetos". Segundo Capra (2003), essa é uma proposta alinhada com o novo entendimento do processo de aprendizagem que sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas e torna evidente a importância de um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos a serviço de um objeto central. Esse objeto central também pode ser entendido como um tema transversal que permeia as outras disciplinas já constituídas e consegue trazer para a realidade escolar o estudo de problemas do dia a dia. A educação ambiental ganhou notoriedade com a promulgação da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu uma Política Nacional de Educação Ambiental e, por meio dela, foi estabelecida a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis do ensino formal da educação brasileira. A lei 9.765/99 precisa ser mencionada como um marco importante da história da educação ambiental no Brasil, porque ela resultou de um longo processo de interlocução entre ambientalistas, educadores e governos (Brasil 1999). A escola é um espaço privilegiado para estabelecer conexões e informações, como uma das possibilidades para criar condições e alternativas que estimulem os alunos a terem concepções e posturas cidadãs, cientes de suas responsabilidades e, principalmente, perceberem-se como integrantes do meio ambiente. A educação formal continua sendo um espaço importante para o desenvolvimento de valores e atitudes comprometidas com a sustentabilidade ecológica e social (Lima 2004). O modo como o homem vem utilizando os recursos naturais de forma inadequada tem levado a muitas consequências, sobretudo para o meio ambiente que cada vez mais vem sendo degradado, onde o ser humano tem visado apenas o lucro em detrimento da degradação ambiental. Diante dessa situação, se faz necessária uma educação ambiental que conscientize as pessoas em relação ao mundo em que vive para que possam ter acesso a uma melhor 476 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) qualidade de vida, mas sem desrespeitar o meio ambiente, tentando estabelecer o equilíbrio entre o homem e o meio. Na visão de Chalita (2002), a educação constitui-se na mais poderosa de todas as ferramentas de intervenção no mundo para a construção de novos conceitos e consequente mudança de hábitos. É também o instrumento de construção do conhecimento e a forma com que todo o desenvolvimento intelectual conquistado é passado de uma geração a outra, permitindo, assim, a máxima comprovada de cada geração que avança um passo em relação à anterior no campo do conhecimento científico e geral. Quando o autor acima mencionado se refere à educação, não está se referindo à educação vigente, isto é, não se refere à educação “que exclui, que dá prêmio aos melhores alunos e aponta os piores para que sirvam de modelo, que homogeneíza o ensino”, mas, sim, a uma “educação holística, uma educação que estimule o senso crítico, que estimule métodos e traga à tona discussões, que desperte os interesses dos alunos” (Chalita 2002). A Educação Ambiental constitui-se como uma estratégia para se alcance as mudanças desejadas na atual educação. A Educação Ambiental tem assumido nos últimos anos o grande desafio de garantir a construção de uma sociedade sustentável, em que se promovam, na relação com o planeta e seus recursos, valores éticos como cooperação, solidariedade, generosidade, tolerância, dignidade e respeito à diversidade (Carvalho 2006). Na visão de Dias (2004), a Educação Ambiental na escola não deve ser conservacionista, ou seja, aquela cujos ensinamentos conduzem ao uso racional dos recursos Naturais e à manutenção de um nível ótimo de produtividade dos ecossistemas Naturais ou gerenciados pelo Homem, mas aquela educação voltada para o meio ambiente que implica uma profunda mudança de valores, em uma nova visão de mundo, o que ultrapassa bastante o estado conservacionista. A Educação Ambiental é conteúdo e aprendizado, é motivo e motivação, é parâmetro e norma. Vai além dos conteúdos pedagógicos, interage com o ser humano de forma que a troca seja uma retroalimentação positiva para ambos. Educadores ambientais são pessoas apaixonadas pelo que fazem. E, para que o respeito seja o primeiro sentimento motivador das ações, é preciso que a escola mude suas regras para se fazer educação ambiental de uma forma mais humana (Carvalho 2006). Santos (2007), acredita que uma das formas que pode ser utilizada para o estudo dos problemas relacionados ao meio ambiente é através de uma disciplina específica a ser introduzida nos currículos das Escolas, podendo assim alcançar a mudança de comportamento de um grande número de alunos, tornando-os influentes na defesa do meio ambiente para que se tornem ecologicamente equilibrados e saudáveis. Porém, a autora ressalta que estes projetos precisam ter uma proposta de aplicação, tratando de um tema específico de interesse dos alunos, e não longe da proposta pedagógica da escola. Para Guedes (2006), “[...] os sistemas educacionais com fortes tendências pedagógicas liberais tradicionais não compreendem ou não têm aceitado a Educação Ambiental como parte integrante do currículo e da vida escolar, impossibilitando, desta forma, a consolidação desta”. Para Morin apud Guedes (2006) “se define como a articulação entre as disciplinas levando à articulação dos saberes”. Na visão de Guimarães (1995), o Ensino Médio, por exemplo, tem visado apenas o vestibular e se esquece da formação de cidadãos que pensem de forma crítica e que vejam o mundo e o próximo não como um adversário, mas como um cidadão. Entre os vários aspectos negativos da atual educação ministrada no Brasil, ressalta o fato de ela não desenvolver no estudante os esquemas mentais que estabelecem a relação dialética das diferentes áreas de estudos entre si e também destas com a realidade social em 477 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) que vivemos. O estudo da ecologia, enquanto “ciência pura”, de quase nada adianta se não relacionada com os demais campos da ciência, porque ela não leva necessariamente a uma visão globalizante, dinâmica e sistêmica das coisas, isto é, a uma visão “eco-política” (Schinke 1986). O conhecimento tem mais valor quando construído coletivamente porque repartimos o que sabemos e aprendemos com o que os outros repartem conosco. É com esta construção coletiva que o ensino deve se preocupar mais (Yus 2002). Para Boff (1999), a pedagogia da Terra é aquela que ensina a transformarmos a cultura da guerra e da violência em uma cultura de paz e não-violência, é aquela que transmite aos jovens e às gerações futuras valores que inspirem a construir um mundo de dignidade e harmonia, justiça, solidariedade, liberdade e prosperidade. Em outra obra, o pensador afirma que é aquela que procura construir uma sociedade sustentável que busca para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos, não apenas do ponto de vista social, mas do ponto de vista sócio-cósmico que procura atender aos demais seres da natureza (Boff 2008). A ecopedagogia apresenta-se como uma perspectiva de reconstrução de valores sociais, econômicos, culturais e ambientais, que se propõe a disseminar a sustentabilidade e a paz. A ecopedagogia centraliza-se na relação entre os sujeitos que aprendem juntos, embasados em uma “ética universal do ser humano”. A ecopedagogia implica uma reorientação dos currículos para que incorporem os valores e princípios defendidos pela carta da Terra (Waldman 2006). A Carta da Terra (2000, princípio 14 apud Campiani 2001) indica que se deve "integrar na educação formal e aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável", oferecendo a todos, especialmente crianças e jovens, oportunidades educativas que possibilitem contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável. Numa visão elucidadora, Maranhão (2005), assim afirma: Ao divulgar os resultados do último Censo Escolar, o INEP deu destaque ao fato de que 65% das escolas de ensino fundamental inseriram a questão ambiental em suas práticas pedagógicas. Cumprem sua obrigação, já que se trata de um dos temas transversais ao currículo obrigatório. [...] no entanto, sabemos que, devido à precariedade da infraestrutura de nossos estabelecimentos, torna-se difícil para os professores abordar a questão de maneira adequada e com conhecimento de causa. Por isso temos que aplaudir aquelas escolas que se empenham em formar cidadãos e futuros profissionais segundo a ótica do desenvolvimento sustentável. É pouco e os poderes públicos precisam não só fornecer mais recursos humanos e financeiros a fim de que essas ações sejam multiplicadas, mas avaliar sua eficácia. Portanto, é possível perceber, através do que foi exposto, que a Educação Ambiental é um caminho possível para mudar atitudes e, por consequência, o mundo, permitindo ao aluno construir uma nova forma de compreender a realidade na qual vive, estimulando a consciência ambiental e a cidadania, numa cultura ética, de paz, de solidariedade, de liberdade, de parceria e partilha do bem-comum, da habilidade, da delicadeza e do bom senso. Ou seja, a Educação Ambiental é aquela que permite o aluno trilhar um caminho que o leve a um mundo mais justo, mais solidário, mais ético, enfim, mais sustentável (Guedes 2006). As questões ambientais vêm adquirindo uma grande importância na nossa sociedade. Estudos acerca dos problemas ambientais surgem a partir de novos paradigmas que visam 478 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) uma direção mais sistêmica e complexa da sociedade. Nesse contexto a escola emergiu suas discussões sobre a educação ambiental, com um processo de reconhecimento de valores, em que as novas práticas pedagógicas devem ser responsáveis na formação dos sujeitos de ação e de cidadãos conscientes de seu papel no mundo. De acordo com a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, Art. 9º, a EA deve estar presente e ser desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privado, englobando: I – Educação básica: a. educação infantil; b. ensino fundamental e c. ensino médio II – Educação superior; III – Educação especial; IV – Educação profissional; V – Educação para jovens e adultos. Podemos observar, portanto que a EA deve estar presente em todos os segmentos e níveis da educação formal de maneira que seja desenvolvida com uma prática educativa integrada, contínua e permanente, assim como afirma o Art. 10º da mesma lei. Como perspectiva educativa, a educação ambiental deve estar presente, permeando todas as relações e atividades escolares, desenvolvendo-se de maneira interdisciplinar, para refletir questões atuais e pensar qual mundo queremos, e, então, por em prática um pensamento ecologista mundial. A Educação Ambiental não deve se destinar como uma nova disciplina do currículo escolar, precisa ser uma aliada do currículo, na busca de um conhecimento integrado que supere a fragmentação tendo em vista o conhecimento. Na educação infantil de acordo com Dias (2004) a apresentação de temas ambientais na educação deve dar ênfase em uma perspectiva geral, sendo bastante importante que atividades sejam desenvolvidas com os educandos, de forma a estimulá-los, tendo em vista que nesta fase as crianças são bastante curiosas e é comum uma maior integração e participação das mesmas, onde a aprendizagem neste sentido deve ser contínua. A partir disso, é importante que sejam apresentados temas pertinentes que levam a uma conscientização, de maneira que esta criança dissemine tal conhecimento, pois é comum uma criança ao adquirir um novo conhecimento repassar principalmente para seus familiares. Sendo assim, é importante que sejam apresentadas praticas ecologicamente corretas para incutir uma conscientização a cerca do meio ambiente desde cedo, e a escola tem a responsabilidade de dar suporte para o desenvolvimento de uma educação Ambiental de qualidade, estabelecendo o meio ambiente como patrimônio de todos, desenvolvendo atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, projetos, etc., conduzindo os alunos a serem agentes ativos e não passivos e meros espectadores. MATERIAL E MÉTODOS A Escola Estadual Fernando Lobo, um prédio antigo, data sua construção no ano de 1926 a 1930, pelo Engenheiro Lourenço Baeta Neves, na gestão do Secretário do Interior, o Exmo. Sr. Dr. Francisco Luiz da Silva Campos uma construção sólida e harmoniosa, sendo um ponto de referência para o Bairro São Mateus, na Cidade de Juiz de Fora / MG. Possui em seu quadro turmas, distribuídas em três turnos. Conta com o Ensino Fundamental, de nove anos, iniciado pelo Período Preparatório – alunos de seis anos – e ainda com o Ensino Médio, regular e o Ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A Escola é ampla, bem arejada, pé direito alto, característicos das construções antigas. Janelões de vidro, avarandados, área interna, arborizado. Sua fachada frontal é emoldurada pela belíssima árvore Caesalpinea echinata (pau-brasil) plantada em 1938. As paredes do prédio de tijolinhos cor cerâmica 479 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) proporcionam um aconchego especial à escola. Os pisos das salas e biblioteca são de peroba claro e as áreas frias de ladrilhos hidráulicos. O estilo e a estrutura do casarão permanecem os mesmos: 01 hall de entrada, 22 salas de aula, 01 biblioteca, 01 sala de vice-direção, 01 sala de vídeo, 01 sala de diretoria, 01 sala de professores, com 02 banheiros anexos, 03 salas de secretaria, 01 refeitório, 01 cozinha e despensa, 01 sala de Xerox, 01 pátio arborizado, 02 salas de especialistas, 01 sala de escaninho, 01 sala de apoio para material esportivo, 01 pátio interno, 01 sala de informática, 01 consultório dentário, 01 quadra de esportes, 01 sala de ASB (Auxiliar de Serviços de Educação Básica). Hoje, a escola está passando por uma reforma em sua estrutura externa, na antiga quadra poliesportiva, que passará a ser coberta e ganhará algumas subdivisões, para fins de comodidade, segurança e bem-estar dos alunos. A área específica dentro da escola, a ser contemplada, atualmente se encontra abandonada nos fundos e na lateral esquerda do colégio. Historicamente, existe um projeto de horta e jardins já efetivado, pois há resquícios de uma arborização e estrutura de funcionamento para essa antiga área verde. No entanto, não existem relatos de que a comunidade escolar participe efetivamente desse projeto, o que é objetivo deste nosso presente trabalho, conscientizar e ter a participação ativa, de todos os componentes desse âmbito escolar em questão. Sendo assim, uma revitalização da área já implantada, porém, com a participação coletiva, consciente, educativa e ecopedagógica. Descrevendo o projeto, primeiramente visamos à revitalização da área já instituída na escola, como dito anteriormente, más que não se encontra no devido formato de funcionamento como planejado neste presente plano. Pois a ideia central, é de que haja a área verde com jardins e hortas, mas que também, tenha um significado educativo e contemplador de cidadãos conscientes, o que chamamos de educação ambiental e um projeto sustentável. Contando com o amplo espaço oferecido pela escola, é possível idealizar um projeto eficiente e eficaz, desde que seja uma causa aceita por todos que compõe o corpo docente e superiores. Pois é importante lembrar, que este projeto, abarca uma multidisciplinaridade e isso faz com que, os alunos se beneficiem com o desenvolvimento do mesmo, adquirindo experiências e vasto conhecimento de cultivo, alimentação, produção e consciência ambiental. Portanto, para iniciar o trabalho, tem que haver primeiramente um consenso entre todos os membros superiores da escola, diretoria e docentes. Para que haja uma preparação dos mesmos em trabalhar os temas que envolvam o projeto. Uma capacitação seria o meio mais viável e norteador para os mesmos, e isso os tornariam aptos para desenvolver os planos de atividades correspondentes a esse projeto. Com a preparação destes, parte-se a segunda etapa, onde levam para a sala de aula, as ideias que vão permear e introduzir os trabalhos iniciais para os alunos. Neste momento, onde docentes vão trabalhar questões teóricas com os alunos, deverão levar para dentro da sala, temas que envolvam sustentabilidade. Isso fará com que os alunos pensem sobre o propósito de estarem estudando aquele determinado conteúdo, pois é importante que tenham propósitos e fiquem engajados na causa, sabendo dos benefícios que terão no desenvolvimento prático do mesmo. Sendo assim, partimos para o desenvolvimento prático desse projeto, onde, tem-se primeiramente como intuito, um levantamento em conjunto com toda a comunidade escolar, da área que receberá esse projeto. Como já citado anteriormente, a área que compreende os fundos e a lateral esquerda do colégio, seriam os locais de desenvolvimento do mesmo. Aspectos importantes devem ser observados, dentre eles, devem ser priorizados questões como, o estado de conservação do solo da área (já que mesma se encontra a muito sem manuseio), se existem demarcações de cultivos anteriores, se a área possui proteção resguardada por cercas ou telas (tendo essa como finalidade evitar o acesso direto ao local de 480 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) animais de porte médio, por exemplo), e por fim, caso necessário, elencar medidas a serem tomadas a fim de suprir possíveis eventualidades. Deve-se atentar a partir de então, para a seleção do que será cultivado nessa horta, respeitando sempre a vontade dos envolvidos no projeto (alunos, professores...), mas também atentando para as necessidades do colégio. Como se trata de um projeto que envolve a participação efetiva dos alunos, as espécies que serão cultivadas devem ser de fácil plantio e manutenção. As principais espécies que podemos introduzir em um primeiro momento são, por exemplo, as alfaces, cebolinhas, salsão, tomates-cereja e couve, que são hortaliças muito conhecidas e que também possuem um alto teor nutritivo. E sem contar que as mesmas, vão exigir apenas o manuseio de equipamentos básicos como pás de jardinagem, água e as sementes para o plantio. Determinadas as espécies a serem cultivadas, assim como suas finalidades, parte-se a parte prática, que é o plantio e os cuidados necessários para o desenvolvimento do cultivo desejado. Juntamente com a horta, o projeto de implantação do jardim, é fundamental que se trace estratégias antes de colocar em prática. Tendo em vista a parte teórica levada para salas de aula, onde darão um norte teórico e uma conscientização sustentável, os alunos passam a ter a sensibilidade e um “feeling ecológico”, que será indispensável para o desenvolvimento do projeto. Atentando-se sempre, para as possibilidades que o ambiente fornece, assim como, espaço, cultivo e finalidades benéficas para toda a comunidade escolar. Como já dito, já existe na escola, uma área arbórea, no entanto, sem fins educativos e de participação ativa dos alunos e demais membros da comunidade escolar. Por isso, empregar uma revitalização dessas áreas, juntamente com uma educação ambiental, é o ponto chave do desenvolvimento deste plano. Contudo, devemos planejar também as espécies que vão ser cultivadas nesse jardim. Não podem ser escolhidas espécies de porte grande e que exijam um solo bem desenvolvido, uma vez que, o espaço não é tão grande e todo o redor é área de edificações. Por isso, é fundamental que façamos boas escolhas, com espécies que darão um bom aspecto visual e que não exijam tantas regalias. Assim como, o problema de escassez de água precisa ser contornado, quando se trata de cultivar um belo jardim, a escolha das espécies utilizadas é fundamental. Os chamados "jardins áridos" que usam prioritariamente os cactos e suculentas já é uma escolha que tem sido cada vez mais privilegiada, e com excelentes resultados estéticos. Além destas espécies, existem outras que resistem a condições bem difíceis, como sol intenso ou sombra permanente, pouca água e poucos cuidados. Alguns exemplos que podemos utilizar nesse projeto, são as Clúsias, Iuca, Dasilírio, Bulbine, Babosa, Espada de São Jorge, Moreia, Crássulas, entre outras. Os cuidados com as espécies escolhidas, tanto para o jardim, quanto para a horta, são bem poucos e práticos, e tem uma eficácia de desenvolvimento elevada. Pois não requer muito do solo e do espaço, e dão resultados rápidos. Entretanto, deve haver uma familiarização entre todas as partes envolvidas e uma breve noção de todos os cuidados que deverão ter nesses cultivos. As áreas em questão, já com algumas espécies arbóreas, são de porte grande e que não exigem cuidados diários, no entanto, deve-se sempre lembrar aos alunos a importância das mesmas, pois ela fornece sombra diminuindo a sensação térmica, um bom aspecto visual, ajuda na purificação do ar e outras funções que contribuem para toda a comunidade ao redor. Por fim, a parte prática por conta dos alunos, deverá alcançar objetivos como, a conscientização ambiental e boa nutrição, assim, empregando temas transversais ao currículo escolar e a formação cidadã. A educação ambiental é essencial ao processo formativo, assim como, dará subsídios a uma cidadania futuramente consciente e responsável com o meio ambiente. Visto os tantos problemas que assolam e aterrorizam o futuro dos centros urbanos. 481 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) Para empregar esse projeto, os professores podem utilizar de recursos como palestras, exposições, feiras, trabalhos de conscientização, desenvolvimento de projetos adjacentes, como a utilização de lixeiras para reciclagem e tudo aquilo que contribuirá para a transformação e emprego da sustentabilidade, uma vez que, é a escola, o meio mais fácil de propagar o conhecimento desde o início da vida de cada criança. Assim como, eles também poderão levar esse conhecimento para o resto de suas vidas, e principalmente, para dentro de suas casas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado do projeto mesmo dentro de uma perspectiva positivista, tem notória dificuldade a ser empregado, devido a série de fatores elencados anteriormente, dentre eles, a falta de um estímulo da própria escola e de seus funcionários, visto que, não recebem incentivos suficientes para que possam colocar em prática o plano proposto e todas as atividades que a ele se referem. Muitas dificuldades e desafios são encontrados na Educação Básica das escolas públicas, onde através da pesquisa podemos constatar que a maioria dos professores estão cientes das responsabilidades sócio-educativas a eles confiadas, existindo consenso da importância do tema transversal, no entanto observa-se uma barreira quanto a aplicação de atividades relacionadas a este tema. Percebe-se que os professores têm o conhecimento sobre o tema, mas ninguém participou e nem são oferecidas capacitações referentes ao mesmo e nem incluem o tema como temas transversais em seus planos de aula. Outra dificuldade é que os professores questionam sobre a falta de material didático, onde o próprio livro didático é ausente de conteúdos relacionados à questão ambiental, se fazendo necessário outras metodologias com outros materiais que poderiam auxiliar, mas a escola pesquisada não disponibiliza, tornando o trabalho ainda mais difícil. Além de que, falta uma maior compreensão e colaboração por parte da comunidade escolar em colocar em prática ações que contribuam para a melhoria do meio ambiente. Dessa maneira os problemas ambientais são tratados como algo possível e não concreto. Observa-se que a escola procura transmitir para os educandos de maneira isolada e fragmentada um conhecimento pronto sobre o meio ambiente e suas questões, onde o modo como a Educação Ambiental é praticada nessas escolas, é apenas como projeto especial, extracurricular, sem continuidade, descontextualizado, fragmentado e desarticulado, e apesar da disposição do MEC sobre a educação ambiental, não há efetivamente o desenvolvimento de uma prática educativa que integre disciplinas. Dessa forma, as questões ambientais são apresentadas de maneira confusa aos alunos, pois aprendem apenas que é preciso preservar a natureza, mas não são levadas a elas as políticas de impactos capazes de lhes fazer compreender o que é preciso preservar e utilizar de forma consciente os recursos naturais que se tem no planeta. Acabam sendo apenas ouvintes e não praticantes, quando deveriam ser estimulados através de atividades e projetos a exercer essa consciência a partir de sua realidade e comunidade. Podemos analisar que a EA não é trabalhada como deveria de acordo com os PCN’s e com a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, isso porque os professores não são estimulados e nem capacitados, a escola não oferece condições adequadas para desenvolver este tipo de trabalho e como sabemos o professor não é valorizado como deveria, recebendo baixos salários, não tem motivação para ir além do que sua disciplina deve propor aos alunos, tendo em vista que, a EA deveria ser trabalhada de forma integrada por todas as disciplinas, mas essas condições levam ao total desanimo dos docentes, sendo este a principal dificuldade encontrada nas escolas. Diante de toda esta dificuldade enfrentada pela educação ambiental, ainda verificamos outro fato agravante, pois nas escolas publicas a situação é mais precária, a comunidade 482 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) escolar se queixa que a escola não oferece condições adequadas para o desenvolvimento de uma educação de qualidade, isso segundo os mesmos por falta de investimentos. É preciso que haja inter-relação entre as disciplinas do currículo escolar e a comunidade, para que juntos realizem uma educação ambiental voltada para a mudança do comportamento humano, tendo a Escola como um agente transformador da cultura e principalmente da conscientização das pessoas para o problema ambiental a partir de sua própria realidade. Considerando a importância da temática ambiental é necessário que se desenvolvam conteúdos, ou seja, meios que possam contribuir com a conscientização de que os problemas ambientais dizem ser solucionados mediante uma postura participativa de professores, alunos e sociedade, uma vez que a escola deve proporcionar possibilidades de sensibilização e motivação para um envolvimento ativo dos mesmos. Outro desafio é que se faz necessário que sejam proporcionadas aos educadores condições para que possam trabalhar temas e atividades de educação ambiental que possam conduzir a práticas pedagógicas, materiais didáticos, guias curriculares e projetos que incentivem o debate, a reflexão sobre as questões ambientais e a construção de uma consciência crítica. É importante a articulação de ações educativas voltadas para a preservação do meio ambiente e a escola é o espaço mais indicado e privilegiado para implementação dessas atividades, uma vez que, ela através da Educação Ambiental deve levar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente, conscientizando-os de forma a tentar gerar novos conceitos e valores sobre a natureza, alertando sobre o que se pode e deve ser feito para contribuir na preservação do meio, tentando assim, estabelecer um equilíbrio entre homem e natureza na busca por um mundo melhor, e desta forma possa disseminar tal conhecimento para a sociedade. CONCLUSÃO Diante do que foi exposto, podemos concluir que os projetos que envolvam Educação Ambiental não são desenvolvidos como deveriam, onde não há efetivamente o desenvolvimento de uma prática educativa que integre disciplinas. O modo como a Educação Ambiental é praticada nas escolas e nas salas de aulas, é através de projeto especial, extracurricular, sem continuidade, descontextualizado, fragmentado e desarticulado. Os professores não recebem estímulos, e a comunidade escolar não dá o suporte que deveria de modo a deixar uma grande lacuna de conhecimento para os alunos tornando-se apenas ouvintes e não praticantes, quando deveriam ser estimulados através de atividades e projetos a exercer essa consciência a partir de sua realidade e comunidade. Outro fato é que nas escolas publicas a situação é ainda mais agravante, pois como sabemos a educação esta sucateada e não oferece condições adequadas para o desenvolvimento de uma educação eficaz e de boa qualidade. De acordo com a escola analisada verifica-se que o "conjunto escolar" (professores, alunos, diretores) embora saiba da importância da EA, não existe uma preocupação por parte da escola em trabalhar esses temas, de transformar os estudantes em cidadãos conscientes dos problemas ambientais. De uma forma geral, podemos evidenciar através da proposta de desenvolvimento do projeto que existem grandes dificuldades e desafios no ensino quanto a uma conscientização ambiental, e se faz necessária articulação de ações educativas, condições adequadas e capacitações aos educadores para que possam trabalhar temas e atividades de educação ambiental, de maneira que possibilite a sensibilização dos alunos e desenvolva a criticidade dos mesmos, gerando novos conceitos e valores sobre a natureza, contribuindo para a preservação do meio ambiente. 483 Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016) REFERÊNCIAS Boff, L. 1999. 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