Temos estado a observar nestes últimos doze dias do ano uma forma de jejum (abstinência) que toca os cinco sentidos do corpo humano. Que importância têm o sentidos em nossa vida com Deus? Fundamental. Somos um espírito, possuímos uma alma e habitamos em um corpo. Espírito, alma e corpo formam nosso ser (1 Tessalonicenses 5:23). Não os podemos separar. Só o fazemos para estudá-los. Em linhas gerais: CORP O É pelo nosso corpo que funcionamos. Ele é um composto de órgãos e células, que consistem de proteínas, carboidratos e gorduras. Nosso corpo contém o sistema nervoso e o cérebro. O corpo humano é dotado de cinco sentidos (capacidades) que lhe possibilita interagir com o mundo exterior: Visão, audição, olfato, paladar e tato. O Salmo 139:14 diz que por um modo “assombrosamente maravilhoso fomos formados”. A LM A Alma é aquilo que nos dá a personalidade. É através dela que mantemos o relacionamento com Deus, com as outras pessoas e com o nosso próprio eu. Ela provavelmente tem três componentes principais: a mente, vontade e emoções. São os poderes de pensar, sentir e quer. Nossa mente tem uma parte consciente e uma subconsciente. A mente consciente é onde processamos o pensamento e o raciocínio. A mente subconsciente é onde podemos manter nossas crenças profundas e atitudes. A alma é também onde temos nossos sentimentos, emoções e mantemos nossas memórias. Nossa vontade é o que nos dá a capacidade de fazer escolhas, tomar decisões. Através de uma forma muito complexa, nossa mente, vontade e emoções estão ligadas ao corpo por meio de nosso sistema endócrino, nervoso e imunológico. "A mente e o corpo se comunicam constantemente. O que a mente pensa, percebe e experimenta é enviado de nosso cérebro para o resto do corpo" (Herbert Benson). E S P ÍRIT O É no nosso espírito, no nível mais profundo, que temos significado e propósito na vida. É ele que nos permite amar-nos uns aos outros, a nós mesmos e a Deus. É através dele que temos relacionamento e comunhão com Deus. É ele quem nos dá intuição entre certo e errado. Uma simples conclusão: 1 Pelo Corpo tocamos o mundo material, através dos cinco sentidos. Eles são portas para a "alma." Pela Alma tocamos a nossa própria personalidade. Ali se encontram os pensamentos, sentimentos e vontade. Pelo Espírito tocamos o reino invisível, espiritual. Por ele comungamos com Deus. Ali encontramos as faculdades espirituais do "espírito" como fé, esperança, reverência, temor, oração e adoração. DESCRIÇÃO DOS SENTIDOS Nosso foco é a santificação dos sentidos, isto é, separação para o uso exclusivo de Deus. Antes, porém, entendamos sua função e importância em nosso corpo. Visão - É a capacidade de visualizar objetos e pessoas. O olho capta a imagem e a envia ao cérebro, para que este faça o reconhecimento e interpretação. Audição - É a capacidade de ouvir os sons (vozes, ruídos, barulhos, músicas) provenientes do mundo exterior. O ouvido capta as ondas sonoras e as envia para que o cérebro faça a interpretação daquele som. Paladar - Este sentido permite ao ser humano sentir o gosto (sabor) das bebidas e alimentos. Na superfície de nossas línguas existem milhares de papilas gustativas. São elas que captam o sabor dos alimentos e enviam as informações ao cérebro, através de milhões de neurônios. Tato - É o sentido que permite ao ser humano sentir o mundo exterior através do contato com a pele. Abaixo da pele humana existem neurônios sensoriais. Quando a informação chega ao cérebro, uma reação pode ocorrer de acordo com a necessidade ou vontade. Olfato - Sentido relacionado à capacidade de sentir o cheiro das coisas. O nariz humano possui a capacidade de captar os odores do meio externo. Estes cheiros são enviados ao cérebro que efetua a interpretação. “Nossos cinco sentidos dão-nos alguns dos mais deslumbrantes recursos. Podemos ver a chama da uma vela a 48 quilômetros de distância no escuro, noite clara, e sentir o cheiro de uma única gota de perfume difuso em um apartamento de três quartos. Podemos saborear 1.13 grama de sal de mesa em 501 litros de água. O sentido do tato pode detectar uma pressão que aperta a pele 1.01600 microns no rosto ou ponta dos dedos. E podemos dizer de onde está vindo o som, mesmo quando ele chega a um ouvido .0003 segundos antes da sua chegada ao outro ouvido” (Today in the Word -Hoje na Palavra, Nov. 1996, pág. 28). A NEUTRALIDADE DOS SENTIDOS Os sentidos do nosso corpo, em si, não provocam o bem ou o mal. São servos destituídos de vontade. São necessários à comunicação e à vida. Sem eles permaneceríamos em trevas absolutas e apenas vegetaríamos sobre a terra. O uso que fazemos deles é que determina sua bênção ou maldição. Por isso Paulo nos exorta: 2 “Pois assim como apresentastes os membros do vosso corpo como escravos da impureza e da maldade que conduz a iniquidades ainda maiores, apresentai, a partir de agora, todos os vossos membros do vosso corpo como escravos da justiça para a santificação” (Romanos 6:19-BKJ). Na tradução Judaica: “Da mesma forma que vocês costumavam oferecer seus vários membros como escravos à impureza e à desordem, que conduzem a mais desordem, ofereçam agora seus membros como escravos à justiça, que conduz ao processo de tornar santo, separar para Deus.” Paulo fala aos que nasceram de novo, pela obra do Espírito. Isto nos reporta ao Éden, onde nossos primeiros pais pecaram. Toda a expressão do seu ser refletia perfeita harmonia entre espírito, alma e corpo. O que transpareciam através dos sentidos tinha seu alimento em Deus. Chegou, porém, o dia, em que os sentidos foram alimentados por outra fonte. Resultado: O pecado, que trouxe consigo o desiquilíbrio na própria personalidade. Em vez de serem alimentados e dirigidos por Deus, através do espírito, eles passaram a ser alimentados e dirigidos pelo mundo visível, através dos sentidos. Assim somos nós, descendentes de adão e Eva: estamos mais conscientes do mundo material do que do espiritual. Por isso a fonte que alimenta a nossa alma provém mais do mundo tangível, através dos cinco sentidos, do que de Deus, através no nosso espírito. O pecado entrou no mundo através de Adão e Eva pelos cinco sentidos. Isto fica evidenciado no capítulo 3 de Gênesis. Audição – Os ouvidos se detiveram escutando a voz do enganador, a serpente (vv. 1-2). A mente, sede da alma, passou a ser alimentada pela fonte maligna. Visão – Os olhos se fixaram no fruto proibido (v. 6). Caminho direto para o despertar do desejo de agir influenciado pelo que os olhos contemplam. Tato – As mãos se estenderam para pegar o fruto proibido. Eis uma forma de aguçar o desejo de ação. Comandos são enviados ao cérebro, sem detença (v. 6). Olfato – As narinas são aguçadas pelo cheiro do fruto proibido, que atiça o desejo de provar (v. 6). Paladar – A boca se abre para degustar o veneno que leva à morte (v. 3.6). O homem submeteu os cinco sentidos do seu corpo à influência da serpente. Resultado? Rebelou-se contra Deus e sujeitou-se aos desejos despertados em seu corpo. Assim este se tornou o instrumento da queda. O homem passou a ser escravo dos apetites da carne. A ser guiado mais pelo mundo dos sentidos, do que do Espírito. Teve início o que Paulo descreve em Romanos 7: “Contudo vejo uma outra lei agindo nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha razão, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em todos os meus membros” (v. 23). Paulo, porém, não para no relato dessa guerra. O capítulo 7 termina com um “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso SENHOR” (v. 25). Avança, então, no capítulo 8, revelando assombrosas realidades da vida em Cristo e da obra de regeneração do Espírito Santo em nosso espírito humano (Leia e reflita: Romanos 8:1-17). Em Cristo, pela obra do Espírito Santo, podemos ser, outa vez, conectados à fonte e andar de acordo com o Espírito e não mais os apetites que operam através dos sentidos em nossa carne. 3 CHAMADO À SANTIFICAÇÃO DOS SENTIDOS Paulo exorta-nos a apresentar nossos corpos como um sacrifícios vivo a Deus. Colocar no altar os membros do nosso corpo (Romanos 12:1,2). A forma do seu apelo ressalta a urgência da consagração ou santificação do corpo a Deus. Define o âmbito da santificação, bem como nos mostrar como alcançá-la. “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos amoldeis ao sistema deste mundo, mas sede transformados pela renovação das vossas mentes, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1-2). A abordagem da consagração ou santificação, dá um grande destaque ao corpo, o que equivale dizer, aos sentidos. Somos intimados a apresentá-los como sacrifício vivo. É a figura de quem abre mão de algo para queimar no altar de Deus como uma oferta. Mas não se trata de destruição, e sim de entrega para o uso exclusivo de Deus. A tradução de Weymouth substitui a palavra "corpo" por "faculdades". As faculdades do nosso corpo são os nossos cinco sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato. Cada aspecto de nosso ser deve ser santificado, submetido ao controle do Espírito Santo de Deus. “Peço-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis todas as vossas faculdades a Ele como sacrifício vivo, santo e aceitável a Ele. Este será um ato de culto razoável. E não sigais os costumes da época atual, mas transformai-vos pela completa renovação da vossa mente, de modo que possais aprender por experiência própria qual é a vontade de Deus, que é boa, e bela, e perfeita” (Romanos 12:1-2 - WEY). Santificação total, o que inclui todos os sentidos do nosso corpo, está em consonância com o padrão bíblico. A oferta deveria ser inteiramente queimada sobre o altar. O batismo é a imersão completa. Jesus exige que sejamos frios ou quentes. Paulo, então, instruiu a Igreja a ser totalmente consagrada a Deus, o que inclui os membros dos corpo. Falando sobre o milagre de o nosso próprio corpo ser transformado em templo (habitação) do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19), conclui em forma de exortação: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:20). A santificação deve ser total para ser aceitável a Deus. Consagração Total é dar tudo a Deus, em qualquer lugar e a qualquer momento. Pode-se dizer que somos totalmente consagrados somente quando estamos dispostos a passar por qualquer dor que a consagração exija. Jesus, nosso supremo padrão de santificação, foi tão totalmente consagrado, que entregou todo o seu corpo para ser pregado na cruz. Antes de Sua morte, Ele negou aos seus sentidos corporais os prazeres do pecado e até mesmo algumas necessidades legítimas. Jesus submeteu Seu corpo ao Pai, fazendo sempre Sua vontade no uso dos sentidos. Com fome, Ele não cedeu à tentação de transformar pedra em pão. Preferiu aguçar seu 4 apetite à Palavra de Deus, do que submeter-se ao desejo de comer, agradando ao prazer do paladar por um momento. Sabia quando, o quê e como comer. Diante da visão dos reinos deste mundo, não se dobrou ao apelo da fama. Seus olhos estavam tão dominados das visões de Deus e de um mundo perdido, que viera salvar, que não poderia dobrar-se aos prazeres da fama e da glória humanas. A lembrança do cheiro de pão no deserto, mesmo com fome, depois de 40 dias de jejum, não tinham poder de vencer seu olfato consagrado a Deus. Suas mãos não tocaram o proibido, mas viveram para abençoar. O cansaço não o impedia de ministrar às multidões. Sua compaixão era tão grande que a exaustão do corpo não podia impedi-lo de ministrar aos necessitados. “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste” (Hebreus 10:5). O corpo de Jesus foi preparado para a cruz. Era sua oferta, seu sacrifício. Sua morte não foi uma coincidência. Jesus não foi assassinado. Ele deu a sua vida como um sacrifício e uma oferta pelos pecados do mundo. O objetivo especial do Seu corpo era ser consagrado a Deus, separado do mundo, como instrumento de Redenção. Por isso a consagração de todos os sentidos do Seu Corpo a Deus vão ao extremo de, em rendição ao propósito Divino: Contemplar com os olhos seus algozes impiedosos, entregando-se para ser a oferta pelo nosso pecado; Ouvir as acusações injustas, blasfêmias, insultos, e gritos de “crucifica-o,” como “ovelha muda perante os Seus tosquiadores”, entregando-se em sacrifício para a expiação do pecado; Inalar o fedor dos cadáveres do Calvário, lugar de sacrifício humano, até o último suspiro, em completa rendição ao sacrifício em nosso lugar; Abrir a boca na cruz apenas para abençoar seus algozes, orar ao Pai e beber o amargo fel, parte do preço horrendo da nossa Redenção; Transformar-se numa massa informe de carne e sangue. Um corpo inteiramente lacerado pelos chicotes romanos, pelas cruz e os cravos que nela o prendiam. Contemplar os sentidos do Corpo de Jesus naquela cruz de horror e tentar visualizar os de Adão e Eva no Jardim, faz estremecer nossas entranhas! “O preço da nossa redenção é caríssimo!” (Salmo 49:8). Somos chamados hoje à consagrar todos os sentidos do nosso corpo a Deus, não no nível de Jesus na cruz, mas no nível de Sua experiência na tentação e ao longo da Sua existência. O que Ele sofreu na cruz foi para nos redimir e abrir o caminho para que sejamos uma nova criação. Filhos do Deus vivo, usando os membros do corpo, todos os seus sentidos, como instrumentos de santidade e não do pecado. ORAÇÃO Senhor Jesus, trago diante de mim o contraste da atitude do primeiro Adão e da tua, diante do mesmo nível de tentação. Em reverente temor venho buscar do Santo Espírito e de Ti a graça de provar a inteira santificação do meu espírito, alma e corpo, os quais pertencem a Ti por direito de redenção. Coloco todos os sentidos do meu corpo no teu Altar. Que sejam usados de forma a glorificar-Te na Terra. Amém! 5 6