1 UAUIARÁ, PEIXE-HOMEM 2 3 CARMEM TERESA ELIAS E ROMUALDO MAGELA JULIO UAUIARÁ, PEIXE-HOMEM Primeira Edição São Paulo 2016 4 Todos os direitos reservados conforme Lei dos Direitos Autorais. Obra registrada no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional. EDA. Foto de Capa: tela Natureza por Carmem Teresa Elias Ilustrações: Telas por Carmem Teresa Elias Revisão: Beatriz Elias Ribeiro 5 Dedicamos este romance folclórico com arte e poesia Aos jovens 6 7 Nossos agradecimentos a Welk Alves Escritor colaborador Na pesquisa sobre as festas indígenas do Xingu 8 9 Índice Prefácio..................................................................... 11 Preâmbulo................................................................15 Capítulo I: Solidão de Lua.....................................17 Capítulo II: A Aldeia...............................................27 Capítulo III: Peixe-Homem..................................35 Capítulo IV: Sagração............................................41 Capítulo V: Poti, Lourenço e o Luar..................49 Capítulo VI: Gravidez e Fuga...............................63 Capítulo VII: Exílio e Benevolência.....................71 Capítulo VIII: Para Sempre Homem...................81 Capítulo IX: Cidade Grande.................................93 Capítulo X: Chalana............................................109 Capítulo XI: Mar....................................................129 Capítulo XII: Desespero e Nascimento...........149 Epílogo....................................................................173 10 11 Prefácio Dois objetivos motivaram essa obra: por um lado, um legado: o resgate de lendas e histórias que fazem parte do patrimônio da cultura popular brasileira; por outro lado, a observação da sociedade atual e fatores que merecem atenção especial, como escolhas e padrões de comportamento dos adolescentes. Assim sendo, este livro foi inspirado na lenda folclórica do boto-cor-de-rosa do Amazonas. A escolha foi proposital para revisitar tradições indígenas e mitos da região, ao mesmo passo em que trazemos uma versão moderna e atualizada como forma de suscitar uma reflexão acerca da problemática da gravidez precoce e desamparada de tantas meninas que engravidam cedo demais nos centros urbanos. Sociologicamente, este romance folclórico permite uma discussão comparativa da evolução do problema e suas implicações e possíveis consequências. Geograficamente, revisitamos aspectos de regiões do Brasil, destacando aspectos físicos, fauna e a flora riquíssimas no Brasil. Linguisticamente, resgatamos algumas falas em tupi-guarani, cujo legado ainda sofre dificuldades de registro, e empregamos palavras de raiz africana, hoje incorporadas ao linguajar comum. Além do mais, intercalamos falas que reproduzem o registro local e popular de alguns grupos sociais. 12 Os personagens são fictícios e será mera coincidência se houver nomes, descrições ou citações iguais aos dos leitores. Porém, falamos de situações problemáticas reais que, não raro, encontramos nos mais variados círculos sociais. O adolescente não reconhece consequências e o que lhe parece discurso mitológico de adultos, pode resultar no confronto de árdua realidade em suas vidas. Destacamos, igualmente, a ênfase na discussão ambiental. Em face da interferência dos homens na natureza, vivemos problemas ligados à falta de chuvas em algumas regiões e o excesso delas em outras. O Amazonas é considerado o “pulmão do mundo” pela sua biodiversidade e pela grandeza de suas matas, rios, fauna e flora. Mas acaba ficando esquecido na história atual e na geografia. O centro-oeste é pouco narrado na literatura, e os grandes centros urbanos do Sudeste são vitimados pela poluição, descaso, abandono e destruição. Cada capítulo é cuidadosamente ilustrado com telas pintadas por Carmem Teresa Elias, em estilo livre e subjetivo, como forma de valorizar o incentivo às Artes, à formação de público voltado ao gosto por exposições. O que sabe o aluno sobre o nosso folclore? O que ele sabe sobre nossos rios e matas? O que ele sabe sobre o Amazonas, sobre as lendas brasileiras e sobre o boto- 13 cor-de-rosa? A nossa preocupação, portanto, é a de resgatar ao adolescente esses ensinamentos e a curiosidade para ler mais sobre o assunto, proporcionando por meio do romance, também, uma melhor conscientização sobre si mesmo e seu universo. Quanto ao leitor adulto, a professores, a educadores, a obra proporciona o desenvolvimento de diversas abordagens e propostas multi e transdisciplinares, enriquecendo atividades paradidáticas e a integração da complexidade de temas que envolvem os adolescentes e a sociedade como um todo. Os autores Carmem Teresa Elias e Romualdo Magela 14 15 Preâmbulo O que diz a lenda: “De acordo com o folclore da região norte do Brasil, um boto cor-de-rosa sai dos rios amazônicos nas noites de festas juninas. Com um poder especial, consegue se transformar num lindo, alto e forte jovem, vestido com roupa social branca. Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. Vai a festas e bailes noturnos em busca de jovens mulheres bonitas. Com seu jeito galanteador e falante, o boto aproximase das jovens desacompanhadas, seduzindo-as. Logo após, consegue convencer as mulheres a acompanhá-lo num passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Na manhã seguinte volta a se transformar em boto. O boto cor-de-rosa é considerado amigo dos pescadores da região amazônica. De acordo com a lenda, ele ajuda os pescadores durante a pesca, além de conduzir em segurança as canoas durante tempestades. O boto também ajuda a salvar pessoas que estão se afogando, tirando-as do rio”.